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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL


SECÇÃO DE PRODUÇÃO VEGETAL

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AGRONÓMICA

TRABALHO DE CULMINAÇÃO DO CURSO

Tema: Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de


batata-doce sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

Autor:
António Baptista Jeco

Supervisor:
Engo. João Benedito Nuvunga (MSc)

Maputo, Agosto de 2019


DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, António Baptista Jeco, declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e
nunca foi submetido nesta ou em outra instituição para a aquisição de qualquer outro grau
académico; este constitui o resultado do meu labor individual e das orientações do meu
supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e na bibliografia final. Este trabalho é apresentado em cumprimento
parcial dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciado em Engenharia Agronómica, no
Departamento de Produção Vegetal da Universidade Eduardo Mondlane.

O autor

________________________________________
(António Baptista Jeco)

Data: ___/____ de 2019

Por ser verdade, confirmo que o trabalho foi realizado pelo candidato sob minha supervisão

O supervisor

________________________________________
(João Benedito Nuvunga)

Data: ___/____ de 2019

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA I


RESUMO
O pré-enraizamento é uma alternativa para solucionar e/ou minimizar o problema de falhas de
brotação no campo definitivo causado pela morte das ramas por desidratação. Uma vez
reduzida a densidade de plantas, se não houver substituição das falhas, esta levará a baixos
rendimentos. Assim, foi conduzido, no período de Abril a Setembro de 2018, um ensaio no
campo experimental da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Universidade
Eduardo Mondlane, com o objectivo de avaliar o desempenho de duas variedades de batata-
doce sob o efeito do pré-enraizamento das ramas. O ensaio foi montado em Delineamento de
Blocos Completos Casualizados em arranjo factorial, com 6 tratamentos e 4 repetições: A –
Irene em plantação directa, B – Irene com pré-enraizamento no solo, C – Irene com pré-
enraizamento em água, D – Alisha em plantação directa, E – Alisha com pré-enraizamento no
solo, e F – Alisha com pré-enraizamento em água. Foram medidos para (i) o pré-enraizamento:
a percentagem de enraizamento, número e comprimento médios das raízes das ramas; e (ii) no
campo definitivo: a percentagem de brotação das ramas, stand inicial e final, sobrevivência das
palntas, o comprimento da planta; a biomassa fresca aérea; o rendimento total, comercial e não
comercial; o comprimento, diâmetro e peso médios das raízes comerciais. A análise de dados
consistiu nos testes “z” e “t” para os dados de pré-enraizamento; ANOVA e teste de Duncan
para os dados do campo definitivo. O pré-enraizamento não teve efeito significativo sobre o
comprimento da planta, biomassa, rendimento total e comercial, e peso médio das raízes
comerciais. Por outro lado, verificou-se efeito significativo sobre o comprimento e diâmetro
das raízes comerciais, tendo-se identificado a plantação directa e o pré-enraizamento em água
como os melhores em termos de comprimento médio das raízes comerciais, e os tratamentos B
e A como os melhores em diâmetro médio das raízes comerciais.

Palavras-chaves: pré-enraizamento, plantação directa, Ipomoea batatas

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA II


DEDICATÓRIA
Dedico este este trabalho em especial ao meu Criador, o Deus Altíssimo, e aos meus queridos
pais, João Baptista Jeco e Ester Elina Tchucana. Sem eles eu não teria conhecido o mundo, não
seria a pessoa que sou, e muito menos conseguiria esta formação.

A dedicação se estende à toda minha família que sempre acreditou em mim e esperou
pacientemente por este momento tão importante na minha vida.

“O esforço é a sorte mais provável; e quando combinado com a persistência, é a sorte


garantida” (António Baptista Jeco)

“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Eclesiastes 7.8a)

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA III


AGRADECIMENTOS
A Deus pela graça, misericórdia e bênção que me tem concedido a cada dia.

A Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) pela formação e por tornar possível
a realização deste trabalho.

Ao Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) pelo fornecimento das ramas


usadas no ensaio, e ao Centro Internacional da Batata (CIP) pelo apoio com material
bibliográfico e pelas informações fornecida no âmbito da investigação.

