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AVALIAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO NO DESEMPENHO OPERACIONAL

DA DESIDRATAÇÃO DE LAMAS FECAIS.

ESTUDO DE CASO DA CIDADE DE CHIMOIO

Manuel Francisco Binze

Chimoio, 2019
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

AVALIAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO NO DESEMPENHO OPERACIONAL


DA DESIDRATAÇÃO DE LAMAS FECAIS.

Manuel Francisco Binze

Chimoio, 2019
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

AVALIAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO NO DESEMPENHO OPERACIONAL


DA DESIDRATAÇÃO DE LAMAS FECAIS.

Manuel Francisco Binze

Orientadora: Enga. Jenita Benício Cangola, MSc.

_________________________________

Co-orientadora: Enga. Júlia Gaspar Silota, MSc.

_________________________________

Monografia submetida à Faculdade de Engenharia


Ambiental e dos Recursos Naturais, Universidade
Zambeze, Chimoio, em cumprimento dos requisitos para
à obtenção do Grau de Licenciatura em Engenharia
Ambiental e dos Recursos Naturais.

Chimoio, 2019
DECLARAÇÃO

Eu, Manuel Francisco Binze, declaro que esta monografia é resultado do meu próprio
trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Engenheiro na Universidade
Zambeze, Chimoio.

Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em
nenhuma outra Universidade.

______________________________________________________________

(Manuel Francisco Binze).

Chimoio,_____ de _____________________2019

Chimoio, 2019
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

A minha mãe: Maria F. Binze,

Pela vida, paciência e dedicação durante toda a minha trajectória.

Aos meus irmãos e amigos.


AGRADECIMENTO

Nossas conquistas e vitórias são frutos de grande esforço pessoal e colaboração de


muitas pessoas. O apoio de todos foi fundamental para a conclusão deste Curso, e não é possível
encerrá-lo sem antes agradecer, especialmente, a Deus, o dono do Universo, por ter-me mantido
perseverante em todos momentos, por ter me dado o fólego de vida e bênção do conhecimento.

Aos meus queridíssimos pais (Abdala Algema & Maria Francisco Binze), irmãos
(Osvaldo; Teresa; Alima; Amarildo; Alice; Aidinha; Olimpia e Júnicia), amigos (Wilson
Munguita; Leonardo Manejo; Ângelo Chitime; Bartolomeu Matecateca; João Uaciquete; Rui
Adamo; Elídio Manhique; Domingos Albino; Idiamine Xavier; Amilcar Raja; Jamal Charles;
José Soca) e ao meu primo (Isac Mussama) que me deram as condições para alcançar os
objectivos almejados;

Ao projecto ZAMADZI Niche 266/IPA por disponibilizar condições para o


desenvolvimento desta pesquisa e na seriedade de trabalhar em equipa.

A minha orientadora Engª. Jenita Benício Cangola (MSc) e a minha co-orientadora


Engª Júlia Gaspar Silota (MSc) pela orientação científica, disponibilidade e confiança.
Ao Engo Roberto Chuquela (MSc), Engo Carvalho Matsinhe (MSc), Engo Fernando
Chichango (MSc), Engo Ângelo Damião (MSc), Engº Cristóvão Pereira e ao director da
FEARN Prof. Doutor Engo. Luís Cristóvão pela orientação científica, disponibilidade
demonstrada, confiança, sugestões, rigor exigido e parceria.
Ao Engo Osvaldo Moiambo (MSc), pela sua valiosa ajuda na execução deste trabalho,
estando sempre a disposição para a solução das dúvidas durante a execução da pesquisa.
Quero também agradecer a todos docentes que, de alguma forma, me guiaram em todo
o percurso académico.

A todos colegas e amigos dos Cursos Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais,
Engenharia de Construções Rurais e Ordenamento Territorial e Engenharia Agrícola
Ambiental, geração 2015, que foram a verdadeira família durante todo processo de formação.

A todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram de alguma forma para esta


realização, vai ai o meu MUITO OBRIGADO DO CORAÇÃO!
EPIGRAFE

Não há barreiras que me façam parar e nem há lutas que


eu não possa vencer. Jesus me faz sobre os problemas triunfar.

Não tenho motivos pra tristeza não. Com Jesus sou mais
que vencedor. E toda barreira ficou lá pra traz. Viver com Jesus
é bom demais. (Marquinhos Gomes e Cassiane)
SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................. I
ABSTRACT .........................................................................................................................II
LISTA DE FIGURAS & GRÁFICOS ................................................................................. III
LISTA TABELAS ............................................................................................................... V
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .......................................................................... VI
LISTA DE SIMBOLOS ..................................................................................................... VII
CAPITULO I - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1. Contextualização ..................................................................................................... 1
1.2. Justificativa ............................................................................................................. 2
1.3. Problematização ...................................................................................................... 2
1.4. Hipótese .................................................................................................................. 3
1.5. Objectivos ............................................................................................................... 3
1.5.1. Geral ................................................................................................................ 3
1.5.2. Específicos....................................................................................................... 3
CAPITULO II- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 4
2.2.1. Características das lamas fecais ............................................................................ 7
2.2.2. Gestão de lamas fecais .......................................................................................... 8
2.2.3. Tratamento de lamas fecais em sistema de saneamento ......................................... 9
2.2.4. Processo de tratamento ....................................................................................... 11
2.2.5. Leitos de secagem de lamas ................................................................................ 11
2.2.6. Desidratação de lamas em leitos de secagem ...................................................... 14
2.3. Modelação do processo de desidratação de lamas em leitos de secagem .................... 15
2.3.2 Modelo Matemático aplicado .................................................................................. 17
2.3.2.1 Principais Pressupostos do modelo ................................................................... 18
2.3.2.2 Formulações matemáticas ................................................................................. 19
CAPITULO III-METODOLOGIA ...................................................................................... 24
3.2.1. Dimensionamento da IPSLF ............................................................................... 26
3.2.2. Montagem e caracterização da LS ...................................................................... 26
3.2.3. Avaliação da Condutividade Hidráulica Saturada ............................................... 29
3.2.4. Avaliação da porosidade inicial ou cedência específica do meio filtrante ............ 30
3.2.5. Carregamento das lamas em leitos de secagem ................................................... 30
3.2.5. Análises dos parâmetros em campo: pH, Temperatura e CE nas lamas fecais. ..... 32
3.2.6. Análise laboratorial das amostras ........................................................................ 32
3.2.7. Análise de oxigénio dissolvido ........................................................................... 33
3.2.8. Análises de turbidez nas escorrências ................................................................. 33
3.2.9. Análises de sólidos totais nas lamas .................................................................... 33
3.3 Calibração e validação do modelo matemático ........................................................... 34
CAPITULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 35
4.1. Avaliação de Condutividade Hidráulica Saturada em Leitos de Secagem .................. 35
4.2. Avaliação de porosidade inicial ou cedência específica ............................................. 37
4.3.1. pH ....................................................................................................................... 37
4.3.2. Temperatura ....................................................................................................... 38
4.3.3. CE ...................................................................................................................... 38
4.3.4. OD ..................................................................................................................... 39
4.3.5. TS ...................................................................................................................... 40
4.4. Modelação do desempenho dos leitos de secagem ..................................................... 44
4.4.1. Considerações gerais .......................................................................................... 44
4.5. Análise comparativa dos resultados experimentais e obtidos por modelação ............. 47
4.5.1. Teor de Humidade .............................................................................................. 47
4.5.2. Massa de água drenada ....................................................................................... 48
4.5.3. Espessura da camada de lamas............................................................................ 49
CAPITULO V- CONCLUSÕES E SUGESTÕES ............................................................... 51
5.1. Conclusões ............................................................................................................... 51
5.2. Sugestões .................................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 53
APÊNDICE ........................................................................................................................ 56
ANEXOS ............................................................................................................................ 60
RESUMO

Objetivou-se com esta pesquisa, simular as condições óptimas de desidratação de lamas


fecais em leitos de secagem com base na aplicação de modelo matemático do balanço hídrico
de massa. A pesquisa foi exploratória, estudo de caso. Foi dimensionado e construído a IPSLF,
realizado os ensaios de condutividade hidráulica saturada e porosidade inicial em 8 leitos de
secagem, feito o carregamento de lamas, realizadas as análises diárias em campo e em
laboratório de PH, T, CE, OD, Turbidez e ST, e foi aplicada a modelação matemática com vista
a traduzir o comportamento dos leitos de secagem. A IPSLF teve uma área de 30 m2,
compreendendo 4 unidades: unidade de desidratação, unidade de tratamento de AR, poço de
filtração e área de vegetação. O carregamento das LF foi feito em LS03, LS04 e LS04 linha.
Os resultados obtidos nos ensaios de condutividade hidráulica saturada indicaram uma média
máxima de 0.006m/s em LS01 linha e uma média mínima de 0,0002m/s em LS02, LS02 linha,
LS03 e em LS04. Os ensaios da porosidade inicial também não apresentaram variação
considerável, com média máxima de 42,10% em LS04 e a media mínima de 31,08% em LS02.
Obteve-se em média máxima um PH de 7,10 em LS03, e média mínima de 7,02 em LS04 linha.
Uma média máxima em CE de 3,37mS/cm em LS04 linha e uma média mínima de 2,12mS/cm
em LS03. Uma média máxima de OD de 13,38mg/l em LS04 e media mínima de11,95mg/l em
LS04 linha. Uma média máxima de T de 20,4ºC em LS04 e média mínima de 19,5º C em LS04
linha. Uma média máxima de TS de 28% em LS04 e média mínima de 22% em LS04 linha.
Obteve-se experimentalmente em média máxima uma espessura de 8,11cm em LS04 linha, e
média mínima de 7,37cm em LS04. Uma média máxima de TH de 78% em LS04 linha, e 72%
em LS04. Uma média máxima de massa de água drenada de 52,6kg em LS04 e media mínima
de 49kg em LS03. Obteve-se como resultados de simulação em média máxima uma espessura
de 21cm em LS04 e mínima de 12cm em LS03. Uma média máxima de TH de 93,2% em LS04
e mínima de 87,6% em LS04 linha. Uma média máxima de massa de água drenada de 24,20kg
em LS04 linha e média mínima de 20,14kg em LS03. A aplicação do modelo matemático sobre
os resultados experimentais da cidade de Chimoio, mostraram-se ajustáveis, úteis e como
ferramenta adequada para o desenho e construção de Leitos de Secagem como tecnologias para
tratamento de lamas fecais.

Palavras chaves: Leitos de secagem, desidratação de lamas fecais, modelo matemático


de balaço hídrico de massa.

I
ABSTRACT

The objective of this research was to simulate the optimal conditions of fecal sludge
dehydration in drying beds based on the application of a mathematical model of water mass
balance. The research was exploratory, case study. IPSLF was dimensioned and built, saturated
hydraulic conductivity and initial porosity tests were performed in 8 drying beds, sludge was
loaded, daily field and laboratory analyzes of PH, T, CE, OD, Turbidity and ST, and
mathematical modeling was applied to translate the behavior of the drying beds. The IPSLF
had an area of 30 m2, comprising 4 units: dehydration unit, RA treatment unit, filtration well
and vegetation area. The loading of the LF was done in LS03, LS04 and LS04 line. The results
obtained in the saturated hydraulic conductivity tests indicated a maximum average of 0.006m
/ s on LS01 line and a minimum average of 0.0002m / s on LS02, LS02 line, LS03 and LS04.
The initial porosity assays also did not show considerable variation, with a maximum average
of 42.10% in LS04 and a minimum average of 31.08% in LS02. A maximum average pH of
7.10 was obtained in LS03, and a minimum average of 7.02 in LS04 line. A maximum EC
average of 3.37mS / cm in LS04 line and a minimum average of 2.12mS / cm in LS03. A
maximum average OD of 13.38mg / l in LS04 and a minimum average of 11.95mg / l in LS04
line. A maximum average of 20.4ºC in LS04 and minimum average of 19.5ºC in LS04 line. A
maximum TS average of 28% on LS04 and a minimum average of 22% on LS04 line. A
maximum average of 8.11 cm in LS04 line and a minimum average of 7.37 cm in LS04 were
obtained experimentally. A maximum average TH of 78% on LS04 line, and 72% on LS04. A
maximum average drainage mass of 52.6kg in LS04 and a minimum average of 49kg in LS03.
Simulation results were obtained with maximum average thickness of 21cm in LS04 and
minimum thickness of 12cm in LS03. A maximum average TH of 93.2% in LS04 and minimum
87.6% in LS04 line. A maximum average mass of water drained from 24.20kg in LS04 line
and a minimum average of 20.14kg in LS03. The application of the mathematical model on the
experimental results of the city of Chimoio proved to be adjustable, useful and as a suitable
tool for the design and construction of drying beds as technologies for faecal sludge treatment.

Keywords: Drying beds, faecal sludge dehydration, mass water balance model.

II
LISTA DE FIGURAS & GRÁFICOS

Figura 1: Distribuição dos sólidos nas águas residuais urbana e periurbana. ......................... 7
Figura 2: Perfil esquemático de leito de secagem convencional, indicando as espessuras e
granulometrias recomendadas para as diferentes camadas do meio de enchimento. ............. 12
Figura 3: Espessura da camada de lamas, teor de sólidos e precipitação sobre as lamas ao
longo do processo de drenagem. .......................................................................................... 14
Figura 4: Balanço hídrico de massas associado à desidratação de lamas em leitos de
secagem. ............................................................................................................................. 17
Figura 5: Balanço de energia térmica associado ao processo de desidratação de lamas em
leitos de secagem ................................................................................................................ 17
Figura 6: Esboço esquemático do aparelho de Darcy. ......................................................... 22
Figura 7: Mapa de enquadramento geográfico. ................................................................... 24
Figura 8: Mapa de Identificação da Instalação Piloto. ......................................................... 25
Figura 9: Layout da IPSLF ................................................................................................. 26
Figura 10: Montagem da instalação piloto de tratamento de lamas fecais. .......................... 26
Figura 11: Construção dos pilares e Colocação dos tanques sobre os pilares. ...................... 27
Figura 12: Montagem de leito de plantas macrófitas e poço de filtração. ............................ 28
Figura 13: Colocação dos filtros de diferentes granulometrias nos LS. ............................... 28
Figura 14: Fluxograma de avaliação de condutividade hidráulica saturada. ........................ 29
Figura 15: Etapas de avaliação de porosidade inicial. ......................................................... 30
Figura 16: Carregamento de lamas nos LS. ........................................................................ 31
Figura 17: Aparelhos usados e medição dos parâmetros em campo. ................................... 32
Figura 18: Agitando a lama no agitador magnético e medição dos parâmetros.................... 32
Figura 19: Etapa de análise OD nas lamas e nas escorrências. ............................................ 33
Figura 20: Etapas de análise de ST: a) amostra na proveta, b) cadinho sem amostra, c)
cadinho com amostra e d) cadinhos com amostras na estufa. ............................................... 34
Figura 21: Fluxograma esquemático de aplicação do modelo matemático ao longo do ciclo.
........................................................................................................................................... 35
Figura 22: Comportamento de LS01 e LS01 linha na avaliação da K saturada. ................... 35
Figura 23: Comportamento de LS02 e LS02 linha na avaliação da K saturada. ................... 36
Figura 24: Comportamento de LS03 e LS03 linha na avaliação da K saturada. ................... 36
Figura 25: Comportamento de LS04 e LS04 linha na avaliação da K saturada. ................... 36
Figura 26: PH de lamas fecais e escorrências no interior dos leitos de secagem. ................. 37

III
Figura 27: Concentração da temperatura em (ᴼC) de lamas fecais e escorrências em LS. .... 38
Figura 28: Concentração da CE de lamas fecais e escorrências em leitos de secagem no
decorrer do ciclo. ................................................................................................................ 38
Figura 29: Concentração de OD de lamas fecais e escorrências em leitos de secagem no
decorrer do ciclo. ................................................................................................................ 39
Figura 30: Valores de Teor de sólidos das camadas de lamas no interior dos LS03 e LS04 ao
longo do ciclo. .................................................................................................................... 40
Figura 31: Valor de Teor de sólidos da camada de lamas no interior de LS04 linha, ao longo
do ciclo. .............................................................................................................................. 41
Figura 32: Evolução do comportamento de teor de sólidos e espessura da camada de lamas
de todos os leitos. ................................................................................................................ 42
Figura 33: comportamento do teor de humidade em leitos de secagem ao longo do ciclo. .. 42
Figura 34: Comportamento do teor de humidade em leitos de secagem ao longo do ciclo... 42
Figura 35: Massa liquida drenada, ao longo do ciclo da desidratação de lamas fecais. ........ 43
Figura 36: Massa liquida drenada, ao longo do ciclo da desidratação de lamas fecais. ........ 44
Figura 37: O comportamento de TH de todos leitos de secagem ao longo do ciclo. ............ 45
Figura 38: O comportamento da massa de água drenada em ambos os leitos a partir da
simulação ao longo do ciclo. ............................................................................................... 46
Figura 39: Simulação da espessura de lamas de todos leitos ao longo do ciclo.................... 47
Figura 40: Teor de humidade ao longo do ciclo. ................................................................. 47
Figura 41: Massa de água drenada ao longo do ciclo. ......................................................... 48
Figura 42: Espessura da camada de lamas ao longo do ciclo............................................... 49

