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ESTUDO DE CASO
CONCESSÃO SOTOMANE POSTO ADMINISTRATIVO DE NAMANJAVIRA DISTRITO
DE MOCUBA
Mocuba
2018
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
Mocuba
2018
DECLARAÇÃO
Eu, Joaquim Jorge Ranguisse, declaro por minha honra, que esta monografia é o resultado do
meu empenho e sacrifício, e está a ser submetida para a obtenção do nível de Licenciatura na
Universidade Zambeze-Mocuba. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum nível ou
para avaliação em nenhuma outra Universidade.
______________________________________________
/ Joaquim Jorge Ranguisse /
i
DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho;
Aos meus pais Fenga Jorge Ranguisse e Luísa Sifa Ranguisse, que trouxeram-me ao mundo e me
cuidaram, acreditaram e ensinaram-me a viver com muito amor e carinho. Pelo sacrifício,
dedicação, luta, e aposta na minha formação sem se cansar para o sucesso nos meus estudos.
Às minhas irmãs Judite, Chana, Leonora, Sara, Safira e Salomé pela força e inestimável apoio.
À Sra Jutilde da Graça Dembo juntamente com o seu esposo Sro Lourenço Nhabanga, por fazer
parte da minha vida, dando-me apoio, força como seu próprio filho.
Em especial à minha amada esposa Vinoria Martins Lemos Saide, que esteve sempre ao meu
lado, dando-me força e apoio inestimável quando precisei.
i
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar sou grato à Deus todo-poderoso e criador do universo, que se fez presente em
todos momentos do presente trabalho, por tudo e todas coisas que tem feito acontecer e polo que
ainda tem por fazer na minha vida.
Aos meus pais Fenga Jorge Ranguisse e Luisa Sifa Ranguisse, por terem disponibilizado todos
os recursos e meios que tenho necessitado na minha vida social e académica, sobretudo, para o
sucesso dos meus estudos.
Ao meu supervisor, Agnaldo Viriato Nhumbate Ubisse, por todo o apoio científico,
bibliográfico, paciência e disponibilidade que demonstrou, assim como pelas críticas, correcções
e sugestões relevantes feitas durante a elaboração deste trabalho. Não esqueço seus eternos
ensinamentos, seus preciosos conselhos e sua inestimável confiança. “O meu profundo
obrigado”.
Ao meu cunhado António Mesa, sobrinhos Luísa, Celina, Victoria, Júnior e Giovani que me
fazem ser o tio mais feliz do Mundo e que eu sirva como a sua fonte de inspiração.
Ao meu grande amigo colega e irmão na fé Arlindo Jaime Matsinhe, que me deu grande apoio,
na colecta de dados no campo, para a concretização deste presente trabalho
i
EPÍGRAFE
"Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me
esta guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim,
também a todos os que amarem a sua vida".
2 Timóteo 4:7-8
ii
Conteúdo
Índice Página
DECLARAÇÃO .............................................................................................................................. i
DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... i
EPÍGRAFE ..................................................................................................................................... ii
RESUMO ......................................................................................................................................... i
ABSTRACT .................................................................................................................................... ii
I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 2
i
2.2.1. Factores que contribuem para a degradação dos ecossistemas de miombo .......................... 8
ii
3.2.6.1. Índice de Shannon-Wiener (H’) ....................................................................................... 21
4.2.2. Lista de espécies por área de estudo quanto ao Índice de Valor de Importância (IVI),
(árvores com DAP ≥ 10 cm) ......................................................................................................... 28
4.2.3. Distribuição diamétrica da abundacia de cada uma das áreas de estudo ............................ 34
V. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 42
iii
RESUMO
i
ABSTRACT
The present study was conducted at the Sotomane Concession locality of Namanjavira District of
Mocuba, Zambézia Province with the aim of analyzing forest exploitation activity in the Miombo
ecosystem. Six (6) sampling points corresponding to 0.02% of the Sotomane Forest Concession
area were installed, of which 2 (two) points in the undisturbed area, 2 (two) points in the semi-
disturbed area and 2 (two) points in the disturbed area. Two 650 m transects were set in the
north-east direction, and five (50 * 20) m plots were established with a spacing of 100 m
between them, where all individuals with DBH ≥ 5 cm were measured in diameter and total
height, identified and geographically referenced. With the above data it was possible to calculate
the frequency, density, dominance, and IVI. Diversity indices were also determined by the
Shannon-Wienner index and the Pielou index equitability. For indicators of forest degradation
consisted of a semi-structured interview. In a floristic survey in 3 (three) study areas, 2813
individuals were identified and a total of 93 species belonging to 16 families were identified, of
which 37 were recorded in the undisturbed stratum, 31 in the semi-disturbed stratum and 25 in
the disturbed stratum . The richest botanical family was the Fabaceae with a total of 27 species.
The most important species was Brachystegia spiciformis, and the forest showed high diversity
of species and equitability, with an inverted J-type diametric distribution. It was verified that the
forests have been under pressure from anthropic activities such as fires, shifting cultivation and
charcoal production, this situation would jeopardize the coming generation of the same
resources.
ii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Número de espécies e género por família da área total de estudo ................................ 23
Tabela 2. Índice de Shannon- Wiener (H’), e índice de Uniformidade de Pielou (J´) de cada área
em estudo (árvores com DAP ≥ 10 cm). ............................................................................... 25
Tabela 3. Índice de Shannon-Wiener (H’), e índice de Uniformidade de Pielou (J´) de cada área
em estudo (árvores 5 ≤ DAP <10 cm). .................................................................................. 26
Tabela 4. Lista de espécies que mais se destacaram por área de estudo quanto ao Índice de Valor
de Importância (IVI), (árvores com DAP ≥ 10 cm) .............................................................. 28
Tabela 5. Lista de espécies que mais se destacaram por área de estudo quanto ao Índice de Valor
de Importância (IVI), (árvores com 5 ≤ DAP <10 cm) ......................................................... 30
Tabela 6. Lista de espécies que mais se destacaram por área de estudo quanto a Densidade e
Frequência relativa, para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥ 10 cm)
............................................................................................................................................... 35
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição da cobertura florestal em Moçambique ...................................................... 5
Figura 2. Localização geográfica da área do estudo na concessão florestal Sotomane Lda., no
posto administrativo de Namanjavira, distrito de Mocuba. ................................................... 14
Figura 3. Ilustração do desenho de amostragem ........................................................................... 18
Figura 8. Estado da floresta presente e à 20 anos atrás ................................................................. 38
Figura 9. Produtos obtidos à 20 anos atrás e que não estão mais disponíveis .............................. 39
Figura 10. Produtos obtidos à 20 anos atrás e que não estão mais disponíveisErro! Marcador
não definido.
