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DINÂMICA DE USO DO SOLO E O ESTADO DE DEGRADAÇÃO DAS FLORESTAS

RIBEIRINHAS DO RIO LICUNGO, NA CIDADE DE MOCUBA, PROVÍNCIA DA


ZAMBÉZIA, ENTRE 2006-2016.

COSTUMO JOSÉ LUÍS


UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

DINÂMICA DE USO DO SOLO E O ESTADO DE DEGRADAÇÃO DAS FLORESTAS


RIBEIRINHAS DO RIO LICUNGO, NA CIDADE DE MOCUBA, PROVÍNCIA DA
ZAMBÉZIA, ENTRE 2006-2016

COSTUMO JOSÉ LUÍS

Mocuba

2017
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

DINÂMICA DE USO DO SOLO E O ESTADO DE DEGRADAÇÃO DAS FLORESTAS


RIBEIRINHAS DO RIO LICUNGO, NA CIDADE DE MOCUBA, PROVÍNCIA DA
ZAMBÉZIA, ENTRE 2006-2016

Autor: Costumo José Luís

Orientador: Engo. Nelson Virgílio Rafael (M.Sc)

Co-orientadores: Engo. Marchante Olímpio Assura Ambrósio &

dr. Jaime Carlos Macuácua (M.Sc)

Monografia de conclusão do curso submetido à


Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal,
Universidade Zambeze, Mocuba, em parcial
cumprimento dos requisitos à obtenção do grau de
Licenciatura em Engenharia Florestal.

Mocuba

2017
DECLARAÇÃO

Eu, Costumo José Luís declaro que a monografia por mim apresentada é resultado do meu
próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do Grau de Licenciatura em Engenharia
Florestal na Universidade Zambeze, Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal - Mocuba.
Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra
Universidade.

_________________________________________
(Costumo José Luís)

Mocuba, ___de _____________de 2017

Costumo José Luís Página i


DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José Luís Tito e Rosalina Saene Alface (in memoriam) por me ter ensinado a
amar a vida, possuir paciência e coragem de lutar que as suas vidas o tenham, criadores da
minha alma que sempre estejam no meu coração.

Dedico-lhes este trabalho.

Costumo José Luís Página ii


AGRADECIMENTOS

Na elaboração de qualquer trabalho científico, por muito individual que seja, requer a ajuda, a
colaboração e o apoio de outras pessoas e instituições. Sendo assim, em primeiro dizer obrigado
á Deus todo-poderoso, senão continuar a orar para que este ilumine sempre o longo caminho que
ainda tenho a percorrer. É com imensa satisfação que agradeço a todos os que, directa ou
indirectamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

Á minha família, pela ajuda e carinho, especialmente ao meu irmão Gonçalves Tito que aceitou
compreensivelmente na continuação dos meus estudos assim como as minhas irmãs Josefa Tito,
Sara Tito, Júlia Tito, Noca Campira, Berta Campira, Domingas Campira, minha cunhada Amélia
Gaspar, meus cunhados (Wine Dolige, José Dias, Mateus Dias), todos meus sobrinhos e
sobrinhas.

Agradeço particularmente:

Aos meus orientadores Engo. Marchante Olímpio Assura Ambrósio, Engo. Nelson Virgílio
Rafael (M.Sc) & dr. Jaime Carlos Macuácua (M.Sc), pela disponibilidade e orientações
qualificadas, bem como as inspirações construtivas e encorajamentos para sempre prosseguir.
Sem me esquecer da Dra. Barbarita M. Moreno pelo apoia e pelas orientações e sugestões
prestadas durante a escolha de tema e sobre tudo pela grande amizade.

Aos meus amigos e colegas (Adélia Faustino, Sara Sel, Sebastião Serrote, Joaquim Ranguisse,
Vilma Sutia, Joaquim Jone, José Chassala, Paulo Macamo, Olga Sel, Mateus Mapossa, Dias
Faustino, João Conde, Alberto Manhoso, Filipe Majaranguanda, António Magare Miguel
Muhico, Alexandre DI Maria, Domingas António, Arlindo Matsinhe, Salvador Ricardo Namacua
Bruno Bonifácio) por estarem sempre do meu lado, me apoiando quer nos momentos de alegria
assim como de tristeza. Estes agradecimentos são extensivos aos meus demais colegas da FEAF
do curso de Engenharia Florestal geração 2012, os quais contribuíram grandemente para a
concretização deste sonho.

O meu muito obrigado a todos!

Costumo José Luís Página iii


EPÍGRAFE

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te
esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.”

(Oseias 4:6)

Costumo José Luís Página iv


ÍNDICE

Conteúdo Pág.

DECLARAÇÃO ............................................................................................................................. i

DEDICATÓRIA............................................................................................................................ ii

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ iii

EPÍGRAFE ................................................................................................................................... iv

RESUMO ..................................................................................................................................... vii

ABSTRACT ................................................................................................................................ viii

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. ix

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. ix

LISTA APÊNDICES ................................................................................................................... ix

LISTA DE SÍMBOLOS................................................................................................................ x

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ...................................................................... xi

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1. Generalidades ........................................................................................................................... 1

1.2. Problema e Justificativa ........................................................................................................... 2

1.3. Objectivos ................................................................................................................................ 3

1.3.1. Geral ...................................................................................................................................... 3

1.3.2. Específicos ............................................................................................................................ 3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 4

2.1. Floresta ribeirinha e sua importância ....................................................................................... 4

2.1.1. Características das florestas ribeirinhas ................................................................................ 5

2.1.2. Degradação das florestas ribeirinhas .................................................................................... 6

2.2. Geotecnologias aplicadas ......................................................................................................... 8

2.2.1. Imagens satélite Landsat-7 ETM+......................................................................................... 8

2.2.2. Sistemas de Informação Geográfica ................................................................................... 10

Costumo José Luís Página v


2.2.3. Sensoriamento remoto ........................................................................................................ 12

2.2.4. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) ................................................. 13

2.3. Processamento digital de imagens ......................................................................................... 14

III. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 16

3.1. Caracterização da área de estudo ........................................................................................... 16

3.2. Perfil da cidade de Mocuba e do rio Licungo ........................................................................ 17

3.3. Procedimentos metodológicos ............................................................................................... 18

3.3.1. Método de amostragem ....................................................................................................... 19

3.3.2. Técnicas de colecta de dados .............................................................................................. 20

3. 4. Processamento e Análise de dados ....................................................................................... 21

3.5. Caracterização da evolução de uso do solo nas florestas ribeirinhas ..................................... 22

3.6. Identificação das causas da degradação da cobertura das florestas ribeirinhas ..................... 22

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 23

4.1. Caracterização da evolução de uso do solo nas florestas ribeirinhas do rio Licungo, entre
2006-2016 ..................................................................................................................................... 23

4.2. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), entre 2006-2016 ........................ 25

4.3. Causas da degradação das florestas ribeirinhas do rio Licungo ............................................ 26

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 28

5.1. Conclusões ............................................................................................................................. 28

5.2. Recomendações...................................................................................................................... 28

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 29

VII. APÊNDICES ....................................................................................................................... 33

Costumo José Luís Página vi


RESUMO

O presente estudo foi realizado no distrito de Mocuba, concretamente nas comunidades de


Marmanelo, CFM, Sagra e Samora Machel, visando avaliar a dinâmica de uso do solo e
cobertura da floresta ribeirinha nas margens do rio Licungo, utilizando imagens satélite Landsat-
7 ETM+ do período compreendido entre 2006-2016. Para tal, foram adquiridas gratuitamente
imagens satélite no site www.dpi.inpe.br/spring acompanhados a um inquérito que serviram para
a diferenciação do uso e ocupação do solo. O pacote estatístico usado para processamento e
análise foi SPSS-16.0 e identificou-se as causas da degradação. As imagens foram processadas e
analisadas com auxílio dos softwares especializados, o ENVI-5.0 combinado com o ArcGIS-10.0.
Na caracterização foram definidas 5 classes temáticas. A urbanização foi a classe que causou
elevadas transformações de 32.7% em 2006 para 50.5% em 2016 e vegetação diminuiu
significativamente com 15.9% em 2006 para 10.3% em 2016. O cálculo do NDVI encontrou-se
nos parâmetros estabelecidos nas literaturas que varia de -1 a 1, mas com uma tendência para
valor negativo indicando assim uma perda na vegetação e estágio da vegetação ao longo dos 10
anos. Identificou-se seis (6) causas da degradação das florestas ribeirinhas, com maior destaque
para a urbanização com (30.5%), seguido a extracção de lenha e produção de carvão 22.5%,
queimadas (17.0%), a prática da agricultura (13.5%) e por fim, e a extracção de areia e pastagem
com (16.5%) No geral a dinâmica da cobertura da floresta ribeirinha nas margens do rio
Licungo, sofreu modificações na sua paisagem original, em decorrência da conversão das
florestas ribeirinhas na expansão urbana e prática agrícola.

Palavra-chave: Dinâmica do uso de solo; Estado da degradação; Imagens satélite; Florestas


ribeirinhas.