Ao Engo João Benedito Nuvunga, meu supervisor, pelo apoio e orientação, e por tudo que
aprendi durante os momentos de interação.

Aos Srs. Adão, Moisés, e Ricardo, técnicos da faculdade, pela grande ajuda dada no campo
durante a condução do ensaio; e ao Sr. Basílio e à dona Anatércia, técnicos do laboratório de
Fisiologia Vegetal, pela ajuda e colaboração no acto das medições feitas no laboratório.

Aos colegas de turma Adelino, Gonçalves, Gove, Michael, Justino, Jaime, Tomás, Betane,
entre outros, pela ajuda com as actividades no campo e durante o processamento dos dados.

A todos que directa ou indirectamente ofereceram o seu precioso tempo, valores monetários,
força física e, de todas as formas, contribuíram para que este trabalho se tornasse uma realidade.

O meu muito obrigado!

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA IV


ÍNDICE GERAL
RESUMO ...................................................................................................................................ii
DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... iii
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. iv
ÍNDICE GERAL ........................................................................................................................ v
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS ..................................................................................... ix
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 Antecedentes ............................................................................................................... 1
1.2 Problema e justificação do estudo ............................................................................... 2
1.3 Objectivos.................................................................................................................... 3
1.3.1 Geral ..................................................................................................................... 3
1.3.2 Específicos ........................................................................................................... 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 4
2.1 A CULTURA DA BATATA-DOCE .......................................................................... 4
2.1.1 Classificação botânica da batata-doce ................................................................. 4
2.1.2 Descrição botânica da planta da batata-doce ....................................................... 4
2.1.3 Ecofisiologia da cultura ....................................................................................... 6
2.1.4 Propagação da cultura .......................................................................................... 7
2.1.5 Condições das ramas usadas para a plantação ..................................................... 8
2.1.6 Plantação da batata-doce: métodos, técnicas e equipamentos ............................. 8
2.1.7 Principais constrangimentos na produção da batata-doce ................................. 10
2.2 PARÂMETROS USADOS PARA MEDIR O DESEMPENHO DAS
VARIEDADES DA BATATA-DOCE E OS FACTORES QUE OS AFECTAM ............. 10
2.2.1 Percentagem de brotação ................................................................................... 11
2.2.2 Atributos de crescimento ................................................................................... 11
2.2.3 Variáveis de rendimento .................................................................................... 11
2.3 PRÉ-ENRAIZAMENTO .......................................................................................... 12
2.3.1 Conceito de pré-enraizamento ........................................................................... 12
2.3.2 Princípios anatómicos do enraizamento............................................................. 13
2.3.3 Princípios fisiológicos do enraizamento ............................................................ 14
2.3.4 Princípios bioquímicos do enraizamento ........................................................... 14
2.3.5 Factores que afectam o enraizamento das estacas/ramas ................................... 15
2.3.6 Meio de enraizamento ........................................................................................ 19
2.3.7 Cuidados a ter no acto de enraizamento ............................................................ 20
2.3.8 Resposta das variedades ao pré-enraizamento quanto aos atributos de
crescimento e de rendimento ........................................................................................... 20
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 21
3.1 Descrição da área de estudo ...................................................................................... 21
3.2 Desenho experimental e descrição tratamentos ........................................................ 21
3.3 Práticas culturais ....................................................................................................... 22
3.3.1 Preparação do terreno ........................................................................................ 22
3.3.2 Plantação ............................................................................................................ 23
3.3.3 Adubação ........................................................................................................... 23
3.3.4 Controlo de infestantes ...................................................................................... 23
3.3.5 Colheita .............................................................................................................. 23
3.4 Variáveis medidas ..................................................................................................... 23
3.5 Métodos de plantação ................................................................................................ 24
3.5.1 Plantação directa das ramas ............................................................................... 24
3.5.2 Pré-enraizamento das ramas .............................................................................. 24
3.6 Colecta de dados........................................................................................................ 25
3.6.1 Percentagem de pré-enraizamento das ramas (PPR) ......................................... 26
3.6.2 Número médio de raízes em cada rama pré-enraizada (NRR) .......................... 26
3.6.3 Comprimento das raízes das ramas pré-enraizadas (CRR) ................................ 26
3.6.4 Percentagem de brotação das ramas (PBR) ....................................................... 26
3.6.5 Stand inicial e final (SI e SF) ............................................................................. 26
3.6.6 Comprimento da planta (CP) ............................................................................. 26
3.6.7 Biomassa fresca aérea (BFA)............................................................................. 27
3.6.8 Rendimento da raiz ............................................................................................ 27
3.6.9 Comprimento Médio das Raízes Comerciais (CMRC) ..................................... 28
3.6.10 Diâmetro Médio das Raízes Comerciais (DMRC) ............................................ 28
3.6.11 Peso Fresco Médio das Raízes Comerciais (PMRC) ......................................... 28
3.7 Análise de dados........................................................................................................ 28
3.7.1 Pacotes estatísticos ............................................................................................. 28
3.7.2 Análise estatística............................................................................................... 28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 30
4.1 Percentagem de pré-enraizamento das ramas (PPR) ................................................. 30
4.2 Número médio de raízes em cada rama (NRR)......................................................... 31