Figura 11. Áreas de cultivo abandonadas e sua causa .................................................................. 40
Figura 12. Estado dos rios e riachos presente comprando com 20 anos atrás .............................. 41
iii
LISTA DE ANEXOS
Anexo 7. Densidade e frequência para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥
10 cm) na área não perturbada. .............................................................................................. 54
Anexo 8. Densidade e frequência para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥
10 cm) na área semi-perturbada............................................................................................. 54
Anexo 9. Densidade e frequência para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥
10 cm) na área perturbada. .................................................................................................... 55
iv
LISTA APÊNDICES
Apêndice 1. Ficha de levantamento de dados relacionado a árvores adultas (DAP ≥ 10 cm) ...... 57
Apêndice 2. Ficha de levantamento de dados relacionado a Regeneração natural estabelecida (5 ≤
DAP <10 cm) ......................................................................................................................... 58
Apêndice 3. Ficha de levantamento de dados relacionado a Regeneração não estabelecida (DAP
<5 cm e altura ≥ 10 cm) para quadriculas de 5m*5m ........................................................... 59
Apêndice 4. Guião para levantamento de dados com base em entrevistas semi-estruturadas ...... 60
v
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
% Percentagem;
°𝐶 Graus celsus;
Agricultura e Alimentação;
ℎ𝑎 Hectare;
vi
Análise do estado actual da floresta de miombo. Estudo de caso Concessão
Sotomane Posto administrativo de Namanjavira Distrito de Mocuba
2018
𝐺 Área transversal/basal/seccional;
𝐻𝑐 Altura comercial;
𝐻𝑡 Altura total;
𝑚 Metros;
𝑚 Metros;
𝑚² Metro ao quadrado;
I. INTRODUÇÃO
1.1. Generalidades
As florestas desempenham um papel fundamental na vida do Homem, através de múltiplos
produtos que fornecem, satisfazendo um crescente conjunto de necessidades, como no
fornecimento de energia, material de construção, plantas medicinais, alimentares, fruteiras
entre outras (JUNG, 2015).
A situação actual das florestas nativas nas regiões tropicais sobretudo a floresta de miombo
particularmente em Moçambique, é muito preocupante, devido a actividades antrópicas, que
causam a degradação florestal, a exploração não planificada, incêndios florestas e a prática de
agricultura itinerante (FAO, 2007).
Segundo BARROS (2006), a exploração de espécies nativas, se inicia com a abertura de via
de acesso à floresta e termina com o transporte dos toros para as unidades de processamento.
Essas operações podem afectar vários componentes do ecossistema, resultando em danos
como a compactação e erosão do solo, visto que modifica o meio físico em diferentes escalas
de intensidade.
Segundo, LOREAU, (2002) o papel das florestas no equilíbrio da biosfera é fundamental pois
participa activamente no ciclo biogeoquímicos e da água. Absorvem gás carbónico e liberam
oxigénio na atmosfera, regulam a humidade do ar, influem no clima e na quantidade de
nuvens e chuvas; filtram o ar e a água, mantendo a sua qualidade. Sendo assim, a análise da
actividade de exploração florestal no ecossistema de miombo, tem que ser baseada
fundamentalmente em pesquisas de monitoramento das actividades de exploracao, na biota
local, como forma de garantir e preservar a biodiversidade.
Por outro lado, pouco se sabe sobre a vegetação de miombo no distrito de Mocuba, e das
causas e factores associados a degradação da cobertura vegetal. No entanto a crescente
pressão sob os combustíveis lenhosos torna-se ainda preocupante, devido ao facto de não se
saber até que ponto a redução deste recurso, conduz a extinção de espécies ou reduz a
capacidade de resiliência dos ecossistemas florestais.
Este trabalho pretende apoiar na explicação dos padrões de vegetação em termos de estrutura
distribuição, composição em diferentes áreas de actividades de exploração florestal madeira
com vista a obtenção de informações confiáveis relacionadas ao estado actual da floresta de
Miombo no distrito de Mocuba, Província da Zambézia.
1.3. Objectivos
Moçambique possui uma superfície total de 799,380 Km2 sendo 2/3 ocupada pela floresta de
Miombo que se estende desde o Rio Rovuma a Norte até ao Rio Save no Sul do País. A sua
estrutura e composição são modificadas pelo clima, solo e altitude, distinguindo-se de uma
região para outra. As florestas de miombo húmido são dominadas pela Brachystegia
spiciformis com altura de 15 a 22 m, ocorrendo em simultâneo com as florestas semi-decíduas
mesoplanálticas de Pteleopsis sp, Erythrophleum sp. e Newtonia sp (CANGELA, 2014 e
RIBEIRO et al., 2002).
De acordo com CANGELA (2014), o ecossistema de miombo possui uma vasta diversidade
biológica que inclui cerca de 8500 espécies de plantas, 54% das quais endémicas, com
predominância dos géneros Brachystegia, Julbernadia e Isoberlinia, e uma população
significante de fauna, como por exemplo, elefantes (Loxodonta africana) rinoceronte (Diceros
bicornis) leões (Panthera leo) búfalos (Syncerus caffer) leopardos (Panthera pardus) impalas
(Aepyceros melampus johnstoni) zebras (Equus burchelli boehmi) e diversas espécies de aves.
As florestas de miombo ocorrem em solos pobres, em regiões com precipitação média anual
que varia de 650 a 1400 mm. A maioria das árvores e arbusto do miombo são decíduas e
deixam cair as suas folhas durante a estação seca. Em geral, as folhas caem entre Julho-
Agosto no miombo seco e entre Agosto-Setembro, no miombo húmido fazendo com que 91%
da produção da biomassa vegetal morta esteja concentrada durante a época seca, entre os
meses de Maio a Outubro (RIBEIRO et al., 2002).
Segundo mesmos autores o aparecimento das folhas regista-se 2-4 semanas após o início das
primeiras chuvas. A floração tem lugar entre Setembro a Outubro, com a excepção do género
Julbernardia que floresce entre Novembro a Abril.
O miombo húmido ocorre em áreas com precipitação superior a 1000mm por ano e possui
uma composição florística muito rica dominada pelas espécies Brachystegia floribunda, B.
graberrima, B. taxifolia, B. wangerrmeana e Marquesia macroura. O miombo seco ocorre
em regiões comprecipitação média anual inferior a 1000 mm e a sua composição florística é
pobre sendo dominadapelas espécies Brachystegia spiciformis, B. boehmii e Julbernadia
globiflora. As florestas de miombo ocorrem também em associação com algumas espécies do
género Acácia (FAO, 2007).
Segundo RIBEIRO et al., (2002), o Miombo húmido ocorre em regiões altas das províncias
de Manica e Zambézia com altitude superior à 1000m e precipitação média anual que varia de
1200 a 1800mm. O Miombo semi-decíduo ocorre nas regiões de baixa altitude e precipitação
entre 800-1200mm. Ambos são dominados pela Brachystegia spiciformis e Julbernadia
globiflora e várias espécies de valor económico tais como, Pterocarpus angolensis, Swartzia
madagascariensis e Millettia stuhlmannii. O miombo decíduo é típico das zonas de baixa
altitude e precipitações médias anuais entre 600 a 800 mm, representando a vegetação mais
dominante em Moçambique.