Costumo José Luís Página vii


ABSTRACT

The present study was carried out in the Mocuba district, specifically in the Marmanelo, CFM,
Sagra and Samora Machel communities, aiming to evaluate the land use dynamics and riverbank
cover on the banks of the Licungo river, using Landsat-7 ETM+ satellite images period 2006-
2016. To this end, satellite images were downloaded free of charge at www.dpi.inpe.br/spring
accompanied by a survey that served to differentiate land use and occupation. The statistical
package used for processing and analysis was SPSS-16.0 and the causes of degradation were
identified. The images were processed and analyzed with the help of specialized software, ENVI-
5.0 combined with ArcGIS-10.0. In the characterization, 5 thematic classes were defined.
Urbanization was the class that caused high transformations from 32.7% in 2006 to 50.5% in
2016 and vegetation decreased significantly with 15.9% in 2006 to 10.3% in 2016. The
calculation of NDVI was found in the parameters established in the literature that varies from - 1
to 1, but with a tendency to negative value thus indicating a loss in vegetation and stage of
vegetation over the 10 years. It was identified six (6) causes of degradation of the riverside
forests, with emphasis on urbanization with (30.5%), followed by extraction of firewood and
charcoal production 22.5%, burning (17.0%), agriculture (16.5%). In general, the dynamics of
the riverbank forest cover on the banks of the Licungo River, underwent modifications in its
original landscape, due to the conversion of the riverside forests into urban sprawl and
agricultural practice.

Key-words: Dynamics of soil use; State of degradation; Landsat / ETM7 satellite imagery;
Riverine forests.

Costumo José Luís Página viii


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Vista parcial da vegetação ribeirinha. ............................................................................. 5

Figura 2. Factores de degradação dos ecossistemas florestais. ....................................................... 7

Figura 3. Comportamento espectral das bandas. ............................................................................ 9

Figura 4. Componentes GIS. ......................................................................................................... 11

Figura 5. Reflectância da vegetação. ............................................................................................ 12

Figura 6. Localização geográfica da Área do estudo, Município de Mocuba. ............................. 16

Figura 7. Fluxograma das actividades de recolha de dados. Adaptado pelo Autor ...................... 19

Figura 8. Mapas da evolução do uso e ocupação do solo (2006-2016). ....................................... 23

Figura 9. Imagens de NDVI colorida dos anos de 2006-2016 ...................................................... 25

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Projecções da população na área de estudo .................................................................. 17

Tabela 2. Classes do uso e ocupação dos solos 2006-2016. ......................................................... 24

LISTA APÊNDICES

APÊNDICE 1. Questionário de entrevista .................................................................................... 33

APÊNDICE 2. Fotografias Captadas Ao Longo Do Estudo......................................................... 36

Costumo José Luís Página ix


LISTA DE SÍMBOLOS

E Erro

ha Hectare
k Quilómetro
km2 Quilómetros quadrado
m Metro
m2 Metros quadrados
μm Micrómetro
´ Minuto
% Percentagem
º Grau
ºC Graus Celsius

Costumo José Luís Página x


LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

ARA Administração Regional de Água


CCD Charge Coupled Dispositivo
CD Cartografia Digital
CFM Caminhos de Ferro de Moçambique
DNFFB Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia
ENVI Environment for Visualizang Images
ETM+ Enhanced Thematic Mapper Plus
EUA Estados Unidos da América
FAO Food and Agriculture Organization
GPS Sistema de Posicionamento Global
INE Instituto Nacional de Estatística
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LANDSAT Land Remote Sensing Satellite
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
MINAG Ministério de Agricultura
PDI Processamento Digital de Imagem
RBG Red-Brown-Green
REDD+ Redução das emissões do desmatamento e degradação florestal
SIG Sistema de Informação Geográfica
SPRING Sistema de Processamento de Informação Georreferenciada
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SR Sensoriamento Remoto
UTM Universal Transverse Mercator
WWF World Wide Fund

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Dinâmica de uso do solo e o estado de degradação das florestas ribeirinhas do rio Licungo, na cidade de Mocuba,
província da Zambézia, entre 2006-2016

I. INTRODUÇÃO

1.1. Generalidades

Moçambique é um dos poucos países na região da África Austral que ainda mantém uma
proporção considerável da sua área coberta com florestas, ao mesmo tempo é um dos países mais
pobres do mundo, com uma elevada taxa de desmatamento e degradação com cerca de 0.58%
anual para o período 1992-2002 (Sitoe et a., 2012).

As florestas produtivas apresentam 67% da cobertura florestal e são a maior parte das florestas
que o país possui com cerca de 20% dessas florestas estão em áreas de conservação e 10% em
áreas de protecção (FAO, 2010). Portanto, na diferenciação das florestas Marzoli (2007), diz que,
as florestas de conservação incluem todas as áreas localizadas em parques nacionais, reservas
florestais e coutadas de caça e as florestas de protecção incluem as unidades de terra localizadas
em áreas húmidas (florestas ribeirinhas e superfícies alagadas) e todas as florestas localizadas em
terrenos inacessíveis ou acidentados.

De acordo com Marzoli (2007), mais de 80% da população moçambicana depende directamente
dos recursos florestais para a sua sobrevivência, a agricultura é considerada a principal base da
economia, apesar de ser praticada usando técnicas rudimentares e dependentes de processos
naturais tais como a chuva e a recuperação da fertilidade de solo através do pousio de terras. Por
sua vez o aumento da população e o consequente aumento da pressão sobre os recursos florestais
tende a provocar degradação ambiental no país (MICOA, 2008).

A degradação das florestas ribeirinhas pode resultar em redução da biomassa e da


biodiversidade, em mudanças na qualidade e na disponibilidade de água onde o equilíbrio
ambiental é dependente entre outros factores da cobertura vegetal que garante a protecção dos
solos contra a erosão (Rosa, 2007). Para Affonso (2005), a retirada da vegetação pode causar
sérios impactos, por isso o uso do sensoriamento remoto (SR) por meio dos índices de vegetação
(IV) para avaliação das áreas florestadas passa a ser importante.

Segundo Albuquerque (2009), os sistemas de sensoriamento remoto vêm se firmando como uma
eficiente ferramenta para controlo e análise de recursos naturais em geral, pois têm a capacidade
de fazer o registo de dados da superfície e também da dinâmica da paisagem. Para Fernandes
(2013), a periodicidade das imagens associadas às metodologias propostas permite que sejam
feitas inferências e conclusões a cerca da superfície terrestre e dos alvos observados.

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Dinâmica de uso do solo e o estado de degradação das florestas ribeirinhas do rio Licungo, na cidade de Mocuba,
província da Zambézia, entre 2006-2016

Podem estar atrás da ocupação dos solos e destruição das florestas ribeirinhas o escasso
conhecimento sobre a dinâmica em florestas ribeirinha e dada a importância ambiental dessa
formação florestal sob constante ameaça de degradação, deve se investir em pesquisas, cujos
resultados serão subsídios indispensáveis às práticas de maneio e conservação da biodiversidade
(Botezelli, 2007).

Portanto, a bacia nos últimos anos, têm-se verificado o uso e ocupação dos solos, por diversas
actividades, aumentando assim o nível da degradação na qualidade da água. A demais tem-se
verificado o aumento contínuo da erosão devido a prática da agricultura (Marzoli, 2007).

1.2. Problema e Justificativa

A pobreza aliada ao desconhecimento da importância do ecossistema e reduzidos estudos sobre a


dinâmica dos impactos da degradação das florestas ribeirinhas poderá estar associado na origem
da degradação das florestas (MICOA, 2008).

Com a perspectiva de quantificar os factores da degradação ao longo dos 10 anos, surge a


necessidade de se avaliar a dinâmica do uso do solo e o estado de degradação das florestas
ribeirinhas do rio Licungo na cidade de Mocuba-Zambézia.

A escolha das comunidades para o estudo foi pelo facto dessas estarem localizadas ao longo do
rio Licungo e estas serem áreas observadas como sendo de maiores vulnerabilidades a
degradação, por outro lado as questões económicas e sociais da utilização dos recursos florestais
constitui a actividade principal da sobrevivência das famílias locais nas margens do rio Licungo.

Tendo em conta a ampla distribuição das florestas ribeirinhas no rio Licungo, a avaliação da
dinâmica de uso do solo e cobertura da floresta ribeirinha entre os anos 2006-2016 utilizando as
Imagens satélite, é relevante para o gerenciamento sustentável das áreas húmidas.

Portanto, Albuquerque (2009), defende que existe uma tendência mundial na utilização de
Imagens satélite para o gerenciamento de informações geoambientais e contribui para o
entendimento dos factores da degradação e possível elaboração de planos de gestão de
monitoramento da floresta.

Segundo Rodrigues (2000), estas florestas são consideradas como chaves para o equilíbrio
hidrológico e também da biodiversidade, sua destruição total ou degradação parcial causam
activação de inúmeros processos tais como erosão e assoreamento, dentre outros impactos já
evidentes nas áreas, em termos de erosão linear como médias e grandes ravinas. Por outra,

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província da Zambézia, entre 2006-2016

Moraes et al. (2012), defendem que é possível concluir que a retirada ou a degradação das
florestas ribeirinhas tem impacto no ciclo da água de uma bacia hidrográfica e um rio sem as
florestas a contorná-lo torna-se vulnerável a graves impactos, como o assoreamento e a perda de
diversidade biológica.