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA VI


4.3 Comprimento médio das raízes das ramas (CRR) .................................................... 32
4.4 Resumo da análise de variância dos dados do campo definitivo .............................. 33
4.5 Percentagem de brotação das ramas (PBR)............................................................... 34
4.6 Stand inicial, stand final e sobrevivência das plantas ............................................... 35
4.7 Comprimento da planta aos 80 e 129DDP ................................................................ 36
4.8 Biomassa fresca aérea ............................................................................................... 36
4.9 Rendimento total, comercial, e não comercial da raiz .............................................. 37
4.10 Comprimento, diâmetro e peso médios das raízes comerciais .............................. 38
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 41
5.1 Conclusões ................................................................................................................ 41
5.2 Recomendações ......................................................................................................... 42
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 43
7 ANEXOS ......................................................................................................................... 49

Lista de Tabelas
Tabela 1. Descrição dos tratamentos ....................................................................................... 21
Tabela 2. Descrição das variedades da batata-doce usadas no ensaio ..................................... 22
Tabela 3. Classificação das raízes da batata-doce ................................................................... 28
Tabela 4. Resumo da análise de variância de todas as variáveis medidas ............................... 34
Tabela 5. Efeito da interação sobre a percentagem de brotação das ramas ............................. 35
Tabela 6. Efeito da variedade sobre a sobrevivência das plantas no campo definitivo ........... 35
Tabela 7. Efeito da variedade sobre o comprimento da planta da batata-doce ........................ 36
Tabela 8. Efeito da variedade sobre o rendimento total, comercial e não comercial .............. 37
Tabela 9. Análise de correlação entre as variáveis medidas no ensaio .................................... 38
Tabela 10. Efeito do método de plantação sobre o CMRC e PMRC ....................................... 39
Tabela 11. Efeito da variedade sobre o CMRC ....................................................................... 39
Tabela 12. Efeito da interação sobre o diâmetro médio das raízes comercias (DMRC) ......... 40

Lista de Figuras
Figura 1. Plantação da batata-doce ............................................................................................ 9
Figura 2. Pré-enraizamento das ramas da batata-doce ............................................................. 25
Figura 3. Classificação das raízes da batata-doce. ................................................................... 27

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA VII


Figura 4. Percentagem de pré-enraizamento das ramas da batata-doce................................... 30
Figura 5. Número médio de raízes das ramas da batata-doce. ................................................. 31
Figura 6. Comprimento médio das ramas da batata-doce. ....................................................... 32