O impacto dos elefantes na composição das florestas de miombo manifesta-se através do seu
papel como espécie chave na dispersão das sementes. Os elefantes alteram a densidade e
composição das florestas através da abertura de clareiras pela remoção ou desramificação de
espécies arbóreas estimulando a regeneração de várias espécies de plantas incrementando
desta forma a heterogeneidade dos habitats. A acção dos elefantes acelera o ciclo de nutrientes
através da deposição de grandes quantidades de urina e fezes, incrementam a qualidade e
quantidade de forragem favorecendo desta forma aos outros herbívoros (CAMPOS & LEITE,
2013).
A acção dos elefantes por si só não é suficiente para a degradação das florestas de miombo,
sendo que o fogo é necessário para que florestas sejam convertidas em áreas totalmente
abertas e predominadas por gramíneas. Os danos dos elefantes e a mortalidade de árvores
adultas do que de plantas jovem não tem impacto significativo sobre a regeneração o que
garante a recuperação da vegetação é do processo de recrutamento (CANGELA, 2014).
Qualquer alteração no meio natural pode ser considerada uma forma de degradação. Assim, a
degradação de áreas naturais não é causa exclusiva das actividades antropogénicas, pois os
ecossistemas estão sujeitos a algum tipo de alteração, as actividades antropológicas possuem
grau de degradação mais crítico em relação a aquela causada por eventos naturais. Uma área
de vegetação nativa pode ser perturbada de modo a afectar a dinâmica natural e a estrutura da
vegetação ali existente (CHIDUMAYO, 2013).
Considera-se que uma área está degradada quando o grau de interferência impossibilita a
capacidade de resiliência, ou seja, a capacidade de regeneração do meio, e a consequente
recuperação sendo necessária a intervenção positiva do homem (CAMPOS & LEITE, 2013).
Actividade agrícola, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como uso insuficiente
ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa qualidade, uso inapropriado de
máquinas agrícolas e ausência de práticas de conservação de solo (28,1%), exploração intensa
da vegetação para fins domésticos, como combustível, cercas entre outros expondo o solo à
acção dos agentes de erosão (6,8%) (WATE, 2012).
A exploração florestal pode também afectar outros organismos, além das próprias espécies
madeireiras. É possível que populações de animais que dependem fortemente das espécies
madeireiras experimentem reduções populacionais e erosão genética na medida em que as
espécies das quais elas dependem sejam eliminadas. Além disso, grupos animais com pouca
capacidade de regulação de temperatura, como os anfíbios, poderão começar a evitar as
florestas exploradas por causa do ambiente quente e seco dessas áreas (BILA, 2012).
Segundo (LAMPRECHT, 1964) citado por (MUZIME, 2015) diz que a riqueza e diversidade
de espécies como indicadores para avaliar a composição florística; a densidade, abundância,
frequência e dominância que são utilizados para avaliar a estrutura fisionómica.
2.3.1.1.Riqueza de espécies
É o número total de espécies, numa dada área geográfica em determinado tempo, é uma
variável descritiva dos padrões espaciais de distribuição de espécies no terreno e importante
para a apreciação da diversidade de espécies de uma determinada área (KENT et al., 1992).
A biodiversidade é o campo da biologia e meio ambiente que se refere ao estudo das relações
quantitativas entre a riqueza de diferentes categorias biológicas e abundância relativa de
espécies dentro das comunidades, incluindo variabilidade ao nível local (diversidade alfa),
complementaridade biológica entre habitats (diversidade beta) e variabilidade entre paisagens
(diversidade gama), agregando, desta forma, a totalidade dos recursos vivos e dos genéticos,
assim como seus componentes (CARNEIRO, 2002).
A diversidade relativa é dada pela proporção da percentagem das espécies numa determinada
família pelo número total identificado numa determinada área. Para uma população com um
dado número de espécies a medida de diversidade será máxima quando todas as espécies
estiverem presentes em iguais proporções (ou com equidade máxima). Assim, dadas duas ou
mais populações em que as espécies são representadas uniformemente, uma comunidade com
maior ou alta diversidade é a que tem um maior número de espécies diferentes (CUMBANE,
2010).
Quanto maior for a diversidade ou variação de espécies maior será a interacção (predação,
competição, mutualismo) e menor será a redução da cobertura vegetal. Quando se comparam
comunidades com a mesma quantidade de espécies, a mais diversa é aquela cuja abundância
relativa é mais equilibrada, isto é, aquela na qual a percentagem de indivíduos de cada espécie
é aproximadamente a mesma (ADEAM, 1992).
É o índice mais usado para medir a diversidade de uma, pois incorpora tanto a riqueza quanto
a equitabilidade (ROSSO, 1996). Na prática, para as comunidades biológicas o índice não
excede 5.0, portanto, os seus valores encontram-se entre 1.5 e 3.5, em casos excepcionais
pode exceder 4.5, onde o seu valor máximo é InS (logaritmo natural de espécies) que indica
uma competição ou uma coexistência estável entre as espécies (KREBS, 1992).
2.3.1.4. Densidade
Expressa a participação das diferentes espécies dentro da associação vegetal. É obtida pela
razão entre o número total de indivíduos da espécie e por unidade de área [hectare (ha)].
(VALENTIN, 2000).
2.3.1.5. Frequência
A frequência é um atributo da probabilidade de encontrar um ou mais indivíduos em uma
unidade amostral particular, indica como os indivíduos da espécie estão distribuídos sobre a
área amostrada e é dada em percentagem das unidades amostrais que contêm a espécie
Frequência absoluta (FeAb ou FA) é a relação entre o número de parcelas em que
determinada espécie ocorre e o número total de parcelas amostradas. Frequência relativa
(FeRe) é uma proporção expressa em percentagem, entre a frequência absoluta de cada
espécie e a frequência absoluta total (soma das frequências absolutas de todas as espécies) por
unidade de área (MUZIME,2015).
2.3.1.6. Dominância
A dominância expressa a proporção de tamanho, biomassa, volume ou de cobertura de cada
espécie, em relação ao espaço ou volume ocupado pela comunidade, a dominância é o grau de
cobertura das espécies como expressão do espaço por elas requerido. Será calculada mediante
a área transversal ou seccional do tronco das árvores, a altura de 1,30m, através da fórmula
básica da área basal (QUENHÉ, 2015).
Assim, valores similares de IVI das principais espécies podem indicar uma semelhança de
comunidades quanto à composição e estrutura horizontal, o valor de importância permite uma
visão mais ampla da posição da espécie, caracterizando sua importância na população em
estudo e é calculado pela soma dos valores relativos da abundância, frequência e dominância
por espécie (KAGEYAMA, 2008).