IV
LISTA TABELAS

Tabela 1: Frequência de monitoramento de dados. ............................................................. 31


Tabela 2: Avaliação de porosidade inicial ou cedência específica. ...................................... 37
Tabela 3: Características iniciais das camadas de lamas depositadas em cada leito. ............ 40
Tabela 4 - Calibração por drenagem para cada leito ao longo do ciclo. ............................... 56
Tabela 5 - Aplicação do modelo para a simulação de resultados previsto. ........................... 57
Tabela 6 - Resultados obtidos por modelo em cada leito. .................................................... 58
Tabela 8 - Dados meteorológicos usados no modelo ao longo do ciclo. .............................. 60

V
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AR Águas Residuais

ARU Águas Residuais Urbanas


APHA American Public Health Association (Associação Americana de Saúde)

C.E Condutividade Electrica


CRA Conselho de Regulação de Águas

ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais


ELS Escorrência de Leitos de Secagem
EPCL Espessura da camada de lamas

INAM Instituto Nacional de Meteorologia


IPSLF Instalação Piloto de Secagem de Lamas Fecais

LS Leitos de Secagem
MAD Massa de água drenada

MCC Município da Cidade de Chimoio


OD Oxigénio Dissolvido

OMS Organização Mundial de Saúde


ONU Organização das Nações Unidas
pH Potencial Hidrogeniónico

SD Sólidos Dissolvidos
SSF Sólidos Suspensos Fixos

SST Sólidos Suspensos Totais


ST Sólidos Totais

SSV Sólidos Suspensos Voláteis


T Temperatura

TH Teor de Humidade

VI
LISTA DE SIMBOLOS

𝐴 Área do leito

𝐴 Peso do cadinho com amostra seca

𝐵 Peso do cadinho sem amostra

𝐶 Peso do cadinho com amostra húmida

𝐶 Concentração de lamas

𝑑𝑇𝐻
Teor de humidade nas lamas num determinado tempo
𝑑𝑡

𝑔 Aceleração da gravidade

𝐻 Altura do sifão

ℎ𝑜 Espessura inicial da massa de lamas

𝐾 Condutividade hidráulica saturada

𝐾𝐶𝑐 Parâmetro de calibração

𝐾𝑑 constante de proporcionalidade de drenagem

𝐾𝑑𝑡 Constante empírica

𝐿 Capacidade máxima do leito

𝐿𝑚 Espessura do meio filtrante

𝑚𝐶𝑐 Massa líquida presente nas lamas

𝑚𝑑 Massa liquida drenada

𝑚𝑒𝑣 Massa liquida evaporada

𝑚𝑠 Massa de solido presente na lama

𝑚𝑝 Massa de água precipitada

𝑚𝑤 Massa de fração liquida

𝑁 Nível máximo de água

𝑛𝑒 Porosidade inicial ou cedência específica

VII
𝑄 Caudal

𝑅𝑐 Resistência total a drenagem

𝑅𝑚 Resistência do meio filtrante

𝑆𝑇 Sólidos totais

𝑡𝑑 Tempo de drenagem

𝑇𝐻𝐶𝑐 Teor de humidade nas lamas após a drenagem cessar

𝜌𝑤 Massa volúmica de água

𝛼 Resistência específica do cake

𝛼𝐶𝑐 Parâmetro de calibração

𝜇 Viscosidade dinâmica da água

VIII
CAPITULO I - INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Nas últimas décadas, a demanda pelos serviços de saneamento nos países em


desenvolvimento tem vindo a crescer significativamente, por um lado devido ao aumento da
densidade populacional e por outro lado imposto pela necessidade de se melhorar os sistemas
sanitários, sobretudo nas zonas urbanas. Dentre os sistemas de saneamento usuais, os mais
elegíveis são os sistemas de saneamento local, que, para além de garantir condições seguras de
salubridade, também são acessíveis para regiões com poucas disponibilidades de recursos
financeiros. Estima-se actualmente que 2,7 mil milhões de pessoas a nível mundial dependem
de sistemas de saneamento local, e prevê-se que até 2030 a estimativa duplique (STRANDE,
et al., 2014). Portanto, importa referir que estes sistemas são indispensáveis à adequada gestão
de resíduos, com destaque as lamas fecais que funciona como um conjunto de processos
cíclicos, nomeadamente, colecta, transporte, tratamento, valorização e deposição final (JANE,
2017). É importante que se faça o tratamento, pois este tem como um dos principais objetivos
a redução do seu volume, bem como na sua transformação em um produto manuseável e de
fácil transporte para o destino final (LAMPREIA, 2017).

Dentre os métodos físicos, químicos e biológicos de tratamento de lamas fecais, a


desidratação em leitos de secagem por meio convencional ou natural afigura-se como uma das
técnicas mais eficazes, e isto justifica-se ao facto de estar associada a custos reduzidos,
simplicidade operacional e a eliminação parcial ou total de patogénos, embora que este requeira
tempo considerável de desidratação, geralmente dias ou meses. Diferentemente do método
mecânico que requer apenas um dia de desidratação, porem com uma eficiência relativamente
baixa (STRANDE, et al., 2014).

O processo de desidratação de lamas em leitos de secagem envolve fenómenos complexos


de transferência de calor e massa, em simultâneo, pelo que é fundamental procurar
compreender as reações físicas que controlam a drenagem e evaporação da água presente nas
lamas, bem como os parâmetros que influenciam estes fenómenos (LAMPREIA, 2017). Neste
âmbito, pretende-se com o trabalho simular as condições óptimas de desidratação de lamas
fecais em leitos de secagem, por meio da aplicação de modelo matemático do balanço hídrico
de massa. Essa abordagem reveste-se de especial importância para os países em
desenvolvimento, como Moçambique, dado que se crê que esta tecnologia de saneamento de

1
baixo-custo será muito provavelmente aplicada a uma parte significativa das vilas e cidades do
País, como componente importante de um saneamento seguro.

1.2. Justificativa

Mais de 80% da população moçambicana não está conectada a rede centralizada de


saneamento, facto este que faz com que a mesma seja responsável pela gestão dos seus próprios
efluentes. Neste âmbito, esta situação torna-se desafio, quer para as instituições reguladoras,
quer para a população, pois, é evidente o crescimento exponencial da população e a deficiente
capacidade de resposta aos serviços de saneamento seguro. O sistema de saneamento misto
existente na cidade de Chimoio deixado pelos colonos, atende apenas uma parte muito limitada
da população, o que faz com que grande parte da população não possa usufruir do mesmo. O
método convencional ou natural de desidratação de lamas fecais como parte do processo de
tratamento de lamas fecais em IPSLF surge como uma das formas mais adequadas de gestão
de lamas fecais. Desta forma, torna-se importante compreender as condições favoráveis para o
processo de desidratação. A modelação matemática é uma ferramenta que permite num curto
espaço de tempo descrever o comportamento da instalação e garantir uma boa eficiência na
desidratação de lamas com vista a obter resultados fiáveis para o aproveitamento das lamas em
fins diversos. Por outro lado a aplicação desta ferramenta pode ajudar a minimizar as falhas ou
disfunções dos leitos de secagem desde a fase de projecto até a operação, servindo como um
instrumento de tomada de decisão nas instalações.

1.3. Problematização

A gestão de lamas fecais em Moçambique, e em particular na cidade de Chimoio é, em


regra, efetuado pela maior parte da população de forma descentralizada, por meio de fossas
sépticas e latrinas. Facto este que faz com que a população seja responsável pela gestão de seu
próprio efluente. A cidade possui um sistema de saneamento misto, com uma pequena porção
da população ligada ao sistema centralizado. O sistema centralizado existente, é antigo e
abrange a uma parte muito limitada da população. A gestão de lamas por parte da população
não beneficiaria deste sistema, é efectuada de forma inadequada, sendo deste modo,
evidenciado pela ausência de quaisquer métodos de tratamento convencional. O destino final
comummente dado as lamas é o enterro em quintais, geralmente por falta de condições para o
esvaziamento das fossas, pelas entidades reguladoras. Desta feita, levanta-se a seguinte questão
de partida: Até que ponto a modelação matemática de leitos de secagem podem optimizar os

2
problemas operacionais dos leitos secagem e automaticamente da gestão de lamas fecais nos
países em via de desenvolvimento, como Moçambique?

1.4. Hipótese
A ausência do modelo matemático em leitos de secagem na fase de implementação de uma
ETAR, provavelmente condiciona a inadequada gestão de lamas fecais.

1.5. Objectivos

1.5.1. Geral

 Aplicar o modelo matemático para simulação na desidratação de lamas fecais.

1.5.2. Específicos

 Caracterizar a instalação piloto de secagem de lamas fecais;


 Caracterizar os leitos de secagem a partir dos ensaios experimentais de Condutividade
hidráulica saturada e Porosidade inicial;
 Determinar a partir dos ensaios experimentais os parâmetros a estabelecer no modelo
matemático;
 Calibrar e validar o modelo de simulação na desidratação de lamas fecais em leitos de
secagem.

3
CAPITULO II- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Saneamento Ambiental

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007), saneamento é o controlo de


todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre
o bem-estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza
o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar Salubridade Ambiental.

A importância do saneamento e sua associação à saúde humana remonta às mais antigas


culturas. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a evolução das diversas civilizações,
ora retrocedendo com a queda das mesmas, ora renascendo com o aparecimento de outras. Os
poucos meios de comunicação do passado podem ser responsabilizados, em grande parte, pela
descontinuidade da evolução dos processos de saneamento e retrocessos havidos. Conquistas
alcançadas em épocas remotas ficaram esquecidas durante séculos porque não chegaram a fazer
parte do saber do povo em geral, uma vez que seu conhecimento era privilégio de poucos
homens de maior cultura. Por exemplo, foram encontradas ruínas de uma civilização na Índia
que se desenvolveu a cerca de 4.000 anos, onde foram encontrados banheiros, redes de esgoto
nas construções e drenagem nas ruas. O antigo testamento da Bíblia apresenta diversas
abordagens vinculadas às práticas sanitárias do povo judeu como, por exemplo, o uso da água
para limpeza de roupas sujas que favoreciam o aparecimento de doenças (escabiose). Desta
forma os poços para abastecimento eram mantidos tampados, limpos e longe de possíveis
fontes de poluição, de a cordo com Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007).

2.1.1. Tipo de sistemas de saneamento

Segundo GONÇALVES, (2008) apud BAKIR (2000), os sistemas de saneamento, no que se


refere ao tratamento final dos efluentes, podem ser de dois tipos:

 Sistemas de Saneamento Centralizados


 Sistemas de Saneamento Descentralizados

2.1.1.1. Sistemas de Saneamento Centralizados

Os sistemas de saneamento centralizado requerem a existência de redes de recolha de


águas residuais (redes de colectores), instalada junto dos produtores, e requer também uma rede
de emissários (colectores de transporte) para encaminhamento destes efluentes até ao local de
tratamento.

4
Os efluentes são encaminhados para Estações de Tratamento de Águas Residuais
(ETAR) que servem uma determinada região (ou município) e que centralizam o tratamento de
grandes quantidades de efluentes, de várias origens. Geralmente estas ETAR localizam-se em
zonas peri-urbanas, recebendo por meio de emissários efluentes de um a vários locais. Uma
cobertura adequada do sistema de saneamento baseado num sistema centralizado, requer que a
construção da rede de colectores acompanhe a expansão da malha urbana que serve, e que as
ETAR tenham capacidade de tratamento adequada às necessidades presentes e futuras das
populações que servem. Este tipo de sistemas de saneamento geralmente exige que os efluentes
tenham uma grande percentagem de água na sua composição, para que sejam garantidas as
capacidades de transporte de sólidos ao longo da rede de colectores, impedindo assim a criação
de depósitos e entupimentos. Este factor produz o efeito de diluição da poluição, aumentando
a quantidade de efluente que é necessário tratar, face ao que é produzido.

De acordo com VOLKMAN (2003), geralmente estes tipos de sistemas não são bem -
sucedidos nos países em vias de desenvolvimento, revelando-se soluções não sustentáveis, por
serem muitas vezes meras cópias dos sistemas ocidentais, que não consideram as
condicionantes e especificidades do meio, do clima, dos efluentes e dos factores socioculturais.

2.1.1.2. Sistemas de Saneamento Descentralizados

Os sistemas de saneamento descentralizados permitem a gestão das águas residuais nas


proximidades dos locais de produção, não sendo portanto necessária a existência de uma rede
de colecta e transporte para estações de tratamento distantes. Dependendo do tipo de tecnologia
utilizada, as águas residuais poderão ser recolhidas, tratadas e reutilizadas no local de produção,
ou em alternativa poderão ser pré-tratadas e armazenadas no local de produção e
posteriormente ser encaminhadas para unidades de tratamento fora do local de produção,
(GONÇALVES at al., 2008).

Para além de aumentarem a cobertura da população servida por sistemas de tratamento


adequados para os seus efluentes, os sistemas de saneamento descentralizados apresentam
muitas outras vantagens, entre as quais se destacam:

 Potencial redução da água consumida pela população – Devido à reutilização da água


residual tratada proveniente destes sistemas integrados, para irrigação agrícola,
lavagens, etc;

5
 Flexibilidade dos sistemas – Sistemas que integram tecnologias adaptadas às condições
específicas locais, e que acompanham o crescimento populacional;
 Possibilidades de instalação em locais com acesso limitado a abastecimento de água -
Estes sistemas podem ser instalados em locais onde o abastecimento de água pode não
ser directo e contínuo (transporte manual a grandes distâncias), pois não há necessidade
de atingir percentagens mínimas de água nos efluentes para alcançar velocidades de
escoamento, como acontece nas redes de saneamento convencionais;
 Redução de impactes no ambiente em consequência de acidentes – Infiltrações de água
residual no solo, com possível contaminação de massas de água, são reduzidos pois os
elementos do sistema são individuais e como tal, um acidente, provoca pequenos danos
e impactes locais;
 Aumento das oportunidades de reutilização de água residual – Os efluentes tratados
podem ser utilizados localmente, aumentando assim a sustentabilidade económica das
populações locais;
 Melhor relação Custo/Benefício – Estes sistemas são geralmente mais baratos, no que
se refere a custos de investimento, manutenção e operação, quando comparados com
sistemas centralizados.

2.2. Origem e produção de lamas fecais

Em países em via de desenvolvimento, servidos por sistemas de saneamento


descentralizado, as lamas tem a origem nas fossas sépticas, latrinas, balneários públicos e
ETAR, e a conceção de um sistema de tratamento de lamas fecais e aguas residuais é
determinado por diversos fatores como as características quantitativas e qualitativas do
afluente, a localização do sistema e os objetivos de qualidade que se pretendem impor. As
características das águas residuais e das lamas fecais variam em função da sua origem, da
localização geográfica e respetivo clima, da situação socioeconómica e dos hábitos das
populações. As lamas afluentes às IPSLF resultam da combinação de efluentes oriundos de
núcleos residenciais, fossas sépticas e balneários públicos, pelo que se podem designar águas
residuais urbanas e periurbanas.

Segundo o SPERLING, (2007) apud LAMPREIA (2017), diz que geralmente, as ARU
apresentam uma relação de cerca de 99,9% de água para 0,1% de sólidos. Na Figura abaixo
esquematiza-se a distribuição percentual dos sólidos das ARU. Como se observa nesta figura,
as AR são compostas por cerca de 75% de sólidos orgânicos, representados pela fração volátil,

6
e 25% de sólidos inorgânicos. Os sólidos suspensos totais podem ainda ser divididos em
sedimentáveis e coloidais, representando cerca de 65% e 35% de SST, respetivamente.

Figura 1: Distribuição dos sólidos nas águas residuais urbana e periurbana.


Fonte: SPERLING (2007).

2.2.1. Características das lamas fecais

Durante o tratamento de AR em IPSLF, são produzidas lamas, que resultam


essencialmente da acumulação dos produtos em suspensão no afluente e do crescimento de
microrganismos durante o tratamento da fase líquida.

