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Maputo
Janeiro, 2020
Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
Autor:
Luís Amadeu Pungulanhe
Supervisora:
Prof. Doutora Natasha S. Ribeiro
Maputo
Janeiro, 2020
Declaração
Declaro que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer grau ou num outro
âmbito e que ele constitui o resultado do meu labor individual. Esta dissertação é apresentada em
cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de mestre da Universidade Eduardo
Mondlane;
O declarante
_______________________________
(Luís Amadeu Pungulanhe)
iii
Agradecimentos
A Deus que permitiu que chegasse até este momento!
Agradeco a disponibilidade da Fundação IGF pelo apoio logístico que tornou possível a realização
deste trabalho, agradeço! À professora doutora Natasha S. Ribeiro que teve imensurável paciência
e dedicação na elaboração deste trabalho, a quem palavras me faltam para transmitir todo o meu
sentimento de gratidão, muito obrigado professora! Ao doutor Alessandro Fusari, director da
Fundação IGF em Moçambique, pela sua disponibilidade em partilhar documentos sobre a reserva
e garantir que toda a logística do trabalho fosse feita a tempo, agradeço! Ao Instituto de Bolsas de
Estudos, projecto HEST (Projecto Ensino Superior, Ciência e Tecnologia) pela concessão da bolsa
de estudo (parcial), muito obrigado!
Aos meus professores do mestrado, que muito transmitiram para consolidar o meu conhecimento
sobre a conversão da biodiversidade, nomeadamente professor Valério Macandza, Cornélio
Ntumi, professor catedrático Almeida Sitoe, professora Romana Bandeira, professor Inácio
Maposse, professor Hélder Zavale, professor António Queface, professor Alberto Mavume, mestre
Ivan Remane, ao mestre Aniceto Chaúque, mestre Regina da Cruz, a todos muito obrigado.
Aos meus colegas da turma (2017), com quem sempre discutimos ideias, camarada Eduardo
Sonto, camarada Teofilo Nhamuhuco, brother Orlando Macave, brother Araújo Luís, brother
Julieta Jetimane, Angelina Matsinhe, Gildo Chivale, Sara Guibunda, ao cota Pedro Pires, Sean
Nazerali muito obrigado! Ao eng. Credêncio Maúnze, e Sebastião Amade Serrote, que partilharam
os seus trabalhos sobre a reserva, muito obrigado!
iv
Dedicatória
v
Índice
Declaração...................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ............................................................................................................................. iv
Dedicatória ...................................................................................................................................... v
Indice de tabelas ............................................................................................................................. ix
Indice de figuras ............................................................................................................................. ix
Resumo .......................................................................................................................................... xi
Abstract ......................................................................................................................................... xii
Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... xiii
CAPÍTULO I .................................................................................................................................. 2
1. Introdução ................................................................................................................................... 2
1.1. Justificativa e definição do problema. .............................................................................. 4
1.2. Objectivos............................................................................................................................. 6
CAPÍTULO II ................................................................................................................................. 7
2. Revisão da literatura ................................................................................................................... 7
2.1. Características das Florestas de miombo ............................................................................. 7
2.2. O papel das queimadas nas florestas de miombo ................................................................. 8
2.2.1. Classificação das espécies de miombo em relação ao fogo ........................................ 10
2.3. Regime das queimadas ....................................................................................................... 12
2.4. Descrição do sensor Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS)............ 15
2.4.1 Satélites Terra e Aqua .................................................................................................. 16
2.4.2. Produto MODIS MCD14ML (Produto global de localização de fogos) ................... 16
2.4.3. Produto MODIS MCD64A1 (MODIS/Terra+Aqua Area queimada mensalmente L3
Grelha Global de 500 m SIN) ............................................................................................... 18
2.5. Modelo estatístico Getis-Ord Gi* ...................................................................................... 19
2.6. Teste t ................................................................................................................................. 20
2.7. Análise de Variância (ANOVA) ........................................................................................ 21
CAPÍTULO III .............................................................................................................................. 23
3. Materiais e Métodos .................................................................................................................. 23
3.1. Descrição da área de estudo ............................................................................................... 23
vi
3.1.1. Localização geográfica ............................................................................................... 23
3.1.2. Hidrologia ................................................................................................................... 24
3.1.3. Clima ........................................................................................................................... 25
3.1.4. Geologia e solos .......................................................................................................... 26
3.1.5. Vegetação .................................................................................................................... 26
3.1.6. Fauna ........................................................................................................................... 28
3.1.7. Queimadas na RNG .................................................................................................... 28
3.1.8. Principais actividades da população local................................................................... 30
3.2. Aquisição dos dados ........................................................................................................... 31
3.3. Pré-processamento dos dados............................................................................................. 32
3.3.1. Pré-processamento do produto MODIS MCD14ML .................................................. 32
3.3.2. Pré-processamento do produto MODIS MCD64A1 ................................................... 33
3.4. Processamento dos dados ................................................................................................... 34
3.4.1. Processamento do produto MCD14ML ...................................................................... 34
3.4.2. Processamento do produto MODIS MCD64A1 ......................................................... 35
3.5. Frequência e intervalo médio de retorno de queimadas ..................................................... 35
3.6. Avaliação da exactidão da classificação ............................................................................ 36
3.6.1. Índice Kappa ............................................................................................................... 37
3.7. Alocação dos pontos amostrais .......................................................................................... 38
3.8. Distribuição dos pontos amostrais...................................................................................... 40
3.9. Levantamento de dados de campo ..................................................................................... 42
3.9.1. Tamanho e formato das unidades amostrais ............................................................... 43
3.9.2. Intensidade da amostragem ......................................................................................... 45
3.10. Análise da estrutura e composição florística .................................................................... 46
3.10.1. Parâmetros da Estrutura Horizontal .......................................................................... 47
3.10.2. Parâmetros da Estrutura Vertical .............................................................................. 50
3.10.3. Regeneração natural .................................................................................................. 50
3.11. Estado de Sanidade........................................................................................................... 51
3.12. Índices de diversidade e similaridade............................................................................... 52
3.13. Análise estatística ............................................................................................................. 53
3.13.1. Tratamento dos dados ............................................................................................... 54
vii
3.13.2. Teste de correlação ................................................................................................... 55
3.13.3. Teste t ........................................................................................................................ 55
3.13.4. Análise de Variância ................................................................................................. 56
3.13.5. Teste Tukey ............................................................................................................... 56
CAPÍTULO IV.............................................................................................................................. 58
4. Resultados e discussão .............................................................................................................. 58
4.1. Descrição do regime de queimadas na RNG ...................................................................... 58
4.1.1. Sazonalidade ............................................................................................................... 58
4.1.2. Frequência de queimadas ao longo do período de 2014 a 2018 ................................. 61
4.1.3. Intensidade das queimadas .......................................................................................... 64
4.2. Descrição fitossociológica da floresta ................................................................................ 66
4.2.1. Parâmetros da estrutura horizontal.............................................................................. 66
4.2.2. Caracterização diamétrica ........................................................................................... 74
4.2.3. Caracterização das alturas ........................................................................................... 75
4.2.4. Estado de sanidade ...................................................................................................... 76
4.3. Estrutura vertical ................................................................................................................ 79
4.4. Regeneração natural ........................................................................................................... 81
4.5. Influência das queimadas na vegetação ............................................................................. 85
4.5.1. Índices de diversidade e similaridade ......................................................................... 85
CAPÍTULO V ............................................................................................................................... 87
5. Conclusões e Recomendações .................................................................................................. 87
5.1. Conclusões ......................................................................................................................... 87
5.2. Recomendações .................................................................................................................. 88
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 89
Apêndices ........................................................................................................................................ v
Apêndice I: Calculos dos parâmetros horizontais EC..................................................................... v
Apêndice II: Calculos dos parâmetros horizontais EQ ................................................................... v
Apêndice III: Coordenadas dos pontos amostrais (parcelas de controlo) .................................... viii
Coordenadas dos pontos amostrais nos estratos (parcelas de com queimadas). .......................... viii
Apêndice IV: Fichas para a colecta de dados ................................................................................ ix
Apêndice V: Tabela de testes de Correlação ................................................................................. ix
viii
Apêndice VI: Tabelas de testes T ................................................................................................... x
Apêndice VII: Tabelas de ANOVA .............................................................................................. xii
Apêndice VIII: Comparações Emparelhadas de Tukey ............................................................... xiii
Apêndice IX: Tabelas de familias ................................................................................................ xiv
Apêndice X: Calculos dos parâmetros horizontais da RNG ......................................................... xv
Apêndice XI: Calculos dos parâmetros horizontais sobre a regeneração da RNG ..................... xvii
Apêndice XII: Resultados de Índices de Shannon – Weiner; Quociente de mistura de Jentsch;
Indice de similaridade de Jaccard, e Indice de equitabilidade de Pielou. .................................. xviii
Indice de tabelas
Tabela 1: Atributos dos dados MODIS C6 ................................................................................... 15
Tabela 2: Sumário das colunas geradas no produto MCD14ML (focos activos) ......................... 17
Tabela 3: Características dos dados do produto MCD64A1 (áreas queimadas) ........................... 19
Tabela 4: Tabela resumo da análise de variância (de um factor) .................................................. 21
Tabela 5: Zonas de monitoria ecológica da RNG ......................................................................... 24
Tabela 6: Categorias de vegetação definidas por Prin, 2008 ........................................................ 27
Tabela 7: Índice Kappa ................................................................................................................. 37
Tabela 8: Percentagem da amostragem por zonas ecológicas ...................................................... 40
Tabela 9: Tipo de cobertura de terra (Maúnze, 2016) associado ao número de parcelas
inventariadas ................................................................................................................................. 42
Tabela 10: Hipóteses testadas com o teste t .................................................................................. 56
Tabela 11: Hipóteses testadas com ANOVA ................................................................................ 56
Tabela 12: Área queimada (MCD64A1) e o número de focos (MCD14ML) durante 5 anos ...... 60
Tabela 13: Exactidão da classificação do mapa de frequência (MCD64A1) ............................... 62
Tabela 14: Nome de espécies mais frequentes no estrato queimado e controlo ........................... 67
Tabela 15: Nomes de espécies com maiores densidades no estrato queimado e controlo ........... 70
Tabela 16: Nomes das espécies mais dominantes no estrato queimado e controlo ...................... 71
Tabela 17: Espécies com maior índice de valor de importância no estrato queimado e controlo 73
Tabela 18: Distribuição dos indivíduos por cada estrato .............................................................. 80
Tabela 19: Índices de diversidade e similaridade em diferentes estratos ..................................... 86
Indice de figuras
Figura 1: Localização Geográfica da Reserva Nacional do Gilé, na Província da Zambézia. ..... 23
Figura 2: Distribuição da Frequência de Queimadas na Reserva Nacional do Gilé (período 2004 a
2014) Maúnze (2016). ................................................................................................................... 29
Figura 3: Mapa de Serrote (2017) que relaciona a distribuição dos focos de incêndios florestais
de 2007 à 2016 na RNG. ............................................................................................................... 30
ix
Figura 4: Cobertura das camadas do produto MCD64A1 no formato Geotiff. Fonte: Adaptado de
Giglio et al. 2018........................................................................................................................... 32
Figura 5: Alocação dos pontos amostrais e dos estratos ............................................................... 39
Figura 6: Mapa de cobertura da terra de Maúnze (2016) e distribuição das parcelas. Adaptado de
Maúnze (2016) .............................................................................................................................. 42
Figura 7: Esquema da unidade amostral ....................................................................................... 44
Figura 8: Relação entre o número de espécies e os dias do inventario (Curvas das espécies) ..... 46
Figura 9: Sazonalidade das queimadas (número de focos e área queimada) na RNG .................. 58
Figura 10: Distribuição dos pontos inventariados pela RNG intersecção com mapa de frequência
de queimadas (MCD64A1). .......................................................................................................... 63
Figura 11: Distribuição da intensidade do fogo em FRP (MCD14ML) na RNG. ........................ 65
Figura 12: Percentagem do número de individuos por familia na RNG....................................... 67
Figura 13: Comparação de distribuições acumuladas de árvores adultas, RE e RNE .................. 69
Figura 14: Comparação dos Índices de valores de importância das espécies em diferentes estratos
....................................................................................................................................................... 72
Figura 15: Representação dos diâmetros por estratos ................................................................... 74
Figura 16: Representação das alturas por estratos ........................................................................ 76
Figura 17: Representação da sanidade por quantidade de indivíduos .......................................... 77
Figura 18: Representação da sanidade por espécies com maior número de indivíduos ............... 79
Figura 19: Representação percentagem das árvores por estratos .................................................. 80
Figura 20: Representação da regeneração natural relativa por espécies ....................................... 83
Figura 21: Representação da regeneração natural não estabelecida por espécies ........................ 84
x
Resumo
xi
Abstract
Burning is widespread in various types of vegetatal cover at national level, and is often associated
with human hunting, grazing and especially the practice of shifting agriculture. In order to
contribute to the Gilé National Reserve (RNG) burn management program, a study was conducted
to understand the effects of the burns on the miombo ecosystem of this conservation area that has
not yet been inhabited by human population within its limits. For this purpose, remote sensing data
from 2014 to 2018 were collected from the Moderate Resolution Image Spectroradiometer
(MODIS) of active fire products (MCD14ML) and burned areas (MCD64A1) that allowed the
construction of the frequency map and intensity of burnings, according to which plots were
allocated, divided into two strata, one where burns occur (EQ) and another where no burns occur,
control stratum (EC). In this sense plots of one hectare were established and the variables height,
diameter, health of the species were surveyed in 59 plots that allowed a phytosociological analysis.
It was observed that the RNG has an average burn frequency of 0.38times / year and an return
interval of 5.38 years, and Mean Fire Return Interval is 2.62year, Fire occurring from July to
November with significant differences (α = 0.05) between the months with the most fires ( p
<1.07e-12), peaking in August, the number of fires recorded ranges from 755 to 903 per year, but
there are no significant differences between the number of fires that are registered annually (p>
0.88628). It was also found that the average intensity of the burns is 46.9 Mw, the maximum is
308.5 Mw and the minimum is 15.6 Mw recorded on 17 September 2018 and 7 September 2016
respectively. During the period under study the RNG burned 92.8% of the area, which means that
on average each year it burned about 18.56% of its area, there are no significant differences in
relation to the burned area per year (p >0.942037) but there are significant differences in relation
to the burned area per month (p <1.24e-07). The species with the highest value of importance
within the RNG are: Brachystegia spiciformis Benth, Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia
globiflora (Benth.) Troupin, Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis maprouneifolia
Pax, Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Burkea africana Hook., Deinbollia
oblongifolia (E. Mey. ex Arn.) Radlk., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) and Strychnos
sp respectively, and there are no significant differences (p <0.1172) between the EQ and EC in
relation to the species importance value index. The diversity analysis showed that the Shannon
index presented in the EQ is higher (3.46) than the EC (2.85), the Jentsch mixture quotient
indicates that the EQ presents greater diversity (0.01) than the EC (0.08). ), and overall the reserve
showed 0.01, the Pielou equitability index on EQ was 0.72, and on EC it was 0.78
xii
Lista de Abreviaturas
ASCII – Código Padrão Americano para o Intercâmbio de Informação
DAP – Diâmetro à altura do peito
DINAF - Direcção Nacional de Florestas
EOS - Earth System Observing System
EOSDIS - Earth Observing System Data and Information System
FIA – Avaliação de Integridade Florestal
FIRMS – Fire Information for Resource Management System
FRP – Força do poder da radiação do fogo
GEOtiff – Georeferenced Tagged Image File Format
GPS – Sistema de Posicionamento Global
H’ – Índice de diversidade de Shannon – Wiener
HDF – Hierarchical Data Format
IFN – Inventario Florestal Nacional
IGF – Fundação Internacional para a Gestão da Fauna
IRMQ - Intervalo de Retorno Médio das Queimadas
IRQ – Intervalo de Retorno das Queimadas
IUFRO – International Union of Forest Research Organizations
IVI – índice de valor de importância
J’ – Índice de equitabilidade Pielou
MITADER – Ministerio da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
MODIS – Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer
Mw – MegaWatts
NRT – Near Real Time
RLM – Regressão Linear múltipla
RLS – Regressão Linear Simples
RNG – Reserva Nacional do Gilé
SFB – Serviço Florestal Brasileiro
WGS – World Geodetic Sistem
ZT – Zona tampão
xiii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
CAPÍTULO I
1. Introdução
O miombo é a floresta tropical seca mais extensa em África, cobrindo uma área calculada em cerca
de 2.7 milhões de km2 na Africa Austral em regiões que recebem mais de 700 mm chuva anual,
mas em solos pobres em nutrientes (Frost, 1996; Sitoe, 1999; Ribeiro et al. 2008a,b; Campbell et
al. 2010; Chidumayo, 2013).
Alterações nos padrões da temperatura e precipitação têm afectado o regime do fogo nos
ecossistemas de miombo (Campbell, 2010; Ribeiro et al. 2008b) resultando na diminuição
acentuada da humidade relativa do ar e da biomassa graminal, umas das principais formas de
cobertura do solo nas florestas de miombo, que serve para sustentar os herbívoros (van Wilgen et
al. 2003).