Figura 2. Localização geográfica da área do estudo na concessão florestal Sotomane Ltda., no posto
administrativo de Namanjavira, distrito de Mocuba.
3.1.1. Clima
O distrito de Mocuba é carecterizado por (2) dois tipos de climas: tropical húmido, na faixa da
planície e do planalto central, enquanto nas terras altas como Mugeba e Alto Benfica
prevalece o clima tropical de altitude. A humidade relativa varia na época das chuvas, de 90 -
100% no clima Tropical Húmido e 75-90% no Clima Tropical de Altitude. As temperaturas
médias anuais variam conforme as regiões topográficas, entre 26ºc na planície e planalto e
cerca de 20ºc nas terras altas das montanhas. De igual modo as amplitudes térmicas são
elevadas (MAE, 2005).
A estação quente e de chuvas vai de Outubro a Abril, período em que os ventos sopram do
Índico para a faixa do litoral com ventos alísios, carregados de humidade. A estação seca e
fresca vai de Maio a Setembro. A pluviosidade varia entre 1000 e 1300 milímetros, e as
chuvas ocorrem de Novembro a Março e o período seco nos restantes meses do ano. Na
estação seca, depois do mês de Junho, uma grande parte da vegetação lenhosa e herbácea
despe-se da folhagem (MAE, 2000).
3.1.2. Hidrologia
A rede hidrográfica do Distrito é caracterizado por dez rios com os seus afluentes e
subafluentes a destacar (MAE, 2015):
Licungo, Raraga, e Namacurra- de regime permanente e que desaguam no Oceano
Índico;
Mudhi, Lugela, Maratha, Mutuludhi, Laze, Munhiba, Makuwani e Dagaragane, seus
afluentes de regime periódico;
Licuari é afluente do rio Cuácua. Estes rios desaguam no oceano Índico, com
excepção do rio Licuari que é afluente do rio dos bons Sinais.
As bacias hidrográficas apresentam potencialidades enormes para a prática da piscicultura,
agricultura e pecuária, por possuir terras férteis para além da exportação faunística e florestal,
bem como oferecem condições naturais para as construções de represas de água para a
irrigação e de barragens hidroeléctricas (MAE, 2000).
3.1.3. Vegetação
Os tipos de formação vegetal que ocorre no Distrito de Mocuba são caracterizados por savana
tropical arbustiva com surgimento de algumas zonas com componentes arbóreas de grande
valor económico e exótico, sendo as mais destacadas: Afzelia quanzensis, Pterocarpus
angolensis, Combretum imberbe, Burkea africana, Dalbergia melanoxylon, Ficus lutea ,
Millettia stuhlmannii, e Artabotrys brachypetalus. As florestas têm maior representatividade
nas terras altas e planalto do interior (MAE, 2000).
3.1.4. Fauna
Mocuba possui um potencial faunístico, composto por muitas espécies de animais tais como:
(Chango) Redunca fulvorufula, (javalis) Sus scrofa, (hipopótamos) Hippopotamus amphibius,
(crocodilos) Crocodylus niloticus, (leões) Panthera leo, (gazelas) Gazella bennettii , (coelhos)
Oryctolagus cuniculus, (macacos) Pan troglodytes e uma gama de diferentes pássaros.
Devido aos efeitos nefastos da guerra, a maioria dos animais de grande porte foi dizimada,
razão pela qual já não se encontra: (elefante) Loxodonta africana, (rinoceronte) Diceros
bicornis, e (búfalo) Syncerus caffer caffer (MAE, 2015).
O Distrito é rico em espécies nativa produtoras de madeiras preciosas e tem grande potencial
silvícola. As principais espécies de madeira são: Mucarala, Umbila, Chanfuta, Jambire,
Muroto, Pau-ferro e Mondzo. O desflorestamento e a erosão de solos são problemas que
afectam sobremaneira o distrito de Mocuba. A lenha é a fonte de energia mais utilizada para a
confecção de alimentos (PEDDM, 2014).
3.2.4. Entrevistas
Foram feitas entrevistas semi-estruturadas à comunidade local em relação a causas da
degradação do ecossistema de miombo na área de estudo. Para a entrevista foi abordado o
método de amostragem probabilístico (Amostragem Aleatória Simples), cada individuo tem a
mesma probabilidade de ser incluído na amostra, a partir da fórmula 2 proposta por
BARBETTA (2002), foram entrevistados um total de 46 agregados baseada na entrevista
semi-estruturada. Para a determinação do tamanho de amostra dos inqueridos, baseou-se na
população total (600) para o povoado de Mkamura e foi usado o erro amostral de 5%, com o
grau de certeza ou confiança de 90%.
𝑛
𝑃 = (1)
𝑁
Onde: 𝑃 = probabilidade de uma unidade amostral da população de ser seleccionada; 𝑛 =
Tamanho da amostra e 𝑁 = Tamanho da população.
Para a determinação do tamanho de amostra foi usada a fórmula proposta por LEVINE
(2000), quando p-Proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que estamos
interessados em estudar e q -Proporção populacional de indivíduos que não pertence à
categoria que estamos interessados em estudar (q = 1 – p), forem desconhecidos, substituímos
pˆ e qˆ por 0,5, obtendo a seguinte estimativa:
2
𝑍∝/2 × 0,25
𝑛 = (2)
𝐸2
Onde: 𝑛 = Tamanho da amostra; 𝑍𝑎/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança
desejado; 𝐸 =Margem de erro ou erro máximo de estimativa. Identifica a diferença máxima
entre a proporção amostral e a verdadeira proporção populacional (p).
Autor: Joaquim Jorge Ranguisse Página 18
Análise do estado actual da floresta de miombo. Estudo de caso Concessão
Sotomane Posto administrativo de Namanjavira Distrito de Mocuba
2018
Observação directa
As observações do estado da conservação do ecossistema de miombo, feitas na área de estudo
tiveram um carácter quantitativo em alguns casos qualitativo. As observações incluíram
principalmente actividades desenvolvidas nas áreas de estudo, sinais de ocorrência de
incêndios florestais. Segundo BONI et al., (2005), a técnica de observação directa o
pesquisador procura recolher e verificar os factos reais do estudo, sem a utilização de meios
técnicos especiais, ou seja, sem planeamento ou controlo.
3.2.5.1.Fisionómica
Para o cálculo das estimativas dos parâmetros fisionómicas, segundo LAMPRECHT (1990),
ZILLER (1992) e WATZLAWICK et al., (2005), utiliza-se as seguintes variáveis: Densidade
absoluta (DeAb ou DA); Dominância absoluta (DoAb ou DOA); Frequência absoluta (FrAb
ou FA); Densidade relativa (DeRe ou DR); Dominância relativa (DoRe ou DOR); Frequência
relativa (FrRe ou FR); Índice de valor de cobertura (IVC) e Índice de valor de importância
(IVI).