Lista de anexos
Anexo 1. Imagens do campo e condução do experimento....................................................... 49
Anexo 2. Layout do ensaio ...................................................................................................... 52
Anexo 3. ANOVA da percentagem de brotação das ramas da batata-doce............................. 52
Anexo 4. Agrupamento das médias das combinações ............................................................. 52
Anexo 5. Testes individuais de Duncan para as diferenças de médias de PBR....................... 53
Anexo 6. ANOVA do stand inicial para variável transformada .............................................. 53
Anexo 7. ANOVA do stand final das plantas de batata-doce .................................................. 53
Anexo 8. ANOVA da sobrevivência das plantas da batata-doce no campo definitivo ........... 54
Anexo 9. ANOVA do CP aos 80DDP para variável transformada ......................................... 54
Anexo 10. ANOVA do comprimento da planta medido aos 129DDP .................................... 54
Anexo 11. ANOVA do rendimento da biomassa fresca aérea................................................. 54
Anexo 12. ANOVA do rendimento total das raízes ................................................................ 55
Anexo 13. ANOVA do rendimento comercial ........................................................................ 55
Anexo 14. ANOVA do rendimento não comercial .................................................................. 55
Anexo 15. ANOVA do comprimento médio das raízes comerciais ........................................ 55
Anexo 16. ANOVA do diâmetro médio das raízes comerciais ............................................... 56
Anexo 17. Agrupamento das médias das combinações ........................................................... 56
Anexo 18. Testes individuais de Duncan para as diferenças de médias do DMRC ................ 57
Anexo 19. ANOVA do peso médio das raízes comerciais ...................................................... 57
Anexo 21. Dados do experimento ............................................................................................ 58

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA VIII


LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
ANOVA – Análise de Variância

BFA – Biomassa Fresca Aérea

CMRC – Comprimento Médio das Raízes Comerciais

CP – Comprimento da Planta

CRR – Comprimento das Raízes das Ramas pré-enraizadas

DDP – Dias Depois da Plantação

DMRC – Diâmetro Médio das Raízes Comerciais

IIAM – Instituto de Investigação Agrária de Moçambique

INAM – Instituto Nacional de Meteorologia

NRR – Número médio de Raízes em cada Rama pré-enraizada

PBR – Percentagem de Brotação das Ramas

PFMRC – Peso Fresco Médio das Raízes Comerciais

PPR – Percentagem de Pré-enraizamento das Ramas

RC – Rendimento Comercial

RNC – Rendimento Não Comercial

RT – Rendimento Total

SBV – Sobrevivência das Plantas no campo definitivo

SF – Stand Final

SI – Stand Inicial

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA IX


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
1 INTRODUÇÃO

1.1 Antecedentes
A batata-doce (Ipomoea batatas) é uma dicotiledónea pertencente à família Convolvulaceae,
que compreende cerca de 45 géneros e mais de 1000 espécies, dentre as quais se destaca pela
sua importância económica. Esta é uma planta rústica, de cultivo fácil, relativamente livre de
pragas e doenças, e com altos rendimentos. Durante o seu crescimento, as suas raízes acumulam
e armazenam nutrientes translocados de diversas partes da planta aumentando desta forma o
seu volume (Purseglove, 1968).

As raízes tuberosas da batata-doce são uma fonte importante de nutrientes para diversas
populações do mundo, principalmente no continente africano. De acordo com Caverness e
Alvarez (s.d), a raíz tuberosa é o produto primário da batata-doce, sendo consumida como um
alimento vegetal. Também é usada na indústria alimentar como fonte de amido e farinha, e,
nos países desenvolvidos, pode ser convertida em uma série de produtos.

Para além das raízes tuberosas, as folhas mais jovens da planta, ricas em proteínas e maior parte
das vitaminas, podem ser usadas para a alimentação humana e animal (Martin, 1988). Nas
Filipinas, Indonésia, e algumas partes da África, a tendência de usar as folhas e as ramas da
batata-doce como hortaliça tem aumentado, como afirmam Coursey e Booth (1977) e,
Purseglove (1968) citados por Caverness e Alvarez (s.d).

A produção total mundial da batata-doce é de 184 867 095 toneladas anuais, sendo a China o
maior produtor mundial da batata-doce, contribuindo com mais de metade no total da produção,
que é de 72 031 782 toneladas anuais obtidos de uma área de 3 373 101 ha com um rendimento
de 21,4 ton.ha-1. O Malawi é o segundo maior produtor mundial com uma produção de
5 472 013 toneladas anuais em uma área de 271 449 ha, onde se obtém um rendimento de 20,2
ton.ha-1. Como terceiro maior produtor mundial está a Tanzânia com uma produção de 4 244
370 toneladas, numa área de 800 057 ha e rendimento de 5,3 ton.ha-1 (FAOSTAT, 2017).

