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PLANIFICAÇÃO NO ESTABELECIMENTO DE PLANTAÇÕES FLORESTAIS COM

RECURSO A GEOTECNOLOGIAS NO POVOADO DE MANGÓNE, DISTRITO DE


GURUÉ, ZAMBÉZIA

ADILSON SEBASTIÃO CHITUE FERRÃO


UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANIFICAÇÃO NO ESTABELECIMENTO DE PLANTAÇÕES FLORESTAIS COM


RECURSO A GEOTECNOLOGIAS NO POVOADO DE MANGÓNE, DISTRITO DE
GURUÉ, ZAMBÉZIA

ADILSON SEBASTIÃO CHITUE FERRÃO

MOCUBA

2019
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANIFICAÇÃO NO ESTABELECIMENTO DE PLANTAÇÕES FLORESTAIS COM


RECURSO A GEOTECNOLOGIAS NO POVOADO DE MANGÓNE, DISTRITO DE
GURUÉ, ZAMBÉZIA

Autor: Adilson Sebastião Chitue Ferrão


Supervisor: Engo. Hélder António Manjate (MSc)
Co-Supervisor: Engo. Marchante Olímpio Assura Ambrósio

Monografia submetida à Faculdade de Engenharia


Agronómica e Florestal, Departamento de Engenharia
Florestal da Universidade Zambeze - Mocuba, em
parcial cumprimento dos requisitos para a obtenção
do nível de Licenciatura em Engenharia Florestal.

MOCUBA

2019
DECLARAÇÃO

Eu, Adilson Sebastião Chitue Ferrão, declaro por minha honra, que esta monografia é
resultado do meu próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciatura
em Engenharia Florestal na Universidade Zambeze, Faculdade de Engenharia Agronómica e
Florestal. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em
nenhuma outra Universidade.

__________________________________
(Adilson Sebastião Chitue Ferrão)

Mocuba, ____ de ___________________ de 2019


DEDICATÓRIA

Em especial dedico:

A minha Avó, Edina Jungo B. António (in memoriam) e bisavó Maria Isabel Charimba;
A minha mãe, Francisca Diamante A. Chitue;
Aos meus irmãos, Erica Shelcia e Edwin Gudo;
As minhas tias, Dulce da Graça Bernardo e Preciosa Bernardo.

A todos, dedico!
AGRADECIMENTOS

À Deus pelo dom da Vida, pela saúde, protecção, por iluminar o meu caminho e guiar-me em
todos os momentos.

À toda minha família, principalmente a mulher que tenho imensa admiração e orgulho de ser
filho, Francisca Diamante António Chitue, por me incentivar e apoiar os meus estudos, pelos
ensinamentos, conselhos e por tudo que tem feito.

Aos meus tios: Belmiro Osvaldo Salomão Manuel Pacheco, Amélia Beatriz Joaquim Ucama
Pacheco e Ernestina Gracinda Agostinho, pelo acolhimento, carinho e compressão, no decorrer
desta longa caminhada.

Ao meu orientador Engo. Marchante Olímpio Assura Ambrósio, pelo apoio, dedicação,
confiança, encorajamento e disponibilidade durante a realização do trabalho.

Aos colegas do curso de Engenharia Florestal, geração 2015, em especial aos Engos. Gerson
Buque e Arménio Ferreira, ao Hilário Daússe, Tomás Vanyakwile e Parafino Quizito, pela
vivência e parceria nos diversos momentos ao longo do curso, espero que a nossa amizade
prevaleça.

Aos amigos, Marcelo Mussa, Ernâni Bárbito, Filipe Salomão, Leumane Ribeiro, Natepo Nhussi,
Gonha C. Gonha e Orízia Guirengane, pelo encorajamento e apoio nos diversos momentos.

À Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal, especificamente ao Departamento de


Engenharia Florestal, pelos preceitos e por me proporcionar oportunidades de aprendizado.

À SUSTENTA, especificamente ao gabinete do projecto MozFIP, por indicar o local de


realização do estudo e ao Engo. Faruk Tavares, pela recepção e colaboração em todas actividades
referentes ao fornecimento da área.

Ao Centro Polivalente Leão Dehon por permitir realizar o trabalho em sua área e ao José Pedro
(pisteiro) pela ajuda na realização da colecta de dados.

E a todos que apesar de não citados, ajudaram-me de alguma forma durante a formação.

A todos, muito obrigado!


EPÍGRAFE

“Onde houver uma árvore para plantar, plante-a você


Onde há um erro para concertar, conserte-o você
Onde há um trabalho que todos esquivam-se, faça-o você
Seja você quem retira a pedra do caminho ”
Gabriela Mistral
ÍNDICE

Conteúdos Páginas
RESUMO ........................................................................................................................................ i
ABSTRACT ................................................................................................................................... ii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. iii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. iii
LISTA DE APÊNDICES ............................................................................................................. iii
LISTAS DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS ................................................... iv
LISTA DE SIMBOLOS................................................................................................................ v
I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1. Generalidades ....................................................................................................................... 1
1.2. Problema e Justificativa de Estudo ....................................................................................... 3
1.3. Objectivos ............................................................................................................................. 4
1.3.1. Geral .................................................................................................................................. 4
1.3.2. Específicos......................................................................................................................... 4
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 5
2.1. Plantações florestais ............................................................................................................. 5
2.1.1. Plantações florestais e sua importância – A nível mundial ............................................... 5
2.1.2. Plantações florestais em Moçambique .............................................................................. 6
2.2. Métodos de Plantio ............................................................................................................... 7
2.3. Geotecnologias ..................................................................................................................... 8
2.3.1. Geotecnologias na planificação da implantação florestal .................................................... 8
2.3.2. Critérios de planificação florestal com recurso a geotecnologias ................................... 10
2.3.3. Ferramentas de planificação florestal com recurso as Geotecnologias ........................... 13
2.4. Descrição do Drone DJI Mavic Pro ................................................................................ 16
III. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 18
3.1. Local de estudo ................................................................................................................... 18
3.2. Procedimentos metodológicos ............................................................................................ 19
3.2.1. Tipo de pesquisa .............................................................................................................. 20
3.3. Aquisição de dados ............................................................................................................. 20
3.3.1. Aquisição do shapefile .................................................................................................... 20
3.3.2. Elaboração do plano de vôo ............................................................................................ 20
3.3.3. Aquisição das imagens .................................................................................................... 21
3.4. Processamento e análise de dados ...................................................................................... 22
3.4.1. Processamento das imagens ............................................................................................ 22
3.4.2. Uso e cobertura de terra................................................................................................... 23
3.4.3. Áreas de influência (Buffers) ........................................................................................... 25
3.4.4. Índices de Vegetação ....................................................................................................... 25
3.4.5. Declividade ...................................................................................................................... 26
3.4.6. Orientação das Vertentes ................................................................................................. 27
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 29
4.1. Uso e cobertura de terra...................................................................................................... 29
4.2. Geração de Buffers, NDVI, declividade e orientação das vertentes ................................... 31
4.2.1. Áreas de influência (Buffers) ........................................................................................... 31
4.2.2. Índice de vegetação de diferença Normalizada (NDVI) ................................................. 33
4.2.3. Declividade ...................................................................................................................... 35
4.2.4. Orientação das vertentes .................................................................................................. 37
4.3. Áreas, mecanismos de realização e orientação do plantio ................................................. 38
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 41
5.1. Conclusões.......................................................................................................................... 41
5.2. Recomendações .................................................................................................................. 41
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 42
VII. APÊNDICES .................................................................................................................... 54
RESUMO

A presente pesquisa objectivou avaliar a aplicabilidade das geotecnologias na planificação e


estabelecimento de plantações florestais, no povoado de Mangóne, distrito de Gurué, Zambézia
como forma de apresentar alternativas aos métodos tradicionais de planificação florestal,
baseando-se no uso e cobertura de terra, buffers, NDVI, declividade e a orientação das vertentes,
gerados através das imagens obtidas pelo Drone modelo DJI Mavic pro, processadas
posteriormente através do site www.dronedeploy.com, e dos softwares QGIS 2.18.12 e ArcGIS
10.6. Os resultados obtidos, mostraram que a área de plantio apresenta oito (8) classes de UCT,
nomeadamente: Floresta nativa (79,47%), Corpos de Água (9%), Agricultura (5,60%), Estradas
(4,05%), Plantação Florestal (1,17%), Solo exposto (0,40%), Afloramento rochoso (0,40%) e
Habitação (0,07%). Com cerca de 665,8 m2 destinadas a áreas de protecção parcial, com valores
de NDVI que variam de -0,8571 à 1. Cerca de 89,16 ha compreendem as classes de relevo (suave
ondulado e moderadamente ondulado), 137,53 ha as classes (onduladas, forte ondulada e
Escarpada) e 139,73 ha a classe Plana, orientados para as faces Norte, Nordeste, Oeste, Noroeste
e Este, com total de 35,21%, para as faces Sudoeste, Este, Sul e Sudeste, com total de 26,13% e
com 38,67% de relevo plano. Cerca de 252,86 ha da área esta apta para o plantio, nos quais
30,64% emprega-se sistema mecanizado, 26,44%, o sistema semi-mecanizado e 42,92%, o
sistema manual. A área apta para plantio corresponde a 3 classes de UCT, com a orientação das
vertentes partindo das faces Oeste a Este, empregando-se maioritariamente o sistema manual.

Palavras-chave: Planificação; Plantações florestais; Geotecnologias.