1.3. Objectivos

1.3.1. Geral

 Avaliar a dinâmica de uso do solo e cobertura da floresta ribeirinha do rio Licungo,


na cidade de Mocuba, utilizando imagens satélite Landsat-7 ETM+ no período
compreendido entre 2006-2016.

1.3.2. Específicos

 Caracterizar a evolução de uso do solo nas florestas ribeirinhas do rio Licungo, entre
2006-2016;

 Determinar os Índices de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) das imagens


satélite Landsat-7 ETM+ do rio Licungo entre os anos 2006-2016;

 Identificar as causas da degradação da cobertura das florestas ribeirinhas no rio


Licungo.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Floresta ribeirinha e sua importância

No mundo desde a década de 80, tornou-se o início das mudanças de paradigmas ambientais.
(Atanásio et al., 2012). Aliado a isso, existem interesses na extracção de areia, corte das árvores
para certos fins, agricultura, expansão urbana nas áreas ribeirinhas, por outro lado, a preservação
e restauração visa proteger suas funções hidrológicas e ecológicas, constituem etapa essencial na
busca da sustentabilidade (Lima & Zakia, 2000).

No entanto, as florestas ribeirinhas são formações vegetais que ocorrem ao longo das margens
dos rios, também são conhecidas por florestas ciliares, floresta de galerias são fonte
importantíssima para o estoque de águas subterrâneas, pelo seu papel de facilitar a infiltração de
água no solo (CGEA1, 2014).

Segundo Rodrigues (2000), estas florestas são consideradas como chaves para o equilíbrio
hidrológico e também da biodiversidade, sua destruição total ou degradação parcial causam
activação de inúmeros processos tais como erosão e assoreamento, dentre outros impactos já
evidentes nas áreas, em termos de erosão linear como médias e grandes ravinas. Por outra,
Moraes et al. (2012), defendem que é possível concluir que a retirada ou a degradação das
florestas ribeirinhas tem impacto no ciclo da água de uma bacia hidrográfica e um rio sem as
florestas a contorná-lo torna-se vulnerável a graves impactos, como o assoreamento e a perda de
diversidade biológica.

Para Silva (2009), as florestas ribeirinhas desempenham várias funções, destacando-se a função
tampão e filtro entre terrenos mais altos e o ecossistema aquático, participando do controle do
ciclo de nutrientes por meio de acção tanto no escoamento superficial, quanto na absorção de
nutrientes, impedindo o carreamento de sedimentos para o sistema aquático; integração à
superfície da água, proporcionando cobertura e alimentação à fauna aquática

Por outra, as florestas ribeirinhas (figura 1), por sua acção como barreira física, actuam também
no controle da poluição difusa, contribuindo para a redução de elementos poluentes nos cursos
dos rios, essa função é ainda mais importante naqueles rios cujas águas são utilizadas para
consumo humano e têm grande parte dos seus cursos em áreas urbanas (Fernandes, 2013). Os
rios e suas margens são referenciais na paisagem tanto no ambiente urbano assim como rural,

1
COORDENAÇÃO GERAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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além de exercer função directa como elemento paisagístico e agregar os benefícios já


reconhecidos na harmonização climática, abrigo a fauna e oportunidade de lazer (Silva, 2009).

Figura 1. Vista parcial da vegetação ribeirinha. Fonte: Botezelli (2007).

2.1.1. Características das florestas ribeirinhas

As florestas relacionadas a cursos de água apresentam uma estrutura e funcionalidade similar,


ocorrendo em todos os domínios bioclimáticos e fito-geográficos. No entanto, ocorrem
diferenciações entre si na dinâmica, seja por composição taxionómica, conforme o domínio, a
região e até mesmo estrutura e a altitude em que são encontradas (Rodrigues, 2000).

Segundo Botezelli (2007), estudos sobre a dinâmica das florestas ribeirinhas indicam que estas
florestas estão em equilíbrio dinâmico, ou seja, apesar das flutuações nas taxas de mortalidade e
de recrutamento de algumas populações, as comunidades tendem à estabilidade, sob as florestas
ribeirinhas ocorrem diversos tipos de solos, os quais condicionam a composição e estrutura das
formações florestais.

Portanto, nos terrenos mais secos, as florestas apresentam características florísticas e


fisionómicas distintas, influenciadas pelo gradiente de humidade e fertilidade dos solos que varia
de acordo com a proximidade do curso de água (Oliveira, 1997). Deste modo, as florestas
fornecem valiosos exemplos de como a heterogeneidade espacial e temporal no meio ambiente
podem promover variações ao longo do tempo que se deve principalmente aos regimes de
inundação (Moraes et al., 2012).

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2.1.2. Degradação das florestas ribeirinhas

A degradação é um conceito que está relacionado aos resultados ambientais negativos a partir de
efeitos de distúrbios naturais ou antrópicos, como perturbações, desmatamentos, grandes
queimadas e a mineração e um dos principais factores da degradação ambiental foi e continua
sendo a expansão desordenada das fronteiras agrícolas, através do uso incorrecto da paisagem
contribuindo para a remoção da vegetação (Rodrigues, 2000).

Isto acontece com a remoção das florestas ribeirinhas, que em geral é causada pela substituição
das florestas por outros tipos de usos de solo e há outros prejuízos além do desmatamento que
são as acções humanas que as degradam mesmo sem retirá-las totalmente. Portanto, causam
impactos negativos, afectando em diferentes graus a fauna e a flora desses ambientes, incluindo a
perda de diversidade biológica (CGEA, 2014).

Segundo, Sitoe & Enosse (2003), em Moçambique a contribuição do sector florestal no combate
à pobreza é operacionalizada através da melhoria de acesso aos recursos florestais e a geração de
benefícios de actividades florestais para as comunidades locais, que por sua vez vêem acelerando
a degradação das florestas. Apesar de poucas referências quantificando as causas específicas da
degradação florestal, vários estudos são unânimes ao mencionar que a agricultura e a energia
lenhosa e a expansão urbana constituem as três grandes causas (Sitoe et al., 2012).

2.1.2.1. Factores que influenciam na degradação das florestas ribeirinhas


A degradação da floresta ribeirinha vem de muito longe, os erros do passado quando adicionados
aos erros do presente acarretarão consequências muito negativas no futuro (MINAG, 2007).
Segundo Marcuzzo (2013), o desenvolvimento dos grandes centros urbanos resultou na
supressão e degradação das áreas florestais e Rosot (2007), no estudo das acções de recuperação
de área degradada em florestas ribeirinhas, explica que a expansão urbana tem intensificado as
pressões sobre áreas com florestas naturais e a cobertura florestal.

No entanto, cerca de 16% (129.803 km2) do território nacional está oficialmente declarado como
sendo áreas de conservação biológica (MICOA, 2008). Neste contexto, uma série de causas da
degradação tem recebido destaque, as quais vão desde causas directas, tais como a expansão de
áreas agrícolas de pequena escala e da pobreza, às causas indirectas, como as políticas de Estado
e interesses empresariais dentro e fora do sector florestal (Rudel, 2008).

Segundo Miller (2007), para além da urgência de haver cada vez mais áreas que permitam suprir
as necessidades de alimentação, vestuário e a energia para a população em crescimento

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exponencial, há um conjunto de impactos ambientais preocupantes, nomeadamente nas reservas


hídricas, na biodiversidade e nos próprios solos. A figura 2 mostra o esquema dos factores de
degradação que atingem o ecossistema florestal.

Figura 2. Factores de degradação dos ecossistemas florestais. Fonte: Martins (2009).

Portanto, diante desses factores, Martins (2009), diz que a falta de esclarecimento da importância
das florestas, bem como a forma incorrecta de uso e exploração, aliadas às queimadas
indiscriminadas, têm gerado perdas de grande parte da biodiversidade. Estas que vêm sofrendo
intensamente, em todo o seu percurso, fortes agressões com a prática do desmatamento de suas
margens tanto para a extracção madeireira e energética, como para dar lugar à implantação de
pastagens e actividades agrícolas (CGEA, 2014).

Segundo Sitoe et al. (2016), na identificação e análise dos agentes que causam o desmatamento e
degradação florestal em Moçambique, encontram-se a práticas de agricultura (33%), extracção
de produtos florestais e madeireiros (23%), expansão urbana (29%) e outro tipo de uso e
ocupação do solo (15%). Miller (2007), ao analisar os agentes da degradação para o período de
1970 a 1988, considera a densidade populacional como maior factor degradação da florestal.

É possível constatar que, a degradação ambiental causa mudanças não só estrutural, mas também
no funcionamento do ecossistema, portanto seu processo sucessivos ocorre através das sementes
contidas no solo, rebrota de raiz e o comportamento hidrológico é determinado pelos factores
físicos do solo, os quais são principais condicionantes da distribuição e composição das espécies
existentes no local, dos factores químicos e de sedimentos (Nogueira, 2014).

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Contudo, a simples presença do homem na natureza gera alterações no meio ambiente, porém é
de grande importância destacar que as degradações ambientais ocorrem também sem a
participação de seres vivos, embora esses eventos naturais de degradação possam ocorrer, é
inquestionável o papel principal do homem na degradação, actualmente tendo destaque a
participação humana nas grandes alterações ambientais (Martins, 2009).