As características (físicas, químicas e microbiológicas) e quantidades das lamas


produzidas variam em função da composição e quantidade das águas residuais de que provêm
e dos processos e operações de tratamento definidos na linha de tratamento do afluente líquido.
Estas características alteram-se, ainda, ao longo da linha de tratamento da fase sólida.

Assim, a composição das lama varia de IPSLF para IPSLF e, na mesma estação de
tratamento, pode apresentar alterações sazonais, refletindo a variabilidade das características e
quantidades das águas residuais afluentes à IPSLF ao longo do tempo.

Segundo METCALF & EDDY, (2003) apud LAMPREIA (2017), Em termos


genéricos, pode dizer-se que as lamas são um produto semissólido com elevado teor de
humidade e matéria orgânica. Apresentam também quantidades consideráveis de nutrientes e
microrganismos patogénicos. Na sua composição, podem ainda ser encontradas concentrações
vestigiais, mas que não devem ser desprezadas, de metais pesados e outros compostos tóxicos.

7
Do ponto de vista mecânico, assemelham-se a um fluido não-newtoniano com propriedades
reológicas, (TUROVSKIY & MATHAI, 2006).

2.2.2. Gestão de lamas fecais

A gestão das lamas tornou-se uma das questões mais críticas para a indústria do
tratamento das águas residuais em todo o mundo. Cada vez é mais rápido o incremento do
volume de lamas produzido, como consequência do aumento do número de habitantes ligados
aos sistemas de drenagem existentes e às estações de tratamento de águas residuais (ETAR).
Por outro lado os critérios de descarga nos efluentes são cada vez mais exigentes (JORGE
SANTOS, 2012).

Mais de um bilião de pessoas em áreas urbanas e periurbanas da África, Asia e América


Latina são servidas por tecnologias de saneamento local (Unicef). Até ao presente, a gestão de
lamas fecais tem sido preterida em relação às tecnologias de saneamento local. Porém, os
recursos financeiros são muita das vezes escassos para a sua completa implementação
(STRANDE, et al., 2014).

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem desempenhado um papel fundamental,


com o objetivo de reverter os problemas da degradação dos recursos naturais a nível mundial,
como consequência da explosão demográfica relacionado com o baixo nível de vida (miséria)
e da pobreza.

A partir dos anos 70, começou a haver interesse em estudar os sistemas de saneamento
nos países em desenvolvimento. Os sistemas de saneamento convencionais, nem sempre eram
adequados aos meios urbanos dos países em desenvolvimento, devido aos elevados custos e
necessidades de manutenção, criando-se assim dificuldades acrescidas resultantes do baixo
nível de riqueza desses países na sua possível implementação (HAZEL, 2015).

O “Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas”, propôs em 1989 a “


Abordagem de Saneamento Estratégico” visando reforçar a necessidade de ser considerado
todo o ciclo de saneamento, incluindo os sistemas, o método de coleta, transporte e tratamento
de lamas, valorizando os serviços, a influência das comunidades e do governo, no sentido de
encontrar as soluções tecnológicas adequadas.

O Concelho Colaborativo de Distribuição de Água e Saneamento em 2000,


desenvolveu um conjunto de princípios de saneamento adequados, tendo como principais
critérios:

8
 A dignidade humana;
 A qualidade de vida;
 A proteção do meio ambiente;
 A participação das entidades interessadas para a tomada de decisão e o seu
envolvimento na gestão de lamas fecais. Em 2007 a Associação Internacional
da Água criou uma Plataforma chamada “Sanitaton 21” que reuniu
conhecimentos e informações sobre o planeamento urbano.

Em 2012, no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente,
foram firmados vários acordos para a criação de novos objetivos para o desenvolvimento
sustentável, a serem implementados até 2030. “Assegurar a disponibilidade e sustentabilidade
da gestão de água e saneamento para todos” é um dos objetivos a atingir.

Segundo o relatório do Concelho de Regulação de Águas (CRA, 2015), deu-se início


ao estudo da definição e organização dos serviços de saneamento e da gestão de lamas fecais
prevendo o estabelecimento de tarifas para esses serviços.

2.2.2.1. Etapas de Gestão de Lamas Fecais

Para garantir uma melhor gestão de lamas fecais, é necessário possuir conhecimentos
adequados sobre as técnicas, as normas, a gestão, bem como o seu manuseamento, isto é,
necessário saber o tipo do clima predominante, o tipo do saneamento e a característica das
lamas, o que ajudará a definir a técnica de recolha e esvaziamento e transporte das lamas,
possibilitando também a escolha do tratamento adequado.

O saneamento mais utilizado em Moçambique é do tipo descentralizado, torna-se


necessário salientar a grande importância e necessidade de gestão de lamas fecais no país. No
caso da Cidade de Maputo estima-se que mais de 80% da população vive em zonas periurbanas
e depende de soluções de saneamento localizado, o que torna indispensável a gestão de lamas
fecais (ENGIDRO at al., 2015).

2.2.3. Tratamento de lamas fecais em sistema de saneamento

O tratamento das lamas fecais que afluem às IPSLF visam, sobretudo, na separação do
liquido no solido usando processo de desidratação e reduzir a carga orgânica associada, através
de operações físicas e processos químicos e/ou biológicos para que possam utilizar ou ser
descarregadas no meio recetor sem riscos para o ambiente e saúde pública em geral.

9
O tratamento de lamas fecais na instalação piloto em leito de secagem integra,
normalmente, um conjunto de processos e operações unitários de tratamento preliminar,
tratamento primário e tratamento secundário, ou biológico, podendo ainda incluir processos
adicionais de tratamento terciário.

No tratamento preliminar, ou pré-tratamento, predominam as operações físicas, com o


objetivo de separar os sólidos de maiores e pequenas dimensões, as areias, os óleos e as
gorduras, que se encontram nas lamas com vista a proteger os órgãos, tubagens e equipamentos
a jusante.

O tratamento primário envolve a decantação das partículas sólidas em suspensão,


normalmente em operações físicas, embora possam ser adicionados produtos químicos,
melhorando a capacidade de sedimentação e aumentando a eficiência dos processos. A massa
de sólidos sedimentados acumulados no fundo do decantador constitui a denominada lama
primária.

O tratamento secundário, também designado tratamento biológico, visa a remoção da


matéria orgânica biodegradável, nomeadamente compostos orgânicos solúveis e coloidais e
sólidos em suspensão, através de processos bioquímicos, caracterizados pela ação de
microrganismos que se desenvolvem em condições ambientais adequadas. Estes processos
podem ser aeróbios ou anaeróbios, conforme ocorram com ou sem a presença de oxigénio,
respetivamente. Em ambos os casos, as águas residuais são misturadas com os microrganismos,
que utilizam a matéria orgânica presente, degradando-a, no seu metabolismo.

Esta população microbiana pode desenvolver-se dispersa no reator (sistemas de


biomassa suspensa) ou fixa a um material de suporte inerte, como areia, pedra ou plástico
(sistemas de biomassa fixa) (METCALF & EDDY 2003). Aos processos biológicos está ainda,
normalmente, associado um decantador secundário, onde os sólidos coloidais em suspensão,
incorporados em flocos durante os processos biológicos, são removidos, obtendo-se assim um
efluente clarificado, estabilizado e com baixo teor em matéria orgânica e sólidos suspensos. A
massa de sólidos acumulados no fundo do decantador constitui as lamas secundárias.

A linha de tratamento da fase líquida de uma IPSLF pode ainda ser complementada por
uma etapa de tratamento terciário, que se destina à remoção de poluentes específicos (tóxicos
ou não biodegradáveis) ou de nutrientes que permaneçam nas águas residuais após o tratamento
secundário. Nesta etapa são produzidas as lamas terciárias, por vezes denominadas lamas
químicas.

10
2.2.4. Processo de tratamento

Os principais objetivos do tratamento de lamas são:

 A redução do seu volume, através da diminuição do teor de humidade, à qual está


naturalmente associada a diminuição dos custos de armazenamento e transporte.
 A redução da quantidade de água nas lamas possibilita ainda o aumento do seu poder
calorífico, mais-valia no caso de se pretender a sua valorização energética;
 A redução da sua capacidade de fermentação, contribuindo para a minimização da
libertação de odores desagradáveis e da quantidade de microrganismos patogénicos
presente.
 Esta estabilização das lamas permite reduzir os efeitos ambientais adversos e os riscos
para a saúde pública associados à sua deposição ou valorização.

Regra geral, de forma a atingir estes objetivos, uma linha de tratamento convencional de
lamas de IPSLF compreende uma etapa de tratamento preliminar, a que se segue o
espessamento das lamas, a sua estabilização e a desidratação, por vezes precedida pelo seu
condicionamento. Adicionalmente, podem estar previstas as etapas de secagem e/ou desinfeção
das lamas.

2.2.5. Leitos de secagem de lamas

A desidratação de lamas em leitos de secagem, constitui uma das técnicas naturais


mais utilizadas na separação das fases sólida e liquida das lamas.

Os leitos de secagem convencionais assumem o formato de tanques retangulares pouco


profundos, normalmente construídos em betão, embora as paredes laterais possam por vezes
ser constituídas por muros de terra, coberta ou não de vegetação, placas de madeira tratada ou
alvenaria. A base dos tanques apresenta uma ligeira inclinação e, no seu interior, é colocado
um meio de enchimento poroso, ou meio filtrante, composto por camadas horizontais
sobrepostas de areia e brita com diferentes granulometrias, que envolve um sistema de
drenagem constituído por um conjunto de tubos perfurados.

11
Figura 2: Perfil esquemático de leito de secagem convencional, indicando as espessuras e granulometrias
recomendadas para as diferentes camadas do meio de enchimento.

Fonte: MATHAI (2006)

As estações de tratamento dispõem, habitualmente, de mais do que um leito de


secagem, alimentados de forma descontínua, sendo as lamas sequencialmente encaminhadas
para os vários leitos, onde permanecem, sem alimentação adicional, até que se atinja o nível de
desidratação pretendido.

Assim, em cada leito, as lamas são depositadas sobre a camada superior do meio de
enchimento e, numa fase inicial, a sua desidratação ocorre fundamentalmente por percolação
da água livre, através da própria massa de sólidos em suspensão e das várias camadas que a
suportam, que é recolhida pelo sistema de drenagem.

Segundo ANDREOLI et al., (2007), devido ao elevado teor de gases nas lamas,
nomeadamente dióxido de carbono e/ou metano, decorrente das pressões hidráulicas a que são
submetidas durante os processos de estabilização, quando estas são depositadas nos leitos, os
sólidos presentes são arrastados para a superfície, formando-se uma camada líquida
relativamente clarificada sobre a camada superior de areia. Assim, inicialmente, esta água
percola facilmente através do meio de enchimento. À medida que a fração de água livre das
lamas é removida, diminuindo, consequentemente, a carga hidráulica sobre o meio de
enchimento, e que as partículas sólidas se depositam sobre o meio de enchimento, colmatando
parte dos vazios existentes, a drenagem torna-se gradualmente mais lenta e as lamas adotam
um aspeto pastoso. Nos casos em que a drenagem ocorre rapidamente, isto é, toda a água
drenável presente nas lamas é removida num curto espaço de tempo, no final do processo de
desidratação as lamas apresentam valores de TS uniformes, em toda a camada aplicada. Pelo
contrário, quando se verifica uma drenagem mais lenta, as lamas desidratadas apresentam

12
alguma variação dos valores do TS em diferentes profundidades da espessura de lamas,
verificando-se a formação de uma crosta superficial, melhor desidratada, sobre uma camada
mais húmida.

Segundo AISSE et al., (1999) apud SOARES (2001), a drenagem de água, nos leitos
de secagem de lamas, ocorre até um TS nas lamas de 20%, independentemente do TS inicial,
da taxa de carregamento e do tempo de exposição das lamas no leito.

A remoção adicional de água das lamas, com consequente aumento do TS, ocorre por
evaporação através da superfície de contacto entre as lamas e o ar envolvente, até que seja
alcançado o valor pretendido. O processo de evaporação é condicionado pelas condições
meteorológicas, particularmente pela temperatura, radiação solar e humidade relativa do ar
(MORTARA, 2011). Este fenómeno depende também das características da lama,
nomeadamente em termos das frações de água presentes, após a remoção da maior parte da
água livre por percolação, e da espessura da camada de lamas aplicada, que condiciona a sua
exposição à radiação e temperatura ambiente. A remoção de água através da sua evaporação
ocorre, naturalmente, de forma mais lenta, quando comparada com a remoção por drenagem.

Também a precipitação é, notoriamente, um fator que afeta o processo de desidratação


das lamas em leitos de secagem, uma vez que se traduz num aumento da quantidade de água
presente nas lamas. No entanto, o impacto da precipitação não será, à partida, uniforme ao
longo do processo de desidratação das lamas. Numa fase inicial, a ocorrência de eventos
pluviosos sobre as lamas está associada a um aumento do seu TH e, consequentemente, a um
retrocesso no processo de desidratação. Contudo, se a precipitação ocorrer numa fase mais
avançada do processo, quando as lamas apresentam já uma superfície fissurada, em particular
se estas fissuras forem profundas, a água precipitada é rapidamente escoada por entre elas,
sendo removida pelos sistemas drenagem, sem influência significativa no TH das lamas. Na
Figura abaixo, é evidenciada a não uniformidade da influência da ocorrência de precipitação
no TS e espessura da camada de lamas, ao longo do processo de desidratação em leitos de
secagem. Note-se que na primeira metade do tempo de desidratação decorrido ocorre uma
diminuição do valor de TS e o aumento da espessura da camada de lamas na sequência de
fenómenos pluviosos, ao passo que nos últimos dias a ocorrência de precipitação parece não
afetar, ou afetar pouco, a evolução desses valores.

13
Figura 3: Espessura da camada de lamas, teor de sólidos e precipitação sobre as lamas ao longo do processo de
drenagem.

Fonte: MORTARA (2011).

O processo de desidratação em leitos de secagem, ocorre até que seja atingido o valor
de humidade de equilíbrio nas lamas. Assim, apesar de a maioria dos autores aconselhar a
remoção das lamas dos leitos de secagem quando se atinge um TS de cerca de 30%.

De acordo com EUROPEAN UNION (2001), este método de desidratação


convencional possibilita a obtenção de valores de TS até cerca de 40%, nos países de clima
temperado. Estes valores podem reduzir-se, no caso dos países nórdicos, para cerca de 10%.
Segundo METCALF & EDDY (2003), sob condições meteorológicas favoráveis, em climas
temperados através da desidratação em leitos de secagem é possível atingir um valor de 40%
de TS nas lamas num período de 10 a 15 dias. Para DAVIS (2010) sugere que, se as condições
meteorológicas forem apenas razoáveis, podem ser necessários 30 a 60 dias de permanência
das lamas nos leitos para que se atinja aquele valor. Em países mais quentes e secos, este
método de desidratação possibilitará, naturalmente, a obtenção valores de TS nas lamas
superiores aos referidos, para o mesmo período de tempo, uma vez que a humidade relativa do
ar apresenta, nessas regiões, valores bastante inferiores aos registados em zonas de clima
temperado, pelo que valor da humidade de equilíbrio nas lamas será, à partida, também inferior.

2.2.6. Desidratação de lamas em leitos de secagem

Face ao elevado teor de água das lamas produzidas, a desidratação apresenta-se como uma
etapa vantajosa, ou mesmo indispensável, seja qual for o destino final previsto para as lamas,
possibilitando, para além dos objetivos supracitados, de acordo com METCALF & EDDY
(2003):

14
 A redução substancial dos custos inerentes ao armazenamento, transporte e disposição
final, consequência da redução de volume e de peso associadas à remoção de água;
 A melhoria das condições de manuseamento e transporte das lamas uma vez que o
comportamento mecânico das lamas é altamente influenciado pelo seu TH;
 O aumento do poder calorífico das lamas, sendo necessária menos energia para o seu
aquecimento, o que constitui uma vantagem, caso se pretenda a sua inceneração ou
valorização energética;
 A redução da necessidade de adição de reagentes nos processos de tratamento
subsequentes, mais valia caso se preveja a compostagem das lamas;
 A redução do potencial de putrefação das lamas, libertação de odores e proliferação de
insetos, consequência da diminuição do TH das lamas;
 A redução da produção de lixiviados, quando as lamas são depositadas em aterro.
As lamas podem ser desidratadas através de processos naturais, baseados nos
fenómenos de evaporação e percolação, ou por sistemas mecânicos, em dispositivos
que requerem energia externa e promovem a filtração, compressão, separação
centrífuga e compactação.