2
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Entretanto, as queimadas nas florestas de miombo têm garantido a manutenção de uma dinâmica
na composição e estrutura da vegetação (Ribeiro et al. 2013; Frost, 1996). Porém, regimes e
comportamentos de fogos diferenciados podem influenciar de forma diferente os ecossistemas do
miombo. Por exemplo, Zolho (2005) realizando estudos sobre a regeneração de miombo sob
influência de fogo apontou para um número de brotos queimados de Julbernardia globiflora
(Benth.) Troupin e Brachystegia spp. Por seu turno, Diplorhynchus condilocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon, foi mais resistente a queimadas do que as espécies típicas do miombo, com alta abundância
em ambas áreas, queimadas e não queimadas. Em relação a esta espécie os resultados de Zolho
(2005) não diferem dos encontrados por Trapnell (1959); Chidumayo (1988); Cauldwell & Zieger
(2000) e Ribeiro et al. (2008 a,b).
Dados escassos indicam também que o fogo influencia no aparecimento de novas espécies
(normalmente presentes em formações de chipya) no ecossistema de miombo
(Aframomum alboviolaceum, Pteridium aquilinum (L.) Kuhn e Smilax anceps) (Trapnell, 1959;
Lawton, 1978) que foram registados na Zâmbia. Isto diminui a produtividade da vegetação lenhosa
com consequências para o equilíbrio do carbono e energia (Timberlake & Chidumayo, 2011).
3
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Actualmente, a RNG não apresenta população humana vivendo dentro dos seus limites
representando uma situação única dentro da rede nacional das áreas de conservação do país. Porém,
enfrenta problemas relacionados aos objectivos de conservação tais como: caça furtiva, queimadas,
garimpo, corte de espécies com interesse madeireiro e prática da agricultura dentro dos seus limites
(RAPPAM, 2010; Campbell et al. 2010), resultando algumas vezes em degradação florestal, a qual
se define como uma redução da capacidade de uma floresta para fornecer bens e serviços
(Bahamondez & Thompson, 2016).
A RNG é caracterizada por possuir espécies típicas das savanas africanas e florestas secas e possui
espécies de miombo de elevada importância para a biodiversidade da região (Fusari et al. 2010).
A diversidade de espécies de flora e fauna que constituem uma parte significativa da
biodiversidade da região, como o principal objectivo de conservação, para além de ser um recurso
fundamental para as populações que residem na Zona Tampão (ZT) especialmente durante os
períodos de escassez de alimentos (Materrula, 2010). Neste sentido é necessário conservar esta
biodiversidade e os recursos presentes pelo seu valor consumptivo assim como não-consumptivo
(Fusari et al. 2010).
Um estudo realizado por Maúnze (2016), sobre a análise espácio-temporal das queimadas na RNG,
usando imagens satélites entre 2004 a 2014, concluiu que a frequência de queimadas em algumas
regiões da reserva é superior a uma queimada por ano, porém em outras regiões não foram
registadas queimadas durante todo o período em análise. Os fogos influenciam bastante as florestas
secas e savanas, onde observa-se no miombo que a queima no final de cada estação inibe a
regeneração das árvores (Trapnell, 1959; Chidumayo, 1988), podendo conduzir com o passar do
tempo a uma perda das árvores do género Brachystegia e Julbernardia (Chidumayo, 2013).
4
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Em termos de distribuição espacial das queimadas na RNG dentro do período de 2004 a 2014, a
região central é a que apresentou maior concentração de queimadas, em torno de 3 a 5,6 queimadas
por km2. A região norte, sudeste e sudoeste apresentam as menores densidades de queimadas
(Maúnze, 2016). Entretanto, segundo conclusões tiradas por Serrote (2017) o maior risco dos
incêndios florestais na RNG verifica-se na vegetação herbácea, seguida de floresta aberta, floresta
densa e matagal médio, situadas ao longo das regiões sudeste e nordeste da reserva, fazendo
fronteira com a EN 324 que liga os distritos de Pebane e Gilé. Estas conclusões foram tiradas no
âmbito do trabalho realizado por Serrote (2017) com o título diagnóstico dos incêndios florestais
usando imagens satélite, na RNG, entre 2007 – 2016.
A RNG regista em média 828 queimadas anuais, queimando em média anualmente 8,03 %, cerca
de 229,67 Km2 (Maúnze, 2016). Um outro estudo realizado pela EtcTerra-Fundação IGF (2017),
constatou que dentro da RNG as áreas queimadas representam, dependendo do ano, 5% a 30% da
área total da superfície. Nos últimos 16 anos, a média é de 295 Km2 na zona central (máximo de
730 Km2 em 2005) e 4.5 Km2 na zona tampão (máximo de 120 Km2 em 2010). Após uma série de
incêndios prolongados entre 2009 e 2013, os últimos 3 anos mostram um nível relativamente baixo
de área queimada, pelo menos na área central da reserva (EtcTerra-Fundação IGF, 2017).
Os gestores da Reserva Nacional do Gilé desconhecem os reais impactos que os fogos podem estar
a causar sobre a vegetação e como estão impactando nos parâmetros fitossociológicos da floresta
de miombo e quais os regimes e comportamentos do fogo que podem ser aceitáveis ou que as
espécies podem tolerar. Não obstante fogos causados por factores antropogénicos ocorrerem todos
anos na estação seca, entre os meses de Julho e Outubro, com o pico nos finais da época (meses
de Agosto – Outubro) (Ribeiro et al. 2008).
5
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Os estudos mais recentes sobre a RNG na componente de queimadas realizados por Maúnze
(2016), Serrote (2017), EtcTerra-Fundação IGF (2017), limitaram-se a colher dados de
sensoriamento remoto, e pouco trabalho de campo, não tendo colhido dados de campo na sua
maioria, o inventário florestal realizado dentro da RNG (DINAF, 1999) não está disponível e
pouco se sabe sobre os dados colhidos.
O Plano de Maneio da Reserva Nacional do Gilé, elaborado por Fusari et al. (2010) destaca as
populações locais como sendo responsáveis pelo grande número de queimadas descontroladas que
anualmente ocorrem na área e que representam um perigo grave para a vegetação. Ademais, existe
uma necessidade de responder a esta inquietação conduzindo um estudo sobre o fenómeno das
queimadas na Reserva Nacional do Gilé, esta por sua vez, solicitou à Universidade Eduardo
Mondlane a encabeçar um estudo sobre o efeito das queimadas na estrutura e composição da
floresta de miombo, como forma de encontrar melhores práticas de maneio.
1.2. Objectivos
Geral
- Contribuir para o maneio de queimadas na RNG através do entendimento da relação entre a
frequência, sazonalidade e a intensidade do fogo e a vegetação de miombo.
Específicos
- Descrever o regime de queimadas em termos de frequência, sazonalidade e intensidade do fogo
(de 2014 a 2018);
- Avaliar a fitossociologia da floresta de miombo sob diferentes regimes de queimadas;
6
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
CAPÍTULO II
2. Revisão da literatura
2.1. Características das Florestas de miombo
As florestas de miombo são a formação de floresta decídua mais difundida em África que cobrem
aproximadamente 2.7 milhões de km2, dos quais dois-terços da fito-região Sudo-Zambezian (com
aproximadamente cerca de 2.4 milhões de km2) representando um centro de diversidade de plantas
importante que se estende a mais de sete países: Angola, República Democrática de Congo,
Malawi, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe (Sitoe, 1999; Ribeiro et al. 2008a,b;
Campbell et al. 2010).
Segundo Falcão & Noa (2016) definem floresta como sendo terras que ocupam no mínimo 1 ha,
com uma cobertura de copa maior que 30% e com árvores com potencial de alcançar uma altura
de 3m na maturidade. O tipo florestal mais predominante em Moçambique é o miombo (Ribeiro
et al. 2002) cobrindo uma área de cerca de 2/3 da área florestal total (Ribeiro et al. 2002;
Magalhães 2018).
O miombo é caracterizado pelo domínio expressivo de espécies de árvores dos géneros das
Brachystegia, Julbernardia e/ou Isoberlinia (Sitoe, 1999; Ribeiro et al. 2008a,b; Chidumayo,
2013). Mas a sua diversidade de plantas não está limitada aos três géneros acima mencionados, e
é tão alta quanto aproximadamente 8.500 espécies que incluem outras árvores, como as
Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax e Diplorhynchus condilocarpon (Muell.-Arg.) Pichon,
gramíneas e espécies de arbustos (Sitoe, 1999; Campbell et al. 2010).
De forma detalhada a estrutura e a composição das espécies dos ecossistemas de miombo típica é
dominada por espécies como a Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, Brachystegia boehmii
Taub., Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, Diplorhynchus condilocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon e Burkea africana Hook. (Frost, 1996; Timberlake & Chidumayo, 2011; Ribeiro et al.
2013). Porém a diversidade das espécies de importância secundária é cada vez mais interessante
dentro do ecossistema do miombo, neste contexto, a árvore de madeira mais importante é
Pterocarpus angolensis DC. e não é referenciada como sendo uma árvore típica ou de maior
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
dominância no miombo, ela tem uma variedade de procedências ecológicas de diferente tolerância
à seca, fogo e ao frio segundo Rodgers et al. apud Frost (1996)).
Os arbustos mais comuns e cipós que compõem o estrato intermediário do miombo são Artabotrys
monteiroae Oliv., Combretum paniculatum Vent., Euclea sp., Diospyros sp., Cassia petersiana,
Grewia spp. entre outras espécies arbustivas que ocorrem nas savanas africanas (Frost, 1996). A
camada herbácea é dominada por gramíneas do género Panicum, Pennisetum e Cyperus intercalam
através de plantas herbáceas com domínio particular Dombeya sp. e Triumpheta pentandra A.
Rich. (Frost, 1996; Timberlake & Chidumayo, 2011).
Algumas orquídeas ocorrem nos troncos das árvores maiores nas áreas com maior densidade de
indivíduos. Esta composição de espécies é semelhante a achada por muitos autores em estudos nas
florestas de miombo, como por exemplo, Ribeiro et al. (2008a), Ribeiro et al. (2008b), Zolho
(2005), Sitoe, (1999), encontraram espécies semelhantes no miombo em Niassa, Manica, Sofala,
respectivamente. Esta composição também existe na Zambézia e Cabo Delgado (Sitoe, 1999).
Estes estudos estavam relacionados a frequência das queimadas associadas ao tipo de vegetação,
destacando as espécies que tinham um valor ecológico alterado por causa do efeito das queimadas.
Ribeiro et al. (2008b), estudando o efeito de queimadas e elefantes na parte oriental da Reserva
Nacional do Niassa (RNN), verificou a existência de espécies de miombo do género Combretacea
(o grupo das combretáceas), este grupo é correlacionado fortemente com nutrientes do solo,
propriedades químicas e o fogo. Não obstante a literatura ser limitada sobre este factor o miombo
de florestas abertas dominadas por Combretum spp., ocorre em terras ricas em nutrientes
(Campbell et al. 1996), porém é sabido que as espécies de miombo de forma geral ocorrem em
solos pobres em nutrientes.
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Do Gilé.
caracterizado por serem troncos pobres (MITADR, 2016; SFB, 2017) que é o resultado de baixa
altura, ramificações e sobretudo resultado de queimadas por causa dos fogos.
Os resultados obtidos por Ribeiro et al. (2008a) sobre o mapeamento da biomassa e área foliar,
apoiam a hipótese de variações na biomassa e no índice da área foliar (LAI) nas florestas de
miombo são causados principalmente por precipitação, mas fogos desempenham um papel
fundamental. Dentro do espaço amostral a biomassa lenhosa reflectiu os efeitos dos distúrbios e
especialmente a frequência dos fogos, o que compromete a qualidade dos produtos florestais
resultantes (Ribeiro et al. 2008a).
Os fogos comprometem a qualidade dos produtos florestais a todos níveis, por exemplo
perturbações, especialmente por queimadas, tem uma grande importância e influenciam a estrutura
e composição dos ecossistemas de miombo, e criam uma floresta de baixa densidade em estatura,
este facto foi observado por estudos realizados por Ribeiro et al. (2013), Zolho (2005) e Sitoe
(1999), em que houve uma diminuição na quantidade das espécies nas florestas estudadas.
Um dos exemplos concreto das espécies que sofrem com as queimadas é do género Julbernardia,
e é uma das espécies mais importantes destes ecossistemas - Julbernardia globiflora (Benth.)
Troupin - mostrou uma diminuição no IVI (índice de valor de importância) e na biomassa. Isto
pode indicar que as espécies estão sob algum tipo de pressão devido a sua importância relativa
para sustento das comunidades locais (Ryan et al. 2016) e baixa tolerância as queimadas (Ribeiro
et al. 2013).
Dois cenários verificam-se em relação à regeneração das espécies na floresta de miombo, Sitoe
(1999) constatou ainda que a parte aérea das gramíneas estava completamente queimada durante
a estação seca, as destruições dessas espécies muitas vezes impossibilitam-nas de regenerar
demonstrando que não são resistentes às queimadas (Cauldwell & Zieger, 2000). E em relação as
espécies de miombo, segundo Chidumayo (2004), a fonte imediata de regeneração das árvores é a
reprodução por meio de brotos ou renovos e restos de raízes e rebentos suprimidos (banco de
regeneração) (Ribeiro et al. 2002).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Sitoe (1999), considerou de preliminares os seus resultados, pois careciam de maior período de
estudo, porém indicam um crescimento relativo entre as espécies. Espécies lenhosas têm uma taxa
de crescimento mais alta comparada as espécies situadas num nível intermediário e rasteiras.
Dentro das espécies lenhosas, os indivíduos da espécie, Millettia stuhlmannii Taub., cresceram
mais rapidamente (Chidumayo, 2013) considerando as taxas de crescimento calculadas e que
constituem o padrão entre as espécies de tronco estabeleceu que o crescimento em diâmetro médio
é de 0,38 cm.ano-1, isto significa que uma árvore em média pode levar aproximadamente 105 anos
para crescer de 10 a 50 cm de diâmetro (Sitoe, 1999).
Os resultados obtidos por Ribeiro et al. (2008b), indicam um total de 13% dos indivíduos ou era
danificado por elefantes ou por fogos em 2004, na RNN. Das árvores danificadas totais, 42%
entram na categoria queimadas na copa, 28% dos indivíduos têm o tronco queimado. Mortalidade
causada por fogo e elefantes é calculada à 3%, com elefantes a serem responsável por 25% das
mortes (dado a ser levado em consideração devido uma forte presença de elefantes na RNN),
enquanto fogos são responsáveis por 7%. Cerca de 68% das mortes é devido aos factores vento e
idade. Aproximadamente 6% da biomassa total (5,1 kg/m2) foi perdida por causa de fogo e
elefantes em 2004. Estes resultados revelam que as queimadas têm comprometido em parte as
florestas de miombo na RNN.
Os dados sobre o efeito das queimadas na RNN também realçam padrões de danos dentro das
espécies de planta como por exemplo, J. globiflora, B. boehmii e B. africana são sensíveis ou são
preferidos por elefantes e fogos (Ribeiro et al. 2008b), estes dados demonstram que dentro destes
ecossistemas existem diferentes categorias sob o ponto de vista de efeitos que os fogos podem
causar.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Depois de 1959, outros experimentos foram realizados por Lawton (1978) em estudo sobre a
dinâmica ecológica da vegetação na Zâmbia, Chidumayo (1988) reavaliação do efeito de
queimadas sobre a regeneração de espécies de miombo, e por Cauldwell & Zieger (2000), onde
foram submetidas ao experimento 21 espécies do miombo com o objectivo de avaliar o grau de
tolerância a queimadas, na provincia central da Zâmbia.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Uma das espécies mais comuns na floresta de miombo é a Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
Arg.) Pichon, é descrita como uma espécie resistente a queimadas (Trapnell, 1959; Lawton, 1978;
Ribeiro et al. 2008b; Hatton et al. 1994 apud Sitoe, 1999). Neste sentido, a frequência de fogos na
região (RNG) pode estar a dar vantagem a esta espécie comparada a outras. Hatton et al. (1994)
apud Sitoe (1999) trabalhando em uma floresta de miombo no norte de Moçambique encontrou
uma densidade de 144 árvores de Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon por hectare
em uma área periodicamente queimada enquanto em uma área protegida de fogos encontraram
uma densidade mais alta (328 árvores/ha) (Sitoe, 1999).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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a) Intensidade
A intensidade é definida como sendo a taxa de energia libertada pelo processo de combustão da
vegetação (Oom, 2014). Entre várias medidas usadas para determinar a intensidade do fogo (por
exemplo, calor por unidade de área, intensidade de reacção ou intensidade da linha de fogo), a
Potência Radiactiva de Fogo (FRP) (Giglio, 2005), tem ganhado maior aplicação nos estudos ou
pesquisas relacionadas, motivado pela teledetecção pelos satélites e vários sensores do sistema de
observação da terra (Oom, 2014). A potência radiactiva de fogo capaz de preencher uma área maior
dos pixeis (Justice et al. 2002) de 1km (MCD14ML) existentes dentro do sensor MODIS, é
considerado como tendo o poder de fogo maior (Oom & Duarte, 2014; NASA, 2018).
Não há dúvidas que fogos de maior FRP (alta intensidade) matam os animais e as plantas, e criam
alterações nas paisagens (comunidades) ecológicas que podem durar anos (Whelan, 2006), isso
exige que exista um programa de maneio de queimadas consistente em uma área de conservação.
Segundo Frost (1996) a intensidade do fogo, está ligada a produção de gramíneas resultantes da
precipitação da temporada anterior, a intensidade do pastoreio e a extensão da cobertura vegetal
lenhosa. A precipitação média anual na floresta de miombo em geral varia de 541 – 1721 mm,
enquanto a temperatura média anual varia de 14,9 a 25,30C (Campbell, 1996).
b) Frequência
A frequência quantifica a ocorrência de fogo por unidade de tempo e espaço (Oom, 2014). Soja et
al. (2006) sugere que a frequência deve ser interpretada como a área que queima anualmente.