Em Moçambique, a produção de batata-doce é de 700 000 toneladas anuais numa área de


65 594 ha. O rendimento médio obtido no ano de 2017 é de 10,7 ton.ha-1. A produção
geralmente é feita em pequena escala e maioritariamente destinada para o consumo familiar, e
o facto de a cultura ser mais produzida por pessoas pobres faz com que a sua produção seja
feita com grande limitação de recursos ou insumos, isto é, baixo ou nenhum uso de fertilizantes,
irrigação, químicos para proteção da cultura (Stathers et al., 2013; FAOSTAT, 2017).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 1


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
De acordo com Stathers et al. (2013), existem diferenças de rendimento da cultura no mundo,
e estas reflectem os vários problemas encontrados na produção, dentre os quais se destacam: o
uso de material de plantação de má qualidade e/ou infectado com vírus; mau maneio da cultura
no que diz respeito às técnicas de plantação, espaçamentos, fertilidade do solo, água, e controlo
de pragas e doenças. Os mesmos autores reportam um rendimento médio de 18,5 ton.ha-1na
Ásia, 16,3 ton.ha-1nos EUA, 12,2 ton.ha-1na América do Sul e 4,7 ton.ha-1na África. Na África
do Sul, com uma excelente gestão dos insumos agrícolas, o rendimento obtido chega a atingir
50-60 ton.ha-1.

A batata-doce é comumente plantada por meio de ramas. Relacionado a este método, estudos
têm sido conduzidos avaliando o desempenho das ramas quando submetidas ao pré-
enraizamento. Para o efeito, os pesquisadores tem recorrido a bandejas feitas de materiais como
isopor e poliestireno com diferente número de células (ex: 72 e 128 células) onde as ramas são
colocadas. O substrato utilizado pode ser o solo ou um substrato comercial que consiste em
diferentes misturas feitas na base de vermiculite, perlite, turfa de esfagno e turfa de musgo.
Geralmente têm sido usadas as auxinas para o enraizamento e este processo tem sido feito em
estufas, com vista a garantir um ambiente controlado (Brune et al., 2005; Relf e Ball, 2009;
Golla, 2010).

1.2 Problema e justificação do estudo


A ocorrência de falhas de brotação no campo tem sido uma das maiores razões do baixo
rendimento obtido pelos agricultores moçambicanos. Estas falhas são maioritariamente
originadas pela desidratação e morte das ramas no camalhão, uma estrutura com baixa
capacidade de retenção da água em função do tipo de solo em que a cultura é plantada. Em
adição à condição de humidade no camalhão, o tempo necessário para o pegamento das ramas
e iniciação do processo de absorção da água pelas ramas contribui significativamente para a
desidratação das mesmas, uma vez que estas não possuem raízes quando plantadas.

Uma baixa densidade de plantas estabelecidas naturalmente levará a um baixo rendimento. Esta
é a situação que muitas vezes se tem verificado na produção da batata-doce pela maioria dos
agricultores moçambicanos que, observando a ocorrência de falhas, têm que optar entre seguir
a campanha com a mesma densidade de plantas e, consequentemente, ter uma baixa produção
ou substituir as falhas ou ainda fazer a replantação, em caso de mais de 15% de falhas. Esta
última alternativa demanda maior quantidade de material de plantação, o que muitas vezes os
agricultores não possuem (Brune et al., 2005; Miranda et al., 1995).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 2


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Com o pré-enraizamento, as ramas têm a possibilidade de absorver água pouco tempo depois
de serem plantadas no campo, e evitar a morte por desidratação, o que é difícil garantir na
condição do agricultor familiar, uma vez que este utiliza ramas sem raízes para a plantação,
isto é, a plantação directa. Assim, a partir desta técnica evita-se falhas no campo, para além de
se reduzir o volume de água necessário para o pegamento das ramas e, nestas condições, obtém-
se plantas mais vigorosas e produtivas.

