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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA SOB DIFERENTES REGIMES DE


QUEIMADAS NA FLORESTA DE MIOMBO, RESERVA NACIONAL DO GILÉ.
PROVINCIA DA ZAMBEZIA

Luís Amadeu Pungulanhe

Maputo
Janeiro, 2020
Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal

MESTRADO EM MANEIO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA SOB DIFERENTES REGIMES DE


QUEIMADAS NA FLORESTA DE MIOMBO, RESERVA NACIONAL DO GILÉ.
PROVINCIA DA ZAMBEZIA

Dissertação apresentada à Faculdade de


Agronomia e Engenharia Florestal/UEM,
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Maneio e Conservação da
Biodiversidade.

Autor:
Luís Amadeu Pungulanhe

Supervisora:
Prof. Doutora Natasha S. Ribeiro

Maputo
Janeiro, 2020
Declaração

Declaro que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer grau ou num outro
âmbito e que ele constitui o resultado do meu labor individual. Esta dissertação é apresentada em
cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de mestre da Universidade Eduardo
Mondlane;

Maputo, Janeiro de 2020

O declarante
_______________________________
(Luís Amadeu Pungulanhe)

iii
Agradecimentos
A Deus que permitiu que chegasse até este momento!
Agradeco a disponibilidade da Fundação IGF pelo apoio logístico que tornou possível a realização
deste trabalho, agradeço! À professora doutora Natasha S. Ribeiro que teve imensurável paciência
e dedicação na elaboração deste trabalho, a quem palavras me faltam para transmitir todo o meu
sentimento de gratidão, muito obrigado professora! Ao doutor Alessandro Fusari, director da
Fundação IGF em Moçambique, pela sua disponibilidade em partilhar documentos sobre a reserva
e garantir que toda a logística do trabalho fosse feita a tempo, agradeço! Ao Instituto de Bolsas de
Estudos, projecto HEST (Projecto Ensino Superior, Ciência e Tecnologia) pela concessão da bolsa
de estudo (parcial), muito obrigado!

Aos meus professores do mestrado, que muito transmitiram para consolidar o meu conhecimento
sobre a conversão da biodiversidade, nomeadamente professor Valério Macandza, Cornélio
Ntumi, professor catedrático Almeida Sitoe, professora Romana Bandeira, professor Inácio
Maposse, professor Hélder Zavale, professor António Queface, professor Alberto Mavume, mestre
Ivan Remane, ao mestre Aniceto Chaúque, mestre Regina da Cruz, a todos muito obrigado.

À equipa da Reserva Nacional do Gilé, em especialmente ao senhor Sérgio Macassa, ao assessor


técnico na altura, Nuno Santo Dias, ao administrador da reserva José Dias, ao chefe da fiscalização
Sansão, aos fiscais Magido e Norberto, agradeço! Aos meus pisteiros sempre incansáveis, David,
Casca e João. Ao estudante de licenciatura em Engenharia Florestal Hermenegildo Paulo, que
ajudou na colecta dos dados e na digitalização dos dados, muito obrigado!

Aos meus colegas da turma (2017), com quem sempre discutimos ideias, camarada Eduardo
Sonto, camarada Teofilo Nhamuhuco, brother Orlando Macave, brother Araújo Luís, brother
Julieta Jetimane, Angelina Matsinhe, Gildo Chivale, Sara Guibunda, ao cota Pedro Pires, Sean
Nazerali muito obrigado! Ao eng. Credêncio Maúnze, e Sebastião Amade Serrote, que partilharam
os seus trabalhos sobre a reserva, muito obrigado!

iv
Dedicatória

Dedico a minha esposa, Tomázia Maria de Carvalho Veterano;


Aos meus filhos: Daniel Luis Veterano Pungulanhe e Adriel Luis Veterano Pungulanhe.
A minha mãe: Joana Luis Machava
Aos meus irmãos: Iolanda Sande Amadu e Nuno Sande Amadeu

“Não é a natureza que é frágil. Nós é que somos


frágeis, ao precisar do oxigénio produzido pelas
plantas para respirar”.

Adaptado de James Lovelock

v
Índice

Declaração...................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ............................................................................................................................. iv
Dedicatória ...................................................................................................................................... v
Indice de tabelas ............................................................................................................................. ix
Indice de figuras ............................................................................................................................. ix
Resumo .......................................................................................................................................... xi
Abstract ......................................................................................................................................... xii
Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... xiii
CAPÍTULO I .................................................................................................................................. 2
1. Introdução ................................................................................................................................... 2
1.1. Justificativa e definição do problema. .............................................................................. 4
1.2. Objectivos............................................................................................................................. 6
CAPÍTULO II ................................................................................................................................. 7
2. Revisão da literatura ................................................................................................................... 7
2.1. Características das Florestas de miombo ............................................................................. 7
2.2. O papel das queimadas nas florestas de miombo ................................................................. 8
2.2.1. Classificação das espécies de miombo em relação ao fogo ........................................ 10
2.3. Regime das queimadas ....................................................................................................... 12
2.4. Descrição do sensor Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS)............ 15
2.4.1 Satélites Terra e Aqua .................................................................................................. 16
2.4.2. Produto MODIS MCD14ML (Produto global de localização de fogos) ................... 16
2.4.3. Produto MODIS MCD64A1 (MODIS/Terra+Aqua Area queimada mensalmente L3
Grelha Global de 500 m SIN) ............................................................................................... 18
2.5. Modelo estatístico Getis-Ord Gi* ...................................................................................... 19
2.6. Teste t ................................................................................................................................. 20
2.7. Análise de Variância (ANOVA) ........................................................................................ 21
CAPÍTULO III .............................................................................................................................. 23
3. Materiais e Métodos .................................................................................................................. 23
3.1. Descrição da área de estudo ............................................................................................... 23

vi
3.1.1. Localização geográfica ............................................................................................... 23
3.1.2. Hidrologia ................................................................................................................... 24
3.1.3. Clima ........................................................................................................................... 25
3.1.4. Geologia e solos .......................................................................................................... 26
3.1.5. Vegetação .................................................................................................................... 26
3.1.6. Fauna ........................................................................................................................... 28
3.1.7. Queimadas na RNG .................................................................................................... 28
3.1.8. Principais actividades da população local................................................................... 30
3.2. Aquisição dos dados ........................................................................................................... 31
3.3. Pré-processamento dos dados............................................................................................. 32
3.3.1. Pré-processamento do produto MODIS MCD14ML .................................................. 32
3.3.2. Pré-processamento do produto MODIS MCD64A1 ................................................... 33
3.4. Processamento dos dados ................................................................................................... 34
3.4.1. Processamento do produto MCD14ML ...................................................................... 34
3.4.2. Processamento do produto MODIS MCD64A1 ......................................................... 35
3.5. Frequência e intervalo médio de retorno de queimadas ..................................................... 35
3.6. Avaliação da exactidão da classificação ............................................................................ 36
3.6.1. Índice Kappa ............................................................................................................... 37
3.7. Alocação dos pontos amostrais .......................................................................................... 38
3.8. Distribuição dos pontos amostrais...................................................................................... 40
3.9. Levantamento de dados de campo ..................................................................................... 42
3.9.1. Tamanho e formato das unidades amostrais ............................................................... 43
3.9.2. Intensidade da amostragem ......................................................................................... 45
3.10. Análise da estrutura e composição florística .................................................................... 46
3.10.1. Parâmetros da Estrutura Horizontal .......................................................................... 47
3.10.2. Parâmetros da Estrutura Vertical .............................................................................. 50
3.10.3. Regeneração natural .................................................................................................. 50
3.11. Estado de Sanidade........................................................................................................... 51
3.12. Índices de diversidade e similaridade............................................................................... 52
3.13. Análise estatística ............................................................................................................. 53
3.13.1. Tratamento dos dados ............................................................................................... 54

vii
3.13.2. Teste de correlação ................................................................................................... 55
3.13.3. Teste t ........................................................................................................................ 55
3.13.4. Análise de Variância ................................................................................................. 56
3.13.5. Teste Tukey ............................................................................................................... 56
CAPÍTULO IV.............................................................................................................................. 58
4. Resultados e discussão .............................................................................................................. 58
4.1. Descrição do regime de queimadas na RNG ...................................................................... 58
4.1.1. Sazonalidade ............................................................................................................... 58
4.1.2. Frequência de queimadas ao longo do período de 2014 a 2018 ................................. 61
4.1.3. Intensidade das queimadas .......................................................................................... 64
4.2. Descrição fitossociológica da floresta ................................................................................ 66
4.2.1. Parâmetros da estrutura horizontal.............................................................................. 66
4.2.2. Caracterização diamétrica ........................................................................................... 74
4.2.3. Caracterização das alturas ........................................................................................... 75
4.2.4. Estado de sanidade ...................................................................................................... 76
4.3. Estrutura vertical ................................................................................................................ 79
4.4. Regeneração natural ........................................................................................................... 81
4.5. Influência das queimadas na vegetação ............................................................................. 85
4.5.1. Índices de diversidade e similaridade ......................................................................... 85
CAPÍTULO V ............................................................................................................................... 87
5. Conclusões e Recomendações .................................................................................................. 87
5.1. Conclusões ......................................................................................................................... 87
5.2. Recomendações .................................................................................................................. 88
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 89
Apêndices ........................................................................................................................................ v
Apêndice I: Calculos dos parâmetros horizontais EC..................................................................... v
Apêndice II: Calculos dos parâmetros horizontais EQ ................................................................... v
Apêndice III: Coordenadas dos pontos amostrais (parcelas de controlo) .................................... viii
Coordenadas dos pontos amostrais nos estratos (parcelas de com queimadas). .......................... viii
Apêndice IV: Fichas para a colecta de dados ................................................................................ ix
Apêndice V: Tabela de testes de Correlação ................................................................................. ix

viii
Apêndice VI: Tabelas de testes T ................................................................................................... x
Apêndice VII: Tabelas de ANOVA .............................................................................................. xii
Apêndice VIII: Comparações Emparelhadas de Tukey ............................................................... xiii
Apêndice IX: Tabelas de familias ................................................................................................ xiv
Apêndice X: Calculos dos parâmetros horizontais da RNG ......................................................... xv
Apêndice XI: Calculos dos parâmetros horizontais sobre a regeneração da RNG ..................... xvii
Apêndice XII: Resultados de Índices de Shannon – Weiner; Quociente de mistura de Jentsch;
Indice de similaridade de Jaccard, e Indice de equitabilidade de Pielou. .................................. xviii

Indice de tabelas
Tabela 1: Atributos dos dados MODIS C6 ................................................................................... 15
Tabela 2: Sumário das colunas geradas no produto MCD14ML (focos activos) ......................... 17
Tabela 3: Características dos dados do produto MCD64A1 (áreas queimadas) ........................... 19
Tabela 4: Tabela resumo da análise de variância (de um factor) .................................................. 21
Tabela 5: Zonas de monitoria ecológica da RNG ......................................................................... 24
Tabela 6: Categorias de vegetação definidas por Prin, 2008 ........................................................ 27
Tabela 7: Índice Kappa ................................................................................................................. 37
Tabela 8: Percentagem da amostragem por zonas ecológicas ...................................................... 40
Tabela 9: Tipo de cobertura de terra (Maúnze, 2016) associado ao número de parcelas
inventariadas ................................................................................................................................. 42
Tabela 10: Hipóteses testadas com o teste t .................................................................................. 56
Tabela 11: Hipóteses testadas com ANOVA ................................................................................ 56
Tabela 12: Área queimada (MCD64A1) e o número de focos (MCD14ML) durante 5 anos ...... 60
Tabela 13: Exactidão da classificação do mapa de frequência (MCD64A1) ............................... 62
Tabela 14: Nome de espécies mais frequentes no estrato queimado e controlo ........................... 67
Tabela 15: Nomes de espécies com maiores densidades no estrato queimado e controlo ........... 70
Tabela 16: Nomes das espécies mais dominantes no estrato queimado e controlo ...................... 71
Tabela 17: Espécies com maior índice de valor de importância no estrato queimado e controlo 73
Tabela 18: Distribuição dos indivíduos por cada estrato .............................................................. 80
Tabela 19: Índices de diversidade e similaridade em diferentes estratos ..................................... 86

Indice de figuras
Figura 1: Localização Geográfica da Reserva Nacional do Gilé, na Província da Zambézia. ..... 23
Figura 2: Distribuição da Frequência de Queimadas na Reserva Nacional do Gilé (período 2004 a
2014) Maúnze (2016). ................................................................................................................... 29
Figura 3: Mapa de Serrote (2017) que relaciona a distribuição dos focos de incêndios florestais
de 2007 à 2016 na RNG. ............................................................................................................... 30

ix
Figura 4: Cobertura das camadas do produto MCD64A1 no formato Geotiff. Fonte: Adaptado de
Giglio et al. 2018........................................................................................................................... 32
Figura 5: Alocação dos pontos amostrais e dos estratos ............................................................... 39
Figura 6: Mapa de cobertura da terra de Maúnze (2016) e distribuição das parcelas. Adaptado de
Maúnze (2016) .............................................................................................................................. 42
Figura 7: Esquema da unidade amostral ....................................................................................... 44
Figura 8: Relação entre o número de espécies e os dias do inventario (Curvas das espécies) ..... 46
Figura 9: Sazonalidade das queimadas (número de focos e área queimada) na RNG .................. 58
Figura 10: Distribuição dos pontos inventariados pela RNG intersecção com mapa de frequência
de queimadas (MCD64A1). .......................................................................................................... 63
Figura 11: Distribuição da intensidade do fogo em FRP (MCD14ML) na RNG. ........................ 65
Figura 12: Percentagem do número de individuos por familia na RNG....................................... 67
Figura 13: Comparação de distribuições acumuladas de árvores adultas, RE e RNE .................. 69
Figura 14: Comparação dos Índices de valores de importância das espécies em diferentes estratos
....................................................................................................................................................... 72
Figura 15: Representação dos diâmetros por estratos ................................................................... 74
Figura 16: Representação das alturas por estratos ........................................................................ 76
Figura 17: Representação da sanidade por quantidade de indivíduos .......................................... 77
Figura 18: Representação da sanidade por espécies com maior número de indivíduos ............... 79
Figura 19: Representação percentagem das árvores por estratos .................................................. 80
Figura 20: Representação da regeneração natural relativa por espécies ....................................... 83
Figura 21: Representação da regeneração natural não estabelecida por espécies ........................ 84

x
Resumo

As queimadas ocorrem de forma generalizada em diversos tipos de cobertura vegetal a nível


nacional, e muitas vezes estão associadas as actividades humanas de caça, pastoreio e sobretudo à
prática de agricultura itinerante. Com o objectivo de contribuir para o programa de maneio de
queimadas da Reserva Nacional do Gilé (RNG) foi realizado um estudo para entender os efeitos
das queimadas sobre o ecossistema de miombo desta área de conservação que até ao momento não
é habitada por população humana dentro dos seus limites. Para tal foi feita a recolha de dados de
sensoriamento remoto do período de 2014 a 2018, do Spectroradiômetro de Imagem de Resolução
Moderada (MODIS) dos produtos de fogos activos (MCD14ML) e áreas queimadas (MCD64A1)
que permitiram construir o mapa de frequência e intensidade de queimadas, segundo o qual foram
alocadas as parcelas, divididas em dois estratos, um estrato onde ocorrem queimadas (EQ) e outro
onde não ocorrem queimadas, estrato controlo (EC). Neste sentido foram estabelecidas parcelas
de um hectare tendo sido efectuado o levantamento das variáveis alturas, diâmetro, estado de
sanidade das espécies em 59 parcelas que permitiram fazer uma análise fitossociológica, onde
foram calculados os seguintes parâmetros, frequência, densidade, dominância e índice de valor de
importância das espécies (IVI) e índices de diversidade. Foi observado que a RNG regista uma
frequência média das queimadas de 0,38 vezes/ano e o intervalo de retorno de 5,38anos, e um
intervalo médio de retorno de queimadas de 2,62anos, as queimadas ocorrem nos meses de Julho
a Novembro com diferenças significativas (α = 0,05) entre os meses que registam mais focos (p <
1,07e-12), com pico no mês de Agosto, o número de focos registados varia de 755 a 903 por ano,
porém não existem diferenças significativas entre o número de focos que são registados
anualmente (p > 0,88628). Ainda verificou-se que a intensidade média das queimadas é de 46,9
Mw, a máxima é de 308,5 Mw e a mínima é de 15,6 Mw registadas em 17 de Setembro de 2018 e
7 de Setembro de 2016 respectivamente. Durante o período em estudo a RNG queimou 92,8% da
área, o que significa que em média por cada ano queimou cerca de 18,56% da sua área, não existem
diferenças significativas em relação a área queimada por ano (p> 0,942037) porém existem
diferenças significativas em relação a área queimada por mês (p< 1,24e-07). As espécies com
maior IVI dentro da RNG são: Brachystegia spiciformis Benth, Brachystegia boehmii Taub.,
Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis
maprouneifolia Pax, Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Burkea africana Hook.,
Deinbollia oblongifolia (E. Mey. ex Arn.) Radlk., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) e
Strychnos sp, respectivamente, e não existem diferenças significativas (p> 0,1172) entre o EQ e
EC em relação ao IVI das espécies. A análise dos índices de diversidade foi possível constatar que
o índice de Shannon apresentado no EQ é maior (3,46) do que o EC (2,85), o quociente de mistura
de Jentsch indicam que o EQ apresenta maior diversidade (0,01) do que o EC (0,08), e de forma
geral a reserva apresentou 0,01, o índice de equitabilidade de Pielou no EQ foi 0,72, e no EC foi
0,78.

Palavras-chave: MODIS; Reserva Nacional do Gilé; queimadas; fitossociologia; miombo.

xi
Abstract

Burning is widespread in various types of vegetatal cover at national level, and is often associated
with human hunting, grazing and especially the practice of shifting agriculture. In order to
contribute to the Gilé National Reserve (RNG) burn management program, a study was conducted
to understand the effects of the burns on the miombo ecosystem of this conservation area that has
not yet been inhabited by human population within its limits. For this purpose, remote sensing data
from 2014 to 2018 were collected from the Moderate Resolution Image Spectroradiometer
(MODIS) of active fire products (MCD14ML) and burned areas (MCD64A1) that allowed the
construction of the frequency map and intensity of burnings, according to which plots were
allocated, divided into two strata, one where burns occur (EQ) and another where no burns occur,
control stratum (EC). In this sense plots of one hectare were established and the variables height,
diameter, health of the species were surveyed in 59 plots that allowed a phytosociological analysis.
It was observed that the RNG has an average burn frequency of 0.38times / year and an return
interval of 5.38 years, and Mean Fire Return Interval is 2.62year, Fire occurring from July to
November with significant differences (α = 0.05) between the months with the most fires ( p
<1.07e-12), peaking in August, the number of fires recorded ranges from 755 to 903 per year, but
there are no significant differences between the number of fires that are registered annually (p>
0.88628). It was also found that the average intensity of the burns is 46.9 Mw, the maximum is
308.5 Mw and the minimum is 15.6 Mw recorded on 17 September 2018 and 7 September 2016
respectively. During the period under study the RNG burned 92.8% of the area, which means that
on average each year it burned about 18.56% of its area, there are no significant differences in
relation to the burned area per year (p >0.942037) but there are significant differences in relation
to the burned area per month (p <1.24e-07). The species with the highest value of importance
within the RNG are: Brachystegia spiciformis Benth, Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia
globiflora (Benth.) Troupin, Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis maprouneifolia
Pax, Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Burkea africana Hook., Deinbollia
oblongifolia (E. Mey. ex Arn.) Radlk., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) and Strychnos
sp respectively, and there are no significant differences (p <0.1172) between the EQ and EC in
relation to the species importance value index. The diversity analysis showed that the Shannon
index presented in the EQ is higher (3.46) than the EC (2.85), the Jentsch mixture quotient
indicates that the EQ presents greater diversity (0.01) than the EC (0.08). ), and overall the reserve
showed 0.01, the Pielou equitability index on EQ was 0.72, and on EC it was 0.78

Keywords: MODIS; Gilé National Reserve; burned; phytosociology; miombo.

xii
Lista de Abreviaturas
ASCII – Código Padrão Americano para o Intercâmbio de Informação
DAP – Diâmetro à altura do peito
DINAF - Direcção Nacional de Florestas
EOS - Earth System Observing System
EOSDIS - Earth Observing System Data and Information System
FIA – Avaliação de Integridade Florestal
FIRMS – Fire Information for Resource Management System
FRP – Força do poder da radiação do fogo
GEOtiff – Georeferenced Tagged Image File Format
GPS – Sistema de Posicionamento Global
H’ – Índice de diversidade de Shannon – Wiener
HDF – Hierarchical Data Format
IFN – Inventario Florestal Nacional
IGF – Fundação Internacional para a Gestão da Fauna
IRMQ - Intervalo de Retorno Médio das Queimadas
IRQ – Intervalo de Retorno das Queimadas
IUFRO – International Union of Forest Research Organizations
IVI – índice de valor de importância
J’ – Índice de equitabilidade Pielou
MITADER – Ministerio da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
MODIS – Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer
Mw – MegaWatts
NRT – Near Real Time
RLM – Regressão Linear múltipla
RLS – Regressão Linear Simples
RNG – Reserva Nacional do Gilé
SFB – Serviço Florestal Brasileiro
WGS – World Geodetic Sistem
ZT – Zona tampão

xiii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

CAPÍTULO I

1. Introdução
O miombo é a floresta tropical seca mais extensa em África, cobrindo uma área calculada em cerca
de 2.7 milhões de km2 na Africa Austral em regiões que recebem mais de 700 mm chuva anual,
mas em solos pobres em nutrientes (Frost, 1996; Sitoe, 1999; Ribeiro et al. 2008a,b; Campbell et
al. 2010; Chidumayo, 2013).

A floresta de miombo cobre porções significativas de 7 países da região nomeadamente: Angola,


Zimbabwe, Zâmbia, Malawi, Moçambique e Tanzânia, e a maior parte do sul da República
Democrática de Congo (DRC) (Campbell et al. 2010). É importante para a produção de madeira
valiosa e com base nos seus serviços apoia o sustento económico de 100 milhões de pessoas no
meio rural e 50 milhões de pessoas no meio urbano em todo o continente africano (Frost, 1996;
Ryan et al. 2016).

As alterações climáticas (estimativas estão apontando uma redução da precipitação em 5 a 15% na


região de miombo) (Chidumayo, 2004; Le Page et al. 2008) e o crescimento populacional registado
nas últimas décadas têm sido os dois agentes de modificação na composição e estrutura das
florestas de miombo exercida principalmente pela pressão sobre a utilização dos recursos florestais
madeireiros e não madeireiros (que servem muitas vezes como fonte de energia, colecta de
alimentos, medicamentos e produção de obras de artesanato) (Frost, 1996; Chidumayo, 2004), e
abertura de novas áreas para a prática da agricultura (Chidumayo, 2004). A frequência de
queimadas dentro do ecossistema de miombo tem contribuído significativamente para o aumento
de gases de efeito de estufa (Campbell et al. 2010).

Alterações nos padrões da temperatura e precipitação têm afectado o regime do fogo nos
ecossistemas de miombo (Campbell, 2010; Ribeiro et al. 2008b) resultando na diminuição
acentuada da humidade relativa do ar e da biomassa graminal, umas das principais formas de
cobertura do solo nas florestas de miombo, que serve para sustentar os herbívoros (van Wilgen et
al. 2003).

2
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Entretanto, as queimadas nas florestas de miombo têm garantido a manutenção de uma dinâmica
na composição e estrutura da vegetação (Ribeiro et al. 2013; Frost, 1996). Porém, regimes e
comportamentos de fogos diferenciados podem influenciar de forma diferente os ecossistemas do
miombo. Por exemplo, Zolho (2005) realizando estudos sobre a regeneração de miombo sob
influência de fogo apontou para um número de brotos queimados de Julbernardia globiflora
(Benth.) Troupin e Brachystegia spp. Por seu turno, Diplorhynchus condilocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon, foi mais resistente a queimadas do que as espécies típicas do miombo, com alta abundância
em ambas áreas, queimadas e não queimadas. Em relação a esta espécie os resultados de Zolho
(2005) não diferem dos encontrados por Trapnell (1959); Chidumayo (1988); Cauldwell & Zieger
(2000) e Ribeiro et al. (2008 a,b).

Dados escassos indicam também que o fogo influencia no aparecimento de novas espécies
(normalmente presentes em formações de chipya) no ecossistema de miombo
(Aframomum alboviolaceum, Pteridium aquilinum (L.) Kuhn e Smilax anceps) (Trapnell, 1959;
Lawton, 1978) que foram registados na Zâmbia. Isto diminui a produtividade da vegetação lenhosa
com consequências para o equilíbrio do carbono e energia (Timberlake & Chidumayo, 2011).

3
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

1.1. Justificativa e definição do problema.


A Reserva Nacional do Gilé (RNG) é uma área de conservação com objectivo de proteger a
biodiversidade das florestas de miombo existente na região centro do país, criado pelo Diploma
Legislativo N⁰. 4183 e com um estatuto reconhecido pela Lei no 5/2017 de 11 de Maio, a lei de
protecção, conservação e uso sustentável da diversidade biológica, onde a exploração dos recursos
dentro dela é vedada exceptuando os que o plano de maneio permitir.

Actualmente, a RNG não apresenta população humana vivendo dentro dos seus limites
representando uma situação única dentro da rede nacional das áreas de conservação do país. Porém,
enfrenta problemas relacionados aos objectivos de conservação tais como: caça furtiva, queimadas,
garimpo, corte de espécies com interesse madeireiro e prática da agricultura dentro dos seus limites
(RAPPAM, 2010; Campbell et al. 2010), resultando algumas vezes em degradação florestal, a qual
se define como uma redução da capacidade de uma floresta para fornecer bens e serviços
(Bahamondez & Thompson, 2016).

A RNG é caracterizada por possuir espécies típicas das savanas africanas e florestas secas e possui
espécies de miombo de elevada importância para a biodiversidade da região (Fusari et al. 2010).
A diversidade de espécies de flora e fauna que constituem uma parte significativa da
biodiversidade da região, como o principal objectivo de conservação, para além de ser um recurso
fundamental para as populações que residem na Zona Tampão (ZT) especialmente durante os
períodos de escassez de alimentos (Materrula, 2010). Neste sentido é necessário conservar esta
biodiversidade e os recursos presentes pelo seu valor consumptivo assim como não-consumptivo
(Fusari et al. 2010).

Um estudo realizado por Maúnze (2016), sobre a análise espácio-temporal das queimadas na RNG,
usando imagens satélites entre 2004 a 2014, concluiu que a frequência de queimadas em algumas
regiões da reserva é superior a uma queimada por ano, porém em outras regiões não foram
registadas queimadas durante todo o período em análise. Os fogos influenciam bastante as florestas
secas e savanas, onde observa-se no miombo que a queima no final de cada estação inibe a
regeneração das árvores (Trapnell, 1959; Chidumayo, 1988), podendo conduzir com o passar do
tempo a uma perda das árvores do género Brachystegia e Julbernardia (Chidumayo, 2013).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Em termos de distribuição espacial das queimadas na RNG dentro do período de 2004 a 2014, a
região central é a que apresentou maior concentração de queimadas, em torno de 3 a 5,6 queimadas
por km2. A região norte, sudeste e sudoeste apresentam as menores densidades de queimadas
(Maúnze, 2016). Entretanto, segundo conclusões tiradas por Serrote (2017) o maior risco dos
incêndios florestais na RNG verifica-se na vegetação herbácea, seguida de floresta aberta, floresta
densa e matagal médio, situadas ao longo das regiões sudeste e nordeste da reserva, fazendo
fronteira com a EN 324 que liga os distritos de Pebane e Gilé. Estas conclusões foram tiradas no
âmbito do trabalho realizado por Serrote (2017) com o título diagnóstico dos incêndios florestais
usando imagens satélite, na RNG, entre 2007 – 2016.

Pequenas diferenças são notáveis em termos de localização (centro ou sudeste e nordeste) e


densidade das queimadas na RNG entre os dados apresentados por Maúnze (2016) e Serrote
(2017).

A RNG regista em média 828 queimadas anuais, queimando em média anualmente 8,03 %, cerca
de 229,67 Km2 (Maúnze, 2016). Um outro estudo realizado pela EtcTerra-Fundação IGF (2017),
constatou que dentro da RNG as áreas queimadas representam, dependendo do ano, 5% a 30% da
área total da superfície. Nos últimos 16 anos, a média é de 295 Km2 na zona central (máximo de
730 Km2 em 2005) e 4.5 Km2 na zona tampão (máximo de 120 Km2 em 2010). Após uma série de
incêndios prolongados entre 2009 e 2013, os últimos 3 anos mostram um nível relativamente baixo
de área queimada, pelo menos na área central da reserva (EtcTerra-Fundação IGF, 2017).

Os gestores da Reserva Nacional do Gilé desconhecem os reais impactos que os fogos podem estar
a causar sobre a vegetação e como estão impactando nos parâmetros fitossociológicos da floresta
de miombo e quais os regimes e comportamentos do fogo que podem ser aceitáveis ou que as
espécies podem tolerar. Não obstante fogos causados por factores antropogénicos ocorrerem todos
anos na estação seca, entre os meses de Julho e Outubro, com o pico nos finais da época (meses
de Agosto – Outubro) (Ribeiro et al. 2008).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Os estudos mais recentes sobre a RNG na componente de queimadas realizados por Maúnze
(2016), Serrote (2017), EtcTerra-Fundação IGF (2017), limitaram-se a colher dados de
sensoriamento remoto, e pouco trabalho de campo, não tendo colhido dados de campo na sua
maioria, o inventário florestal realizado dentro da RNG (DINAF, 1999) não está disponível e
pouco se sabe sobre os dados colhidos.