3.2.5.1.1. Densidade
A densidade é o número de indivíduos em uma área determinada e se estima a partir da
contagem do número de indivíduos desta área.
(á𝑟𝑣/ℎ𝑎) (3)
𝐷𝑒𝐴𝑏 =
(ℎ𝑎)
Onde:
𝐷𝑒𝐴𝑏 = densidade absoluta; 𝑛 = número de indivíduos de determinada área; á𝑟𝑒𝑎 = Unidade
de área em que se esta trabalhando.
𝐷𝑒𝐴𝑏 (4)
𝐷𝑒𝑅𝑒 = ∗ 100
∑ 𝐷𝑒𝐴𝑏
Onde:
𝐷𝑒𝑅𝑒 = densidade relativa
𝐷𝑒𝐴𝑏 = densidade absoluta;
∑ 𝐷𝑒𝐴𝑏 = somatório de densidade absoluta.
3.2.5.1.2. Dominância
De acordo com LAMPRECHT (1990), a dominância é o grau de cobertura das espécies como
expressão do espaço por elas requerido. Expressa a área basal de uma espécie na área.
2
𝑔𝑖 (𝑚2 ) (5)
𝐷𝑜𝐴𝑏 (𝑚 /ℎ𝑎) =
𝐴(ℎ𝑎)
Onde:
𝑔𝑖 (6)
𝐷𝑜𝑅𝑒 (%) = ∗ 100
𝐺
Onde:
𝐷𝑜𝑅𝑒 = dominância relativa (%);
𝜋 ∗ 𝑑²
𝑔𝑖 = área basal total da espécie i;
4
3.2.5.1.3. Frequência
É a relação entre o número de parcelas em que determinada espécie ocorre e o número total de
parcelas amostradas.
𝑝𝑖
𝐹𝑒𝐴𝑏 = (7)
𝑝
Onde:
𝐹𝑒𝐴𝑏 = frequência absoluta;
𝑃𝑖 = número de parcelas com ocorrência da espécie i;
𝑃 = número total de parcelas.
𝐹𝑎𝑖 (8)
𝐹𝑒𝑅𝑒 = ∗ 100
𝐹𝐴
Onde:
𝐹𝑒𝑅𝑒 = frequência relativa; 𝐹𝐴𝑖 = frequências absolutas da espécie i; 𝐹𝐴 = soma das
frequências absolutas de todas as espécies consideradas no levantamento.
Onde:
𝐼𝑉𝐼 = índice Valor de Importância;
𝐷𝑒𝑅𝑒 = densidade relativa;
𝐹𝑒𝑅𝑒 = frequência relativa;
𝐷𝑜𝑅𝑒 = dominância relativa.
Onde:
𝑝𝑖 = proporção de indivíduos da i-ésima espécie;
𝑛𝑖 = número de indivíduos amostrados para a espécie i;
𝑁 = número total de indivíduos amostrados.
𝐻 ′ (𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜) (11)
J’ =
𝐻 ′ 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜
Onde:
H’máximo = é a diversidade máxima possível que pode ser observada se todas as espécies
apresentarem igual abundância.
H’ máximo = log S
Onde: S = número total de espécies.
A família Fabacea apresentou maior riqueza de espécies, com um total de 27 espécies, sendo
que (42%) na área não perturbada, (32,2%) na semi-perturbada e (25%) na perturbada.
Também resultados contraditórios foram aos obtidos por HOFIÇO (2014), no seu estudo
sobre suficiência amostral para floresta de miombo no distrito de Mocuba Província da
Zambézia, em que a família Fabaceae foi a mais representativa com maior riqueza com 48 de
espécies.
De acordo com JOÃO (2017), a floresta de Miombo é dominada pela família Fabaceae. A
razão desta diferença deve-se a área da realização dos estudos, da intensidade amostral e
período da realização dos estudos. Visto que quando maior for a intensidade de amostra maior
será diversidade de amostra e no período chuvoso a vegetação encontra-se muito expressa em
relação a período seco. Neste sentido o presente estudo teve menor intensidade amostral em
relação a estudos acima e foi realizado na época seca possivelmente seja por esta razão de se
obter a família Fabacea com menor riqueza de espécies, com um total de 27, em relação aos
estudos acima.
No entanto, no presente estudo a área não perturbada apresentou maior riqueza de espécies
coincidentemente na sua maioria pertencentes a família Fabaceae, em relação a área semi-
perturbada e perturbada- isso é devido a pressão que essas áreas tem sofrido vindo das
actividades antrópicas como a agricultura itinerante produção de carvão vegetal e os
incêndios. As diferenças encontradas na composição florística nas áreas amostrais estão
associadas à exploração de madeira bem como ao desmatamento e aos incêndios florestais
para abertura de machambas e a caça que causam a degradação contínuo do ecossistema de
miombo.
Número de individuos por falimía Número de espécies por família da área total de estudo
18
16
14
12
10
8 Não perturbada
6
4 Semi-perturbada
2
0 Perturbada
Euphorbiaceae
Annonaceae
Fabaceae
Loganiaceae
Moraceae
Boraginaceae
Sterculiaceae
Ebenaceae
Rubiaceae
Araliaceae
Anacardiaceae
Olacaceae
Meliaceae
Rhamnaceae
Sapotaceae
Combretaceae
Família
Figura 5. Representação das famílias de espécies registradas nas três áreas de estudo
Nota-se que a família Fabaceae com maior número de espécies em seguida a família
Boraginaceae, mas é importante salientar que o número de espécies tende a diminuir para
cada família na medida em que o nível de perturbação aumenta, isso quer dizer que área não
perturbada apresenta maior número de espécies em relação a área semi-perturbada e
perturbada.
Tabela 2. Indice de Shannon- Wiener (H’), e índice de Uniformidade de Pielou (J´) de cada área em
estudo com DAP ≥ 10 cm
Floresta de Miombo: Concessão Sotomane
Parâmetros Área Amostral
Não perturbada Semi-perturbada Perturbada
Shannon-Wiener (H’) 2,92 2,54 1,92
Pielou (J´) 0,58 0,71 0,65
A área não perturbada, semi-perturbada e a perturbada têm maior diversidade média de índice
Shannon- Wiener (H’) e de equitabilidade de Pielou (J´).
Tabela 3.Índice de Shannon-Wiener (H’), e índice de Uniformidade de Pielou (J´) de cada área em
estudo (árvores 5 ≤ DAP <10 cm).
Floresta de Miombo: Concessao Sotemane
Área Amostral
Parâmetros Não perturbada Semi-perturbada Perturbada
Shannon-Wiener (H’) 2,76 2,52 1,98
Pielou (J´) 0,81 0,74 0,62
Os resultados obtidos a partir do estudo encontram-se dentro dos parâmetros aceites uma vez
que o índice de Shannon-Weiner (H'), os seus valores encontram-se entre 1,5 e 3,5 e nunca
excede 4,5 (KENT e COKER, 1994) enquanto que os valores obtidos de Índice de
Uniformidade de Pielou (J´) são: 0,81; 0,74; 0,62, também se encontram dentro do intervalo
estabelecido que varia de 0 a 1,0, sendo que o valor 1,0 representa a situação em que todas as
espécies possuem a mesma quantidade de indivíduos.