Comparativamente, os processos naturais, mais simples e baratos, requerem mais


tempo e maior disponibilidade de área, enquanto os sistemas mecânicos, mais caros, são mais
compactos e sofisticados, tanto do ponto de vista operacional como de manutenção
(SPERLING, 2007). Com efeito, enquanto nos processos mecânicos as lamas são desidratadas
em algumas horas, a desidratação por processos naturais pode levar dias, ou mesmo meses
(CARNEIRO, 2007). Os processos naturais de desidratação de lamas mais utilizados são as
lagoas e os leitos de secagem.

A seleção do método de desidratação mais adequado deve ser função do tipo e


quantidade de lamas a ser desidratado, do espaço disponível e da adequabilidade das lamas
desidratadas face ao destino final pretendido (TUROVSKIY & MATHAI, 2006).

2.3. Modelação do processo de desidratação de lamas em leitos de secagem

Desde a década de 70 que têm sido desenvolvidos diversos modelos com vista à
simulação do funcionamento de uma IPSLF, revelando serem especialmente úteis para a sua
operação e gestão. Um modelo é, de uma forma geral, a representação simplificada do que
ocorre na realidade, possibilitando a análise do comportamento de uma IPSLF e uma melhor
compreensão dos processos que se encontram envolvidos. É um conjunto de equações

15
matemáticas e procedimentos, constituídos por diferentes variáveis e diferentes parâmetros que
variam ao longo do tempo (POMBO, 2010). Permite ainda um estudo e análise de determinadas
questões de engenharia num curto intervalo de tempo e sem custos associados às análises
laboratoriais.

O desempenho dos leitos de secagem na desidratação de lamas, que se traduz


basicamente na duração do ciclo de secagem e TS obtido nas lamas desidratadas, depende
fundamentalmente do clima característico do local de implantação e das características das
lamas a desidratar, nomeadamente em termos de TS e grau de estabilização. Estes fatores, que
têm muitas vezes sido negligenciados, devem, por isso, ser considerados na definição das
dimensões dos leitos e da espessura de lamas a aplicar, bem como das características do meio
de enchimento e do sistema de drenagem. Na determinação das dimensões dos leitos, devem
também ser avaliados os factores económicos relativos à disponibilidade área e custo da
mesma. Adicionalmente, podem ser tidos em conta fatores como o condicionamento das lamas
e a existência de cobertura.

2.3.1. Desenvolvimento do modelo

Para o desenvolvimento do modelo matemático, é considerado um volume de controlo


de lamas, correspondente à área e espessura de uma camada de lamas depositada no interior de
um leito de secagem convencional, num sistema aberto, isto é, onde são possíveis trocas de
energia e massa entre esse volume e o ambiente envolvente, através da superfície de lamas em
contacto com o ar. Desprezaram-se as trocas de energia através das superfícies deste volume
de controlo em contacto com as paredes laterais e o fundo dos leitos.

Para o volume de controlo considerado, é determinado um balanço hídrico de massas,


em ordem ao tempo. Para aplicação do modelo, são conhecidos os valores iniciais de TS, a
massa volúmica e a espessura inicial da camada de lamas, bem como a área superficial do leito
considerado. Desta forma, e face a um conjunto de parâmetros meteorológicos - temperatura
do ar, humidade relativa, radiação solar e precipitação - conhecidos ou previstos, obtêm-se os
valores estimados de TS e espessura da camada de lamas ao longo do tempo.

2.3.1.1. Balanço hídrico de massas

Nas condições descritas, a água presente nas lamas pode ser removida por evaporação,
através da superfície de lamas exposta ao ar, ou ser drenada pelo sistema existente nos leitos
para esse efeito. Por outro lado, estando o volume de controlo exposto às condições

16
meteorológicas, pode ser adicionada água por precipitação sobre o leito, conforme figura a
baixo ilustra.

Figura 4: Balanço hídrico de massas associado à desidratação de lamas em leitos de secagem.


Fonte: SOUSA at al., (2001).

2.3.1.2. Balanço de energia térmica

A equação de balanço de energia térmica apresentada no fluxograma abaixo, foi também


aplicada ao volume de controlo considerado, de acordo com a figura.

Figura 5: Balanço de energia térmica associado ao processo de desidratação de lamas em leitos de secagem
Fonte: SOUSA at al., (2001).

2.3.2 Modelo Matemático aplicado

O modelo matemático usado para a simulação do processo de desidratação de lamas


corresponde ao modelo de balanço hídrico de massa, desenvolvido em 2016 pelo Engº. Osvaldo
Mioambo, MSc. O modelo usado considera como principais mecanismos de remoção da massa
líquida a drenagem e a evaporação.

A escolha do modelo deveu-se principalmente ao facto deste ter sido desenvolvido para
condições moçambicana, tendo sido aplicado em vários experimentos.

17
2.3.2.1 Principais Pressupostos do modelo

Segundo KAVOOSI (2014), Partindo do princípio de que a desidratação natural de


lamas em leitos de secagem envolve fenómenos bastante complexos de difícil formulação
matemática e que os mesmos ocorrem de forma simultânea, foi necessário recorrer a
determinadas simplificações do sistema, nomeadamente:

 Assume-se que a lama é um material poroso e homogéneo, constituído por uma fase
sólida e líquida, respetivamente. Esta simplificação não leva em consideração as
diferentes frações em que a massa de água presente nas lamas se distribui (frações livre,
intersticial, adsorvida e intracelular);
 Uma vez que se pretende estudar as transferências de massa da água presente nas lamas
para o ar envolvente, o ar constitui o único meio em referência envolvido no processo.
É um gás ideal com uma composição constante e flui de forma perpendicular ao leito
com uma determinada temperatura, velocidade e humidade relativa;
 O teor de humidade das camadas que constituem o meio filtrante (areia e brita) são
constantes;
 Durante o carregamento dos leitos, é desprezada a influência da velocidade de
sedimentação dos sólidos sobre a drenagem. Na prática, a velocidade de sedimentação
dos sólidos condiciona as taxas de drenagem na fase inicial do processo ao regular a
quantidade de sólidos depositados na superfície do meio filtrante;
 Todos os sólidos são capturados e depositados em toda a extensão da superfície do meio
filtrante na forma de uma camada porosa homogênea, com uma permeabilidade
constante. Esta simplificação não considera o facto de, principalmente durante a fase
inicial do processo e dependendo das características do meio filtrante, parte dos sólidos
ser arrastada para o interior do meio filtrante, onde se acumulam e/ou são removidos
juntamente com a massa líquida drenada;
 É negligenciado o efeito de possíveis transformações bioquímicas que podem ocorrer
ao longo do processo de desidratação, tanto na lama como no interior do meio filtrante,
sobre as taxas de evaporação e de drenagem, respetivamente;
 Admite-se que a resistência à drenagem seja constante durante todo o processo. Na
realidade, o valor da resistência vai aumentando à medida que a energia disponível para
o escoamento diminui, mas este facto é considerado desprezível, isto é, pouco relevante;
 Assume-se que a fração de sólidos e o volume total da lama permanece constante à
medida que a evaporação ocorre;

18
 Assume-se que a evaporação ocorre a partir da área interfacial da camada de lamas,
desprezando-se dessa forma todas as transferências de massa e de energia através do
contacto com as paredes laterais e o fundo dos leitos (superfícies adiabáticas). Esta
hipótese aproxima-se à realidade na medida em que as paredes dos leitos devem ser
naturalmente impermeáveis;
 Admite-se que não há acumulação de qualquer substância na área interfacial e,
consequentemente, a velocidade de transferência de massa é a mesma em ambos os
lados da interface;
 A massa de água adicionada pela precipitação na superfície no volume de controlo é
considerada imiscível com a lama sendo, portanto, adicionada na superfície como
sobrenadante.

2.3.2.2 Formulações matemáticas

O processo de desidratação de lamas em leitos de secagem inclui um conjunto de


variáveis que refletem as perdas e os ganhos de humidade em função do tempo, até se
estabelecer um equilíbrio (KAVOOSI, 2014). Deste modo, a equação geral que traduz o teor
𝑑𝑇𝐻
de humidade das lamas num determinado tempo, , pode ser representada a partir da equação
𝑑𝑡

(1), sendo 𝑚𝑤 e 𝑚𝑠 , a massa da fração líquida e do sólido presente na lama.

𝑑𝑇𝐻 𝑚𝑤
= (1)
𝑑𝑡 𝑚𝑤 +𝑚𝑠

De uma forma geral, pode ser determinada a partir da equação (2), que traduz o balanço
de massa no sistema num instante, onde: 𝑚𝑤𝑜 corresponde à massa da fração líquida
inicialmente presente nas lamas(𝑘𝑔); 𝑚𝑝(𝑡) correspondente à massa de água precipitada sobre
o volume de controlo (área superficial do leito) (𝑘𝑔) ; e 𝑚𝑑 e 𝑚𝑒𝑣 correspondem à massa
líquida drenada e evaporada , respetivamente.

𝑚𝑤(𝑡) = 𝑚𝑤𝑜 + 𝑚𝑝 − 𝑚𝑑 − 𝑚𝑒𝑣 (2)

2.3.2.3. Massa líquida inicial

A massa líquida inicialmente presente no volume de controlo, 𝑚𝑤𝑜 , isto é, no momento


em que as lamas são introduzidas no leito de secagem, pode ser determinada a partir dos valores
conhecidos da área superficial e da espessura inicial da massa de lamas ( ℎ0 ), correspondente

19
ao volume de controlo, do valor aproximado da massa volúmica das lamas a desidratar (𝜌𝑤 ) e
do valor do teor de humidade inicial das lamas (𝑇𝐻0 ), ver Equação (3).

𝑚𝑤0 = 𝐴 × ℎ0 × 𝑇𝐻0 × 𝜌𝑤 (3)

2.3.2.4. Massa de água precipitada/pluviométrica

A massa de água precipitada sobre o volume de controlo, 𝑚𝑝(𝑡) , num determinado


intervalo de tempo, é obtida através da equação (4) que representa o produto entre a altura de
água precipitada nesse intervalo de tempo ( ℎ𝑝 ), a área superficial correspondente ao volume
de controlo e a massa volúmica da água.

𝑚𝑝(𝑡) = 𝐴 × ℎ𝑝 × 𝜌𝑤 (4)

2.3.2.5. Massa líquida drenada

Para KIM (2001), A massa líquida drenada, 𝑚𝑑 pode ser determinada a partir da
equação (2), excluindo-se às contribuições das variáveis evaporação e precipitação. Deste
modo, 𝑚𝑤(𝑡) pode ser determinada a partir da equação (5), que reflete a evolução da fração da
massa líquida presente nas lamas à medida que o processo de drenagem ocorre até às lamas
atingirem um ponto de equilíbrio, correspondente a um determinado teor de humidade, a partir
do qual o fluxo da massa líquida drenada cessa ou passa a ocorrer de forma pouco significativa,
usualmente denominado por capacidade de campo da lama. Assim, na equação (5), 𝑚𝐶𝑐
representa a massa líquida presente nas lamas na qual a drenagem cessa (𝑘𝑔) ; 𝑡𝑑, o tempo
total de drenagem (s), 𝑡, o tempo (s) e 𝐾𝑑𝑡 , uma constante empírica (𝑠 −1 ).

𝐾𝑑×𝑡)
𝑚𝑤(𝑡) = 𝑚𝐶𝑐 + (𝑚𝑤𝑜 − 𝑚𝐶𝑐 )𝑒 [ 𝑡−𝑡𝑑 ] (5)

O 𝑚𝐶𝑐 pode ser estimado a partir do valor da fração da massa inicial de sólidos presente
nas lamas e da capacidade de campo da lama, 𝑇𝐻𝐶𝑐 (%), através da equação (6). Nesta equação,
𝑇𝐻𝐶𝑐 representa o teor de humidade da lama após a drenagem cessar ou deixar de ter um efeito
preponderante no processo de desidratação.

𝑚𝑠 ×𝑇𝐻𝐶𝑐
𝑚𝐶𝑐 = (6)
(100−𝑇𝐻𝐶𝑐 )

O valor de 𝑇𝐻𝐶𝑐 depende de uma série de fatores, com destaque para as caraterísticas
estruturais das lamas, designadamente: concentração de sólidos, conteúdo de matéria orgânica,
tamanho das partículas e das frações intersticiais das lamas, entre outras (KIM, 2001). Pode ser

20
obtido a partir da equação (7). Nesta equação, 𝐶 representa a concentração de inicial de
𝑘𝑔
sólidos (𝑘𝑔/𝑚3 ) e 𝑘𝐶𝑐 (𝑚3 ) e 𝛼𝐶𝑐 Correspondem aos parâmetros de calibração.

𝑇𝐻𝐶𝑐 = 𝐾𝐶𝑐 × 𝐶 −𝛼𝐶𝑐 (7)

Na equação (5),𝑘𝑑 reflete a resistência proporcionada pelo cake e pelo meio filtrante ao
movimento do escoamento e depende dos parâmetros: 𝜌𝑤 , a massa volúmica da água 𝑘𝑔𝑚−3 ;
𝑔, a aceleração da gravidade (𝑚𝑠 −2 ); 𝜇 , a viscosidade dinâmica da água (𝑘𝑔/𝑚𝑠 −1 ) ;𝑅𝐶 , a
resistência do cake (𝑚−1 ); e 𝑅𝑚 , a resistência do meio filtrante (𝑚−1 ) . A resistência à
drenagem, proporcionada fundamentalmente pelo cake e pelo meio filtrante, pode ser
determinada a partir da equação (7), de acordo com DOMINIAK et al. (2010). Nesta equação,
a soma das duas resistências (𝑅𝑐 𝑒 𝑅𝑚 ) representa a resistência total à drenagem.

𝜌𝑤 ×𝑔
𝐾𝑑 = (8)
𝜇(𝑅𝑐 +𝑅𝑚 )

Segundo DOMINIAK et al. (2010), a 𝑅𝐶 pode ser determinada a partir da equação (9)
onde, a resistência específica do cake 𝛼 (𝑚𝐾𝑔−1 ) é um parâmetro que descreve o grau de
dificuldade em desidratar um determinado material e que, juntamente com a concentração de
lamas 𝑐 (𝐾𝑚−3 ) e a espessura inicial da massa de lamas ℎ0 , traduz a dificuldade oferecida pelo
cake à passagem da água livre até atingir o meio filtrante (E.G. KAVANAGH, 1980;
BERKTAY, 1998; KIM, 2001).

𝑅𝑐 = 𝛼 × 𝐶 × ℎ0 (9)

A resistência do meio filtrante (𝑅𝑚 ) pode ser estimada a partir da equação (10) onde:𝑘𝑚
representa a permeabilidade do meio filtrante (𝑚−2 ); 𝐾 a condutividade hidráulica saturada
(𝑚𝑠 −1 ) ; e 𝐿𝑚 a espessura do meio filtrante (𝑚).

𝐿 𝐿𝑚 ×𝜌𝑤 ×𝑔
𝑅𝑚 = 𝐾𝑚 = (10)
𝑚 𝜇𝐾

O tempo total de drenagem,𝑡𝑑 , que depende, fundamentalmente, da espessura inicial


da massa de lamas,ℎ0 , pode ser dado pela equação (11), sendo 𝑘𝑡𝑑 (𝑚𝑠 −1 ) e 𝛼𝑡𝑑 os parâmetros
de ajuste.

𝑡𝑑 = 𝐾𝑡𝑑 × ℎ0 𝛼𝑡𝑑 (11)

21
2.4. Ensaio de condutividade hidráulica em leitos de secagem

Henry Darcy, engenheiro hidráulico francês, em 1856 estudou o escoamento de água


através de camadas de areia e rochas de diferentes granulometrias usadas como filtro no leito
de secagem, para tratamento da água, semelhantes ao esquema da figura ilustrada abaixo.
Apesar de suas pesquisas não serem voltadas ao fluxo de água em leitos ele chegou a uma
relação experimental que ficou conhecida como a lei de Darcy para o fluxo de águas em leitos.

Figura 6: Esboço esquemático do aparelho de Darcy.


Fonte: FAITOSA at al., (2008).

Ele mostrou que a vazão (Q) de escoamento da água é proporcional à secção transversal
(A) do filtro além de ser também proporcional à diferença de carga hidráulica (h1-h2) entre
dois pontos de uma coluna porosa e inversamente proporcional à distância (L) entre os pontos.
Além disso demonstrou que a vazão é proporcional a um coeficiente de proporcionalidade (K),
chamado de condutividade hidráulica, que varia de acordo com as características do meio
poroso (FAITOSA et al.,2008).