O Plano de Maneio da Reserva Nacional do Gilé, elaborado por Fusari et al. (2010) destaca as
populações locais como sendo responsáveis pelo grande número de queimadas descontroladas que
anualmente ocorrem na área e que representam um perigo grave para a vegetação. Ademais, existe
uma necessidade de responder a esta inquietação conduzindo um estudo sobre o fenómeno das
queimadas na Reserva Nacional do Gilé, esta por sua vez, solicitou à Universidade Eduardo
Mondlane a encabeçar um estudo sobre o efeito das queimadas na estrutura e composição da
floresta de miombo, como forma de encontrar melhores práticas de maneio.

1.2. Objectivos
Geral
- Contribuir para o maneio de queimadas na RNG através do entendimento da relação entre a
frequência, sazonalidade e a intensidade do fogo e a vegetação de miombo.

Específicos
- Descrever o regime de queimadas em termos de frequência, sazonalidade e intensidade do fogo
(de 2014 a 2018);
- Avaliar a fitossociologia da floresta de miombo sob diferentes regimes de queimadas;

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

CAPÍTULO II

2. Revisão da literatura
2.1. Características das Florestas de miombo
As florestas de miombo são a formação de floresta decídua mais difundida em África que cobrem
aproximadamente 2.7 milhões de km2, dos quais dois-terços da fito-região Sudo-Zambezian (com
aproximadamente cerca de 2.4 milhões de km2) representando um centro de diversidade de plantas
importante que se estende a mais de sete países: Angola, República Democrática de Congo,
Malawi, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe (Sitoe, 1999; Ribeiro et al. 2008a,b;
Campbell et al. 2010).

Segundo Falcão & Noa (2016) definem floresta como sendo terras que ocupam no mínimo 1 ha,
com uma cobertura de copa maior que 30% e com árvores com potencial de alcançar uma altura
de 3m na maturidade. O tipo florestal mais predominante em Moçambique é o miombo (Ribeiro
et al. 2002) cobrindo uma área de cerca de 2/3 da área florestal total (Ribeiro et al. 2002;
Magalhães 2018).

O miombo é caracterizado pelo domínio expressivo de espécies de árvores dos géneros das
Brachystegia, Julbernardia e/ou Isoberlinia (Sitoe, 1999; Ribeiro et al. 2008a,b; Chidumayo,
2013). Mas a sua diversidade de plantas não está limitada aos três géneros acima mencionados, e
é tão alta quanto aproximadamente 8.500 espécies que incluem outras árvores, como as
Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax e Diplorhynchus condilocarpon (Muell.-Arg.) Pichon,
gramíneas e espécies de arbustos (Sitoe, 1999; Campbell et al. 2010).

De forma detalhada a estrutura e a composição das espécies dos ecossistemas de miombo típica é
dominada por espécies como a Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, Brachystegia boehmii
Taub., Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, Diplorhynchus condilocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon e Burkea africana Hook. (Frost, 1996; Timberlake & Chidumayo, 2011; Ribeiro et al.
2013). Porém a diversidade das espécies de importância secundária é cada vez mais interessante
dentro do ecossistema do miombo, neste contexto, a árvore de madeira mais importante é
Pterocarpus angolensis DC. e não é referenciada como sendo uma árvore típica ou de maior

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

dominância no miombo, ela tem uma variedade de procedências ecológicas de diferente tolerância
à seca, fogo e ao frio segundo Rodgers et al. apud Frost (1996)).

Os arbustos mais comuns e cipós que compõem o estrato intermediário do miombo são Artabotrys
monteiroae Oliv., Combretum paniculatum Vent., Euclea sp., Diospyros sp., Cassia petersiana,
Grewia spp. entre outras espécies arbustivas que ocorrem nas savanas africanas (Frost, 1996). A
camada herbácea é dominada por gramíneas do género Panicum, Pennisetum e Cyperus intercalam
através de plantas herbáceas com domínio particular Dombeya sp. e Triumpheta pentandra A.
Rich. (Frost, 1996; Timberlake & Chidumayo, 2011).

Algumas orquídeas ocorrem nos troncos das árvores maiores nas áreas com maior densidade de
indivíduos. Esta composição de espécies é semelhante a achada por muitos autores em estudos nas
florestas de miombo, como por exemplo, Ribeiro et al. (2008a), Ribeiro et al. (2008b), Zolho
(2005), Sitoe, (1999), encontraram espécies semelhantes no miombo em Niassa, Manica, Sofala,
respectivamente. Esta composição também existe na Zambézia e Cabo Delgado (Sitoe, 1999).
Estes estudos estavam relacionados a frequência das queimadas associadas ao tipo de vegetação,
destacando as espécies que tinham um valor ecológico alterado por causa do efeito das queimadas.

Ribeiro et al. (2008b), estudando o efeito de queimadas e elefantes na parte oriental da Reserva
Nacional do Niassa (RNN), verificou a existência de espécies de miombo do género Combretacea
(o grupo das combretáceas), este grupo é correlacionado fortemente com nutrientes do solo,
propriedades químicas e o fogo. Não obstante a literatura ser limitada sobre este factor o miombo
de florestas abertas dominadas por Combretum spp., ocorre em terras ricas em nutrientes
(Campbell et al. 1996), porém é sabido que as espécies de miombo de forma geral ocorrem em
solos pobres em nutrientes.

2.2. O papel das queimadas nas florestas de miombo


Os fogos têm afectado a composição das espécies de miombo, colocando em risco os serviços que
estas florestas fornecem, neste âmbito Sitoe (1999) conduziu estudo de regime de queimadas nas
florestas de miombo (em Manica), tendo constatado que espécies comerciais têm um volume total
de 45,56 m³ha-1; porém, menos que a metade têm características de qualidade do tronco discutíveis,

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

caracterizado por serem troncos pobres (MITADR, 2016; SFB, 2017) que é o resultado de baixa
altura, ramificações e sobretudo resultado de queimadas por causa dos fogos.

Os resultados obtidos por Ribeiro et al. (2008a) sobre o mapeamento da biomassa e área foliar,
apoiam a hipótese de variações na biomassa e no índice da área foliar (LAI) nas florestas de
miombo são causados principalmente por precipitação, mas fogos desempenham um papel
fundamental. Dentro do espaço amostral a biomassa lenhosa reflectiu os efeitos dos distúrbios e
especialmente a frequência dos fogos, o que compromete a qualidade dos produtos florestais
resultantes (Ribeiro et al. 2008a).

Os fogos comprometem a qualidade dos produtos florestais a todos níveis, por exemplo
perturbações, especialmente por queimadas, tem uma grande importância e influenciam a estrutura
e composição dos ecossistemas de miombo, e criam uma floresta de baixa densidade em estatura,
este facto foi observado por estudos realizados por Ribeiro et al. (2013), Zolho (2005) e Sitoe
(1999), em que houve uma diminuição na quantidade das espécies nas florestas estudadas.

Um dos exemplos concreto das espécies que sofrem com as queimadas é do género Julbernardia,
e é uma das espécies mais importantes destes ecossistemas - Julbernardia globiflora (Benth.)
Troupin - mostrou uma diminuição no IVI (índice de valor de importância) e na biomassa. Isto
pode indicar que as espécies estão sob algum tipo de pressão devido a sua importância relativa
para sustento das comunidades locais (Ryan et al. 2016) e baixa tolerância as queimadas (Ribeiro
et al. 2013).

Dois cenários verificam-se em relação à regeneração das espécies na floresta de miombo, Sitoe
(1999) constatou ainda que a parte aérea das gramíneas estava completamente queimada durante
a estação seca, as destruições dessas espécies muitas vezes impossibilitam-nas de regenerar
demonstrando que não são resistentes às queimadas (Cauldwell & Zieger, 2000). E em relação as
espécies de miombo, segundo Chidumayo (2004), a fonte imediata de regeneração das árvores é a
reprodução por meio de brotos ou renovos e restos de raízes e rebentos suprimidos (banco de
regeneração) (Ribeiro et al. 2002).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Sitoe (1999), considerou de preliminares os seus resultados, pois careciam de maior período de
estudo, porém indicam um crescimento relativo entre as espécies. Espécies lenhosas têm uma taxa
de crescimento mais alta comparada as espécies situadas num nível intermediário e rasteiras.
Dentro das espécies lenhosas, os indivíduos da espécie, Millettia stuhlmannii Taub., cresceram
mais rapidamente (Chidumayo, 2013) considerando as taxas de crescimento calculadas e que
constituem o padrão entre as espécies de tronco estabeleceu que o crescimento em diâmetro médio
é de 0,38 cm.ano-1, isto significa que uma árvore em média pode levar aproximadamente 105 anos
para crescer de 10 a 50 cm de diâmetro (Sitoe, 1999).

Os resultados obtidos por Ribeiro et al. (2008b), indicam um total de 13% dos indivíduos ou era
danificado por elefantes ou por fogos em 2004, na RNN. Das árvores danificadas totais, 42%
entram na categoria queimadas na copa, 28% dos indivíduos têm o tronco queimado. Mortalidade
causada por fogo e elefantes é calculada à 3%, com elefantes a serem responsável por 25% das
mortes (dado a ser levado em consideração devido uma forte presença de elefantes na RNN),
enquanto fogos são responsáveis por 7%. Cerca de 68% das mortes é devido aos factores vento e
idade. Aproximadamente 6% da biomassa total (5,1 kg/m2) foi perdida por causa de fogo e
elefantes em 2004. Estes resultados revelam que as queimadas têm comprometido em parte as
florestas de miombo na RNN.

Os dados sobre o efeito das queimadas na RNN também realçam padrões de danos dentro das
espécies de planta como por exemplo, J. globiflora, B. boehmii e B. africana são sensíveis ou são
preferidos por elefantes e fogos (Ribeiro et al. 2008b), estes dados demonstram que dentro destes
ecossistemas existem diferentes categorias sob o ponto de vista de efeitos que os fogos podem
causar.

2.2.1. Classificação das espécies de miombo em relação ao fogo


Em relação aos efeitos das queimadas (grau de tolerância), foram identificados quatro grupos de
espécies, na experiência realizada por Trapnell (1959) em Ndola (Zâmbia), esta experiência é
marcante para a área (estudo de queimadas no ecossistema de miombo), pois até a altura não havia
experimentos realizados nas florestas de miombo expondo a diferentes regimes de queimadas.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Depois de 1959, outros experimentos foram realizados por Lawton (1978) em estudo sobre a
dinâmica ecológica da vegetação na Zâmbia, Chidumayo (1988) reavaliação do efeito de
queimadas sobre a regeneração de espécies de miombo, e por Cauldwell & Zieger (2000), onde
foram submetidas ao experimento 21 espécies do miombo com o objectivo de avaliar o grau de
tolerância a queimadas, na provincia central da Zâmbia.

a) Espécies intolerantes ao fogo


Espécies que não podem sobreviver a presença do fogo e, portanto, ocorrem somente onde estão
completamente protegidas de queimadas. A maioria são árvores verdes (por exemplo, Parinari
excelsa, Entandophragma delevoyi e Syzygium guineense (Willd.) DC.) e pequenos arbustos (por
exemplo, Artabotrys monteiroae, Landolphia spp. e Opilia celtidifolia (Guill. & Perr.) Endl. Ex
Walp.) (Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000).

b) Espécies que ocorrem em locais com queimadas


Espécies que baixam a sua frequência sob queima regular e aumentam sob protecção completa. A
maioria das espécies que dominam as copas (por exemplo, Julbernardia paniculata (Benth.)
Troupin, Isoberlinia angolensis, Brachystegia spiciformis Benth e B. longifolia) (Ribeiro et al.
2008b) são consideradas espécies que ocorrem em locais com predominância de queimadas, mas
com altas taxas de mortalidade de árvores adultas, sob queima tardia na estação seca (2,5% ano-1)
do que sob protecção completa (0,5% ano-1) ou que queima no início da estação seca (0,2% ano-1)
Trapnell, 1959; Frost, 1996; Ribeiro et al. 2008b. A regeneração de mudas dessas espécies foi
bastante reduzida, tendo sido registado menos de 7% do número de sobreviventes (queima tardia
na estação seca) do que no início da estação seca e apenas 2% do número sobreviveu nas condições
de protecção completa (Trapnell, 1959).

c) Espécies semi - tolerantes ao fogo


Como Maranthes polyandra, Uapaca kirkiana, U. pilosa, Baphia bequaertii, Pseudolachnostylis
maprouneifolia Pax e Strychnos pungens Solered. são relativamente pouco afectadas pela estação
seca de incêndios, e também pouco afectadas por queima final de estação seca (Trapnell, 1959;
Cauldwell & Zieger, 2000).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

d) Espécies tolerantes ao fogo


São aquelas capazes de sobreviver a incêndios regulares na estação seca como adultos ou mudas e
rebrotam após queimadas. Incluem árvores de copa como Pterocarpus angolensis DC.,
Erythrophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms, Pericopsis angolensis (Bak.) Van Meeuwen
e Parinari curatellifolia Planch, ex Benth. (Cauldwell & Zieger, 2000), e árvores do estrato médio
e arbustos tais como Uapaca nítida Muell.-Arg., Anisophyllea boehmii, Diplorhynchus
condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Strychnos innocua Del. e Maprounea africana Muell.-Arg.
(Trapnell, 1959; Frost, 1996; Cauldwell & Zieger, 2000). O grupo de Combretacea composto por
C. zeyheri, C. hereroense e T. stenostachya é altamente correlacionado com distúrbios e é
resistente a fogos e principalmente não é preferida por elefantes (Ribeiro et al. 2008b).

Uma das espécies mais comuns na floresta de miombo é a Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
Arg.) Pichon, é descrita como uma espécie resistente a queimadas (Trapnell, 1959; Lawton, 1978;
Ribeiro et al. 2008b; Hatton et al. 1994 apud Sitoe, 1999). Neste sentido, a frequência de fogos na
região (RNG) pode estar a dar vantagem a esta espécie comparada a outras. Hatton et al. (1994)
apud Sitoe (1999) trabalhando em uma floresta de miombo no norte de Moçambique encontrou
uma densidade de 144 árvores de Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon por hectare
em uma área periodicamente queimada enquanto em uma área protegida de fogos encontraram
uma densidade mais alta (328 árvores/ha) (Sitoe, 1999).

2.3. Regime das queimadas


Um percurso longo teve o conceito de regime de queimadas (Krebs, 2010; Dickmann & Cleland
[s/d]), até que actualmente é entendido como um conjunto de parâmetros que envolvem a
frequência, o tamanho da área queimada, a intensidade, o tipo de vegetação (Oom, 2014).
Nalgumas vezes mais variáveis têm sido acrescidas, como por exemplo, comportamento do fogo,
a duração das chamas, o grau de severidade causado nos organismos, o material combustível, os
ventos (Krebs, 2010; Dickmann & Cleland [s/d]) dependendo do objectivo em estudo. Para o
presente estudo foram considerados os factores restritos ao conceito, a intensidade, a frequência e
a sazonalidade.

12
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

a) Intensidade
A intensidade é definida como sendo a taxa de energia libertada pelo processo de combustão da
vegetação (Oom, 2014). Entre várias medidas usadas para determinar a intensidade do fogo (por
exemplo, calor por unidade de área, intensidade de reacção ou intensidade da linha de fogo), a
Potência Radiactiva de Fogo (FRP) (Giglio, 2005), tem ganhado maior aplicação nos estudos ou
pesquisas relacionadas, motivado pela teledetecção pelos satélites e vários sensores do sistema de
observação da terra (Oom, 2014). A potência radiactiva de fogo capaz de preencher uma área maior
dos pixeis (Justice et al. 2002) de 1km (MCD14ML) existentes dentro do sensor MODIS, é
considerado como tendo o poder de fogo maior (Oom & Duarte, 2014; NASA, 2018).

Não há dúvidas que fogos de maior FRP (alta intensidade) matam os animais e as plantas, e criam
alterações nas paisagens (comunidades) ecológicas que podem durar anos (Whelan, 2006), isso
exige que exista um programa de maneio de queimadas consistente em uma área de conservação.

Segundo Frost (1996) a intensidade do fogo, está ligada a produção de gramíneas resultantes da
precipitação da temporada anterior, a intensidade do pastoreio e a extensão da cobertura vegetal
lenhosa. A precipitação média anual na floresta de miombo em geral varia de 541 – 1721 mm,
enquanto a temperatura média anual varia de 14,9 a 25,30C (Campbell, 1996).

Implementar um regime de queimadas não é uma tarefa simples, implica necessariamente o


controlo de queimadas de alta intensidade, mas isso exige medidas de maneio constantes em
regiões com vegetação que pode desencadear queimadas de alta intensidade, o que se torna difícil
em áreas maiores (Ryan & Williams, 2011), como a RNG.

b) Frequência
A frequência quantifica a ocorrência de fogo por unidade de tempo e espaço (Oom, 2014). Soja et
al. (2006) sugere que a frequência deve ser interpretada como a área que queima anualmente.
Conceitos como intervalo de retorno das queimadas (IRQ) ou ciclo de queimadas são usados para
se relacionarem com a frequência de queimadas (Oom, 2014), e a sua abordagem esta muitas vezes
associada e apresentam uma elevada concomitância.

13
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Uma frequência de queimadas que ocorra de forma anual dentro do ecossistema de miombo tende
a converter estes ecossistemas em savanas (Ryan & Williams, 2011), entretanto, a ausência
completa de queimadas, torna o miombo fechado (Trapnell, 1959). Porém, os factores frequência
e a intensidade das queimadas afectam a estrutura, dinâmica e a constituição da vegetação das
florestas de miombo (Furley et al. 2008). Recentemente com o desenvolvimento das técnicas de
sensoriamento remoto tem fornecido dados mais concretos sobre o impacto dos fogos (Furley et
al. 2008; Schroeder et al. 2005; 2008) dentro da floresta de miombo.

c) Sazonalidade
Os incêndios de vegetação ocorrem principalmente durante a estação seca, quando a ignição, os
combustíveis e o clima de fogo coincidem no mesmo espaço e tempo. No entanto, os humanos têm
alterado muito a estação do fogo e os padrões de sazonalidade do fogo (Oom, 2014). De facto,
dentro do ecossistema do miombo seco, onde as precipitações não são geralmente superiores à
1000mm por ano, os incêndios ocorrem a cada 1 a 3 anos na seca de Maio a Outubro / Novembro,
com pico na estação final da seca (Agosto- Outubro) (Ribeiro et al. 2007).

Contudo, independentemente da intensidade do fogo, a sua ocorrência em diferentes momentos do


ano afecta as espécies de formas diferentes por causa da fenologia (história de vida) de cada espécie
(Braithwaite, 1987). Um avanço significativo na última década ocorreu na área de definição dos
“limites da tolerância” de muitas espécies de plantas ao regime de queimadas (Whelan, 2006),
dados de experiências continuam escassos para fornecer orientações sobre o maneio das queimadas
de acordo com cada espécie, actualmente limita-se a prescrição com base nas principais
características da fenologia da planta, como a sensibilidade ao fogo versus a habilidade de brotar
após o fogo, presença de um dormente versus banco de sementes transitório, tempo para a primeira
reprodução (Whelan, 2006).

d) Severidade
O impacto do fogo nas plantas vária de acordo com a intensidade e o tempo em relação à fenologia
da planta (Chidumayo, 1995; Frost, 1996), ou seja, dependendo da fase de desenvolvimento em
que a planta se encontra, os danos podem ser mais ou menos severos, podendo atingir o sistema
vascular ou provocar quedas de folhas. No final de estação seca, os incêndios em florestas de

14
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

miombo são mais intensos e mais destrutivos do que queimadas no início da época seca, quando
grande parte da vegetação é ainda verde e húmida (Frost, 1996; Soares et al. 2009).

2.4. Descrição do sensor Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS)


MODIS significa Spectroradiômetro de Imagem de Resolução
Moderada, o instrumento MODIS está a bordo dos satélites Terra (EOS AM) e Aqua (EOS
PM) da NASA Earth System Observing System (EOS). A órbita do satélite Terra vai de norte a
sul através do equador pela manhã e Aqua passa de sul a norte sobre o equador à tarde, resultando
em cobertura global a cada 1 a 2 dias. Os satélites EOS têm um padrão de varredura de ± 55 graus
e uma órbita a 705 km com uma largura de faixa de 2.330 km. O instrumento MODIS oferece 36
bandas espectrais de comprimentos de onda de 0,4 μm a 14,4 μm (Giglio, 2015).

Actualmente muitos produtos MODIS são processados na colecção 6 (Tabela 1), cada vez que há
necessidade de melhorar nos algoritmos de detecção dos sensores, são feitos reprocessamentos dos
dados para fornecer dados de melhor qualidade e consistentes (Giglio et al. 2015).

Tabela 1: Atributos dos dados MODIS C6


Atributo Breve descrição Longa descrição
Latitude Latitude Centro de 1 km de pixels de incêndio, mas não
necessariamente a localização real do fogo como um ou mais
incêndios podem ser detectados dentro do pixel de 1 km.
Longitude Longitude Idem
Brilho Temperatura de Canal 21/22 temperatura de brilho do pixel de fogo medido
brilho 21 (Kelvin) em Kelvin.
Digitalizar Ao longo do O algoritmo produz pixels de fogo de 1 km, mas os pixels
tamanho do pixel da MODIS aumentam em direcção à borda da
varredura varredura. Digitalizar e rastrear reflectir o tamanho real do
pixel.
Rastrear Tamanho de pixel O algoritmo produz pixels de fogo de 1 km, mas os pixels
ao longo da trilha MODIS aumentam em direcção à borda da
varredura. Digitalizar e rastrear reflectir o tamanho real do
pixel.
Acq_Data Data de aquisição Data de aquisição do MODIS.
Acq_Time Tempo de aquisição Tempo de aquisição / passagem do satélite (em UTC).
Satélite Satélite A = Aqua e T = Terra.

15
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Confiança Confiança (0-100%) Esse valor é baseado em uma colecção de quantidades de


algoritmo intermediário usadas no processo de
detecção. Destina-se a ajudar os usuários a avaliar a qualidade
dos pixels individuais de ponto de acesso / incêndio. As
estimativas de confiança variam entre 0 e 100% e são
atribuídas a uma das três classes de fogo (fogo de baixa
confiança, fogo de confiança nominal ou fogo de alta
confiança).
Versão Versão (colecção e A versão identifica a colecção (por exemplo, Colecção
fonte) MODIS 6) e fonte de processamento de dados: Perto em
tempo real (sufixo NRT adicionado à colecção) ou
Processamento Padrão (apenas colecção).
Processamento "6.0NRT" - Colecção 6 NRT.
"6.0" - Colecção 6 Processamento padrão.
Bright_T31 Temperatura de Canal 31 temperatura de brilho do pixel de fogo medido em
brilho 31 (Kelvin) Kelvin.
FRP Poder Radiactivo de Descreve o poder radiactivo de fogo integrado em pixels em
Incêndio MW (megawatts).
Dia noite Dia noite D = Dia, N = Noite
Fonte: URL:http://landweb.nascom.nasa.gov/cgi-bin/QA_WWW/newPage.cgi (2018)

2.4.1 Satélites Terra e Aqua


O satélite Terra (EOS AM) foi lançado em 18 de Dezembro de 1999 e o Aqua (EOS PM) foi
lançado em 4 de Maio de 2002. As observações de ponto de acesso / activo de alta qualidade estão
disponíveis no satélite Terra a partir de Novembro de 2000 e do satélite Aqua a partir de 4 de Julho
de 2002 (Giglio, 2015).

2.4.2. Produto MODIS MCD14ML (Produto global de localização de fogos)


O produto de fogo activo MODIS (MCD14ML) detecta incêndios em pixéis de 1 km que esteja
queimando no momento da passagem da varredura em condições relativamente livres de nuvens
usando um algorítmo contextual, onde os limiares são aplicados pela primeira vez à temperatura
de brilho infravermelho médio e infravermelho observado e, em seguida, detecções falsas são
rejeitadas examinando a temperatura de brilho em relação aos pixéis vizinhos (Giglio et al. 2003).

Esse algorítmo percorre várias etapas, que basicamente consistem em: (i) produzir máscaras de
pixeis que não são de fogo (particularmente nuvens e água); (ii) em seguida, procura por pixeis

16
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Do Gilé.

potenciais de incêndio, que são identificados como aqueles com temperaturas de brilho dentro e
entre as bandas de 4 μm e 11 μm que são significativamente mais altas do que as dos pixeis
vizinhos ou de fundo (onde "significativamente mais alto" é definido por uma série de limiares
relativos); e finalmente (iii) verificar falsos alarmes, particularmente devido ao brilho do sol e à
definição imprecisa de pixels de fundo próximos a desertos ou costas (do mar ou de corpos de água
doce) (Klerk, 2008; Giglio 2005; Giglio et al. 2003; Li et al. 2003). Este produto pode ser baixado
no formato shapefile ou ASC, e são geradas tabelas de atributos com as seguintes características
(Tabela 2).

Tabela 2: Sumário das colunas geradas no produto MCD14ML (focos activos)


Coluna Nome Unidade Descrição
1 YYYYMMDD - UTC ano (YYYY), mês (MM)
2 HHMM - UTC horas (HH) e minutos (MM)
3 sat - Satélite: Terra (T) ou Aqua (A)
4 lat Graus Latitude do centro do pixel detectado o fogo
5 lon Graus Longitude do centro do pixel detectado o fogo
6 T21 K Banda 21, brilho da temperatura do pixel detectado o
fogo
7 T31 K Banda 31, brilho da temperatura do pixel detectado o
fogo
8 Amostra - Número da amostra (intervalo de 0 - 1353)
9 FRP MW Poder radiactivo do fogo (FRP)
10 conf % Confidência da detecção (0-100)
11 Tipo - Tipo de inferência ponto que:
0 = Presumível fogo da vegetação
1 = Vulcão activo
2 = Outras terras estáticas
3 = No mar
Fonte: Adaptado de Giglio, 2013

2.4.2.1. Problemas relacionados ao MCD14ML


Os produtos MCD14ML são gerados a partir do reprocessamento do MCD14DL, este é um
produto em tempo real (NRT) e podem estar sujeitos a erros de localização geográfica ou
reprocessamento. O produto MODIS NRT usa dados de previsão e não definitivas dos locais
de incêndio activo ou anomalias térmicas, contrariamente ao MCD14ML (Produto Padrão) (que

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fornece os dados disponíveis com um atraso de 3 meses). A diferença entre a NRT e as versões
padrão do produto é frequentemente inferior a 100 metros, no entanto, há situações,
particularmente antes e depois das manobras de naves espaciais e durante os eventos climáticos
espaciais, em que a diferença pode aumentar até vários quilómetros. A recomendação da Earth
Observing System Data and Information System (EOSDIS) é utilizar os dados padrão do produto
que são reprocessados usando os dados definitivos de atitude e efemérides (Giglio, 2016).

2.4.3. Produto MODIS MCD64A1 (MODIS/Terra+Aqua Area queimada mensalmente L3


Grelha Global de 500 m SIN)
O produto MODIS MCD64A1 é gerado através de algoritmos híbridos numa grelha de 500m com
base em observações de fogos activos de 1km (Ruiz et al. 2014; Giglio et al. 2016; Giglio et al.
2018b). Os algoritmos estão sequenciados em várias etapas para mapear áreas após queimadas,
primeiro constrói-se uma série de dados diários válidos nas bandas 1 (0.620–0.670 μm), 5 (1.230–
1.250 μm) e 7 (2.105–2.155 μm) com as devidas reflectâncias por cada píxel (Giglio et al. 2018).
Depois, queimadas diárias são fornecidas para elaborar um índice de vegetação (VI = (Banda 5 – Banda
7)/(Banda 5 + Banda 7)) (Giglio et al. 2016) os valores com descida abrupta de VI são usados como
um sinal de detecção de áreas queimadas (Giglio et al. 2018b).

O algorítmo que analisa as análises diárias de VI, cria duas séries de dados um considerando 10 dias
antes, e outro 10 dias depois, em ordem para calcular as estatísticas descritivas e definir a separação
temporal, e o rendimento da composição das imagens desse parâmetro (Ruiz et al. 2014; Giglio et al.
2016).

É aplicado um filtro sobre os pixéis da máscara de fogos activos, que fornece o mecanismo para a
selecção e treinamento das definições da área queimada / não queimada (Giglio et al. 2018b). O
algorítmo seguinte fórmula uma probabilidade condicional de acordo com a densidade. O resultado
desta etapa resulta numa classificação inicial (queimado/não queimado) para cada pixel de 500metros.
Finalmente o algoritmo usa uma condição de vizinhança para refinar a classificação inicial e analisando
a área queimada ou não queimada e o estado de 8 pixéis mais próximos (Giglio et al. 2018b; Giglio et
al. 2016; Ruiz et al. 2014).

18
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

O produto gerado tem as seguintes características (Tabela 3) que são fornecidos em ficheiros diferentes
quando baixado em formato tif ou num único ficheiro quando baixado no formato hdf (Hierarchical
Data Format) (Giglio et al. 2018).

Tabela 3: Características dos dados do produto MCD64A1 (áreas queimadas)


Nome Descrição Unidades Tipo de Valor do Intervalo Factor
abreviado dado preenchimento do dado de escala
valido
Data da Dias do Dias do Assinado 0 = não 0 a 336 Não
queima ano da ano inteiro queimado aplicável
queimada de16 bit -1=preenchido
-2=água
Dia da Estimado Dias Assinado 0 0 a 100 Não
queima incerta da inteiro de aplicável
incerto queima 8 bit
QA Indicador Espaço de Não Não aplicável 0 a 255 Não
de garantia bits assinado aplicável
de inteiro de
qualidade 8 bit
Primeiro Primeiro Dia do ano Assinado -1=preenchido 0 a 366 Não
dia dia do ano inteiro de -2=água aplicável
de registo 16 bit
da
mudança
Último dia último dia Dia do ano Assinado -1=preenchido 0 a 366 Não
do registo inteiro de -2=água aplicável
da 16 bit
mudança
Fonte: Adaptado de Giglio et al. 2018

2.4.3.1. Problemas relacionados ao produto MCD64A1


Queimadas realizadas em campos agrícolas são geralmente mapeadas com muitas dificuldades o
que afecta o resultado, podendo ser mapeada de forma errada. O produto MCD64A1 registou uma
interrupção nos meses de Agosto de 2000 a Junho de 2001 (Giglio et al. 2018b).