Adilson Sebastião Chitue Ferrão i


ABSTRACT

Adilson Sebastião Chitue Ferrão ii


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Área apta para plantações conforme o potencial regional .............................................7


Figura 2 – Localização geográfica da área de estudo ...................................................................18
Figura 3 – Elaboração do plano de voo .......................................................................................21
Figura 4 – Drone DJI Mavic Pro .................................................................................................22
Figura 5 – Fluxograma metodológico para a realização do trabalho ............................................28
Figura 6 – Mapa de uso e cobertura de terra.................................................................................29
Figura 7 – Área de influência (Buffers) de uso e cobertura de terra .............................................31
Figura 8 – Índice de vegetação de diferença normalizada (NDVI). .............................................33
Figura 9 – Mapa de Declividade. ..................................................................................................35
Figura 10 – Mapa de Orientação das vertentes. ............................................................................37
Figura 11 – Representação percentual da Área apta para realização do Plantio. .........................39

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização do Drone DJI Mavic Pro. ...................................................................17


Tabela 2 – Detalhes da imagem captada pelo Drone DJI Mavic Pro ...........................................22
Tabela 3 – Chave de interpretação de imagens para uso e cobertura de Terra. ............................24
Tabela 4 – Tabela de prioridades a reposição florestal. ................................................................26
Tabela 5 – Classes de declive. ......................................................................................................27
Tabela 6 – Declividade e impedimentos ou limitação a mecanização ..........................................39

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1 – A: Galaxy Tab A (2016), B: Rádio controlo do Drone. .........................................54


Apêndice 2 – A: Ortomosaico, B: Modelo digital de elevação. ..................................................54

Adilson Sebastião Chitue Ferrão iii


LISTAS DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS

Apud Citado por


DJI Dà-Jiāng Innovations
DNTF Direcção Nacional de Terras e Florestas
FAO Food and Agricultural Organization
GPS Geographical Positioning System
GSD Ground Sample Distance
IBÁ Industria Brasileira de Árvores.
INIA Instituto Nacional de Investigação Agronómica
KML Keyhole Markup Language
MAE Ministério da Administração Estatal
MDE Modelos Digitais de Elevação
MDS Modelo Digital de Superfície
MDT Modelo Digital de Terreno
MFA Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia
MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
MozFIP Mozambique Forest Investiment Program
MND My news Desk
NDVI Índice de Vegetação de Diferença Normalizada
NIR Infravermelho próximo
PMz Portucel Moçambique
QGIS Quantum Geographic Information System
RGB Red-Green-Blue
SIG’s Sistemas de informações geográficas
shp Shapefile
SRC Sistema de referência de coordenadas
UTM Universal Transversa Mercator
UCT Uso e cobertura de terra
WB World Bank

Adilson Sebastião Chitue Ferrão iv


LISTA DE SIMBOLOS

% Percentagem
‘ Minutos
“ Segundos
° Graus
°C Graus Celcius
E Este
ha Hectares
Km Quilómetros
Km2 Quilómetros quadrados
m Metros
2
m Metros quadrado
mm Milímetros
m/s Metros por segundo
S Sul
N Norte
W Oeste

Adilson Sebastião Chitue Ferrão v


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GEOTECNOLOGIAS NO POVOADO DE MANGÓNE, DISTRITO DE GURUÉ, ZAMBÉZIA

I. INTRODUÇÃO

1.1. Generalidades

Moçambique é um dos poucos países na região da África Austral que ainda mantém uma
proporção considerável de sua área coberta por florestas naturais, a cobertura florestal do país é
pouco mais de 38%, ou seja, aproximadamente 31,7 milhões de hectares, dos quais cerca de 7
milhões foram mapeados como potenciais para o reflorestamento com espécies de rápido
crescimento (Sitóe et al., 2012 e MITADER, 2018).

Apesar de todo este potencial, o país conta com cerca de 60 mil hectares de plantações florestais,
que satisfazem uma pequena fracção das necessidades locais em produtos de origem madeireira,
pelo que a maior parte dos produtos florestais consumidos no país é maioritariamente importada,
o que contribui para aumentar a pressão sobre a floresta nativa, particularmente das espécies
preciosas e valiosas (Aquino et al., 2018).

Entretanto, a crescente demanda por produtos florestais, a nível nacional e internacional1, aliados
as excelentes condições agroclimáticas para o crescimento das árvores e a localização estratégica
próxima dos grandes mercados emergentes, justificam que o país embarque no desenvolvimento
de plantações florestais na escala industrial, em simultâneo, as condições existentes potenciam o
aparecimento e desenvolvimento de pequenas e médias empresas nacionais de reflorestamento
para protecção e conservação do ambiente, melhoraria da paisagem e recuperação de áreas
degradadas (DNTF, 2009).

Segundo Leite et al. (2017), o plantio é uma das operações mais importantes para o sucesso da
implantação de florestas. A mesma fonte, afirma que o sucesso e a obtenção de povoamentos
produtivos deve ser pautado por uma prévia planificação e análise da área, de modo a utilizar
adequadas técnicas e métodos de plantio, em função da topografia, recursos financeiros e
disponibilidade de mão-de-obra e/ou equipamentos.

1
Estima-se que a produção Mundial do papel por exemplo, irá crescer de 360 milhões de toneladas de 2004 para
494 milhões de toneladas no ano 2020. Os países Asiáticos, do Indico e Pacífico serão responsáveis por 90% deste
incremento.

Adilson Sebastião Chitue Ferrão 1


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Contudo, a disponibilidade de informações confiáveis sobre a distribuição espacial do uso e


cobertura de terra, características das áreas e/ou do relevo a serem plantadas, são fundamentais
na tomada de decisão para a planificação no estabelecimento de plantações florestais, assim
como, na definição de propriedades e liberação de financiamento pelos sectores públicos e
privados envolvidos (Sano et al,.1998 e Leite et al., 2017).

Segundo os autores supracitados, tais informações são obtidas por métodos tradicionais de
aplicação demorada e onerosa, e, em função da subjectividade decorrente da avaliação, podem
levar a erros que frequentemente induzem os usuários dessas informações a questioná-las.

No entanto, Fernandes et al. (2014), afirmam que a utilização das geotecnologias, pode viabilizar
uma melhor planificação na realização das actividades de plantio e estabelecimento de
plantações e/ou povoamentos florestais, permitindo que a sua realização corresponda à
disponibilidade dos aspectos físicos que compõem o meio (erodibilidade dos solos, as condições
climáticas, disponibilidade hídrica, inclinação do terreno, entre outros), de maneira mais
sustentável.

Portanto, estas ferramentas são de grande utilidade na planificação e realização das actividades
de implantação de povoamentos florestais. Diante do exposto, o presente trabalho objectiva
avaliar a aplicabilidade das geotecnologias na planificação e estabelecimento de plantações
florestais.

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1.2. Problema e Justificativa de Estudo

O sector de plantação em Moçambique é promissor e foi identificado pelo governo como uma
área focal para o desenvolvimento económico (Aquino et al., 2018). O mesmo autor, afirma que
a estratégia nacional de reflorestamento, visa aumentar a área de plantação florestal do país dos
actuais 60 mil hectares para mais de 1 milhão até 2030, oque teria o potencial de criar 250 mil
postos de emprego e produzir 1,5 bilhões em produtos manufacturados.

Pelo nível de investimentos existentes para a área de plantações florestais em Moçambique,


observa-se a escassez e demanda de tecnologias modernas que forneçam informações precisas
sobre as áreas a serem reflorestadas, incluindo as condições naturais, climáticas e geográficas
(MFA, 2009).

Broza et al. (2012), dizem que as geotecnologias têm sido pouco utilizadas para a planificação na
realização do plantio, assim como, no estabelecimento de plantações florestais, oque acaba
transformando tais actividades, num processo demorado e oneroso, que dificulta a análise dos
condicionantes a realização do plantio, oque culmina com a geração de maiores erros quanto ao
cumprimento dos quesitos ambientais e sociais, pois, pela falta de conhecimento efectivo da área,
o plantio pode abranger áreas e espécies inapropriadas.

Segundo Sano et al. (1998) e Leite et al. (2017), as tecnologias digitais e o Sensoriamento
remoto apresentam-se como alternativas aos métodos tradicionais de planificação das actividades
florestais, e fornecem subsídios para a sistematização de informações advindas de diferentes
fontes, assim como, permitem gerenciar, analisar e gerar todas as informações relevantes para
uma planificação adequada das actividades relacionadas a área de plantações florestais,
considerando a grande quantidade de variáveis que actuam no processo (Mena et al., 2006).

Vega e Carazo et al. (2016), explicam que esses aspectos são muito importantes, quando o
objectivo final é obter informações relevantes, confiáveis, oportunas e precisas para executar um
processo de tomada de decisão adequado para a realização das actividades de planificação
ambiental e florestal, para além de possibilitar a optimização das análises a serem realizadas,
potenciando o planeamento do plantio, com vista a garantir ganhos em rentabilidade e
competitividade, auxiliando no desenvolvimento socioeconómico sustentado.

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1.3. Objectivos

1.3.1. Geral
 Avaliar a aplicabilidade das geotecnologias na planificação e estabelecimento de
plantações florestais, no povoado de Mangóne, distrito de Gurué, Zambézia.

1.3.2. Específicos
i. Identificar as diferentes classes de uso e cobertura de terra na área de plantio;
ii. Gerar Buffers2, NDVI, declividade e orientação das vertentes;
iii. Determinar áreas e seus respectivos mecanismos de realização e orientação do plantio
florestal.

2
Buffer – ferramenta de geoprocessamento utilizada para delimitar entornos sobre áreas de influência através da
criação de polígonos em uma distância específica. Esta ferramenta é bastante utilizada em feições como rios,
estradas, linhas ferras, entre outros.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Plantações florestais

Consta no artigo 1 do capítulo I da Lei de Floresta e Fauna Bravia (Lei no 10/99 de 7 de Julho),
que as plantações florestais, correspondem ao estabelecimento de uma cobertura vegetal arbórea,
contínua, normalmente através do plantio de árvores de espécies nativas ou exóticas.

Por conseguinte, Garlipp e Foelkel (2009) e Montana (2016), afirmam que as plantações
florestais ou florestas plantadas, são aquelas estabelecidas pelo homem mediante plantio ou
semeadura por um espaçamento regular e de mesma idade, com uma característica versátil tanto
em termos de maneio como de objectivos, destinadas a recuperação de uma área degradada, onde
anteriormente havia cobertura vegetal local, reconhecida como floreta. Estas constituem-se em
uma forma apropriada do uso do solo, são menos impactantes do que qualquer outra cultura
intensiva, entretanto, precisam estar em harmonia com as prioridades ecológicas e sociais da
região (Poggiani, 1996).

2.1.1. Plantações florestais e sua importância – A nível mundial


Estima-se em 3.870 milhões de hectares a superfície de florestas existente no mundo, das quais,
5% correspondem a plantações florestais, que desempenham um papel fundamental no
fornecimento de diversos produtos que são essenciais para o dia-à-dia (IBÁ, 2017). Segundo a
mesma fonte, pelo facto de as plantações florestais para fins produtivos serem uma fonte
sustentável, renovável e amigável ao meio ambiente, estas são essenciais para atender a crescente
demanda por madeira, sem exaurir os recursos naturais, bem como, são importantes aliadas no
combate às mudanças climáticas.

No entanto, Carvalho et al. (2005), afirmam que as florestas plantadas, proporcionam melhorias
nos indicadores macroeconómicos de bem-estar social, no aumento da produção, na geração de
empregos e renda, na arrecadação de impostos, na formação de divisas e na melhoria das contas
de um país.