A relação chamada Lei de Darcy pode ser representada pela Equação:

∆ℎ
𝑄 = −𝐾𝑥𝐴𝑥(ℎ1 − ℎ2)/𝐿 ou de um modo geral como: 𝑄 = 𝐾𝑥𝐴𝑥( ∆𝑙 )

Onde:

Δh/Δl- representa o Gradiente Hidráulico;

Δh- é a diferença de carga hidráulica entre dois pontos; e

Δl- é a distância entre eles.

22
Segundo FEITOSA et al. (2008), quando a carga hidráulica cresce em uma direção o
gradiente hidráulico é positivo, mas se houver o decréscimo da carga o gradiente será negativo.

O movimento da água ou o fluxo da água no leito ocorre da maior carga hidráulica para a
menor, desta forma o seu sentido é o do gradiente negativo. O sinal negativo na lei de Darcy
indica que a velocidade tem sentido contrário ao gradiente, ou seja, o fluxo da água ocorre na
direção do decréscimo da carga hidráulica.

O coeficiente de proporcionalidade K na lei de Darcy, também chamado de


condutividade hidráulica, pode ser definido como taxa volumétrica de fluxo pela unidade de
área e unidade de gradiente e é expresso em unidade de distância (L)/tempo (T). A
condutividade hidráulica leva em conta as propriedades do meio, porosidade, tamanho,
distribuição, forma e arranjo das partículas, como também as características do fluido,
viscosidade e massa específica (CLEARY, 1989, & FEITOSA et al., 2008).

Este parâmetro hidráulico é um dos poucos, na natureza, que pode variar mais de doze
ordens de grandeza (um trilhão de vezes). Quanto maior a permeabilidade do material
geológico maior é o valor da condutividade hidráulica (CLEARY, 1989).

2.4.1. Determinação de K

O coeficiente de condutividade hidráulica (K) pode ser determinado tanto por métodos
laboratoriais como através de ensaios de campo. Ambos apresentam vantagens e desvantagens.

Os ensaios executados em laboratório apresentam maior controle e precisão, porém são


realizados em amostras pontuais e não representam as heterogeneidades da maioria dos
materiais geológicos. Os ensaios in situ, por sua vez, são realizados em áreas de maior extensão
representando melhor o meio investigado, mas têm um menor nível de controlo. O presente
trabalho avalia o ensaio de campo.

2.5. Valorização das lamas fecais

As lamas adequadamente tratadas podem ser utilizadas na agricultura ou nos jardins


urbanos (como fertilizantes), podem ser utilizadas na indústria (como materiais de construção,
combustível ou fertilizantes), na aplicação do solo (como corretivos do solo) e como
combustíveis sólidos. Visto que a utilização das lamas na agricultura é fundamental, tem de se
levar em conta que as lamas podem conter microrganismos, parasitas resistentes aos processos
de tratamento a que foram submetidas, terem o pH ácido, ou aparentemente nocivos, o que

23
pode comprometer o desenvolvimento das culturas bem como da contaminação do solo, das
águas subterrâneas e a salvaguarda da saúde humana, (JANE, 2017).

Exige-se assim a necessidade de deixar as lamas armazenadas em repouso durante


alguma margem do tempo para que possa haver eliminação destes efeitos, evitando assim
consequências negativas na sua utilização futura.

CAPITULO III-METODOLOGIA
3.1. Descrição da Área de Estudo

3.1.1. Localização Geográfica

O estudo foi desenvolvido em uma instalação piloto de secagem de lamas fecais


construída na Faculdade de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais da Universidade
Zambeze localizada no bairro 7 de abril, situada no Município de Chimoio, ocupando uma área
de 55,382 m2, a 19°10'18.54"S de latitude e 33°28'17.63"E de longitude.

Figura 7: Mapa de enquadramento geográfico.


Fonte: Autor (2019).

24
Figura 8: Mapa de Identificação da Instalação Piloto.

Fonte: Autor (2019).

3.1.2. Aspectos Climáticos

O Município da Cidade de Chimoio (MCC) situa-se numa zona de clima temperado


húmido, de acordo com a classificação de Koppen. As características do clima tropical
determinam que esta região seja caracterizada por duas estações: uma quente e chuvosa (verão)
que vai de Outubro a Março e outra fresca e seca (inverno), que inicia em Abril e termina em
Setembro (PROMAN, 2013).

A precipitação média anual varia entre 1000 a 1200 mm, concentrada maioritariamente
na época chuvosa compreendida entres os meses de Outubro e Março (INAM, 2014). A
temperatura média anual é de 22º C, com uma época quente de Outubro a Abril e uma época
fresca de Maio a Setembro. As temperaturas nesta região podem ser consideradas amenas em
relação a outras regiões de Moçambique, com uma temperatura mínima de 10.8º C, e uma
máxima de 32,1º C. O vento dominante em todos os meses do ano é do sudoeste (INAM, 2014).

Os dados meteorológicos foram fornecidos pelo INAM, localizado na cidade de


Chimoio, Rua do Aeroporto, Bairro Trangapasso, que dista 17,4 Km da Faculdade de

25
Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais. Os dados fornecidos referem-se as mínimas,
médias e máximas mensais de Temperatura, Precipitação, Humidade, Insolação e Vento médio,
dos meses: dezembro (2018), Janeiro a Agosto de 2019. Os dados foram aplicados no modelo
matemático para a simulação do processo de desidratação de lamas fecais ao longo do ciclo

3.2. Procedimentos metodológicos

3.2.1. Dimensionamento da IPSLF

A instalação piloto foi definida em 4 partes diferente com funcionamento


interdependente, obedecendo uma estrutura linear e composta por unidade de desidratação de
lamas fecais que consistiu na separação solido-liquido, unidade de tratamento de águas
residuais a partir de plantas macrófitas, unidade de poço de filtração constituído por brita de
diferentes granulometrias e uma área verde (jardim), conforme a figura abaixo ilustra.

Figura 9: Layout da IPSLF


Fonte: (2019).

3.2.2. Montagem e caracterização da LS

Identificação e Construção de Preparação e Montagem


limpeza da bases de montagem dos dos filtros
área alvenarias tanques

Figura 10: Montagem da instalação piloto de tratamento de lamas fecais.


Fonte: Autor (2019)

Foram utilizados 9 tanques de polietileno de alta densidade com a estrutura


quadrangular de 1m3 para a montagem de duas unidades na IPSLF. Estas unidades
compreendem leitos de secagem de lamas fecais e tanque de tratamento de efluentes drenados
no processo de desidratação. Os leitos de secagem foram constituídos por 8 tanques, dos quais

26
4 réplicas e quatro originais, organizados de forma paralela. O restante serviu de receptor de
drenados, montados em paralelo.

Os tanques de polietilenos, foram cortados na superfície por forma a permitir melhor


contacto com o ar ambiente, aproximadamente 1m2 no decorrer da desidratação e estes foram
usado como leitos de secagem das lamas fecais na instalação piloto construída na FEARN e o
outro foi cortado pela metade a fim de ser usado como dreno e colocado plantas macrófitas
para tratamento de águas residuais de escorrências dos leitos de secagem e colocado na sua
direita um poço de filtração.

Para a construção dos pilares, foi primeiro necessário a remoção de cobertura vegetal
na área de implantação com cerca de 30m2, posteriormente construi-se os pilares, e estes
tiveram cerca de 40 cm de altura para minimizar a perda de calor por condução em contacto
com o solo e 2 cm de inclinação para facilitar a escorrência de água nos leitos de secagem de
forma a minimizar o acumulo de água nos leitos de secagem, quando assente sobre os pilares.
Os pilares tiveram uma distância de 1,20 m de comprimento (C), 1 m de largura (L) na parte
externa baseando-se nas medidas do tanques e o espaçamento entre a base dos pilares foi de 1
m para evitar a sombreamento entre os tanques, que provavelmente poderia influenciar
negativamente na secagem das lamas. Foram usados blocos tipo 20 maciçados para suportar o
peso dos leitos, como ilustra a figura abaixo.

Figura 11: Construção dos pilares e Colocação dos tanques sobre os pilares.
Fonte: Autor (2019).

De seguida fez-se abertura de uma cova de aproximadamente 3 m de comprimento,


1,20 m de largura e 60 cm de profundidade, para colocação de tanques subterrâneos da água
drenada na escorrência, e colocada plantas macrófitas, para o tratamento do líquido. Na mesma
linhagem, abriu-se um poço de filtração de água com uma profundidade de 70 cm, e foram

27
colocadas camadas filtrantes de diferentes granulometria, isto é, areia de 02 a 06 mm de
diâmetro a uma altura de 20 cm e brita grossa de 20 mm de diâmetro a uma altura de 45 cm.

Fez-se a canalização para a escorrência de águas que saia dos leitos de secagem
(tratamento físico) drenando em baldes de 60 L que serviam como sistema de drenagem,
denominado ELS, este de seguida drenava a água para a canalização subterrânea feita, que
conduzia por sua vez a água para os leitos de plantas macrófitas (tratamento biológico), e do
leito de macrófitas para o poço de filtração.

As camadas filtrantes no poço de filtração, foram colocadas com vista a reduzir níveis
de microrganismos e evitar a contaminação do lençol freático na área de implantação, conforme
ilustra figura abaixo.

Figura 12: Montagem de leito de plantas macrófitas e poço de filtração.


Fonte: Autor (2019).

A colocação das camadas filtrantes nos LS foi definida de acordo com o tipo de material
a ser filtrado, como forma de não comprometer o meio poroso. Usou-se mesmas espessuras de
camadas filtrantes para todos os leitos, definidas com uma altura de 40 cm, sendo que de cima
para baixo encontramos a areia fina do rio (10cm), brita fina (10cm) e brita grossa (20cm), e
perfurou-se o meio com um tubo polimérico para controlar o acúmulo de água nos LS.

a) Areia, variação de b) Brita fina tipo 2, variação de c) Brita grosso tipo 1, variação de
granulometria (02-06mm). granulometria (07-15mm) granulometria (15-19mm)

Figura 13: Colocação dos filtros de diferentes granulometrias nos LS.


Fonte: METCALF& EDDY (2003).

28
3.2.3. Avaliação da Condutividade Hidráulica Saturada

Enchimento do
tanque até nível
constante N=Ni
Repetição de ensaios
variando-se N & H

Posicionamento do Obtenção de
topo de sifão H=Hi condutividade
hidráulica “K”

Medição de caudal
de descarga

Figura 14: Fluxograma de avaliação de condutividade hidráulica saturada.


Fonte: Autor (2019)

Avaliação da Condutividade Hidráulica Saturada foi realizada entre os meses de Maio


a Junho do ano em curso através de ensaios experimentais. O procedimento experimental
consistiu em colocar a água no tanque até um certo nível considerado constante, medida essa
altura e depois posicionou-se sifão de diferentes alturas na válvula de dreno em função do
tempo. No decorrer do ensaio hidráulico foram usados quatro (4) alturas diferentes que são
altura zero (0), 15cm de altura, 25cm de altura e 31cm de altura, denominadas de sifão usando
baldes de 20L como referência na descarga. Para cada tanque fez-se 6 experimento em
diferentes níveis de água (constante), a partir deste método foi possível a obtenção da
condutividade hidráulica saturada (𝐾), de acordo com a equação abaixo.

𝐷𝐻 𝑄𝑥𝐿 (1)
𝑄 = 𝐾𝑥𝐴𝑥 𝐾=
𝐿 (𝑁 − 𝐻)𝑥𝐴
Onde:
𝑚
𝑘 − Condutividade hidráulica saturada ( 𝑠 ); 𝑁 − Nível de água (m);

𝑚3
𝑄 − Caudal ( ); 𝐻 − Altura do sifão (m);
𝑠

𝐿 − Capacidade máxima do leito (m); 𝐴 − Área do leito (m2).

29
3.2.4. Avaliação da porosidade inicial ou cedência específica do meio filtrante

Enchimento do
tanque até nível
N=topo da areia
Repetição do ensaio
para a confirmação

Anotação do Obtenção
Anotação do
volume de
volume de água
descarregado porosidade
inserido
para inicial
confirmação
Descarga do
volume inserido

Figura 15: Etapas de avaliação de porosidade inicial.


Fonte: Autor (2019)

Avaliação da porosidade inicial foi realizada através de ensaios experimentais. O


procedimento experimental consistiu em colocar a água no tanque até saturar o meio poroso,
isto é, no topo da areia e anotar o volume da água inserida no meio poroso e podeis descarregar
o volume do mesmo e anotar a quantidade descarregada. No decorrer do experimento os LS
foram cobertos com lonas para evitar a perda de água por evaporação que poderia influenciar
negativamente no experimento e cada LS levou 7 dias para drenar a ultima gota no balde de
20L usado como referencia e este feito para saber o espaçamento percentual entre o meio
poroso, deste modo foi possível a obtenção da porosidade inicial de acordo com a equação
abaixo.

𝑣𝑝𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 (𝑎𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎) (2)


𝑛𝑒 = =
𝑣𝑡 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑛𝑒 − Porosidade inicial ou cedência específica do meio filtrante (%).

3.2.5. Carregamento das lamas em leitos de secagem

O carregamento de lamas consistiu em colocar o jacto nos LS, usando a tampa de balde
como forma de reduzir a pressão da bomba no decorrer do carregamento, de modo a evitar a
erosão sobre o meio filtrante, inseriu-se um volume de lamas nos LS a uma altura considerada,
anotou-se as alturas de lamas nos LS, o tempo de carregamento e identificou-se os tipos de
resíduos existes nas lamas. Foram medidos no dia de carregamento alguns parâmetros em
campo como o PH e CE e foi feita a medição em laboratório de ST, OD e Temperatura.

30
O monitoramento diário consistiu na medição em campo de PH, CE e T, assim como,
na realização de análises laboratoriais de ST, OD e Turbidez. Conforme ilustra a tabela abaixo.

Tabela 1: Frequência de monitoramento de dados.

Parâmetro Lamas fecais Escorrência Frequência de


monitorização
Ph Diária
Teor de Sólidos Totais Diária
Espessura da camada de lamas Diária
Temperatura Diária
Volume de escorrência Diária
CE Diária
Turbidez Diária
Peso de controlo da amostra (Kg) Diária
OD Diária
Fonte: Autor (2019)

O início da desidratação foi dado após abertura das válvulas na descarga. Foram
colhidas amostras nas escorrências para análises laboratoriais tais como mencionado acima
excluindo apenas o ST. Foi anotado diariamente o volume da escorrência usando um balde de
60L com formato retangular com uma área de 1692 cm2 como referência.

Figura 16: Carregamento de lamas nos LS.


Fonte: Autor (2019)

O carregamento foi considerado como primeiro ciclo de desidratação usando-se lamas


de balneários púbicos, nomeadamente: lamas de fossas de exposição feira e lamas da Faculdade
de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais. Durante o carregamento, houveram falhas
técnicas, que conduziram a obstrução do meio filtrante de alguns leitos secagem incluído as
suas replicas, nomeadamente: LS 01,LS01` e LS 02, LS02 e LS03`, fazendo com que os
mesmos fossem invalidados.

31
3.2.5. Análises dos parâmetros em campo: pH, Temperatura e CE nas lamas fecais.

Parâmetro Equipamento de medição Procedimento


pH e T Multiuso: PH metro e Inserir o multiuso nas lamas fecais, aguardar a
Termómetro estabilização dos valores e anotar o valor lido.
Inserir o condutivimetro nas lamas fecais,
CE Condutivimetro aguardar a estabilização dos valores e anotar o
valor lido.
Fonte: Autor (2019).

Ph metro e termómetro (a) Condutivimetro (b) Medição dos parâmetros em


campo (c)
Figura 17: Aparelhos usados e medição dos parâmetros em campo.
Fonte: Autor (2019)

3.2.6. Análise laboratorial das amostras

Assim que ocorria a desidratação o TH baixava, dessa forma optou-se em colher as


amostras em frascos âmbar e analisar os mesmos parâmetros descritos no ponto anterior no
laboratório. As amostras foram colocadas em bequeres de 200ml com auxílio da água destilada
numa porção de 150ml. Os bequeres foram colocados no agitador magnético usando a barra
magnética para homogeneizar as lamas com vista a facilitar a medição dos parâmetros. Foram
colhidas e analisadas também a amostras de escorrência, seguindo a Norma EN 13037
(Dezembro 1999).

(a) (b)
Figura 18: Agitando a lama no agitador magnético e medição dos parâmetros.
Fonte: Autor (2019)

32
3.2.7. Análise de oxigénio dissolvido

Após a medição de pH e T, inseriu-se a mesma amostra no oxímetro, aguardou-se a


estabilização do leitor aproximadamente 3 minutos e anotou-se o valor lido. Os mesmos
procedimentos foram repetidos para análise de águas de escorrência, de acordo com o
procedimento 5220 D indicado por RICE et al., (2012).