2.5. Modelo estatístico Getis-Ord Gi*


A ferramenta Hot Spot Analysis calcula a estatística do Getis-Ord Gi* (Getis & Ord, 1992) para
cada característica em uma base de dados. Os resultados z-score e p-values indicam onde a
característica está espacialmente distribuída em agrupamentos com valores altos ou baixos

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(Anselin, 1995). Esta ferramenta trabalha olhando para cada característica dentro do contexto das
características vizinhas. Uma característica com um valor alto é interessante, mas pode não ser um
hotspot com significância estatística (ESRI, 2017), pois precisa estar distruibuido no seu entorno
com outras características com valor alto. A estatística Gi *, por outro lado, é um índice de auto
correlação espacial. É mais adequado para discernir estruturas de cluster de alta ou baixa
concentração (Manepalli et al. 2011). A fórmula (Equação 1) estatística do Gi* pode ser
representada da seguinte forma:
∑𝑛
𝑗=1 𝑤𝑖𝑗 𝑥𝑗
𝐺𝑖∗ = ∑𝑛
Equação 1
𝑗=1 𝑥𝑗

Onde: Gi * é a estatística da auto correlação espacial (SA) de um evento sobre n eventos. O termo
xj, caracteriza a magnitude da variável x em eventos j sobre todos n.

O modelo de análise estatística espacial é muito usado por vários autores (Oom e Duarte, 2014,
Gajović & Todorović, 2013) para analisar o grau de distribuição dos focos de incêndios em áreas
de floresta nativas, e permite visualizar o grau de aglomeração e incidência sobre uma determinada
localização.

2.6. Teste t
O teste t de Student (Equação 2) consiste em fazer comparação entre duas médias (Padovani, 2014)
de uma (ou duas) amostra quando não se conhece a variância da população e o tamanho da amostra
for grande (Fernandes, 1999), desde que os dados estejam distribuídos de uma forma normal. A
estatística do teste é dada pela equação:
̅̅̅
(𝑌 ̅̅̅
1 −𝑌 2 )−(𝜇1 −𝜇2 )
𝑇= 1 1
Equação (2)
2( + )
√𝑠𝑝 𝑛1 𝑛2

Onde: 𝑌̅1 e 𝑌̅2 = Médias aritméticas das amostras


𝜇1 e 𝜇2 = Médias das variáveis aleatórias
𝑠𝑝2 = Variância das amostras
𝑛1 e 𝑛1 = Tamanho da amostra

Vários estudos realizados (Ben-Shahar, 1998; Mapaure & Campbell, 2002; Chidumayo, 2002;
Chidumayo & Kwibisa, 2003; Banda et al. 2006) têm aplicado o teste t para descobrir a

20
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

significância das diferenças entre duas amostras, por exemplo, Banda et al. (2006) fez o cálculo
de diferenças entre área basal e densidades; Chidumayo & Kwibisa (2003) em pesquisa sobre
efeitos do desmatamento na biomassa do capim e o estado nutricional do solo na floresta de
miombo utilizou o teste t para comparar se as diferenças são significativas entre a biomassa de
capim e dados de nutrientes do solo.

Chidumayo (2002) realizou um estudo sobre mudanças no ecossistema de miombo da zona central
da Zâmbia sob diferentes posses e usos de terra, e calculou o teste t para descobrir se as diferenças
eram significativas ou não na distribuição espacial e temporal das plantas. Mapaure & Campbell
(2002) também aplicou o teste t para descobrir se as diferenças são significativas entre dois
períodos, e entre uma área de conservação e terras comunitárias. Ben-Shahar (1998) utilizou o
teste t para comparar diferenças anuais em termos de densidade de plantas, o número de plantas
afectadas por elefantes, o número de plantas afectadas por queimadas.

2.7. Análise de Variância (ANOVA)


A análise de variância é a técnica estatística que permite avaliar afirmações sobre as médias de k
populações em níveis do factor e decidir se as diferenças amostrais observadas são reais ou casuais
(Milone, 2004).

A ANOVA (de ANalysis Of VAriance) deve atender a alguns pressupostos, (1) as amostras são
aleatórias e independentes, (2) os dados estão distribuídos de forma normal e (3) apresentam
homogeneidade das variâncias (Fernandes, 1999; Milone, 2004).

Tabela 4: Tabela resumo da análise de variância (de um factor)


Fonte Soma dos Graus de Média dos quadrados v.a. F
quadrados liberdade
Tratamentos SQT K-1 𝑆𝑄𝑇 𝑀𝑄𝑇
𝑀𝑄𝑇 = 𝐹=
𝑘−1 𝑀𝑄𝑅
Erros SQR 𝑘 𝑆𝑄𝑅
∑ 𝑛𝑗 − 𝑘 𝑀𝑄𝑅 =
𝑗=1 ∑𝑘𝑗=1 𝑛𝑗
−1

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Do Gilé.

Total STQ 𝑘
∑ 𝑛𝑗 − 1
𝑗=1

Onde: SQT = Soma dos quadrados dos tratamentos (Equação 3)


𝑆𝑄𝑇 = ∑𝑘𝑗=1 𝑛𝑗 (𝑦̅𝑗 − 𝑌̅)2 Equação (3)

SQR = Soma dos quadrados dos resíduos (Equação 4)


𝑛𝑗
𝑆𝑄𝑅 = ∑𝑘𝑗=1 ∑𝑖=1(𝑦𝑖𝑗 − 𝑌̅)2 Equação (4)

STQ = Soma total dos quadrados (Equação 5)


𝑛 𝑛
𝑆𝑇𝑄 = ∑𝑘𝑗=1 ∑𝑖=1
𝑗
(𝑦𝑖𝑗 − 𝑌̅)2 = ∑𝑘𝑗=1 𝑛𝑗 (𝑦̅𝑗 − 𝑌̅)2 + ∑𝑘𝑗=1 ∑𝑖=1
𝑗
(𝑦𝑖𝑗 − 𝑦̅𝑗 )2 Equação (5)

A orientação para a tomada da decisão é rejeitar H0 sempre que Fcalculado > Fcritico, (Fernandes, 1999)
de outra forma Fcal ≈ 1 indica variâncias aproximadamente iguais e aceitação de H0; Fcal > 1 sugere
aceitar H1 (Milone, 2004). De acordo com a fonte de variação, ou seja, o número dos efeitos
aplicados, a ANOVA pode ser desenvolvida para um factor de variação (one way) ou dois factores
(two way) (Spiegel, 1993) com ou sem interacção (Kazmier, 1982).

Grundy (1995), estimando a biomassa lenhosa no miombo seco no Zimbabwe, utilizou ANOVA
para analisar a regeneração de árvores combinando diâmetros e alturas das espécies. Mapaure &
Campbell, 2002 aplicou análise de variância para testar a significância nas diferenças de taxas de
mudanças na cobertura lenhosa entre dois períodos, e entre uma área de pesquisa de vida selvagem
(SengwaWildlife Research Area – SWRA) e terras comunitárias.

22
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

CAPÍTULO III

3. Materiais e Métodos
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Localização geográfica
A Reserva Nacional do Gilé foi criada, em 1932, na altura cobria uma área de pouco mais de 5.000
km2 (Diploma Legislativo N⁰. 4183) (MAE, 2014). Foi concluído pelo Governo-Geral de
Moçambique na altura (23 de Julho de 1960) que os limites da Reserva do Gilé eram demasiados
vastos e contrariavam o desenvolvimento económico da região (Mocambique, 1960).

Actualmente a RNG (Figura 1) possui uma área de cerca de 2.861km2, distribuídos em dois
distritos nomeadamente Gilé (40% da área da reserva) e Pebane (60% da área da RNG), na
província central da Zambézia, entre as coordenadas, 16° 50′ 57″ de latitude Sul e 38° 21′ 10″
de longitude Este (Fusari et al. 2010). Actualmente a zona tampão (ZT) cobre uma área de cerca
de 1.526 km2.

Figura 1: Localização Geográfica da Reserva Nacional do Gilé, na Província da Zambézia.

23
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Fonte: Cenacarta (2017)

A RNG está dividida em 16 zonas1 que também são chamadas de zonas de monitoria (Tabela 5),
que foram definidas com base em características peculiares, como por exemplo, frequência de
algumas espécies de fauna/flora, relevo, para além da densidade das espécies de flora e de fauna,
a área de cada uma das zonas varia de 87 km2 a 261 km2.

Tabela 5: Zonas de monitoria da RNG

Nome Zona Área em % da área de cada


(km2) zona sobre a RNG
Molocue 156,0 5,5
Musseia 86,6 3,1
Pope 106,3 3,8
Nassere 96,0 3,4
Namixelelene 156,8 5,5
Nasseco 261,3 9,2
Mucussa 173,2 6,1
Malema 167,0 5,9
Naivocone 222,9 7,9
Mirawe 208,0 7,3
Etaga 198,3 7
Namurrua 214,6 7,6
Lice 209,2 7,4
Mulela 172,8 6,1
Nakololo 233,6 8,2
Nrepele 169,5 6
Total 2832,1 100
Fonte: Plano de fiscalização da RNG (2018), (não publicado)

3.1.2. Hidrologia
Os três rios principais que cruzam a reserva são: Mulela, que forma o limite oeste da RNG,
Molocuè, que constitui o limite leste da RNG e o Malema que é o principal curso de água dentro
da RNG. Outros rios permanentes de uma certa importância são o Naivocone no Norte, Nakololo,

1
As zonas estão estabelecidas actualmente no plano de fiscalização que a RNG se orienta no dia-a-dia das actividades,
o objectivo é facilitar a monitoria das actividades desenvolvidas. Ainda não existe uma publicação sobre os métodos
usados para a definição dessas zonas ao longo da RNG.

24
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Malemacuculo e Mucussa dentro da RNG, o Muipige e o Enrorue no sector sul (Figura 1). Não
são presentes lagos ou lagoas permanentes dentro da RNG e da sua ZT (Fusari et al. 2010; Boletim
Oficial de Moçambique, I serie, número 30, de 23 de Julho de 1960).

3.1.3. Clima
O clima da área enquadra-se na zona climática definida como “Zona de chuvas em período de
verão tropical (tropical summer-rainfall climatic zone) (White, 1983 apud Fusari, et al. 2010).
Existe um período chuvoso intenso e bem definido entre os meses de Novembro e Abril, alternado
com um período seco no restante período do ano (Maio a Outubro).

A precipitação média anual varia entre os 800 e os 1.000 mm. A precipitação anual registada para
o período 1995-1999 no Distrito de Gilé foi de 1.122 mm, de acordo com os dados fornecidos
pelos Serviços Distritais de Apoio Económico (Fusari, et al. 2010). Actualmente as precipitações
médias anuais são acima dos 800mm, chegando a 1.200 ou mesmo 1.400mm, concentrando-se no
período compreendido entre Novembro de um ano e finais de Março podendo localmente estender-
se até Maio (MAE, 2014).

A evapotranspiração potencial regista valores médios na ordem de 1.000 e 1.400 mm (MAE, 2014;
Fusari et al. 2010). As temperaturas variam substancialmente durante a época seca, de cerca de
13˚C (média mínima em Junho) a 35.7˚C (média máxima em Outubro), com médias ao redor de
24-26˚C, permitindo o reconhecimento de uma época seca e fria muito precoce entre Maio e
Agosto, e uma época seca e quente entre os meses de Setembro e Outubro (Fusari et al. 2010;
MAE, 2014).

No distrito de Pebane predomina o clima tropical húmido, com duas estações bem distintas, sendo
uma quente e chuvosa que vai de Agosto a Março e outra fresca e seca, de Abril a Julho. É
caracterizado por possuir temperaturas elevadas, com a média anual superior a 20ºC e precipitação
abundante, com média anual de 1400 mm. A humidade é alta chegando a atingir os 90 a 100% na
época quente e de chuvas (MAE, 2014).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

3.1.4. Geologia e solos


A geologia da área inclui duas séries pré-cambrianas altamente metamorfoseadas e deformadas,
localmente invadidas por intrusões de granito e diques de pedras básicas. A primeira série (Greises
Regional) representa a mais antiga e é associada com a magnetite branca, amarelada ou verde,
contendo quartzito. A segunda série (meta-sedimentária) é composta principalmente de quistos
que contém paragresis, arenitos e quartzito (Dutton et al. 1973 apud Fusari et al. 2010).

Dois tipos de solos diferentes são observáveis na área: 1) terra arenosa clara e 2) terra argilosa
vermelha cujas distribuições são bastante irregulares dentro da RNG e a sua ZT (INIA, 1994).
Ambos solos têm um baixo grau de fertilidades, sendo também bastante susceptíveis à erosão
pluvial, mantendo dificilmente elevados níveis de nutrientes e sais minerais (Fusari et al. 2010).

3.1.5. Vegetação
A Reserva Nacional do Gilé e a sua ZT abrigam principalmente uma floresta de miombo notável,
alternada por várias áreas abertas de savana. Uma vegetação ribeirinha intacta decorre nos bancos
dos numerosos cursos de água (MAE, 2014, Fusari et al. 2010). Considerando a cobertura da copa
e a composição de espécies, são identificados seis tipos diferentes de cobertura vegetal: 1) matagal
aberto; 2) floresta aberta de baixa altitude; 3) floresta fechada de baixa altitude; 4) formação
herbácea arborizada; 5) formação herbácea; 6) Arbustos baixos (Fusari et al. 2010).

Um total de 253 espécies de plantas foi registado mostrando a grande diversidade e o bom estado
de conservação da vegetação (Fusari et al. 2010). Outrossim, as tipologias florestais mais
dominantes na RNG são florestas abertas de baixa altitude (Open woodland) com uma área de
cerca de 47.36%, o matagal aberto (Bushland) ocupando uma área de cerca de 43,66% (Fusari et
al. 2010).

Entretanto, no relatório do III Inventário Florestal Nacional realizado por Marzoli (2007),
constatou que a RNG está coberta aproximadamente de 95% da sua área por florestas densas
decíduas, e 5% de áreas cultivadas, que se localizam na região sudoeste (3%) e sudeste (2%), estes
dados foram produzidos a uma escala nominal de 1:1 000 000, e foi realizado com objectivo de

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

apresentar uma mapa de cobertura de terra a nível nacional, com base em imagens de satélites e o
conhecimento dos especialistas ou técnicos envolvidos no inventário.

O relatório do IV IFN elaborado por Magalhães (2018), não aborda em detalhes sobre os tipos de
cobertura das áreas de conservação, sobretudo da RNG consta no relatório que aproximadamente
90% da sua área é composta por florestas, e outros 10% estão distribuídos em área que não é
floresta nas regiões noroeste e sudoeste.

De acordo com a classificação da vegetação de Moçambique proposta por Wild e Barbosa (1967),
a floresta de miombo da RNG corresponde à Unidade 24, definida como Miombo decíduo de baixa
altitude (Deciduous miombo woodland-lowland type). Este tipo de vegetação encontra-se em
altitudes incluídas entre 100m e 200m, com precipitações anuais entre 800-1000mm e geralmente
as espécies dominantes são Brachystegia spiciformis Benth., B. boehmii e Julbernardia globiflora
(Benth.) Troupin, com comunidades de “Acacia-Combretum” (Fusari et al. 2010).

Segundo a classificação proposta por White (1983), o território da RNG seria incluído na “Floresta
Zambeziaca Seca de Miombo” (Vegetation Type n. 26 “Dry Zambezian Miombo Woodland), com
árvores normalmente entre os 12m e 18m de altura e com cobertura da copa superior a 40% e
camadas inferiores com arbustos e ervas (Fusari et al. 2010).

Um reconhecimento da vegetação da RNG baseado em análise das imagens satélite e critérios de


classificação hierárquicos permitiu definir novas2 categorias de grupos de vegetação (Prin, 2008).
Conforme os resultados deste estudo (Tabela 6), é possível reconhecer 4 associações principais na
vegetação da RNG, nomeadamente:

Tabela 6: Categorias de vegetação definidas por Prin (2008).

Julbernardia globiflora e Dalbergia nitidula;


Áreas de florestas densas com prevalência de
Dalbergia nitidula e Brachystegia spiciformis;

2
Novas categorias referidas por Prin (2008) deve-se entender o uso da expressão “novas categorias” apenas como
uma escala nominal nova de acordo com a classificação de Prin (2008), porém as espécies presentes nestes
agrupamentos já haviam sido distinguidas por White (1983), Wild e Barbosa (1967).

27
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Diplorhynchus condylocarpon, Combretum


adenogonium e Brachystegia boehmii;
Áreas de savana abertas com prevalência de Hymenocardia acida e Parinari curatellifolia.

3.1.6. Fauna
Presentemente, a lista dos mamíferos da RNG inclui 67 espécies das seguintes 11 ordens: Primates
(5 espécies); Insectivora (2 espécies); Macroscelidea (2 espécies); Lagomorpha (2 espécies);
Rodentia (16 espécies); Carnivora (19 espécies); Artiodactyla (16 espécies); Hyracoidea (2
espécies); Pholidota (1 espécies); Tubulidentata; Proboscidea (1 espécies) (Fusari et al. 2010).

3.1.7. Regime de queimadas na RNG


O fogo é usado de duas maneiras diferentes na RNG: 1) para matar directamente pequenos animais
que vivem no chão, tais quais como roedores e os esquilos elefante, ou para detectar as suas crias;
2) para limpar a floresta para abertura de machambas, facilitando a caça por armadilhas ou redes
(Fusari et al. 2010; RAPPAM, 2010). De acordo com Fusari et al. (2010) as queimadas ocorrem
na RNG com uma periodicidade anual, afectando seriamente a vegetação e a fauna desta área. Por
vezes as queimadas têm uma origem natural, é o caso do relâmpago, que ao fim do período seco
(Setembro/Outubro), podem incendiar grandes quantidades de matéria orgânica morta acumulada,
porém esta possibilidade é muito rara (Fusari et al. 2010).

A intensidade de fogos pode ser assumida como bastante variável em resposta a diferentes cargas
de combustível do estracto gramínal e da época de queima (Soares et al. 2008, 2009; Fusari et al.
2010). O período prolongado de falta de chuva deixa uma vegetação bastante seca e permite o
acúmulo de folhas e outro material vegetal morto, criando as condições ideais para a ocorrência
dos fogos (Batista, 2004).

Maúnze (2016) constatou que o regime de queimadas na RNG é caracterizado por elevada
frequência de queimadas na região central (Figura 2), apresentando frequência média de 4 vezes
ao ano, um intervalo de retorno médio de 3,9 anos. Num intervalo de 10 anos a reserva foi afectada
por queimadas em cerca de 41,99 % da sua extensão total.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Figura 2: Distribuição da Frequência de Queimadas na Reserva Nacional do Gilé (período 2004 a


2014; Maúnze, 2016.

Serrote (2017) ao fazer o diagnóstico de queimadas usando imagens de satélite constatou que o
maior risco de queimadas na RNG verifica-se nas regiões dominadas por gramíneas (savana),
seguida de floresta aberta, floresta densa e matagal médio, encontram-se situadas ao longo das
regiões Sudeste e Nordeste da reserva, fazendo fronteira com a EN 324 que liga os distritos de
Pebane e Gilé (Figura 3). Serrote (2017) não apresenta os dados sobre a frequência média das
queimadas e o intervalo médio de retorno de queimadas, pois não constituía objectivo do seu
estudo.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Figura 3: Mapa de Serrote (2017) que relaciona a distribuição dos focos de incêndios florestais
de 2007 à 2016 na RNG.

3.1.8. Principais actividades da população local


A população residente na zona tampão da reserva é estimada em cerca de 29.605 habitantes, dos
quais 9.979 são homens e 10.198 mulheres, a população está distribuída por 4.986 agregados
familiares (Materrula et al. 2010). A grande maioria das famílias que vivem na área está envolvida
em actividades agrícolas de subsistência (Fusari et al. 2010).

30
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

As pessoas que vivem na ZT praticam a agricultura (produção de mandioca, amendoim, gergelim,


milho). O solo a nível das localidades não é muito fértil e muitos dos nativos fazem suas
machambas nas proximidades do rio Molocuè, na outra margem do limite da RNG. As pessoas da
comunidade circunvizinha criam alguns animais domésticos em pequena escala como cabritos,
porcos, galinhas do mato, ovelhas, coelhos e alguns patos (Materrula et al. 2010; Fusari et. al.,
2010). Na comunidade existem relatos de caça furtiva silenciosa tanto no interior da reserva como
na ZT, em geral caçam gazelas, lagartos, aves e por vezes ratazanas, com recurso ao fogo
(Materrula et al. 2010; Fusari et al. 2010).

3.2. Aquisição dos dados de satélite


Para efeitos deste estudo, foram usados dados dos satélites MODIS (Moderate Resolution Imaging
Spectroradiometer) Aqua e Terra, no período compreendido de 01/01/2014 a 31/12/2018, com o
objectivo de elaborar um mapa de frequência de queimadas e identificar locais com maior número
de fogos activos dentro da RNG. Os estudos sobre o regime de queimadas realizados anteriormente
na RNG cobriram os períodos de 2004-2017 (Maúnze, 2016; Serrote, 2017 e EtcTerra-Fundação
IGF, 2017). Assim, para o presente estudo optou-se pelo período de 2014 a 2018 por forma a
actualizar a informação existente.

Dados do satélite MODIS, foram obtidos de forma gratuita através da internet. O produto de fogos
activos da colecção 6 (MCD14ML), foi obtido através do servidor ftp://fuoco.geog.umd.edu
(Giglio et al. 2018a). O produto área queimada (MCD64A1) foi baixado do servidor
ftp://ba1.geog.umd.edu, ambos produtos são distribuídos pela Universidade de Maryland (Estados
Unidos da América), e o download foi efectuado com recurso ao software, FileZilla FTP Client
3.43.0 (Kosse, 2018), (Giglio et al. 2018b; Giglio et al. 2016).

O arquivo em formato Geotiff (Georeferenced Tagged Image File Format) (Figura 4) é derivado
dos arquivos em HDF para usuários que preferem usar os arquivos em formato Geotiff (Giglio et
al. 2018). Estes apresentam dois arquivos um com o nome, burndate (data da queimada) que
contém dados em dias julianos em que foi registada a queimada e outro com o nome ba_qa
(avaliação da qualidade), que contém informação da qualidade da queimada ou o grau de
confiabilidade (Giglio et al. 2016; 2018b).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Figura 4: Cobertura das camadas do produto MCD64A1 no formato Geotiff. Fonte: Adaptado de
Giglio et al. 2018

3.3. Pré-processamento dos dados


3.3.1. Pré-processamento do produto MODIS MCD14ML
O pré-processamento dos dados foi efectuado no software ArcGIS versão 10.2.1 (ESRI, 2013) e
Microsoft Excel (2013), com recurso a ferramentas relacionadas com a tabulação e as tarefas de
corte, recorte e projecção dos dados. Os dados do produto MCD14ML estão no formato de ASCII
(Código Padrão Americano para o Intercâmbio de Informação) – texto, fornecidos em planilhas
que podem ser visualizadas no Excel. Para a conversão do formato de shapefiles (dados vectoriais)
foi necessário configurar as colunas considerando que o carácter de separação é a tecla backspace
(espaço) e de seguida os arquivos salvos no Excel foram abertos no ArcMap onde foram
apresentados de acordo com as coordenadas de cada ponto.

Estes pontos representam focos de queimadas, que foram recortados para a área de estudo e
submetidos a uma correcção da projecção geográfica para WGS_1984_UTM_Zone_36S, com
recurso à ferramenta reproject. O produto MODIS MCD14ML da colecção 6, não carece de
procedimentos de correcções geométricas, radiométricas e/ou atmosféricas, pois anomalias
relacionadas a estas correcções são efectuadas dentro dos algoritmos de processamento
(mascaramento das nuvens; identificação de potenciais pixéis de fogos e caracterização de fundo)

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

(Giglio et al. 2016; 2018a) das imagens antes de serem fornecidas para os usuários finais Giglio
et al. (2016).

Foi feita uma exclusão dos focos com um nível de confiança (confidence) abaixo de 80%, pois
estes podem estar associados a focos de baixa intensidade (baixo valor de FRP) e a falsos alarmes
(Gajović & Todorović, 2013), como por exemplo, limpeza controlada de campos agrícolas
localizadas dentro da reserva ou na ZT, e outras queimadas derivadas de perseguição de animais.

Para usuários que queiram trabalhar com poucos falsos alarmes, Giglio et al. (2018a) sugere que
excluam fogos de baixa confiança (menor que 50%). Porém, vários autores (Cangela, 2014;
Maúnze 2016; Serrote, 2017; Ribeiro et al. 2017) usaram um nível de confiança de 80% para
extrair focos de queimadas, como este nível (80%) está acima do recomendado por Giglio et al.
(2018a) torna as operações mais confiáveis. A operação de exclusão de focos de baixa confiança
foi realizada com base na ferramenta Select by atributtes, tendo sido seleccionada a categoria
confidence maior ou igual a 80, e de seguida foram exportados (Export data) para uma nova
camada de mapa.

Posteriormente foram adicionados (Add data) shapefiles contendo informação à cerca dos rios,
estradas e divisão administrativa da província da Zambézia (fornecidos pela Cenacarta),
particularmente dos distritos de Pebane e Gilé. Estes dados foram recortados (Select by mask) para
corresponder à RNG.

3.3.2. Pré-processamento do produto MODIS MCD64A1


O pré-processamento dos dados obtidos por meio do instrumento MODIS foi realizado no ArcMap
10.2.1 (ESRI, 2013), com base nos métodos de estatísticas espaciais, análise espacial, análise
temporal, descrição e visualização.

As imagens foram baixadas no formato GEOtiff, e pré-processadas no ArcMap (Giglio et al.


2018), devendo para tal activar as extensões spatial analyst, no menu Customize, opção extensions.
Todos os arquivos (burndate) foram submetidos a uma nova projecção com recurso a ferramenta
Raster projection (batch – permite projectar vários ficheiros em simultâneo), normalmente estes

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

produtos encontram-se projectados em Plate-Carrée projection, a nova projecção foi para o World
Geodetic Sistem - WGS_1984_UTM_Zone_36s, e recortados para a RNG, com base na ferramenta
Extract by mask.

3.4. Processamento dos dados


3.4.1. Processamento do produto MCD14ML
Com base nos focos foi realizado a análise Getis-Ord Gi* (Getis & Ord, 1992) no ArcMap, que
permitiu distinguir seis regiões com padrões diferentes de focos (zona fria - 99% Significância,
zona fria - 95% Significância, zona fria - 90% Significância, não significante, zona quente - 90%
Significância, zona quente - 95% Significância, zona quente - 99% Significância) considerando a
força radiátiva do fogo, este modelo permitiu a produção do mapa de Kernel. Deste conjunto foram
extraidas duas regiões (zona quente - 95% Significância, zona quente - 99% Significância) pois
possuíam significância estatística (p<0.05) (ESRI, 2017) e são tratadas como zona de ocorrência
de queimadas de alta intensidade, as quatro restantes regiões foram tratadas todas como zonas de
ocorrência de queimadas de fraca intensidade.

Este procedimento foi realizado com recurso as ferramentas Select by atributtes (seleccionar com
base nos atributos) e Export data (exportar os dados para uma nova camada). A análise Getis-Ord
Gi* está disponível na caixa de ferramenta Spatial Statistics Tool, onde no espaço de Input field
(campo de entrada de dado) foi seleccionada a coluna de FRP.

Observou-se que os focos situados na região “zona fria” (Cold Spot) possuem um FRP menor que
21.6Mw e os focos situados nas regiões “zona quente” (Hot Spot) possuem FRP maior que
21.6Mw, na verdade o modelo Getis-Ord Gi* faz esta classificação de forma autónoma,
considerando o global dos valores a serem analisados (Anselin, 1995). Porém não existe um
consenso absoluto sobre os valores de FRP acima dos quais pode se considerar queimadas de alta
intensidade, ou um valor abaixo de FRP que se pode considerar queimadas de baixa intensidade,
como revelam os trabalhos de Giglio et al. (2006) e Oom (2014) que serão apresentados e
discutidos no capítulo IV.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

O mapa de kernel (núcleos) foi elaborado com recurso a ferramenta IDW (do inglês, Inverse
Distance Weighting, que significa ponderação da distância inversa) (Ikechukwu et al. 2017),
dentro da caixa de ferramentas Spatial analyst tools (interpolation → idw), na caixa Input point
features foi seleccionado os pontos hotspot produzidos pelo modelo Getis-Ord Gi*, e seleccionado
a coluna FRP para a caixa Z value field, o tamanho da célula foi alterado para corresponder ao
mesmo tamanho das células do produto MCD64A1 (250x250m). Na caixa de ferramenta
Enviroments foi definido a extensão do processamento (Process extent) RNG. Este mapa permite
uma melhor visualização das regiões onde ocorrem queimadas de alta intensidade.

3.4.2. Processamento do produto MODIS MCD64A1


Os arquivos burndate foram filtrados usando 0 a 366 dias (Giglio et al. 2016), no Raster
Calculator, tendo sido apresentados resultados binários com o número “0” a significar área não
queimada e “1” área queimada. Com a ferramenta Raster Calculator foi feita a operação de adição
de todas as imagens resultantes da filtragem feita, tendo resultado em 5 ficheiros dos anos 2014,
2015, 2016, 2017 e 2018. Por sua vez, estes foram adicionados entre si na ferramenta Raster
Calculator, o que resultou numa única imagem com a frequência da área queimada dentro do
período em estudo.