2.92 2.76
Valor de Índice
2.54 2.52
1.92 1.98
Figura 6. Índice de Shannon-Wiener (H’), e índice de Uniformidade de Pielou (J´) de cada área em estudo
(árvores com DAP ≥ 10 cm) e (árvores 5 ≤ DAP <10 cm)
Este facto foi observado por DOMINGOS (2012), em seu estudo sobre Caracterização da
estrutura e composição florística das áreas sob plantação florestal na Serra da Gorongosa,
onde obteve o valor do índice Shannon-Weiner (H') igual a (1,78) no estrato inferior, (2,08)
no estrado médio e (2,65) no estrato alto e para o Índice de Uniformidade de Pielou (J´)
obteve os seguintes valores: (0,87), (0,79) e (0,83) respectivamente. Esses resultados são
interessantes tratando-se de mesma formação florestal, pois evidencia que o estágio
sucessional influenciou fortemente neste índice. Facto que mostra que existe maior
diversidade e distribuição uniforme de número de indivíduos por espécies na área de estudo.
Tabela 4.Lista de espécies que mais se destacaram por área de estudo quanto ao Índice de Valor de Importância
(IVI), (árvores com DAP ≥ 10 cm)
A tabela acima mostra as espécies de acordo o valor de índice de valor de importância, que
mas se destacaram por área amostral. Com base neste índice foi possível comparar pesos
ecológicos das espécies na área de estudo. Observa-se na tabela que existe uma diferença em
termo do peso ecológico das espécies, isto é, quanto a estrutura e composição. A espécie
Brachystegia spiciformis apresenta o maior IVI o que mostra maior densidade, dominância e
frequência desta espécie na área não perturbada. A espécie Pterocarpus angolensis destacou-
se em segundo lugar depois da espécie Julbernardia paniculata em termo do peso ecológico.
No entanto, estes resultados revelam que a actividade de exploração florestal (ou não afecta) o
ecossistema de miombo visto que, as espécies ou indivíduos são abatidos em função dos
objectivos previstos no plano de maneio dos recursos naturais que visa garantir a exploração e
a utilização dos recursos naturais de forma sustentável, o maior problema esta relacionada
com a exploração ilegal, das actividades antrópicas realizadas por comunidades que si
encontram no limite desta concessão.
Autor: Joaquim Jorge Ranguisse Página 29
Análise do estado actual da floresta de miombo. Estudo de caso Concessão
Sotomane Posto administrativo de Namanjavira Distrito de Mocuba
2018
Verificou-se ainda que, para as espécies de densidade e dominância maior, o IVI variou de
acordo com os três (3) índices fitossociológicos conjuntamente (Anexo 4, 5 e 6). No caso de,
Pericopsis angolensis, destacou-se das demais pela alta densidade e dominância
consequentemente representa a espécies sociologicamente mais importante com 125,50 % de
IVI.
Tabela 5. Lista de espécies que mais se destacaram por área de estudo quanto ao Índice de Valor de Importância
(IVI), 5 ≤ DAP <10 cm
Resultados semelhantes foram obtidos por HOFIÇO (2014), no seu estudo sobre suficiência
amostral para floresta de miombo no distrito de Mocuba, Província da Zambézia, onde teve
dez (10) espécies de maiores valores de importância (VI) por ordem decrescente foram a
Brachystegia spiciformis, Pterocarpus angolensis, Pseudolachnostylis maprouneifolia,
Swartzia madagascariensis, Julbernardia globiflora, Burkea africana, Pteleopsis myrtifolia,
Brachystegia boehmii, Ficus ingens e Pericopsis angolensis com um pouco de 33,76 %.
Esses resultados são interessantes, visto que apresenta uma similaridade com a do presente
estudo essa situação é devido ao se tratar de mesma formação florestal, mesma área de estudo,
pois evidencia que o estágio sucessional influenciou nos diferentes resultados obtidos em cada
área de estudo em que área não perturbada apresenta maior densidade, dominância e IVI.
Resultados contraditórios foram obtidos por GUEDES (2004), em seu estudo sobre
Caracterização silvicultural e comparação das reservas florestais de Maronga, Moribane e
Zomba, província de Manica, onde foram identificados 609 indivíduos, 15 espécies e 5
famílias, 720 indivíduos, 22 espécies e 10 famílias e 512 indivíduos, 17 espécies e 7 família
nas reservas florestais de Maronga, Moribane e Zomba respectivamente. E as espécies que
apresentaram densidade e dominância maior, e consequentemente maior IVI em ordem
crescente são: Swartzia madagascariensis, Annona senegalensis, Burkea africana, Pteleopsis
myrtifolia, Pterocarpus angolensis, Afzelia quanzensis e Julbernardia globiflora.
Facto que pode explicar a diferença dos resultados acima e a do presente estudo, seja
provavelmente, o período de estudo, área de estudo e a intensidade da amostra. Pois no
período chuvoso muitas espécies são regeneradas e quanto maior é a intercidade de amostra
maior será a densidade de espécies.
A tabela 5, mostram a regeneração natural das espécies na área não perturbada, semi-
perturbada e perturbada. Onde verifica-se que em termo de IVI que muitas famílias estão
representadas diferentemente da área não perturbada o que se observa também em termo de
frequência. Na mesma área verificou-se uma regeneração de algumas espécies novas que não
se verificaram nas áreas semi-perturbada e perturbada como é o caso de espécies
Inhambanella henriquesii e Sterculia quinqueloba. Também verificou-se que as espécies
apresentam um nível de crescimento menor o que pode-se concluir que os factores como
queimadas, condições do solo, a presença de espécies invasoras contribuem para fraca
regeneração das espécies na área perturbada.
Olhando para grau de perturbação da área verificou-se que a área foi muito perturbada o que
contribuiu para perda dos atributos vitais do ecossistema. A exploração de lenha e fabrico de
carvão, agricultura comercial e subsistência, exploração comercial de madeira, incêndios
florestais constituem as principais causas da degradação dos ecossistemas (SITOE et al,
2012).
309
240
170
120 140
11086 105 10080
70 64 85 72 70 60
50 40 55 47 41 33 25
30 30 19 15
A curva mostra que a frequência de indivíduos diminui com o aumento do diâmetro. Padrões
de distribuição com características próximas ao que foi encontrado no presente estudo,
permitem que o processo dinâmico da floresta se perpetue, pois a ausência súbita de
indivíduos dominantes dará lugar a novos indivíduos que contribuirão para o processo de
reposição natural.