De acordo com, Cesar e Pinto (2001), existe em todo o mundo, a tendência de aumentar as
plantações de florestas e a depender delas em maior escala como fonte de madeira industrial. A

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Ásia e a Europa se destacaram no cenário mundial como os continentes detentores de 69% da


área total de florestas plantadas (Nube, 2013).

Segundo FAO (2011), registou-se um incremento de investimentos do sector privado no


estabelecimento de plantações florestais nos países em desenvolvimento. O aumento da inversão
estrangeira e à expansão do sistema através de contratos, faz com que as comunidades ou
pequenos proprietários produzam árvores para vender a empresas privadas, aumentando deste
modo a superfície de áreas plantadas (FAO, 2001).

2.1.2. Plantações florestais em Moçambique


Conforme Domingos (2011) e WB (2016), as primeiras plantações florestais em Moçambique
começaram no início do século XIX, no então Lourenço Marques hoje Maputo. Com espécies
exóticas, estas plantações tinham como objectivos conter dunas de areia na foz de rios, secar os
pântanos existentes na parte baixa da cidade, fixar dunas de areia aos faróis e testar espécies e
proveniências mais adequadas ao nosso país (DNTF, 2009).

De acordo com a fonte supracitada, surgiram na época, várias discussões contra a introdução
massiva de espécies exóticas no país, alegando-se fracas qualidades da madeira destas, fazendo
com que na década 50, estabelecessem-se ensaios de espécies nativas como o Pterocarpus
angolensis (Umbila), Afzelia quanzensis (Chanfuta), Millettia stulhmannii (Jambirre) entre
outras, que infelizmente não surtiram os resultados desejados, pelo facto destas serem espécies
de lento crescimento.

Segundo Blid (2014), o período pós-independência nacional foi marcado pelo desenvolvimento
de plantações com espécies florestais exóticas de rápido crescimento, para o abastecimento de
lenha e carvão às populações dos três maiores centros urbanos, Maputo, Beira e Nampula e seus
arredores, visando reduzir a pressão que já se começava a sentir sobre a floresta nativa ao redor
dos grandes centro urbanos, criando-se no fim da década 70 e início da década 80, vários
projectos implementados ao longo do país.

De acordo com Nube (2013), em Moçambique, registou-se um incremento de investimentos do


sector privado no estabelecimento das plantações florestais. César e Pinto (2001), relatam a

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expansão do sistema de estabelecimento de plantações nos países em desenvolvimento através de


contratos, pelos quais comunidades produzem árvores para vender a empresas privadas.

A DNTF (2011), afirma que a disponibilidade de terra, associada às excelentes condições


edafoclimáticas para a silvicultura, confere ao país, grandes vantagens para a actividade de
plantios florestais. Portanto, MITADER (2018), estima em cerca de 7 milhões de hectares, a área
apta para as plantações florestais, onde, a região norte detém o maior percentual, conforme pode
ser observado na Figura 1.

Figura 1 – Área apta para plantações conforme o potencial regional.


Fonte: MITADER (2018).

2.2. Métodos de Plantio

De acordo com EMBRAPA (2003), o plantio caracteriza-se como sendo a colocação da muda no
campo e este pode ser feito de três formas: Manual, semi-mecanizado e mecanizado. A fonte
acima citada, diz que, a escolha do mecanismo ou método adequado de plantio, depende de uma
série de factores, que estão relacionados principalmente com a disponibilidade de mão-de-obra,
topografia do terreno e o tipo ou preparo de solo ser utilizado.

Entretanto, Ambiente Brasil (2009), afirma que, para adopção de determinadas técnicas e
medidas silviculturais durante o plantio, deve-se ter em consideração, a época do plantio
(Inverno ou início do verão, conforme a espécie), o preparo do solo, a adubação (fertilização
mineral em doses apropriadas) e os tratos culturais destinados a favorecer o crescimento inicial
das plantas em campo.

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Segundo Daniel (2006), o plantio mecanizado ou semi-mecanizado aplica-se onde a topografia é


plana, possibilitando o uso de plantadoras traquinadas por Tratores. No sistema semi-
mecanizado, as operações de preparo de solo e tratos culturais são mecanizados, e o plantio
propriamente dito é manual. O mesmo autor, diz que o plantio manual é recomendado para áreas
com alta declividade ou em situações onde não é viável o uso de máquinas agroflorestais.

2.3. Geotecnologias

Silva (1999), define as geotecnologias, como sendo, a arte e a técnica de estudar a superfície da
terra e adaptar as informações às necessidades dos meios físicos, químicos e biológicos. Em
concordância com o autor do parágrafo anterior, fazem parte das geotecnologias, o
sensoriamento remoto, a geoestatística e o geoprocessamento.

No entanto, Rosa (2005), diz que, as denominadas geotecnologias, compreendem a hardware,


software, dados, método de trabalho e peopleware, que juntos, constituem poderosas ferramentas
para a tomada de decisões.

Para De Oliveira e Nascimento (2017), as geotecnologias, correspondem às tecnologias para a


colecta, organização, tratamento e representação de dados e informações georreferenciadas.
Dentre as principais geotecnologias destacam-se o Sensoriamento Remoto, o Geoprocessamento,
os Sistemas de Informações Geográficas, o Sistema de Posicionamento Global (GPS), a
Cartografia Digital e a Web Cartografia.

Assim, Guerra (2006) apud Luís (2017), avança que as geotecnologias possuem em seu
arcabouço técnico-metodológico, premissas de processamento digital de imagens satélites,
elaboração de bancos de dados georreferenciados, quantificação de fenómenos naturais e outras
análises que proporcionam uma visão mais abrangente do ambiente numa perspectiva
ecossistemática.

2.3.1. Geotecnologias na planificação da implantação florestal


Daniel (2006), entende a implantação como sendo, o conjunto de operações que vai do preparo
do solo até o momento no qual o povoamento possa se desenvolver sozinho, ficando o restante
da rotação por conta das operações de maneio e protecção florestal.

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Entretanto, Ambiente Brasil (2009), diz que as operações de implantação consistem no preparo
da área, no plantio propriamente dito e nos tratos culturais. De acordo com a referida fonte,
factores como, variações de temperaturas, precipitação, redução da humidade relativa do ar,
diminuição da intensidade luminosa, profundidade de solos e topografia, afectam o povoamento
florestal, estes, na maioria das vezes, não podem ser separados.

Segundo Tosto et al. (2014), os sistemas de informações geográficas, são ferramentas eficientes
para a optimização da planificação das práticas silviculturais no que tange a informações prévias
para a implantação do povoamento florestal. Rocha (1995), diz que, ao elaborar um plano de
reflorestamento ou implantação florestal, deve-se dividir a área em parcelas homogêneas,
agrupando-as segundo as características fisiográficas e ecológicas semelhantes, nas quais se
autorizam determinados actividades e usos e se interditam outros.

Ao passo que, Rosot et al. (2004), dizem que a dinâmica dos reflorestamentos exige
actualizações constantes do cadastro, e consequentemente dos mapas florestais, planeamento da
reforma de talhões, determinação de áreas submetidas a corte raso, avaliação de danos de
incêndios florestais, obtenção de informações em processos de compra e venda de áreas,
definição de áreas de reserva legal e de preservação permanente são algumas das operações que
demandam actualização de áreas.

Freire e Paredes (2007), afirmam que através do ortomosaico e do Modelo Digital de Elevação
(MDE), é possível gerar mapas de elevação e declividade, de uso e ocupação de Terra e
visualizar áreas de vertentes auxiliando em projectos de drenagem, planeamento de implantação
de povoamentos e áreas de assentamentos humanos.

Além disso, as imagens auxiliam na elaboração de diagnósticos e análises ambientais como


delimitação de rede hidrográfica, demarcação das áreas de preservação permanente e ainda
quando atreladas a outras informações como precipitação e locais com deposição irregular de
resíduos, permitem prever pontos de alagamento, enchentes e possíveis deslizamentos nas áreas
rurais (Barros et al., 2009).

De acordo com Alves et al. (2003), para planear é preciso avaliar, para avaliar é preciso conhecer
e para conhecer é preciso caracterizar. Numa sequência lógica, parte-se dos levantamentos e

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caracterizações topográficas, para as análises e avaliações, para finalmente ser possível realizar
um planeamento consistente, ou seja, com conhecimento da realidade para que possa ser
implementado com sucesso.

2.3.2. Critérios de planificação florestal com recurso a geotecnologias


2.3.2.1. Uso e cobertura de Terra
De acordo com o artigo 1 do capítulo I da Lei de terras (Lei no 19/97 de 1 de Outubro), Plano de
uso da terra é um documento aprovado pelo Conselho de Ministros, que visa fornecer, de modo
integrado, orientações para o desenvolvimento geral e sectorial de determinada área geográfica.

Entretanto, para FAO (1995), apud Alves et al. (2003), a Terra é uma área delimitável da
superfície terrestre, que abrange todos os atributos da biosfera imediatamente acima ou abaixo
desta superfície, incluindo aqueles atributos climáticos próximos à superfície, o solo e as formas
de relevo, a hidrologia superficial (incluindo lagos pouco profundos, rios, mangais e pântanos),
sedimentares, subsuperficiais e as reservas de água subterrâneas associadas às mesmas, as
populações de plantas e animais, os padrões de povoamento humano e os resultados físicos da
actividade humana passada e presente (terraços, depósitos de água ou estruturas de drenagem,
estradas e edificações).

Mendonça (1997) apud Ferreira (2010), diz que a identificação do uso e cobertura de terra
constitui-se em importante elemento para um estudo ligado à temática ambiental, pois o dado
mais actualizado sobre uma determinada área auxiliará, dentre outros, na identificação e
localização dos agentes responsáveis pelas suas condições ambientais.

Ceron e Diniz (1966), afirmam que, uma das principais aplicações do sensoriamento remoto
voltadas para a planificação agrícola, silvícola e ambiental é o mapeamento do uso e cobertura da
Terra. Os referidos autores, afirmam que o mapeamento do uso e cobertura da Terra, é feito de
maneira visual utilizando os elementos de reconhecimento da fotogrametria interpretativa, como
cor, textura, forma e contexto.

2.3.2.2. Áreas de influência (Buffers)


Segundo Carvalho et al. (2018), as áreas de influência, são aquelas afectadas directa ou
indirectamente pelos impactos positivos ou negativos, decorrentes do empreendimento, durante

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suas fases de implantação e operação. O mesmo autor afirma que essas áreas normalmente
assumem tamanhos diferenciados, dependendo da variável considerada (meio físico, biótico ou
socioeconómico).