3.5. Frequência e intervalo médio de retorno de queimadas


O intervalo de retorno de queimadas (Equação 6) é definido como o tempo médio necessário para
queimar uma área equivalente a todo o ecossistema (Dickmann & Cleland [s/d]; Soja et al. 2006;
Ribeiro et al. 2007; Greenpeace, 2014), este conceito é considerado sinonimo de período de
rotação de fogo (PRF) ou ciclo de fogo (Dickmann & Cleland [s/d]; Ossene, 2015).
A
𝐼𝑅𝑄 = T ∗ ( ) Equação (6)
a

Onde:
IRQ – intervalo de retorno de queimadas
T – Período em anos (5 anos)
A – Área total em estudo (2861km2)
a – Área queimada dentro do período em estudo (2657.2km2)

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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Intervalo Médio de Retorno de Queimadas (IMRQ) (Equação 7) é a média aritmética ponderada


dos anos com retorno de queimada e a área queimada (Dickmann & Cleland [s/d]; Soja et al. 2006;
Ossene, 2015) e significa que as queimadas em média precisam deste tempo para voltarem a
ocorrer no mesmo local.
(𝐼𝑖 𝐴𝑖 )
𝐼𝑀𝑅𝑄 = ∑𝑛𝑖=𝑙 Equação (7)
𝐴𝑡

Onde:
IMRQ – intervalo médio de retorno de queimadas
Ii = intervalo de retorno de queimadas
Ai = Área do terreno, do intervalo de retorno de queimadas (Ii)
At= Área total do ecossistema

Para este estudo a frequência de queimadas (Equação 8) é o inverso do intervalo médio de retorno
de queimadas (Dickmann & Cleland [s/d]; Soja et al. 2006; Ribeiro et al. 2007). É o número de
ocorrência de queimadas em determinado espaço num determinado período de tempo (Dickmann
& Cleland [s/d]; Soja et al. 2006; Cangela, 2014; Ribeiro et al. 2007).
1
Frequência = Equação (8)
𝐼𝑀𝑅𝑄

3.6. Avaliação da exactidão da classificação


A avaliação da precisão determina a qualidade dos mapas produzidos a partir dos dados de
sensoriamento remoto (mapa de frequência de queimadas), sendo que essa avaliação pode ser
qualitativa ou quantitativa (Tuzine, 2011). A avaliação quantitativa é realizada por meio da
comparação dos mapas com as informações de campo (referência de campo), que devem ser
precisas e independentes das informações utilizadas na geração dos mapas.

Segundo Congalton (1998) uma das formas mais usadas para avaliar a exactidão da classificação
temática de cobertura de terra é a matriz de confusão também denominada matriz de erro ou tabela
de contingência na qual, estão listadas as classes resultantes da interpretação de imagens e as
classes referentes à classificação de campo (verdade de campo).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Portanto no presente estudo, a partir da matriz de confusão foram gerados dados para calcular
índices de validação da classificação. Neste estudo analisou-se a qualidade do mapeamento das
queimadas feita pelo produto MODIS MCD64A1 a partir do índice Kappa:

3.6.1. Índice Kappa


Valor estatístico que mede a perfeição da classificação e varia entre 0 a 1 (Cohen, 1960). Mede a
eficácia da classificação em comparação com a classe de cada parcela (Cohen, 1968). Para o
cálculo de índice Kappa usa-se a seguinte Equação (9):
𝑁 ∑𝑙𝑖=𝑙 𝑋𝑖𝑖 −∑𝑙𝑖=𝑙(𝑋𝑖+ ∗𝑋+𝑖 )
𝐾= Equação (9)
𝑁 2 −∑𝑖𝑖=𝑙(𝑋𝑖+ ∗𝑋+𝑖 )

Para leitura do índice Kappa, usa-se a relação entre os valores de índice e o desempenho da
classificação como mostra a tabela 7.

Tabela 7: Índice Kappa

Índice Kappa Desempenho da Classificação


<0 Péssimo
0 < K ≤ 0.2 Mau
0.2 < K ≤ 0.4 Razoável
0.4 < K ≤ 0.6 Bom
0.6 < K ≤ 0.8 Muito bom
0.8 < K ≤ 1 Excelente

Deve se levar em consideração uma análise mais rigorosa dos valores nas células marginais da
matriz, erros de comissão (Equação 10.1) e omissão (Equação 10.2) (Ferreira et al. 2007; Ferreira
et al. 2013). Os erros de comissão são calculados por:
𝑋𝑖+ −𝑋𝑖𝑖
𝐸𝑐𝑜 = Equação (10.1)
𝑋𝑖+

Onde: 𝐸𝑐𝑜 = Erros de comissão; 𝑋𝑖+ = Marginal da coluna; 𝑋𝑖+ = Diagonal daquela coluna

Os erros de omissão são calculados por:


𝑋𝑖+ −𝑋𝑖𝑖
𝐸𝑜 = Equação (10.2)
𝑋𝑖+

Onde: 𝐸𝑜 = Erros de omissão; 𝑋𝑖+ = Marginal da linha; 𝑋𝑖+ = Diagonal daquela linha

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Os erros de omissão e comissão enfocam o mesmo problema. A omissão se refere a uma definição
imperfeita da categoria e a comissão se refere a uma delimitação excessiva da categoria. Alguns
autores (Varella [s/d]; Ferreira et al. 2007) enfocam-na como exactidão do usuário (consumidor)
e exactidão do produtor:
𝑋𝑖𝑖
𝐹𝑢 = ∗ 100 Equação (10.3)
𝑋𝑖+

Onde: 𝐹𝑢 = exactidação do usuário

𝑋𝑖𝑖
𝐹𝑝 = ∗ 100 Equação (10.4)
𝑋𝑖+

Onde: 𝐹𝑝 = exactidação do produtor

3.7. Alocação dos pontos amostrais


A alocação dos pontos amostrais foi estabelecida com base no mapa de frequência de queimadas
para tal foram consideradas áreas sem registo/ocorrência de queimadas (frequência de queimada
= 0) durante o período em estudo e outras com ocorrência de queimadas (frequência de queimada
= 1, 2, 3, 4, 5 e 6), estas duas áreas, uma com ocorrência de queimadas e outra sem ocorrência de
queimadas são consideradas neste estudo estratos, onde um representa o Estrato Controlo (EC)
(sem ocorrência de queimadas_Apêndice I) e outro representa o Estrato Queimado (EQ) (com
ocorrência de queimadas_Apêndice II). Porém, Magurran (2004) considera que para estudos de
fenómenos ecológicos ou em que há factores de difícil manipulação dos elementos da pesquisa, o
melhor seria chamar “estrato” linha de referência ao EC.

Considerando que Trapnell (1959), Chidumayo (1988) e Cauldwell & Zieger (2000), trabalharam
com 3 a 4 grupos de espécies em relação ao grau de tolerância ao fogo, o ideal seria usar 3 a 4
estratos, porém as tipologias florestais dominantes na RNG são florestas abertas de baixa altitude
(com 47,36% de área) e o matagal aberto (com 43,66% de área) (Fusari et al. 2010) onde
frequência do fogo é quase similar, neste sentido é aceitável o uso de dois estratos. Ademais, o
produto de áreas queimadas fornece, duas áreas, uma área não queimada ou área queimada (Giglio
et al. 2018b).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

O processo de alocação dos pontos amostrais foi com base na amostragem aleatória, e todo o
procedimento foi efectuado no ArcMap, portanto, a amostragem foi estratificada-aleatória. No EC
(estrato sem ocorrência de queimadas) foi usada uma extensão (Hawths tools), esta ferramenta usa
vários algorítmos (Hawths tools → Sampling tools → Generate → Random Points → Random
Point Generation) para gerar pontos de forma aleatória sobre a área de interesse (Select layer)
(estrato sem queimadas, com indicação de onde não devem ser gerados os pontos – Prevent points
from occuring in the polygons of this layer - dos rios e estradas), devendo indicar os parâmetros
adicionais, neste caso foram solicitados 02 pontos de forma aleatória, sobre uma área de 204km2,
com uma distância mínima entre os pontos de cerca de 2km (Figura 5), para que pudesse atingir
uma maior cobertura e posteriormente verificar o grau de dispersão do efeito das queimadas sobre
a vegetação, tendo sido feito o levantamento das coordenadas dos pontos gerados e compiladas em
uma tabela (Apêndice III).

Figura 5: Alocação dos pontos amostrais e dos estratos

39
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Procedimento similar foi efectuado para estabelecer os pontos em área onde há predominância das
queimadas onde foram solicitados cerca de 57 pontos amostrais de forma aleatória sobre uma área
de 2657.2 km2 com uma distância mínima entre os pontos de 2km, por forma a garantir uma maior
abrangência da superfície total da reserva (Figura 5). Foram estabelecidos dois critérios a atender,
(1) uma distância mínima de 2km para dentro da reserva, (2) e uma distância de 700m das estradas
e rios, tendo sido feito o levantamento das coordenadas dos pontos que foram compiladas em uma
tabela.

3.8. Distribuição dos pontos amostrais


3.8.1. Distribuição dos pontos amostrais por zonas dentro da RNG
O estrato onde ocorrem queimadas com maior frequência (EQ) integrou todas as 16 zonas (Tabela
8), e, por conseguinte, 57 parcelas foram inventariadas, enquanto o EC integrou duas zonas (Pope
e Mirawe), tendo sido inventariadas 2 parcelas (12 e 208).

Tabela 8: Percentagem da amostragem por zonas

Nome da Área (ha) % da área Parcelas inventariadas Nº de


zona amostrada parcelas
Molocue 15596,5 0,019 93; 149; 250 3
Musseia 8663,7 0,069 124; 165; 154; 127; 246; 241 6
Pope 10631,3 0,028 145; 208; 174 3
Nassere 9597,3 0,021 40; 245 2
Namixelelene 15684,2 0,019 89; 248; 238 3
Nasseco 26133,1 0,019 5; 77; 224; 207; 101 5
Malema 16702,7 0,012 20; 170 2
Naivocone 22288,0 0,013 15; 173; 156 3
Mirawe 20804,1 0,010 12; 234 2
Etaga 19830,7 0,020 69; 94; 249; 240 4
Namurrua 21460,9 0,028 25; 9; 121; 71; 49; 150 6
Lice 20919,8 0,014 17; 41; 247 3
Mulela 17275,5 0,017 10; 55; 243 3
Nakololo 23356,7 0,030 43; 52; 62; 131; 158; 112; 130 7
Nrepele 16944,7 0,035 22; 63; 99; 252; 244; 242 6
Mucussa 17320,1 0,006 239 1

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Do Gilé.

3.8.2. Distribuição dos pontos amostrais por tipo de vegetação


Do mapa produzido por Serrote (2017), do ano de 2016, foram obtidos 7 classes de cobertura da
terra dentro da RNG dentro as quais, Floresta Densa (75000,22 ha), Floresta Aberta (96387,90 ha),
Matagal Médio (47673,75 ha), Vegetação herbácea (40574,52 ha), Agricultura (228,57 ha), Solo
exposto (22389,15ha) e Cursos de água (3389,48 ha), a acurácia deste mapa foi avaliada com base
no índice Kappa de 65%.

O mapa de Maúnze (2016), do ano de 2014, apresentou 5 classes de cobertura de terra, das quais
Floresta aberta (171318 ha), Floresta Densa (72937ha), Solo Exposto (19870ha), Vegetação
herbácea (13356 ha) e os Corpos de Água (2535 ha), e a sua acurácia foi avaliada com o índice
Kappa de 81,23 %. Com base nisso é ideal utilizar o mapa produzido por Maúnze (2016) (Figura
6) por possuir alto índice Kappa, embora os dois mapas representem períodos diferentes de estudo,
pois este representa melhor a situação real do uso e cobertura do solo da RNG.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Figura 6: Mapa de cobertura da terra de Maúnze (2016) e distribuição das parcelas. Adaptado de
Maúnze (2016)
De acordo com o mapa de Maúnze (2016) o maior tipo de cobertura de terra é ocupado pela floresta
aberta com uma área de 171318ha onde foram inventariados cerca de 35 hectares, na floresta densa
foram inventariados 19 hectares, dentro das quais as parcelas (12 e 208) que ocorrem em uma
região que não registou queimadas durante o período em estudo, 4 hectares foram inventariados
em solo exposto e apenas uma parcela na vegetação herbácea (Tabela 9).

Tabela 9: Tipo de cobertura de terra (Maúnze, 2016) associado ao número de parcelas


inventariadas

Tipo de cobertura Área (ha) N° de parcelas


Floresta aberta 171318 35
Floresta densa 72937 19
Solo exposto 19870 4
Vegetação herbácea 13356 1

3.9. Levantamento de dados de campo


A fase de colecta de dados foi realizada nos meses de (16) Julho a (05) Setembro de 2018, as
coordenadas foram localizadas com auxílio de um Sistema de Posicionamento Global (GPS
Garmin etrex 10) e cada parcela foi estabelecida usando quatro cordas de sisal de 100m cada que
facilitavam o controlo das árvores que estavam localizadas dentro da parcela, e permitiam construir
uma parcela mais ajustada.

O levantamento foi efectuado a três fases de desenvolvimento:


(1) arbóreo contemplando árvores adultas (madura) com DAP (diâmetro à altura do peito) superior
a 10cm, (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR, 2016) muitas vezes com altura superior a 6 metros
(Frost, 1996). Foi registado, o nome científico da espécie, nome local, e medido o DAP (por uma
suta), a altura total foi estimada (em metros) e o estado de sanidade.

(2) regeneração natural estabelecida (RE) contemplando árvores em fase activa de crescimento
com DAP superior aos 5cm e inferiores aos 10cm (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR, 2016),
podendo ter uma altura que varia no intervalo de 1m a 6 m (Frost, 1996). Foi registado, o nome

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

científico da espécie, nome local, e medido o DAP, e estimada a altura total (em metros) e o estado
de sanidade.

(3) regeneração natural não estabelecida (RNE) contemplando as árvores com DAP inferior aos
5cm (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR, 2016), e uma altura inferior a 1m (Frost, 1996), nesta
fase foram registrados os nomes das espécies e contabalizado o número total de indivíduos
presentes na subparcela.

Em todas fases de desenvolvimento foram medidos todos indivíduos (em pé, mortos e/ou caídos)
que se encontravam nas parcelas, em cada ficha de campo foram registados, nome do colector de
dados, número da ficha, número de parcela, local e as coordenadas (Apêndice IV).

As espécies amostradas eram identificadas pelo seu nome local (e-lomwé) com a ajuda de (3)
pisteiros, o nome científico de algumas espécies não era possível identificar no campo, eram
colhidas amostras de folhas ou fotografias para posterior consulta em guias de campo (Field Guide
– Trees of Southern Africa de Palgrave (2002) ou van Wyk & van Wyk (1997)) por forma a
efectuar uma identificação mais precisa.

De forma geral, neste estudo árvores são espécimes altos com um caule principal (Palgrave, 2002).
Existem também plantas lenhosas perenes, ramificadas com caules múltiplos, sem tronco
principal, mas com potencial de atingir uma altura de até 10m, que também são consideradas
arvores segundo Palgrave (2002), mas para o presente estudo considerou-se a altura de 2m (van
Wyk & van Wyk, 1997), que também inclui árvores em fase de regeneração.

3.9.1. Tamanho e formato das unidades amostrais


A metodologia de colheita dos dados fitossociológicos no campo foi com base em parcelas,
também conhecido por método de área fixa, de formato quadrangular (Figura 7), correspondendo
a parcelas de 10.000m2 (ou, seja, um hectare). O formato quadrangular permite que as parcelas
tenham uma maior área interna e menor perímetro, comparativamente às parcelas rectangulares,
reduzindo deste modo o efeito de bordadura. O efeito de bordadura é importante porque leva a

43
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

possíveis erros de contagem (Krebs, 2013), caracterizado principalmente por erros de omissão ou
comissão, incluir ou excluir um organismo enquanto ele (não) faz parte da área amostrada.

Figura 7: Esquema da unidade amostral

O Manual de Inventário Florestal da FAO (1981) defende que o tamanho e o formato das parcelas
dependem das características das árvores existentes na floresta, como altura das árvores, diâmetro
à altura do peito e a área basal das árvores. Parcelas de um hectare são ideais para a inventariação
em florestas, como a da RNG, onde a altura das árvores normalmente é entre os 12m e 18m e com
cobertura da copa superior a 40% e camadas inferiores com arbustos e ervas (Augustynczik, 2011;
Fusari et al. 2010).

Foi definida uma sub-parcela de 10mx10m dentro da parcela de um hectare (Krebs, 2013) onde
foram feitos levantamentos de dados de indivíduos nas fases de regeneração natural estabelecida
e regeneração natural não estabelecida. A sub-parcela fica localizada no canto inferior esquerdo
(MITADR, 2016), onde localiza-se o ponto inicial da demarcação da unidade amostral, isso
permite uma fácil localização no futuro com base na coordenada geográfica, e também permite
que não seja demarcada em uma região não produtiva (sem vegetação) (Silva et al. 2005).

Segundo Bonetes (2003) o tamanho da parcela deverá ser suficientemente grande para incluir pelo
menos 20 a 30 árvores medidas e pequena o suficiente para não requerer um tempo de medição
excessivo (Augustynczik, 2011). Para permitir que o erro amostral e o coeficiente de variação seja
reduzido, o que é causado de forma geral pelo uso de poucos elementos amostrais para concluir
sobre o universo.

44
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

3.9.2. Intensidade da amostragem


A RNG possui uma área de 2.861km2, se fossem constituídas parcelas em toda área da reserva
resultariam em cerca de 3.917 parcelas de um hectare cada, porém se assumir-se que a população
da RNG é infinita pode ser determinado o número de parcelas ideial a um nível de confiança de
90% e adoptando uma margem de erro de 10%, naturalmente que adoptando um nível de confiança
maior (por exemplo, 95% ou 99%) e uma margem de erro também menor, implica um maior
número de parcelas a serem inventariadas (Asrat & Tesffaye, 2013), em resultado da alta
confiabilidade dos dados a serem obtidos.
Fórmula do tamanho da amostra de uma população infinita
𝑝(1−𝑝)
𝑁 = 𝑍2 ∗ Equação (11)
𝐸2

Fórmula do tamanho da amostra ajustado


𝑁 (𝑁−1)
𝑛= + Equação (12)
1 𝑆

Onde:
N = tamanho amostral de uma população infinita
n = tamanho amostral de uma população finita
Z = z score (1,645)
p =proporção da população (assumi-se que é de 50%=0,5)
E = margem de erro (assumi-se que é de 10%=0,1)
S=população pretendida (3.917 parcelas)

O tamanho de amostras ideal é de 68 hectares, menos 9 hectares do que foi realizado neste estudo,
entretanto as 3.917 parcelas incluem toda RNG, ou seja, áreas não cobertas por florestas, por
exemplo, estradas, cursos de água e infra-estruturas (acampamentos). Entretanto o Manual da
Avaliação de Integridade Florestal (FIA) aconselha que sejam tomadas algumas parcelas
aleatoriamente, e que seja feito inicialmente o levantamento dos dados nestas para verificar o grau
de variação ou heterogeneidade dos indivíduos, se comprovar-se que não existe uma tendência de
repetição, inferências podem ser efectuadas (HCV Resource Network [s/d]).

45
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

O mesmo é proposto na abordagem da curva de espécies por área, onde se procura verificar se as
espécies registadas em determinada área aumentam com o aumento de 10% da área. Se se verificar
que não ocorre o aumento de 10% das espécies conclui-se que o aumento da área não afecta no
aumento de novas espécies na área populacional (Ribeiro et al. 2002). Observou-se que ao
vigésimo sexto dia tinham sido registadas 115 espécies em uma área correspondente a 48hectares,
acréscimos tanto de 10 e 20% da área não resultaram no aumento do número de espécies na mesma
proporção (Figura 8).

150

125

100

75
N u m e r o d e e s p e c ie s

50

25

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
D ia s

Figura 8: Relação entre o número de espécies e os dias do inventario (Curvas das espécies)

Vários autores (Bonetes, 2003; Augustynczik, 2011; Krebs, 2013) argumentam que a intensidade
amostral depende de vários factores, como o custo, o tempo e o treinamento da equipa, e
principalmente o factor custo pode definir qual o grau de intensidade do inventário a ser realizado,
que pode variar de 2%, 5%, 10%, podendo chegar até 15%, dependendo dos factores acima
referenciados. Neste sentido a intensidade amostral neste estudo pode ser considerada
representativa, e todos dados obtidos apresentam uma margem de erro de 10% a um nível de
confiança de 90%.

3.10. Análise da estrutura e composição florística


Para a análise da estrutura e composição florística foram utilizadas as variáveis, número de
parcelas, número de árvores, de espécies, altura dos indivíduos, estado de sanidade dos indivíduos,
46
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

diâmetro a altura do peito. Todos cálculos sobre a estrutura e composição florística foram
realizados dentro de uma planilha do Microsoft Excel (2013).

3.10.1. Parâmetros da Estrutura Horizontal


a) Frequência das espécies
A frequência (Equação 13) descreve o número de observações realizadas de uma espécie em
determinado lugar – amostra (Lamprecht, 1990; Ribeiro et al. 2002; Freitas & Magalhães, 2012),
normalmente é expressa em forma de percentagem (Freitas & Magalhães, 2012). Equação de
cálculo da frequência absoluta (Lamprecht, 1990)
𝑁𝑃𝑖
𝐹𝐴𝑖 = ( ) Equação (13)
𝑁𝑃𝑡

Onde: NPi = número de parcelas onde ocorreu a i-esima espécies;


NPt = número total de parcelas
FAi = frequência absoluta da i-esima espécies

Equação (14) de cálculo da frequência relativa (𝐹𝑅𝑖)


𝐹𝐴𝑖
𝐹𝑅𝑖 = (∑𝑆 ) ∗ 100% Equação (14)
𝑖=𝑙 𝐹𝐴𝑖

Onde: FAi = frequência absoluta da i-esima espécies


FRi = frequência relativa das espécies

b) Densidade das espécies


Segundo Freitas & Magalhães (2012) densidade (Equação 15) é um parâmetro ecológico que
revela o número de indivíduos pela área amostrada (Lamprecht, 1990).

Equação de cálculo da densidade absoluta (𝐷𝐴𝑖 )


𝑁𝑒
𝐷𝐴𝑖 = ( ) Equação (15)
𝑁ℎ𝑎

Onde: Ne = número de árvores de cada espécie; Nha = área amostrada em hectares


𝐷𝐴𝑖 = Densidade absoluta

47
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Equação (16) de cálculo da densidade relativa (DR)


𝐷𝐴𝑖
𝐷𝑅𝑖 = ( ) ∗ 100% Equação (16)
𝑁𝑡𝑝ℎ𝑎

Onde: 𝐷𝑅𝑖 = Densidade relativa da i-esima espécies


Ntpha = Número total de árvores encontradas na área amostrada em hectares;
DAi = Densidade absoluta

c) Dominância das espécies


Para Ribeiro et al. (2002), dominância é estimada através do somatório das áreas basais dos
troncos. Pode-se determinar pelas seguintes equações, para a dominância absoluta (Equação 17) e
relativa (Equação 18 e 19), respectivamente.

Equação de cálculo da dominância (𝐷𝑜𝐴𝑖 )


𝑔𝑖
𝐷𝑜𝐴𝑖 = Equação (17)
ℎ𝑎

Equação de cálculo da dominância relativa (𝐷𝑜𝑅𝑖 )


𝑔𝑖/ℎ𝑎
𝐷𝑜𝑅𝑖 = ∗ 100% Equação (18)
𝐺/ℎ𝑎

Equação (19) de cálculo de Área basal


1
𝑔𝑖 = [ (𝜋 ∗ 𝐷𝐴𝑃2 )] Equação (19)
4

Onde: 𝐷𝑜𝐴𝑖 = Dominância absoluta (m2/ha)


𝐷𝑜𝑅𝑖 = Dominância relativa
DAP = diâmetro a altura do peito (1.30m) e π=3,14
gi/ha = área basal da espécie i por unidade de área em hectares
G/ha = área basal de todas as espécies por unidade de área em hectares

A estrutura horizontal de uma floresta, sucintamente, resulta das características e combinações


entre as quantidades em que cada espécie ocorre por unidade de área (densidade), da maneira como

48
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

estas espécies se distribuem na área (frequência) e do espaço que cada uma ocupa no terreno
(dominância) (Lamprecht, 1990).

d) Índice de valor de importância


Para alcançar uma descrição quase que completa da composição das espécies e sua distribuição na
área de estudo usou-se um importante índice ecológico, o índice de valor de importância (IVI)
(Equação 20) (Martins, 1991). Valor de riqueza ou importância das espécies é definido como a
soma da densidade relativa, frequência relativa e dominância relativa (Ribeiro et al. 2002; Zolho,
2005).

Equação de cálculo do índice de valor de importância


𝑉𝐼𝐼
IVI = DR + DoR+ FR; 𝐼𝑉𝐼𝑖 (%) = Equação (20)
3

Onde: IVI = Índice de valor de importância


DR = densidade relativa
DoR = dominância relativa;
FR = frequência relativa

3.10.1.1. Distribuição diamétrica


Segundo Prodan et al. (1997), o conhecimento da estrutura diamétrica é fundamental para a
prescrição de intervenções de maneio e para a determinação do rendimento da floresta por tipo de
produto.

A distribuição dos diâmetros dos indivíduos dentro de uma comunidade de florestas naturais
permite fornecer informação para adopção de medidas de maneio, e geralmente a distribuição
decrescente ou em “J” invertido é característica de tipos florestais onde há regeneração contínua.
É o caso da maioria das florestas nativas de composição variada em espécie e idade (Ribeiro et al.
2002).

49
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

3.10.2. Parâmetros da Estrutura Vertical


As informações referentes aos estudos da estrutura vertical da RNG, aliadas às estimativas dos
parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal, propiciam uma caracterização mais completa
da importância ecológica das espécies na comunidade florestal (Freitas & Magalhães, 2012), e
poderá se ter uma melhor resposta sobre qual o efeito do fogo sobre determinada espécie e que
medidas a adoptar para poder atingir o objectivo de conservação.

Varios métodos (IUFRO; Souza & Leite et al. 2003; Hasenauer, 2006) tem sido empregues e
avaliados para estratificar florestas com base na altura. O método da IUFRO – International Union
of Forest Research Organizations - (Lamprecht, 1990), estratifica a floresta com base na altura
dominante (hdom), e tem obtidos bom desempenho comparativamente a outros métodos (Curto et
al. 2013; Neto el al. 2018). Assim, a distribuição do número de árvores por classe de altura em
estratos é definida da seguinte forma:
(1) Estrato Inferior: h < hdom /3;
(2) Estrato Médio: hdom /3 ≤ h < 2hdom /3;
(3) Estrato Superior: h ≥ 2hdom /3;
Em que: h = altura total e hdom = altura dominante, esta foi obtida através da soma de 82 especies
com maiores diâmetros (Neto el al. 2018), e para a análise da estrutura vertical foram incluídas
duas fases de desenvolvimento, arvores (adultas) e regeneração estabelecida.

É importante referir que a divisão da floresta em estratos é muitas vezes difícil de observar na
prática (Ribeiro et al. 2002) tanto como a definição do número de estratos, sabe-se que uma floresta
madura que possui 40 a 80 espécies por hectare, possui de 3 a 5 estratos (Lamprecht, 1990; Ribeiro
et al. 2002).

3.10.3. Regeneração natural


A regeneração natural representa o indivíduo jovem na floresta (Freitas & Magalhães, 2012), esta
indica o número de indivíduos jovens existentes na floresta. De acordo com Hosokawa et al.
(2008), a regeneração natural (Equações 21; 22 e 23) constitui importante indicador para a
compreensão da capacidade de disseminação das espécies e do momento inicial de sua dinâmica
na ocupação do ambiente.

50
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

𝑗 𝑁𝑗
𝐶𝐴𝑇𝑖 = ∑𝑗=1 𝑛𝑖𝑗 ( 𝑁 ) Equação (21)

𝐶𝐴𝑇𝐼
𝐶𝑅𝑇𝑖 = ∑𝑆 ∗ 100 Equação (22)
𝐼=1 𝐶𝐴𝑇𝑖

𝐹𝑅𝑖 +𝐷𝑅𝑖 +𝐶𝑅𝑇𝐼


𝑅𝑁𝑅𝑖 = Equação (23)
3

Onde: 𝐶𝐴𝑇𝑖 = Classe absoluta de tamanho da regeneração da i-ésima espécie;


𝐶𝑅𝑇𝑖 = Classe relativa de tamanho da regeneração da i-ésima espécie;
𝑛𝑖𝑗 = Número de indivíduos da i-ésima espécie na j-ésima classe de tamanho;
𝑁𝑗 = Número total de indivíduos na j-ésima classe de tamanho;
N = Número total de indivíduos da regeneração natural em todas as classes de tamanho;
RNRi = Regeneração natural relativa da i-ésima espécie;
FRi = Frequência relativa da regeneração natural da i-ésima espécie;
DRi = densidade relativa da regeneração natural da i-ésima espécie.

3.11. Estado de Sanidade


O Plano de maneio da Reserva Nacional do Gilé, 2012 – 2021, informa que as espécies vegetais
existentes estão num estado considerado saudável, porém não apresenta dados estatísticos de quais
grupos de espécies apresentam os diferentes níveis de sanidade dentro da reserva.

Pelo que o nível de sanidade das espécies é um factor importante para adopção de medidas de
maneio adequadas e especificas por forma a recuperar estas espécies, ficou claro pelos trabalhos
realizados por Trapnell (1959), Lawton (1978), Chidumayo (1988), Cauldwell & Zieger (2000),
Zolho (2005), Ribeiro et al. (2008), Cangela (2014), que o fogo pode afectar o estado de sanidade
das plantas dependendo das condições da sua ignição, a época (tardia ou precoce) e o tipo de
material combustível, fenologia da planta, no momento em que ocorre a queimada.

Foram definidas seis categorias com base nos manuais (Cuambe & Marzoli, 2006; MITADR,
2016; SFB, 2017) de inventário florestal para avaliação da sanidade, (0) árvore morta, em pé ou
caida; (1) árvore severamente atacada, estágio avançado de deterioração por pragas ou doenças;

51
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

(2) árvore atacada, metade da árvore atacada; (3) árvore com sinais de ataque ou doença, estágio
inicial de deterioração por pragas ou doenças; (4) árvore saudável, sem defeitos aparentes; (5)
árvore com bom vigor.