Conceitos como intervalo de retorno das queimadas (IRQ) ou ciclo de queimadas são usados para
se relacionarem com a frequência de queimadas (Oom, 2014), e a sua abordagem esta muitas vezes
associada e apresentam uma elevada concomitância.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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Uma frequência de queimadas que ocorra de forma anual dentro do ecossistema de miombo tende
a converter estes ecossistemas em savanas (Ryan & Williams, 2011), entretanto, a ausência
completa de queimadas, torna o miombo fechado (Trapnell, 1959). Porém, os factores frequência
e a intensidade das queimadas afectam a estrutura, dinâmica e a constituição da vegetação das
florestas de miombo (Furley et al. 2008). Recentemente com o desenvolvimento das técnicas de
sensoriamento remoto tem fornecido dados mais concretos sobre o impacto dos fogos (Furley et
al. 2008; Schroeder et al. 2005; 2008) dentro da floresta de miombo.
c) Sazonalidade
Os incêndios de vegetação ocorrem principalmente durante a estação seca, quando a ignição, os
combustíveis e o clima de fogo coincidem no mesmo espaço e tempo. No entanto, os humanos têm
alterado muito a estação do fogo e os padrões de sazonalidade do fogo (Oom, 2014). De facto,
dentro do ecossistema do miombo seco, onde as precipitações não são geralmente superiores à
1000mm por ano, os incêndios ocorrem a cada 1 a 3 anos na seca de Maio a Outubro / Novembro,
com pico na estação final da seca (Agosto- Outubro) (Ribeiro et al. 2007).
d) Severidade
O impacto do fogo nas plantas vária de acordo com a intensidade e o tempo em relação à fenologia
da planta (Chidumayo, 1995; Frost, 1996), ou seja, dependendo da fase de desenvolvimento em
que a planta se encontra, os danos podem ser mais ou menos severos, podendo atingir o sistema
vascular ou provocar quedas de folhas. No final de estação seca, os incêndios em florestas de
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
miombo são mais intensos e mais destrutivos do que queimadas no início da época seca, quando
grande parte da vegetação é ainda verde e húmida (Frost, 1996; Soares et al. 2009).
Actualmente muitos produtos MODIS são processados na colecção 6 (Tabela 1), cada vez que há
necessidade de melhorar nos algoritmos de detecção dos sensores, são feitos reprocessamentos dos
dados para fornecer dados de melhor qualidade e consistentes (Giglio et al. 2015).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Esse algorítmo percorre várias etapas, que basicamente consistem em: (i) produzir máscaras de
pixeis que não são de fogo (particularmente nuvens e água); (ii) em seguida, procura por pixeis
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
potenciais de incêndio, que são identificados como aqueles com temperaturas de brilho dentro e
entre as bandas de 4 μm e 11 μm que são significativamente mais altas do que as dos pixeis
vizinhos ou de fundo (onde "significativamente mais alto" é definido por uma série de limiares
relativos); e finalmente (iii) verificar falsos alarmes, particularmente devido ao brilho do sol e à
definição imprecisa de pixels de fundo próximos a desertos ou costas (do mar ou de corpos de água
doce) (Klerk, 2008; Giglio 2005; Giglio et al. 2003; Li et al. 2003). Este produto pode ser baixado
no formato shapefile ou ASC, e são geradas tabelas de atributos com as seguintes características
(Tabela 2).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
fornece os dados disponíveis com um atraso de 3 meses). A diferença entre a NRT e as versões
padrão do produto é frequentemente inferior a 100 metros, no entanto, há situações,
particularmente antes e depois das manobras de naves espaciais e durante os eventos climáticos
espaciais, em que a diferença pode aumentar até vários quilómetros. A recomendação da Earth
Observing System Data and Information System (EOSDIS) é utilizar os dados padrão do produto
que são reprocessados usando os dados definitivos de atitude e efemérides (Giglio, 2016).
O algorítmo que analisa as análises diárias de VI, cria duas séries de dados um considerando 10 dias
antes, e outro 10 dias depois, em ordem para calcular as estatísticas descritivas e definir a separação
temporal, e o rendimento da composição das imagens desse parâmetro (Ruiz et al. 2014; Giglio et al.
2016).
É aplicado um filtro sobre os pixéis da máscara de fogos activos, que fornece o mecanismo para a
selecção e treinamento das definições da área queimada / não queimada (Giglio et al. 2018b). O
algorítmo seguinte fórmula uma probabilidade condicional de acordo com a densidade. O resultado
desta etapa resulta numa classificação inicial (queimado/não queimado) para cada pixel de 500metros.
Finalmente o algoritmo usa uma condição de vizinhança para refinar a classificação inicial e analisando
a área queimada ou não queimada e o estado de 8 pixéis mais próximos (Giglio et al. 2018b; Giglio et
al. 2016; Ruiz et al. 2014).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
O produto gerado tem as seguintes características (Tabela 3) que são fornecidos em ficheiros diferentes
quando baixado em formato tif ou num único ficheiro quando baixado no formato hdf (Hierarchical
Data Format) (Giglio et al. 2018).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
(Anselin, 1995). Esta ferramenta trabalha olhando para cada característica dentro do contexto das
características vizinhas. Uma característica com um valor alto é interessante, mas pode não ser um
hotspot com significância estatística (ESRI, 2017), pois precisa estar distruibuido no seu entorno
com outras características com valor alto. A estatística Gi *, por outro lado, é um índice de auto
correlação espacial. É mais adequado para discernir estruturas de cluster de alta ou baixa
concentração (Manepalli et al. 2011). A fórmula (Equação 1) estatística do Gi* pode ser
representada da seguinte forma:
∑𝑛
𝑗=1 𝑤𝑖𝑗 𝑥𝑗
𝐺𝑖∗ = ∑𝑛
Equação 1
𝑗=1 𝑥𝑗
Onde: Gi * é a estatística da auto correlação espacial (SA) de um evento sobre n eventos. O termo
xj, caracteriza a magnitude da variável x em eventos j sobre todos n.
O modelo de análise estatística espacial é muito usado por vários autores (Oom e Duarte, 2014,
Gajović & Todorović, 2013) para analisar o grau de distribuição dos focos de incêndios em áreas
de floresta nativas, e permite visualizar o grau de aglomeração e incidência sobre uma determinada
localização.
2.6. Teste t
O teste t de Student (Equação 2) consiste em fazer comparação entre duas médias (Padovani, 2014)
de uma (ou duas) amostra quando não se conhece a variância da população e o tamanho da amostra
for grande (Fernandes, 1999), desde que os dados estejam distribuídos de uma forma normal. A
estatística do teste é dada pela equação:
̅̅̅
(𝑌 ̅̅̅
1 −𝑌 2 )−(𝜇1 −𝜇2 )
𝑇= 1 1
Equação (2)
2( + )
√𝑠𝑝 𝑛1 𝑛2
Vários estudos realizados (Ben-Shahar, 1998; Mapaure & Campbell, 2002; Chidumayo, 2002;
Chidumayo & Kwibisa, 2003; Banda et al. 2006) têm aplicado o teste t para descobrir a
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
significância das diferenças entre duas amostras, por exemplo, Banda et al. (2006) fez o cálculo
de diferenças entre área basal e densidades; Chidumayo & Kwibisa (2003) em pesquisa sobre
efeitos do desmatamento na biomassa do capim e o estado nutricional do solo na floresta de
miombo utilizou o teste t para comparar se as diferenças são significativas entre a biomassa de
capim e dados de nutrientes do solo.
Chidumayo (2002) realizou um estudo sobre mudanças no ecossistema de miombo da zona central
da Zâmbia sob diferentes posses e usos de terra, e calculou o teste t para descobrir se as diferenças
eram significativas ou não na distribuição espacial e temporal das plantas. Mapaure & Campbell
(2002) também aplicou o teste t para descobrir se as diferenças são significativas entre dois
períodos, e entre uma área de conservação e terras comunitárias. Ben-Shahar (1998) utilizou o
teste t para comparar diferenças anuais em termos de densidade de plantas, o número de plantas
afectadas por elefantes, o número de plantas afectadas por queimadas.
A ANOVA (de ANalysis Of VAriance) deve atender a alguns pressupostos, (1) as amostras são
aleatórias e independentes, (2) os dados estão distribuídos de forma normal e (3) apresentam
homogeneidade das variâncias (Fernandes, 1999; Milone, 2004).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Total STQ 𝑘
∑ 𝑛𝑗 − 1
𝑗=1
A orientação para a tomada da decisão é rejeitar H0 sempre que Fcalculado > Fcritico, (Fernandes, 1999)
de outra forma Fcal ≈ 1 indica variâncias aproximadamente iguais e aceitação de H0; Fcal > 1 sugere
aceitar H1 (Milone, 2004). De acordo com a fonte de variação, ou seja, o número dos efeitos
aplicados, a ANOVA pode ser desenvolvida para um factor de variação (one way) ou dois factores
(two way) (Spiegel, 1993) com ou sem interacção (Kazmier, 1982).
Grundy (1995), estimando a biomassa lenhosa no miombo seco no Zimbabwe, utilizou ANOVA
para analisar a regeneração de árvores combinando diâmetros e alturas das espécies. Mapaure &
Campbell, 2002 aplicou análise de variância para testar a significância nas diferenças de taxas de
mudanças na cobertura lenhosa entre dois períodos, e entre uma área de pesquisa de vida selvagem
(SengwaWildlife Research Area – SWRA) e terras comunitárias.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
CAPÍTULO III
3. Materiais e Métodos
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Localização geográfica
A Reserva Nacional do Gilé foi criada, em 1932, na altura cobria uma área de pouco mais de 5.000
km2 (Diploma Legislativo N⁰. 4183) (MAE, 2014). Foi concluído pelo Governo-Geral de
Moçambique na altura (23 de Julho de 1960) que os limites da Reserva do Gilé eram demasiados
vastos e contrariavam o desenvolvimento económico da região (Mocambique, 1960).
Actualmente a RNG (Figura 1) possui uma área de cerca de 2.861km2, distribuídos em dois
distritos nomeadamente Gilé (40% da área da reserva) e Pebane (60% da área da RNG), na
província central da Zambézia, entre as coordenadas, 16° 50′ 57″ de latitude Sul e 38° 21′ 10″
de longitude Este (Fusari et al. 2010). Actualmente a zona tampão (ZT) cobre uma área de cerca
de 1.526 km2.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
A RNG está dividida em 16 zonas1 que também são chamadas de zonas de monitoria (Tabela 5),
que foram definidas com base em características peculiares, como por exemplo, frequência de
algumas espécies de fauna/flora, relevo, para além da densidade das espécies de flora e de fauna,
a área de cada uma das zonas varia de 87 km2 a 261 km2.
3.1.2. Hidrologia
Os três rios principais que cruzam a reserva são: Mulela, que forma o limite oeste da RNG,
Molocuè, que constitui o limite leste da RNG e o Malema que é o principal curso de água dentro
da RNG. Outros rios permanentes de uma certa importância são o Naivocone no Norte, Nakololo,
1
As zonas estão estabelecidas actualmente no plano de fiscalização que a RNG se orienta no dia-a-dia das actividades,
o objectivo é facilitar a monitoria das actividades desenvolvidas. Ainda não existe uma publicação sobre os métodos
usados para a definição dessas zonas ao longo da RNG.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Malemacuculo e Mucussa dentro da RNG, o Muipige e o Enrorue no sector sul (Figura 1). Não
são presentes lagos ou lagoas permanentes dentro da RNG e da sua ZT (Fusari et al. 2010; Boletim
Oficial de Moçambique, I serie, número 30, de 23 de Julho de 1960).
3.1.3. Clima
O clima da área enquadra-se na zona climática definida como “Zona de chuvas em período de
verão tropical (tropical summer-rainfall climatic zone) (White, 1983 apud Fusari, et al. 2010).
Existe um período chuvoso intenso e bem definido entre os meses de Novembro e Abril, alternado
com um período seco no restante período do ano (Maio a Outubro).
A precipitação média anual varia entre os 800 e os 1.000 mm. A precipitação anual registada para
o período 1995-1999 no Distrito de Gilé foi de 1.122 mm, de acordo com os dados fornecidos
pelos Serviços Distritais de Apoio Económico (Fusari, et al. 2010). Actualmente as precipitações
médias anuais são acima dos 800mm, chegando a 1.200 ou mesmo 1.400mm, concentrando-se no
período compreendido entre Novembro de um ano e finais de Março podendo localmente estender-
se até Maio (MAE, 2014).
A evapotranspiração potencial regista valores médios na ordem de 1.000 e 1.400 mm (MAE, 2014;
Fusari et al. 2010). As temperaturas variam substancialmente durante a época seca, de cerca de
13˚C (média mínima em Junho) a 35.7˚C (média máxima em Outubro), com médias ao redor de
24-26˚C, permitindo o reconhecimento de uma época seca e fria muito precoce entre Maio e
Agosto, e uma época seca e quente entre os meses de Setembro e Outubro (Fusari et al. 2010;
MAE, 2014).
No distrito de Pebane predomina o clima tropical húmido, com duas estações bem distintas, sendo
uma quente e chuvosa que vai de Agosto a Março e outra fresca e seca, de Abril a Julho. É
caracterizado por possuir temperaturas elevadas, com a média anual superior a 20ºC e precipitação
abundante, com média anual de 1400 mm. A humidade é alta chegando a atingir os 90 a 100% na
época quente e de chuvas (MAE, 2014).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Dois tipos de solos diferentes são observáveis na área: 1) terra arenosa clara e 2) terra argilosa
vermelha cujas distribuições são bastante irregulares dentro da RNG e a sua ZT (INIA, 1994).
Ambos solos têm um baixo grau de fertilidades, sendo também bastante susceptíveis à erosão
pluvial, mantendo dificilmente elevados níveis de nutrientes e sais minerais (Fusari et al. 2010).
3.1.5. Vegetação
A Reserva Nacional do Gilé e a sua ZT abrigam principalmente uma floresta de miombo notável,
alternada por várias áreas abertas de savana. Uma vegetação ribeirinha intacta decorre nos bancos
dos numerosos cursos de água (MAE, 2014, Fusari et al. 2010). Considerando a cobertura da copa
e a composição de espécies, são identificados seis tipos diferentes de cobertura vegetal: 1) matagal
aberto; 2) floresta aberta de baixa altitude; 3) floresta fechada de baixa altitude; 4) formação
herbácea arborizada; 5) formação herbácea; 6) Arbustos baixos (Fusari et al. 2010).
Um total de 253 espécies de plantas foi registado mostrando a grande diversidade e o bom estado
de conservação da vegetação (Fusari et al. 2010). Outrossim, as tipologias florestais mais
dominantes na RNG são florestas abertas de baixa altitude (Open woodland) com uma área de
cerca de 47.36%, o matagal aberto (Bushland) ocupando uma área de cerca de 43,66% (Fusari et
al. 2010).
Entretanto, no relatório do III Inventário Florestal Nacional realizado por Marzoli (2007),
constatou que a RNG está coberta aproximadamente de 95% da sua área por florestas densas
decíduas, e 5% de áreas cultivadas, que se localizam na região sudoeste (3%) e sudeste (2%), estes
dados foram produzidos a uma escala nominal de 1:1 000 000, e foi realizado com objectivo de
26
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
apresentar uma mapa de cobertura de terra a nível nacional, com base em imagens de satélites e o
conhecimento dos especialistas ou técnicos envolvidos no inventário.
O relatório do IV IFN elaborado por Magalhães (2018), não aborda em detalhes sobre os tipos de
cobertura das áreas de conservação, sobretudo da RNG consta no relatório que aproximadamente
90% da sua área é composta por florestas, e outros 10% estão distribuídos em área que não é
floresta nas regiões noroeste e sudoeste.
De acordo com a classificação da vegetação de Moçambique proposta por Wild e Barbosa (1967),
a floresta de miombo da RNG corresponde à Unidade 24, definida como Miombo decíduo de baixa
altitude (Deciduous miombo woodland-lowland type). Este tipo de vegetação encontra-se em
altitudes incluídas entre 100m e 200m, com precipitações anuais entre 800-1000mm e geralmente
as espécies dominantes são Brachystegia spiciformis Benth., B. boehmii e Julbernardia globiflora
(Benth.) Troupin, com comunidades de “Acacia-Combretum” (Fusari et al. 2010).
Segundo a classificação proposta por White (1983), o território da RNG seria incluído na “Floresta
Zambeziaca Seca de Miombo” (Vegetation Type n. 26 “Dry Zambezian Miombo Woodland), com
árvores normalmente entre os 12m e 18m de altura e com cobertura da copa superior a 40% e
camadas inferiores com arbustos e ervas (Fusari et al. 2010).
2
Novas categorias referidas por Prin (2008) deve-se entender o uso da expressão “novas categorias” apenas como
uma escala nominal nova de acordo com a classificação de Prin (2008), porém as espécies presentes nestes
agrupamentos já haviam sido distinguidas por White (1983), Wild e Barbosa (1967).