Consta no artigo 5, capítulo II do Regulamento da Lei de Terras (Decreto no 66/98 de 8 de


Dezembro) que a faixa mínima a ser mantida e preservada nas áreas de protecção parcial
(margens de rios, lagos, mangais e pântanos) é de 50 m, medidos a partir da linha máxima de tais
cursos de águas. De acordo com o artigo 6 da mesma legislação, a implementação de qualquer
actividade de uso e ocupação de terra em áreas que orlam as estradas, deve ser realizada
respeitando a faixa mínima de 15 m confinante para o caso das estradas secundárias e terciárias.

Conforme descrito na Norma Técnica 01 – PMz (2018), na fase de instalação de povoamentos


deve-se considerar as faixas de protecção das infra-estruturas e das áreas com valores sociais e
arqueológicos. Para isto, as plantações devem ser realizadas a uma distância igual ou superior a
20 e 50 m de raio sobre afloramentos rochosos com menos e mais de 10 hectares
respectivamente. Para o caso das habitações, deve-se preservar uma distância mínima 30 m
medidos a partir do limite máximo de cada propriedade.

2.3.2.3. Características do Relevo


De acordo com Júnior (2017), o relevo influência grandemente na actuação das variáveis (topo)
climáticas e meteorológicas, tendo em vista sua acção na dinâmica das águas pluviais e,
consequentemente, no regime térmico do solo. Klingebiel et al. (1987), afirmam que, as
características do relevo, estão directamente relacionadas com os processos de formação do solo
e possuem um grande potencial para serem utilizadas na elaboração de levantamentos de solos, e
estas podem ser divididas em atributos primários ou secundários.

Os primários são directamente calculados a partir do Modelo Digital de Elevação (MDE) e inclui
variáveis como declividade, orientação das vertentes, elevação, plano e perfil de curvatura,
comprimento do caminho do fluxo e área específica de contribuição e os secundários incluem
índice de humidade, índice de transporte de sedimentos e outros (Moore et al., 1993). Chagas
(2006), diz que, dentre os atributos citados, a elevação, declividade e orientação das vertentes,
têm sido reconhecidos como os mais efectivos para a realização de levantamentos de solos de
média escala.

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Burrough (1986), define a declividade, como sendo um plano tangente a superfície, expresso
como a mudança de elevação sobre certa distância. Frechauth (2011), usou como base as
variáveis elevação e declividade, para definir as unidades de uso de terra, com objectivo elaborar
plano de uso de terra. Por conseguinte, Ramalho Filho e Beek (1995), também, utilizaram as
variáveis declividade e elevação para indicar o grau de limitação das mesmas numa determinada
área a ocorrência de eventos erosivos e impedimentos a mecanização.

A orientação das vertentes, segundo Chagas (2006), é um atributo primário de relevo pouco
explorado no estudo das relações solo, talvez devido à dificuldade de obtenção pelo método
tradicional da fotointerpretação. Ela está relacionada directamente com aspectos importantes
como evapotranspiração, insolação, teor de água no solo ou humidade, processos eólicos,
direcção do escoamento pluvial e fluvial, e consequentemente com os atributos do solo e
potenciais agrícola e silvícola (Moore et al., 1993 e Venceslau e Miyazaki, 2019).

2.3.2.4. Aspectos Sociais e Ambientais


A compatibilização dos aspectos sociais com os aspectos ambientais, constitui a maior
dificuldade nos instrumentos de planeamento florestal (Frechauth, 2011). Segundo Souza e
Fernandes (2000) apud Alves et al. (2003), o cerne deste conflito, está relacionado com o espaço
territorial adoptado para o planeamento, que na maioria dos casos tem seus limites de contorno
estabelecidos artificialmente, dificultando portanto, a harmonização dos interesses de
desenvolvimento e de preservação ambiental.

Silveira et al. (2015), afirmam que, o modelo social no qual vivemos, o desenvolvimento urbano
apresenta permanente conflito com o meio ambiente, devido à ausência, em muitas vezes, de
uma ocupação planificada. Entretanto, para Carvalho et al. (2005), o sector florestal é capaz de
absorver mão-de-obra numerosa, colaborando assim para uma melhor distribuição de renda para
a população. Vale lembrar que a exploração racional das florestas, com base no maneio
sustentável, também propicia a melhoria das condições de transporte, acesso e comunicação de
determinadas localidades.

Segundo Van Bodegom et al. (2008), em Moçambique, bem como em muitos outros países,
existe uma forte concepção de que as empresas florestais ajudam na redução da pobreza em
zonas rurais, pela maximização de uso das terras não produtivas. Garlipp e Foelkel, (2009),

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reiteram que, as plantações florestais têm importante papel para mitigar ou reduzir a pobreza,
tanto em países em desenvolvimento como em áreas de países desenvolvidos

No entanto, Sitóe et al. (2012), afirmam que, para além de melhorias nos níveis de pobreza,
outros indicadores sociais como a proporção nos níveis de analfabetismo das mulheres, o acesso
à educação e aos serviços de saúde sugerem melhorias. Alem disso, Garlipp e Foelkel (2009),
dizem que, as plantações florestais também podem ajudar a reduzir a pressão nas florestas
nativas e providenciar benefícios ambientais.

2.3.3. Ferramentas de planificação florestal com recurso as Geotecnologias


2.3.3.1. Capacidade de uso da Terra
A capacidade de uso da terra pode ser caracterizada como a sua adaptabilidade para fins
diversos, sem que sofra depauperamento pelos factores de desgaste e empobrecimento (Salomão
et al., 1995). Segundo Frechauth (2011), esta é considerada uma ferramenta poderosa bastante
utilizável na planificação de uso da terra, tendo em vista a conservação do solo e o controle da
erosão.

Pois, classificada a capacidade de uso, define-se a sua possibilidade de ser utilizada para culturas
anuais, perenes, pastagens, reflorestamento, vida silvestre, entre outros, sem sofrer danos
consideráveis, racionalizando assim, o aproveitamento do potencial das áreas e sua conservação
(Rodrigues et al., 2001).

Contudo, o método de classificação da capacidade de uso de terra normalmente utilizado baseia-


se na análise integrada das características físicas e da fertilidade do solo, das características
topográficas do terreno e de susceptibilidade à erosão (De Sá, 2001). Assim, a finalidade da
capacidade de uso da terra é de fornecer um importante subsídio para o planeamento,
funcionando como uma ferramenta que imprime um carácter selectivo, racionalizador e de
orientação ao uso de terras (Rodrigues et al., 2001).

2.3.3.2. Chave de interpretação de imagem


Um dos primeiros passos no processo de interpretação visual de imagem é o estabelecimento de
“Chave de Interpretação” (Cruz, 1981). Vieira et al. (2012), afirmam que uma das etapas mais
importantes da classificação baseada no conhecimento é a construção da chave de interpretação

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de imagem. O mesmo autor, diz que neste modelo, o analista deve ter uma exacta noção dos
melhores atributos a serem utilizados na classificação.

Portanto, Cruz (1981), define a interpretação de imagens, como um processo pelo qual as
informações são obtidas por técnicas de observação, desenvolvimentos lógicos e acurados,
chegando a conclusões. O referido autor, afirma que, a interpretação, tem a função de
caracterizar as feições de interesse, de modo a facilitar a identificação de outras feições com
características similares na imagem.

Nessa caracterização são definidos os elementos de interpretação, tonalidade/cor, textura, padrão,


localização, forma, sombra e tamanho (Novo, 2008). Portanto, são realizadas associações dos
objectos por dedução (do geral para o particular), por indução (do particular para o geral) e por
analogia, neste momento, relacionamos as propriedades do objecto com seu entorno (Novo,
2010).

De acordo com o autor supracitado, uma das formas de se organizar as informações e auxiliar o
usuário na interpretação das feições existentes em uma imagem é a chave de interpretação, que
consiste na análise visual dos elementos presentes na imagem (tonalidade, cor, textura, forma,
tamanho, padrão e outros).

Alem disso, ela é essencial para determinar as categorias temáticas presentes na imagem, tais
como floresta, cultura agrícola, pastagem, solo descoberto e água (Rosa, 2007 e Gomes de Melo
et al., 2017). Por essa razão, Gomes de Melo et al. (2017), dizem que a chave de interpretação, é
uma etapa importante na elaboração de mapas cujo interesse é a representação das feições
encontradas em uma determinada imagem, sobretudo em estudos que envolvam o levantamento
do uso e cobertura da terra.

2.3.3.3. Modelos Digitais de Elevação


Segundo Doyle (1978) apud Aspiazú et al. (1990), após a realização do trabalho de Charles L.
Miller e colaboradores sobre Modelos Digitais do Terreno (“Digital Terrain Model” ou DTM)
no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, entre 1955 a 1960, surgiu a expressão Modelo
Digital de Elevação ("Digital Elevation Model", DEM), para se referir aos modelos que
consideram, como característica do terreno, somente a elevação.

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Os Modelos Digitais de Elevação de acordo com Valeriano (2008), são arquivos que contêm
registros altimétricos, organizados numa estrutura matricial em linhas e colunas
georreferenciadas, como uma imagem com um valor de elevação para cada pixel3. Segundo o
referido autor, os registros altimétricos devem ser idealmente valores de altitude do relevo para
que o MDE seja uma representação efectiva da topografia.

Mikhail et al. (1978), consideram os modelos de elevação como subconjuntos dos modelos
digitais do terreno. Porém, Muraneto (2017), diz que os MDE podem ser divididos em Modelo
Digital de Superfície (MDS) e Modelo Digital de Terreno (MDT). Para o mesmo autor, os MDS
são representações topográficas que reflectem o relevo da superfície terrestre, incluindo a
vegetação e as edificações. Ao passo que, os MDT representam topograficamente apenas o
relevo, não mostrando, portanto, vegetação e edificações.

Ao mencionar que idealmente os valores do MDE devem ser referentes a altitude do relevo,
Valeriano (2008), nos remete a importância de entender o método pelo qual o modelo ou a
imagem de relevo foi gerada, em muitos casos, quando utilizados radares, o valor registrado
pode ser o do dossel de uma área florestada ou o topo de um prédio, não representando o relevo,
mas sim, a superfície. Assim, a aplicação directa dos MDE disponíveis sem o devido
conhecimento teórico e técnico sobre os mesmos, pode gerar resultados equivocados.