3.12. Índices de diversidade e similaridade


a) Índice de diversidade de Shannon – Wiener (H’)
O índice de Shannon – Wiener (Equação 24) é um dos mais usados para medir a diversidade de
espécies ou taxas (Magurran, 1955; Krebs, 1999; Spellerberg & Fedor, 2003), em duas
comunidades como neste caso (EC e EQ), ou mesmo para fornecer informação de base de uma
determinada região (RNG) para medir a diversidade ecológica.
Fórmula para o cálculo de índice de Shannon – Wiener (H’)
𝑛𝑖 𝑛𝑖
𝐻 ′ = − ∑𝑆𝑖=𝑙 ln ( ) Equação (24)
𝑁 𝑁

Onde: H’ = índice de diversidade específica de Shannon – Wiener


s = número de taxon;
ni = número de indivíduos do taxon i
N = número toral de indivíduos

Como não existe uma linha de base para se estabelecer uma comparação entre os dados produzidos
pelo índice de Shannon – Wiener3, efectuou-se o cálculo para verificar o grau de diversidade entre
as parcelas, e também entre os locais onde ocorrem mais e menos focos de incêndios de acordo
com amostragem feita.

b) Índice de equitabilidade Pielou


A relação entre a diversidade observada e a diversidade máxima pode ser usada para medir a
uniformidade (J') (Melo, 2008). Como medida de heterogeneidade, o índice de Shannon leva em
consideração o grau de uniformidade na abundância das espécies. No entanto, é possível calcular
uma medida de uniformidade separada, com base no índice de uniformidade de Pielou (Equação

3
Este índice é não paramétrico, não possui parâmetros que permitem afirmar se existente uma maior diversidade ou
menor (Melo, 2008; Chiarucci et al. 2011), apenas em caso em que existe uma linha de referência, por isso o seu uso
será num âmbito de comparação com outros parcelas e/ou clusters.

52
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

25). A diversidade máxima (Hmáx) que poderia ocorrer seria encontrada em uma situação onde
todas as espécies tivessem abundância igual, em outras palavras, se H '= Hmáx = In S (Magurran,
1955).
𝐻′ 𝐻′
𝐽′ = = Equação (25)
𝐻𝑚𝑎𝑥 𝑙𝑛𝑆

Onde:
J’ = coeficiente de equitabilidade do índice de Shannon – Wiener;
Hmáx = número total de espécies na amostra.
In S = logaritmo natural do número total de espécies na amostra

c) Quociente de Mistura de Jentsch (QM):


O “Quociente de Mistura de Jentsch” (Hosokawa, 1981) (Equação 26) dá uma ideia geral
da composição florística da floresta, pois indica, em média, o número de árvores de cada espécie
que é encontrado no povoamento. Dessa forma, tem-se um factor para medir a intensidade de
mistura das espécies e os possíveis problemas de maneio, dadas condições de variabilidade das
espécies.
𝑆
𝑄𝑀 = Equação (26)
𝑁

Onde:
QM = Coeficiente de Mistura de Jentsch
S = número de espécies amostradas;
N = número total de indivíduos amostrados.
Quanto mais próximo de 1 (um) o valor de QM, mais diversa é a população.

3.13. Análise estatística


A análise estatística foi efectuada no pacote estatístico Minitab® 18.1 (2017) e Microsoft Excel
(2013) teve como objectivo fazer o cálculo das diferenças entre as médias de cada parâmetro das
espécies em diferentes estratos, para descobir se existem ou não diferenças significativas (5%),
recorrendo-se ao teste t, e avaliação do grau de associação entre duas variáveis através do teste de

53
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

correlação (correlação de Pearson) e a análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey como


procedimento post-hoc.

3.13.1. Tratamento dos dados


a) Teste de normalidade de Anderson-Darling (AD)
Todas variáveis (número de árvores adultas; número de indivíduos na regeneração não
estabelecida; número de indivíduos na regeneração estabelecida; intensidade de queimadas;
frequência de queimadas) utilizadas no teste t, ANOVA e teste de correlação foram submetidas ao
teste de normalidade de Anderson-Darling (AD), de acordo com Arshad et al. (2003), o teste de
AD é muito forte para funções de distribuições empíricas, a sua análise está mais concentrada nas
extremidades das curvas de distribuição (Nelson, 1998; Razali & Wah, 2010) e tem a vantagem de
não considerar os valores críticos de cada amostra (Nelson, 1998).

Em uma análise comparada realizada por Razali & Wah (2010), o teste de AD obteve segundo
melhor desempenho, ficando atrás apenas do teste de Shapiro-Wilk. A estatística do teste de
Anderson-Darling é dada pela Equação (27), a um nível de significância de 0,15; 0,10; 0,05; 0,025
e 0,001:
−{∑𝑛
𝑖=1(2𝑖−1)[ln(𝑝𝑖 )+ln(1−𝑝𝑛+1−𝑖 )]}
𝐴= −𝑛 Equação (27)
𝑛

Onde:
A = Teste de normalidade de Anderson-Darling
ln = logaritmo natural;
n = número total de elementos na amostra.

b) Transformações dos dados para distribuição normal


As variáveis que não seguiam uma distribuição normal foram transformadas usando as
transformações de Johnson (1978) e de Box Cox (1964), a escolha da transformação a ser aplicada
é baseada no valor p, obtido na identificação da melhor transformação.

A transformação de Johnson aplica-se a qualquer amostra desde que N≥8 (D’Agostinho, 1970),
esta transformação aumenta o poder estatístico, especialmente para distribuições distorcidas, e os
dados não perdem o poder original, e é mais robusta comparada a transformação de Box Cox, (Luh

54
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

& Guo, 2001) esta por sua vez, transformação de Box Cox, está limitada a valores positivos e
maiores que zero, e raramente preenche os pressupostos básicos de linearidade, normalidade e
homocedasticidade simultaneamente (Sakia, 1992). Box Cox (1964) propõe máxima
probabilidade como boa, tal como os métodos bayesianos (máxima verossimilhança) para
estimativa do parâmetro lambda (λ).

3.13.2. Teste de correlação


O coeficiente de correlação é uma das medidas de associação (Fernandes, 1999), para verificar o
grau de relação entre duas variáveis, também é chamado de coeficiente de correlação de Pearson
(r), em homenagem a Karl Pearson (1857-1936) (Gotelli & Ellison, 2011), a estatitistica do teste
é dada pela equação (28):
1 𝑛
∑ (𝑋 −𝑋̅)(𝑌𝑖 −𝑌̅)
𝑛 𝑖=1 𝑖
𝑟= Equação (28)
𝑠𝑋 𝑠𝑌

O coeficiente de correlação toma sempre valores entre -1 e +1; é positivo quando a associação é
positiva e negativo quando a associação for negativa (o valor de r é tanto maior quanto mais forte
for a associação); os valores extremos r = −1 e r = 1 indicam uma associação perfeita (Gotelli &
Ellison, 2011; Fernandes, 1999). Foram efectuados testes de correlação para verificar o grau de
associação entre as variáveis (Apêndice V).

Giglio et al. (2006) fez analise de correlação entre áreas queimadas observadas e preditas pelo
satélite MODIS. Mapaure & Campbell (2002) fizeram teste de correlação para verificar a relação
entre a densidade de elefantes e o nível de cobertura numa floresta de miombo.

3.13.3. Teste t
Foram calculadas as diferenças (para descobrir se são ou não significativas) das médias do número
de indivíduos por espécies emparelhadas do índice de valor de importância dos dois estratos (EQ
e EC), da distribuição dos diâmetros e alturas (de acordo com a tabela 10) a um nível de
significância de 5% (Apêndice VI). Com a seguinte ordem de tomada da decisão, rejeitar H0
sempre que p for menor que 5% (α = 0,05).

55
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Tabela 10: Hipóteses testadas com o teste t

1 H0: Não existem diferenças significativas H1: Existem diferenças significativas entre o
entre o IVI das espécies do EQ com o IVI das IVI das espécies do EQ com o IVI das
espécies do EC. espécies do EC.
2 H0: Não existem diferenças entre o número H1: Existem diferenças entre o número de
de indivíduos de cada classe de DAP no EQ indivíduos de cada classe de DAP existente
e o EC. no EQ e o EC.
3 H0: Não existem diferenças significativas H1: Existem diferenças significativas entre o
entre o número de indivíduos de cada classe número de indivíduos de cada classe de
de altura em cada estrato altura em cada estrato
4 H0: Não existem diferenças significativas H1: Existem diferenças significativas entre o
entre o número de indivíduos em cada estado número de indivíduos em cada estado de
de sanidade nos dois estratos sanidade nos dois estratos

3.13.4. Análise de Variância


Permite a comparação de várias distribuições, e verificar o grau de variação dentro e entre os
grupos e os efeitos dos resíduos (Fernandes, 1999; Padovani, 2014).

Para o presente estudo para verificar se tem o efeito significativo os meses e anos sobre o número
de focos registados e área queimada dentro da RNG (Apêndice VII), foi realizada análise de
variância de dois factores sem interacção (como usual na aleatorização completa (Spiegel, 1993)).
Para tal foram desenhadas as seguintes hipóteses (Tabela 11).

Tabela 11: Hipóteses testadas com ANOVA


1 H0: Não existem diferenças significativas entre H1: Existem diferenças significativas entre
o número de focos registados mensalmente e o número de focos registados mensalmente
nem anualmente. e nem anualmente.
2 H0: Não existem diferenças significativas entre H1: Existem diferenças significativas entre
o tamanho da área queimada causado pela o tamanho da área queimada causado pela
variação dos anos e pela variação dos meses. variação dos anos e pela variação dos
meses.

3.13.5. Teste Tukey


O teste de Tukey (1953) consiste em comparar as amostras duas a duas e indicar se há diferença
estatisticamente significativa entre cada par de amostras (Gotelli & Ellison, 2011), como um dos
procedimentos a posteriori disponiveis para camparar pares de médias após uma ANOVA
(Apêndice VIII).

56
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

O teste DHS (Diferença Honestamente Significante) de Tukey controla estatisticamente o facto de


estar-se a realizar muitas comparações simultâneas (equação 29). Portanto, o valor de p deve ser
ajustado para baixo em cada teste individual para obter uma taxa de erro sensata do experimento
(Gotelli & Ellison, 2011).
𝑄𝑀𝐸
𝐷𝑀𝑆 = 𝑞∝ (𝑘, 𝑁 − 𝑘)√ Equação (29)
𝑛

Onde:
n = número de replicas do tratamento (nível)
𝑞∝ = é um valor tabelado (Tabela do teste de Tukey)
QME = quadrado médio do erro
DMS = diferenca mínima significativa

57
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

CAPÍTULO IV

4. Resultados e discussão
4.1. Descrição do regime de queimadas na RNG
4.1.1. Sazonalidade
Os fogos activos registados dentro da RNG estão distribuídos entre os meses de Julho a Novembro,
dentro do intervalo dos cinco anos (2014-2018), sendo que no mês de Novembro apenas foi
registado a ocorrência de focos de queimadas para o ano de 2014. O mês que mais registou focos
durante os cinco anos foi o mês de Agosto, como 2.131 focos, correspondendo a 52.7% do total
de focos. O ano de 2015, foi o que registou menos (755) focos e os anos 2016 (903) e 2014 (819),
os que registaram mais focos dentro do período de análise (Figura 9).
1600.0 900.0

1400.0 800.0
Numero de focos de queimada

700.0

Area queimada em km2


1200.0
600.0
1000.0
500.0
800.0
400.0
600.0
300.0
400.0 200.0
200.0 100.0
0.0 0.0
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
Meses

Area queimada/2014 Area queimada/2015 Area queimada/2016


Area queimada/2017 Area queimada/2018 Numero de focos/2014
Numero de focos/2015 Numero de focos/2016 Numero de focos/2017
Numero de focos/2018

Figura 9: Sazonalidade das queimadas (número de focos e área queimada) na RNG

Observações similares foram efectuadas por vários autores (Ribeiro et al. 2008; Oom & Duarte,
2014; Maúnze, 2016) em estudos sobre queimadas florestais, onde a época seca (neste caso, Julho
a Novembro) apresenta baixos níveis de humidade relativa do ar, e muita disponibilidade de
matéria pronta para queimar caracterizada por apresentar poucos níveis de água (seco) (Frost,
1996; Ribeiro et al. 2013).

58
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Segundo Maúnze (2016), as queimadas na RNG durante o periodo do seu estudo (2004-2014)
ocorreram entre os meses de Julho a Outubro (época seca), enquanto para Serrote (2017) durante
o periodo do seu estudo (2007-2016) as queimadas na RNG ocorreram entre os meses de Julho à
Novembro, a diferença entre os meses observados é de um mês, porém o nosso estudo comprova
o periodo de 5 meses de queimadas, como descrito por Serrote (2017).

Existe um aumento de um mês de queimadas na RNG, como uma tendência no aumento de


queimadas tardias, o que segundo Soja et al. (2006) é previsível que a duração da estação de
queimadas aumente em média em 30 dias, tanto quanto a área queimada, como resultado do clima
severo.

As queimadas na floresta de miombo da Reserva Nacional do Niassa, ocorrem de Maio a Outubro,


com o pico na estação seca (Agosto a Outubro) (Ribeiro et al. 2008). Na RNG a época tende a se
prolongar até ao mês de Novembro, onde foi possível observar que cerca de 3,7km2 da área
queimou. Contudo, a queima tardia no ecossistema de miombo causa danos mais severos e
destrutivos sobre a vegetação (Frost, 1996), sendo uma grande preocupação em relação ao alcance
dos objectivos de conservação da flora e da fauna da RNG (Fusari et al. 2010), os fogos que tem
ocorrido no mês de Novembro ou além deste período.

Observa-se que nos anos de 2015 e 2017, o maior número de ocorrência de focos foi registado nos
meses de Agosto, porém a área queimada (maior) foi registada no mês seguinte (Setembro), esta
incongruência entre os focos queimados e área queimada também foi registada por Maúnze (2016),
e pode ser explicado pelo facto (1) a época da ignição do foco (final do mês), (2) a baixa humidade
do combustível, principalmente, graminal que facilita a sua propagação e que arrasta-se por
extensas áreas queimadas.

O ano de 2014, a RNG queimou 58,1% da sua área (1.660,9 km2), o ano de 2015 queimou 49.2%
(1406,6 km2), 2016 queimou 43.4% (1242,5 km2), 2017 queimou 58.1% (1.662,7 km2), e o ano
2018 queimou 53,9% (1.540,9 km2), de forma geral a reserva queima em média cerca de 52,5%
por ano, o que corresponde a 1.502,7 km2 (Tabela 12).

59
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Tabela 12: Área queimada (MCD64A1) e o número de focos (MCD14ML) durante 5 anos
Ano Área queimada % da área queimada Número de focos total/
em km2 focos com 80% confidence
2014 1.660,9 58,1 819/558
2015 1.406,6 49,2 755/754
2016 1.242,5 43,4 903/264
2017 1.662,7 58,1 777/765
2018 1.540,9 53,9 786/237

A análise estatística efectuada a um nível de confiança de 95% permite afirmar que a variação
mensal tem efeito significativo (Fcal = 33,943> Fcrit = 3,006917) sobre o tamanho da área queimada
(p<1,24e-07), porém os anos não tem um efeito significativo (Fcal = 0,186442 <Fcrit = 3,006917)
sobre o tamanho da área queimada (p>0,942037). De acordo com o teste de Tukey, a um nível de
confiança de 95%, os meses de Agosto, Julho, Outubro e Novembro são significativamente iguais
na área queimada observada, e significativamente diferente ao mês de Setembro (que apresenta
uma maior área queimada).

O número de focos de queimadas encontrados por Maúnze (2016) variam de 340 a 820,
encontrados por Serrote (2017) variam de 730 a 983, enquanto no presente estudo o número de
focos varia de 755 a 903.

Observa-se que há uma tendência de aumento no número de focos, e a diferença pode ser explicada
porque o número de focos dificilmente se mantém estacionário de ano para ano, devido a
fenómenos de forte precipitação, taxas de crescimento das gramíneas diferenciados e outros
fenómenos estocásticos (Giglio et al. 2006), baixa densidade de animais herbívoros (Banda et al.
2006) que permite um crescimento acentuado das gramíneas (Frost, 1996).

Com um nível de confiança de 95%, a análise de variância efectuada permite afirmar que a
variabilidade anual não tem um efeito significativo (Fcal = 0,281805 <Fcrit = 2,866081) sobre o
número de fogos activos (p>0,88628), porém a variabilidade mensal tem um efeito significativo
(Fcal = 83,42868> Fcrit = 2,71089) sobre o número de fogos activos (p<1,07e-12).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

De acordo com o teste de Tukey, a um nível de confiança de 95% os meses de Agosto e Setembro
são significativamente iguais no número de focos de queimadas registados, e significativamente
diferente dos meses de Julho, Outubro e Novembro (que são iguais entre si, e que apresentam um
menor número de focos de queimadas registados).

4.1.2. Frequência de queimadas ao longo do período de 2014 a 2018


A frequência das queimadas dentro do período de 5 anos é de 0,38 vezes/ano, ou seja, as queimadas
ocorrem no mesmo local a cada 0,38 vezes/ano, e o intervalo de retorno é de 5,38anos, ou seja,
são necessários 5,38 anos para que queime toda a área da reserva (2.861km2), e o intervalo médio
de retorno de queimadas é de 2,62 anos, ou seja, as queimadas em média precisam deste tempo
para voltarem a ocorrer no mesmo local. A frequência de queimadas na floresta de miombo da
RNN dentro de um período de 12 anos era de 0,36 vezes/ano e um intervalo médio de retorno de
3,29 anos (Cangela, 2014), resultados similares aos obtidos neste estudo.

Um estudo do regime de queimadas no ecossistema de mopane (distrito de Mabalane), constatou


que o intervalo de retorno era de 142,5 anos, e um intervalo médio de retorno de queimadas 3,64
anos (Ossene, 2015). Com base nestes dados conclui-se que quanto maior a área ardida menor será
o intervalo de retorno das queimadas.

Maúnze (2016) encontrou uma frequência média de 4 vezes ao ano, e um intervalo de retorno
médio de 3,9 anos, durante um intervalo de 10 anos na RNG. As diferenças tanto da frequência
média das queimadas bem como do intervalo médio de retorno entre o presente estudo e o
efectuado por Maúnze (2016) está relacionado a duas questões (1) o horizonte temporal (duração
e época) dos estudos diferente, (2) da metodologia usada para os cálculos também diferente 4.

4
A metodologia para o cálculo da frequência média das queimadas usada por Maúnze (2016) difere-se da metodologia
usada neste estudo, segundo Maúnze (2016) a frequência de queimadas é tida como a média do número de eventos ou
ocorrências de queimadas num dado ponto ou área durante um período de tempo ou período de registo, o que é correcto
segundo Van Wilgen (2009) e Oom (2014), porém Maúnze (2016) não apresenta a fórmula para obter a frequência,
segundo ele o resultado foi com base na soma das cicatrizes do produto de áreas queimadas dos anos em estudo (10
anos), enquanto para o presente estudo a frequência de queimadas foi calculada com base na fórmula de intervalo de
retorno de queimadas, ou seja, a frequência de queimadas é o inverso do intervalo de retorno de queimadas. Para Oom
(2014) a frequência quantifica a ocorrência de fogo por unidade de tempo e espaço, para Van Wilgen (2009) a
frequência relativa de queimadas é dada pela razão entre o número de queimadas registadas sobre o número de anos
da pesquisa.

61
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Outros estudos realizados em ecossistemas semelhantes ao da RNG, encontraram no Kruger


National Park (KNP) um intervalo médio de retorno que varia de 1, 2, 3, 4 e 6 anos durante um
período de 21 anos (Govender et al. 2006), e uma frequência que variava de 0,05 a 0,9 vezes/ano
sob uma precipitação média de 705mm (Van Wilgen, 2009). Estes dados demonstram que quando
o período de estudo for maior há uma tendência no aumento da frequência e uma diminuição no
intervalo médio de retorno das queimadas, para efeitos de gestão tem maior relevância o intervalo
médio de retorno (Van Wilgen et al. 2004; Cangela, 2014).

O mapa de frequência de queimadas, que permitiu a alocação das parcelas, foi validado com base
nos dados colectados no campo (Justice et al. 2002), das 59 parcelas tendo obtido um Índice Kappa
com 43% de exactidão, considerado bom (Congalton & Green, 1957) (Tabela 13), o que significa
que a probabilidade de que uma área queimada seja encontrada na realidade queimada é de 43%.

Tabela 13: Exactidão da classificação do mapa de frequência (MCD64A1)

Acurácia do Acurácia do Erro de Erro de Índice


produtor (%) usuário (%) Omissão (%) Comissão (%) Kappa (%)
Não 0 95,45 100 100 43,0
queimado
Queimado 95,45 4,55 4,55 95,45

Observa-se que dentro do período em estudo (2014 a 2018) as queimadas foram distribuídas por
quase toda a reserva, correspondendo a uma percentagem total de cerca de 92,8% de área
queimada, porém 0,036% de área que tenha queimado mais de uma vez dentro deste período.

62
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Figura 10: Mapa de frequência de queimadas (MCD64A1).

Maúnze (2016) constatou que a RNG foi afectada por queimadas em cerca de 41,99 % da sua
extensão total, porém o mapa de frequência de queimadas apresentado por Maúnze (2016) não foi
validado, com base em dados de campo (Justice et al. 2002), por exemplo, ou outra metodologia
de validação sugerida por Giglio et al. (2016), Morisette et al. (2005).

O aumento da área queimada pode ser explicado pelo facto (1) do presente estudo não ter sido feita
a discriminação da qualidade da detecção da queima, que varia de 1 a 4, sendo 1 – maior nível de
confiança de detecção e 4 – menos confiança (Giglio et al. 2016, 2018) (2) de existirem dois ciclos
de queimadas, um caracterizado por pouca frequência de queimadas (Van Wilgen et al. 2004) e
outro caracterizado por alta frequência de queimadas e consequentemente aumento da área
queimada (Van Wilgen et al. 2004; Le Page et al. 2008) o estudo efectuado pela EtcTerra-

63
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Fundação IGF (2017) constatou que as queimadas nos últimos anos tendiam a reduzir depois de
uma série de 3 anos de alta frequência de queimadas (2009, 2011, 2013).

Observações efectuadas na floresta de miombo na RNN comprovam o facto de que uma baixa
frequência de queimadas tem produzido fogos de alta intensidade (80Mw), enquanto uma alta
frequência de queimadas tem produzido fogos de baixa intensidade (40Mw) (Ribeiro et al. 2017).

4.1.3. Intensidade das queimadas


Sob o ponto de vista da intensidade das queimadas no presente estudo foram identificadas duas
áreas (de acordo com o modelo Getis-Ord Gi*), uma onde ocorrem queimadas com FRP> 21,6Mw
(“alta intensidade”) com cerca de 489,07km2, e uma outra área onde ocorrem queimadas com FRP
<21,6Mw (“baixa intensidade”), uma área de cerca de 2.371,93km2.

O resultado da classificação definida pelo modelo Getis-Ord Gi* no presente estudo é similar ao
proposto por Giglio et al. (2006) que distingui dois tipos fogos de acordo com a intensidade, baixa
intensidade com FRP que aproxima 15Mw, associado muitas vezes a áreas extensas de culturas
agrícolas, independentemente da sua localização (zona tropical ou subtropical), enquanto
queimadas com alto FRP maior ou próximo de 40Mw tendem a ocorrer em áreas com gramíneas,
por exemplo, Oom (2014) com base em análise exploratória, revisão da literatura e experiência de
especialistas, definiu três níveis de intensidade do fogo, um baixo (13 – 100 Mw pixel-1), médio
(100 – 200 Mw pixel-1) e alto (> 200 Mw pixel-1).

Para o presente estudo a intensidade média foi de 46,9 Mw, a intensidade máxima foi de 308,5
Mw (17 de Setembro de 2018) e a mínima foi de 15,6 Mw registada em 7 de Setembro de 2016
(Figura 11). A intensidade média registada por Maúnze (2016) no período de 10 anos foi de 25,09
Mw, o pico foi de 477,287 Mw registado no mês de Agosto do ano 2006 e, as mínimas foram de
12 e 12,1 Mw, ambos registados no mês de Julho para os anos 2006 e 2014 respectivamente.
Ribeiro et al. (2017) ao longo do periodo de 12 anos de estudo na RNN, encontrou anualmente
uma média de FRP que variava entre os 40Mw a 10Mw.

64
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Figura 11: Distribuição das parcelas pelo mapa de intensidade do fogo em FRP (MCD14ML) na
RNG.

Giglio et al. (2016) reconhece que a média de FRP detectada pelos produtos da colecção 5 é de
56,9 Mw em média representando um decréscimo de cerca de 16% da detecção dos produtos da
colecção 6 que é de 47,7 Mw, em relação a isso, significa que Maúnze (2016) utilizou o produto
da colecção 5, que superestima os valores de FRP. O decréscimo dos valores detectados representa
uma melhoria nos algoritmos, que passaram a produzir melhores respostas aos falsos alarmes
(fogos localizados em áreas agrícolas e cursos de água), contudo, Giglio et al. (2016), reconhece
que os fogos dificilmente excedem aproximadamente cerca de 500Mw (Giglio et al. 2016), tendo
sido observado em Canadá, Sibéria e Alaska zonas de floresta boreal (Giglio et al. 2006).

Observa-se que a intensidade máxima reduziu e a mínima registada aumentou comparativamente


ao período de estudo de Maúnze (2016), as maiores intensidades estão localizadas por toda a
reserva, com maior densidade a este e oeste (Figura 11), existe uma semelhança na localização das

65
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

queimadas de maior intensidade com a encontrada por Maúnze (2016), isto pode ser explicado por
um lado pela aproximação das comunidades que estão ao redor da RNG, que facilmente
conseguem atravessar os limites da reserva e ateiam fogo como um dos instrumentos da caça
furtiva (Bila, 2005; Fusari et al. 2010; RAPPAM, 2010) por outro lado, pelo fraco esforço de
fiscalização dessas áreas (Bila, 2005) por parte da equipa da RNG.

4.2. Descrição fitossociológica da floresta


4.2.1. Parâmetros da estrutura horizontal
Do levantamento efectuado dentro das 59 parcelas correspondendo ao mesmo número de hectares
constatou-se que as espécies mais abundantes dentro da RNG são respectivamente Brachystegia
boehmii Taub., Brachystegia spiciformis Benth., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin,
Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Pterocarpus angolensis DC.,
Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, Burkea africana Hook., Annona senegalensis Pers.,
Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms e Dalbergia nitídula Bak. Sendo que a espécie
Brachystegia boehmii Taub. representa 10,5% de dominância dentro da reserva e é, por
conseguinte, a espécie com maior abundância. Esta composição corresponde completamente à
descrita por vários autores (Frost, 1996; Campbell et al. 1996, 2010; Cauldwell & Zieger; 2000;
Sitoe, 1999; Timberlake & Chidumayo, 2011; Zolho, 2005; Ribeiro et al. 2008;) sobre as espécies
presentes na floresta de miombo.

Todas as 120 espécies descritas estão distribuídas em 38 familias (Apêndice IX), dentre as quais a
Caesalpiniaceae apresenta 38,4% de indivíduos, Fabaceae (11,7%), Apocynaceae (6,8%),
Euphorbiaceae (6,5%), Annonaceae (3,8%), Loganiaceae (3,3%), Mimosaceae (2,7%),
Chrysobalanaceae (2,6%), Sapindaceae (2,6%), Ebenaceae (2,3%), destacando-se como as 10
famílias com o maior número de indivíduos (Figura 12).

66
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

E benac eae
S a p in d a c e a e
C h r y s o b a la n a c e a e
M im o s a c e a e
F a m ilia s

L o g a n ia c e a e
A nnonac eae
E u p h o r b ia c e a e
A poc y nac eae
Fabac eae
C a e s a lp in ia c e a e

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

N u m e r o d e in d iv id u o s ( % )

Figura 12: Percentagem do número de individuos por familia na RNG

a) Frequência das espécies


As espécies que estão amplamente distribuídas dentro da RNG são Pterocarpus angolensis DC.
(3,6%), Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax (3,6%), Burkea africana Hook. (3,4%),
Brachystegia boehmii Taub. (3,4%), Brachystegia spiciformis Benth. (3,4%) (Apêndice X). Foram
identificadas na Província da Zambézia as espécies Brachystegia spiciformis Benth., Brachystegia
boehmii Taub., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, como as mais frequentes (com
frequências relativas situadas no intervalo de 35% a 55%) (Cuambe 2005), as mesmas espécies
são descritas como as mais frequentes da Província da Zambézia por Magalhães (2018).

Os valores das frequências neste estudo permitem afirmar que a composição florística da RNG é
heterogénia, pois valores altos de frequência (61%-100%) indicam uma composição florística
homogénea, valores baixos (1%- 40%) significam alta heterogeneidade florística (Ribeiro et al.
2002), o que significa que na RNG as diversas espécies coexistem nos mesmos lugares.

Tabela 14: Nome de espécies mais frequentes no estrato queimado e controlo

Estrato EQ EC
Frequência Pseudolachnostylis maprouneifolia Amblygonocarpus andongensis (Welw.
Pax (3,5%), Pterocarpus angolensis ex Oliv.) Exell & Torre, Brachystegia
DC. (3,5%), Burkea africana Hook boehmii Taub., Brachystegia spiciformis

67
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

(3,4%), Brachystegia boehmii Taub. Benth., Burkea Africana Hook.,


(3,3%), Brachystegia spiciformis Catunaregam spinosa (Thunb.)
Benth. (3,3%) Tirvengadum todas com uma frequência
relativa de 3,4% cada

Nota-se que as espécies com maiores frequências encontram-se nas parcelas do EQ são as mesmas
que são encontradas pela RNG (Tabela 14), por exemplo, a espécie Pseudolachnostylis
maprouneifolia Pax também possui características de resistência a queimadas, e é classificada
como uma espécie tolerante a queimadas (Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000), a espécie
Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon também é descrita por vários autores
(Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000; Ribeiro et al. 2008) como resistente a queimadas, o
que permite concluir que as espécies resistentes a queimadas são mais frequentes no miombo da
RNG.

b) Densidade das espécies


Dentro da RNG a maior densidade pertence às espécies Brachystegia boehmii Taub. (10,5%),
Brachystegia spiciformis Benth. (9,3%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin (8,2%),
Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon (6,7%) Pterocarpus angolensis DC. (6,0%).
Neste estudo foi encontrada em média uma densidade de 209 árvores ha-1, um pouco abaixo dos
dados relatados por Frost (1996), e de outros estudos realizados no país, como por exemplo, o IV
Inventário Florestal Nacional (Magalhães, 2018) encontrou na Província da Zambézia em média
668 árvores por hectare. Um estudo realizado por Sitoe (1999), encontrou em média cerca de 185
árvores por hectare no distrito de Báruè, na província de Manica.