27
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
3.1.6. Fauna
Presentemente, a lista dos mamíferos da RNG inclui 67 espécies das seguintes 11 ordens: Primates
(5 espécies); Insectivora (2 espécies); Macroscelidea (2 espécies); Lagomorpha (2 espécies);
Rodentia (16 espécies); Carnivora (19 espécies); Artiodactyla (16 espécies); Hyracoidea (2
espécies); Pholidota (1 espécies); Tubulidentata; Proboscidea (1 espécies) (Fusari et al. 2010).
A intensidade de fogos pode ser assumida como bastante variável em resposta a diferentes cargas
de combustível do estracto gramínal e da época de queima (Soares et al. 2008, 2009; Fusari et al.
2010). O período prolongado de falta de chuva deixa uma vegetação bastante seca e permite o
acúmulo de folhas e outro material vegetal morto, criando as condições ideais para a ocorrência
dos fogos (Batista, 2004).
Maúnze (2016) constatou que o regime de queimadas na RNG é caracterizado por elevada
frequência de queimadas na região central (Figura 2), apresentando frequência média de 4 vezes
ao ano, um intervalo de retorno médio de 3,9 anos. Num intervalo de 10 anos a reserva foi afectada
por queimadas em cerca de 41,99 % da sua extensão total.
28
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Do Gilé.
Serrote (2017) ao fazer o diagnóstico de queimadas usando imagens de satélite constatou que o
maior risco de queimadas na RNG verifica-se nas regiões dominadas por gramíneas (savana),
seguida de floresta aberta, floresta densa e matagal médio, encontram-se situadas ao longo das
regiões Sudeste e Nordeste da reserva, fazendo fronteira com a EN 324 que liga os distritos de
Pebane e Gilé (Figura 3). Serrote (2017) não apresenta os dados sobre a frequência média das
queimadas e o intervalo médio de retorno de queimadas, pois não constituía objectivo do seu
estudo.
29
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Figura 3: Mapa de Serrote (2017) que relaciona a distribuição dos focos de incêndios florestais
de 2007 à 2016 na RNG.
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Do Gilé.
Dados do satélite MODIS, foram obtidos de forma gratuita através da internet. O produto de fogos
activos da colecção 6 (MCD14ML), foi obtido através do servidor ftp://fuoco.geog.umd.edu
(Giglio et al. 2018a). O produto área queimada (MCD64A1) foi baixado do servidor
ftp://ba1.geog.umd.edu, ambos produtos são distribuídos pela Universidade de Maryland (Estados
Unidos da América), e o download foi efectuado com recurso ao software, FileZilla FTP Client
3.43.0 (Kosse, 2018), (Giglio et al. 2018b; Giglio et al. 2016).
O arquivo em formato Geotiff (Georeferenced Tagged Image File Format) (Figura 4) é derivado
dos arquivos em HDF para usuários que preferem usar os arquivos em formato Geotiff (Giglio et
al. 2018). Estes apresentam dois arquivos um com o nome, burndate (data da queimada) que
contém dados em dias julianos em que foi registada a queimada e outro com o nome ba_qa
(avaliação da qualidade), que contém informação da qualidade da queimada ou o grau de
confiabilidade (Giglio et al. 2016; 2018b).
31
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Figura 4: Cobertura das camadas do produto MCD64A1 no formato Geotiff. Fonte: Adaptado de
Giglio et al. 2018
Estes pontos representam focos de queimadas, que foram recortados para a área de estudo e
submetidos a uma correcção da projecção geográfica para WGS_1984_UTM_Zone_36S, com
recurso à ferramenta reproject. O produto MODIS MCD14ML da colecção 6, não carece de
procedimentos de correcções geométricas, radiométricas e/ou atmosféricas, pois anomalias
relacionadas a estas correcções são efectuadas dentro dos algoritmos de processamento
(mascaramento das nuvens; identificação de potenciais pixéis de fogos e caracterização de fundo)
32
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Do Gilé.
(Giglio et al. 2016; 2018a) das imagens antes de serem fornecidas para os usuários finais Giglio
et al. (2016).
Foi feita uma exclusão dos focos com um nível de confiança (confidence) abaixo de 80%, pois
estes podem estar associados a focos de baixa intensidade (baixo valor de FRP) e a falsos alarmes
(Gajović & Todorović, 2013), como por exemplo, limpeza controlada de campos agrícolas
localizadas dentro da reserva ou na ZT, e outras queimadas derivadas de perseguição de animais.
Para usuários que queiram trabalhar com poucos falsos alarmes, Giglio et al. (2018a) sugere que
excluam fogos de baixa confiança (menor que 50%). Porém, vários autores (Cangela, 2014;
Maúnze 2016; Serrote, 2017; Ribeiro et al. 2017) usaram um nível de confiança de 80% para
extrair focos de queimadas, como este nível (80%) está acima do recomendado por Giglio et al.
(2018a) torna as operações mais confiáveis. A operação de exclusão de focos de baixa confiança
foi realizada com base na ferramenta Select by atributtes, tendo sido seleccionada a categoria
confidence maior ou igual a 80, e de seguida foram exportados (Export data) para uma nova
camada de mapa.
Posteriormente foram adicionados (Add data) shapefiles contendo informação à cerca dos rios,
estradas e divisão administrativa da província da Zambézia (fornecidos pela Cenacarta),
particularmente dos distritos de Pebane e Gilé. Estes dados foram recortados (Select by mask) para
corresponder à RNG.
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Do Gilé.
produtos encontram-se projectados em Plate-Carrée projection, a nova projecção foi para o World
Geodetic Sistem - WGS_1984_UTM_Zone_36s, e recortados para a RNG, com base na ferramenta
Extract by mask.
Este procedimento foi realizado com recurso as ferramentas Select by atributtes (seleccionar com
base nos atributos) e Export data (exportar os dados para uma nova camada). A análise Getis-Ord
Gi* está disponível na caixa de ferramenta Spatial Statistics Tool, onde no espaço de Input field
(campo de entrada de dado) foi seleccionada a coluna de FRP.
Observou-se que os focos situados na região “zona fria” (Cold Spot) possuem um FRP menor que
21.6Mw e os focos situados nas regiões “zona quente” (Hot Spot) possuem FRP maior que
21.6Mw, na verdade o modelo Getis-Ord Gi* faz esta classificação de forma autónoma,
considerando o global dos valores a serem analisados (Anselin, 1995). Porém não existe um
consenso absoluto sobre os valores de FRP acima dos quais pode se considerar queimadas de alta
intensidade, ou um valor abaixo de FRP que se pode considerar queimadas de baixa intensidade,
como revelam os trabalhos de Giglio et al. (2006) e Oom (2014) que serão apresentados e
discutidos no capítulo IV.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
O mapa de kernel (núcleos) foi elaborado com recurso a ferramenta IDW (do inglês, Inverse
Distance Weighting, que significa ponderação da distância inversa) (Ikechukwu et al. 2017),
dentro da caixa de ferramentas Spatial analyst tools (interpolation → idw), na caixa Input point
features foi seleccionado os pontos hotspot produzidos pelo modelo Getis-Ord Gi*, e seleccionado
a coluna FRP para a caixa Z value field, o tamanho da célula foi alterado para corresponder ao
mesmo tamanho das células do produto MCD64A1 (250x250m). Na caixa de ferramenta
Enviroments foi definido a extensão do processamento (Process extent) RNG. Este mapa permite
uma melhor visualização das regiões onde ocorrem queimadas de alta intensidade.
Onde:
IRQ – intervalo de retorno de queimadas
T – Período em anos (5 anos)
A – Área total em estudo (2861km2)
a – Área queimada dentro do período em estudo (2657.2km2)
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Onde:
IMRQ – intervalo médio de retorno de queimadas
Ii = intervalo de retorno de queimadas
Ai = Área do terreno, do intervalo de retorno de queimadas (Ii)
At= Área total do ecossistema
Para este estudo a frequência de queimadas (Equação 8) é o inverso do intervalo médio de retorno
de queimadas (Dickmann & Cleland [s/d]; Soja et al. 2006; Ribeiro et al. 2007). É o número de
ocorrência de queimadas em determinado espaço num determinado período de tempo (Dickmann
& Cleland [s/d]; Soja et al. 2006; Cangela, 2014; Ribeiro et al. 2007).
1
Frequência = Equação (8)
𝐼𝑀𝑅𝑄
Segundo Congalton (1998) uma das formas mais usadas para avaliar a exactidão da classificação
temática de cobertura de terra é a matriz de confusão também denominada matriz de erro ou tabela
de contingência na qual, estão listadas as classes resultantes da interpretação de imagens e as
classes referentes à classificação de campo (verdade de campo).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Portanto no presente estudo, a partir da matriz de confusão foram gerados dados para calcular
índices de validação da classificação. Neste estudo analisou-se a qualidade do mapeamento das
queimadas feita pelo produto MODIS MCD64A1 a partir do índice Kappa:
Para leitura do índice Kappa, usa-se a relação entre os valores de índice e o desempenho da
classificação como mostra a tabela 7.
Deve se levar em consideração uma análise mais rigorosa dos valores nas células marginais da
matriz, erros de comissão (Equação 10.1) e omissão (Equação 10.2) (Ferreira et al. 2007; Ferreira
et al. 2013). Os erros de comissão são calculados por:
𝑋𝑖+ −𝑋𝑖𝑖
𝐸𝑐𝑜 = Equação (10.1)
𝑋𝑖+
Onde: 𝐸𝑐𝑜 = Erros de comissão; 𝑋𝑖+ = Marginal da coluna; 𝑋𝑖+ = Diagonal daquela coluna
Onde: 𝐸𝑜 = Erros de omissão; 𝑋𝑖+ = Marginal da linha; 𝑋𝑖+ = Diagonal daquela linha
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Os erros de omissão e comissão enfocam o mesmo problema. A omissão se refere a uma definição
imperfeita da categoria e a comissão se refere a uma delimitação excessiva da categoria. Alguns
autores (Varella [s/d]; Ferreira et al. 2007) enfocam-na como exactidão do usuário (consumidor)
e exactidão do produtor:
𝑋𝑖𝑖
𝐹𝑢 = ∗ 100 Equação (10.3)
𝑋𝑖+
𝑋𝑖𝑖
𝐹𝑝 = ∗ 100 Equação (10.4)
𝑋𝑖+
Considerando que Trapnell (1959), Chidumayo (1988) e Cauldwell & Zieger (2000), trabalharam
com 3 a 4 grupos de espécies em relação ao grau de tolerância ao fogo, o ideal seria usar 3 a 4
estratos, porém as tipologias florestais dominantes na RNG são florestas abertas de baixa altitude
(com 47,36% de área) e o matagal aberto (com 43,66% de área) (Fusari et al. 2010) onde
frequência do fogo é quase similar, neste sentido é aceitável o uso de dois estratos. Ademais, o
produto de áreas queimadas fornece, duas áreas, uma área não queimada ou área queimada (Giglio
et al. 2018b).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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O processo de alocação dos pontos amostrais foi com base na amostragem aleatória, e todo o
procedimento foi efectuado no ArcMap, portanto, a amostragem foi estratificada-aleatória. No EC
(estrato sem ocorrência de queimadas) foi usada uma extensão (Hawths tools), esta ferramenta usa
vários algorítmos (Hawths tools → Sampling tools → Generate → Random Points → Random
Point Generation) para gerar pontos de forma aleatória sobre a área de interesse (Select layer)
(estrato sem queimadas, com indicação de onde não devem ser gerados os pontos – Prevent points
from occuring in the polygons of this layer - dos rios e estradas), devendo indicar os parâmetros
adicionais, neste caso foram solicitados 02 pontos de forma aleatória, sobre uma área de 204km2,
com uma distância mínima entre os pontos de cerca de 2km (Figura 5), para que pudesse atingir
uma maior cobertura e posteriormente verificar o grau de dispersão do efeito das queimadas sobre
a vegetação, tendo sido feito o levantamento das coordenadas dos pontos gerados e compiladas em
uma tabela (Apêndice III).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Procedimento similar foi efectuado para estabelecer os pontos em área onde há predominância das
queimadas onde foram solicitados cerca de 57 pontos amostrais de forma aleatória sobre uma área
de 2657.2 km2 com uma distância mínima entre os pontos de 2km, por forma a garantir uma maior
abrangência da superfície total da reserva (Figura 5). Foram estabelecidos dois critérios a atender,
(1) uma distância mínima de 2km para dentro da reserva, (2) e uma distância de 700m das estradas
e rios, tendo sido feito o levantamento das coordenadas dos pontos que foram compiladas em uma
tabela.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
O mapa de Maúnze (2016), do ano de 2014, apresentou 5 classes de cobertura de terra, das quais
Floresta aberta (171318 ha), Floresta Densa (72937ha), Solo Exposto (19870ha), Vegetação
herbácea (13356 ha) e os Corpos de Água (2535 ha), e a sua acurácia foi avaliada com o índice
Kappa de 81,23 %. Com base nisso é ideal utilizar o mapa produzido por Maúnze (2016) (Figura
6) por possuir alto índice Kappa, embora os dois mapas representem períodos diferentes de estudo,
pois este representa melhor a situação real do uso e cobertura do solo da RNG.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Figura 6: Mapa de cobertura da terra de Maúnze (2016) e distribuição das parcelas. Adaptado de
Maúnze (2016)
De acordo com o mapa de Maúnze (2016) o maior tipo de cobertura de terra é ocupado pela floresta
aberta com uma área de 171318ha onde foram inventariados cerca de 35 hectares, na floresta densa
foram inventariados 19 hectares, dentro das quais as parcelas (12 e 208) que ocorrem em uma
região que não registou queimadas durante o período em estudo, 4 hectares foram inventariados
em solo exposto e apenas uma parcela na vegetação herbácea (Tabela 9).
(2) regeneração natural estabelecida (RE) contemplando árvores em fase activa de crescimento
com DAP superior aos 5cm e inferiores aos 10cm (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR, 2016),
podendo ter uma altura que varia no intervalo de 1m a 6 m (Frost, 1996). Foi registado, o nome
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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científico da espécie, nome local, e medido o DAP, e estimada a altura total (em metros) e o estado
de sanidade.
(3) regeneração natural não estabelecida (RNE) contemplando as árvores com DAP inferior aos
5cm (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR, 2016), e uma altura inferior a 1m (Frost, 1996), nesta
fase foram registrados os nomes das espécies e contabalizado o número total de indivíduos
presentes na subparcela.
Em todas fases de desenvolvimento foram medidos todos indivíduos (em pé, mortos e/ou caídos)
que se encontravam nas parcelas, em cada ficha de campo foram registados, nome do colector de
dados, número da ficha, número de parcela, local e as coordenadas (Apêndice IV).
As espécies amostradas eram identificadas pelo seu nome local (e-lomwé) com a ajuda de (3)
pisteiros, o nome científico de algumas espécies não era possível identificar no campo, eram
colhidas amostras de folhas ou fotografias para posterior consulta em guias de campo (Field Guide
– Trees of Southern Africa de Palgrave (2002) ou van Wyk & van Wyk (1997)) por forma a
efectuar uma identificação mais precisa.
De forma geral, neste estudo árvores são espécimes altos com um caule principal (Palgrave, 2002).
Existem também plantas lenhosas perenes, ramificadas com caules múltiplos, sem tronco
principal, mas com potencial de atingir uma altura de até 10m, que também são consideradas
arvores segundo Palgrave (2002), mas para o presente estudo considerou-se a altura de 2m (van
Wyk & van Wyk, 1997), que também inclui árvores em fase de regeneração.
43
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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possíveis erros de contagem (Krebs, 2013), caracterizado principalmente por erros de omissão ou
comissão, incluir ou excluir um organismo enquanto ele (não) faz parte da área amostrada.
O Manual de Inventário Florestal da FAO (1981) defende que o tamanho e o formato das parcelas
dependem das características das árvores existentes na floresta, como altura das árvores, diâmetro
à altura do peito e a área basal das árvores. Parcelas de um hectare são ideais para a inventariação
em florestas, como a da RNG, onde a altura das árvores normalmente é entre os 12m e 18m e com
cobertura da copa superior a 40% e camadas inferiores com arbustos e ervas (Augustynczik, 2011;
Fusari et al. 2010).
Foi definida uma sub-parcela de 10mx10m dentro da parcela de um hectare (Krebs, 2013) onde
foram feitos levantamentos de dados de indivíduos nas fases de regeneração natural estabelecida
e regeneração natural não estabelecida. A sub-parcela fica localizada no canto inferior esquerdo
(MITADR, 2016), onde localiza-se o ponto inicial da demarcação da unidade amostral, isso
permite uma fácil localização no futuro com base na coordenada geográfica, e também permite
que não seja demarcada em uma região não produtiva (sem vegetação) (Silva et al. 2005).