2.1.2.2. Efeitos da degradação das florestas ribeirinhas

Os efeitos da degradação florestal são utilizados para caracterizar uma série de modificações
causadas no meio ambiente, influenciando na estabilidade dos ecossistemas, os seus impactos
podem ser negativos ou positivos (Sánchez, 2006). Para Chueh (2004), impacto ambiental pode
ser visto como parte de uma relação de causa e efeito, do ponto de vista analítico, pode ser
considerado como a diferença entre as condições ambientais que existiriam com a implantação
de um projecto proposto e as condições ambientais que existiriam sem essa acção.

O maneio inadequado do solo, tanto em áreas rurais, como em áreas urbanas, é a principal causa
da degradação florestal, com isso, surge os efeitos da degradação como a compactação e erosão
solo, perda da biodiversidade, assoreamento dos rios (Chueh, 2004).

2.2. Geotecnologias aplicadas

As geotecnologias podem ser definidas como sendo um conjunto de tecnologias, tais como:
Sistemas de Informação Geográfica, Geoprocessamento, cartografia digital, sensoriamento
remoto e Sistema de Posicionamento Global (Florenzano, 2002).

De acordo com Guerra (2006), a função principal de Geotecnológias é a colecta, processamento,


análise e visualizações de informações com referência geográfica, possuindo em seu arcabouço
técnico-metodológico premissas de processamento digital de imagens de satélites, elaboração de
bancos de dados georreferenciados, quantificação de fenómenos naturais, entre outras análises,
proporcionando uma visão mais abrangente do ambiente numa perspectiva ecossistemático.

2.2.1. Imagens satélite Landsat-7 ETM+

O sensor ETM+ do satélite Landsat - 7 possui sete (7) bandas com uma numeração de um a sete
1-7 (figura 3), sendo que, cada uma destas bandas representa uma faixa do espectro
electromagnético que foi captada pelo satélite (INPE, 2007).

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Figura 3. Comportamento espectral das bandas. Fonte Moreira (2005).

De acordo com o INPE (2007), as bandas ETM+ do Satélite Landsat-7, possuem as seguintes
características e aplicações:

 Banda 1 (Intervalo Espectral de 0.45 – 0.52 μm): apresenta grande penetração em corpos
de água, com elevada transparência, permitindo estudos batimétricos;

 Banda 2 (Intervalo Espectral de 0.52 – 0.60 μm): apresenta grande sensibilidade à


presença de sedimentos em suspensão, o que possibilita a sua análise em termos de
quantidade e qualidade, e também apresenta boa penetração em corpos de água;

 Banda 3 (Intervalo Espectral de 0.63 – 0.69 μm): a vegetação verde, densa e uniforme,
apresenta grande absorção, ficando escura, permitindo bom contraste entre as áreas
ocupadas com vegetação, como por exemplo, no solo exposto, em estradas e áreas
urbanas. Permite o mapeamento da drenagem através da visualização da mata galeria e
entalhe dos cursos dos rios em regiões com pouca cobertura vegetal;

 Banda 4 (Intervalo Espectral de 0.76 – 0.90 μm): os corpos de água absorvem muita
energia nesta banda e ficam escuros, permitindo o mapeamento da rede de drenagem e
delineamento de corpos de água. A vegetação verde, densa e uniforme, reflecte muita
energia nesta banda, aparecendo bem clara nas imagens. Serve para mapear áreas
ocupadas com vegetação que foram queimadas. Permite a visualização de áreas ocupadas
com microfilas aquáticas;

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 Banda 5 (Intervalo Espectral de 1.55 – 1.75 μm): apresenta sensibilidade ao teor de


humidade das plantas, servindo para observar estrese na vegetação, causado por
desequilíbrio hídrico. Esta banda sofre perturbações caso ocorrer excesso de chuva antes
da obtenção da cena pelo satélite;

 Banda 6 (Intervalo Espectral de 10.4 – 12.5 μm): apresenta sensibilidade aos fenómenos
relativos aos contrastes térmicos, servindo para detectar propriedades termais de rochas,
solos, vegetação e água;

 Banda 7 (Intervalo Espectral de 2.08 – 2.35 μm): apresenta sensibilidade à morfologia do


terreno, permitindo obter informações sobre Geomorfologia, Solos e Geologia. Esta
banda serve para identificar minerais com iões hidroxilos. Potencialmente favorável à
discriminação de produtos de alteração hidrotermal.

Opta-se por utilizar satélite Landsat7 ETM+ por possuir alta diversidade temporal do seu
catálogo de imagens, apresentando imagens gratuitas e actuais. Estas que se observa em cada
área a cada 16 dias e uma cena do satélite representa no solo pare abrangente de 185x185 km.
Cada banda apresenta uma resolução geométrica de 30 metros, com excepção da banda 6 onde a
resolução da banda geométrica é 120 metros (INPE, 2007).

Porém, as imagens obtidas através do sensoriamento remoto proporcionam uma visão de


conjunto multi-temporal de extensas áreas da superfície terrestre (Jesus, 2010). Esta visão
sinóptica do meio ambiente ou da paisagem possibilita estudos regionais e integrados,
envolvendo vários campos do conhecimento, elas mostram os ambientes e a sua transformação,
destacam os impactos causados por fenómenos naturais e antrópicos (Florenzano, 2002).

2.2.2. Sistemas de Informação Geográfica

Sistemas de Informação Geográficas são sistemas que processam dados gráficos e não gráficos
com ênfase a análises espaciais e modelagens de superfícies. Um sistema de suporte à decisão
que integra dados referenciados espacialmente num ambiente, sobre o qual opera um conjunto de
procedimentos para responder a consultas sobre entidades espaciais (Albuquerque, 2009).

Por outro lado, Trindade (2012), dez que os dados que representam objectos e fenómenos em que
a localização geográfica é uma característica inerente à informação utilizar os SIG na análise
espacial, teve um grande impulso devido à grande quantidade de informações espaciais que vêm
sendo disponibilizadas. Por sua vez, Fernández (2013), defende que nas duas últimas décadas

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têm mostrado um progresso significativo no desenvolvimento dos SIG, na crescente


disponibilização de imagens de satélite com maior resolução.

No entanto, o objectivo geral de SIG é servir de instrumento eficiente para todas as áreas do
conhecimento que fazem uso de mapas, possibilitando entre outras: a integração em uma única
base de dados de informações representando vários aspectos do estudo em uma região, permitir a
entrada de dados de diversas formas, combinar dados de diferentes fontes, gerando novos tipos
de informações e gerar relatórios e documentos gráficos de diversos tipos (Rosa, 2007).

No que diz respeito a constituição, Crósta (1992), revela que os Sistemas de Informação
Geográfica são sistemas automatizados, usados para armazenar, analisar e manipular dados
geográficos, ou seja, dados que representam objectos e fenómenos em que a localização
geográfica é uma característica inerente a informação e indispensável para analisa-la, são
constituídos por seis (6) componentes (figura 4).

Figura 4. Componentes GIS. Fonte: Meulen (1992)

Conforme o Prado (2004), os SIG’s funcionam com 5 elementos essenciais: aquisição de dados,
pré-processamento e maneio de dados dentro do sistema, manipulação, análise e geração de
produtos e sua adopção permitem a obtenção das informações referentes à gestão de bacias
hidrográficas.

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2.2.3. Sensoriamento remoto

O sensoriamento remoto (SR) consiste em extrair informações de alvos da superfície terrestre


com base nas suas respostas espectrais sem que haja contacto entre eles, apresentando assim uma
grande importância nos estudos ambientais, bem como a organização e planeamento do espaço
(Rocha, 2002).

De acordo com autor acima citado, a análise espacial da dinâmica de uso do solo e estado de
degradação das florestas ribeirinhas através de dados de SR, possibilita a compreensão do
crescimento dos danos causados pelos humanos e auxilia na elaboração de directrizes e
metodologias para a elaboração de um plano de gerenciamento, manejo dos recursos naturais e
planeamento urbano, e ainda auxilia no direccionamento do crescimento físico e económico dos
municípios.

No SR destaca-se uma técnica eficaz que se mostrou de grande valia para o monitoramento de
vegetação, que segundo Rosa (2007), trata-se do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada
(NDVI). Affonso (2005), diz que as faixas do vermelho e do infravermelho próximo são mais
utilizadas, por conter mais de 90% da variação da resposta espectral da vegetação na imagem do
visível as faces opostas sombreadas exibem níveis de cinzas escuros e as faces frontais que
reflectem a radiação electromagnética também exibem níveis de cinzas escuros devido à alta
absorção da vegetação no visível (figura 5).

Figura 5. Reflectância da vegetação. Fonte: Affonso (2005).

Segundo, Jesus (2010), na faixa do vermelho a clorofila absorve a energia solar ocasionando uma
baixa reflectância, enquanto na faixa do infravermelho próximo, tanto a morfologia interna das
folhas quanto a estrutura da vegetação ocasionam uma alta reflectância da energia solar

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incidente. Quanto maior o contraste, maior é o vigor da vegetação nas imagens, sendo este o
princípio em que se baseiam os índices de vegetação.