Nota-se que o número de indivíduos a baixar de acordo com o nível de perturbação, oque quer
dizer que a área não perturbada apresenta maior número de indivíduos em relação a área de
semi-perturbada e perturbada, isso de acordo com o intervalo de cada classe.
SITOE (1996), sustenta que em mata nativa apresentam a distribuição diamétrica do tipo J
invertido que indica a presença de muitos indivíduos com tamanhos pequenos e poucos com
tamanho grande, como consequência de características típicas daquele tipo de formação
florestal que não atinge diâmetros muito grandes.
Tabela 6.Lista de espécies que mais se destacaram por área de estudo quanto a Densidade e Frequência
relativa, para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥ 10 cm)
Área não perturbada Área semi-perturbada Área perturbada
Espécies Número
Nota-se ainda que na área não perturbada a espécie Brachystegia spiciformis obteve-se
18,49% de densidade relativa e 12,05% frequência relativa, Pterocarpus angolenses 14,53% e
10,26%, Ehretia amoena 17,36% e 12,05%, e Pseudolachnostylis maprouneifolia 15,85% e
10,84% respectivamente.
Resultados similares foram encontrados por CHUMA (2015), no seu estudo sobre a análise da
dinâmica espacial de degradação do ecossistema de miombo entre 1990-2011 no Distrito de
Cheringoma, observou na floresta de miombo uma maior densidade relativa da espécie
Pseudolachnostylis maprouneifolia, Pterocarpus angolensis e Brachystegia spiciformis
(40%), (31%) e (23%) respectivamente. Os valores percentuais das espécies observados nesta
área são altos, e isto, deve-se à diferenças em termos de amostragem, período de recolha dos
dados visto que em tempo de chuvas a vegetação mostra-se mais expressiva.
Importa salientar que as espécies que apresentaram maior densidade e frequência relativa são
as que tiveram maior densidade e frequência absoluta. A área perturbada apresentou maior
quantidade de espécies em regenerada em relação a área semi-perturbadada e a não
perturbada, essa situação foi devido a maior capacidade resiliência depois da perturbação
(Anexo 7, 8 e 9).
A elevada mortalidade pode ser atribuída às diversas actividades realizadas, como é o caso da
prática agrícola e pisoteio pela pastorícia, actividades que sucedem á exploração mineira e
produção de carvão (SITOE, 1996). E na área semi-perturbada também mostrou-se perturbada
com muitos indivíduos que não chegam a fase adulta, e nalguns casos, são sequestrados para a
produção de carvão antes de alcançarem os diâmetros recomendados, conforme as
observações no terreno.
A maior frequência da espécie Pteleopsis myrtifolia (Mungoroze) deve se ao fato de ser uma
espécie que não deve ser explorada, protegidas por lei de florestas e fauna bravia e por serem
espécies sagradas no povoado de Namanjavira em relação as outras, por exemplo para o
fabrico de caixões. Porem, passados 20 anos 90% afirmam que actualmente as florestas estão
a diminuir, 9 % dizem que estão a diminuir sendo que 1% dizem que o estado das florestas
mantéu (figura-8).
5% 9%
1%
Resultados similares foram obtidos por SITOE et al. (2016), em seu trabalho sobre
Identificação e análise dos agentes e causas directas e indirectas de desmatamento e
degradação florestal, eles apontam que dos 71 entrevistados (98%) afirmam que há anos 10
anos atrás as florestas de Muanza eram fechadas, mencionar as causas por detrais e a mesma
percentagem dos entrevistados dizem que a floresta actualmente esta degradada comparando
com a situação passada (10 anos), como causa apontaram o corte excessivo (para a produção
do carvão e lenha), desmatamento para a actividade agrícola e pastagem, incêndios florestais.
Produtos
Obtidos há 20 anos atrás Não disponíveis actualmente
50%
Frequência
40%
30%
20% 17%
15%
8% 10% 10%
Figura 9. Produtos obtidos há 20 anos atrás e que não estão mais disponíveis
CUMBANE (2010), em seu estudo sobre a análise das mudanças de uso e cobertura da terra,
obteve resultados diferentes em que dos 44 entrevistados (70%) afirmam que há 5 anos atrás
havia madeira, animais assim como materiais de construção disponíveis e (90%) dizem que é
difícil obter amadeira, animais assim como matérias de construção na comunidade. Essa
diferença citada pode estar associada a uso intensivo dos recursos florestais e não
implementação do plano de maneio das florestas que faz com que não haja a sustentabilidade
das florestas.
E como o povoado de Mkamura para a sua subsistência depende a quase (100%) da actividade
agrícola implementando diferentes culturas, sendo assim uma das marcas da fertilidade da
terra é o abandono das áreas cultivadas e todos os entrevistados afirmam quem existem áreas
abandonadas e (90%) dos entrevistados dizem que a causa do abandono é a baixa produção,
(7%) pragas e doenças e (3%) dizem que é por causa da erosão do solo (figura-11).
100%
90%
Frequência
7% 3%
40% 40%
35% 35%
Frequência
30%
20%
Figura 12. Estado dos rios e riachos presente comprando com 20 anos atrás
LUÍS (2017), em seu estudo sobre a dinâmica de uso do solo e o estado de degradação das
florestas ribeirinhas do rio Licungo, na cidade de Mocuba, Província da Zambézia, entre
2006-2016, obteve resultados semelhantes em que dos 50 dos entrevistados 50% afirmam que
há 10 anos atrás havia maior quantidade e qualidade de águas e outros 50% dizem ter maior
disponibilidade dos recursos naturais em que caso inverso constata-se actualmente até
algumas espécies já não existem.
V. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados apresentados e discutidos, em concordância com os objectivos deste
trabalho conclui-se que:
A área de estudo exibe alta diversidade de espécies e existe uma distribuição uniforme de
espécies, sendo que a família Fabaceae é a mais rica, e as espécies Brachystegia
spciformis, Pterocarpus angolensis e Pseudolachnostylis maprouneifolia são as mais
importantes fitossociologicamente;
A área não perturbada foi onde se obteve-se maiores espécies regeneradas, em seguida a
área semi-perturbada e por fim a área perturbada, isso porque a área perturbada sofreu
muita perturbação em relação a área semi-perturbada e não perturbada;
O estado actual das florestas encontra-se com algumas espécies em via de esticão, de
acordo com os entrevistados, apontaram que a causa da degradação de floresta de miombo
na área de estudo é: o corte excessivo (para a produção do carvão e lenha), desmatamento
para a actividade agrícola, pastagem e incêndios florestais.
VI. RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se a realização de um estudo similar mais detalhado, com um maior número
de amostras e que se possa incluir a ocorrência da fauna no local factor determinante e
indispensável para a disseminação da semente;
Recomenda-se a realização de dois (2) estudo um (1), sobre factores que influenciam na
regeneração de espécies arbóreas e arbustivas na Concessão Florestal em estudo e outro,
sobre mudança composicional, espacial e temporal das mesmas, para ver se a mudança
das florestas é significativa;
Recomenda-se a promover práticas conservacionistas dos recursos naturais, identificação
das espécies sagradas e melhorar a produção e produtividade agrícolas das comunidades.