Segundo Bonetes (2003) o tamanho da parcela deverá ser suficientemente grande para incluir pelo
menos 20 a 30 árvores medidas e pequena o suficiente para não requerer um tempo de medição
excessivo (Augustynczik, 2011). Para permitir que o erro amostral e o coeficiente de variação seja
reduzido, o que é causado de forma geral pelo uso de poucos elementos amostrais para concluir
sobre o universo.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Onde:
N = tamanho amostral de uma população infinita
n = tamanho amostral de uma população finita
Z = z score (1,645)
p =proporção da população (assumi-se que é de 50%=0,5)
E = margem de erro (assumi-se que é de 10%=0,1)
S=população pretendida (3.917 parcelas)
O tamanho de amostras ideal é de 68 hectares, menos 9 hectares do que foi realizado neste estudo,
entretanto as 3.917 parcelas incluem toda RNG, ou seja, áreas não cobertas por florestas, por
exemplo, estradas, cursos de água e infra-estruturas (acampamentos). Entretanto o Manual da
Avaliação de Integridade Florestal (FIA) aconselha que sejam tomadas algumas parcelas
aleatoriamente, e que seja feito inicialmente o levantamento dos dados nestas para verificar o grau
de variação ou heterogeneidade dos indivíduos, se comprovar-se que não existe uma tendência de
repetição, inferências podem ser efectuadas (HCV Resource Network [s/d]).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
O mesmo é proposto na abordagem da curva de espécies por área, onde se procura verificar se as
espécies registadas em determinada área aumentam com o aumento de 10% da área. Se se verificar
que não ocorre o aumento de 10% das espécies conclui-se que o aumento da área não afecta no
aumento de novas espécies na área populacional (Ribeiro et al. 2002). Observou-se que ao
vigésimo sexto dia tinham sido registadas 115 espécies em uma área correspondente a 48hectares,
acréscimos tanto de 10 e 20% da área não resultaram no aumento do número de espécies na mesma
proporção (Figura 8).
150
125
100
75
N u m e r o d e e s p e c ie s
50
25
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
D ia s
Figura 8: Relação entre o número de espécies e os dias do inventario (Curvas das espécies)
Vários autores (Bonetes, 2003; Augustynczik, 2011; Krebs, 2013) argumentam que a intensidade
amostral depende de vários factores, como o custo, o tempo e o treinamento da equipa, e
principalmente o factor custo pode definir qual o grau de intensidade do inventário a ser realizado,
que pode variar de 2%, 5%, 10%, podendo chegar até 15%, dependendo dos factores acima
referenciados. Neste sentido a intensidade amostral neste estudo pode ser considerada
representativa, e todos dados obtidos apresentam uma margem de erro de 10% a um nível de
confiança de 90%.
diâmetro a altura do peito. Todos cálculos sobre a estrutura e composição florística foram
realizados dentro de uma planilha do Microsoft Excel (2013).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
estas espécies se distribuem na área (frequência) e do espaço que cada uma ocupa no terreno
(dominância) (Lamprecht, 1990).
A distribuição dos diâmetros dos indivíduos dentro de uma comunidade de florestas naturais
permite fornecer informação para adopção de medidas de maneio, e geralmente a distribuição
decrescente ou em “J” invertido é característica de tipos florestais onde há regeneração contínua.
É o caso da maioria das florestas nativas de composição variada em espécie e idade (Ribeiro et al.
2002).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Varios métodos (IUFRO; Souza & Leite et al. 2003; Hasenauer, 2006) tem sido empregues e
avaliados para estratificar florestas com base na altura. O método da IUFRO – International Union
of Forest Research Organizations - (Lamprecht, 1990), estratifica a floresta com base na altura
dominante (hdom), e tem obtidos bom desempenho comparativamente a outros métodos (Curto et
al. 2013; Neto el al. 2018). Assim, a distribuição do número de árvores por classe de altura em
estratos é definida da seguinte forma:
(1) Estrato Inferior: h < hdom /3;
(2) Estrato Médio: hdom /3 ≤ h < 2hdom /3;
(3) Estrato Superior: h ≥ 2hdom /3;
Em que: h = altura total e hdom = altura dominante, esta foi obtida através da soma de 82 especies
com maiores diâmetros (Neto el al. 2018), e para a análise da estrutura vertical foram incluídas
duas fases de desenvolvimento, arvores (adultas) e regeneração estabelecida.
É importante referir que a divisão da floresta em estratos é muitas vezes difícil de observar na
prática (Ribeiro et al. 2002) tanto como a definição do número de estratos, sabe-se que uma floresta
madura que possui 40 a 80 espécies por hectare, possui de 3 a 5 estratos (Lamprecht, 1990; Ribeiro
et al. 2002).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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𝑗 𝑁𝑗
𝐶𝐴𝑇𝑖 = ∑𝑗=1 𝑛𝑖𝑗 ( 𝑁 ) Equação (21)
𝐶𝐴𝑇𝐼
𝐶𝑅𝑇𝑖 = ∑𝑆 ∗ 100 Equação (22)
𝐼=1 𝐶𝐴𝑇𝑖
Pelo que o nível de sanidade das espécies é um factor importante para adopção de medidas de
maneio adequadas e especificas por forma a recuperar estas espécies, ficou claro pelos trabalhos
realizados por Trapnell (1959), Lawton (1978), Chidumayo (1988), Cauldwell & Zieger (2000),
Zolho (2005), Ribeiro et al. (2008), Cangela (2014), que o fogo pode afectar o estado de sanidade
das plantas dependendo das condições da sua ignição, a época (tardia ou precoce) e o tipo de
material combustível, fenologia da planta, no momento em que ocorre a queimada.
Foram definidas seis categorias com base nos manuais (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR,
2016; SFB, 2017) de inventário florestal para avaliação da sanidade, (0) árvore morta, em pé ou
caida; (1) árvore severamente atacada, estágio avançado de deterioração por pragas ou doenças;
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
(2) árvore atacada, metade da árvore atacada; (3) árvore com sinais de ataque ou doença, estágio
inicial de deterioração por pragas ou doenças; (4) árvore saudável, sem defeitos aparentes; (5)
árvore com bom vigor.
Como não existe uma linha de base para se estabelecer uma comparação entre os dados produzidos
pelo índice de Shannon – Wiener3, efectuou-se o cálculo para verificar o grau de diversidade entre
as parcelas, e também entre os locais onde ocorrem mais e menos focos de incêndios de acordo
com amostragem feita.
3
Este índice é não paramétrico, não possui parâmetros que permitem afirmar se existente uma maior diversidade ou
menor (Melo, 2008; Chiarucci et al. 2011), apenas em caso em que existe uma linha de referência, por isso o seu uso
será num âmbito de comparação com outros parcelas e/ou clusters.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
25). A diversidade máxima (Hmáx) que poderia ocorrer seria encontrada em uma situação onde
todas as espécies tivessem abundância igual, em outras palavras, se H '= Hmáx = In S (Magurran,
1955).
𝐻′ 𝐻′
𝐽′ = = Equação (25)
𝐻𝑚𝑎𝑥 𝑙𝑛𝑆
Onde:
J’ = coeficiente de equitabilidade do índice de Shannon – Wiener;
Hmáx = número total de espécies na amostra.
In S = logaritmo natural do número total de espécies na amostra
Onde:
QM = Coeficiente de Mistura de Jentsch
S = número de espécies amostradas;
N = número total de indivíduos amostrados.
Quanto mais próximo de 1 (um) o valor de QM, mais diversa é a população.
53
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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Em uma análise comparada realizada por Razali & Wah (2010), o teste de AD obteve segundo
melhor desempenho, ficando atrás apenas do teste de Shapiro-Wilk. A estatística do teste de
Anderson-Darling é dada pela Equação (27), a um nível de significância de 0,15; 0,10; 0,05; 0,025
e 0,001:
−{∑𝑛
𝑖=1(2𝑖−1)[ln(𝑝𝑖 )+ln(1−𝑝𝑛+1−𝑖 )]}
𝐴= −𝑛 Equação (27)
𝑛
Onde:
A = Teste de normalidade de Anderson-Darling
ln = logaritmo natural;
n = número total de elementos na amostra.
A transformação de Johnson aplica-se a qualquer amostra desde que N≥8 (D’Agostinho, 1970),
esta transformação aumenta o poder estatístico, especialmente para distribuições distorcidas, e os
dados não perdem o poder original, e é mais robusta comparada a transformação de Box Cox, (Luh
54
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
& Guo, 2001) esta por sua vez, transformação de Box Cox, está limitada a valores positivos e
maiores que zero, e raramente preenche os pressupostos básicos de linearidade, normalidade e
homocedasticidade simultaneamente (Sakia, 1992). Box Cox (1964) propõe máxima
probabilidade como boa, tal como os métodos bayesianos (máxima verossimilhança) para
estimativa do parâmetro lambda (λ).
O coeficiente de correlação toma sempre valores entre -1 e +1; é positivo quando a associação é
positiva e negativo quando a associação for negativa (o valor de r é tanto maior quanto mais forte
for a associação); os valores extremos r = −1 e r = 1 indicam uma associação perfeita (Gotelli &
Ellison, 2011; Fernandes, 1999). Foram efectuados testes de correlação para verificar o grau de
associação entre as variáveis (Apêndice V).
Giglio et al. (2006) fez analise de correlação entre áreas queimadas observadas e preditas pelo
satélite MODIS. Mapaure & Campbell (2002) fizeram teste de correlação para verificar a relação
entre a densidade de elefantes e o nível de cobertura numa floresta de miombo.
3.13.3. Teste t
Foram calculadas as diferenças (para descobrir se são ou não significativas) das médias do número
de indivíduos por espécies emparelhadas do índice de valor de importância dos dois estratos (EQ
e EC), da distribuição dos diâmetros e alturas (de acordo com a tabela 10) a um nível de
significância de 5% (Apêndice VI). Com a seguinte ordem de tomada da decisão, rejeitar H0
sempre que p for menor que 5% (α = 0,05).
55
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
1 H0: Não existem diferenças significativas H1: Existem diferenças significativas entre o
entre o IVI das espécies do EQ com o IVI das IVI das espécies do EQ com o IVI das
espécies do EC. espécies do EC.
2 H0: Não existem diferenças entre o número H1: Existem diferenças entre o número de
de indivíduos de cada classe de DAP no EQ indivíduos de cada classe de DAP existente
e o EC. no EQ e o EC.
3 H0: Não existem diferenças significativas H1: Existem diferenças significativas entre o
entre o número de indivíduos de cada classe número de indivíduos de cada classe de
de altura em cada estrato altura em cada estrato
4 H0: Não existem diferenças significativas H1: Existem diferenças significativas entre o
entre o número de indivíduos em cada estado número de indivíduos em cada estado de
de sanidade nos dois estratos sanidade nos dois estratos
Para o presente estudo para verificar se tem o efeito significativo os meses e anos sobre o número
de focos registados e área queimada dentro da RNG (Apêndice VII), foi realizada análise de
variância de dois factores sem interacção (como usual na aleatorização completa (Spiegel, 1993)).
Para tal foram desenhadas as seguintes hipóteses (Tabela 11).
56
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Onde:
n = número de replicas do tratamento (nível)
𝑞∝ = é um valor tabelado (Tabela do teste de Tukey)
QME = quadrado médio do erro
DMS = diferenca mínima significativa
57
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
CAPÍTULO IV
4. Resultados e discussão
4.1. Descrição do regime de queimadas na RNG
4.1.1. Sazonalidade
Os fogos activos registados dentro da RNG estão distribuídos entre os meses de Julho a Novembro,
dentro do intervalo dos cinco anos (2014-2018), sendo que no mês de Novembro apenas foi
registado a ocorrência de focos de queimadas para o ano de 2014. O mês que mais registou focos
durante os cinco anos foi o mês de Agosto, como 2.131 focos, correspondendo a 52.7% do total
de focos. O ano de 2015, foi o que registou menos (755) focos e os anos 2016 (903) e 2014 (819),
os que registaram mais focos dentro do período de análise (Figura 9).
1600.0 900.0
1400.0 800.0
Numero de focos de queimada
700.0
Observações similares foram efectuadas por vários autores (Ribeiro et al. 2008; Oom & Duarte,
2014; Maúnze, 2016) em estudos sobre queimadas florestais, onde a época seca (neste caso, Julho
a Novembro) apresenta baixos níveis de humidade relativa do ar, e muita disponibilidade de
matéria pronta para queimar caracterizada por apresentar poucos níveis de água (seco) (Frost,
1996; Ribeiro et al. 2013).
58
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Segundo Maúnze (2016), as queimadas na RNG durante o periodo do seu estudo (2004-2014)
ocorreram entre os meses de Julho a Outubro (época seca), enquanto para Serrote (2017) durante
o periodo do seu estudo (2007-2016) as queimadas na RNG ocorreram entre os meses de Julho à
Novembro, a diferença entre os meses observados é de um mês, porém o nosso estudo comprova
o periodo de 5 meses de queimadas, como descrito por Serrote (2017).
Observa-se que nos anos de 2015 e 2017, o maior número de ocorrência de focos foi registado nos
meses de Agosto, porém a área queimada (maior) foi registada no mês seguinte (Setembro), esta
incongruência entre os focos queimados e área queimada também foi registada por Maúnze (2016),
e pode ser explicado pelo facto (1) a época da ignição do foco (final do mês), (2) a baixa humidade
do combustível, principalmente, graminal que facilita a sua propagação e que arrasta-se por
extensas áreas queimadas.
O ano de 2014, a RNG queimou 58,1% da sua área (1.660,9 km2), o ano de 2015 queimou 49.2%
(1406,6 km2), 2016 queimou 43.4% (1242,5 km2), 2017 queimou 58.1% (1.662,7 km2), e o ano
2018 queimou 53,9% (1.540,9 km2), de forma geral a reserva queima em média cerca de 52,5%
por ano, o que corresponde a 1.502,7 km2 (Tabela 12).
59
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Tabela 12: Área queimada (MCD64A1) e o número de focos (MCD14ML) durante 5 anos
Ano Área queimada % da área queimada Número de focos total/
em km2 focos com 80% confidence
2014 1.660,9 58,1 819/558
2015 1.406,6 49,2 755/754
2016 1.242,5 43,4 903/264
2017 1.662,7 58,1 777/765
2018 1.540,9 53,9 786/237
A análise estatística efectuada a um nível de confiança de 95% permite afirmar que a variação
mensal tem efeito significativo (Fcal = 33,943> Fcrit = 3,006917) sobre o tamanho da área queimada
(p<1,24e-07), porém os anos não tem um efeito significativo (Fcal = 0,186442 <Fcrit = 3,006917)
sobre o tamanho da área queimada (p>0,942037). De acordo com o teste de Tukey, a um nível de
confiança de 95%, os meses de Agosto, Julho, Outubro e Novembro são significativamente iguais
na área queimada observada, e significativamente diferente ao mês de Setembro (que apresenta
uma maior área queimada).
O número de focos de queimadas encontrados por Maúnze (2016) variam de 340 a 820,
encontrados por Serrote (2017) variam de 730 a 983, enquanto no presente estudo o número de
focos varia de 755 a 903.
Observa-se que há uma tendência de aumento no número de focos, e a diferença pode ser explicada
porque o número de focos dificilmente se mantém estacionário de ano para ano, devido a
fenómenos de forte precipitação, taxas de crescimento das gramíneas diferenciados e outros
fenómenos estocásticos (Giglio et al. 2006), baixa densidade de animais herbívoros (Banda et al.
2006) que permite um crescimento acentuado das gramíneas (Frost, 1996).
Com um nível de confiança de 95%, a análise de variância efectuada permite afirmar que a
variabilidade anual não tem um efeito significativo (Fcal = 0,281805 <Fcrit = 2,866081) sobre o
número de fogos activos (p>0,88628), porém a variabilidade mensal tem um efeito significativo
(Fcal = 83,42868> Fcrit = 2,71089) sobre o número de fogos activos (p<1,07e-12).
60
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
De acordo com o teste de Tukey, a um nível de confiança de 95% os meses de Agosto e Setembro
são significativamente iguais no número de focos de queimadas registados, e significativamente
diferente dos meses de Julho, Outubro e Novembro (que são iguais entre si, e que apresentam um
menor número de focos de queimadas registados).
Maúnze (2016) encontrou uma frequência média de 4 vezes ao ano, e um intervalo de retorno
médio de 3,9 anos, durante um intervalo de 10 anos na RNG. As diferenças tanto da frequência
média das queimadas bem como do intervalo médio de retorno entre o presente estudo e o
efectuado por Maúnze (2016) está relacionado a duas questões (1) o horizonte temporal (duração
e época) dos estudos diferente, (2) da metodologia usada para os cálculos também diferente 4.
4
A metodologia para o cálculo da frequência média das queimadas usada por Maúnze (2016) difere-se da metodologia
usada neste estudo, segundo Maúnze (2016) a frequência de queimadas é tida como a média do número de eventos ou
ocorrências de queimadas num dado ponto ou área durante um período de tempo ou período de registo, o que é correcto
segundo Van Wilgen (2009) e Oom (2014), porém Maúnze (2016) não apresenta a fórmula para obter a frequência,
segundo ele o resultado foi com base na soma das cicatrizes do produto de áreas queimadas dos anos em estudo (10
anos), enquanto para o presente estudo a frequência de queimadas foi calculada com base na fórmula de intervalo de
retorno de queimadas, ou seja, a frequência de queimadas é o inverso do intervalo de retorno de queimadas. Para Oom
(2014) a frequência quantifica a ocorrência de fogo por unidade de tempo e espaço, para Van Wilgen (2009) a
frequência relativa de queimadas é dada pela razão entre o número de queimadas registadas sobre o número de anos
da pesquisa.
61
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
O mapa de frequência de queimadas, que permitiu a alocação das parcelas, foi validado com base
nos dados colectados no campo (Justice et al. 2002), das 59 parcelas tendo obtido um Índice Kappa
com 43% de exactidão, considerado bom (Congalton & Green, 1957) (Tabela 13), o que significa
que a probabilidade de que uma área queimada seja encontrada na realidade queimada é de 43%.
Observa-se que dentro do período em estudo (2014 a 2018) as queimadas foram distribuídas por
quase toda a reserva, correspondendo a uma percentagem total de cerca de 92,8% de área
queimada, porém 0,036% de área que tenha queimado mais de uma vez dentro deste período.