Gass e Morozoli da Silva (2018), afirmam que, quando os MDE são associados aos dados de uso
e ocupação de terra, limite das propriedades rurais e geomorfologia, permitem a análise integrada
da área de interesse, gerando resultados que tenham por objectivo a compreensão da função dos
diferentes elementos constituintes da paisagem. Segundo os autores supracitados, estas conexões
permitem uma leitura mais eficaz da diversidade dos elementos que determinam às dinâmicas
territoriais de um município

Os dados para elaboração dos modelos podem ser obtidos de mapas de estéreo modelos
fotogramétricos, de levantamentos terrestres, ou por meio de outros sistemas como altímetros

3
Pixel – é a contracção de “Picture element” e este refere-se a cada ponto que forma uma imagem digitalizada. Num
monitor colorido, cada pixel é composto por um conjunto de 3 pontos: Verde, vermelho e Azul. Cada um destes
pontos é capaz de exibir 256 tonalidades diferentes e combinando tonalidades dos três pontos, é possível exibir 16
milhões de corres diferentes.

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instalados a bordo de aviões e espaço naves (Doyle, 1978). Por sua vez, para Li et al. (2004), por
ser um modelo matemático, pode-se empregar funções interpretativas que permitem a
reconstrução da superfície do terreno, a qual também pode ser considerada como a própria
construção do MDE.

2.3.3.4. Índices de Vegetação


Os índices de vegetação são operações algébricas que envolvem faixas de reflectância
específicas, permitindo determinar a cobertura vegetal e a sua densidade (Cruz et al.,2011).
Segundo Moreira (2000) apud Moutinho (2018), tais índices são combinações de dados
espectrais de duas ou mais bandas, usualmente a do vermelho (RED) e a do infravermelho
próximo (NIR), cuja operação matemática obtém um valor a dimensional.

Nesse contexto, avaliar a densidade da cobertura vegetal constitui-se como uma estrutura
essencial para estudos voltados para análise ambiental, gestão e planeamento de recursos
naturais, compreensão dos processos hidrológicos, diagnóstico da dinâmica no espaço urbano e
rural, entre outras finalidades (Ponzoni e Shimabukuro, 2010). Brandão et al. (2005), explicam
que, embora sejam encontrados mais de 50 índices de vegetação nas literaturas, muitos estudos
comprovam a eficácia de dois índices mais comummente usados que são, a Razão Simples (RS)
e o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI).

Navarro et al. (2015) e Padolfi et al. (2018), afirmam que o Índice mais empregado na avaliação
da cobertura vegetal é o NDVI. O seu cálculo é obtido pela razão entre a diferença das
reflectividades das bandas no NIR e no RED, pela soma dessas mesmas reflectividades (Rouse et
al., 1973 apud De Lima et al., 2017). A mesma fonte, diz que o NDVI é aplicado às imagens da
faixa de espectro electromagnético do NIR e do RED e varia de -1 a +1, sendo que quanto mais
próximo de 1, mais densa é a vegetação e que o valor zero se refere aos pixels não vegetados.

2.4. Descrição do Drone DJI Mavic Pro

O DJI Mavic Pro também conhecido como Mavic Pro, foi o primeiro Drone da série Mavic
lançado em 2016, pela companhia Chinesa DJI (MND, 2018). Segundo DJI (2017), este foi
considerado um dos primeiros Drones personalizados no mercado, projectado para ser
ultraportátil e rápido de ser lançado, o Mavic pro é constituído por quatro braços dobráveis e

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hélices que se encaixam perfeitamente em seu corpo aerodinâmico (Figura 4 nos materiais e
métodos).

Cranz (2016), diz que o Drone pode ser operado através do controlo remoto de longo alcance, ou
pelo smartphone a uma distância menor. A mesma fonte explica que, quando este é controlado
por um smartphone, todo o sistema pode ser configurado e transportado por via aérea em menos
de 1 minuto para capturar as imagens. Além disso, o modelo e sua câmera acoplada que possui
um estabilizador (Gimbal) de três eixos tem as características apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização do Drone DJI Mavic Pro.


Item Descrição

Sensor Pixels efectivos: 12,35 M (Total de pixels: 12,71 M)


Tamanho da imagem 4000 × 3000
Modo de fotografia continua Um tiro, Tiro de ruptura: 3/5/7 quadros, Bracketing de
exposição automática (AEB): 3/5 quadros enquadrados a 0,7 EV
Câmera de polarização
Sistemas de arquivos suportados FAT32 (≤ 32 GB); ex FAT (> 32 GB), Foto JPEG, DNG
Memorias Micro SD ™· Capacidade máximo: 128 GB.
Temperatura operacional 0 ° a 40 ° C (32° a 104° F)

Dimensões Dobrado H83mm x W83mm x L198mm, Diagonal (Hélices


Excluídas) 335 mm
Peso (Bateria e Hélices Incluídas) 734 g (excluindo a tampa do Gimbal) e 743 g (incluindo a
tampa do Gimbal)

Velocidades Velocidade Máxima de subida 5 m/s, de Descida 3 m/s de voo


ou deslocamento 18 m/s.
Aeronave Altura Máxima 5.000 m, autonomia de voo 27 minutos e
Voo Distância Máxima de Viagem (Uma Bateria Completa, Sem
Vento) 13 km.
Sistemas de Posicionamento por GPS / GLONASS embutido.
Satélite
Tensão 11,4 V, Tipo de Bateria LiPo 3S, Energia 43,6 Wh, Peso
Bateria de voo inteligente Líquido aproximadamente 1.0 libras (240 g), temperatura de
carregamento 5° a 40° C
Fonte: DJI (2019).

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III. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Local de estudo

A área de estudo localiza-se no distrito de Gurué, posto administrativo de Gurué-sede, povoado


de Mangóne, entre os paralelos 15°29'52.8'' e 15°30'18.72'' S e meridianos 36°55'56.64'' e
36°57’14.4'' E, com uma extensão de 3,66 km2 (366,46 ha), distando aproximadamente 27 km da
sede do distrito (figura 2).

Figura 2 – Localização geográfica da área de estudo. Fonte: Datum: WGS 84 / UTM Zone 37s. Elaborado pelo
Autor.

O clima do distrito é do tipo húmido, mesotérmico, com precipitação média anual de 1.995,7
mm. Esta região apresenta duas estações; a época de chuva para a estacão mais quente, com
maior precipitação no mês de Março (média de 355 mm) e a época seca para a estacão mais fria,
com menor precipitação no mês de Setembro (média de 20 mm). O período mais quente do ano é

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Novembro com uma temperatura média de 32,5º C, sendo Julho o período mais frio com uma
temperatura média de 12,3º C (MAE, 2005 e 2014)

O distrito é atravessado por numerosos cursos de água, que ocorrem de acordo com a fisiografia
acompanha da irregularidade topográfica e da pluviosidade relativamente elevada que é
característica da região (MAE, 2014). O relevo do Distrito é essencialmente composto por zonas
montanhosas e planálticas, a altitude do distrito de Gurué situa-se entre 500 a 1.000 m, sendo o
pico mais alto do distrito, o Monte Namúli com 1.419 m (Dunduro et al., 2016).

Em termos geomorfológicos, existem três (3) principais unidades de solos em Gurué conforme
INIA (1995) apud MAE (2014). A primeira é caracterizada por solos vermelhos a castanho-
avermelhados de textura franco-argilo-arenosa, profundos, bem drenados e de fertilidade natural
baixa e risco moderado de erosão. A segunda é caracterizada pela ocorrência de solos líticos
castanhos, de textura franco-arenosa, pouco profundos, excessivamente drenados, de baixa
fertilidade natural e elevado risco de erosão. Por fim, a terceira caracterizada por solos castanhos,
profundos de textura franco-argilo-arenosa, moderadamente drenados, com risco moderado de
erosão e condições de germinação, que são as principais limitações para agricultura (MAE,
2005).

3.2. Procedimentos metodológicos

A presente pesquisa compreendeu quatro (4) principais etapas:


A Primeira etapa, consistiu na realização de uma revisão de literaturas sobre o tema e de
assuntos relacionados, procurando sempre destacar e realçar a importância do método a ser
aplicado, para além de se apresentar e introduzir conceitos referentes a planificação de
plantações florestais e geotecnologias.

A segunda etapa, consistiu na aquisição do shapefile4 (shp) da área de realização do estudo, na


empresa SUSTENTA, seguidamente, foi realizada a visita de reconhecimento ao campo e por
conseguinte, elaborou-se o plano de vôo no site www.dronedeploy.com.

4
O shapefile – é um formato popular de arquivo contendo dados geoespaciais em forma de vector usado
por Sistemas de Informações Geográficas.

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A terceira etapa, consistiu na realização do vôo Drone para obtenção de imagens da área de
estudo e na identificação dos principais usos de terra presentes no local, assim como, das
condições existentes no terreno.

A quarta e última etapa, foi dedicada ao processamento, análise e interpretação dos dados
colectados, onde foram propostos adequados mecanismos de realização, orientação e
organização da plantação durante o plantio e por fim, apresentaram-se os resultados e
conclusões.

3.2.1. Tipo de pesquisa


A pesquisa é de natureza qualiquantitativa, pois, há uma predominância de classificações e
análises mais dissertativas. Quanto ao objectivo e grau do problema é exploratória e causal, com
recurso as Geotecnologias, procura-se realizar análises das condições do terreno, assim como dos
factores (uso e cobertura de terra, áreas de influência, declividade e orientação de relevo) que
influenciam a realização e orientação do plantio.

3.3. Aquisição de dados

3.3.1. Aquisição do shapefile


Para a obtenção do shp da área de plantio, foi necessário entrar em coordenação com a empresa
SUSTENTA, mais especificamente no gabinete do projecto MozFIP, afim de saber quais são as
áreas que a empresa pretende estabelecer povoamentos, para posterior obtenção do shp (com
SRC: WGS 84 / UTM Zone 37s) da área a se desenvolver o estudo.

3.3.2. Elaboração do plano de vôo


O plano de vôo foi elaborado utilizando o aplicativo DroneDeploy, auxiliado pelo software QGIS
2.18.12 (figura 3). O processo consistiu primeiramente na utilização do software QGIS 2.18.12
para criação de uma camada shp, de seguida, a camada foi convertida no formato KML5 para
posteriormente ser importada para o site www.dronedeploy.com.

5
KML (Keyhole Markup Language) é um formato de arquivo usado para exibir dados geográficos em um navegador
da Terra, como Google Earth, Google Maps, etc.

Adilson Sebastião Chitue Ferrão 20


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No site supracitado, estabeleceram-se os parâmetros (configuração do plano de vôo) utilizados


durante o vôo, dos quais destacam-se: altura de vôo 200 m, recobertura ou sobreposição frontal e
lateral 75%, velocidade de mapeamento 15 m/s, direcção do vôo -25° e ponto inicial 1. O
aplicativo ilustra automaticamente o tamanho da área (366 ha), o número de fotografias (971), de
baterias (5) e o tempo total de vôo (71: 00 minutos).