Amostras OD para lamas OD para escorrências

Figura 19: Etapa de análise OD nas lamas e nas escorrências.


Fonte: Autor (2019)

3.2.8. Análises de turbidez nas escorrências

Os procedimentos de análise da turbidez na escorrência, consistiram em colocar as


amostras em bequeres, inserir a amostra na cubeta, colocar a cubeta no turbidimetro, aguardar
a estabilização e anotar o valor lido pelo aparelho, seguindo a Norma EN 13037 (Dezembro
1999).

3.2.9. Análises de sólidos totais nas lamas

As análises de Teor Sólidos (TS) das lamas foram realizadas de acordo com o
procedimento 2540 G, APHA (2012), indicado por RICE et al., (2012), em uma balança
analítica de medição de massa seca do tipo KERN Ple, que possui capacidade máxima de 4200g
e sensibilidade de 0,01g programada de acordo com o mesmo procedimento. Em linhas gerais
os procedimento consistiram em: colocar as amostras na proveta, pesar o cadinho 25ml na
balança analítica, inserir amostras da proveta nos cadinhos de porcelana, pesar os cadinhos com
amostra não seca, anotar os valores ilustrados pela balança, colocar as amostras na estufa de
controlo de qualidade, ligar a estufa a uma temperatura de 103oC a 105o C por 24horas, pesar
os cadinhos com as amostras secas e anotar os valores.

O teor de sólido foi obtido a partir da seguinte fórmula:

(𝐴 − 𝐵)𝑥100 (3)
% 𝑆𝑇 =
𝐶 −𝐵

33
Onde:

ST- Sólidos totais (%);

A – Peso do cadinho com amostra seca (mg);

B – Peso do cadinho sem amostra (mg);

C – Peso do cadinho com amostra húmida (mg).

(a) (b) (c) (d)


Figura 20: Etapas de análise de ST: a) amostra na proveta, b) cadinho sem amostra, c) cadinho com amostra e
d) cadinhos com amostras na estufa.
Fonte: Autor (2019).

3.3 Calibração e validação do modelo matemático

Os procedimentos metodológicos para a calibração e validação do modelo aplicado


consistiram essencialmente em simulações consecutivas, com a alteração das condições iniciais
e outros parâmetros, que foram constantemente comparadas com as medições experimentais
obtidas na instalação-piloto. Estes procedimentos foram realizados com recurso ao software
EXCEL, que dispõe de ferramentas e recursos disponíveis que deram suporte não só à
implementação do modelo, mas também à edição dos dados necessários incluindo as vantagens
existentes para a apresentação dos resultados a partir dos diferentes tipos de gráficos utilizados.
De forma resumida, os procedimentos são apresentados no esquema a seguir:

34
Figura 21: Fluxograma esquemático de aplicação do modelo matemático ao longo do ciclo.
Fonte: Autor (2019).

CAPITULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Avaliação de Condutividade Hidráulica Saturada em Leitos de Secagem


Geralmente a condutividade hidráulica saturada em leitos de secagem ou em qualquer
meio poroso apresenta um comportamento uniforme ou constante. Os gráficos abaixo
ilustrados mostram uma dispersão ou variação no que tange a condutividade hidráulica
saturada, sendo que observou-se uma média para LS01 de 0,00025m/s, para LS01 linha de
0,006 m/s, para LS02 de 0,0002 m/s, para LS02 linha de 0,0002 m/s, para LS03 de 0,0002 m/s,
para LS03 linha de 0,0002 m/s, para LS04 de 0,0002 m/s, para LS04 linha de 0,0003 m/s.

Figura 22: Comportamento de LS01 e LS01 linha na avaliação da K saturada.


Fonte: Autor (2019).

35
Figura 23: Comportamento de LS02 e LS02 linha na avaliação da K saturada.
Fonte: Autor (2019).

Figura 24: Comportamento de LS03 e LS03 linha na avaliação da K saturada.


Fonte: Autor (2019).

Esta diferença deveu-se principalmente a variação da vazão, visto que o sistema de


abastecimento de água que a faculdade possui é semi-centralizado, o que faz com que haja
alteração da vazão a medida em que a água vai sendo retirada para outros fins, como por
exemplo a irrigação de campos de agrícolas.

Figura 25: Comportamento de LS04 e LS04 linha na avaliação da K saturada.


Fonte: Autor (2019).

O outro aspecto importante que foi possível observar no que tange ao ensaio hidráulico
quanto ao comportamento diferenciado da relação velocidade de escoamento e tempo, deveu-
se a factores como: o tamanho do meio poroso e a compactação do meio filtrante. Henry Darcy,
demonstrou em seus estudos que a vazão é proporcional a um coeficiente de proporcionalidade

36
(K), chamado de condutividade hidráulica, que varia de acordo com as características do meio
poroso (FERNANDO et al.,2015).

4.2. Avaliação de porosidade inicial ou cedência específica


Observou-se uma ligeira variação da porosidade inicial na ordem de 11.02%, sendo a
menor de 31.08% verificado no LS 02 e a maior de 42.10% verificado no LS 04. Desta forma,
foi notório que as diferenças da porosidade nos meios filtrantes estiveram relacionadas
principalmente ao factor compactação do meio filtrante e a inclinação de base de alvenaria.

Tabela 2: Avaliação de porosidade inicial ou cedência específica.

Identificação dos leitos de secagem Porosidade inicial (%)


LS 01 37.73
LS 01 linha 35.00
LS 02 31.08
LS 02 linha 33.75
LS 03 37.98
LS 03 linha 32.99
LS 04 42.10
LS 04 linha 32.63
Fonte: Autor (2019).

4.3. Monitoramento do processo da desidratação de lamas fecais em leitos de secagem

4.3.1. pH
Os gráficos a baixo ilustram o pH de lamas fecais e escorrências em todos os leitos de
secagem ao longo do ciclo.

Figura 26: PH de lamas fecais e escorrências no interior dos leitos de secagem.


Fonte: Autor (2019).

Observou-se que do primeiro ao sétimo dia de análises, o PH de ambos os leitos eram


alcalinos com valores na ordem de 7 a 8, evidenciando assim a presença de bicarbonatos. No
oitavo dia da análise, o PH teve um comportamento decrescente com valores na ordem de 5 a
6, o que indica a presenças de gases, e este meio ácido prevaleceu até o dia14 de julho. Após a
estabilização da lama, o meio tornou-se novamente alcalino, na faixa de 7 a 8 em ambos os

37
leitos. De acordo com o Decreto no 18/2004 de 2 de junho, ambos os leitos apresentam valores
que estão nos Padrões máximos permitidos, referente ao PH que é de (6 a 9) para efluentes
domésticos.

4.3.2. Temperatura

Pode observar-se nos gráficos abaixo o comportamento da temperatura da lama e de


escorrência nos LS ao longo do ciclo. O LS03 registou temperaturas para lamas e escorrências
tendo máxima de 25,1º C e 25,5º C, media de 19,6º C e 23,76º C e mínima de 15,6º C e 21,5º
C, respectivamente.

Figura 27: Concentração da temperatura em (ᴼC) de lamas fecais e escorrências em LS.


Fonte: Autor (2019).

O LS04 registou temperaturas para lamas e escorrências, com uma máxima de 25,4º C
e 29,3º C, media de 20,4º C e 24,03º C e mínima de 16,9º C e 21,5º C, respectivamente. Para o
LS04 linha, registou-se temperaturas para lamas e escorrências, situadas em: máxima de 25,1º
C e 23,9º C, media de 19,5º C e 21,29º C e mínima de 16,7º C e 16,7º C, respectivamente.

4.3.3. CE
Os gráficos a baixo ilustram a concentração de CE de lamas fecais e escorrências em
todos os leitos de secagem ao longo do ciclo. Registou-se no LS03 uma média e um desvio
padrão na CE em torno de 3,12 mS/cm e 0,53 mS/cm para lamas, e 3,71 mS/cm e 1,94 mS/cm
para escorrência, respectivamente.

Figura 28: Concentração da CE de lamas fecais e escorrências em leitos de secagem no decorrer do ciclo.

38
Fonte: Autor (2019)

O LS04, registou uma média e um desvio padrão na CE em torno de 2,90 mS/cm e 0,52
mS/cm para lamas, e 3,43 mS/cm e 0,27 mS/cm para escorrência, respectivamente. Para LS04
linha, registou-se uma média e um desvio padrão na CE em torno de 3,37 mS/cm e 0,85 mS/cm
para lamas, e 3,51 mS/cm e 0,55 mS/cm para escorrência, respectivamente.

Quanto mais ácida for a substância, maior é capacidade que ela possui de conduzir a
corrente eléctrica. Deste modo, pode se dizer que o aumento da CE vai indicar a maior a
quantidade de iões dissolvidos no meio. Com a redução do pH no dia 16 de julho, verificou-se
um aumento na CE em todos os leitos devido a acidez carbónica.

4.3.4. OD
Os gráficos a baixo ilustram a concentração de OD de lamas fecais e escorrências em
todos os leitos de secagem ao longo do ciclo. Registou-se no LS03 uma média e um desvio
padrão no OD em torno de 12,40 mg/L e 5,95 mg/L para lamas, e 10,07 mg/L e 3,93 mg/L para
escorrência, respectivamente. O LS04, registou uma média e um desvio padrão no OD em torno
de 13,38 mg/L e 6,11 mg/L para lamas, e 10,27 mg/L e 5,64 mg/L para escorrência,
respectivamente. Para LS04 linha, registou-se uma média e um desvio padrão no OD em torno
de 11,95 mg/L e 6,67 mg/L para lamas, e 9,69 mg/L e 5,79 mg/L para escorrência,
respectivamente.

Figura 29: Concentração de OD de lamas fecais e escorrências em leitos de secagem no decorrer do ciclo.
Fonte: Autor (2019).

Segundo o Decreto 18/2004 de 2 de junho, as variações nos teores de OD estão


associados aos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem nos corpos de lamas
fecais. Quanto maior for a temperatura menor é a dissolução de OD, assim sendo, justifica-se
a fraca concentração de OD no dia 15 e 18 de julho, visto que a lama atingiu uma temperatura
média na faixa de 25 °C a 26 °C. O outro factor responsável pela redução de OD, está
relacionado a actividade respiratória das bactérias para a estabilização da matéria orgânica.

39
4.3.5. TS

O desempenho dos leitos de secagem de lamas pode ser avaliado através da


determinação da evolução dos valores de teor sólidos da camada de lamas no interior dos leitos,
em função do tempo decorrido desde o carregamento. Enquanto a eficiência dos leitos pode ser
avaliada pela diminuição da espessura da camada de lamas ao longo do ciclo.

Tabela 3: Características iniciais das camadas de lamas depositadas em cada leito.

Identificação do leito Espessura inicial da camada de lamas Teor de sólidos (%)


(cm)
LS03 35 03
LS04 43 03
LS04 linha 43 04
Fonte: Autor (2019).

Os gráficos abaixo ilustram a evolução dos valores de teor de sólidos e a espessura de


camadas de lamas fecais no interior de LS03, LS04 e LS04 linha, no decorrer do ciclo da
desidratação de lamas fecais, realizados entre os dias 04 de Julho a 25 de Julho do ano em
curso.

0% 20% 54% 0% 23% 53%


Figura 30: Valores de Teor de sólidos das camadas de lamas no interior dos LS03 e LS04 ao longo do ciclo.
Fonte: Autor (2019).

Com base nos gráficos acima, pode observar-se que houve uma evolução significativa
de teor de sólidos nos LS, de tal modo que, o LS03 apresentou uma concentração inicial de
teor de sólidos de 3% e final de 54%, resultando em um aumento na ordem de 51%. Observou-

40
se um comportamento contrário para a espessura da camada de lamas no mesmo leito, sendo
que a inicial foi de 35 cm e final de 2,5 cm, resultando numa redução na ordem de 94,29%.

O LS04, apresentou um teor de sólido inicial de 3% e final de 53%, resultando num


aumento de 50%. A espessura inicial da camada de lamas no LS04 foi de 43 cm e final de 2,6
cm, resultando numa redução na ordem de 93,72%.

0% 27% 46%
Figura 31: Valor de Teor de sólidos da camada de lamas no interior de LS04 linha, ao longo do ciclo.
Fonte: Autor (2019).

Quanto ao LS04 linha, o teor de sólido inicial foi de 4% e o final de 46%, resultando
em um aumento na ordem de 42%. Quanto a espessura da camada de lamas, observou-se no
início uma espessura de 43 cm e no final de 2,5 cm, resultando numa redução significativa de
94,19%.

Como seria de esperar, para as mesmas condições meteorológicas e o mesmo intervalo


de tempo, as lamas dispostas na camada com menor espessura inicial, no LS03, apresentaram
maior valor de TS final. As lamas depositadas no LS03, diferem em torno de 1%
comparativamente ao LS04 e 8% comparativamente ao LS04 linha. Esta diferença deveu-se a
dois factores, o primeiro compreende a menor espessura inicial da camada de lamas depositada
no interior do LS03 e o segundo factor está relacionado com a inadequada homogeneização
das lamas carregadas nos leitos.

41
Figura 32: Evolução do comportamento de teor de sólidos e espessura da camada de lamas de todos os leitos.
Fonte: Autor (2019).

Conforme pode se observar no gráfico acima, o LS03 foi o que apresentou maior
concentração de teor de sólidos, na ordem de 54%, seguido do LS04 com 53% e o menor valor
foi observado no LS04 linha de 46%. O LS03 e LS04 linha apresentaram uma redução similar
da espessura da camada de lamas, diferenciando-se apenas na espessura inicial. Diferentemente
do LS04 com uma espessura final de 2,6 cm. Desta forma, é evidente a diminuição da espessura
da camada de lamas ao longo do ciclo.

Os gráficos abaixo mostram o comportamento do teor de humidade das lamas fecais ao


longo do processo da desidratação em leitos de secagem.

Figura 33: comportamento do teor de humidade em leitos de secagem ao longo do ciclo.


Fonte: Autor (2019).

Figura 34: Comportamento do teor de humidade em leitos de secagem ao longo do ciclo.


Fonte: Autor (2019).

42
No que tange ao comportamento de TH do LS03, registou-se no primeiro e ultimo dia
um valor de 97% e 46%, respectivamente, tendo-se uma redução na ordem de 51%. Para o
LS04, observou-se uma desidratação similar ao LS03, sendo que registou-se no primeiro e
ultimo dia um valor de 97% e 47%, respectivamente, tendo-se uma redução na ordem de 50%.
Diferentemente do LS04 linha, onde verificou-se no primeiro e ultimo dia um valor de 96% e
54%, respectivamente, tendo-se observado a menor redução, na ordem de 42%.

Relativamente ao processo de drenagem em leitos de secagem, a maior parte dos


autores define uma redução do valor próximo a 80% de TH nas lamas. MELO (2006) em seu
estudo realizado em Campina Grande – Brasil, obteve um valor inicial de TH de 40% em LDI
e 45% em LCI e um valor final de 10% para ambos leitos, resultando em uma redução de 30%
em LDI e 35% em LCI, em um período compreendido entre 8 dias em LCI e 7 dias em LDI.
Comparativamente aos valores obtidos nos experimentos realizados, pode-se observar que os
valores obtidos por MELO tiveram um nível de redução de TH inferiores aos obtidos no
experimento. O autor aponta que os factores que o conduziram aos resultados obtidos por ele
possam estar relacionados ao tipo característico da lama, do clima seco e quente e do tempo de
secagem da própria lama. O factor chave que se pode observar, refere-se ao facto do MELO
ter usado em seu experimento lamas com um TH muito baixo, a que se pode comparar com as
lamas finais do LS03 e LS04.

Os gráficos abaixo apresentam o desempenho da massa liquida drenada em todos leitos


de secagem ao logo do ciclo.

Figura 35: Massa liquida drenada, ao longo do ciclo da desidratação de lamas fecais.
Fonte: Autor (2019).

43
Figura 36: Massa liquida drenada, ao longo do ciclo da desidratação de lamas fecais.
Fonte: Autor (2019).

O processo de drenagem em leitos de secagem levou aproximadamente 6 dias para o


LS03 e LS04 linha e 5 dias para LS04. Para a massa de água drenada ao longo do ciclo,
observou-se no LS03, que no primeiro dia a quantidade de água drenada foi de 158,9kg e no
último dia de 8,2Kg, tendo-se uma redução na ordem de 94,84%. No que tange ao LS04, foi
notório no primeiro dia um valor de 180kg e no último um valor de 0,8Kg, tendo-se uma
redução de 99,56%. A menor redução da massa de água drenada foi observada no LS04 linha,
onde registou-se no primeiro dia um valor de 136,9kg e no último dia um valor de 16,4kg,
tendo-se assim uma redução na ordem de 88,02%.