O uso de hormonas de crescimento, bandejas feitas de diferentes materiais, e diferentes


substratos para o pré-enraizamento é do domínio geral, porém há escassez de informação no
que diz respeito ao uso da água e do solo sem aplicação de hormonas para estimular a emissão
das raízes das ramas da batata-doce. Portanto, o presente estudo irá contribuir na geração de
informação científica sobre o pré-enraizamento das ramas da batata-doce nas condições da
maioria dos agricultores moçambicanos, caracterizados por não possuir capacidade financeira
de adquirir hormonas de crescimento e bandejas para o pré-enraizamento.

1.3 Objectivos

1.3.1 Geral
 Avaliar o desempenho da cultura de batata-doce sob o efeito do pré-enraizamento das
ramas com base em água e solo

1.3.2 Específicos
 Identificar o melhor meio de enraizamento das ramas de batata-doce;
 Determinar o rendimento de duas variedades da batata-doce usando a plantação directa
e dois métodos de pré-enraizamento das ramas;
 Comparar o efeito dos métodos de plantação das ramas sobre o desempenho de duas
variedades da batata-doce.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 3


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A CULTURA DA BATATA-DOCE

2.1.1 Classificação botânica da batata-doce


A batata-doce é uma planta dicotiledónea pertencente à família Convolvulaceae, que
compreende cerca de 45 géneros e 1000 espécies. Esta faz parte do género Ipomoea, um género
largo que, de acordo com Atu (2013), possui mais de 400 espécies distribuídas
maioritariamente pelos trópicos. Segundo Austin (2017), não se sabe ao certo o número de
espécies que este género possui, sendo 600 a melhor estimativa.

A maioria das espécies do género Ipomoea são herbáceas anuais ou perenes, podendo ser
encontrados poucos arbustos erectos nas regiões tropicais; e, a batata-doce, por sua vez, é uma
espécie herbácea perene, porém cultivada como anual (Lebot, 2009 citado por Atu, 2013).
Embora haja muitas espécies neste género, apenas duas delas são comestíveis: I. batatas (L.)
Lam., comumente conhecida por batata-doce, e I. aquática Forssk, entretanto, a batata-doce é
a única espécie com maior destaque em termos de importância económica (Purseglove, 1968;
Austin, 2017).

2.1.2 Descrição botânica da planta da batata-doce


a) Sistema radicular
A planta da batata-doce possui um sistema radicular fibroso, adventício, e ramificado a partir
dos 46 até 76 cm de profundidade. Este sistema é formado a partir dos nós das ramas plantadas,
ou então, com as plantas em crescimento no campo, pelos segmentos de ramas rastejantes em
contacto com o solo (Purseglove, 1968; Peirce, 1987). Quanto à sua função, as raízes da batata-
doce podem ser divididas em dois tipos: as raízes de absorção (fibrosas), e as de
armazenamento (tuberosas).

As raízes tuberosas são formadas pelo engrossamento secundário das raízes adventícias dentro
dos 25 cm superficiais do solo. Os autores diferem em entre si nas suas afirmações no tocante
ao número de raízes tuberosas por planta: Purseglove (1968) afirma que cada planta de batata-
doce produz, em média, 10 raízes tuberosas; Gibbon e Pain (1985) salientam que esta pode
atingir um máximo de 50 raízes; Peirce (1987) aponta para um intervalo de 4 a 12 raízes;
entretanto, Tindal (1983) declara que cada planta pode produzir de 30 a 40 raízes tuberosas por
planta.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 4


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Uma raiz é considerada como tuberosa quando possui diâmetro igual ou superior a 15mm. A
sua estrutura final é complexa e variável em termos de tamanho, peso, formato, cor, e sabor,
entre outras características, dependendo do genótipo e das condições de crescimento. O seu
tamanho pode variar de 8 a 30 cm de comprimento; peso de 0,1 a 0,5 kg; formato fusiforme a
globular; superfície lisa ou rugosa; e as cores mais comuns são: branca, amarela, laranja,
vermelha ou roxa para a polpa; e branca, amarela, laranja, vermelha, roxa ou castanha para a
superfície (casca) (Tindal, 1983; Williams et al., 1980; Atu, 2013).