Normalmente no ecossistema de miombo, a densidade de plantas, excluindo as que estão na


camada herbácea, varia de 1.500-4.100 plantas ha-1, enquanto a densidade das árvores (acima dos
2m de altura) varia de 380-1.400 ha-1 (Frost, 1996). Porém a densidade encontrada neste estudo é
semelhante a encontrada por Baxter & Getz (2005) no estudo de avaliação de modelos do efeito
de queimadas e elefantes sobre as savanas africanas, encontrou uma densidade de 219,8 árvores
por hectare.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

A densidade (209 árvores ha-1) aumenta se forem consideradas indivíduos em regeneração, por
exemplo a média dos indivíduos na regeneração natural estabelecida (RE) (5cm <DAP ≤ 10cm) é
de 393 árvores ha-1 quando assumido que a distribuição das espécies nas sub-parcelas é uniforme
ao longo de toda parcela, e para o caso de regeneração natural não estabelecida (RNE) (DAP <5cm)
a média de indivíduos é de, 1.108 plantas por hectares (Figura 13).

Figura 13: Comparação de distribuições acumuladas de árvores adultas, RE e RNE

Observamos que a curva dos indivíduos na fase de regeneração natural estabelecida, na RNG,
apresenta maior proximidade com os indivíduos na fase adulta e apresentam uma menor variação
(desvio padrão 59,2), enquanto a cruva dos indivíduos na fase da regeneração natural não
estabelecida está mais distante da RE (Figura 13), um dos factores são os fogos que afectam estes
indivíduos pois encontram-se no estrato graminal (Beuchner & Dawkins, 2007), com altura
inferior aos 2m. Os indivíduos na fase de regeneração sofrem mais com o efeito das queimadas
por causa da sua baixa altura como comprovaram Cauldwell & Zieger (2000), e não são todos que
chegam a fase adulta (Beuchner & Dawkins, 2007).

Para verificar o nível de associação foi efectuado um teste de correlação entre as variáveis,
frequência de queimadas e o número de árvores adultas tendo sido observado que a correlação é
fraca (r=-0,217) e não é significativa (p>0,099) (Fernandes, 1999; Gotelli & Ellison, 2011). O
mesmo acontece com a intensidade de queimadas e o número de árvores adultas (r=-0,086,
p>0,517) (Fernandes, 1999; Gotelli & Ellison, 2011) isso permite afirmar que não existe uma
relação de causa efeito entre estas variáveis, ou seja, não existem evidências para afirmar que a

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

frequência e a intensidade de queimadas, na RNG, está relacionado com o número de árvores


adultas. De facto, nas florestas de miombo ou savanas os fogos que ocorrem não eliminam (matam)
as espécies, mas afectam na maior parte na sua fisionomia (Sitoe, 1999; van Wilgen et al. 2004),
por isso que tanto a frequência como a intensidade não têm alterado o número de indivíduos
adultos.

Ao se comparar densidades relativas dos dois estratos (Tabela 15) verifica-se que existe uma forte
presença das espécies da família das Caesalpiniaceae em ambos estratos. Observa-se que no EQ
temos espécies de copas com maiores densidades, o que impossibilita o desenvolvimento de outras
espécies no estrato inferior (efeito de assombreamento), ao contrário no EC existem espécies como
Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon e Millettia stulhmanni Taub. que são
resistentes a queimadas (Trapnell, 1959), mas que ocupam o estrato inferior ou médio, e não
contribuem para a formação das copas (Cauldwell & Zieger, 2000).

Tabela 15: Nomes de espécies com maiores densidades no estrato queimado e controlo

Estrato EQ EC
Densidade Brachystegia boehmii Taub. (10%), Brachystegia spiciformis Benth. (15,2%),
Brachystegia spiciformis Benth. Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
(9%), Julbernardia globiflora Arg.) Pichon (15.2%), Brachystegia
(Benth.) Troupin (8%), boehmii Taub. (11,7%), Millettia
Diplorhynchus condylocarpon stulhmanni Taub. (8,9 %), Julbernadia
(Muell.-Arg.) Pichon (6,5%), globiflora (Benth.) Troupin (7,1%)
Pteroscarpus angolensis DC. (6,1 %)

c) Dominância das espécies


A dominância representa a ocupação do espaço por cada espécie, esta surge como o resultado do
cálculo da área basal, as espécies que são mais dominantes na RNG são Brachystegia spiciformis
Benth. (21,2%), Brachystegia boehmii Taub. (14,1%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin
(9,2%), Pterocarpus angolensis DC. (7,0%), Burkea africana Hook. (4,1%) respectivamente.
Estes resultados corroboram parcialmente com os resultados apresentados por Fusari et al. (2010)
quando afirmam que as espécies de Brachystegia spiciformis Benth., B. boehmii Taub. e

70
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin são as mais dominantes sobre a RNG, entretanto, não
foram encontrados dados para sustentar a ideia de que as comunidades de “Acacia-Combretum”
também são dominantes sobre a RNG.

As espécies com maiores dominâncias assumem os seguintes valores ao serem expressas em


metros quadrados por unidade de hectare, Brachystegia spiciformis Benth., 2,04m2 ha-1,
Brachystegia boehmii Taub. 1,3m2 ha-1, Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin 0,89 m2 ha-1. De
forma geral todas as parcelas inventariadas apresentam uma média de área basal de 9,6 m2 ha-1, ao
considerar apenas indivíduos com DAP acima de 10cm. Os dados recordes da área basal em
ecossistemas de miombo foram registados no Malawi com 7m2 ha-1 em litossolos e uma
precipitação anual média de 650mm (miombo seco), e em Zaire, onde a área basal é de 22m2 ha-1
onde é registada em média uma precipitação anual de 1270mm (Frost, 1996).

A média da área basal na província da Zambézia é de 19,8m2 ha-1 (Magalhães, 2018). Em


ecossistemas de miombo, na província de Manica, a média da área basal é de 12m2 ha-1 (Sitoe,
1999). As florestas desta província em geral são dominadas pelas Brachystegia spiciformis Benth.,
Brachystegia boehmii Taub. e Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, característica dos
ecossistemas de miombo (Cuambe, 2005; Magalhães, 2018).

Tabela 16: Nomes das espécies mais dominantes no estrato queimado e controlo

Estrato EQ EC
Dominância Brachystegia spiciformis Benth. Brachystegia spiciformis Benth. (30,5%),
(20,6%), Brachystegia boehmii Brachystegia boehmii Taub. (18,8%),
Taub. (13,8%), Julbernardia Millettia stulhmanni Taub. (8,1%),
globiflora (Benth.) Troupin (9,3%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin
Pterocarpus angolensis DC. (7,3%), (7,2%), Diplorhynchus condylocarpon
Burkea africana Hook. (4,6%) (Muell.-Arg.) Pichon (5,2%).

d) Índice de valor de importância


As espécies com maior valor de importância dentro da RNG são Brachystegia boehmii Taub.
(10,5%), Brachystegia spiciformis Benth. (9,4%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin

71
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

(8,3%), Pterocarpus angolensis DC. (6,0%), Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax (4,1%),


Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon (3,0%), Burkea africana Hook. (4,3%),
Deinbollia oblongifolia (E. Mey. ex Arn.) Radlk. (3,2%), Erythophleum africanum (Welw. ex
Benth.) Harms (3,0%) e Strychnos sp (3,0%) (Figura 14). Maiores IVI também de espécies
Brachystegia spiciformis Benth., Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia globiflora (Benth.)
Troupin, Pterocarpus angolensis DC., foram encontradas por Cuambe (2005) e apresentados no
relatório de inventário florestal da provincia da Zambézia e Magalhães (2018), na apresentação do
relatório do IV IFN.

Comparações sobre os efeitos das queimadas dentro e fora de uma área de pesquisa no Zimbabwe,
encontrou a espécie Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin, como a mais importante (IVI), entre
outras espécies como a Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, M. glaber e Terminalia sericea
Burch. ex DC (Guy, 1989). Estimativas da biomassa lenhosa no miombo seco no Zimbabwe
encontrou as espécies de Brachystegia spiciformis Benth., Brachystegia boehmii Taub.,
Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin com o maior IVI (Grundy, 1995).

20
In d ic e d e v a lo r d e im p o r t a n c ia ( % )

RNG
15
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Figura 14: Comparação dos Índices de valores de importância das espécies em diferentes estratos

72
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

No estudo sobre a diversidade de composição de árvores da floresta de miombo, na região central


de Angola Gonçalves et al. (2017) encontraram espécies semelhantes (Brachystegia spiciformis
Benth., Burkea africana Hook., Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon,
Erythrophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms) com o maior índice de valor de importância.

Tabela 17: Espécies com maior índice de valor de importância no estrato queimado e controlo
Estrato EQ EC
IVI Brachystegia boehmii Taub. Brachystegia spiciformis Benth. (17%),
(10,3%), Brachystegia spiciformis Brachystegia boehmii Taub. (11,1%),
Benth. (9,0%), Julbernardia Millettia stulhmanni Taub. (5,7%),
globiflora (Benth.) Troupin (8,2%), Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin
Pterocarpus angolensis DC. (6,1%), (5,3%), Diplorhynchus condylocarpon
Burkea africana Hook. (4,4%), (Muell.-Arg.) Pichon (4,3%),

A classificação das Brachystegias como sendo um género sensível ao fogo (Cauldwell & Zieger,
2000), não é unânime, visto que a mesma espécie foi classificada como semi tolerante a queimadas
por Trapnell (1959), isto pode suportar a razão pela qual neste estudo encontramos as
Brachystegias com IVI maiores tanto nas parcelas do EQ bem como do EC (Tabela 17).

Entretanto, análise estatística efectuada a um nível de significância de 95% para testar a hipótese
se existem diferenças entre os IVI das espécies dos dois estratos, constatou que não existem
diferenças significativas (p>0,704) entre os dois estratos no índice de valor de importância das
espécies. Em relação à inexistência de diferenças entre os dois estratos, van Wilgen et al. (2004)
defende que os fogos que ocorrem nas savanas africanas não matam os indivíduos (espécies), mas
afectam o seu tamanho (Sitoe, 1999).

Nas parcelas do EQ observa-se que há uma mudança na sequência das espécies que são mais
importantes, por exemplo, Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin,
Brachystegia spiciformis Benth. estas são descritas como espécies sensíveis a queimadas (Trapnell,
1959; Cauldwell & Zieger, 2000; Ribeiro et al. 2013), entretanto, estas espécies dominam a
floresta da RNG pelas suas características fisionómicas (possuem diâmetro e altura maior).

73
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

4.2.2. Caracterização dos diâmetros


A análise efectuada das classes diamétricas da Reserva Nacional do Gilé assemelha-se ao que é
descrito sobre as espécies existentes em florestas nativas na região tropical (Lamprecht, 1990),
onde encontra-se um maior número de indivíduos com menor diâmetro, e pequeno número de
indivíduos com maior diâmetro, representando uma figura que se assemelha a letra “J” invertida
(Lamprecht, 1990; Ribeiro et al. 2002) (Figura 15). Sendo que a maior parte dos indivíduos cerca
de 56% dos indivíduos possuem um diâmetro entre os 10 a 20 cm, e por outro lado, encontram-se
poucos indivíduos com maiores diâmetros, no intervalo de 100 a 110 cm e 110cm a 120cm foram
encontrados 0,01%.

Também foi encontrado um maior número de indivíduos em floresta de miombo com DAP entre
os 10cm a 25cm, na região central de Angola (Gonçalves et al. 2017).

8000

7000
N u m e r o d e in d iv id u o s

6000 RNG

Q u e im a d o
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C la s s e s d ia m e t r ic a s

Figura 15: Representação dos diâmetros por estratos

No EQ foram encontrados indivíduos com diâmetros acima dos 90cm, correspondendo a 0,06% e
não foram encontrados indivíduos com o mesmo intervalo de diâmetros no estrato onde não
ocorrem queimadas, aliás o EC teve poucos indivíduos o que faz com que a curva (de “J” invertido)

74
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

seja menos expressiva, os diâmetros variaram de 10 a 90cm, sendo que o maior número de
indivíduos (cerca de 1,68%) tem diâmetros entre os [10-20cm[. O IV Inventário Florestal Nacional
também encontrou uma percentagem (5,6%) considerável de 37 árvores por hectare que
apresentavam DAP> 40cm, na província de Zambézia (Magalhães, 2018), percentagem
semelhante apenas foi encontrada na província de Sofala, ao longo de todo o país.

A análise estatística efectuada a um nível de significância de 5% para testar a hipótese se existem


diferenças entre o número de indivíduos de cada classe de DAP, constatou-se que não existem
diferenças significativas (p>0,434) entre os DAP dos dois estratos, o que significa que não há
evidencia estatística para assumir que os diâmetros são diferentes nos dois estractos.

4.2.3. Caracterização das alturas


Da análise efectuada sobre as alturas dos indivíduos dentro da RNG, constata-se que as alturas
variam de 1,30m a 40m (Figura 16), com maior predominância (50% dos indivíduos) alturas
situadas no intervalo entre os 5m a 10m, e poucos indivíduos (cerca de 2%) possuem altura
superior aos 30metros, destacando-se duas espécies, uma da família da Sapindaceae, Deinbollia
oblongifolia (E. Mey. ex Arn.) Radlk. e outra da família das Sapotaceae, Pachystela brevipes
(Bak.) Engl.

Espécies que possuem altura inferior a 2 metros são Burkea africana Hook., Diplorhynchus
condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Swartzia madagascarensis Desv. e Albizia versicolor Welw.
ex Oliv. As alturas encontradas na RNG estão dentro do intervalo das árvores na floresta de
miombo quando madura medem entre 10 a 20m de altura (Campbell, 1996).

Cerca de 50% dos indivíduos possui uma altura que varia de 5m a 10m, considerando o critério
altura, o miombo da RNG pode ser considerado floresta de miombo seco (Frost, 1996; Ribeiro et
al. 2002), pois a floresta de miombo húmido ocorre em regiões onde a precipitação anual
normalmente é superior a 1000mm e a altura das árvores é superior a 15m (Frost, 1996; Campbell,
1996; Ribeiro et al. 2002). Outros estudos realizados no ecossistema de miombo (Sitoe, 1999),
observou alturas que variavam de 3 a 10 metros.

75
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

8000
RNG
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N u m e r o d e in d iv id u o s

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C la s s e s d e a ltu r a s

Figura 16: Representação das alturas por estratos

Depois de 26 anos de estudo sobre efeitos de queimadas no Zimbabwe foi comprovado que havia
um aumento (64,8%) de indivíduos com altura menor que 11m (DAP) (Mapaure & Moe, 2009).
Análise estatística realizada a um nível de significância de 5% para testar a hipótese se existem
diferenças entre as alturas dos indivíduos dois estratos, revelou que não existem diferenças
significativas (p>0,807) entre as alturas dos dois estratos.

4.2.4. Estado de sanidade


O estado de sanidade das espécies e/ou indivíduos é um indicador importante para tomada de
medidas de maneio (Trapnell, 1959; Ribeiro et al. 2008), dentro da RNG cerca de 78,2% das
espécies apresentam um bom estado de sanidade (saudável), 9,8% das árvores apresentam sinais
de ataque, foram encontrados também cerca 7,3% das árvores mortas, árvores com um bom vigor
(3,1%), árvores atacadas (1,4%) e por último, árvores severamente atacadas (0,2%) (Figura 17).

76
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

100

90

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N u m e r o s d e a r v o r e s (% )

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S a n id a d e

Figura 17: Representação da sanidade por quantidade de indivíduos

Ao comparar-se os níveis de sanidade dos dois estratos, nota-se que árvores severamente atacadas
(apresentam a mesma percentagem de indivíduos nos dois estratos (0,2%) e árvores atacadas
apresentam uma ligeira diferença, sendo que o EQ com 1,5%, enquanto o EC com 1,3%, árvores
com sinais de ataque, no EC com 10,3%, e no EQ com 8,2%, árvores saudáveis, no EC com 77,3%,
e no EQ com 80,9%, árvores com bom vigor no EC 2,9%, queimado com 3,8%, árvores mortas no
EC com 7,9% e no queimado com 5,5% do total das árvores existentes neste estrato.

Análise estatística realizada a um nível de significância de 5% para testar a hipótese se existem


diferenças entre o estado de sanidade dos indivíduos dos dois estratos, revelou que existem
diferenças significativas (p<0,043) entre as sanidades dos dois estratos.

77
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Ao analisar de forma global, o estado da sanidade em relação as espécies existentes dentro da


RNG, nota-se que as espécies como, Burkea africana Hook. (com 14,9%, classificada por
Cauldwell & Zieger, 2000), como semi tolerante a queimadas), Swartzia madagascarensis Desv.
(12,2%), Deinbollia oblongifolia (E. Mey. ex Arn.) (9,1%) são as que apresentam maior
percentagem de árvores mortas5. Enquanto árvores severamente atacadas a maior percentagem de
indivíduos pertence a espécies de Pterocarpus angolensis DC. (19,2%, classificada por Trapnell
(1959), como tolerante a queimadas), Acacia sp (11,5%), Brachystegia spiciformis Benth. (11,5%).

Dentro da categoria árvores atacadas encontram-se espécies de Pterocarpus angolensis DC. (com
8,1%), Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms (7,0%, classificada por Trapnell
(1959), como semi tolerante a queimadas) e Burkea africana Hook. (6,4%), na categoria de árvores
com sinais de ataque o maior número de indivíduos pertence a espécies de Pterocarpus angolensis
DC. (com 10,4%), Brachystegia spiciformis Benth. (9,1%) e Julbernardia globiflora (Benth.)
Troupin (8,4%), e na categoria de árvores saudáveis o maior número de indivíduos pertence a
Brachystegia boehmii Taub. (11,9%), Brachystegia spiciformis Benth. (9,5%) e Julbernardia
globiflora (Benth.) Troupin (8,4%).

A categoria de árvores com bom vigor o maior número de indivíduos pertence a Brachystegia
spiciformis Benth. (com 12,2%), Annona senegalensis Pers. (8,9%) e Brachystegia boehmii Taub.
(8,1%) (Figura 18).

5
Uma grande parte (23%) dos indivíduos destas espécies na RNG também apresentam uma altura inferior a 2m, o
que torna mais vulneráveis a queimadas (Ben-Shahar, 1998; Cauldwell & Zieger, 2000).

78
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

25.0
Numero de arvores (%)
20.0
15.0
10.0
5.0
0.0
Burkea africana Hook.

Acacia sp

Burkea africana Hook.


Swartzia madagascarensis

Deinbollia(E. Mey. ex Arn.)

(Welw. ex Benth.) Harms


Pteroscarpus angolensis DC.

Brachystegia spiciformis Benth.

Pteroscarpus angolensis DC.

Pteroscarpus angolensis DC.

Brachystegia spiciformis Benth.

Brachystegia spiciformis Benth.

Brachystegia spiciformis Benth.

Annona senegalensis Pers.


Erythophleum africanum

Brachystegia boehmii Taub.

Brachystegia boehmii Taub.


Jubernadia globiflora (Benth.)

Jubernadia globiflora (Benth.)


Especies/sanidade Radlk.
Desv.

Troupin

Troupin
Árvore Morta Árvore Árvore atacada Árvore com sinais Árvore saudável Árvore com bom
severamente de ataque vigor
atacada

Figura 18: Representação da sanidade por espécies com maior número de indivíduos

Esta análise, parte do princípio que os indivíduos pertencentes a um determinado estado de


sanidade, correspondem a 100%, neste sentido, foram encontradas cerca de 921 árvores mortas,
cerca de 26 árvores severamente atacadas, 172 árvores atacadas, 1.227 árvores com sinais de
ataque, 9.822 árvores saudáveis e 394 árvores com bom vigor, todas elas adultas.

As espécies como Burkea africana Hook., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms são
preferencialmente atacadas por búfalos e cudos (Mapure & Campbell, 2002), na RNG existe uma
considerável população de cudos e búfalos (Fusari et al. 2010), porém é importante clarificar que
na avaliação de sanidade árvore morta considerava-se morta por fogos, árvore morta por fogo.

4.3. Estrutura vertical


Para a analisar a estrutura vertical da RNG, a floresta foi dividida em três classes (Figura 19) de
acordo com o método da IUFRO (Lamprecht, 1990), a primeira compreende indivíduos com a
altura de 1,30 a 3 metros, pertencentes ao estrato inferior, a segunda constituída de indivíduos com
altura de 3,25 a 6 metros pertencentes ao estrato médio e por último, a terceira constituída de
indivíduos com 6,25 até 40 metros pertencentes ao estrato superior (Tabela 18), a altura dominante
é de 9,2 metros.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

100
N u m e r o d e i n d i v id u o s ( % )

80

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20

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E str a to i n fe r i o r E str a to m e d i o E str a to su p e r i o r

Figura 19: Representação percentagem das árvores por estratos

Em estudo sobre a mudança da biomassa e produtividade das florestas de miombo no Zimbabwe,


Guy (1981) definiu três estratos em florestas de miombo; outro estudo em floresta de miombo no
Leste de Africa sobre a mudança na biomassa lenhosa identificou três estratos, o primeiro estrato
com alturas que variavam entre 1m a 5m, o segundo estrato com alturas entre os 5m a 10m e o
estrato superior com alturas superior a 10m (van de Vijver et al. 1999).

De forma geral, o estrato superior possui uma maior quantidade de indivíduos (74,3%), seguido
do estrato médio (21,9%) e por último o estrato inferior (3,9%) dos indivíduos da floresta.

Tabela 18: Distribuição dos indivíduos por cada estrato


Estratos n % Limite dos Altura
estratos (m) média (m)
Estrato inferior 486 3,9 [1,3;3[ 2,46
Estrato medio 2746 21,9 [3,25;6[ 5,11
Estrato superior 9.330 74,3 [6,25;40[ 10,6
Total 12562 100

As três especies mais dominantes dentro do estrato inferior são Diplorhynchus condylocarpon
(Muell.-Arg.) Pichon (11,34%), Burkea africana Hook. (8,80%), Annona senegalensis Pers.
(8,10%) as três espécies dominantes no estrato médio são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
Arg.) Pichon (12,82%) Annona senegalensis Pers. (11,33%) Dalbergia nitídula Bak. (6,56%) as

80
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

três espécies dominantes no estrato superior são Brachystegia boehmii Taub. (13,31%)
Brachystegia spiciformis Benth. (11,99%) Julbernadia globiflora (Benth.) Troupin (10,07%).

Cauldwell & Zieger, (2000) fundamentam os resultados deste estudo, segundo o qual, as espécies
que são tolerantes a queimadas têm um crescimento (em altura) curto, estas dominam o estrato
inferior ou médio e não contribuem para a formação das copas na floresta de miombo. Em todos
estratos as espécies que são dominantes pertencem a família das Caesalpiniaceae.

As plantas que se encontram no estrato inferior (em crescimento com uma altura menor do que
3m) são mais susceptíveis de sofrer danos por fogos do que plantas na fase de maturação em
savanas africanas (Ben-Shahar, 1998), de facto as plantas na fase de regeneração natural não
estabelecida apresentam uma média de 1.108 indivíduos por hectare, enquanto na fase de
regeneração natural estabelecida encontram-se em média cerca de 393 indivíduos por hectare, o
que significa que apenas 1/3 dos indivíduos passam da RNE para RE.

4.4. Regeneração natural


As plantas na regeneração natural estabelecida foram registadas a sua ocorrência em 55 parcelas,
não tendo sido registada em 4 parcelas (uma das quais do EC), por não ocorrerem indivíduos com
5cm <DAP ≤ 10cm (Apêndice XI).

a) Frequência das espécies na regeneração natural estabelecida


A maior frequência das espécies em regeneração natural estabelecida, ou seja, na maior parte das
parcelas foi registada a ocorrência de Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon
(8,78%), Strychnos sp (5,4%), Annona senegalensis Pers. (4,72%), Burkea africana Hook.
(4,72%), Acacia nilotica (L.) Willd. ex Del. (4,05%) e Dalbergia nitídula Bak. (4,05%),
respectivamente. Em estudo no ecossistema de miombo na região de Nhambita foi observado que
havia um declínio considerável de brotos das espécies Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-
Arg.) Pichon e Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin com a frequência de queimadas (Zolho
2005).

81
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

As espécies com altas frequências na regeneração estabelecida são diferentes das espécies adultas,
onde havia o domínio das Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax e
Burkea africana Hook., esta última é descrita por Cuambe (2005) como sendo uma espécie que
aparece com uma frequência relativa de 28%, e Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon também aparece dependendo das características particulares da floresta e com frequências
relativas variáveis (Cuambe, 2005). Estas espécies são descritas como resistentes a queimadas ou
com semi tolerância a queimadas (Trapnell, 1959; Cauldwell & Zieger, 2000), as queimadas
afectam principalmente as espécies em regeneração (Sitoe, 1999).

b) Densidade das espécies na regeneração natural estabelecida


Em relação às densidades das espécies em regeneração natural estabelecida por parcela, a maior
densidade pertence a Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon (18,26%), Strychnos sp
(9,49%), Annona senegalensis Pers. (9,49%), Dalbergia nitídula Bak. (8,03%), Erythophleum
africanum (Welw. ex Benth.) Harms (8,03%) e Acacia nilotica (L.) Willd. ex Del. (7,30%),
respectivamente. As queimadas também promovem a regeneração das espécies no miombo,
principalmente das espécies Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Strychnos sp,
Annona senegalensis Pers. tidas como resistentes a queimadas (Trapnell, 1959; Cauldwell &
Zieger, 2000), em contraste Ben-Shahar (1998) comprovou o declínio na densidade de B.
plurijuga, espécie do género Brachystegia, principalmente de árvores com menos de 10m de altura
causado por acumulação de danos por fogos.

Com o objectivo de verificar o grau de associação entre as variáveis, frequência de queimadas e


número de indivíduos na regeneração estabelecida por cada parcela, foi efectuado o teste de
correlação de Pearson (r), tendo sido obtido r=0,298 (correlação fraca) (Gotelli & Ellison, 2011),
porém significativa (p<0,022). Enquanto a variável frequência de queimadas e o número de
indivíduos na regeneração não estabelecida é r=-0,151 (correlação muito fraca) (Gotelli & Ellison,
2011) e não significativa (p>0,253), a intensidade de queimadas e RE a correlação é r=-0,114
(correlação muito fraca) e não é significativa (p>0,390) (Gotelli & Ellison, 2011).

A intensidade de queimadas e RNE a correlação é de r=-0,417 (correlação moderada) e


significativa (p<0,001) (Gotelli & Ellison, 2011), com isso conclui-se que existe uma relação

82
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

directa de causa e efeito entre as variáveis, porém existe uma correlação entre a intensidade de
queimadas e a RNE.

c) Regeneração natural estabelecida relativa por espécie


A regeneração natural relativa (RNR) é a média aritmética entre a frequência relativa, densidade
relativa e a classe relativa de tamanho da regeneração natural (classe da espécie na regeneração),
as espécies que apresentam maior valor de RNR, são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.)
Pichon, Strychnos sp, Annona senegalensis Pers., Dalbergia nitídula Bak. e Burkea africana
Hook. A capacidade de regeneração de uma floresta é afectada pêlos fogos (Trapnell, 1959;
Cauldwell & Zieger, 2000) e herbívoros (Banda et al. 2006) reduzindo a sua regeneração natural.

D a lb e r g ia b o e h m ii B a k .
E r y th o p h le u m a fr ic a n u m ( W e lw . e x B e n t h .) H a r m s
H y m e n n o c a r d ia a c id a T u l.
P a r in a r i c u r a te llifo lia P la n c h , e x B e n t h .
A c a c ia n ilo tic a ( L .) W illd . e x D e l.
B u r k e a a fr ic a n a H o o k .
D a lb e r g ia n itid u la B a k .
A n n o n a s e n e g a le n s is P e r s .
S tr y c h n o s s p
D ip lo r h y n c h u s c o n d y lo c a r p o n ( M u e ll.- Ar g .) P ic h o n

0 2 4 6 8

N u m e r o d e i n d i v id u o s n a R N R i ( % )

Figura 20: Representação da regeneração natural relativa por espécies

As espécies com maiores IVI diferem das que encontramos com maior valor na regeneração natural
relativa por espécie, onde pode-se observar que as presente na RNR são classificadas como
espécies resistentes a queimadas (Trapnell, 1959), e estão situados no estrato inferior, onde
normalmente muitas espécies sofrem mais danos causadas por queimadas (Cauldwell & Zieger,
2000).

83
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

D io s p y r o s m e s p ilifo r m is H o c h s t, e x A . D C .
M a r g a r ita r ia d is c o id e a ( B a ill.) W e b s te r
B r a c h y s te g ia s p ic ifo r m is B e n th .
E r y th o p h le u m a fr ic a n u m ( W e lw. e x B e n th .) H a r m s
D a lb e r g ia n itid u la B a k .
B r a c h y s te g ia b o e m ii T a u b .
S tr y c h n o s s p
B u r k e a a fr ic a n a H o o k .
J u lb e r n a r d ia g lo b iflo r a ( B e n th .) T r o u p in
D ip lo r h y n c h u s c o n d y lo c a r p o n ( M u e ll.- A r g .) P ic h o n

0 5 10 15

N u m e r o d e i n d i v id u o s n a R N E ( % )

Figura 21: Representação da regeneração natural não estabelecida por espécies

As 10 espécies mais importantes na fase de regeneração natural não estabelecida (em função da
frequência e densidade) são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Julbernardia
globiflora (Benth.) Troupin, Burkea africana Hook., Strychnos sp., Brachystegia bohemii Taub.,
Dalbergia nitídula Bak., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) Harms, Brachystegia
spiciformis Benth., Margaritaria discoidea (Baill.) Webster e Diospyros mespiliformis Höchst, ex
A. DC. respectivamente (Figura 21) e foi registada em 56 parcelas.