4.4. Modelação do desempenho dos leitos de secagem

4.4.1. Considerações gerais


Uma vez obtidos os dados meteorológicos e conhecidas as dimensões dos leitos, a
espessura das camadas de lamas aplicadas em cada leito e o TS inicial dos mesmos, indicados
na tabela 3, foi aplicado o modelo matemático, para a previsão dos valores de TH, espessura
da camada de lamas e a massa de água drenada ao longo do ciclo de desidratação nos leitos de
secagem experimentais considerados.

Os resultados apresentados nos gráficos foram obtidos através da aplicação do modelo


matemático do balanço hídrico de massa. Para a obtenção destes resultados foram inseridas
todas as equações matemáticas no modelo, com vista a traduzir o comportamento dos leitos de
secagem, no que tange a remoção da água através do processo de drenagem a partir de dados
obtidos no experimento, com auxílio de dados meteorológicos fornecidos pelo INAM.

Os gráficos abaixo mostram o comportamento de TH de todos os leitos. Os resultados


foram obtidos a partir da simulação realizada para os dias compreendidos entre 04 a 25 de julho
de 2019.

44
Figura 37: O comportamento de TH de todos leitos de secagem ao longo do ciclo.
Fonte: Autor (2019).

Com base na modelação matemática, foi possível prever para o LS03 um TH final de
87.1%, tendo-se como TH inicial de 97%, fazendo com que haja deste modo, uma redução na
ordem de 9,9%. Para o LS04, previu-se um TH final de 92,1%, tendo-se como TH inicial de
97%, fazendo com que haja uma redução de 4,9%. Quanto ao LS04 linha, tendo-se como um
TH inicial de 96%, foi possível prever um TH final de 84,5% após os 14 dias de desidratação,
ficando deste modo evidente uma redução de TH na ordem de 11,5%.

Os gráficos abaixo mostram o comportamento da massa de água drenada de todos os


leitos. Os resultados foram obtidos a partir da simulação

45
Figura 38: O comportamento da massa de água drenada em ambos os leitos a partir da simulação ao longo do
ciclo.
Fonte: Autor (2019).

Com base na simulação, o processo de drenagem em leitos de secagem levou


aproximadamente 6 dias para o LS04 e LS04 linha e 5 dias para LS03. Para a massa de água
drenada ao longo do ciclo, previu-se no LS03, que no primeiro dia a quantidade de água
drenada seria de 87,25kg e no último dia de 0,90kg, tendo-se uma redução na ordem de 98,97%.
No que tange ao LS04, previu-se no primeiro dia um valor de 66,75kg e no último um valor de
0,03kg, tendo-se uma redução de 99,96%. A menor redução da massa de água drenada foi
prevista no LS04 linha, onde registou-se no primeiro dia um valor de 64,73kg e no último dia
um valor de 0,27kg, tendo-se assim uma redução na ordem de 99,58%.

Os gráficos abaixo ilustram o comportamento da espessura da camada de lamas de


todos leitos a partir da simulação ao longo do ciclo.

46
Figura 39: Simulação da espessura de lamas de todos leitos ao longo do ciclo.
Fonte: Autor (2019).

Com base nos gráficos acima, pode observar-se o comportamento da espessura da


camada de lamas nos leitos de secagem a partir da simulação. Onde o LS03 teve um valor
inicial de 0,35 m e um valor final de 0,08 m, resultando numa redução na ordem de 74,29%.
Quanto ao LS04 linha, a espessura da camada de lamas inicial foi de 0,43 m e no final de 0,11
m, resultando numa redução significativa de 74,42%. Diferentemente do LS04, que apresentou
menor nível de redução da espessura da camada de lamas, tendo-se uma espessura inicial de
0,43 m e final de 0,16m, resultando numa redução na ordem de 62,79%.

4.5. Análise comparativa dos resultados experimentais e obtidos por modelação

4.5.1. Teor de Humidade

Quanto ao TH, pode-se observar no gráfico abaixo uma larga diferença em todos os LS,
tendo-se uma menor redução no TH final para os valor previstos pelo modelo, em média na
ordem de 8,77%, diferentemente dos valores obtidos no experimento realizado em campo, que
média rondou na ordem de 49%, dando desta forma uma diferença na ordem de 40,23%.

Figura 40: Teor de humidade ao longo do ciclo.


Fonte: Autor (2019).

47
No LS03, para o experimento realizado em campo, registou-se uma redução de TH na
ordem de 51%, diferentemente do valor previsto pelo modelo, na ordem de 9,9%, fazendo com
que haja desta forma uma diferença de TH situada em 41,1%. Para o LS04, registou-se no
experimento realizado em campo uma redução de TH na ordem de 50%, valor este superior a
4,9% de redução de TH previsto pelo modelo, originando deste modo uma diferença de 45,1%
de TH. E quanto ao LS04 linha, registou-se a maior redução de TH como valor previsto pelo
modelo, na ordem de 11,5%, e a menor redução de TH para o experimento, na ordem de 42%,
originando deste modo a menor diferença de TH, na ordem dos 30,5%.

4.5.2. Massa de água drenada

O processo de drenagem em leitos de secagem levou um período compreendido entre


5 e 6 dias, tanto para o experimento realizado, quanto para simulação matemática,
diferenciando-se apenas nos leitos de secagem, tendo-se desta forma, 5 dias em LS04 e 6 dias
em LS03 e LS04 linha para o experimento, e 5 dias em LS03 e 6 dias em LS04 e LS04 linha
para a simulação. Quanto a massa de água drenada ao longo do ciclo, pode-se observar em
média uma redução em torno de 94,14% para o experimento e 99,50% para simulação. A massa
de água drenada média no primeiro e último dia foi de 158,6 kg e 8,47 kg para o experimento
e 72,9 kg e 0,4 kg para simulação, respectivamente.

Figura 41: Massa de água drenada ao longo do ciclo.


Fonte: Autor (2019).

Quanto a massa de água drenada ao longo do ciclo, observou-se no LS03, uma massa
de água drenada no primeiro e ultimo dia de 158,9kg e 8,2Kg para o experimento, e 87,25kg e
0,90kg para a simulação, respectivamente., dando desta forma uma diferença na redução em

48
torno de 4,13% de massa de água drenada. No LS04, observou-se uma quantidade de água
drenada para o primeiro e ultimo dia de 180kg e 0,8Kg para o experimento, e 66,75kg e 0,03kg
para simulação, respectivamente., originando uma diferença na redução de massa de água
drenada na ordem de 0,4%. Para o LS04 linha, observou-se uma massa de água drenada no
primeiro e ultimo dia de 136,9kg e 16,4kg para o experimento, e 64,73kg e 0,27kg para a
simulação, respectivamente., dando desta forma a maior diferença de massa de água drenada
observada, em torno de 11.56%.

4.5.3. Espessura da camada de lamas

Quanto a espessura da camada de lamas, pode observar-se no gráfico abaixo que as


previsões feitas pelo modelo revelaram uma espessura inicial igual ao do experimento,
diferenciando apenas na espessura final. Em média a espessura final prevista pelo modelo,
esteve na ordem de 11,67 cm, diferentemente da espessura média registada no experimento, de
2,53 cm, dando desta forma uma diferença situada em torno de 78,32%.

Figura 42: Espessura da camada de lamas ao longo do ciclo.


Fonte: Autor (2019).

No LS03, registou-se uma espessura final de 2,5 cm para o experimento e 8 cm para a


simulação, dando deste modo uma diferença na redução da espessura na ordem de 20%. Pra o
LS04, registou-se uma espessura final da camada de lama de 2,6 cm no experimento e 16 cm
para simulação, tendo-se uma diferença na redução de 30,93%. O LS04 linha, registou uma
49
espessura final de 2,5 cm para o experimento e 11 cm para a simulação, e originou uma menor
diferença na redução da espessura da camada de lama, em torno de 19,77%.

Finalmente, pode se referir que o modelo matemático do balanco hídrico de massa


aplicado, não constitui ainda um modelo eficiente para a previsão de TH e espessura final da
camada de lamas, podendo ser aplicado para a previsão do tempo de drenagem e do teor de
humidade inicia e massa de água drenada. Acredita-se que o principal factor que conduziu a
previsão de resultados imprecisos no que tange ao TH final e espessura final da camada de
lamas que estiveram relacionados a homogeneização das lamas.

50
CAPITULO V- CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusões

A instalação piloto teve uma área de 30 m2, sendo definida em quatro (4) unidades:
unidade de desidratação, unidade de tratamento de águas residuais, poço de filtração e área de
vegetação. Integrando oito (8) leitos de secagem de lamas fecais e um (1) tanque de tratamento
de efluentes drenados no processo de desidratação.

Com base em ensaios experimentais, concluiu-se que as médias máximas e mínimas da


condutividade hidráulica saturada estiveram situadas em torno de 0.006m/s para LS01 linha e
0,0002m/s para LS02, LS02 linha, LS03, LS03 linha e LS04, respectivamente, o que demonstra
baixos níveis de variação. Quanto aos ensaios da porosidade inicial, os leitos não apresentaram
também variação considerável, tendo-se deste modo uma média máxima de 42,10% para LS04
e uma média mínima de 31,08% para LS02.

Os parâmetros estabelecidos no modelo matemático foram a espessura da cama de


lamas, a massa de água drenada e o teor de sólidos e/ou teor de humidade.

O modelo matemático do balanco hídrico de massa aplicado, constituiu-se eficiente


para a previsão do tempo de drenagem, massa de água drenada e do teor de humidade inicial,
não podendo ser aplicado para a previsão de TH final e espessura final da camada de lamas. E
sendo desta forma aplicável para as condições de Chimoio.

51
5.2. Sugestões

As sugestões abaixo apresentadas são direcionadas á comunidade académica, aos


pesquisadores, as entidades responsáveis pela gestão de lamas fecais e a todas as instituições
viradas a área de saneamento ambiental:

 Sugere-se aos futuros pesquisadores que se desenvolva um modelo matemático mais


pormenorizado e que se instale uma estão meteorológica no local do experimento para
melhor precisão dos dados meteorológicos. Assim como, que se desenvolvam trabalhos
relacionado a aplicação do modelo matemático com recurso ao mecanismo de remoção
de água no leito por evaporação, como forma de se ultrapassar as dificuldades
enfrentadas neste trabalho.
 Sugere-se ainda aos pesquisadores, o desenvolvimento de um modelo matemático de
balanco energético a partir dos resultados experimentais, assim como, que se
acrescentem parâmetros a monitorar, como o caso do nitrato, fosfato, DBO e DQO, que
ditam a valorização de lamas fecais para fins diversificados.
 Sugere-se as entidades de gestão de lamas fecais a optarem pelo uso de leitos de
secagem natural, com vista a boa gestão e minimização de doenças relacionadas a
inadequada gestão de lamas fecais.

52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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21. PROMAN, Centro de Estudo e Projectos, SA. Avaliação da Localização Pré-
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54
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24. SPERLING, M., Biological Wastewater Treatment - Volume 1: Wastewater
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25. STRANDE, L., RONTELTAP, M., BRDJANOVIC, D., Faecal Sludge Management
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UK, 2014, 2008 ISBN: 9781780404721
26. TUROVSKIY, I. S. & MATHAI, P. K., Wastewater Sludge Pocessing. John Wiley e
Sons, Inc, Nova Jersey, 2006

55
APÊNDICE

Tabela 4 - Calibração por drenagem para cada leito ao longo do ciclo.


LS03
Cc (%) 88.1 LS03
Md_EXP Mw_EXP THD_EXP Mw_Pred Md_Pred THD_Pred Rt (m^- Rm (m^- Rc (m^-
t (d) Kd (d^-1) MCc (L) t (d) Erro K (s^-1) Ko (m2) α (m/kg)
K (m/s) 2.00E-04 (kg) (kg) (%) (kg) (kg) (%) 1) 1) 1)
g (m/s2) 9.81 0.0 0.0 339.5 97.0 0.0 77.7 0.0 339.5 0.0 97.0
ρ (Kg/m3) 998 1.0 150.0 189.5 94.8 3.6 77.7 1.0 252.4 3952.4 87.1 96.0 4.1E-05 2.4E+11 2.0E-11 2.0E+10 2.2E+11 2.1E+10
ρs (Kg/m3) 1015 2.3 60.0 129.5 92.5 2.0 77.7 2.3 145.7 262.8 106.7 93.3 2.4E-05 4.1E+11 2.0E-11 2.0E+10 3.9E+11 3.8E+10
µ (Kg/ms) 0.001 3.3 28.8 100.7 90.6 1.4 77.7 3.3 91.4 86.5 54.3 89.7 1.6E-05 6.0E+11 2.0E-11 2.0E+10 5.8E+11 5.6E+10
Lm (m) 0.4 4.3 14.5 86.2 89.1 0.7 77.7 4.3 77.8 70.3 13.6 88.1 8.3E-06 1.2E+12 2.0E-11 2.0E+10 1.2E+12 1.1E+11
C (kg/m3) 30 5.1 8.2 78.0 88.1 0.1 77.7 5.1 77.7 0.1 0.1 88.1 1.6E-06 6.3E+12 2.0E-11 2.0E+10 6.2E+12 5.9E+11
Ho (m) 0.35
Mw (L) 339.5
Kd (d^-1) 1.7 1.7 4372.1 261.8 2.0E-05 5.0E+11 2.0E-11 2.0E+10 4.8E+11 4.6E+10
td (d) 5.2 1.6E+11
MCc (kg) 77.7
Ms (kg) 10.5
V (L) 350

LS04
Cc (%) 92.3 LS04
Md_EXP Mw_EXP THD_EXP Mw_Pred Md_Pred THD_Pred Rt (m^- Rm (m^- Rc (m^-
t (d) Kd (d^-1) MCc (L) t (d) Erro K (s^-1) Ko (m2) α (m/kg)
K (m/s) 2.00E-04 (kg) (kg) (%) (kg) (kg) (%) 1) 1) 1)
g (m/s2) 9.81 0.0 0.0 417.1 97.0 0.0 154.6 0.0 417.1 0.0 97.0
ρ (Kg/m3) 998 1.0 180.0 237.1 94.8 4.7 154.6 1.0 340.8 10749.0 76.3 96.4 5.5E-05 1.8E+11 2.0E-11 2.0E+10 1.6E+11 1.2E+10
ρs (Kg/m3) 1015 2.1 60.0 177.1 93.2 3.9 154.6 2.1 262.1 7217.2 78.7 95.3 4.5E-05 2.2E+11 2.0E-11 2.0E+10 2.0E+11 1.6E+10
µ (Kg/ms) 0.001 3.2 18.6 158.5 92.5 2.9 154.6 3.2 187.9 861.8 74.2 93.6 3.3E-05 3.0E+11 2.0E-11 2.0E+10 2.8E+11 2.1E+10
Lm (m) 0.4 4.3 3.4 155.1 92.3 1.5 154.6 4.3 155.4 0.1 32.5 92.3 1.7E-05 5.6E+11 2.0E-11 2.0E+10 5.4E+11 4.2E+10
C (kg/m3) 30 5.3 0.2 154.9 92.3 0.1 154.6 5.3 154.6 0.1 0.7 92.3 7.5E-07 1.3E+13 2.0E-11 2.0E+10 1.3E+13 1.0E+12
Ho (m) 0.43
Mw (L) 417.1
Kd (d^-1) 1.4 1.4 18828.1 262.5 1.6E-05 6.0E+11 2.0E-11 2.0E+10 5.8E+11 4.5E+10
td (d) 5.3 2.2E+11
MCc (kg) 154.6
Ms (kg) 12.9
V (L) 430