62
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Maúnze (2016) constatou que a RNG foi afectada por queimadas em cerca de 41,99 % da sua
extensão total, porém o mapa de frequência de queimadas apresentado por Maúnze (2016) não foi
validado, com base em dados de campo (Justice et al. 2002), por exemplo, ou outra metodologia
de validação sugerida por Giglio et al. (2016), Morisette et al. (2005).
O aumento da área queimada pode ser explicado pelo facto (1) do presente estudo não ter sido feita
a discriminação da qualidade da detecção da queima, que varia de 1 a 4, sendo 1 – maior nível de
confiança de detecção e 4 – menos confiança (Giglio et al. 2016, 2018) (2) de existirem dois ciclos
de queimadas, um caracterizado por pouca frequência de queimadas (Van Wilgen et al. 2004) e
outro caracterizado por alta frequência de queimadas e consequentemente aumento da área
queimada (Van Wilgen et al. 2004; Le Page et al. 2008) o estudo efectuado pela EtcTerra-
63
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Fundação IGF (2017) constatou que as queimadas nos últimos anos tendiam a reduzir depois de
uma série de 3 anos de alta frequência de queimadas (2009, 2011, 2013).
Observações efectuadas na floresta de miombo na RNN comprovam o facto de que uma baixa
frequência de queimadas tem produzido fogos de alta intensidade (80Mw), enquanto uma alta
frequência de queimadas tem produzido fogos de baixa intensidade (40Mw) (Ribeiro et al. 2017).
O resultado da classificação definida pelo modelo Getis-Ord Gi* no presente estudo é similar ao
proposto por Giglio et al. (2006) que distingui dois tipos fogos de acordo com a intensidade, baixa
intensidade com FRP que aproxima 15Mw, associado muitas vezes a áreas extensas de culturas
agrícolas, independentemente da sua localização (zona tropical ou subtropical), enquanto
queimadas com alto FRP maior ou próximo de 40Mw tendem a ocorrer em áreas com gramíneas,
por exemplo, Oom (2014) com base em análise exploratória, revisão da literatura e experiência de
especialistas, definiu três níveis de intensidade do fogo, um baixo (13 – 100 Mw pixel-1), médio
(100 – 200 Mw pixel-1) e alto (> 200 Mw pixel-1).
Para o presente estudo a intensidade média foi de 46,9 Mw, a intensidade máxima foi de 308,5
Mw (17 de Setembro de 2018) e a mínima foi de 15,6 Mw registada em 7 de Setembro de 2016
(Figura 11). A intensidade média registada por Maúnze (2016) no período de 10 anos foi de 25,09
Mw, o pico foi de 477,287 Mw registado no mês de Agosto do ano 2006 e, as mínimas foram de
12 e 12,1 Mw, ambos registados no mês de Julho para os anos 2006 e 2014 respectivamente.
Ribeiro et al. (2017) ao longo do periodo de 12 anos de estudo na RNN, encontrou anualmente
uma média de FRP que variava entre os 40Mw a 10Mw.
64
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Figura 11: Distribuição das parcelas pelo mapa de intensidade do fogo em FRP (MCD14ML) na
RNG.
Giglio et al. (2016) reconhece que a média de FRP detectada pelos produtos da colecção 5 é de
56,9 Mw em média representando um decréscimo de cerca de 16% da detecção dos produtos da
colecção 6 que é de 47,7 Mw, em relação a isso, significa que Maúnze (2016) utilizou o produto
da colecção 5, que superestima os valores de FRP. O decréscimo dos valores detectados representa
uma melhoria nos algoritmos, que passaram a produzir melhores respostas aos falsos alarmes
(fogos localizados em áreas agrícolas e cursos de água), contudo, Giglio et al. (2016), reconhece
que os fogos dificilmente excedem aproximadamente cerca de 500Mw (Giglio et al. 2016), tendo
sido observado em Canadá, Sibéria e Alaska zonas de floresta boreal (Giglio et al. 2006).
65
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
queimadas de maior intensidade com a encontrada por Maúnze (2016), isto pode ser explicado por
um lado pela aproximação das comunidades que estão ao redor da RNG, que facilmente
conseguem atravessar os limites da reserva e ateiam fogo como um dos instrumentos da caça
furtiva (Bila, 2005; Fusari et al. 2010; RAPPAM, 2010) por outro lado, pelo fraco esforço de
fiscalização dessas áreas (Bila, 2005) por parte da equipa da RNG.
Todas as 120 espécies descritas estão distribuídas em 38 familias (Apêndice IX), dentre as quais a
Caesalpiniaceae apresenta 38,4% de indivíduos, Fabaceae (11,7%), Apocynaceae (6,8%),
Euphorbiaceae (6,5%), Annonaceae (3,8%), Loganiaceae (3,3%), Mimosaceae (2,7%),
Chrysobalanaceae (2,6%), Sapindaceae (2,6%), Ebenaceae (2,3%), destacando-se como as 10
famílias com o maior número de indivíduos (Figura 12).
66
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
E benac eae
S a p in d a c e a e
C h r y s o b a la n a c e a e
M im o s a c e a e
F a m ilia s
L o g a n ia c e a e
A nnonac eae
E u p h o r b ia c e a e
A poc y nac eae
Fabac eae
C a e s a lp in ia c e a e
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
N u m e r o d e in d iv id u o s ( % )
Os valores das frequências neste estudo permitem afirmar que a composição florística da RNG é
heterogénia, pois valores altos de frequência (61%-100%) indicam uma composição florística
homogénea, valores baixos (1%- 40%) significam alta heterogeneidade florística (Ribeiro et al.
2002), o que significa que na RNG as diversas espécies coexistem nos mesmos lugares.
Estrato EQ EC
Frequência Pseudolachnostylis maprouneifolia Amblygonocarpus andongensis (Welw.
Pax (3,5%), Pterocarpus angolensis ex Oliv.) Exell & Torre, Brachystegia
DC. (3,5%), Burkea africana Hook boehmii Taub., Brachystegia spiciformis
67
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Nota-se que as espécies com maiores frequências encontram-se nas parcelas do EQ são as mesmas
que são encontradas pela RNG (Tabela 14), por exemplo, a espécie Pseudolachnostylis
maprouneifolia Pax também possui características de resistência a queimadas, e é classificada
como uma espécie tolerante a queimadas (Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000), a espécie
Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon também é descrita por vários autores
(Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000; Ribeiro et al. 2008) como resistente a queimadas, o
que permite concluir que as espécies resistentes a queimadas são mais frequentes no miombo da
RNG.
68
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
A densidade (209 árvores ha-1) aumenta se forem consideradas indivíduos em regeneração, por
exemplo a média dos indivíduos na regeneração natural estabelecida (RE) (5cm <DAP ≤ 10cm) é
de 393 árvores ha-1 quando assumido que a distribuição das espécies nas sub-parcelas é uniforme
ao longo de toda parcela, e para o caso de regeneração natural não estabelecida (RNE) (DAP <5cm)
a média de indivíduos é de, 1.108 plantas por hectares (Figura 13).
Observamos que a curva dos indivíduos na fase de regeneração natural estabelecida, na RNG,
apresenta maior proximidade com os indivíduos na fase adulta e apresentam uma menor variação
(desvio padrão 59,2), enquanto a cruva dos indivíduos na fase da regeneração natural não
estabelecida está mais distante da RE (Figura 13), um dos factores são os fogos que afectam estes
indivíduos pois encontram-se no estrato graminal (Beuchner & Dawkins, 2007), com altura
inferior aos 2m. Os indivíduos na fase de regeneração sofrem mais com o efeito das queimadas
por causa da sua baixa altura como comprovaram Cauldwell & Zieger (2000), e não são todos que
chegam a fase adulta (Beuchner & Dawkins, 2007).
Para verificar o nível de associação foi efectuado um teste de correlação entre as variáveis,
frequência de queimadas e o número de árvores adultas tendo sido observado que a correlação é
fraca (r=-0,217) e não é significativa (p>0,099) (Fernandes, 1999; Gotelli & Ellison, 2011). O
mesmo acontece com a intensidade de queimadas e o número de árvores adultas (r=-0,086,
p>0,517) (Fernandes, 1999; Gotelli & Ellison, 2011) isso permite afirmar que não existe uma
relação de causa efeito entre estas variáveis, ou seja, não existem evidências para afirmar que a
69
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Ao se comparar densidades relativas dos dois estratos (Tabela 15) verifica-se que existe uma forte
presença das espécies da família das Caesalpiniaceae em ambos estratos. Observa-se que no EQ
temos espécies de copas com maiores densidades, o que impossibilita o desenvolvimento de outras
espécies no estrato inferior (efeito de assombreamento), ao contrário no EC existem espécies como
Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon e Millettia stulhmanni Taub. que são
resistentes a queimadas (Trapnell, 1959), mas que ocupam o estrato inferior ou médio, e não
contribuem para a formação das copas (Cauldwell & Zieger, 2000).
Tabela 15: Nomes de espécies com maiores densidades no estrato queimado e controlo
Estrato EQ EC
Densidade Brachystegia boehmii Taub. (10%), Brachystegia spiciformis Benth. (15,2%),
Brachystegia spiciformis Benth. Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
(9%), Julbernardia globiflora Arg.) Pichon (15.2%), Brachystegia
(Benth.) Troupin (8%), boehmii Taub. (11,7%), Millettia
Diplorhynchus condylocarpon stulhmanni Taub. (8,9 %), Julbernadia
(Muell.-Arg.) Pichon (6,5%), globiflora (Benth.) Troupin (7,1%)
Pteroscarpus angolensis DC. (6,1 %)
70
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin são as mais dominantes sobre a RNG, entretanto, não
foram encontrados dados para sustentar a ideia de que as comunidades de “Acacia-Combretum”
também são dominantes sobre a RNG.
Tabela 16: Nomes das espécies mais dominantes no estrato queimado e controlo
Estrato EQ EC
Dominância Brachystegia spiciformis Benth. Brachystegia spiciformis Benth. (30,5%),
(20,6%), Brachystegia boehmii Brachystegia boehmii Taub. (18,8%),
Taub. (13,8%), Julbernardia Millettia stulhmanni Taub. (8,1%),
globiflora (Benth.) Troupin (9,3%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin
Pterocarpus angolensis DC. (7,3%), (7,2%), Diplorhynchus condylocarpon
Burkea africana Hook. (4,6%) (Muell.-Arg.) Pichon (5,2%).
71
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Comparações sobre os efeitos das queimadas dentro e fora de uma área de pesquisa no Zimbabwe,
encontrou a espécie Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, como a mais importante (IVI), entre
outras espécies como a Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, M. glaber e Terminalia sericea
Burch. ex DC (Guy, 1989). Estimativas da biomassa lenhosa no miombo seco no Zimbabwe
encontrou as espécies de Brachystegia spiciformis Benth., Brachystegia boehmii Taub.,
Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin com o maior IVI (Grundy, 1995).
20
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Figura 14: Comparação dos Índices de valores de importância das espécies em diferentes estratos
72
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Tabela 17: Espécies com maior índice de valor de importância no estrato queimado e controlo
Estrato EQ EC
IVI Brachystegia boehmii Taub. Brachystegia spiciformis Benth. (17%),
(10,3%), Brachystegia spiciformis Brachystegia boehmii Taub. (11,1%),
Benth. (9,0%), Julbernardia Millettia stulhmanni Taub. (5,7%),
globiflora (Benth.) Troupin (8,2%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin
Pterocarpus angolensis DC. (6,1%), (5,3%), Diplorhynchus condylocarpon
Burkea africana Hook. (4,4%), (Muell.-Arg.) Pichon (4,3%),
A classificação das Brachystegias como sendo um género sensível ao fogo (Cauldwell & Zieger,
2000), não é unânime, visto que a mesma espécie foi classificada como semi tolerante a queimadas
por Trapnell (1959), isto pode suportar a razão pela qual neste estudo encontramos as
Brachystegias com IVI maiores tanto nas parcelas do EQ bem como do EC (Tabela 17).
Entretanto, análise estatística efectuada a um nível de significância de 95% para testar a hipótese
se existem diferenças entre os IVI das espécies dos dois estratos, constatou que não existem
diferenças significativas (p>0,704) entre os dois estratos no índice de valor de importância das
espécies. Em relação à inexistência de diferenças entre os dois estratos, van Wilgen et al. (2004)
defende que os fogos que ocorrem nas savanas africanas não matam os indivíduos (espécies), mas
afectam o seu tamanho (Sitoe, 1999).
Nas parcelas do EQ observa-se que há uma mudança na sequência das espécies que são mais
importantes, por exemplo, Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin,
Brachystegia spiciformis Benth. estas são descritas como espécies sensíveis a queimadas (Trapnell,
1959; Cauldwell & Zieger, 2000; Ribeiro et al. 2013), entretanto, estas espécies dominam a
floresta da RNG pelas suas características fisionómicas (possuem diâmetro e altura maior).
73
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Também foi encontrado um maior número de indivíduos em floresta de miombo com DAP entre
os 10cm a 25cm, na região central de Angola (Gonçalves et al. 2017).
8000
7000
N u m e r o d e in d iv id u o s
6000 RNG
Q u e im a d o
5000
C o n tro lo
4000
3000
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1000
0
[
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0
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2
0
-2
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-1
-1
-1
0
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0
[1
[2
[3
[4
[5
[6
[7
[8
1
[9
[1
[1
C la s s e s d ia m e t r ic a s
No EQ foram encontrados indivíduos com diâmetros acima dos 90cm, correspondendo a 0,06% e
não foram encontrados indivíduos com o mesmo intervalo de diâmetros no estrato onde não
ocorrem queimadas, aliás o EC teve poucos indivíduos o que faz com que a curva (de “J” invertido)
74
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
seja menos expressiva, os diâmetros variaram de 10 a 90cm, sendo que o maior número de
indivíduos (cerca de 1,68%) tem diâmetros entre os [10-20cm[. O IV Inventário Florestal Nacional
também encontrou uma percentagem (5,6%) considerável de 37 árvores por hectare que
apresentavam DAP> 40cm, na província de Zambézia (Magalhães, 2018), percentagem
semelhante apenas foi encontrada na província de Sofala, ao longo de todo o país.
Espécies que possuem altura inferior a 2 metros são Burkea africana Hook., Diplorhynchus
condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Swartzia madagascarensis Desv. e Albizia versicolor Welw.
ex Oliv. As alturas encontradas na RNG estão dentro do intervalo das árvores na floresta de
miombo quando madura medem entre 10 a 20m de altura (Campbell, 1996).
Cerca de 50% dos indivíduos possui uma altura que varia de 5m a 10m, considerando o critério
altura, o miombo da RNG pode ser considerado floresta de miombo seco (Frost, 1996; Ribeiro et
al. 2002), pois a floresta de miombo húmido ocorre em regiões onde a precipitação anual
normalmente é superior a 1000mm e a altura das árvores é superior a 15m (Frost, 1996; Campbell,
1996; Ribeiro et al. 2002). Outros estudos realizados no ecossistema de miombo (Sitoe, 1999),
observou alturas que variavam de 3 a 10 metros.
75
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
8000
RNG
7000 Q u e im a d o
C o n tr o lo
N u m e r o d e in d iv id u o s
6000
5000
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0
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[0
5
[5
[1
[1
[2
[2
[3
[3
C la s s e s d e a ltu r a s
Depois de 26 anos de estudo sobre efeitos de queimadas no Zimbabwe foi comprovado que havia
um aumento (64,8%) de indivíduos com altura menor que 11m (DAP) (Mapaure & Moe, 2009).
Análise estatística realizada a um nível de significância de 5% para testar a hipótese se existem
diferenças entre as alturas dos indivíduos dois estratos, revelou que não existem diferenças
significativas (p>0,807) entre as alturas dos dois estratos.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
100
90
80 RNG
N u m e r o s d e a r v o r e s (% )
Q u e im a d o
70
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60
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40
30
20
10
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e
c
s
Á
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re
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o
rv
rv
Á
Á
S a n id a d e
Ao comparar-se os níveis de sanidade dos dois estratos, nota-se que árvores severamente atacadas
(apresentam a mesma percentagem de indivíduos nos dois estratos (0,2%) e árvores atacadas
apresentam uma ligeira diferença, sendo que o EQ com 1,5%, enquanto o EC com 1,3%, árvores
com sinais de ataque, no EC com 10,3%, e no EQ com 8,2%, árvores saudáveis, no EC com 77,3%,
e no EQ com 80,9%, árvores com bom vigor no EC 2,9%, queimado com 3,8%, árvores mortas no
EC com 7,9% e no queimado com 5,5% do total das árvores existentes neste estrato.
77
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Dentro da categoria árvores atacadas encontram-se espécies de Pterocarpus angolensis DC. (com
8,1%), Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms (7,0%, classificada por Trapnell
(1959), como semi tolerante a queimadas) e Burkea africana Hook. (6,4%), na categoria de árvores
com sinais de ataque o maior número de indivíduos pertence a espécies de Pterocarpus angolensis
DC. (com 10,4%), Brachystegia spiciformis Benth. (9,1%) e Julbernardia globiflora (Benth.)
Troupin (8,4%), e na categoria de árvores saudáveis o maior número de indivíduos pertence a
Brachystegia boehmii Taub. (11,9%), Brachystegia spiciformis Benth. (9,5%) e Julbernardia
globiflora (Benth.) Troupin (8,4%).
A categoria de árvores com bom vigor o maior número de indivíduos pertence a Brachystegia
spiciformis Benth. (com 12,2%), Annona senegalensis Pers. (8,9%) e Brachystegia boehmii Taub.