Estas espécies são classificadas como espécies resistentes ou semi resistentes a queimadas segundo
Cauldwell & Zieger (2000), e Trapnell (1959). van de Vijver et al. (1999) não encontrou diferenças
significativas entre ambientes com baixa e alta frequência de queimadas em relação a densidade
de árvores pequenas (0,5m – 1m de altura). Muitas vezes na análise de dados, indivíduos com
menos de 1m, eram excluídos (Frost, 1996), o que torna escassa a informação sobre esta categoria.

Dentro das quatro fases (início de crescimento; árvores com copas densas; fase de árvores novas;
e fase da floresta madura) de desenvolvimento (Frost, 1996) distinguidos na floresta de miombo,
onde que a primeira fase, “início de crescimento”, fogos frequentes podem reprimir a recuperação
das árvores, porque muitas plantas tem uma altura menor que 1m (Trapnell, 1959; Frost, 1996).

84
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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4.5. Influência das queimadas na vegetação


4.5.1. Índices de diversidade e similaridade
Os índices de diversidade e similaridade foram analisados para a vegetação adulta (59 parcelas) e
na fase de regeneração natural estabelecida (55 parcelas), para verificar o grau de variação (nos
dois estratos) dos índices sob efeito de queimadas (Apêndice XII).

a) Índice de diversidade de Shannon – Wiener (H')


Este é um índice não paramétrico, consiste em mensurar o grau de diversidade de determinada
área, caso exista um dado prévio para efeitos de comparação, a sua inclusão neste estudo visa, por
um lado, fornecer dados para estudos futuros, por outro lado, comparar a diversidadente entre os
dois estratos.

Os valores de H' apresentados indicam que o EQ apresenta maior (3,90) diversidade do que o EC
(0,14) (Tabela 18). Comparações sobre a diversidade da composição de árvores da floresta de
miombo, na região central de Angola obtiveram os seguintes valores do índice de Shannon, o mais
alto de 2,91 em uma floresta madura, seguida de uma floresta jovem com 2,81 e uma floresta de
idade média com 2,61 (Gonçalves et al. 2017). O presente estudo, apresenta uma semelhança
metodológica ao realizado por Gonçalves et al. (2017), por isso que os valores apresentados por
este índice transmitem uma ideia da diversidade florística que a RNG possui.

Outros estudos em florestas de miombo onde foi calculado o índice de Shannon-Wiener, foi obtido
H'=4,27 (Giliba et al. 2010) em estudo sobre a composição e diversidade florística no miombo na
Reserva Florestal de Bereku, onde foram inventariadas 80 parcelas circulares com um raio de
15metros. Não foram encontradas diferencas significativas entre uma floresta madura e zonas com
regeneração em ecossistemas de miombo em relação ao índice de Shannon que variava de 2,1 a
2,8 correspondendo a uma área com cortes de árvores e outra em que se registam a queimada
(Kalaba et al. 2013). O índice de Shannon obtido neste estudo está dentro dos intervalos obtidos
em estudos realizadaos na Zambia (Kalaba et al. 2013) e Tanzania (Giliba et al. 2010).

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
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b) Índice de equitabilidade Pielou (J')


O índice de Pielou tem como objectivo calcular o grau de uniformidade (dentro de cada taxa),
utilizando para tal o índice de H', neste estudo foi calculado em dois estratos, tendo resultado nas
parcelas com queimados (0,82) maior uniformidade de indivíduos dentro de cada espécie, e menor
uniformidade nas parcelas controlo (0,04), maiores semelhanças entre o número dos indivíduos em
cada espécie (Tabela 18). Estes resultados são satisfatórios visto que o índice de Pielou é avaliado
dentro de uma escala que varia de 0 (uniformidade mínima) a 1 (uniformidade máxima) (Gomide
et al. 2016; Real, 1999). Pais (2015) calculou o índice de equitabilidade e encontrou valores
similares, quando comparava a predominância das gramíneas em diferentes solos.

Mwase et al. (2006) em ecossistema de miombo, obteve um índice de Pielou que variava 0,55 a
0,84 sob diferentes usos de terra, entre uso normal (customeiro) e uma área protegida reserva. O
índice de Pielou obtido neste estudo está próximo ao estudo realizadaos no Malawi (Mwase et al.
2006).

Tabela 19: Índices de diversidade e similaridade em diferentes estratos

N° de N° N° de H' J' QM
Parcelas espécies indivíduos
EQ 47 118 12.102 3,90 0,82 0,01
EC 2 39 460 0,14 0,04 0,08
RNG 59 120 12562 4,04 0,84 0,01

c) Quociente de mistura de Jentsch


O Quociente de mistura de Jentsch considera o número de espécies inventariadas, 120 espécies,
sobre o número total de indivíduos, 12.562, (Tabela 18) esta fracção resultou num coeficiente de
0,01, o que pode significar que a flora da RNG apresenta um grau de diversidade baixo, se
considerar que o valor encontrado está muito próximo de zero, e distante de 1, por um lado. Mas,
por outro lado, pode significar que o aumento da área não significou o aumento do número de
espécies, de acordo com o pressuposto do levantamento baseado na curva das espécies (Ribeiro et
al. 2002), o resultado do Quociente de mistura, está muito relacionado ao esforço amostral
empreendido.

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CAPÍTULO V
5. Conclusões e Recomendações
5.1. Conclusões
Após o estudo sobre a caracterização da vegetação da RNG sob diferentes regimes de queimadas,
dentro de um período de 5 anos (2014 a 2018) conclui-se que:
1. As queimadas dentro da RNG ocorrem nos meses de Julho a Novembro com diferenças
significativas entre os meses que registam mais focos (p<1,07e-12), com pico no mês de Agosto,
o número de focos registados varia de 755 a 903 por ano, porém não existem diferenças
significativas entre o número de focos que são registados anualmente (p> 0,88628), a intensidade
média foi de 46,9 Mw, a intensidade máxima foi de 308,5 Mw e a mínima foi de 15,6 Mw. A
frequência média das queimadas dentro do período de 5 anos é de 0,38 vezes/ano e o intervalo
médio de retorno é de 5,38anos e o intervalo médio de retorno das queimadas de 2,62anos.

2. As 10 espécies com maior índice de valor de importância dentro da RNG são Brachystegia
spiciformis Benth, Brachystegia boehmii Taub., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin,
Pterocarpus angolensis DC., Pseudolachnostylis maprouneifolia Pax, Diplorhynchus
condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Burkea africana Hook., Deinbollia oblongifolia (E. Mey. ex
Arn.) Radlk., Erythophleum africanum (Welw. ex Benth.) e Strychnos sp respectivamente. Não
existem diferenças significativas (p>0,1172) entre o EQ e o EC em relação ao índice de valor de
importância das espécies. As espécies que apresentam maior valor de regeneração natural relativa
são Diplorhynchus condylocarpon (Muell.-Arg.) Pichon, Strychnos sp, Annona senegalensis Pers.,
Dalbergia nitídula Bak. e Burkea africana Hook.

3. Os diâmetros das espécies na RNG variam de 10cm a 120cm, para as árvores adultas, a maior
predominância de indivíduos (56%) com diâmetros 10 a 20 cm, e apenas 0,01% dos indivíduos
possuem um diâmetro no intervalo de 110cm a 120cm. Não existem diferenças significativas (p>
0,434) entre os DAP dos dois estratos (queimado e o controlo). As alturas dos indivíduos de variam
de 0 a 40m, com maior predominância dos indivíduos no intervalo de 5 a 10m, e pouco indivíduos
(2%) com alturas no intervalo de 35m a 40m. Não existem diferenças significativas (p>0,807)
entre as alturas dois estratos. Dentro da RNG cerca de 78,2% das espécies apresentam um bom
estado de sanidade (saudável), 9,8% das árvores apresentam sinais de ataque, foram encontrados

87
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Do Gilé.

cerca 7,3% das árvores mortas, árvores com um bom vigor (3,1%), árvores atacadas (1,4%) e por
último, árvores severamente atacadas (0,2%).

4. A analise da estrutura vertical do miombo da RNG, verificou-se que está dividida em três
estratos, a primeira compreende indivíduos com a altura de 1,3 a 3 metros, pertencem ao estrato
inferior, e indivíduos com altura de 3,25metros a 6 metros pertencem ao estrato médio e por último,
os indivíduos com 6,25 metros até 40 metros pertencem ao estrato superior.

5. Os valores do índice de Shannon apresentados indicam que o EQ apresenta maior diversidade


(3,90) do que o EC (0,14). O Quociente de mistura de Jentsch indica que o EQ apresenta maior
diversidade (0,01) do que o EC (0,08), e de forma geral a reserva apresentou 0,01. O índice de
equitabilidade de Pielou no EC foi 0,04, e no EQ foi 0,82. De acordo com os resultados dos índices,
conclui-se que as queimadas estão a favorecer a diversidade florística da RNG.

5.2. Recomendações
As principais recomendações em relação aos resultados obtidos são:
1. Existe uma necessidade de melhorar o programa de maneio de queimadas dentro da reserva,
principalmente nas zonas de Lice, Nassere, Namixelelene e a parte norte da zona de Nasseco, por
re registarem queimadas frequentes e de alta intensidade, e da RNG de forma geral pelo facto de
se ter registado um aumento da área queimada passou a ser 92,8% da área total, em 5 anos, e uma
tendência de extensão do período de queimadas (tardia).

2. Monitorar as comunidades das espécies de Burkea africana Hook., Swartzia madagascarensis


Desv. e Deinbollia oblongifolia (E. Mey. ex Arn.), por apresentarem elevada taxa de mortalidade
causa por fogos contrariando os resultados da experiência realizada por Trapnell (1959). E para
estudos futuros, há uma necessidade de aumentar o período de estudo sobre o regime de queimadas
e os factores que tem contribuído para o aumento das queimadas dentro da RNG.

3. Aumentar a intensidade amostral no futuro para estudo fitossociológico do miombo da RNG


por forma a abranger as 133 espécies (das 253) que ficaram de fora neste estudo, segundo o plano
de maneio da reserva.

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Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Apêndices
Apêndice I: Calculos dos parâmetros horizontais EC
Rótulos de Linha FAi FRi DAi DRi Doi DoR VI VC
1 Brachystegia spiciformis 1 3.45 35 15.22 4.33 30.56 17.00 22.89
2 Brachystegia boehmii 1 3.45 27 11.74 2.67 18.82 11.13 15.28
3 Diplorhynchus condylocarpon 1 3.45 35 15.22 0.75 5.27 4.36 10.25
4 Millettia stulhmanni 1 3.45 20.5 8.91 1.15 8.10 5.78 8.51
5 Julbernadia globiflora 1 3.45 16.5 7.17 1.03 7.24 5.34 7.21
6 Pseudolachnostylis maprouneifolia 1 3.45 15 6.52 0.40 2.79 3.12 4.66
7 Dalbergia boehmii 1 3.45 14.5 6.30 0.25 1.80 2.62 4.05
8 Pteleopsis myrtifolia 1 3.45 9.5 4.13 0.43 3.06 3.25 3.59
9 Deinbollia oblongifolia 0.5 1.72 2.5 1.09 0.39 2.79 2.26 1.94
10 Pterocarpus rotundifolius (Sond.) Druce 1 3.45 4.5 1.96 0.22 1.55 2.50 1.75
11 Amblygonocarpus andongensis 1 3.45 2 0.87 0.32 2.23 2.84 1.55
12 Dalbergia nitidula 1 3.45 6 2.61 0.07 0.47 1.96 1.54
13 Diospyros mespiliformis 1 3.45 3.5 1.52 0.21 1.52 2.48 1.52
14 Burkea africana 1 3.45 4 1.74 0.18 1.29 2.37 1.51
15 Parinari curatellifolia 1 3.45 3 1.30 0.18 1.28 2.36 1.29
16 Strychnos sp 0.5 1.72 2.5 1.09 0.15 1.04 1.38 1.06
17 Acacia sieberiana DC. 0.5 1.72 1 0.43 0.23 1.59 1.66 1.01
18 Kigelia africana 1 3.45 2 0.87 0.16 1.12 2.29 1.00
19 Hyparrhenia sp. 1 3.45 2.5 1.09 0.12 0.85 2.15 0.97
20 Erythophleum africanum 0.5 1.72 2 0.87 0.15 1.04 1.38 0.96
21 Pteroscarpus angolensis 1 3.45 2 0.87 0.15 1.04 2.24 0.95
22 Tamarindus indica 0.5 1.72 2.5 1.09 0.09 0.65 1.19 0.87
23 Catunaregam spinosa 1 3.45 2.5 1.09 0.08 0.57 2.01 0.83
24 Vitex payos (Lour.) Merr. 0.5 1.72 0.5 0.22 0.15 1.02 1.37 0.62
25 Vitex donianana 0.5 1.72 1.5 0.65 0.04 0.27 1.00 0.46
26 Sansevieria sp. 0.5 1.72 1.5 0.65 0.03 0.21 0.97 0.43
27 Lannea stuhlmanii 0.5 1.72 1.5 0.65 0.03 0.21 0.97 0.43
28 Dichrostachys cinerea 1 3.45 1 0.43 0.05 0.36 1.91 0.40
29 Vangueria infausta 0.5 1.72 1 0.43 0.03 0.23 0.98 0.33
30 Sterculia africana 0.5 1.72 1 0.43 0.03 0.19 0.96 0.31
31 Annona senegalensis 0.5 1.72 1 0.43 0.03 0.18 0.95 0.31
32 Ochtocosmus lemaireamus 0.5 1.72 1 0.43 0.02 0.16 0.94 0.30
33 Rehemua 0.5 1.72 1 0.43 0.02 0.11 0.92 0.27
34 Swartzia madagascarensis 0.5 1.72 1 0.43 0.01 0.11 0.91 0.27
35 Ficus ingens 0.5 1.72 0.5 0.22 0.02 0.11 0.92 0.16
36 yavira 0.5 1.72 0.5 0.22 0.01 0.07 0.90 0.14
37 Xeroderris stulhmanni 0.5 1.72 0.5 0.22 0.01 0.05 0.89 0.13
38 Grewia sp 0.5 1.72 0.5 0.22 0.00 0.03 0.88 0.12
39 Rothmannia engleriana 0.5 1.72 0.5 0.22 0.00 0.03 0.88 0.12

Apêndice II: Calculos dos parâmetros horizontais EQ


Rótulos de Linha FAi FRi DAi DRi DomAi DomRi VI VC
1 Pteroscarpus angolensis 0.98 3.53 13.07 6.15 0.69 7.32 6.15 7.32
2 Pseudolachnostylis 0.98 3.53 10.65 5.01 0.40 4.18 4.18 4.18
maprouneifolia
3 Burkea africana 0.95 3.41 9.37 4.41 0.45 4.69 4.41 4.69
4 Brachystegia spiciformis 0.93 3.34 19.23 9.05 1.96 20.69 9.05 20.69
5 Brachystegia boehmii 0.93 3.34 21.95 10.34 1.32 13.86 10.34 13.86
6 Deinbollia oblongifolia 0.89 3.22 5.40 2.54 0.34 3.60 3.22 3.60

v
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

7 Julbernadia globiflora 0.88 3.15 17.44 8.21 0.89 9.36 8.21 9.36
8 Swartzia madagascarensis 0.88 3.15 4.70 2.21 0.22 2.29 2.29 2.29
9 Strychnos sp 0.86 3.09 6.75 3.18 0.23 2.43 3.09 2.43
10 Diplorhynchus condylocarpon 0.84 3.03 13.88 6.54 0.27 2.80 3.03 2.80
11 Erythophleum africanum 0.84 3.03 7.44 3.50 0.26 2.69 3.03 2.69
12 Annona senegalensis 0.82 2.97 8.49 4.00 0.14 1.47 2.97 1.47
13 Evolvulos absinoides 0.81 2.90 3.84 1.81 0.12 1.28 1.81 1.28
14 Dalbergia boehmii 0.81 2.90 4.74 2.23 0.10 1.07 2.23 1.07
15 Dalbergia nitidula 0.72 2.59 6.74 3.17 0.12 1.23 2.59 1.23
16 Diospyros mespiliformis 0.68 2.46 4.93 2.32 0.15 1.61 2.32 1.61
17 Pteleopsis myrtifolia 0.60 2.15 3.88 1.83 0.15 1.62 1.83 1.62
18 Xeroderris stulhmanni 0.60 2.15 1.84 0.87 0.04 0.38 0.87 0.38
19 Parinari curatellifolia 0.56 2.02 5.75 2.71 0.18 1.89 2.02 1.89
20 Ficus ingens 0.51 1.83 3.96 1.87 0.17 1.83 1.83 1.83
21 Millettia stulhmanni 0.49 1.77 2.86 1.35 0.11 1.18 1.35 1.18
22 Kigelia africana 0.49 1.77 1.35 0.64 0.06 0.63 0.64 0.63
23 Schrebera trichoclada Welw. 0.47 1.70 1.11 0.52 0.02 0.26 0.52 0.26
24 Vitex payos (Lour.) Merr. 0.42 1.51 1.00 0.47 0.10 1.06 1.06 1.06
25 Acacia nilotica 0.42 1.51 3.25 1.53 0.05 0.54 1.51 0.54
26 Lannea stuhlmanii 0.40 1.45 1.68 0.79 0.10 1.01 1.01 1.01
27 mutchiro 0.39 1.39 2.40 1.13 0.09 0.91 1.13 0.91
28 Albizia versicolor 0.39 1.39 0.88 0.41 0.06 0.68 0.68 0.68
29 Ozoroa reticulata 0.37 1.32 1.26 0.59 0.02 0.21 0.59 0.21
30 nawipawe 0.37 1.32 0.79 0.37 0.01 0.11 0.37 0.11
31 Amblygonocarpus andongensis 0.35 1.26 0.53 0.25 0.06 0.59 0.59 0.59
32 Sansevieria sp. 0.35 1.26 1.00 0.47 0.02 0.21 0.47 0.21
33 Uapaca kirkiana 0.33 1.20 1.84 0.87 0.08 0.82 0.87 0.82
34 Catunaregam spinosa 0.33 1.20 1.96 0.93 0.04 0.47 0.93 0.47
35 Vitex donianana 0.33 1.20 0.65 0.31 0.02 0.20 0.31 0.20
36 Brackenridgea zanguebarica 0.33 1.20 0.51 0.24 0.01 0.06 0.24 0.06
37 Grewia sp 0.28 1.01 0.86 0.40 0.03 0.36 0.40 0.36
38 Vangueria infausta 0.26 0.95 0.77 0.36 0.02 0.17 0.36 0.17
39 Ochtocosmus lemaireamus 0.25 0.88 0.93 0.44 0.02 0.20 0.44 0.20
40 Hymennocardia acida 0.25 0.88 0.81 0.38 0.01 0.10 0.38 0.10
41 Vernonia natalensis 0.23 0.82 0.51 0.24 0.01 0.09 0.24 0.09
42 murotxo muhurupari 0.21 0.76 0.79 0.37 0.02 0.21 0.37 0.21
43 Strychnos spinosa Lam. 0.21 0.76 0.47 0.22 0.01 0.11 0.22 0.11
44 Sterculia africana 0.19 0.69 0.53 0.25 0.04 0.40 0.40 0.40
45 Senna petersiana 0.19 0.69 0.28 0.13 0.01 0.10 0.13 0.10
46 ndrepo 0.19 0.69 0.44 0.21 0.01 0.06 0.21 0.06
47 Allophylus alnifolius 0.16 0.57 0.26 0.12 0.00 0.04 0.12 0.04
48 muyululu 0.16 0.57 0.25 0.12 0.00 0.03 0.12 0.03
49 Dichrostachys cinerea 0.14 0.50 0.42 0.20 0.02 0.23 0.23 0.23
50 Acacia sieberiana DC. 0.14 0.50 0.32 0.15 0.01 0.12 0.15 0.12
51 Hyparrhenia sp. 0.11 0.38 0.26 0.12 0.01 0.10 0.12 0.10
52 Acacia sieberiana DC. cissipiri 0.11 0.38 0.23 0.11 0.00 0.05 0.11 0.05
53 Garcinia livingstonei 0.09 0.32 0.18 0.08 0.01 0.05 0.08 0.05
54 Rehemua 0.09 0.32 0.19 0.09 0.00 0.03 0.09 0.03
55 Margaritaria discoidea 0.09 0.32 0.16 0.07 0.00 0.01 0.07 0.01
56 Combretum imberbe 0.07 0.25 0.16 0.07 0.02 0.21 0.21 0.21
57 Monotes africanus 0.07 0.25 0.53 0.25 0.01 0.13 0.25 0.13
58 Hyphaene coriacea 0.07 0.25 0.30 0.14 0.01 0.07 0.14 0.07
59 nampome 0.07 0.25 0.11 0.05 0.00 0.02 0.05 0.02
60 nacar nacar 0.07 0.25 0.09 0.04 0.00 0.02 0.04 0.02
61 mukilapwe 0.07 0.25 0.07 0.03 0.00 0.01 0.03 0.01
62 nawipae 0.07 0.25 0.07 0.03 0.00 0.00 0.03 0.00
63 Corchorus aestuans 0.05 0.19 0.39 0.18 0.01 0.11 0.18 0.11
64 Tamarindus indica 0.05 0.19 0.09 0.04 0.01 0.08 0.08 0.08
65 Bauhinia galpinii 0.05 0.19 0.26 0.12 0.01 0.06 0.12 0.06

vi
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

66 Waltheria indica 0.05 0.19 0.11 0.05 0.00 0.04 0.05 0.04
67 Galinsoga parviflora 0.05 0.19 0.12 0.06 0.00 0.04 0.06 0.04
68 Dalbergia melanoxylon 0.05 0.19 0.09 0.04 0.00 0.03 0.04 0.03
69 Nacircunue 0.05 0.19 0.16 0.07 0.00 0.02 0.07 0.02
70 Securidaca longipedunculata 0.05 0.19 0.09 0.04 0.00 0.01 0.04 0.01
Fresen.
71 Brachystegia boemii 0.05 0.19 0.07 0.03 0.00 0.00 0.03 0.00
72 Acacia sp 0.04 0.13 0.67 0.31 0.02 0.19 0.19 0.19
73 muchequereque 0.04 0.13 0.14 0.07 0.01 0.06 0.07 0.06
74 mucolocope 0.04 0.13 0.11 0.05 0.00 0.05 0.05 0.05
75 Sorghum bicolor 0.04 0.13 0.11 0.05 0.00 0.05 0.05 0.05
76 Launaea sarmentosa 0.04 0.13 0.07 0.03 0.00 0.04 0.04 0.04
77 reperebe muhurubari 0.04 0.13 0.05 0.02 0.00 0.02 0.02 0.02
78 Ziziphus sp 0.04 0.13 0.07 0.03 0.00 0.02 0.03 0.02
79 Berchemia discolor (Klotzsch) 0.04 0.13 0.07 0.03 0.00 0.01 0.03 0.01
Hemsl.
80 Synadenium sp. 0.04 0.13 0.09 0.04 0.00 0.01 0.04 0.01
81 Gardenia ternifolia 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
82 catchawatcha 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
83 Drypetes natalensis 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
84 Flacourtia indica 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
85 Tanlucuta 0.04 0.13 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
86 Acacia ramoae 0.02 0.06 0.25 0.12 0.03 0.28 0.12 0.28
87 Mangifera indica 0.02 0.06 0.39 0.18 0.01 0.13 0.13 0.13
88 Maprounea africana 0.02 0.06 0.19 0.09 0.01 0.11 0.09 0.11
89 Pachystela brevipes (Bak.) Engl. 0.02 0.06 0.05 0.02 0.01 0.06 0.06 0.06
90 Mpirave 0.02 0.06 0.21 0.10 0.01 0.06 0.06 0.06
91 namurica 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.04 0.04 0.04
92 Eragrostis aspera 0.02 0.06 0.07 0.03 0.00 0.04 0.04 0.04
93 mutapu 0.02 0.06 0.09 0.04 0.00 0.03 0.04 0.03
94 Commiphora serrata Engl. 0.02 0.06 0.16 0.07 0.00 0.03 0.06 0.03
95 Vangueria infausta mucane 0.02 0.06 0.07 0.03 0.00 0.02 0.03 0.02
96 Bridelia micrantha 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.02 0.02 0.02
97 Erake 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.02 0.02 0.02
98 Txequetxeche 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.02 0.02 0.02
99 Kyllinga sp 0.02 0.06 0.12 0.06 0.00 0.02 0.06 0.02
100 Abrus fruticulosus 0.02 0.06 0.07 0.03 0.00 0.01 0.03 0.01
Cyphostemma amplexum (Bak.) 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
101 Descoings
102 Hibiscus altissimus 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
103 nsaria 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
104 Rhus sp 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
105 mutocora 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.01 0.02 0.01
106 Terminalia sericea 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01
107 mucororo 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01
108 nacuane 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01 0.01
109 Mobalawe 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
110 Mapakalane 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
111 Acacia burkei 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
112 Acacia hockii 0.02 0.06 0.04 0.02 0.00 0.00 0.02 0.00
113 mucuria 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
114 mupuro 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
115 mopuve 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
116 Mukokomba 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
117 Rourea orientalis 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
118 mucura matenga 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
119 Efhivele 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
120 Rothmannia engleriana 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
121 Mutuncura 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00

vii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

122 mupurunha 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00
123 murotxo muhupari 0.02 0.06 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00

Apêndice III: Coordenadas dos pontos amostrais (parcelas de controlo)


Ord. Longitude Latitude
12 16° 15' 40.147" S 38° 22' 47.477" E
208 16° 39' 47.244" S 38° 34' 32.572" E

Coordenadas dos pontos amostrais nos estratos (parcelas de com queimadas).


Ord. Latitude Longitude Ord. Latitude Longitude
1 38° 32' 11.135" E 16 34' 23.923" S 26 38° 27' 24.752" E 16° 31' 27.091" S
2 38° 41' 33.121" E 16 40' 52.591" S 27 38° 38' 28.833" E 16° 39' 18.229" S
3 38° 27' 56.762" E 16⁰ 32' 24.959" S 28 38° 11' 9.719" E 16° 39' 3.410" S
4 38° 35' 50.055" E 16° 33' 32.024" S 29 38° 32' 0.825" E 16° 24' 25.834" S
5 38° 29' 20.037" E 16° 25' 3.687" S 30 38° 23' 0.942" E 16° 37' 5.403" S
6 38° 36' 57.187" E 16° 41' 2.874" S 31 38° 13' 6.115" E 16° 38' 40.959" S
7 38° 29' 7.501" E 16° 33' 3.794" S 32 38° 41' 24.770" E 16° 39' 15.840" S
8 38° 40' 15.431" E 16° 38' 15.187" S 33 38° 11' 38.533" E 16° 35' 7.595" S
9 38° 37' 38.806" E 16° 40' 4.467" S 34 38° 35' 12.395" E 16° 34' 40.159" S
10 38° 30' 46.072" E 16° 30' 27.861" S 35 38° 39' 8.262" E 16° 40' 54.764" S
11 38° 30' 30.087" E 16° 26' 26.497" S 36 38° 11' 27.228" E 16° 33' 52.026" S
12 38° 33' 36.781" E 16° 37' 24.712" S 37 38° 10' 19.667" E 16° 28' 14.941" S
13 38° 31' 31.652" E 16° 33' 25.499" S 38 38° 11' 48.234" E 16° 36' 33.802" S
14 38° 9' 34.527" E 16° 30' 6.765" S 39 38° 33' 54.983" E 16° 34' 7.088" S
15 38° 11' 48.041" E 16° 37' 49.488" S 40 38° 29' 21.280" E 16° 26' 34.091" S
16 38° 35' 55.385" E 16° 36' 17.338" S 41 38° 40' 41.502" E 16° 40' 10.625" S
17 38° 30' 54.792" E 16° 23' 50.267" S 42 38° 14' 53.378" E 16° 38' 34.520" S
18 38° 36' 40.006" E 16° 34' 52.361" S 43 38° 34' 16.664" E 16° 32' 37.914" S
19 38° 32' 0.013" E 16° 22' 9.147" S 44 38° 38' 23.446" E 16° 41' 54.210" S
20 38° 25' 42.937" E 16° 33' 19.081" S 45 38° 35' 38.548" E 16° 38' 18.303" S
21 38° 30' 33.257" E 16° 22' 27.896" S 46 38° 33' 46.989" E 16° 35' 29.464" S
22 38° 23' 47.951" E 16° 36' 8.294" S 47 38° 24' 32.158" E 16° 35' 13.870" S
23 38° 32' 19.854" E 16° 31' 45.393" S 48 38° 27' 36.046" E 16° 24' 57.899" S
24 38° 28' 0.355" E 16° 23' 48.440" S 49 38° 26' 9.445" E 16° 35' 18.573" S
25 38° 29' 23.588" E 16° 34' 42.818" S 50 38° 13' 50.676" E 16° 39' 38.414" S

viii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Apêndice IV: Fichas para a colecta de dados


Sanidade: 0 = arvore morta 1 = árvore severamente, atacada, 2 = árvore atacada, 3 = árvore com
sinais de ataque ou doença, 4 = árvore saudável, 5 = Árvore com bom vigor.