Sousa (2017), diz que na aerofotogrametria por Drone não existe uma definição universalmente
aceite para recobrimento lateral e longitudinal. No entanto, autores como Marra et al. (2019) e
Nex e Remondino (2014) recomendam o mínimo de 75% de recobrimento longitudinal e 60% de
recobrimento lateral. Barreto (2016), afirma que, a realização de voos a uma de altura 200 m
permitem obter ortomosaicos com alta resolução espacial (10 cm/Pixel), oque permite a
visualização das propriedades com alto nível de detalhamento.

Figura 3 – Elaboração do plano de voo. Fonte: adaptado pelo Autor.

3.3.3. Aquisição das imagens


De acordo com Da Silva (2018), os variados modelos de Drones, proporcionam ganhos
significativos de qualidade e quantidade de informações em projectos ambientais e florestais.
Assim, a aquisição das imagens de alta resolução realizou-se utilizando o Drone multirotor
modelo DJI Mavic Pro (Figura 4), controlado através do aplicativo DroneDeploy no dispositivo
Android Galaxy Tab A (2016) (apêndice 1 – A) conectado ao rádio controlo do Drone (apêndice
1 – B).

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Figura 4 – Drone DJI Mavic Pro. Fonte: Autor.

O sensor utilizado para captar as imagens foi a câmera de 12,71 megapixel possuindo três canais
no espectro visível (RGB) e uma do NIR, configurada a uma distância focal de 20 mm (DJI,
2019). O Drone recobriu uma área de aproximadamente 3,66 km2 com autonomia de vôo de 27
minutos, portanto, realizaram-se nove (9) voos em toda propriedade. A imagem captada
apresentou as seguintes informações espaciais (Tabela 2).

Tabela 2 – Detalhes da imagem captada pelo Drone DJI Mavic Pro.


Data de aquisição Altura de voo GSD Resolução Sobreposição Sobreposição
radiométrica Frontal Lateral
03/08/2019 200 m 6 cm/pixel 28 bits 75% 75%

Fonte: elaborado pelo Autor.

3.4. Processamento e análise de dados

3.4.1. Processamento das imagens


Gerou-se o ortomosaico e MDE da área de estudo (apêndice 2 – A e B). Este processo, consistiu
na importação das fotografias obtidas, para o site www.dronedeploy.com, onde realizou-se
automaticamente a união das imagens formando uma e única de alta resolução, para posterior
processamento e análise nos softwares QGIS 2.18.12 e ArcGIS 10.6.

Wolf (1983) apud Padolfi et al. (2018), afirmam que o método de mosaicagem consiste na união
todas fotografias obtidas em uma única, oque permite uma vista ampla da área fotografada. De
acordo com Kakaes et al. (2015), um ortomosaico é um mosaico geometricamente corrigido de
forma a mostrá-lo em uma escala uniforme. De Pontes e De Freitas (2015), explicam que após o
vôo, é necessário criar o ortomosaico das imagens obtidas.
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3.4.2. Uso e cobertura de terra


A definição das classes e posterior feição do mapa de uso e cobertura de terra, foi realizado
mediante a digitalização do ortomosaico da área de estudo no software ArcGIS 10.6.
Primeiramente, adicionou-se o shp da área, de seguida, sobrepôs-se ao ortomosaico que
apresenta em sua composição a combinação das bandas (RGB), que segundo Bertucini Júnior e
Centeno (2017) apud Moreira et al. (2018), é uma combinação que permite a visualização da
vegetação e área urbana com mais clareza.

Para auxiliar na classificação de uso e cobertura terra, elaborou-se uma chave de interpretação de
imagens que dá enfoque às feições de uso e cobertura presentes na área de estudo. De acordo
com Novo (2008) e Gomes de Melo et al. (2017), a chave de interpretação é de grande
importância na elaboração de mapas, cujo interesse é a representação e interpretação das feições
encontradas em uma determinada imagem, sobretudo em estudos que envolvam o levantamento
do uso e cobertura da terra.

A análise visual pode ser definida como o acto de examinar uma imagem com o propósito de
identificar objectos e estabelecer julgamentos sobre suas propriedades (Novo, 1989). A mesma
fonte, diz que durante o processo de interpretação, actividades como: detecção, reconhecimento,
análise, dedução, classificação e avaliação da precisão, são realizadas simultaneamente.

Segundo Novo (2010), a interpretação visual baseia-se em sete (7) características da imagem no
processo de extração de informações, a saber: tonalidade/cor, textura, padrão, localização, forma,
sombra e tamanho. Porém, a chave de interpretação elaborou-se com base no método utilizado
por Ayach et al. (2012), que baseia-se em três (3) características para o processo de extracção de
informações, a saber: tonalidade/cor, textura e forma (Tabela 3).

No entanto, a divisão da chave de uso e cobertura compreendeu as classes: Floresta nativa,


Afloramento rochoso, Corpo de água, Plantações florestais, Habitações, Solo exposto,
Agricultura e Estradas, considerados como as principais classes de uso da terra (Rosa, 2007).

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Tabela 3 – Chave de interpretação de imagens para uso e cobertura de Terra.

Imagem Classes de uso Descrição Textura Forma/ Tonalidade/C


e cobertura Padrão or
Áreas com Cinza e
Afloramento predominância de Rugosa Irregular Castanho-
rochoso formações rochosas. escuro
Áreas agrícolas que
podem ser facilmente
Agricultura subdivididas em Semi- Regular Verde e
função do tipo de rugoso Castanho
cultura e época de
plantio.
Corpos de Rios, canais, lagos e Branco, Verde
Água lagoas de água doce, Lisa Irregular e Castanho-
represas, entre outros. escuro
Área pavimentada ou
Estrada não interconectando Lisa Regular Castanho
diferentes localidades
Floresta com três
estratos, apresenta
árvores de maior
porte com
Floresta Nativa sombreamento no Rugosa Irregular Verde-claro e
sub-bosque. Escuro
Formação de maior
riqueza específica.
Áreas ocupadas com
Habitação construções urbanas e Rugosa Irregular Cinza e
rurais. Castanho
Áreas cobertas por
Plantações florestas plantadas de Rugosa Regular Verde-claro
Florestais espécies Nativas ou
exóticas.
Áreas que não
Solo exposto apresentam Lisa Regular Castanho claro
vegetação.
Fonte: Ayach et al. (2012). Adaptado pelo Autor.

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3.4.3. Áreas de influência (Buffers)


Conforme orientado nos artigos 5 e 6, capítulo II do Regulamento da Lei de Terras Decreto nº.
66/98 de 8 de Dezembro, foram gerados buffers 50 e 15 metros para as margens de rios e
estradas (secundárias e terciárias) respectivamente, com auxilio do software QGIS 2.18.12.

A Norma Técnica 01 – PMz (2018), diz que no estabelecimento de plantações florestais deve-se
salvaguardar a distância de 20 metros de raio para afloramentos rochosos com menos de 10
hectares e 30 metros para habitações.

A geração das áreas de influência (Buffers) abrangeu áreas de protecção parcial, que segundo o
Regulamento da Lei de Terras Decreto nº. 66/98 de 8 de Dezembro e da Norma Técnica 01 –
PMz (2018), deverão ser preservadas no estabelecimento de plantações florestais, e esta
obedeceu as seguintes etapas:
 Primeira: selecção das classes de uso e cobertura de terra identificadas através da
ferramenta de selecção por área.
 Segunda: atribuição dos buffers as classes de uso e cobertura seleccionadas mediante a
orientação do Regulamento da Lei de Terras Decreto nº. 66/98 e da Norma técnica 01 –
PMz (2018), através da ferramenta buffer de múltiplos anéis.
 Terceira e última etapa: diferença e colagem das camadas atribuídas buffers através das
ferramentas de geoprocessamento diferença e opção de encaixe.

3.4.4. Índices de Vegetação


A avaliação de índices de vegetação, obtidos a partir de imagens aéreas representa um recurso
rápido, econômico e confiável para o monitoramento da vegetação na área de interesse
(Candiago et al., 2015). Assim como Shimabukuro (1998) e Teotia et al. (2003), nos seus
estudos, o NDVI foi gerado para estimativa, análise e classificação da cobertura vegetal como
forma de subsídio para definir as áreas com prioridades a reposição florestal (Tabela 4). Portanto,
de acordo com Rouse et al. (1973) apud De Lima et al. (2017) o NDVI foi calculado por meio da
equação 1:

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Equação 1 – Equação de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada.

(1)

Onde: NIR = banda do Infravermelho Próximo e RED = banda do vermelho.

Tabela 4 – Tabela de prioridades a reposição florestal.


Índice Intervalo Interpretação
-1 a 0 Zonas com ausência de vegetação
NDVI
0 a 0,5 Zonas com vegetação intermediária
0,5 a 1 Zonas com vegetação densa
Fonte: Mavehe (2018). Adaptado pelo autor.

3.4.5. Declividade
O declive é uma das variáveis fundamentais para os estudos sobre qualquer tema relacionado
com a morfologia do território, uma vez que é o principal elemento restritivo às actividades
humanas e aos processos físicos (Magalhães, 1996 apud Vega, 2016). Este é o factor
determinante nas taxas de perda de solo, portanto, é um óptimo descritor da morfologia do
território. Na análise do risco de erosão do solo o declive constitui um dos mais importantes
parâmetros morfológicos a considerar (Ferreira et al., 2001).

Para a geração do mapa de declividade da área de estudo, utilizou-se MDE em estrutura Raster6
extraído das fotografias aéreas no site www.dronedeploy.com. O valor da declividade do terreno
expressou-se em percentagem, definidos para 6 classes (Tabela 5), tendo em consideração a
relação entre o declive e a aptidão para o espaço edificado, agrícola ou silvícola (Ramalho Filho
e Beek, 1995).

Os intervalos de declividade foram estabelecidos de acordo com a metodologia de Ramalho


Filho e Beek (1995), que indicam graus de limitação (nulo, ligeiro, moderado, forte e muito
forte) desta variável para a ocorrência de eventos erosivos e impedimentos à mecanização na
implantação de povoamentos.

6
Dados Raster, matriciais (ou Bitmap, que significa mapa de bits em inglês) – são imagens que contém a descrição
de cada pixel, em oposição aos gráficos vectoriais.

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Tabela 5 – Classes de declive


Declividade Classe de relevo Impedimento / limitação
0–3% Plano Nulo
3 – 8% Suave Ondulado Ligeiro
8 – 13% Moderadamente Ondulado Moderado
13 – 20 % Ondulado Forte
20 – 45 % Forte Ondulado Muito forte
>45 % Montanhoso ou Escarpado Extremamente forte
Fonte: ESA (2018).