Segundo Williams et al. (1980), as raízes tuberosas são ricas em amido e contém, também,
alguns açúcares, proteínas e gorduras. Os tipos pigmentados, particularmente, são ricos em
Vitamina A e contém certas quantidades das vitaminas C e D. As raízes tuberosas apresentam
tecidos condutores, células de armazenamento parenquimatosas, vasos de látex, e uma
epiderme externa que substitui a epiderme rompida. Nestas, também podem ser formadas 5 a
6 linhas de raízes secundárias. Tem sido comum a confusão entre as raízes tuberosas e os
tubérculos, no entanto, as raízes tuberosas diferem dos verdadeiros tubérculos (caules
modificados) pela sua estrutura, e também, das outras raízes pela capacidade e tendência de
formar novos rebentos.

b) Parte aérea: a rama


A rama consiste num eixo principal e eixos laterais. A ramificação depende da cultivar e,
normalmente a planta produz três tipos de ramos: primário, secundário, e terciário, em
diferentes períodos de crescimento. O número e tamanho dos ramos variam também em função
das variedades, podendo ser encontradas de 3 a 20 ramos, com comprimentos até 5m (Belehu,
2003; Yen, 1974 citado por Belehu, 2003).

O caule é prostrado ou erecto; fino, com 3 a 10 mm de diâmetro, e apresenta nós num intervalo
de 2 a 10 cm do seu comprimento. A pubescência pode variar com a idade da planta sendo
pubescente quando jovem e glabro na sua fase adulta. A sua cor predominante é verde, no
entanto, pode variar até roxo-avermelhado devido a presença de pigmentos tais como
antocianinas. Este tem a forma cilíndrica, entretanto, com um corte transversal, pode mostrar-
se ligeiramente angular. Assim como as raízes tuberosas, o caule da batata-doce também
contém látex (Purseglove, 1968; Belehu, 2003; Atu, 2013; Mwila, 2014).

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
2.1.3 Ecofisiologia da cultura
a) Temperatura
A cultura da batata-doce desenvolve melhor em regiões com latitude de 40º N e 32º S e uma
altitude de até 2500m, entretanto, pode crescer em altitudes de até cerca de 2700m nas regiões
equatoriais. A temperatura óptima para o crescimento da cultura está em torno de 24º C a 25º
C, porém pode crescer com temperaturas até 10º C. Um período livre de geadas a partir dos
110 a 170 dias depois da plantação (DDP), dependendo da cultivar, é essencial para o
crescimento da cultura (Purseglove, 1968; Tindal, 1983; Gibbon e Pain, 1985).
b) Luminosidade e fotoperíodo
Uma boa exposição da planta à luz solar, isto é, alta luminosidade, é essencial para o
crescimento e desenvolvimento da mesma. Esta é uma planta de dias curtos para a floração,
com indução floral ocorrendo num fotoperíodo de 11 horas de luz ou menos. Verifica-se pouca
floração a 12 horas de luz, e não ocorrência da mesma a 13,5 horas de luz por dia, como é em
latitudes acima de 32º N e S, no entanto, isto não constitui limitação para a produção comercial
das raízes, que tem sido o objectivo na maioria dos casos (Purseglove, 1968; Tindal, 1983).

c) Precipitação
Segundo Gibbon e Pain (1985), a batata-doce cresce em áreas com 500 a 1000 mm de
precipitação anual bem distribuída. Por sua vez, Williams et al. (1980) afirmam que a cultura
necessita de um mínimo de 300 mm de precipitação ao longo de todo seu período de
crescimento (cerca de 4 meses). A batata-doce, quando bem estabelecida no campo, pode
tolerar a seca por períodos consideráveis, porém, não pode suportar estas condições por
períodos prolongados, e, nestes casos, a irrigação se faz necessária. Por outro lado, a batata-
doce não tolera alagamento, por isso nas zonas com altas precipitações é plantada no final da
época chuvosa.
d) Condições do solo
A batata-doce pode desenvolver numa vasta gama de solos e condições de solo, mas prefere
solos franco-arenosos bem drenados, com uma camada argilosa no subsolo. Devido a sua
sensibilidade ao alagamento e às cheias, nas regiões chuvosas, a cultura é plantada em
camalhões ou em montículos. Também é sensível à salinidade e à alcalinidade. Embora tolere
um pH do solo de até 5,2 o intervalo ideal para um crescimento adequado é de 5,6 a 6,6. Solos
secos no início da tuberização (50 a 60 DDP) reduzem o rendimento, entretanto, uma baixa

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
humidade do solo quando a cultura atinge a maturação é benéfica (Gibbon e Pain, 1985; Tindal,
1983).