2.2.4. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI)

O Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) é uma relação entre médias espectrais
(reflectância) de duas bandas (B3 e B4), a do vermelho (400-700 μm) e a do infravermelho
próximo (700-1300 μm) respectivamente (Rouse, 1973). A técnica visa eliminar diferenças
sazonais do ângulo do sol e minimizar os efeitos da atenuação atmosférica, observados para
dados multitemporais e assume valores entre (-1 a 1), sendo que a vegetação possui valores
positivos e para o corpo d'água e áreas húmidas o NDVI tem uma resposta negativa (Lima et al.,
2013).

A definição desses principais intervalos espectrais, foram claramente expostos por Ponzoni &
Shimabukuro (2007), conforme descrito a seguir:

i. Visível vermelho (400 – 700 μm)

As folhas têm baixa reflectância (menos que 10%). Uma parte de incidência da radiação é
absorvida por pigmentos das folhas. A parte responsável pela absorção do pigmento das folhas é
a clorofila a qual exibe absorção em duas bandas: azul (próximo a 0.445μm) e vermelho
(0.645μm). A maioria das plantas é transparente na região do verde (0.540 μm). A energia é
absorvida selectivamente pela clorofila e é convertida fotoquimicamente em energia armazenada
na forma de componentes orgânicos através da fotossíntese

ii. Infravermelho próximo (700 – 1300 μm)

Os pigmentos das folhas e a celulose da parede das células são transparentes. Assim, a absorção
das folhas é muito baixa (menos que 10%) e a radiação que entra é igualmente reflectida. A
reflectância atinge cerca de 50% no pico do infravermelho, o qual depende da estrutura interna
das folhas. Os sistemas de pigmentos das plantas perdem a capacidade de absorver fotões nesse
espectro, que é caracterizado por uma subida acentuada da curva de reflexão. O mínimo de
reflexão neste comprimento de onda é causado pela mudança do índice de refracção nas áreas
frontais de ar/célula do mesófilo.

Os índices de vegetação gerados a partir de dados oriundos de sensores remotos constituem uma
importante ferramenta para o monitoramento de alterações naturais ou antrópicas no uso e na
cobertura da terra, estes índices têm sido usados na estimativa de diversos parâmetros da

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vegetação e permite avaliar o vigor vegetativo dos estágios sucessionais de determinada


vegetação, bem como identificar e diferenciar áreas com algum tipo de vegetação e áreas sem
cobertura vegetal (Lima et al., 2013).

Segundo Holben (1986), nuvens e água têm reflectância maiores no visível do que no
infravermelho, sendo que nestas condições o NDVI tem valores (-1), rochas e solo exposto têm
reflectância similares nessas duas bandas que tendem mais para valores (+1) e o resultado no
índice de vegetação é aproximadamente a zero, os valores mais altos do NDVI estão associados a
um maior vigor na vegetação ao longo das margens do rio Licungo.

2.3. Processamento digital de imagens

O termo processamento digital de imagem (PDI) refere-se a um conjunto de técnicas e operações


aplicadas sobre uma imagem digital, com o objectivo de facilitar a identificação e extracção de
informações a partir dela e sua posterior interpretação, pode ser dividido em três etapas distintas:
Pré-processamento, realce e classificação (Crósta, 1992). Neste contexto, as técnicas de
processamento digital de imagem, além de permitirem analisar uma cena nas várias regiões do
espectro electromagnético, também possibilitam a integração de vários tipos de dados sobre a
estrutura e componentes da vegetação ribeirinha da área do estudo (Fernandes, 2012).

As imagens de satélite abrangem extensas áreas, passando pela mesma região periodicamente e
sem necessidade de programação prévia (Novo, 2008). Segundo INPE (2007), o custo das
imagens de satélite se torna menor a cada dia e há uma grande variedade de sensores que
fornecem imagens com diversas resoluções temporais e espaciais (30m Landsat) de acordo com
a finalidade do uso. Muitas informações podem ser obtidas através do processamento digital
dessas imagens, com a utilização de diversas técnicas já consagradas.

2.3.1. Pré-Processamento

O pré-processamento é a primeira etapa do processamento de imagens, são realizados


procedimentos preliminares nos dados brutos, tendo como principiais objectivos a correcção
radiométrica, a correcção geométrica e o registo da imagem. Destaca que o pré-processamento
das imagens digitais tem a finalidade de se reduzir ao máximo as distorções existentes na
imagem (Saito et al., 2014).

Para que a precisão cartográfica seja introduzida em uma imagem de sensoriamento remoto,
torna-se necessário que estas imagens digitais sejam corrigidas, segundo um sistema de

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coordenadas, a transformação de uma imagem de modo que ela assuma as propriedades de escala
e de projecção de um mapa é denominado de correcção geométrica (Crósta, 1992).

A interpretação de imagens é muitas vezes dificultada pelas degradações inseridas nos processos
de geração e visualização da imagem (Moreira, 2011). Entretanto, Fernandes (2012), diz que
uma imagem vista da forma como é adquirida pelo sensor aparece visualmente com baixo
contraste, vários factores estão relacionados a isso, como o desempenho deficiente do sensor, a
presença de bruma atmosférica, a má iluminação da cena e as próprias características da cena.

2.3.2. Técnicas de Classificação

A técnica de classificação digital de imagens é o procedimento automatizado através de um


algoritmo computacional utilizado para produzir mapas temáticos a partir da separação de todos
os pixels das imagens digitais em classes, como objectivo associa cada pixel da imagem a uma
determinada classe que represente o tipo de cobertura do terreno (Moreira, 2011).

A classificação digital é uma das funções prioritárias do processamento digital de imagens de


sensoriamento remoto, sendo muito utilizada em mapeamentos temáticos, dentre os quais, os de
uso e ocupação do solo (Nascimento, 2005). Para Moreira (2011), o processo de classificação
pode ser totalmente visual, sendo ainda bastante subjectivo e pode também ser automático.

Todavia, na classificação supervisionada MAXVER (pixel a pixel), onde o usuário identifica


alguns dos pixels pertencentes às classes desejadas e deixa ao computador a tarefa de localizar
todos os demais pixels pertencentes aquela classe (Rocha, 2002). Baseado em alguma regra
estatística pré-estabelecida, a segunda abordagem é denominada de classificação não
supervisionada, e nela, o computador decide, também com base em regras estatísticas, quais as
classes a serem separadas e quais os pixels pertencentes a cada classe (Crósta, 1992).

No entanto, Jesus (2010), defende que a escolha das classes leva em consideração elementos de
maior representatividade na paisagem, bem como as observações realizadas nos trabalhos de
campo, não obstante, após a classificação das imagens identifica-se o percentual que cada classe
temática ocupa a área do estudo. Deste modo, Crósta (1992), aponta que para o processamento
digital das imagens, classificação e cálculo do NDVI são utilizados os software’s ENVI, SPRING
e ArcGIS.

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III. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Caracterização da área de estudo

3.1.1. Localização
O estudo foi realizado nas comunidades de (Marmanelo, CFM, Sagra e Samora Machel) que são
localizados ao longo das margens da bacia hidrográfica do rio Licungo. O distrito de Mocuba
está situado entre os paralelos 16o 18’ e 17o 42’ Sul e os meridianos 36o 45’ e 37o 33’ Este,
localizando-se na parte central da província de Zambézia (figura 6), no distrito de Mocuba que
faz limite com os distritos de Lugela e Errego ao Norte, Maganja da Costa, a Este Namacurra e
Morrumbala a Sul e Milange a Oeste (INE, 2007).

Figura 6. Localização geográfica da Área do estudo, Município de Mocuba. Fonte: FEAF (2017). Elaborado por
Autor.

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3.2. Perfil da cidade de Mocuba e do rio Licungo

A Bacia do Rio Licungo drena uma área de 22800 km2 com um comprimento de
aproximadamente a 343 km e o seu perímetro é cerca de 790 km. Nos últimos anos, têm-se
verificado o uso e ocupação dos solos, em diversas actividades da população, que contribui para
o aumento da degradação e na qualidade da água cujos exemplos é o aumento dos coliformes
fecais, principalmente ao longo do rio Licungo. Também tem-se verificado o aumento contínuo
da erosão devido a prática da agricultura (Langa, 2002).

a) População

Segundo o INE (2007), as projecções populacionais, na cidade de Mocuba tem um total de


104.837 habitantes, sendo 52.392 homens e 52.445 mulheres e com uma densidade populacional
de 26.7 habitantes por ano (tabela 1).

Tabela 1. Projecções da população na área de estudo.

MUNÍCIPIO DE MOCUBA
ANO 2007 2013 2014 2015 2016 2017
TOTAL 77.889 94.731 97.378 99.959 102.452 104.837
Homens 39.281 47.453 48.743 50.003 51.223 52.392
Mulheres 38.608 47.278 48.635 49.955 51.228 52.445
BAIRRO C.F.M.
Total 7.707 9.374 9.636 9.891 10.138 10.374
Homens 3.870 4.675 4.802 4.926 5.047 5.162
Mulheres 3.837 4.699 4.834 4.965 5.091 5.212
BAIRRO MARMANELO
Total 11.411 13.878 14.266 14.644 15.009 15.359
Homens 5.772 6.973 7.162 7.348 7.527 7.699
Mulheres 5.639 6.905 7.104 7.296 7.482 7.660
BAIRRO SACRAS
Total 2.827 3.438 3.534 3.628 3.718 3.805
Homens 1.434 1.732 1.779 1.825 1.870 1.913
Mulheres 1.393 1.706 1.755 1.802 1.848 1.892
BAIRRO SAMORA MACHEL
Total 14.656 17.824 18.322 18.807 19.276 19.725
Homens 7.461 9.013 9.258 9.498 9.729 9.951
Mulheres 7.195 8.811 9.064 9.310 9.547 9.774
TOTAL 49.263

Fonte: INE (2007), adaptado pelo Autor.