3.4.6. Orientação das Vertentes


Vega (2016), diz que a orientação das vertentes assume grande significado ecológico, pois
determina directamente a radiação solar recebida, a temperatura, a humidade do solo e,
consequentemente o tipo de ocupação vegetal. Conforme o mesmo autor, a carta de orientação
das vertentes permite diferenciar, relativamente à insolação, a melhor localização para as várias
actividades humanas, nomeadamente a implantação de povoamentos e ou equipamentos.

O mapa de orientação das vertentes foi gerado utilizando o software ArcGIS 10.6. Primeiramente
adicionou-se o MDE, de seguida acedeu-se as ferramentas de análise 3D, onde escolheu-se a
opção Raster Surface (superfície Raster), na qual realizou-se a extracção da inclinação dos
vértices de cada vertente. As classes adoptadas foram as seguintes: Plano, Norte, Nordeste,
Noroeste, Sul, Sudeste, Sudoeste, Este e Oeste (Assunção et al., 2019).

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Aquisição de dados Processamento e Analise de dados

Plano de vôo Aquisição das Imagens Fotointerpretação Buffers Índices de vegetação

Aquisição do Criação da Vôo Drone Imagem Uso e Entornos Avaliação da Áreas e


Shp da área camada KML (DJI Mavic Digital cobertura de sobre áreas de capacidade e mecanismos
na no QGIS pro) (Ortomosaico) Terra influência aptidão da de realização
SUSTENTA 2.18. Terra-NDVI e orientação
()(NDVI)

Definição de
parâmetros MDE
de Voo no
DroneDeploy

Planeamento
de plantações
florestais
Declividade

Orientação
das vertentes

Figura 5 – Fluxograma metodológico para a realização do trabalho. Fonte: Elaborado pelo Autor.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Uso e cobertura de terra

Foram identificados oito (8) classes de uso e cobertura de terra, nomeadamente: Floresta nativa,
Corpos de Água, Agricultura, Estradas, Plantação Florestal, Solo exposto, Afloramento rochoso
e Habitação, com cerca de 291,23 ha (79,47%), 32,98 ha (9%), 20,52 ha (5,60%), 14,83 ha
(4,05%), 4,29 ha (1,17%), 1,48 ha (0,40%), 0,88 ha (0,24%) e 0,25 ha (0,07%) respectivamente
(Figura 6).

Figura 6 – Mapa de uso e cobertura de terra.

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Os resultados apresentados aproximam-se aos encontrados por Gonha (2018), estudando a


Modelagem da vulnerabilidade à ocorrência e propagação de incêndios florestais apoiado à
geotecnologias (2008-2017). Estudo de caso da localidade de Munhiba, Mocuba, onde obteve
maior percentagem para a classe Floresta nativa (69,60%) e Agricultura com (20,22%), seguidos
por Habitação, Corpos de água e Floresta exótica com (8,89%), (1,26%) e (0,03%)
respectivamente. Esta aproximação dos resultados pode estar relacionada ao facto do autor ter
realizado o seu estudo numa zona rural, cujas formas de uso e cobertura de terra equivalem-se ao
padrão de uso e cobertura de terra da área do presente estudo.

Entretanto, divergentes resultados foram apresentados por Mavehe (2018), em seu estudo sobre
Uso de geotecnologias na determinação de áreas prioritárias para o restabelecimento da cobertura
florestal. Estudo de caso: margens do rio Licungo-Mocuba, verificando-se as seguintes classes:
Vegetação herbácea, Afloramento rochoso, Solos exposto, Vegetação arbustiva, Habitação,
Corpos de água, Agricultura e Infra-estrutura, ocupando 46,73%, 18,24%, 16,97%, 7,24%,
5,42%, 2,21%, 1,91% e 0,55%, respectivamente.

A divergência nos resultados provavelmente está relacionada a localização da área de estudo


(próximo as zonas ribeirinhas) e aos hábitos e costumes das comunidades locais, associadas ao
incumprimento das leis vigentes para a protecção das florestas húmidas e a diferenciada
disponibilidade de recursos.

Andrade et al. (2019), analisando a aplicabilidade do Geoprocessamento na análise da cobertura


e uso da terra na área de protecção ambiental dos mananciais do Córrego Lajeado, Campo
Grande – MS, obtiveram resultados contraditórios, apontando a pastagem, vegetação, área
urbana, solo exposto e corpo hídrico como as principais classes de uso e cobertura de terra em
sua área de estudo, ocupando 60%, 22,97%, 14,3%, 1,03% e 0,5% respectivamente.
Provavelmente esteja por trás dessa diferença de uso e cobertura de terra, o facto de pastagem ser
a principal actividade da área de estudo, actuando de forma conjunta com a falta de reposição de
nutrientes e ausência de práticas conservacionistas do solo.

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4.2. Geração de Buffers, NDVI, declividade e orientação das vertentes

4.2.1. Áreas de influência (Buffers)


Gerou-se buffer de 15 m para estradas, 50 m para corpos de água, 30 m para Habitação e 20 m
para Afloramento rochoso, ocupando 317,7 m2 (8,67%), 313,3 m2 (8,55%), 24,5 m2 (0,67%) e
10,3 m2 (0,28%) respectivamente (figura 7).

Figura 7 – Área de influência (Buffers) de uso e cobertura de terra.

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Comparando as áreas de plantação florestal nas figuras 6 e 7, é possível perceber a redução de


1,36 ha, esta redução está associada ao facto de o plantio ter sido estabelecido sem considerar as
zonas de protecção parcial patentes na Norma técnica 01 – PMz e no Regulamento da Lei de
Terras Decreto nº. 66/98.

Resultados diferentes foram apresentados por Bressiani (2016), em seu estudo sobre Delimitação
de áreas variáveis de afluência em ambientes de Microbacias urbanas através da comparação dos
métodos TAUDEM e HAND, verificando que as áreas de influência ocupam cerca de 23,41 ha,
que correspondem a 3,85% da área total da Microbacia do Córrego da Lagoinha, e 26,54 ha, que
correspondem a 3,47% da área total da Microbacia do Córrego Campo Alegre.

Barreto (2016), em seu estudo sobre veículos aéreos não tripulados como uma ferramenta para
gestão ambiental, também apresentou desigualdade nos resultados, observando que 27,25 ha
(14,68%) da área mapeada na Propriedade 1 representam áreas de influência ou áreas de
protecção parcial e 33,16 ha (17,43%) na Propriedade 2.

Resultados diferentes foram obtidos por Bervig e Foleto (2019) em seu estudo sobre Diagnóstico
das áreas de preservação permanente de um Rio transfronteiriço: o caso das margens de um
segmento do rio Quaraí/Cuareím, observando que para a margem do Brasil, 85 ha (70,8% da
área de estudo) corresponde as áreas de influência e 15 ha (83,5% da área de estudo) para a
margem do Uruguai.

A diferença dos resultados possivelmente esteja associada as diferenças de uso e cobertura de


terra, assim como das faixas mínimas de área de influência estabelecidas pelas legislações
vigentes nos locais de estudo.

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4.2.2. Índice de vegetação de diferença Normalizada (NDVI)


O NDVI mostra claramente uma considerável variação da cobertura vegetal e, sem dúvida, dos
padrões de uso da terra na área de estudo. A partir da utilização de duas (2) bandas do espectro
electromagnético (Vermelho e Infravermelho próximo), foi possível a gerar o NDVI (figura 8),
que obteve os valores de 1 para a vegetação densa, cobrindo 46,69 ha (12,74%), 0,5360 para
vegetação intermediária, cobrindo 98,83 ha (26,97%) e a variação de -0,8571 a 0,0714 para solo
exposto, cobrindo 220,94 ha (60,29%).

Figura 8 – Índice de vegetação de diferença normalizada (NDVI).

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Ao analisar os resultados do NDVI na figura 8, é possível perceber que maior parte da área de
estudo enquadra-se na classe solo exposto, que são prioritárias a realização da reposição
florestal. Constata-se também que menor parte da área enquadra-se na classe de vegetação densa
e o restante na classe intermediaria. O índice de vegetação mostra resultados satisfatórios no que
diz respeito ao aspecto visual, tendo este conseguido detectar a existência e variação da
densidade da vegetação na área de estudo.

Resultados diferentes foram observados por Da Silva Júnior et al. (2018), analisando o NDVI e
DWI e humidade local no município de Água branca – Al, obtendo valores de NDVI que variam
de -0,06 a 0,25 para Janeiro e -0,14 a 0,29 para Dezembro de 2017, em áreas de solo exposto e
vegetação menos densa e 0,58 a 0,42 para o mês de Janeiro e 0,73 e 0,51 para o mês de
Dezembro, para áreas que possuem mais densa cobertura vegetal. A divergência existente pode
estar associada às diferenças das características (tipo e densidade) da vegetação existente na área
de realização do estudo, assim como pelo facto do estudo ter sido realizado em diferentes
períodos.

Os resultados apresentados assemelham-se aos obtidos por Lima et al. (2013), num estudo de
Avaliação da cobertura vegetal pelo índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) em
Brasil, onde o NDVI assumiu os valores de -0,87 a 0,45 para locais sem cobertura vegetal, 0,46 a
0,75 para pastagem e 0,76 a 1 para locais com vegetação arbórea.

Da Silva et al. (2018), também obtiveram resultados similares em seu estudo sobre Análise
multitemporal de parte da Reserva do Alto Rio Guamá, Paragominas, PA, encontrando para
Maio de 2016, valores que variam de -1,00 a -0,25 para área sem vegetação, -0,25 a 0,50 para
gramíneas, 0,50 a 0,75 para floresta intermediária e 0,75 a 1 para floresta densa.

Esta similaridade nos resultados provavelmente está relacionada com facto de ambas análises
serem realizadas em áreas com formações florestais semelhantes, assim como, pela coincidência
das estações climáticas e dos estágios sucessionais das formações florestais.

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4.2.3. Declividade
A partir da Figura 9, pode-se notar que maior parte da área de estudo predomina classes de
declive que correspondem aos relevos plano com 139,73 ha (38,13%) e escarpado com 51,74 ha
(14,12%), apresentando um percentual de declividade que varia de 0 a 3% e de 45% a valores
superiores respectivamente. Seguidamente, apresentam-se as classes de declive correspondente
aos relevos moderadamente ondulado com 46,24 ha (12,62%), forte ondulado com 43,87 ha
(11,97%), suave ondulado com 42,91 ha (11,71%) e ondulado com 41,92 ha (11,44%). É
importante referir que cores mais quentes simbolizam locais com maior percentual de declive.