(8,1%) (Figura 18).
5
Uma grande parte (23%) dos indivíduos destas espécies na RNG também apresentam uma altura inferior a 2m, o
que torna mais vulneráveis a queimadas (Ben-Shahar, 1998; Cauldwell & Zieger, 2000).
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Do Gilé.
25.0
Numero de arvores (%)
20.0
15.0
10.0
5.0
0.0
Burkea africana Hook.
Acacia sp
Troupin
Troupin
Árvore Morta Árvore Árvore atacada Árvore com sinais Árvore saudável Árvore com bom
severamente de ataque vigor
atacada
Figura 18: Representação da sanidade por espécies com maior número de indivíduos
As espécies como Burkea africana Hook., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms são
preferencialmente atacadas por búfalos e cudos (Mapure & Campbell, 2002), na RNG existe uma
considerável população de cudos e búfalos (Fusari et al. 2010), porém é importante clarificar que
na avaliação de sanidade árvore morta considerava-se morta por fogos, árvore morta por fogo.
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
100
N u m e r o d e i n d i v id u o s ( % )
80
60
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0
E str a to i n fe r i o r E str a to m e d i o E str a to su p e r i o r
De forma geral, o estrato superior possui uma maior quantidade de indivíduos (74,3%), seguido
do estrato médio (21,9%) e por último o estrato inferior (3,9%) dos indivíduos da floresta.
As três especies mais dominantes dentro do estrato inferior são Diplorhynchus condylocarpon
(Muell.-Arg.) Pichon (11,34%), Burkea africana Hook. (8,80%), Annona senegalensis Pers.
(8,10%) as três espécies dominantes no estrato médio são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
Arg.) Pichon (12,82%) Annona senegalensis Pers. (11,33%) Dalbergia nitídula Bak. (6,56%) as
80
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
três espécies dominantes no estrato superior são Brachystegia boehmii Taub. (13,31%)
Brachystegia spiciformis Benth. (11,99%) Julbernadia globiflora (Benth.) Troupin (10,07%).
Cauldwell & Zieger, (2000) fundamentam os resultados deste estudo, segundo o qual, as espécies
que são tolerantes a queimadas têm um crescimento (em altura) curto, estas dominam o estrato
inferior ou médio e não contribuem para a formação das copas na floresta de miombo. Em todos
estratos as espécies que são dominantes pertencem a família das Caesalpiniaceae.
As plantas que se encontram no estrato inferior (em crescimento com uma altura menor do que
3m) são mais susceptíveis de sofrer danos por fogos do que plantas na fase de maturação em
savanas africanas (Ben-Shahar, 1998), de facto as plantas na fase de regeneração natural não
estabelecida apresentam uma média de 1.108 indivíduos por hectare, enquanto na fase de
regeneração natural estabelecida encontram-se em média cerca de 393 indivíduos por hectare, o
que significa que apenas 1/3 dos indivíduos passam da RNE para RE.
81
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
As espécies com altas frequências na regeneração estabelecida são diferentes das espécies adultas,
onde havia o domínio das Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax e
Burkea africana Hook., esta última é descrita por Cuambe (2005) como sendo uma espécie que
aparece com uma frequência relativa de 28%, e Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon também aparece dependendo das características particulares da floresta e com frequências
relativas variáveis (Cuambe, 2005). Estas espécies são descritas como resistentes a queimadas ou
com semi tolerância a queimadas (Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000), as queimadas
afectam principalmente as espécies em regeneração (Sitoe, 1999).
82
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
directa de causa e efeito entre as variáveis, porém existe uma correlação entre a intensidade de
queimadas e a RNE.
D a lb e r g ia b o e h m ii B a k .
E r y th o p h le u m a fr ic a n u m ( W e lw . e x B e n t h .) H a r m s
H y m e n n o c a r d ia a c id a T u l.
P a r in a r i c u r a te llifo lia P la n c h , e x B e n t h .
A c a c ia n ilo tic a ( L .) W illd . e x D e l.
B u r k e a a fr ic a n a H o o k .
D a lb e r g ia n itid u la B a k .
A n n o n a s e n e g a le n s is P e r s .
S tr y c h n o s s p
D ip lo r h y n c h u s c o n d y lo c a r p o n ( M u e ll.- Ar g .) P ic h o n
0 2 4 6 8
N u m e r o d e i n d i v id u o s n a R N R i ( % )
As espécies com maiores IVI diferem das que encontramos com maior valor na regeneração natural
relativa por espécie, onde pode-se observar que as presente na RNR são classificadas como
espécies resistentes a queimadas (Trapnell, 1959), e estão situados no estrato inferior, onde
normalmente muitas espécies sofrem mais danos causadas por queimadas (Cauldwell & Zieger,
2000).
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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
D io s p y r o s m e s p ilifo r m is H o c h s t, e x A . D C .
M a r g a r ita r ia d is c o id e a ( B a ill.) W e b s te r
B r a c h y s te g ia s p ic ifo r m is B e n th .
E r y th o p h le u m a fr ic a n u m ( W e lw. e x B e n th .) H a r m s
D a lb e r g ia n itid u la B a k .
B r a c h y s te g ia b o e m ii T a u b .
S tr y c h n o s s p
B u r k e a a fr ic a n a H o o k .
J u lb e r n a r d ia g lo b iflo r a ( B e n th .) T r o u p in
D ip lo r h y n c h u s c o n d y lo c a r p o n ( M u e ll.- A r g .) P ic h o n
0 5 10 15
N u m e r o d e i n d i v id u o s n a R N E ( % )
As 10 espécies mais importantes na fase de regeneração natural não estabelecida (em função da
frequência e densidade) são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Julbernardia
globiflora (Benth.) Troupin, Burkea africana Hook., Strychnos sp., Brachystegia bohemii Taub.,
Dalbergia nitídula Bak., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms, Brachystegia
spiciformis Benth., Margaritaria discoidea (Baill.) Webster e Diospyros mespiliformis Höchst, ex
A. DC. respectivamente (Figura 21) e foi registada em 56 parcelas.
Estas espécies são classificadas como espécies resistentes ou semi resistentes a queimadas segundo
Cauldwell & Zieger (2000), e Trapnell (1959). van de Vijver et al. (1999) não encontrou diferenças
significativas entre ambientes com baixa e alta frequência de queimadas em relação a densidade
de árvores pequenas (0,5m – 1m de altura). Muitas vezes na análise de dados, indivíduos com
menos de 1m, eram excluídos (Frost, 1996), o que torna escassa a informação sobre esta categoria.
Dentro das quatro fases (início de crescimento; árvores com copas densas; fase de árvores novas;
e fase da floresta madura) de desenvolvimento (Frost, 1996) distinguidos na floresta de miombo,
onde que a primeira fase, “início de crescimento”, fogos frequentes podem reprimir a recuperação
das árvores, porque muitas plantas tem uma altura menor que 1m (Trapnell, 1959; Frost, 1996).
84
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Os valores de H' apresentados indicam que o EQ apresenta maior (3,90) diversidade do que o EC
(0,14) (Tabela 18). Comparações sobre a diversidade da composição de árvores da floresta de
miombo, na região central de Angola obtiveram os seguintes valores do índice de Shannon, o mais
alto de 2,91 em uma floresta madura, seguida de uma floresta jovem com 2,81 e uma floresta de
idade média com 2,61 (Gonçalves et al. 2017). O presente estudo, apresenta uma semelhança
metodológica ao realizado por Gonçalves et al. (2017), por isso que os valores apresentados por
este índice transmitem uma ideia da diversidade florística que a RNG possui.
Outros estudos em florestas de miombo onde foi calculado o índice de Shannon-Wiener, foi obtido
H'=4,27 (Giliba et al. 2010) em estudo sobre a composição e diversidade florística no miombo na
Reserva Florestal de Bereku, onde foram inventariadas 80 parcelas circulares com um raio de
15metros. Não foram encontradas diferencas significativas entre uma floresta madura e zonas com
regeneração em ecossistemas de miombo em relação ao índice de Shannon que variava de 2,1 a
2,8 correspondendo a uma área com cortes de árvores e outra em que se registam a queimada
(Kalaba et al. 2013). O índice de Shannon obtido neste estudo está dentro dos intervalos obtidos
em estudos realizadaos na Zambia (Kalaba et al. 2013) e Tanzania (Giliba et al. 2010).
85
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Mwase et al. (2006) em ecossistema de miombo, obteve um índice de Pielou que variava 0,55 a
0,84 sob diferentes usos de terra, entre uso normal (customeiro) e uma área protegida reserva. O
índice de Pielou obtido neste estudo está próximo ao estudo realizadaos no Malawi (Mwase et al.
2006).
N° de N° N° de H' J' QM
Parcelas espécies indivíduos
EQ 47 118 12.102 3,90 0,82 0,01
EC 2 39 460 0,14 0,04 0,08
RNG 59 120 12562 4,04 0,84 0,01
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CAPÍTULO V
5. Conclusões e Recomendações
5.1. Conclusões
Após o estudo sobre a caracterização da vegetação da RNG sob diferentes regimes de queimadas,
dentro de um período de 5 anos (2014 a 2018) conclui-se que:
1. As queimadas dentro da RNG ocorrem nos meses de Julho a Novembro com diferenças
significativas entre os meses que registam mais focos (p<1,07e-12), com pico no mês de Agosto,
o número de focos registados varia de 755 a 903 por ano, porém não existem diferenças
significativas entre o número de focos que são registados anualmente (p> 0,88628), a intensidade
média foi de 46,9 Mw, a intensidade máxima foi de 308,5 Mw e a mínima foi de 15,6 Mw. A
frequência média das queimadas dentro do período de 5 anos é de 0,38 vezes/ano e o intervalo
médio de retorno é de 5,38anos e o intervalo médio de retorno das queimadas de 2,62anos.
2. As 10 espécies com maior índice de valor de importância dentro da RNG são Brachystegia
spiciformis Benth, Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin,
Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, Diplorhynchus
condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Burkea africana Hook., Deinbollia oblongifolia (E. Mey. ex
Arn.) Radlk., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) e Strychnos sp respectivamente. Não
existem diferenças significativas (p>0,1172) entre o EQ e o EC em relação ao índice de valor de
importância das espécies. As espécies que apresentam maior valor de regeneração natural relativa
são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Strychnos sp, Annona senegalensis Pers.,
Dalbergia nitídula Bak. e Burkea africana Hook.
3. Os diâmetros das espécies na RNG variam de 10cm a 120cm, para as árvores adultas, a maior
predominância de indivíduos (56%) com diâmetros 10 a 20 cm, e apenas 0,01% dos indivíduos
possuem um diâmetro no intervalo de 110cm a 120cm. Não existem diferenças significativas (p>
0,434) entre os DAP dos dois estratos (queimado e o controlo). As alturas dos indivíduos de variam
de 0 a 40m, com maior predominância dos indivíduos no intervalo de 5 a 10m, e pouco indivíduos
(2%) com alturas no intervalo de 35m a 40m. Não existem diferenças significativas (p>0,807)
entre as alturas dois estratos. Dentro da RNG cerca de 78,2% das espécies apresentam um bom
estado de sanidade (saudável), 9,8% das árvores apresentam sinais de ataque, foram encontrados
87
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
cerca 7,3% das árvores mortas, árvores com um bom vigor (3,1%), árvores atacadas (1,4%) e por
último, árvores severamente atacadas (0,2%).
4. A analise da estrutura vertical do miombo da RNG, verificou-se que está dividida em três
estratos, a primeira compreende indivíduos com a altura de 1,3 a 3 metros, pertencem ao estrato
inferior, e indivíduos com altura de 3,25metros a 6 metros pertencem ao estrato médio e por último,
os indivíduos com 6,25 metros até 40 metros pertencem ao estrato superior.
5.2. Recomendações
As principais recomendações em relação aos resultados obtidos são:
1. Existe uma necessidade de melhorar o programa de maneio de queimadas dentro da reserva,
principalmente nas zonas de Lice, Nassere, Namixelelene e a parte norte da zona de Nasseco, por
re registarem queimadas frequentes e de alta intensidade, e da RNG de forma geral pelo facto de
se ter registado um aumento da área queimada passou a ser 92,8% da área total, em 5 anos, e uma
tendência de extensão do período de queimadas (tardia).
88
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
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Do Gilé.