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b) Clima

O clima do distrito, segundo a classificação climática de Thorntwaite, é do tipo sub-húmido


(subtropical), sendo influenciado pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), determinando
o padrão de precipitação, com a estação chuvosa de Dezembro a Fevereiro, associado a outras
depressões que condicionam o estado do tempo nas duas estações (chuvosa e seca), de
Novembro a Fevereiro um tempo quente e húmido e de Março a Outubro um tempo seco e
fresco, por vezes com precipitações irregulares (INE, 2007).

A precipitação média anual é de cerca de 1175 mm na estação climática de Mocuba, a


temperatura média mensal varia entre 20 a 27oC, máximas variando de 27 a 35oC e as mínimas
de 15 a 22oC respectivamente. A humidade relativa do ar varia de 60% nos meses secos a 80%
nos meses frescos e húmidos (INAM, 2014).

a) Solos e Vegetação

O distrito é caracterizado pela ocorrência de solos vermelhos argilosos, moderadamente


profundos a profundos, das planícies, solos argilosos pretos dos vales largos onde eventualmente
dominam condições hidromórficas, solos arenosos na planície em terreno desenvolvido nas
rochas ácidas, variando a cor de vermelho (nos topos e declives), branco (nas partes altas e
médias dos vales), amarelos (nos declives onde o lençol freático se encontra mais perto da
superfície), a cinzentos (MICOA, 2003).

Nas margens do rio Licungo, dissemina-se uma floresta adaptada as condições edáficas locais,
cujas árvores podem ser dominadas por um estrato herbáceo de caniço e bambú alguns dos quais
com cerca de 10m de altura e outras ervas espontâneas, dispõe-se muitas vezes linearmente ao
longo do rio, razão porque se designam por floresta ribeirinha, trata-se de uma floresta com dois
estratos dominantes (arbóreos e herbáceas) em que no estrato arbóreo predominam as espécies
dos géneros Adansónia, Brachystegia e Julbernardia (Muchangos, 1999).

3.3. Procedimentos metodológicos

Foram quatro (4) etapas principais, das quais a revisão bibliográfica foi primeira etapa, onde são
apresentados e introduzidos os conceitos referentes as florestas ribeirinhas e Geotecnológias.
Posteriormente, na segunda etapa foi da recolha de dados, onde foram obtidas as informações a
respeito do estado da degradação das florestas ribeirinhas através do inquérito dirigido as
comunidades locais e aquisição das Imagens satélite.

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Para o reconhecimento da área realizou-se visitas de campo em todo o município para auxilio na
identificação dos vários usos do solo. No entanto, a terceira etapa foi a de tratamento e
processamento dos dados obtidos que culminou na classificação das imagens Orbitais/ETM+
Landsat-7, usando as bandas, R4B5G3 respectivamente. A quarta etapa foi a criação do Índice
de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) e a identificação das causas e efeito da
degradação das florestas ribeirinhas. A figura 7 ilustra o cronograma das actividades.

Figura 7. Fluxograma das actividades de recolha de dados. Adaptado pelo Autor.

3.3.1. Método de amostragem

Na pesquisa foi abordado o método de amostragem probabilístico (Amostragem Aleatória


Simples), cada subconjunto da população com o mesmo número de elementos tem a mesma
probabilidade de ser incluído na amostra, a partir equação 1 proposta por Barbetta (2002), para a
determinação do tamanho de amostra dos inqueridos, baseou-se na população total (49.263) da
projecção do ano 2017 para os bairros em estudo e foi usado o erro amostral de 10%, com o grau
de certeza ou confiança de 90%.

n
P 
N (1)

Onde: P – probabilidade de uma unidade amostral da população de ser seleccionada; n – número de que cada
elemento tem como chance de ser escolhido e N – número total da população em estudo.

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Para a determinação do tamanho de amostra nas equações 2 e 3 propostas por Barbetta (2002),
no estudo publicado sobre Estatística Aplicada às Ciências Sociais, onde na equação 2 calcula-se
a aproximação do tamanho de amostra.

1
n0  (2)
E2

Depois de se calcular o tamanho aproximado da amostra o passo sequente foi o cálculo do


tamanho da amostra da população propriamente dita pela equação 3.

N * n0
n  (3)
N  n0

Onde: N = tamanho total da população; E = erro amostral tolerável; n0 = primeira aproximação do tamanho da
amostra e n = tamanho da amostra da população em estudo.

3.3.2. Técnicas de colecta de dados

i. Revisão Bibliográfica
Consistiu a leitura de obras que versam assuntos sobre as florestas ribeirinhas em geral e
Moçambique em particular, bem como nas consultas de artigos e livros que retratam as
aplicações dos Sistemas de Informação Geográfica e detecção remota para os estudos desta
natureza.

ii. Entrevistas e Inquérito


As entrevistas visam essencialmente colherem informações inerentes às causas da degradação
das florestas ribeirinhas da área de estudo. De acordo com Cabral (2006), o inquérito é vantajoso
na colecta das características demográficas e socioeconómicas duma determinada região. No
entanto, colectou-se informações importantes sobre a situação das florestas ribeirinhas ao longo
dos tempos junto das comunidades locais através dos inquéritos que foram submetidos (apêndice
1).

iii. Observação directa


O método de observação directa permitiu observar as características “in loco” das áreas ocupadas
pelas florestas ribeirinhas susceptíveis a ocorrência da degradação ao longo do rio Licungo e
num total foram feitas (8) oito visitas ao campo do estudo, duas (2) visitas em cada Bairro onde
obteve-se fotografias (apêndice 2).

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iv. A aquisição das imagens satélite


A aquisição das imagens da cobertura da vegetação para a análise dinâmica de uso do solo e do
estado de degradação das florestas ribeirinhas foram utilizados imagens do satélite de
Orbitais/ETM+ Landsat-7, das bandas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, no site www.dpi.inpe.br/spring do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do mês de Setembro dos anos 2006 e 2016.

Com orbita/ponto 71/166 e 72/166 onde foram obtidas as imagens satélite da área do estudo para
o primeiro e segundo período respectivamente, com a cobertura das nuvens de 0,00%. Optou-se
por utilizar o satélite Landsat-7 ETM+, pela alta diversidade temporal do seu catálogo de
imagens, apresentando imagens gratuitas e actuais.

3. 4. Processamento e Análise de dados

3.4.1. Pré-processamento das imagens satélites

As imagens das duas (2) épocas foram convertidas para a composição colorida de acordo Facco
et al. (2016), esse procedimento foi realizado banda a banda (bandas 3, 4 e 5) para a
orbitas/ponto Landsat-7 ETM+. Após esse processo foi aplicada a correcção geométrica tendo
como base uma imagem Landsat-7 ETM+ georreferenciada, cuja primeira etapa consistiu na
identificação e registo de pontos de controlo terrestre nas duas orbitas/ponto (Rosa, 2007).

Estes procedimentos foram feitos com auxílio dos softwares especializados para análises de
imagens satélites o ENVI-5.0 combinado com o ArcGIS-10.0, que serviu para o recorte da área
de estudo, correcções geométricas e composição de bandas e realce das imagens (INPE, 2007).

Portanto, as técnicas de realce visam melhorar a qualidade visual destas imagens e enfatizar
alguma característica de interesse para uma aplicação específica pois, uma imagem vista da
forma como é adquirida pelo sensor aparece visualmente com baixo contraste, vários factores
estão relacionados a isso, como o desempenho deficiente do sensor, a presença de nuvens
atmosférica, a má iluminação do alvo e as próprias características da orbita (Fernandes, 2012).

3.4.2. Classificação das imagens

Após o pré-processamento, as imagens foram classificadas, utilizando o método MAXVER


devido ao grande destaque demonstrado na diferenciação de vegetação e os demais objectos e na
aplicação do NDVI para a diferenciação do índice de vegetação nativa, uma vez que este
procedimento destaca a biomassa e a cobertura de vegetação em melhores qualidades.

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Segundo Rosa (2007), o NDVI não separa de forma eficiente o solo da água, provocando certa
mistura entre as respostas espectrais desses dois (2) alvos, por ser uma área ribeirinha.
Ampliando consideravelmente a relação de contraste entre a água com áreas urbanas, solo
exposto e vegetação, aumenta os valores de características da água, que tendem a ser mais
positivos, e diminuindo os valores das áreas edificadas, solo exposto e vegetação, que tendem a
possuir valores de níveis digitais mais baixos.

3.5. Caracterização da evolução de uso do solo nas florestas ribeirinhas

3.5.1. Principais parâmetros avaliados

As imagens foram submetidas a uma técnica de matemática de bandas espectrais do NDVI, que
auxiliou na determinação das classes da vegetação relacionadas as florestas ribeirinhas, sendo
aplicado a equação 4 proposta por Rouse (1973).