Figura 9 – Mapa de Declividade.


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Conforme a figura 9 podemos notar que segundo a classificação adoptada por Ramalho Filho e
Beek (1995), praticamente toda a região excepto a plana (correspondente as áreas entorno de
corpos de água), mostra alguma limitação em função de sua declividade, pois, esta influência
directamente na ocorrência de processos erosivos e consequentemente na adopção de
determinados métodos e técnicas de preparo do solo, de tratos culturais, de adubação e do plantio
propriamente dito, entretanto não fazem restrições aos tipos de culturas, permitindo plantios de
diversificadas culturas perenes se adoptadas algumas medidas de precaução.

Resultados análogos foram apresentados por Assunção et al. (2019), simulando o efeito de uso
da terra na atenuação da energia cinética da chuva sobre uma bacia hidrográfica no Sudoeste de
Goiás, obtendo como classes predominantes em sua área de estudo as correspondentes ao relevo
plano e suave ondulado com 48,3% e 38,8% da área respectivamente, para além de observar
também que em sua área de estudo apenas 12,9%, correspondem as classes de relevo que variam
de moderadamente ondulado (8 a 13% de inclinação) a fortemente ondulado (inclinação de 20 a
45%). A semelhança dos resultados pode estar associada aos intervalos de declividade adoptados
para o estabelecimento das classes de relevo e pelas características topográficas da área de
estudo.

Entretanto, resultados diferentes foram constatados por Lemos (2018), estudando a Variabilidade
da fragilidade ambiental frente à intensificação agrícola no alto e médio Rio Canoas/SC, obtendo
como classes principais, as correspondentes ao relevo suave ondulado (18,04%), ondulado
(49,63%) e forte ondulado (26,68%).

Falcão e Costa (2019), em seu estudo sobre fisiografia da paisagem e suas implicações na
geomorfologia da terra indígena raposa Serra do Sol, também apresentaram resultados diferentes,
obtendo para declividade média, valores nos intervalos de 12 a 17% e para declividade forte, 17
a 22%. A discrepância nos resultados poderá estar relacionada as características do relevo da
área.

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4.2.4. Orientação das vertentes


A área de estudo apresenta 38,67% (141,71 ha) de área com relevo plano, 13,22% (48,44 ha)
para a face norte, 7,50% (27,48 ha) para a face Nordeste, 7,46% (27,34 ha) para a face Oeste,
7,03% (25,76 ha) para a face Noroeste, 7,01% (25,69 ha) para a face Sudoeste, 6,91% (25,32 ha)
para a face Este, 6,69% (24,51 ha) para a face Sul e 5,52% (20,23 ha) para a face Sudeste (Figura
10).

Figura 10 – Mapa de Orientação das vertentes.

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De acordo com Lessa (2019), a ocorrência de vertentes na forma plana indica um equilíbrio entre
áreas mais estáveis, de maior humidade, concentradas principalmente ao longo da margem dos
corpos de água. Estas áreas de acúmulo de humidade, quando associadas a declividades mais
acentuadas, configuram pontos de instabilidade potencial da superfície por ocasião da ocorrência
de eventos pluviométricos mais significativos, e podem deflagrar a instalação de processos
erosivos (Mangueira,2017).

Conforme demonstrado por Torres et al. (2009) e Alves e Rocha (2016), a temperatura e a
humidade relativa do ar são influenciadas directamente pela exposição do relevo, ou seja, as
faces de vertentes voltadas para o Norte, Noroeste, Nordeste, Oeste e Este recebem mais
radiação solar do que as faces voltadas para o Sul, Sudeste, Sudoeste, no hemisfério sul.

Segundo Xavier (2005) apud Lessa (2019), deve-se observar com cautela a ocorrência de áreas
mais húmidas relacionadas a vertentes voltadas para Sul, Sudeste e Sudoeste, pois, em alguns
trechos, estão associadas à ocorrência de solos com maior instabilidade e susceptíveis a
ocorrência de processos erosivos, constituindo áreas de maior inconstância potencial, em
especial após o enchimento dos córregos.

Assunção et al. (2019), apresentaram resultados diferentes constatando que, com excepção das
vertentes norte (9,8%) e nordeste (9,5%), maior parte das vertentes distribuem se uniformemente,
com frequência variando de 12,6% (Sul) a 14,6% (Oeste). Gonha (2018), também obteve
resultados desiguais, este observou que, 12,5% das vertentes direcionam-se para Oeste, 3,33%
tem relevo plano, 37,5% para Sul, Sudeste e Sudoeste, 12,5% para Este e 34,17% para Norte,
Nordeste e Noroeste. A divergência dos resultados, provavelmente está associada a desigual
distribuição de orientação das vertentes nas áreas de realização dos estudos.

4.3. Áreas, mecanismos de realização e orientação do plantio

De acordo com os buffers gerados do uso e cobertura de terra, cerca de 69% (252,86 ha) da área
esta apta para realização do plantio, 31% (112,88 ha) correspondem as áreas de protecção parcial
(buffers estabelecidos segundo a orientação da Norma Técnica 01 – PM e do regulamento da lei
de terras Decreto no 66/98) e locais de importância social (afloramentos rochosos e habitações)
(figura 11).
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GEOTECNOLOGIAS NO POVOADO DE MANGÓNE, DISTRITO DE GURUÉ, ZAMBÉZIA

Figura 11 – Representação percentual da Área apta para realização do Plantio.

A partir da tabela 6 é possível perceber em termos quantitativos, as áreas que apresentam ou não
alguma limitação ou impedimento a mecanização segundo a metodologia estabelecida por
Ramalho Filho e Beek (1995).

Tabela 6 – Declividade e impedimentos ou limitação a mecanização.


Declividade Classe de relevo Impedimento / Área total Percentagem
limitação (ha) (%)
0 – 3% Plano Nulo 77,46 30,64
3 – 8% Suave Ondulado Ligeiro 32,01 12,66
8 – 13% Moderadamente Ondulado Moderado 34,84 13,78
13 – 20 % Ondulado Forte 32,21 12,74
20 – 45 % Forte Ondulado Muito forte 35,32 13,97
>45 % Montanhoso ou Escarpado Extremamente forte 40,98 16,21
Total 252,82 100

Segundo Ramalho Filho e Beek (1995), Daniel (2006) e Norma Técnica 01 – PMz (2018), em
cerca de 30,64% da área (classe de relevo plano) emprega-se o sistema mecanizado, onde as
operações de preparo de solo, os tratos culturais e o plantio propriamente dito são mecanizados,
em 26,44% da área (classes de relevo suave ondulado e moderadamente ondulado) emprega-se o
sistema semi-mecanizado, onde as operações de preparo de solo e tratos culturais são
mecanizados, e o plantio propriamente dito é manual, em 42,92% da área (classes de relevo
ondulado, forte ondulado e Montanhoso) emprega-se o sistema manual, onde as operações de
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preparo do solo, os tratos culturais e o plantio propriamente dito são manuais, pois, em função
características topográficas (declividade), possuem maior impedimento a mecanização.

O plantio deve ser orientado segundo a orientação das vertentes, portanto, cerca de 65,65 ha
(25,97%) da área tem relevo plano, em 25,89 ha (10,24%) deve-se realizar o plantio orientado
para a face Oeste, em 24,22 ha (9,58%) para a face Sudoeste, em 23,46 ha (9,28%) a face norte,
em 23,46 ha (9,28%) para a face Noroeste, em 23,41 ha (9,26%) para a face Este, em 23,23 ha
(9,19%) para a face Nordeste, em 22,42 ha (8,87%) para a face Sul e em 21,08 ha (8,34%) para a
face Sudeste.

Resultado similar foi apresentado por Silveira et al. (2013), em seu estudo sobre
Geoprocessamento aplicado na determinação das subclasses de capacidade de uso do solo para o
planejamento conservacionista, verificando que em função da declividade e da capacidade de uso
do solo, cerca de 77,56% de sua área, possui aptidão para o plantio de culturas anuais, perenes e
ou reflorestamentos. A similaridade no resultado provavelmente está associada a convergência
dos métodos utilizados para a classificação da aptidão utilizadas na realização do estudo.

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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que:


i. A área de plantio apresenta oito (8) classes de UCT, nomeadamente: Floresta nativa,
Corpos de Água, Agricultura, Estradas, Plantação Florestal, Solo exposto, Afloramento
rochoso e Habitação;
ii. Os Buffers gerados ocupam cerca de 665,8 m2 da área total. O NDVI tem valores que
variam de -0,8571 a 1. A Declividade totaliza 89,16 ha para as classes de relevo (suave
ondulado e moderadamente ondulado), 137,53 ha para as classes de relevo (ondulado,
forte ondulado e montanhoso) e 139,73 ha para a classe Plana. A Orientação das vertentes
para as faces Norte, Nordeste, Noroeste, Oeste e Este, tem a percentagem total de
35,21%, para as faces Sul, Sudeste, Sudoeste e Este tem a percentagem total de 26,13% e
para o relevo plano 38,67%;
iii. Cerca de 252,86 ha da área esta apta para o plantio, nos quais 30,64% emprega-se o
sistema mecanizado para o preparo do solo, tratos culturais e plantio, em 26,44% o
sistema semi-mecanizado e em 42,92% o sistema manual, orientados maioritariamente
para as faces Norte, Nordeste, Noroeste, Oeste e Este (correspondendo a 117,02 ha), que
são as de maior insolação e estabilidade quanto a ocorrência de processos erosivos.

5.2. Recomendações

Concluindo a presente pesquisa, recomenda-se:


 A realizar a implantação de povoamentos florestais, respeitando as zonas de protecção
estabelecidas pelas leis, como forma de mitigar os problemas socioambientais.
 A adopção dos sistemas manuais e semi-mecanizado em regiões com elevados e
moderados percentuais de declividade.
 A realização do plantio orientado para as faces Norte, Nordeste, Noroeste, Oeste e Este,
pois, estas são as faces de maior insolação e estabilidade.

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PLANIFICAÇÃO NO ESTABELECIMENTO DE PLANTAÇÕES FLORESTAIS COM RECURSO A
GEOTECNOLOGIAS NO POVOADO DE MANGÓNE, DISTRITO DE GURUÉ, ZAMBÉZIA

VII. APÊNDICES

A B
Apêndice 1 – A: Galaxy Tab A (2016), B: Rádio controlo do Drone.

A B
Apêndice 2 – A: Ortomosaico, B: Modelo digital de elevação.

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