Levantamento da Regeneração Não estabelecida


Nome do colector: Local
Parcela n0 Sub parcela n0 Coordenadas:
Espécie
N0
Ord. Nome científico Nome vernacular/comercial
Indivíduos
1
2
3

33

Levantamento da Regeneração estabelecida


Nome do colector de dados:
Ficha n0 Parcela n0 Local Coordenadas
Espécie
DAP
Ord. Ht Sanidade
(cm)
Nome científico Nome local
1
2
3

32

Apêndice V: Tabela de testes de Correlação


Arvores adultas_ Fr de queimadas_ RE/1ha RNE/1ha_1
Fr de queimVadas_ -0.217
0.099
RE/1ha 0.160 0.298
0.226 0.022
RNE/1ha_1 0.054 -0.151 0.060
0.685 0.253 0.652
H 0.172 0.080 0.155 0.230
0.194 0.548 0.242 0.080
QM_1 -0.583 0.104 0.005 0.055
0.000 0.434 0.969 0.678
Pielou_1 -0.213 0.245 0.108 0.204

ix
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

0.105 0.062 0.415 0.122


FRP/Mw/=6.072e-0 -0.086 0.193 -0.114 -0.417
0.517 0.143 0.390 0.001
Nr spp_1 0.566 -0.145 0.169 0.146
0.000 0.272 0.200 0.270
H QM_1 Pielou_1 FRP/Mw/=6.072e-0
QM_1 0.483
0.000
Pielou_1 0.833 0.454
0.000 0.000
FRP/Mw/=6.072e-0 -0.290 -0.122 -0.263
0.026 0.358 0.044
Nr spp_1 0.758 0.305 0.279 -0.218
0.000 0.019 0.032 0.098
Conteúdo da Célula
Correlação de Pearson
Valor-p

Apêndice VI: Tabelas de testes T


Teste T Pareado e IC: controloDAP, QueiDAP
Estatísticas Descritivas
Amostra N Média DesvPad EP Média
controloTran 11 0.054 0.771 0.232
QueiTansf 11 -0.019 0.965 0.291
Estimativa da diferença pareada
IC de 95% da
Média DesvPad EP Média diferença_µ
0.0736 0.2995 0.0903 (-0.1276, 0.2748)
diferença_µ: média de (controloTran - QueiTansf)
Teste
Hipótese nula H₀: diferença_μ = 0
Hipótese alternativa H₁: diferença_μ ≠ 0
Valor-T Valor-p
0.82 0.434

Teste T Pareado e IC: Quei_Altur, Contr_ Altur


Estatísticas Descritivas
Amostra N Média DesvPad EP Média
Quei_transf 8 0.022 1.032 0.365
Contr_transf 8 -0.015 1.180 0.417

x
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Estimativa da diferença pareada


IC de 95% da
Média DesvPad EP Média diferença_µ
0.037 0.407 0.144 (-0.304, 0.377)
diferença_µ: média de (Quei_transf - Contr_transf)
Teste
Hipótese nula H₀: diferença_μ = 0
Hipótese alternativa H₁: diferença_μ ≠ 0
Valor-T Valor-p
0.25 0.807

Teste T Pareado e IC: VI Queimado, VI Controlo


Estatísticas Descritivas
Amostra N Média DesvPad EP Média
VI Queimado 124 0.767 1.700 0.153
Vi Controlo 124 0.806 2.067 0.186
Estimativa da diferença pareada
IC de 95% da
Média DesvPad EP Média diferença_µ
-0.040 1.154 0.104 (-0.245, 0.166)
diferença_µ: média de (VI Queimado – VI Controlo )
Teste
Hipótese nula H₀: diferença_μ = 0
Hipótese alternativa H₁: diferença_μ ≠ 0
Valor-T Valor-p
-0.38 0.704

Teste T Pareado e IC: VC Controlo, VC Queimado


Estatísticas Descritivas
Amostra N Média DesvPad EP Média
VC Controlo 124 0.806 2.828 0.254
VC Queimado 124 0.806 2.528 0.227
Estimativa da diferença pareada
IC de 95% da
Média DesvPad EP Média diferença_µ
0.000 1.304 0.117 (-0.232, 0.232)

xi
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

diferença_µ: média de (VC Controlo - VC Queimado)


Teste
Hipótese nula H₀: diferença_μ = 0
Hipótese alternativa H₁: diferença_μ ≠ 0
Valor-T Valor-p
0.00 1.000

Teste T Pareado e IC: contro2_trans, queim_2 transfo


Estatísticas Descritivas
Amostra N Média DesvPad EP Média
contro2_trans 6 0.205 1.231 0.503
queim_2 transfo 6 0.017 1.167 0.476
Estimativa da diferença pareada
IC de 95% da
Média DesvPad EP Média diferença_µ
0.1882 0.1709 0.0698 (0.0088, 0.3675)
diferença_µ: média de (contro2_trans - queim_2 transfo)
Teste
Hipótese nula H₀: diferença_μ = 0
Hipótese alternativa H₁: diferença_μ ≠ 0
Valor-T Valor-p
2.70 0.043

Apêndice VII: Tabelas de ANOVA


Sanidade / espécies (dois factores)
ANOVA
Fonte de
variação SQ gl MQ F valor P F crítico
Especies 1030666 116 8885.054 1.588585 0.000323 1.254229
Sanidade 601470.7 5 120294.1 21.50775 9E-20 2.229559
Erro 3243975 580 5593.061

Total 4876112 701

Área queimada por meses e anos (dois factores)

xii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

ANOVA
Fonte de
variação SQ gl MQ F valor P F crítico
Anos 25801.58 4 6450.395 0.186442 0.942037 3.006917
Meses 4697353 4 1174338 33.943 1.24E-07 3.006917
Erro 553557.7 16 34597.36

Total 5276712 24

Número de Focos por meses e anos (dois factores)


ANOVA
Fonte de
variação SQ gl MQ F valor P F crítico
Anos 199.8 4 49.95 0.281805 0.88628 2.866081
Meses 73938.67 5 14787.73 83.42868 1.07E-12 2.71089
Erro 3545 20 177.25

Total 77683.47 29

Apêndice VIII: Comparações Emparelhadas de Tukey

Informações de Agrupamento Usando Método de Tukey e Confiança de 95%


C2 N Média Agrupamento
9 5 1153.5 A
8 5 187.7 B
10 5 159 B
7 5 1.93 B
11 5 0.730 B
Médias que não compartilham uma letra são significativamente diferentes.

Informações de Agrupamento Usando Método de Tukey e Confiança de 95%


Meses_2 N Média Agrupamento
8 5 426 A
9 5 371 A B
10 5 7.00 B
7 5 3.80 B

xiii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

11 5 0.000000 B
Médias que não compartilham uma letra são significativamente diferentes.
ICs Simultâneos de 95% de Tukey

Apêndice IX: Tabela dos nomes das famílias com o número de indivíduos
Ord. Familias Número de Percentagem do número
individuos de individuos
1 Caesalpiniaceae 4740 38.4
2 Fabaceae 1446 11.7
3 Apocynaceae 836 6.8
4 Euphorbiaceae 799 6.5
5 Annonaceae 473 3.8
6 Loganiaceae 403 3.3
7 Mimosaceae 338 2.7
8 Chrysobalanaceae 324 2.6
9 Sapindaceae 324 2.6
10 Ebenaceae 282 2.3
11 Combretaceae 249 2.0
12 Moraceae 227 1.8
13 Convolvulaceae 216 1.8
14 Anacardiaceae 185 1.5
15 Rubiaceae 166 1.3
16 Bignoniaceae 80 0.6
17 Oleaceae 63 0.5
18 Asparagaceae 59 0.5
19 Verbenaceae 58 0.5
20 Ixonanthaceae 55 0.4
21 Tiliaceae 48 0.4
22 Asteraceae 40 0.3
23 Lamiaceae 38 0.3
24 Mimosoideae 34 0.3
25 Dipterocarpaceae 30 0.2
26 Malvaceae 30 0.2
27 Sterculiaceae 30 0.2
28 Poaceae 29 0.2
29 Ochnaceae 24 0.2
30 Arecaceae 17 0.1
31 Clusiaceae/Guttiferae 10 0.1
32 Burseraceae 9 0.1
33 Rhamnaceae 8 0.1
34 Cyperaceae 6 0.0

xiv
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

35 Polygalaceae 5 0.0
36 Sapotaceae 3 0.0
37 Vitaceae 2 0.0
38 Connaraceae 1 0.0

Apêndice X: Calculos dos parâmetros horizontais da RNG


Den Dom Dom VC
Espécies Den absol rela Fr absol Fr rel Absol rel IVI100% (%)
Brachystegia spiciformis 19.63 9.39 0.93 3.41 120.60 21.2122 0.1134 15.3012
Brachystegia boehmii 22.12 10.58 0.93 3.41 80.36 14.1343 0.0938 12.3582
Julbernardia globiflora 17.27 8.26 0.88 3.23 52.67 9.2640 0.0692 8.7635
Pterocarpus angolensis 12.59 6.02 0.98 3.60 39.87 7.0123 0.0555 6.5186
Burkea africana 9.03 4.32 0.95 3.48 25.72 4.5233 0.0411 4.4227
Pseudolachnostylis maprouneifolia 10.73 5.13 0.98 3.60 23.39 4.1142 0.0428 4.6236
Deinbollia oblongifolia 5.27 2.52 0.88 3.23 20.25 3.5611 0.0310 3.0415
Diplorhynchus condylocarpon 14.17 6.78 0.83 3.04 16.53 2.9067 0.0424 4.8429
Erythophleum africanum 7.07 3.38 0.83 3.04 14.81 2.6041 0.0301 2.9928
Strychnos sp 6.39 3.06 0.85 3.10 13.41 2.3593 0.0284 2.7082
Swartzia madagascarensis 4.53 2.17 0.86 3.17 12.43 2.1864 0.0251 2.1758
Parinari curatellifolia 5.49 2.63 0.58 2.11 10.54 1.8541 0.0220 2.2407
Ficus ingens 3.85 1.84 0.51 1.86 9.96 1.7514 0.0182 1.7961
Pteleopsis myrtifolia 4.05 1.94 0.61 2.23 9.63 1.6942 0.0196 1.8161
Diospyros mespiliformis 4.78 2.29 0.69 2.55 9.10 1.6002 0.0214 1.9434
Millettia stulhmanni 3.46 1.65 0.51 1.86 8.69 1.5293 0.0168 1.5918
Annona senegalensis 8.02 3.84 0.81 2.98 7.96 1.4006 0.0274 2.6181
Evolvulos absinoides 3.66 1.75 0.78 2.86 6.92 1.2173 0.0194 1.4844
Dalbergia nitidula 6.53 3.12 0.73 2.67 6.73 1.1832 0.0232 2.1526
Dalbergia boehmii 4.92 2.35 0.81 2.98 6.23 1.0964 0.0214 1.7240
Vitex payos (Lour.) Merr. 0.98 0.47 0.42 1.55 6.00 1.0559 0.0103 0.7631
Lannea stuhlmanii 1.68 0.80 0.41 1.49 5.55 0.9761 0.0109 0.8895
mutchiro 2.34 1.12 0.41 1.49 5.34 0.9396 0.0118 1.0293
Uapaca kirkiana 1.78 0.85 0.32 1.18 4.42 0.7767 0.0094 0.8141
Amblygonocarpus andongensis 0.58 0.28 0.37 1.37 3.82 0.6718 0.0077 0.4738
Kigelia africana 1.36 0.65 0.51 1.86 3.73 0.6558 0.0106 0.6522
Albizia versicolor 0.83 0.40 0.37 1.37 3.69 0.6497 0.0080 0.5235
Acacia nilotica 2.97 1.42 0.39 1.43 2.88 0.5061 0.0112 0.9626
Catunaregam spinosa 1.95 0.93 0.36 1.30 2.71 0.4768 0.0090 0.7046
Sterculia africana 0.51 0.24 0.20 0.74 2.20 0.3871 0.0046 0.3152
Xeroderris stulhmanni 1.78 0.85 0.59 2.17 2.07 0.3648 0.0113 0.6081
Grewia sp 0.81 0.39 0.27 0.99 1.96 0.3440 0.0058 0.3666
Acacia ramoae 0.24 0.11 0.02 0.06 1.50 0.2632 0.0015 0.1883
Strophantus hypoleucos Stapf 1.07 0.51 0.46 1.68 1.40 0.2465 0.0081 0.3787
Dichrostachys cinerea 0.44 0.21 0.17 0.62 1.32 0.2329 0.0035 0.2219
Sansevieria sp. 1.00 0.48 0.36 1.30 1.22 0.2139 0.0067 0.3462
Vitex donianana 0.64 0.31 0.31 1.12 1.17 0.2065 0.0054 0.2573
Combretum imberbe 0.15 0.07 0.07 0.25 1.16 0.2036 0.0017 0.1383
Ochtocosmus lemaireamus 0.93 0.45 0.25 0.93 1.15 0.2026 0.0053 0.3243
murotxo muhurupari 0.76 0.36 0.20 0.74 1.13 0.1981 0.0044 0.2815
Acacia sieberiana DC. 0.34 0.16 0.15 0.56 1.11 0.1952 0.0031 0.1787
Ozoroa reticulata 1.05 0.50 0.36 1.30 1.11 0.1949 0.0067 0.3488
Acacia sp 0.64 0.31 0.03 0.12 1.03 0.1806 0.0020 0.2444
Vangueria infausta 0.75 0.36 0.27 0.99 0.97 0.1710 0.0051 0.2639
Monotes africanus 0.51 0.24 0.07 0.25 0.71 0.1243 0.0021 0.1838
Mangifera indica 0.37 0.18 0.02 0.06 0.70 0.1238 0.0012 0.1511
Maprounea africana 0.19 0.09 0.02 0.06 0.60 0.1064 0.0009 0.0978
Tamarindus indica 0.17 0.08 0.07 0.25 0.60 0.1063 0.0015 0.0937

xv
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Corchorus aestuans 0.37 0.18 0.05 0.19 0.60 0.1062 0.0016 0.1423
nawipawe 0.76 0.36 0.36 1.30 0.59 0.1042 0.0059 0.2345
Strychnos spinosa Lam. 0.44 0.21 0.19 0.68 0.58 0.1013 0.0033 0.1561
Senna petersiana 0.27 0.13 0.19 0.68 0.56 0.0992 0.0030 0.1145
muturu 0.24 0.11 0.10 0.37 0.55 0.0961 0.0019 0.1048
Hymennocardia acida 0.61 0.29 0.20 0.74 0.51 0.0904 0.0038 0.1912
Vernonia natalensis 0.49 0.24 0.22 0.81 0.48 0.0836 0.0038 0.1594
Hyphaene coriacea 0.29 0.14 0.07 0.25 0.39 0.0694 0.0015 0.1036
muchequereque 0.12 0.06 0.02 0.06 0.33 0.0589 0.0006 0.0578
Pachystela brevipes (Bak.) Engl. 0.05 0.02 0.02 0.06 0.31 0.0549 0.0005 0.0396
ndrepo 0.41 0.19 0.19 0.68 0.30 0.0533 0.0031 0.1239
Bauhinia galpinii 0.25 0.12 0.05 0.19 0.30 0.0530 0.0012 0.0873
Garcinia livingstonei 0.17 0.08 0.08 0.31 0.30 0.0521 0.0015 0.0666
Mpirave 0.19 0.09 0.02 0.06 0.29 0.0518 0.0007 0.0705
Brackenridgea zanguebarica 0.41 0.19 0.31 1.12 0.29 0.0517 0.0045 0.1232
Acacia sieberiana DC. cissipiri 0.22 0.11 0.10 0.37 0.28 0.0489 0.0018 0.0772
mucolocope 0.10 0.05 0.03 0.12 0.27 0.0474 0.0007 0.0480
Sorghum bicolor 0.10 0.05 0.03 0.12 0.26 0.0462 0.0007 0.0474
Waltheria indica 0.10 0.05 0.05 0.19 0.24 0.0422 0.0009 0.0454
namurica 0.03 0.02 0.02 0.06 0.23 0.0402 0.0004 0.0282
Hyparrhenia sp. 0.08 0.04 0.03 0.12 0.21 0.0371 0.0007 0.0388
Rehemua 0.22 0.11 0.10 0.37 0.20 0.0358 0.0017 0.0706
Eragrostis aspera 0.07 0.03 0.02 0.06 0.20 0.0355 0.0004 0.0340
Galinsoga parviflora 0.12 0.06 0.05 0.19 0.20 0.0354 0.0009 0.0461
Launaea sarmentosa 0.07 0.03 0.03 0.12 0.19 0.0340 0.0006 0.0332
Allophylus alnifolius 0.22 0.11 0.12 0.43 0.19 0.0333 0.0019 0.0694
muyululu 0.24 0.11 0.15 0.56 0.18 0.0308 0.0023 0.0722
mutapu 0.08 0.04 0.02 0.06 0.15 0.0262 0.0004 0.0334
Commiphora serrata Engl. 0.15 0.07 0.02 0.06 0.14 0.0242 0.0005 0.0486
Dalbergia melanoxylon 0.08 0.04 0.05 0.19 0.14 0.0238 0.0008 0.0322
nampome 0.08 0.04 0.07 0.25 0.13 0.0223 0.0010 0.0314
Vangueria infausta mucane 0.07 0.03 0.02 0.06 0.11 0.0201 0.0004 0.0263
Nacircunue 0.15 0.07 0.05 0.19 0.11 0.0197 0.0009 0.0463
reperebe muhurubari 0.05 0.02 0.03 0.12 0.11 0.0193 0.0006 0.0218
Ziziphus sp 0.07 0.03 0.03 0.12 0.11 0.0192 0.0006 0.0258
Bridelia micrantha 0.03 0.02 0.02 0.06 0.10 0.0178 0.0003 0.0170
Erake 0.02 0.01 0.02 0.06 0.10 0.0171 0.0003 0.0126
nacar nacar 0.08 0.04 0.07 0.25 0.10 0.0169 0.0010 0.0287
Txequetxeche 0.03 0.02 0.02 0.06 0.09 0.0154 0.0003 0.0158
Kyllinga sp 0.10 0.05 0.02 0.06 0.08 0.0134 0.0004 0.0310
mukilapwe 0.07 0.03 0.07 0.25 0.07 0.0127 0.0010 0.0226
Berchemia discolor (Klotzsch)
Hemsl. 0.07 0.03 0.03 0.12 0.07 0.0122 0.0006 0.0223
Abrus fruticulosus 0.07 0.03 0.02 0.06 0.07 0.0119 0.0004 0.0222
Securidaca longipedunculata
Fresen. 0.08 0.04 0.05 0.19 0.07 0.0118 0.0008 0.0262
Margaritaria discoidea 0.08 0.04 0.07 0.25 0.06 0.0112 0.0010 0.0259
Cyphostemma amplexum (Bak.)
Descoings 0.03 0.02 0.02 0.06 0.06 0.0107 0.0003 0.0134
Synadenium sp. 0.08 0.04 0.03 0.12 0.06 0.0100 0.0006 0.0253
Hibiscus altissimus 0.03 0.02 0.02 0.06 0.05 0.0096 0.0003 0.0129
nsaria 0.03 0.02 0.02 0.06 0.04 0.0071 0.0003 0.0117
Rhus sp 0.03 0.02 0.02 0.06 0.04 0.0065 0.0003 0.0114
mutocora 0.03 0.02 0.02 0.06 0.04 0.0063 0.0003 0.0112
Terminalia sericea 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0061 0.0003 0.0071
mucororo 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0050 0.0003 0.0065
nacuane 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0049 0.0003 0.0065
Mobalawe 0.02 0.01 0.02 0.06 0.03 0.0045 0.0002 0.0063
Gardenia ternifolia 0.03 0.02 0.03 0.12 0.02 0.0043 0.0005 0.0103

xvi
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

Mapakalane 0.03 0.02 0.02 0.06 0.02 0.0043 0.0003 0.0102


Drypetes natalensis 0.03 0.02 0.03 0.12 0.02 0.0038 0.0005 0.0100
Acacia burkei 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0036 0.0002 0.0058
Acacia hockii 0.03 0.02 0.02 0.06 0.02 0.0036 0.0003 0.0099
catchawatcha 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0035 0.0002 0.0058
yavira 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0034 0.0002 0.0058
mucuria 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0033 0.0002 0.0057
mupuro 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0031 0.0002 0.0056
mopuve 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0028 0.0002 0.0054
Mukokomba 0.02 0.01 0.02 0.06 0.02 0.0027 0.0002 0.0054
Rourea orientalis 0.02 0.01 0.02 0.06 0.01 0.0017 0.0002 0.0049
mucura matenga 0.02 0.01 0.02 0.06 0.01 0.0014 0.0002 0.0047
Rothmannia engleriana 0.02 0.01 0.02 0.06 0.01 0.0014 0.0002 0.0047

Apêndice XI: Calculos dos parâmetros horizontais sobre a regeneração da RNG


Especies Fr Fr R Den DenR CRTRNi RNRi
1 Diplorhynchus condylocarpon 0.22 8.78 0.42 10.78 0.05 6.54
2 Strychnos sp 0.14 5.41 0.22 5.60 0.01 3.67
3 Annona senegalensis 0.12 4.73 0.22 5.60 0.01 3.45
4 Burkea africana 0.12 4.73 0.15 3.88 0.06 2.89
5 Acacia nilotica 0.10 4.05 0.17 4.31 0.02 2.79
6 Dalbergia nitidula 0.10 4.05 0.19 4.74 0.04 2.94
7 Brachystegia spiciformis 0.08 3.38 0.14 3.45 0.01 2.28
8 Hymennocardia acida 0.08 3.38 0.17 4.31 0.04 2.58
9 Julbernardia globiflora 0.08 3.38 0.14 3.45 0.01 2.28
10 Dalbergia boehmii 0.08 3.38 0.15 3.88 0.01 2.42
11 Parinari curatellifolia 0.08 3.38 0.17 4.31 0.05 2.58
12 Brackenridgea zanguebarica 0.07 2.70 0.08 2.16 0.01 1.62
13 Diospyros mespiliformis 0.07 2.70 0.10 2.59 0.02 1.77
14 Erythophleum africanum 0.07 2.70 0.19 4.74 0.12 2.52
15 nawipae 0.07 2.70 0.07 1.72 0.01 1.48
16 Ozoroa reticulata 0.07 2.70 0.17 4.31 0.05 2.35
17 Pseudolachnostylis maprouneifolia 0.07 2.70 0.07 1.72 0.02 1.48
18 Pterocarpus angolensis 0.07 2.70 0.10 2.59 0.01 1.77
19 Brachystegia boemii 0.05 2.03 0.07 1.72 0.01 1.25
20 Swartzia madagascarensis 0.05 2.03 0.05 1.29 0.04 1.12
21 Allophylus alnifolius 0.03 1.35 0.03 0.86 0.01 0.74
22 Deinbollia oblongifolia 0.03 1.35 0.03 0.86 0.04 0.75
23 Evolvulos absinoides 0.03 1.35 0.05 1.29 0.00 0.88
24 Flacourtia indica 0.03 1.35 0.03 0.86 0.01 0.74
25 Grewia sp 0.03 1.35 0.03 0.86 0.02 0.74
26 Margaritaria discoidea 0.03 1.35 0.07 1.72 0.04 1.04
27 mutchiro 0.03 1.35 0.14 3.45 0.01 1.60
28 Sterculia africana 0.03 1.35 0.03 0.86 0.00 0.74
29 Tanlucuta 0.03 1.35 0.03 0.86 0.00 0.74
30 Vitex donianana 0.03 1.35 0.03 0.86 0.01 0.74
31 Albizia versicolor 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
32 catchawatcha 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
33 catunaregam spinosa 0.02 0.68 0.03 0.86 0.02 0.52
34 Efhivele 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37

xvii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

35 Hyparrhenia sp. 0.02 0.68 0.02 0.43 0.04 0.38


36 Kigelia africana 0.02 0.68 0.02 0.43 0.05 0.38
37 Kyllinga sp 0.02 0.68 0.02 0.43 0.02 0.38
38 Mpirave 0.02 0.68 0.02 0.43 0.00 0.37
39 muchequereque 0.02 0.68 0.02 0.43 0.03 0.38
40 mupurunha 0.02 0.68 0.02 0.43 0.00 0.37
41 murotxo muhupari 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
42 Mutuncura 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
43 nampome 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
44 ndrepo 0.02 0.68 0.02 0.43 0.05 0.39
45 Pteleopsis myrtifolia 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
46 Rothmannia engleriana 0.02 0.68 0.02 0.43 0.02 0.37
47 Sansevieria sp. 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
48 Strychnos spinosa Lam. 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37
49 Vangueria infausta 0.02 0.68 0.03 0.86 0.01 0.51
50 Xeroderris stulhmanni 0.02 0.68 0.02 0.43 0.01 0.37

Apêndice XII: Resultados de Índices de Shannon – Weiner; Quociente de mistura de Jentsch;


Indice de similaridade de Jaccard, e Indice de equitabilidade de Pielou.
Parcela Efeito Nr Arvores RE/1ha RNE/1ha Frequencia H' QM Pielou FRP/Mw/=
spp adultas de 6.072e-
queimadas 06m2
1 5 Queimado 25 221 100 1600 2 2.46 0.11 0.76 153.0
2 9 Queimado 33 223 400 1200 4 2.83 0.15 0.81 49.0
3 10 Queimado 26 183 500 1700 2 2.83 0.14 0.87 44.0
4 12 Nao 26 270 200 1300 0 2.57 0.10 0.79 46.0
queimado
5 15 Queimado 42 452 600 1000 1 2.44 0.09 0.65 46.0
6 20 Queimado 36 209 500 1400 1 3.11 0.17 0.87 37.0
7 22 Queimado 31 187 500 400 4 3.01 0.17 0.88 71.0
8 25 Queimado 27 258 1100 1700 5 2.60 0.10 0.79 62.0
9 40 Queimado 27 152 100 1300 4 2.77 0.18 0.84 42.0
10 41 Queimado 26 259 100 1700 2 2.44 0.10 0.75 47.0
11 43 Queimado 27 269 100 1600 2 2.72 0.10 0.83 39.0
12 49 Queimado 27 234 100 1500 3 2.71 0.12 0.82 53.0
13 52 Queimado 22 162 100 1000 3 2.52 0.14 0.82 49.0
14 55 Queimado 33 247 100 1200 2 2.86 0.13 0.82 75.0
15 62 Queimado 20 192 0 700 3 2.42 0.10 0.81 55.0
16 63 Queimado 18 131 300 1200 3 2.41 0.14 0.83 51.0
17 69 Queimado 26 182 300 1700 2 2.76 0.14 0.85 35.0
18 71 Queimado 40 239 100 1000 1 3.25 0.17 0.88 45.0
19 77 Queimado 28 210 600 1100 1 2.55 0.13 0.77 46.0
20 89 Queimado 32 237 500 1100 4 2.89 0.14 0.84 29.0
21 93 Queimado 32 158 400 1000 1 2.82 0.20 0.81 94.0
22 94 Queimado 23 231 600 1200 1 2.57 0.10 0.82 39.0
23 99 Queimado 33 180 300 1000 5 3.01 0.18 0.86 55.0
24 101 Queimado 22 187 400 1200 4 2.65 0.12 0.86 104.0
25 112 Queimado 29 180 300 900 2 2.93 0.16 0.87 46.0
26 121 Queimado 26 203 300 1000 2 2.77 0.13 0.85 35.0
27 124 Queimado 21 139 700 1600 2 2.49 0.15 0.82 49.0

xviii
Caracterização Da Vegetação Arbórea Sob Diferentes Regimes De Queimadas Na Floresta De Miombo, Reserva Nacional
Do Gilé.

28 127 Queimado 40 297 1100 1000 2 3.10 0.13 0.84 52.0


29 130 Queimado 23 280 1000 1000 3 2.41 0.08 0.77 54.0
30 131 Queimado 28 233 500 1400 3 2.58 0.12 0.77 63.0
31 145 Queimado 32 174 300 1800 2 3.05 0.18 0.88 58.0
32 149 Queimado 22 163 600 1200 4 2.70 0.13 0.87 46.0
33 150 Queimado 29 176 500 1100 3 2.90 0.16 0.86 42.0
34 154 Queimado 27 153 200 1000 1 2.90 0.18 0.88 40.0
35 156 Queimado 26 193 200 1300 4 2.68 0.13 0.82 68.0
36 158 Queimado 20 103 800 700 5 2.56 0.19 0.86 53.0
37 165 Queimado 31 273 100 900 2 2.82 0.11 0.82 62.0
38 170 Queimado 29 234 500 1200 2 2.73 0.12 0.81 47.0
39 173 Queimado 27 167 200 1600 1 2.62 0.16 0.79 46.0
40 174 Queimado 25 144 500 1700 5 2.89 0.17 0.90 99.0
41 207 Queimado 31 193 500 700 3 3.04 0.16 0.89 47.0
42 208 Nao 32 188 0 1700 0 2.85 0.17 0.82 77.0
queimado
43 224 Queimado 32 192 600 1400 4 3.09 0.17 0.89 99.0
44 234 Queimado 36 306 700 1100 2 2.69 0.12 0.75 54.0
45 238 Queimado 23 201 500 600 3 2.70 0.11 0.86 100.0
46 239 Queimado 29 260 700 1300 3 2.83 0.11 0.84 106.0
47 240 Queimado 11 79 300 400 3 1.34 0.14 0.56 128.0
48 241 Queimado 17 120 100 100 1 1.98 0.14 0.70 136.0
49 242 Queimado 23 220 700 1100 5 2.79 0.10 0.89 87.0
50 243 Queimado 32 182 500 1400 4 3.01 0.18 0.87 73.0
51 244 Queimado 20 244 0 800 3 2.03 0.08 0.68 111.0
52 245 Queimado 36 237 600 1000 5 2.82 0.15 0.79 87.0
53 246 Queimado 26 203 500 800 3 2.77 0.13 0.85 120.0
54 247 Queimado 31 187 300 800 5 3.01 0.17 0.88 72.0
55 248 Queimado 28 207 500 0 4 2.71 0.14 0.81 153.0
56 249 Queimado 38 290 300 1200 2 3.10 0.13 0.85 106.0
57 250 Queimado 39 191 400 800 3 3.21 0.20 0.88 72.0
58 251 Queimado 16 145 200 1000 3 2.29 0.11 0.83 68.0
59 252 Queimado 26 302 0 0 3 2.65 0.09 0.81 123.0

xix

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