NDVI 
R IVP  RV 
R IVP  RV  (4)

Onde: RIVP - reflectância no canal do infravermelho próximo - Banda 4, RV - corresponde a reflectância no canal
vermelho - Banda 3.

Em seguida para o processamento NDVI atribuiu-se a cada banda seu comprimento de onda
médio, banda 3 (0.66 μm) e 4 (0.83 μm). Conforme Affonso (2005), as imagens Landsat
requereram correcção atmosférica cujo objectivo foi mensurar a contribuição do espalhamento e
absorção atmosférica sobre a resposta espectral da cena de retirar o excesso de vapor da cena e
outros entraves atmosféricos que poderiam prejudicar o processamento.

3.6. Identificação das causas da degradação da cobertura das florestas ribeirinhas

3.6.1. Principais parâmetros avaliados

Os dados do inquérito foram tratados e processados pelo pacote estatístico SPSS-16.0, com
auxílio do Microsoft Office Excel-10.0 os parâmetros medidos foram a idade, sexo, género, nível
de escolaridade, nível do conhecimento sobre as causas da degradação das florestas ribeirinhas,
com vista a identificação e quantificação das reais causas da degradação naquela formação
florestal.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização da evolução de uso do solo nas florestas ribeirinhas do rio Licungo,
entre 2006-2016

O mapeamento de uso e ocupação do solo, resultaram cinco (5) classes, nomeadamente:


agricultura, solo exposto, urbanização, vegetação e corpo de água, ocupando uma área de 10.7
km2 (figura 8). A classificação digital de imagens permitiu quantificar a área das classes de uso e
cobertura do solo nos anos de 2006 a 2016, podendo verificar-se expansão ou redução da sua
ocorrência ao final.

2006
6

2016

Figura 8. Mapas da evolução do uso e ocupação do solo (2006-2016).

Com um total da área do estudo 10.7 km2, na caracterização da evolução das florestas
ribeirinhas, as áreas que compõem a vegetação nas margens do rio Licungo no geral, teve um
decréscimo com 15.9% (1.7 km2) em 2006 para 10.3% (1.1 km2) em 2016, os corpos de água
também tiveram um decréscimo pouco significativo ao longo dos anos, com 22.4% (2.4 km2) da
área total em 2006 para 17.8% (1.9 km2) em 2016. Por sua vez, verificou-se um aumento muito
elevado das áreas urbanizadas, com 32.7% (3.5 km2) em 2006 para 50.5% (5.4 km2) em 2016.

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Verificou-se igualmente uma diminuição substancial das áreas (solo exposto e Agricultura), de
29.0% (3.1 km2) em 2006 para 21.5% (2.3 km2) em 2016, como resultado da acção do
crescimento urbano (tabela 2).

Tabela 2. Classes do uso e ocupação dos solos 2006-2016.

Classes do uso e ocupação Áreas classificadas


dos solos
2006 2016 Diferença
2 2
Área (km ) % Área (km ) % Área (km2) %
Solo exposto e Agricultura 3.1 29.0 2.3 21.5 -0.8 -7.5
Corpo de Água 2.4 22.4 1.9 17.8 -0.5 -4.7
Vegetação 1.7 15.9 1.1 10.3 -0.6 -5.6
Urbanização 3.5 32.7 5.4 50.5 1.9 17.8
Total 10.7 100 10.7 100 0.0 0.0

Resultados diferentes foram encontrados por Facco et al. (2016), no seu estudo sobre o uso de
Geotecnológias para monitoramento florestal no município de Nova Palma - Brasil. No total de
362.3 km2, a área coberta pela vegetação teve um acréscimo de 31.3% (113.4 km2) para 41.2%
(148.5 km2) e corpo de água com 0.5% (1.8) para 3.0% (10.9) e por fim outras classes
(pastagens, mineração e reflorestamento) de 34.8% (126. km2) para 41.2% (149.3 km2) de 1985
para 2014 respectivamente e Gonçalves et al. (2010), estudando evolução do uso e cobertura do
solo na bacia hidrográfica do rio Dourado - Brasil, com uma área de estudo de 586 km2,
obtiveram na classe vegetação, corpo de água e (agricultura/solo exposto), um acréscimo de
7.8% (45.7 km2) para 10.3% (60.4 km2), 0.4% (2.3 km2) para 0.7% (4.1 km2) e 43.2% (253.2
km2) para 48.7% (285.4 km2) de 2001 para 2008 respectivamente. Provavelmente esteja por trás
dessa diferença de uso e ocupação do solo os hábitos e costumes das comunidades locais, o
incumprimento das leis vigentes para a protecção das florestas húmidas, recursos disponíveis
diferenciados e a falta de programas de incentivo ao reflorestamento nas zonas ribeirinhas.

Resultados similares foram encontrados por Barros (2014), estudando a evolução do uso do solo
no município de Betim no estado de Minas Gerais - Brasil, utilizando técnicas de sensoriamento
remoto, com um total de 4.700 km2, obteve no mapeamento, um decréscimo na classe vegetação
de 11.7% (549.9 km2) para 6.4% (300.8 km2) de cobertura florestal e um acréscimo na classe
urbanização com 28.83% (1.355 km2) para 51.75 % (2.431 km2) de 1984 para 2004
respectivamente. A similaridade deve-se ao êxodo rural e aumento populacional afectando
directamente as formações florestais ribeirinhas.

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4.2. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), entre 2006-2016

As áreas que apresentam a cor verde indicam maior densidade de vegetação, tendo sua maior
ocorrência a Este e ao Oeste da cidade de Mocuba (Figura 9). Por outro lado, a cor amarela-clara
indica áreas de maior densidade habitacional, a azul indica o corpo de água, a vermelha indica
agricultura e por último a cor roxa indica solos exposto. Obteve-se o NDVI para a vegetação que
varia de (0 a 0.3), indicando assim uma perda na vegetação, apresentando maior parte de
indivíduos herbáceas na fase de regeneração com um crescimento lento ao longo dos 10 anos
fazendo com que a reflectância seja baixa, corpo de água (-1 a 0), urbanização (0.3 a 0.6),
agricultura (0.6 a 0.8) e por fim solos exposto (0.8 a 1).

2006

2016

Figura 9. Imagens de NDVI dos anos (2006-2016).

Os valores obtidos, encontram-se dentro de intervalos estabelecidos (-1 a1) pelos autores (Rouse,
1973; Affonso, 2005; Barros, 2010; Fernandes, 2013; Crósta, 2011, Rosa, 2007; Holben, 1986 e
Jesus, 2010).

Resultados similares foram encontrados por Jesus (2010), no estudo sobre análise da dinâmica do
uso e ocupação do solo, no município de são Gonçalo do Rio Baixo, onde no ano 1988 a
vegetação encontrava-se com melhor distribuição em todo o território do município e para o ano
2009, houve uma transformação da vegetação para campos agrícolas com uma variação de 0.1 a

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0.3 do NDVI em 21 anos. A similaridade deve-se pela época de obtenção da imagem, cujo
estágio de desenvolvimento e regeneração da vegetação é lento.

Resultados diferentes foram encontrados por Fernandes (2013), na avaliação da composição e


estrutura riparia Mediterrânica baseada em SIG e Detecção Remota e Ramos et al. (2010), na
aplicação do (NDVI) para avaliação de áreas degradadas e potenciais para unidades de
conservação, onde obteve nas áreas com vegetação uma variação de (0.44 a 0.63) e (0.76 a 1)
respectivamente, essa discrepância deve-se ao estágio da vegetação, encontrando-se indivíduos
na fase de regeneração que na maioria são formações herbáceas.

4.3. Causas da degradação das florestas ribeirinhas do rio Licungo

O tamanho de amostra foi de 200 agregados familiares subdivididos por cinquenta (50) para cada
um dos bairros (Marmanelo, CFM, Sacra e Samora Machel) ao longo do rio Licungo, dos quais
64.5% são do sexo masculino e 35.5% do sexo feminino e cerca de 54.5% possuem idade
compreendida entre de 18-35 anos, (41%) de 35-60 e os restantes (4 %) com maior de 60 anos.

A degradação das florestas ribeirinhas è influenciada pelo aumento da urbanização, extracção de


lenha e carvão e pelo aumento das práticas de agricultura itinerante, sendo na sua maioria feita
nas margens do rio, com cerca de 30.5%, 22.5%, 13.5% respectivamente. Justificando-se deste
modo a predominância dos níveis de escolaridade com destaque para o ensino primário e sem
formação, desse os do sexo masculino optam mais na extracção de areia e construção de
moradias e do sexo feminino na extracção dos produtos florestais e madeireiros Para além destas
causas, outras actividades menos apontadas pelos entrevistados.

No entanto, a tabela 3, indica de forma geral os dados referentes as causas da degradação das
florestas ribeirinhas ao do rio Licungo.

Tabela 3. Causa da degradação das florestas ribeirinhas.