LS04 linha
Cc (%) 85.1 ENS01
Md_EXP Mw_EXP THD_EXP Mw_Pred Md_Pred THD_Pred Rt (m^- Rm (m^- Rc (m^-
t (d) Kd (d^-1) MCc (L) t (d) Erro K (s^-1) Ko (m2) α (m/kg)
K (m/s) 3.00E-04 (kg) (kg) (%) (kg) (kg) (%) 1) 1) 1)
g (m/s2) 9.81 0.0 0.0 412.8 96.0 0.0 98.2 0.0 412.8 0.0 96.0
ρ (Kg/m3) 998 1.0 136.9 275.9 94.1 2.9 98.2 1.0 351.0 5644.8 61.8 95.3 3.3E-05 2.9E+11 3.1E-11 1.3E+10 2.8E+11 1.6E+10
ρs (Kg/m3) 1015 2.1 60.0 215.9 92.6 2.0 98.2 2.1 282.2 4401.7 68.8 94.3 2.3E-05 4.2E+11 3.1E-11 1.3E+10 4.1E+11 2.4E+10
µ (Kg/ms) 0.001 3.2 42.3 173.6 91.0 1.4 98.2 3.2 202.2 819.9 80.0 92.2 1.6E-05 6.0E+11 3.1E-11 1.3E+10 5.8E+11 3.4E+10
Lm (m) 0.4 4.3 35.5 138.1 88.9 1.0 98.2 4.3 128.8 86.6 73.4 88.2 1.1E-05 8.7E+11 3.1E-11 1.3E+10 8.5E+11 5.0E+10
C (kg/m3) 40 5.3 23.1 115.0 87.0 0.6 98.2 5.3 99.5 239.7 29.3 85.3 6.8E-06 1.4E+12 3.1E-11 1.3E+10 1.4E+12 8.3E+10
Ho (m) 0.43 6.3 16.4 98.6 85.1 0.0 98.2 6.3 98.2 0.1 1.3 85.1 7.8E-08 1.3E+14 3.1E-11 1.3E+10 1.3E+14 7.3E+12
Mw (L) 412.8
Kd (d^-1) 1.1 1.1 11193.0 314.6 1.3E-05 7.7E+11 3.1E-11 1.3E+10 7.6E+11 4.4E+10
td (d) 6.3 1.3E+12
MCc (kg) 98.2
Ms (kg) 17.2
V (L) 430

56
Tabela 5 - Aplicação do modelo para a simulação de resultados previsto.

Caraterísticas da extensão do leito Caraterísticas da extensão do leito


Comprimento do Leito C m 1.00 Comprimento do Leito C m 1.00
Largura do Leito L m 1.00 Largura do Leito L m 1.00
Caraterísticas iniciais da lama a desidratar Caraterísticas iniciais da lama a desidratar
Teor de Solido Inicial TSo % 3.0 Teor de Solido Inicial TSo % 3.0
Teor de Humidade Inicial THo % 97.0
Teor de Humidade Inicial THo % 97.0
Concentração inicial de lamas C Kg/m3 30
Concentração inicial de lamas C Kg/m3 30
Carateristicas gerais do ensaio
Carateristicas gerais do ensaio
Espessura da camada inicial das lamas Ho m 0.35
Capacidade de campo das lamas Cc % 88.1 Espessura da camada inicial das lamas Ho m 0.43
Massa/Volume da capacidade de campo das VCc kg 77.7 Capacidade de campo das lamas Cc % 92.3
Passo de cálculo Dt dia 1 M assa/Volume da capacidade de campo das lamas VCc kg 154.6
Resistência específica do "Cake" α m/kg 4.6E+10 Passo de cálculo Dt dia 1
Condutividade hidráulica do meio filtrante K m/s 0.0002 Resistência específica do "Cake" α m/kg 4.5E+10
Espessura do meio filtrante Lm m 0.4 Condutividade hidráulica do meio filtrante K m/s 0.0002
Parâmetro de calibração do tempo de k1 m/dia 8.90 Espessura do meio filtrante Lm m 0.4
drenagem
Parâmetro de calibração do tempo de drenagem k1 m/dia 8.90
Parâmetro de calibração do tempo de a1 dia 0.51
Parâmetro de calibração do tempo de drenagem a1 dia 0.51
drenagem
Parâmetro de calibração do Cc kCc 178.9
Parâmetro de calibração do Cc kCc 178.9
Parâmetro de calibração do Cc α_Cc 0.20 Parâmetro de calibração do Cc α_Cc 0.20
Parâmetros estimados/ajustados Parâmetros estimados/ajustados
Área do Leito A m^2 1.0 Área do Leito A m^2 1.0
Kd dia^-1 1.7 Constante de proporcionalidade de drenagem Kd dia^-1 1.4
Constante de proporcionalidade de drenagem
Permeabilidade do meio filtrante Km m^2 2.04E-11
Permeabilidade do meio filtrante Km m^2 2.04E-11 Resistência do meio filtrante Rm 1/m 1.96E+10
Resistência do meio filtrante Rm 1/m 1.96E+10 Resistência do "Cake" Rc 1/m 5.85E+11
Resistência do "Cake" Rc 1/m 4.78E+11
Tempo de drenagem td dia 5.8
Tempo de drenagem td dia 5.2
Constantes físicas utilizadas
Constantes físicas utilizadas
M assa volúmica das lamas ρlamas kg/m^3 1000
Massa volúmica das lamas ρlamas kg/m^3 1000
Massa volúmica das água ρ0 kg/m^3 1000 M assa volúmica das água ρ0 kg/m^3 1000
Absortividade da superfície da lama αsl - 0.8 Absortividade da superfície da lama αsl - 0.8
Emissividade superficial da lama fecal εsl - 0.75 Emissividade superficial da lama fecal εsl - 0.75
Número de Prandtl do ar a 20° sob pressão Pr - 0.71 Número de Prandtl do ar a 20° sob pressão Pr - 0.71
Aceleração gravitacional g m/s^-2 9.80665 Aceleração gravitacional g m/s^-2 9.80665
Condutividade térmica do ar a 20° kar W/mK 0.02534 Condutividade térmica do ar a 20° kar W/mK 0.02534
Entalpia de vaporização hfg kJ/kg 2465.9 Entalpia de vaporização hfg kJ/kg 2465.9
Viscosidade cinemática do ar a 20° var m^2/s 0.00001455
Viscosidade cinemática do ar a 20° var m^2/s 0.00001455
Viscosidade dinâmica da água µ (Kg/ms) 0.001
Viscosidade dinâmica da água µ (Kg/ms) 0.001
Constante dos gases ideais R J/K*kg 8.321
Constante dos gases ideais R J/K*kg 8.321
Parâmetro da equação de Antoine A1 10.1962
Parâmetro da equação de Antoine A1 10.1962
Parâmetro da equação de Antoine B1 1730.63
Parâmetro da equação de Antoine B1 1730.63
Parâmetro da equação de Antoine C1 -39.724
Parâmetro da equação de Antoine C1 -39.724
Expoente relacionado ao efeito da camada seca n1 de lamas 0.3
Expoente relacionado ao efeito da camada seca de lamas
n1 0.3
Massa molar da água M_H2O kg/kmol 0.01801488
Massa molar da água M _H2O kg/kmol 0.01801488
Massa molar do ar seco M_D,g kg/kmol 0.02897
Xo (z=h) 18.2 Massa molar do ar seco M _D,g kg/kmol 0.02897
Xo (z=h) 18.2
R_H2O 461.5
R_H2O 461.5
R_D,g 286.8
R_D,g 286.8
ԑ 0.9
ԑ 0.9
W/(m^2K
Constante de Stefan-Boltzmann Constante de Stefan-Boltzmann σ W/(m^2K^4) 5.67E-08
σ ^4) 5.67E-08
Coeficiente de transferência de massa Kx kg/s*m^2 ∆X
950.0 Coeficiente de transferência de massa Kx kg/s*m^2 ∆X 950.0

57
Tabela 6 - Resultados obtidos por modelo em cada leito.
Resultado de LS03
Massa de Massa Massa de Massa de Perda de Teor de Espessura da
Massa Massa de Massa de Diferença de
Data/Tempo água nas de água água Humidade por Humidade camada de
das lamas água drenada água drenada pressão
lamas sólidos precipitada drenada drenagem (%) lamas
Vd_Acum ∆P_Model
dd-mm Dt (dia) Dt (s) (kg) Vw (kg) Vs (kg) Vp (Kg) Vd (Kg) Vd (Kg) THD (%) TH (%) H_Model (m)
(Kg) (kg/ms2)
04-julh 0.00 350.0 339.5 10.5 339.5 97.0 97.0 0.35 3329.4
05-julh 1.00 86400 264.2 253.7 10.5 0.00 252.3 87.25 87.2 96.0 96.0 0.26 2488.3
08-julh 2.00 172800 180.4 169.9 10.5 0.00 168.0 84.21 171.5 94.1 94.2 0.18 1666.0
09-julh 3.00 259200 113.1 102.6 10.5 0.00 103.4 64.63 236.1 90.8 90.7 0.11 1006.1
10-julh 4.00 345600 86.2 75.7 10.5 0.00 78.6 24.77 260.9 88.2 87.8 0.09 742.4
11-julh 5.00 432000 83.9 73.4 10.5 0.00 77.7 0.90 261.8 88.1 87.5 0.08 720.2
15-julh 6.00 518400 82.3 71.8 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.2 0.08 704.5
16-julh 7.00 604800 81.2 70.7 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.1 0.08 692.9
18-julho 8.00 691200 82.0 71.5 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.2 0.08 701.1
19-julh 9.00 777600 81.9 71.4 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.2 0.08 700.5
22-julh 10.00 864000 82.5 72.0 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.3 0.08 705.8
23-julh 11.00 950400 82.4 71.9 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.3 0.08 705.2
24-julh 12.00 1036800 81.6 71.1 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.1 0.08 697.3
25-julh 13.00 1123200 81.3 70.8 10.5 0.00 77.7 0.00 261.8 88.1 87.1 0.08 694.7

Resultado de LS04
Massa de Massa Massa de Massa de Perda de Teor de Espessura da
Massa Massa de Massa de Diferença de
Data/Tempo água nas de água água Humidade por Humidade camada de
das lamas água drenada água drenada pressão
lamas sólidos precipitada drenada drenagem (%) lamas
Vd_Acum ∆P_Model
dd-mm Dt (dia) Dt (s) (kg) Vw (kg) Vs (kg) Vp (Kg) Vd (Kg) Vd (Kg) THD (%) TH (%) H_Model (m)
(Kg) (kg/ms2)
04-julh 0.00 430.0 417.1 12.9 417.1 97.0 97.0 0.43 4090.4
05-julh 1.00 86400 365.2 352.3 12.9 0.00 350.3 66.75 66.8 96.4 96.5 0.37 3454.8
08-julh 2.00 172800 294.4 281.5 12.9 0.00 279.6 70.77 137.5 95.6 95.6 0.29 2760.7
09-julh 3.00 259200 224.7 211.8 12.9 0.00 212.4 67.20 204.7 94.3 94.3 0.22 2077.2
10-julh 4.00 345600 175.7 162.8 12.9 0.00 165.8 46.54 251.3 92.8 92.7 0.18 1596.5
11-julh 5.00 432000 164.8 151.9 12.9 0.00 154.7 11.17 262.4 92.3 92.2 0.16 1490.0
15-julh 6.00 518400 163.2 150.3 12.9 0.00 154.6 0.03 262.5 92.3 92.1 0.16 1473.8
16-julh 7.00 604800 161.8 148.9 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.0 0.16 1460.6
18-julho 8.00 691200 163.2 150.3 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.1 0.16 1474.0
19-julh 9.00 777600 163.1 150.2 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.1 0.16 1473.2
22-julh 10.00 864000 163.9 151.0 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.1 0.16 1480.7
23-julh 11.00 950400 163.9 151.0 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.1 0.16 1480.4
24-julh 12.00 1036800 162.9 150.0 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.1 0.16 1471.1
25-julh 13.00 1123200 162.5 149.6 12.9 0.00 154.6 0.00 262.5 92.3 92.1 0.16 1467.1

Resultado de LS04 linha


Massa de Massa Massa de Massa de Perda de Teor de Espessura da
Massa Massa de Massa de Diferença de
Data/Tempo água nas de água água Humidade por Humidade camada de
das lamas água drenada água drenada pressão
lamas sólidos precipitada drenada drenagem (%) lamas
Vd_Acum ∆P_Model
dd-mm Dt (dia) Dt (s) (kg) Vw (kg) Vs (kg) Vp (Kg) Vd (Kg) Vd (Kg) THD (%) TH (%) H_Model (m)
(Kg) (kg/ms2)
04-julh 0.00 430.0 412.8 17.2 412.8 96.0 96.0 0.43 4048.2
05-julh 1.00 86400 367.2 350.0 17.2 0.00 348.0 64.78 64.8 95.3 95.3 0.37 3431.9
08-julh 2.00 172800 292.9 275.7 17.2 0.00 273.8 74.23 139.0 94.1 94.1 0.29 2704.0
09-julh 3.00 259200 210.6 193.4 17.2 0.00 194.0 79.83 218.8 91.9 91.8 0.21 1896.9
10-julh 4.00 345600 138.9 121.7 17.2 0.00 124.6 69.34 288.2 87.9 87.6 0.14 1193.7
11-julh 5.00 432000 113.1 95.9 17.2 0.00 98.5 26.12 314.3 85.1 84.8 0.11 940.2
15-julh 6.00 518400 111.5 94.3 17.2 0.00 98.2 0.27 314.6 85.1 84.6 0.11 924.5
16-julh 7.00 604800 110.4 93.2 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.4 0.11 913.6
18-julho 8.00 691200 111.5 94.3 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.6 0.11 924.6
19-julh 9.00 777600 111.4 94.2 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.6 0.11 924.0
22-julh 10.00 864000 112.0 94.8 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.6 0.11 930.1
23-julh 11.00 950400 112.0 94.8 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.6 0.11 929.9
24-julh 12.00 1036800 111.2 94.0 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.5 0.11 922.2
25-julh 13.00 1123200 110.9 93.7 17.2 0.00 98.2 0.00 314.6 85.1 84.5 0.11 918.9

58
Apêndice: Imagens ilustrativas da instalação piloto.

Imagem: Instalação piloto de SLF. Imagem: Lamas fecais no interior do leito.

Imagem: amostras de lamas em fraco âmbar. Imagem: amostras de escorrência filtradas.

Imagem: sifão usado no ensaio de K e 𝑛𝑒 . Imagem: Guia de anotações em campo.

59
ANEXOS

Tabela 7 - Dados meteorológicos usados no modelo ao longo do ciclo.


LS03
Informação meteorológica
Data Radiação solar Humidade relativa do ar Temperatura do ar Temperatura superficial da lama Velocidade do vento Precipitação
dd-mm G (W/m2) HR (%) Ta (°C) Tsl (ºC) Wg (oo) P (mm)

04-julh 74 20 22.1 345600 0


05-julh 79 20 20.6 648000 0
08-julh 79 21.6 15.6 440640 0
09-julh 73 22.5 16.3 432000 0
10-julh 57 23.8 18.5 457920 0
11-julh 49 23.6 15.8 518400 0
15-julh 50 22.3 16.5 501120 0
16-julh 55 22.1 25.1 449280 0
18-julho 74 21 20.8 466560 0
19-julh 73 19 20.8 855360 0
22-julh 50 22.3 22 501120 0
23-julh 55 22.1 18.7 449280 0
24-julh 74 21 20.2 466560 0
25-julh 73 19 21.2 855360 0

LS04
Informação meteorológica
Data Radiação solar Humidade relativa do ar Temperatura do ar Temperatura superficial da lama Velocidade do vento Precipitação
dd-mm G (W/m2) HR (%) Ta (°C) Tsl (ºC) Wg (oo) P (mm)

04-julh 74 20 22.7 345600 0


05-julh 79 20 20 648000 0
08-julh 79 21.6 17 440640 0
09-julh 73 22.5 16.9 432000 0
10-julh 57 23.8 24.6 457920 0
11-julh 49 23.6 17.5 518400 0
15-julh 50 22.3 17.1 501120 0
16-julh 55 22.1 25.9 449280 0
18-julho 74 21 20.8 466560 0
19-julh 73 19 21 855360 0
22-julh 50 22.3 22.2 501120 0
23-julh 55 22.1 18.9 449280 0
24-julh 74 21 20 466560 0
25-julh 73 19 21 855360 0
LS04 LINHA
Informação meteorológica
Data Radiação solar Humidade relativa do ar Temperatura do ar Temperatura superficial da lama Velocidade do vento Precipitação
dd-mm G (W/m2) HR (%) Ta (°C) Tsl (ºC) Wg (oo) P (mm)

04-julh 74 20 22 345600 0
05-julh 79 20 18.6 648000 0
08-julh 79 21.6 15.5 440640 0
09-julh 73 22.5 16.7 432000 0
10-julh 57 23.8 17.3 457920 0
11-julh 49 23.6 17.1 518400 0
15-julh 50 22.3 17 501120 0
16-julh 55 22.1 25.1 449280 0
18-julho 74 21 20.4 466560 0
19-julh 73 19 20.9 855360 0
22-julh 50 22.3 22.4 501120 0
23-julh 55 22.1 18.5 449280 0
24-julh 74 21 20.2 466560 0
25-julh 73 19 21.2 855360 0

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