Apêndices
Apêndice I: Calculos dos parâmetros horizontais EC
Rótulos de Linha FAi FRi DAi DRi Doi DoR VI VC
1 Brachystegia spiciformis 1 3.45 35 15.22 4.33 30.56 17.00 22.89
2 Brachystegia boehmii 1 3.45 27 11.74 2.67 18.82 11.13 15.28
3 Diplorhynchus condylocarpon 1 3.45 35 15.22 0.75 5.27 4.36 10.25
4 Millettia stulhmanni 1 3.45 20.5 8.91 1.15 8.10 5.78 8.51
5 Julbernadia globiflora 1 3.45 16.5 7.17 1.03 7.24 5.34 7.21
6 Pseudolachnostylis maprouneifolia 1 3.45 15 6.52 0.40 2.79 3.12 4.66
7 Dalbergia boehmii 1 3.45 14.5 6.30 0.25 1.80 2.62 4.05
8 Pteleopsis myrtifolia 1 3.45 9.5 4.13 0.43 3.06 3.25 3.59
9 Deinbollia oblongifolia 0.5 1.72 2.5 1.09 0.39 2.79 2.26 1.94
10 Pterocarpus rotundifolius (Sond.) Druce 1 3.45 4.5 1.96 0.22 1.55 2.50 1.75
11 Amblygonocarpus andongensis 1 3.45 2 0.87 0.32 2.23 2.84 1.55
12 Dalbergia nitidula 1 3.45 6 2.61 0.07 0.47 1.96 1.54
13 Diospyros mespiliformis 1 3.45 3.5 1.52 0.21 1.52 2.48 1.52
14 Burkea africana 1 3.45 4 1.74 0.18 1.29 2.37 1.51
15 Parinari curatellifolia 1 3.45 3 1.30 0.18 1.28 2.36 1.29
16 Strychnos sp 0.5 1.72 2.5 1.09 0.15 1.04 1.38 1.06
17 Acacia sieberiana DC. 0.5 1.72 1 0.43 0.23 1.59 1.66 1.01
18 Kigelia africana 1 3.45 2 0.87 0.16 1.12 2.29 1.00
19 Hyparrhenia sp. 1 3.45 2.5 1.09 0.12 0.85 2.15 0.97
20 Erythophleum africanum 0.5 1.72 2 0.87 0.15 1.04 1.38 0.96
21 Pteroscarpus angolensis 1 3.45 2 0.87 0.15 1.04 2.24 0.95
22 Tamarindus indica 0.5 1.72 2.5 1.09 0.09 0.65 1.19 0.87
23 Catunaregam spinosa 1 3.45 2.5 1.09 0.08 0.57 2.01 0.83
24 Vitex payos (Lour.) Merr. 0.5 1.72 0.5 0.22 0.15 1.02 1.37 0.62
25 Vitex donianana 0.5 1.72 1.5 0.65 0.04 0.27 1.00 0.46
26 Sansevieria sp. 0.5 1.72 1.5 0.65 0.03 0.21 0.97 0.43
27 Lannea stuhlmanii 0.5 1.72 1.5 0.65 0.03 0.21 0.97 0.43
28 Dichrostachys cinerea 1 3.45 1 0.43 0.05 0.36 1.91 0.40
29 Vangueria infausta 0.5 1.72 1 0.43 0.03 0.23 0.98 0.33
30 Sterculia africana 0.5 1.72 1 0.43 0.03 0.19 0.96 0.31
31 Annona senegalensis 0.5 1.72 1 0.43 0.03 0.18 0.95 0.31
32 Ochtocosmus lemaireamus 0.5 1.72 1 0.43 0.02 0.16 0.94 0.30
33 Rehemua 0.5 1.72 1 0.43 0.02 0.11 0.92 0.27
34 Swartzia madagascarensis 0.5 1.72 1 0.43 0.01 0.11 0.91 0.27
35 Ficus ingens 0.5 1.72 0.5 0.22 0.02 0.11 0.92 0.16
36 yavira 0.5 1.72 0.5 0.22 0.01 0.07 0.90 0.14
37 Xeroderris stulhmanni 0.5 1.72 0.5 0.22 0.01 0.05 0.89 0.13
38 Grewia sp 0.5 1.72 0.5 0.22 0.00 0.03 0.88 0.12
39 Rothmannia engleriana 0.5 1.72 0.5 0.22 0.00 0.03 0.88 0.12
v
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
7 Julbernadia globiflora 0.88 3.15 17.44 8.21 0.89 9.36 8.21 9.36
8 Swartzia madagascarensis 0.88 3.15 4.70 2.21 0.22 2.29 2.29 2.29
9 Strychnos sp 0.86 3.09 6.75 3.18 0.23 2.43 3.09 2.43
10 Diplorhynchus condylocarpon 0.84 3.03 13.88 6.54 0.27 2.80 3.03 2.80
11 Erythophleum africanum 0.84 3.03 7.44 3.50 0.26 2.69 3.03 2.69
12 Annona senegalensis 0.82 2.97 8.49 4.00 0.14 1.47 2.97 1.47
13 Evolvulos absinoides 0.81 2.90 3.84 1.81 0.12 1.28 1.81 1.28
14 Dalbergia boehmii 0.81 2.90 4.74 2.23 0.10 1.07 2.23 1.07
15 Dalbergia nitidula 0.72 2.59 6.74 3.17 0.12 1.23 2.59 1.23
16 Diospyros mespiliformis 0.68 2.46 4.93 2.32 0.15 1.61 2.32 1.61
17 Pteleopsis myrtifolia 0.60 2.15 3.88 1.83 0.15 1.62 1.83 1.62
18 Xeroderris stulhmanni 0.60 2.15 1.84 0.87 0.04 0.38 0.87 0.38
19 Parinari curatellifolia 0.56 2.02 5.75 2.71 0.18 1.89 2.02 1.89
20 Ficus ingens 0.51 1.83 3.96 1.87 0.17 1.83 1.83 1.83
21 Millettia stulhmanni 0.49 1.77 2.86 1.35 0.11 1.18 1.35 1.18
22 Kigelia africana 0.49 1.77 1.35 0.64 0.06 0.63 0.64 0.63
23 Schrebera trichoclada Welw. 0.47 1.70 1.11 0.52 0.02 0.26 0.52 0.26
24 Vitex payos (Lour.) Merr. 0.42 1.51 1.00 0.47 0.10 1.06 1.06 1.06
25 Acacia nilotica 0.42 1.51 3.25 1.53 0.05 0.54 1.51 0.54
26 Lannea stuhlmanii 0.40 1.45 1.68 0.79 0.10 1.01 1.01 1.01
27 mutchiro 0.39 1.39 2.40 1.13 0.09 0.91 1.13 0.91
28 Albizia versicolor 0.39 1.39 0.88 0.41 0.06 0.68 0.68 0.68
29 Ozoroa reticulata 0.37 1.32 1.26 0.59 0.02 0.21 0.59 0.21
30 nawipawe 0.37 1.32 0.79 0.37 0.01 0.11 0.37 0.11
31 Amblygonocarpus andongensis 0.35 1.26 0.53 0.25 0.06 0.59 0.59 0.59
32 Sansevieria sp. 0.35 1.26 1.00 0.47 0.02 0.21 0.47 0.21
33 Uapaca kirkiana 0.33 1.20 1.84 0.87 0.08 0.82 0.87 0.82
34 Catunaregam spinosa 0.33 1.20 1.96 0.93 0.04 0.47 0.93 0.47
35 Vitex donianana 0.33 1.20 0.65 0.31 0.02 0.20 0.31 0.20
36 Brackenridgea zanguebarica 0.33 1.20 0.51 0.24 0.01 0.06 0.24 0.06
37 Grewia sp 0.28 1.01 0.86 0.40 0.03 0.36 0.40 0.36
38 Vangueria infausta 0.26 0.95 0.77 0.36 0.02 0.17 0.36 0.17
39 Ochtocosmus lemaireamus 0.25 0.88 0.93 0.44 0.02 0.20 0.44 0.20
40 Hymennocardia acida 0.25 0.88 0.81 0.38 0.01 0.10 0.38 0.10
41 Vernonia natalensis 0.23 0.82 0.51 0.24 0.01 0.09 0.24 0.09
42 murotxo muhurupari 0.21 0.76 0.79 0.37 0.02 0.21 0.37 0.21
43 Strychnos spinosa Lam. 0.21 0.76 0.47 0.22 0.01 0.11 0.22 0.11
44 Sterculia africana 0.19 0.69 0.53 0.25 0.04 0.40 0.40 0.40
45 Senna petersiana 0.19 0.69 0.28 0.13 0.01 0.10 0.13 0.10
46 ndrepo 0.19 0.69 0.44 0.21 0.01 0.06 0.21 0.06
47 Allophylus alnifolius 0.16 0.57 0.26 0.12 0.00 0.04 0.12 0.04
48 muyululu 0.16 0.57 0.25 0.12 0.00 0.03 0.12 0.03
49 Dichrostachys cinerea 0.14 0.50 0.42 0.20 0.02 0.23 0.23 0.23
50 Acacia sieberiana DC. 0.14 0.50 0.32 0.15 0.01 0.12 0.15 0.12
51 Hyparrhenia sp. 0.11 0.38 0.26 0.12 0.01 0.10 0.12 0.10
52 Acacia sieberiana DC. cissipiri 0.11 0.38 0.23 0.11 0.00 0.05 0.11 0.05
53 Garcinia livingstonei 0.09 0.32 0.18 0.08 0.01 0.05 0.08 0.05
54 Rehemua 0.09 0.32 0.19 0.09 0.00 0.03 0.09 0.03
55 Margaritaria discoidea 0.09 0.32 0.16 0.07 0.00 0.01 0.07 0.01
56 Combretum imberbe 0.07 0.25 0.16 0.07 0.02 0.21 0.21 0.21
57 Monotes africanus 0.07 0.25 0.53 0.25 0.01 0.13 0.25 0.13
58 Hyphaene coriacea 0.07 0.25 0.30 0.14 0.01 0.07 0.14 0.07
59 nampome 0.07 0.25 0.11 0.05 0.00 0.02 0.05 0.02
60 nacar nacar 0.07 0.25 0.09 0.04 0.00 0.02 0.04 0.02
61 mukilapwe 0.07 0.25 0.07 0.03 0.00 0.01 0.03 0.01
62 nawipae 0.07 0.25 0.07 0.03 0.00 0.00 0.03 0.00
63 Corchorus aestuans 0.05 0.19 0.39 0.18 0.01 0.11 0.18 0.11
64 Tamarindus indica 0.05 0.19 0.09 0.04 0.01 0.08 0.08 0.08
65 Bauhinia galpinii 0.05 0.19 0.26 0.12 0.01 0.06 0.12 0.06
vi
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
66 Waltheria indica 0.05 0.19 0.11 0.05 0.00 0.04 0.05 0.04
67 Galinsoga parviflora 0.05 0.19 0.12 0.06 0.00 0.04 0.06 0.04
68 Dalbergia melanoxylon 0.05 0.19 0.09 0.04 0.00 0.03 0.04 0.03
69 Nacircunue 0.05 0.19 0.16 0.07 0.00 0.02 0.07 0.02
70 Securidaca longipedunculata 0.05 0.19 0.09 0.04 0.00 0.01 0.04 0.01
Fresen.
71 Brachystegia boemii 0.05 0.19 0.07 0.03 0.00 0.00 0.03 0.00
72 Acacia sp 0.04 0.13 0.67 0.31 0.02 0.19 0.19 0.19
73 muchequereque 0.04 0.13 0.14 0.07 0.01 0.06 0.07 0.06
74 mucolocope 0.04 0.13 0.11 0.05 0.00 0.05 0.05 0.05
75 Sorghum bicolor 0.04 0.13 0.11 0.05 0.00 0.05 0.05 0.05
76 Launaea sarmentosa 0.04 0.13 0.07 0.03 0.00 0.04 0.04 0.04
77 reperebe muhurubari 0.04 0.13 0.05 0.02 0.00 0.02 0.02 0.02
78 Ziziphus sp 0.04 0.13 0.07 0.03 0.00 0.02 0.03 0.02
79 Berchemia discolor (Klotzsch) 0.04 0.13 0.07 0.03 0.00 0.01 0.03 0.01
Hemsl.
80 Synadenium sp. 0.04 0.13 0.09 0.04 0.00 0.01 0.04 0.01
81 Gardenia ternifolia 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
82 catchawatcha 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
83 Drypetes natalensis 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
84 Flacourtia indica 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
85 Tanlucuta 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
86 Acacia ramoae 0.02 0.06 0.25 0.12 0.03 0.28 0.12 0.28
87 Mangifera indica 0.02 0.06 0.39 0.18 0.01 0.13 0.13 0.13
88 Maprounea africana 0.02 0.06 0.19 0.09 0.01 0.11 0.09 0.11
89 Pachystela brevipes (Bak.) Engl. 0.02 0.06 0.05 0.02 0.01 0.06 0.06 0.06
90 Mpirave 0.02 0.06 0.21 0.10 0.01 0.06 0.06 0.06
91 namurica 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.04 0.04 0.04
92 Eragrostis aspera 0.02 0.06 0.07 0.03 0.00 0.04 0.04 0.04
93 mutapu 0.02 0.06 0.09 0.04 0.00 0.03 0.04 0.03
94 Commiphora serrata Engl. 0.02 0.06 0.16 0.07 0.00 0.03 0.06 0.03
95 Vangueria infausta mucane 0.02 0.06 0.07 0.03 0.00 0.02 0.03 0.02
96 Bridelia micrantha 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.02 0.02 0.02
97 Erake 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.02 0.02 0.02
98 Txequetxeche 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.02 0.02 0.02
99 Kyllinga sp 0.02 0.06 0.12 0.06 0.00 0.02 0.06 0.02
100 Abrus fruticulosus 0.02 0.06 0.07 0.03 0.00 0.01 0.03 0.01
Cyphostemma amplexum (Bak.) 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
101 Descoings
102 Hibiscus altissimus 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
103 nsaria 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
104 Rhus sp 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
105 mutocora 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
106 Terminalia sericea 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01
107 mucororo 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01
108 nacuane 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01
109 Mobalawe 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
110 Mapakalane 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
111 Acacia burkei 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
112 Acacia hockii 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
113 mucuria 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
114 mupuro 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
115 mopuve 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
116 Mukokomba 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
117 Rourea orientalis 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
118 mucura matenga 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
119 Efhivele 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
120 Rothmannia engleriana 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
121 Mutuncura 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
vii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
122 mupurunha 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
123 murotxo muhupari 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
viii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
33
32
ix
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
x
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
xi
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
xii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
ANOVA
Fonte de
variação SQ gl MQ F valor P F crítico
Anos 25801.58 4 6450.395 0.186442 0.942037 3.006917
Meses 4697353 4 1174338 33.943 1.24E-07 3.006917
Erro 553557.7 16 34597.36
Total 5276712 24
Total 77683.47 29
xiii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
11 5 0.000000 B
Médias que não compartilham uma letra são significativamente diferentes.
ICs Simultâneos de 95% de Tukey
Apêndice IX: Tabela dos nomes das famílias com o número de indivíduos
Ord. Familias Número de Percentagem do número
individuos de individuos
1 Caesalpiniaceae 4740 38.4
2 Fabaceae 1446 11.7
3 Apocynaceae 836 6.8
4 Euphorbiaceae 799 6.5
5 Annonaceae 473 3.8
6 Loganiaceae 403 3.3
7 Mimosaceae 338 2.7
8 Chrysobalanaceae 324 2.6
9 Sapindaceae 324 2.6
10 Ebenaceae 282 2.3
11 Combretaceae 249 2.0
12 Moraceae 227 1.8
13 Convolvulaceae 216 1.8
14 Anacardiaceae 185 1.5
15 Rubiaceae 166 1.3
16 Bignoniaceae 80 0.6
17 Oleaceae 63 0.5
18 Asparagaceae 59 0.5
19 Verbenaceae 58 0.5
20 Ixonanthaceae 55 0.4
21 Tiliaceae 48 0.4
22 Asteraceae 40 0.3
23 Lamiaceae 38 0.3
24 Mimosoideae 34 0.3
25 Dipterocarpaceae 30 0.2
26 Malvaceae 30 0.2
27 Sterculiaceae 30 0.2
28 Poaceae 29 0.2
29 Ochnaceae 24 0.2
30 Arecaceae 17 0.1
31 Clusiaceae/Guttiferae 10 0.1
32 Burseraceae 9 0.1
33 Rhamnaceae 8 0.1
34 Cyperaceae 6 0.0
xiv
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
35 Polygalaceae 5 0.0
36 Sapotaceae 3 0.0
37 Vitaceae 2 0.0
38 Connaraceae 1 0.0
xv
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
Corchorus aestuans 0.37 0.18 0.05 0.19 0.60 0.1062 0.0016 0.1423
nawipawe 0.76 0.36 0.36 1.30 0.59 0.1042 0.0059 0.2345
Strychnos spinosa Lam. 0.44 0.21 0.19 0.68 0.58 0.1013 0.0033 0.1561
Senna petersiana 0.27 0.13 0.19 0.68 0.56 0.0992 0.0030 0.1145
muturu 0.24 0.11 0.10 0.37 0.55 0.0961 0.0019 0.1048
Hymennocardia acida 0.61 0.29 0.20 0.74 0.51 0.0904 0.0038 0.1912
Vernonia natalensis 0.49 0.24 0.22 0.81 0.48 0.0836 0.0038 0.1594
Hyphaene coriacea 0.29 0.14 0.07 0.25 0.39 0.0694 0.0015 0.1036
muchequereque 0.12 0.06 0.02 0.06 0.33 0.0589 0.0006 0.0578
Pachystela brevipes (Bak.) Engl. 0.05 0.02 0.02 0.06 0.31 0.0549 0.0005 0.0396
ndrepo 0.41 0.19 0.19 0.68 0.30 0.0533 0.0031 0.1239
Bauhinia galpinii 0.25 0.12 0.05 0.19 0.30 0.0530 0.0012 0.0873
Garcinia livingstonei 0.17 0.08 0.08 0.31 0.30 0.0521 0.0015 0.0666
Mpirave 0.19 0.09 0.02 0.06 0.29 0.0518 0.0007 0.0705
Brackenridgea zanguebarica 0.41 0.19 0.31 1.12 0.29 0.0517 0.0045 0.1232
Acacia sieberiana DC. cissipiri 0.22 0.11 0.10 0.37 0.28 0.0489 0.0018 0.0772
mucolocope 0.10 0.05 0.03 0.12 0.27 0.0474 0.0007 0.0480
Sorghum bicolor 0.10 0.05 0.03 0.12 0.26 0.0462 0.0007 0.0474
Waltheria indica 0.10 0.05 0.05 0.19 0.24 0.0422 0.0009 0.0454
namurica 0.03 0.02 0.02 0.06 0.23 0.0402 0.0004 0.0282
Hyparrhenia sp. 0.08 0.04 0.03 0.12 0.21 0.0371 0.0007 0.0388
Rehemua 0.22 0.11 0.10 0.37 0.20 0.0358 0.0017 0.0706
Eragrostis aspera 0.07 0.03 0.02 0.06 0.20 0.0355 0.0004 0.0340
Galinsoga parviflora 0.12 0.06 0.05 0.19 0.20 0.0354 0.0009 0.0461
Launaea sarmentosa 0.07 0.03 0.03 0.12 0.19 0.0340 0.0006 0.0332
Allophylus alnifolius 0.22 0.11 0.12 0.43 0.19 0.0333 0.0019 0.0694
muyululu 0.24 0.11 0.15 0.56 0.18 0.0308 0.0023 0.0722
mutapu 0.08 0.04 0.02 0.06 0.15 0.0262 0.0004 0.0334
Commiphora serrata Engl. 0.15 0.07 0.02 0.06 0.14 0.0242 0.0005 0.0486
Dalbergia melanoxylon 0.08 0.04 0.05 0.19 0.14 0.0238 0.0008 0.0322
nampome 0.08 0.04 0.07 0.25 0.13 0.0223 0.0010 0.0314
Vangueria infausta mucane 0.07 0.03 0.02 0.06 0.11 0.0201 0.0004 0.0263
Nacircunue 0.15 0.07 0.05 0.19 0.11 0.0197 0.0009 0.0463
reperebe muhurubari 0.05 0.02 0.03 0.12 0.11 0.0193 0.0006 0.0218
Ziziphus sp 0.07 0.03 0.03 0.12 0.11 0.0192 0.0006 0.0258
Bridelia micrantha 0.03 0.02 0.02 0.06 0.10 0.0178 0.0003 0.0170
Erake 0.02 0.01 0.02 0.06 0.10 0.0171 0.0003 0.0126
nacar nacar 0.08 0.04 0.07 0.25 0.10 0.0169 0.0010 0.0287
Txequetxeche 0.03 0.02 0.02 0.06 0.09 0.0154 0.0003 0.0158
Kyllinga sp 0.10 0.05 0.02 0.06 0.08 0.0134 0.0004 0.0310
mukilapwe 0.07 0.03 0.07 0.25 0.07 0.0127 0.0010 0.0226
Berchemia discolor (Klotzsch)
Hemsl. 0.07 0.03 0.03 0.12 0.07 0.0122 0.0006 0.0223
Abrus fruticulosus 0.07 0.03 0.02 0.06 0.07 0.0119 0.0004 0.0222
Securidaca longipedunculata
Fresen. 0.08 0.04 0.05 0.19 0.07 0.0118 0.0008 0.0262
Margaritaria discoidea 0.08 0.04 0.07 0.25 0.06 0.0112 0.0010 0.0259
Cyphostemma amplexum (Bak.)
Descoings 0.03 0.02 0.02 0.06 0.06 0.0107 0.0003 0.0134
Synadenium sp. 0.08 0.04 0.03 0.12 0.06 0.0100 0.0006 0.0253
Hibiscus altissimus 0.03 0.02 0.02 0.06 0.05 0.0096 0.0003 0.0129
nsaria 0.03 0.02 0.02 0.06 0.04 0.0071 0.0003 0.0117
Rhus sp 0.03 0.02 0.02 0.06 0.04 0.0065 0.0003 0.0114
mutocora 0.03 0.02 0.02 0.06 0.04 0.0063 0.0003 0.0112
Terminalia sericea 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0061 0.0003 0.0071
mucororo 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0050 0.0003 0.0065
nacuane 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0049 0.0003 0.0065
Mobalawe 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0045 0.0002 0.0063
Gardenia ternifolia 0.03 0.02 0.03 0.12 0.02 0.0043 0.0005 0.0103
xvi
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
xvii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
xviii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.
xix