BILA, N. (2012). Avaliação da recuperação de área degradada na represa do iraí, paraná, por
meio de aspectos florísticos e fitossociológicos. CURITIBA. 133p.
CAMPBELL, B.; FROST, P.; BYRON, N.(1996). Miombo woodland and their use: overview
and key issues.
CORRÊA, R.. S. (2005). Recuperação de áreas degradadas pela mineração no Cerrado: manual
para vegetação. 187 p.
COSSA, Márcia Stella Mataria, (2016), Analise dos modelos de Gestão dos Recursos Florestais
no Distrito de Cheringoma.
CUMBANE, M. N. (2010): Análise das mudanças de uso e cobertura da terra. Estudo de caso:
Distrito de Machipnda.
FROST, P. (1996). The ecology of miombo woodlands.in: The Miombo in Transition: Woodlands
and Welfare in Africa.
KALABA, F. K. (2013). Floristic composition, species diversity and carbon storage in charcoal
and agriculture fallows and management implications in Miombo woodlands of Zambia.
KIMMINS, J. P. (1987). Forest ecology. New York: Macmillan Publishing Company, 29 e 30p.
LEVIN, Jack. (1987). Estatística Aplicada a Ciências Humanas. Ed. São Paulo: Editora Harbra
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LUÍS, C.J. (2017). Dinâmica de uso do solo e o estado de degradação das florestas ribeirinhas
do rio licungo, na cidade de Mocuba, Província da Zambézia, entre 2015-2016.
RIBEIRO, N.; SITOE A.; GUEDES, B.; STAISS, C. (2002). “Manual de silvicultura tropical”.
SITOE, A. A. (1996). Estrutura, composição e dinâmica de uma floresta natural. Relatório final
do projecto de investigação florestal. 25p.
VIII. ANEXOS
Anexo 1. Estimativa dos parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal, observa-se a (densidade,
frequência, dominância e índice de valor de importância) árvores adultas (DAP ≥ 10 cm), para área não
perturbada.
𝐷𝑒𝐴𝑏 = Densidade absoluta (ind.ha-1); 𝐷𝑒𝑅𝑒 = Densidade relativa, em %; 𝐹𝑒𝐴𝑏 = frequência absoluta, em(ind.ha-
1); 𝐹𝑒𝑅𝑒 = frequência relativa, em %. 𝐷𝑜𝐴𝑏 = Dominância absoluta em m2.ha-1; 𝐷𝑜𝑅𝑒 = dominância relativa, em
%; e IVI = Índice de Valor de Importância em %.
Anexo 7.Densidade e frequência para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥ 10 cm) na
área não perturbada.
Nome Científico 𝑫𝒆𝑨𝒃 𝑫𝒆𝑹𝒆 𝑭𝒆𝑨𝒃 𝑭𝒆𝑹𝒆
Brachystegia boehmii Taub. 4 1,51 2 2,41
Brachystegia bussei Harms 1 0,38 1 1,20
Brachystegia spiciformis Benth. 49 18,49 10 12,05
Breonadia microcephala 1 0,38 1 1,20
Diospyros mespiliformis 1 0,38 1 1,20
Ehretia amoena Klotzsch. 46 17,36 10 12,05
Ficus ingens Miq. 15 5,66 6 7,23
Julbernardia globiflora (Benth.) 7 2,64 4 4,82
Julbernardia paniculata (Benth.) 22 8,30 10 12,05
Lannea discolor Engl. 2 0,75 2 2,41
Millettia stuhlmannii 9 3,40 3 3,61
Pseudolachnostylis maprouneifolia 42 15,85 9 10,84
Pteleopsis myrtifolia 8 3,02 5 6,02
Pterocarpus angolensis DC. 44 16,60 10 12,05
Sclerocarya birrea Hochst. 1 0,38 1 1,20
Sterculia quinqueloba 2 0,75 2 2,41
Strychnos madagascariensis 11 4,15 6 7,23
TOTAL 265 100 83 100
𝐷𝑒𝐴𝑏 = Densidade absoluta (ind.ha-1); 𝐷𝑒𝑅𝑒 = Densidade relativa, em %; 𝐹𝑒𝐴𝑏 = frequência absoluta, em(ind.ha-
1); 𝐹𝑒𝑅𝑒 = frequência relativa, em %.
Anexo 8.Densidade e frequência para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥ 10 cm) na
área semi-perturbada.
Nome Científico 𝑫𝒆𝑨𝒃 𝑫𝒆𝑹𝒆 𝑭𝒆𝑨𝒃 𝑭𝒆𝑹𝒆
Afzelia quanzensis Welw.t 1 0,58 1 1,28
Annona senegalensis Pers. 3 1,74 1 1,28
Artabotrys brachypetalus Benth. 2 1,16 3 3,85
Brachystegia bussei Harms 1 0,58 1 1,28
Anexo 9.Densidade e frequência para regeneração não estabelecida com (DAP <5 cm e altura ≥ 10 cm) na
área perturbada.
Nome Científico 𝑫𝒆𝑨𝒃 𝑫𝒆𝑹𝒆 𝑭𝒆𝑨𝒃 𝑭𝒆𝑹𝒆
Annona senegalensis Pers. 1 0,91 1 1,59
Brachystegia spiciformis Benth. 18 16,36 9 14,29
Burkea africana Hook 5 4,55 4 6,35
Diospyros mespiliformis 1 0,91 1 1,59
Ehretia amoena Klotzsch. 15 13,64 7 11,11
Julbernardia globiflora (Benth.) 1 0,91 1 1,59
Julbernardia paniculata (Benth.) 8 7,27 5 7,94
Pericopsis angolensis (Baker) 7 6,36 6 9,52
Pseudolachnostylis maprouneifolia 15 13,64 8 12,70
Pteleopsis myrtifolia 3 2,73 2 3,17
IX. APÊNDICES
Apêndice 1. Ficha de levantamento de dados relacionado a árvores adultas (DAP ≥ 10 cm)
1. Nome e Idade:
Nome_______________________________Idade: 1- 18 a 35 anos ( ); 2- 35 a 60 anos ( ); 3- >
60 anos ( )
3. Os produtos que eram obtidos anteriormente e que não estão mais disponíveis
5. Outros_____________________________________________________________________
Outros_____________________________________________________________________
1. Em relação aos rios e riachos qual era o seu estado há 20 anos atrás?
1.Maior disponibilidade dos recursos ( ); 2.Menor disponibilidade dos recursos ( ); 3. Existência
de espécies nativas ( ); 4. Ausência de espécies nativas; Maior quantidades de águas ( ); Menor
quantidade de água ( ); 5. Erosão ( ); 6.Assoreamento dos rios ().
Outros______________________________________________________________________