Causa da degradação das florestas ribeirinhas Frequência Percentagem (%)


Expansão urbana 61 30.5
Extracção de Lenha e produção de carvão 45 22.5
Prática da Agricultura 27 13.5
Queimada 34 17.0
Pastagem 8 4.0
Extracção de areia 25 12.5
Total 200 100

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Resultados similares foram encontrados por Rosot (2007), no estudo das acções de recuperação
de área degradada em florestas ribeirinhas, explica que a expansão urbana tem intensificado as
pressões sobre áreas com florestas ribeirinhas, cedendo espaço para actividades antrópicas, com
maior destaque para a urbanização com 30.9%, a agricultura com 12.8% e outras causas
(pastagem, queimada, extracção de produtos florestais e madeireiros) com 56.3%, a similaridade
deve-se aos hábito e costumes similares que as comunidades na área do estudo praticam no uso e
ocupação de terras húmidas.

As mesmas causas foram apontadas por Marcuzzo (2013), onde afirma que o desenvolvimento
dos grandes centros urbanos resulta na maior pressão da população para com as florestas e Miller
(2007), ao analisar os agentes da degradação para o período de 1970-1988, considera a densidade
populacional como maior factor da degradação florestal.

Sitoe et al. (2016), na identificação e análise dos agentes que causam o desmatamento e
degradação florestal em Moçambique, obteve resultados diferentes, onde a práticas de
agricultura teve (33%), seguido a expansão urbana (29%), extracção de produtos florestais e
madeireiros (23%) e outro tipo de uso e ocupação do solo (mineração e queimada) com 15%, a
diferença deve-se pelo facto das florestas em análise se localizar numa área urbana com maior
taxa de migração da população rural.

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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Com base nos objectivos traçados foi possível ter as seguintes conclusões:

 Na caracterização da evolução de uso do solo nas florestas ribeirinhas do rio Licungo, a


urbanização apresentou um cenário mais ampla na ocupação dos solos, seguindo as áreas
(agricultura e solo exposto), corpos de água e por fim a vegetação.

 O cálculo do NDVI encontrou-se nos parâmetros estabelecidos nas literaturas (pelos


autores) que varia de (-1 a 1), indicando assim uma perda na vegetação e apresentando
maior parte de indivíduos herbáceas na fase de regeneração com um crescimento lento ao
longo dos 10 anos fazendo com que a reflectância seja baixa.

 Identificou-se seis (6) causas, com maior destaque para a urbanização, seguido a
(extracção de lenha e produção de carvão), prática da agricultura, queimadas, extracção
de areia e por fim a pastagem.

5.2. Recomendações

De acordo com as conclusões obtidas recomenda-se:


 Ao governo municipal, a criação de mecanismo para ordenamento territorial, zoneamento
das áreas húmidas e assentamentos das famílias que vivem dentro dos limites
estabelecidas pela lei, assim como divulgação das leis e sanções para as pessoas que não
cumprem com as obrigações que são essenciais para a preservação das áreas húmidas;

 Aos pesquisadores, a determinação do (NDVI) para cada ocorrência das florestas


ribeirinhas de modo a auxiliar os programas de protecção e conservação da vegetação nas
margens dos rios.

 As comunidades locais, na redução das práticas agrícolas e a construção de moradias


dentro dos 50m das margens do rio, para a redução das causas da degradação da floresta
ribeirinha e consequentemente na redução dos efeitos da degradação das florestas.

 Aos serviços distritais das actividades económicas, a criação de condições e recursos para
a educação ambiental, reflorestamento e conservação das espécies nativas.

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SITOE, A; REMANE, I; RIBEIRO, N; FACÃO, M. P; MATE, R; WALKER, S; MURRAY, L;


MELO, J. (2016). Identificação e análise dos agentes e causas directas e indirectas de
desmatamento e degradação florestal em Moçambique. Relatório final. Maputo, 35p.

SITOE, A; SALOMÃO, A; WERTZ-KANOUNNIKOFF, S. (2012) O contexto de REDD+ em


Moçambique. Causas, actores e instituições. Bogor. Indonésia.74p.

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Moçambique. Maputo. 64p.

TRINDADE, F. S. (2012). O uso dos softwares livres de SIG como ferramenta de apoio ao
ensino de Geografia no nível fundamental. Um estudo de caso a partir da elaboração de um
mapa temático sobre Áreas de Risco através do software “Terra View”. Viçosa. MG. 38p.

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VII. APÊNDICES

APÊNDICE 1. Formulário das entrevistas.


SECÇÃO I: Caracterização Sócio-demográfico
A. Identificação do inquerido

Código do inquérito____ Data______________ Local_______________________________

B. Idade:

1. 18 - 35 anos ( ); 2. 35-60 anos ( ); 3. Maior que 60 anos ( )

C. Sexo

Masculino ( ); 2. Feminino ( ).

D. Estado civil

1. Solteiro ( ) ; 2. Casado/ união de facto ( ); 3. Divorciado 4. Viúvo

E. Grau de escolaridade:

1. Sem Formação ( ); 2. Formação Primária ( ); 3. Formação Básica ( ) 4. Formação Secundária ( );

5. Formação Média / Técnica ( ); 6. Formação Superior ( )

F. Profissão/ocupação

1. Professor ( ); 2.Enfermeiro ( ); 3.Comerciante ( ); 4.Garda ( )

SECÇÃO II: Nível de conhecimento sobre as florestas ribeirinhas

A. Já ouviu falar das florestas ribeirinhas?

1. Sim (); 2.Não ( )

B. Quais são as características das florestas ribeirinhas?

1. Ocorre ao longo dos rio( ); 2.Florestas sempre verde ( ); 3. Outras características

C. Qual é a importância das florestas ribeirinha?

1. Protecção das margens ( ); 2.Oportunidade de lazer ( ); 3.Abrigo da fauna (); 4.Facilitar a infiltração de
água no solo ().

D. Na sua óptica as florestas ribeirinhas estão a diminuir?

1. Sim (); 2.Não ()

E. Quando começou a reduzir drasticamente?

1. Ano 2006 ( ); 2. Ano 20016 ( ) 3. Não Sei ( )

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F. Quais são as espécies florestais predominantes?

Resposta_____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

G. O que está sendo feito para a sustentabilidade das florestas ribeirinhas?

1. Nada ( ); 2. Reflorestamento ( ); 3.Envolvimento de instituições para a gestão e pesquisas ( )

SECÇÃO III: Legalização e actividades de exploração das florestas ribeirinhas

A. Qual é a forma de aquisição de recursos?

1. Direito legal/ formal ( ); 2.Direito costumeiro () 3.Outra ( )

B. Tem desenvolvido actividades de exploração das florestas ribeirinhas?

1. Sim ( ); 1.Não ( )

C. Qual o motivo que lhe levou a dedicar-se á actividades ocupação dos solos das florestas
ribeirinhas?

1. Desemprego (); 2. Baixo salário ( ); 3. Aumentar a renda familiar ( ) 4. Não sabe ( )

D. Consegue sustentar a família com o que ganha das actividades de exploração das florestas
ribeirinhas?

1. Sim ( ); 2.Um pouco ( ) 3.Não ( )

E. Existe alguma fiscalização da ocupação e uso do solo nas margens do rio?

1. Sim ( ) 2.Não ( )

F. A Comunidade participa na fiscalização das florestas ribeirinhas?

1. Sim ( ) ; 2.Não ( )

SECÇÃO IV: Impactos negativos decorrentes da exploração inadequado das florestas ribeirinhas

A. Conheces algumas causas de degradação das florestas ribeirinhas?

1. Sim ( ); 2.Não ( ).

B. Qual é a causa principal da degradação das florestas ribeirinhas?

1. Expansão urbana ( ); 2. Extracção de Lenha e produção de carvão ( ); 3. Práticas agrícolas ( ) 4.


Pastagem de gado ( ); 5. Queimada ( ); 6. extracção de areia ( ).

C. Quais são as consequências da degradação das florestas ribeirinhas?

1. Maior vulnerabilidade a extremos climáticos ( ); 2. Erosão dos solos ( ); 3. Assoreamento dos rios ( ) ;
4. Desaparecimento de certas espécies nativas da região ( ) 5. Diminuição dos níveis de pesca ( ).

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D. O que recomendaria para a redução das causas e consequências da degradação?

1. Intensificar a fiscalização ( ); 2. Reduzir as práticas agrícolas nas zonas ribeirinhas ( ); 3. Diminuir a


prática de queimadas ( ); 4. Fazer plantio de espécies nativas ( ); 5. Criar iniciativas para o combate a
erosão ( ).

SECÇÃO V: Disponibilidade da comunidade local na gestão e sustentabilidade conjuntas das


florestas ribeirinhas

A. Se for convidado para a restauração das áreas degradadas, aceitas fazer parte da equipa de
trabalhos?

1. Sim ( ); 2.Não ()

B. Fazendo parte da equipe que espécies recomendaria para actividade de restauração?

_____________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

C. Além do reflorestamento tem outras formas de como recuperar áreas degradadas?

1. Sim ( ); 2.Não ()

D. Tem mais alguma coisa para acrescentar sobre florestas ribeirinhas?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

Obrigado pela disponibilidade…

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Apêndice 2. Fotografias captadas ao longo do estudo

Figura A. Prática da extracção de área.

Figura B. Prática da extracção de Lenha.

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Figura C. Prática da agricultura.

Figura D. Área com solos expostos.

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