2.1.4 Propagação da cultura


A batata-doce pode ser propagada através da semente ou da parte vegetativa da planta (mudas
provenientes da brotação de raízes tuberosas; ou ramas). Segundo Purseglove (1968), nas
regiões tropicais, a planta é propagada com uso das ramas obtidas cortando-se as plantas
estabelecidas e em crescimento no campo, que, de acordo com Halfacre & Barden (1979),
devem ter um comprimento suficiente capaz de fornecer ramas de 25 a 40 cm de comprimento
que são posteriormente plantadas, enterrando-se 3 a 4 nós no solo.

Nas zonas temperadas, a propagação é feita por brotos ou plântulas obtidas através da plantação
das raízes tuberizadas de tamanho pequeno ou médio em viveiros. As plântulas atingem 22 a
30 cm de comprimento e, nessa altura são transplantadas para o campo definitivo (Purseglove,
1968). De acordo com Ravi e Saravanan (2012), nas regiões de clima temperado, logo após a
colheita da batata-doce, as raízes tuberosas são expostas a temperaturas e humidade relativa do
ar altas, cerca de 32º C e 85% respectivamente por um período de aproximadamente uma
semana. Logo após esse tratamento, os brotos são armazenados a 16º C e 85% de temperatura
e humidade relativa respectivamente até o seu uso na próxima campanha agrícola.

O corte das ramas é o método mais usual de propagação da batata-doce. Este método é melhor
que o uso das plântulas obtidas pela brotação das raízes tuberosas por várias razões, a destacar
as seguintes: primeiro, as plantas derivadas de ramas são livres de doenças do solo; segundo,
propagando a batata-doce através das ramas, toda a colheita é destinada ao consumo ou
comercialização, em vez de reservar parte das raízes para fins de plantação na campanha
seguinte; terceiro, as plantas provenientes de ramas proporcionam maior rendimento e
produzem raízes tuberosas mais uniformes em termos de forma e tamanho do que aquelas
produzidas por plantas obtidas dos brotos das raízes tuberosas.

Nos trabalhos de pesquisa da área de melhoramento, as sementes são usadas para a propagação
da planta. As plântulas provenientes das sementes apresentam uma grande variabilidade nas
suas características, o que é de grande valor para os melhoradores. Purseglove (1968)
acrescenta ainda que a batata-doce também pode ser propagada usando folhas singulares que
são cortadas da planta e induzidas a formar raízes, na água ou no solo.

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
2.1.5 Condições das ramas usadas para a plantação
A qualidade do material de plantação é um factor muito importante que deve ser observado
para garantir um bom rendimento da cultura. Para uma boa produção, devem ser usadas ramas
de 25 a 45 cm de comprimento, obtidas das partes terminais de plantas com idade de 2 a 3
meses. Ramas mais curtas também podem ser usadas caso os entrenós sejam curtos, e os nós,
de preferência, devem ser em número de 6 a 7 em cada rama. Alguns autores defendem a
remoção das folhas basais, deixando apenas poucas folhas apicais para orientação, como uma
boa práctica, entretanto, outros afirmam que tal esforço é inútil e desnecessário (Tindal, 1983;
Martin, 1988).

Segundo Williams et al. (1980), deve-se, cuidadosamente, selecionar ramas livres de pragas e
doenças e com as características varietais desejadas. As ramas devem ser vigorosas, porém não
demasiadamente tenras e suculentas. Em casos de problema do gorgulho, as ramas devem ser
imersas em uma solução de Carbofurão a 0,1% durante 5 minutos e plantadas dentro de 24
horas. Este tratamento tem como objectivo eliminar o gorgulho nas ramas (Martin, 1988;
Granberry et al., 2014).

2.1.6 Plantação da batata-doce: métodos, técnicas e equipamentos


Nos trópicos a batata-doce tem sido plantada com uso de ramas e, a plantação é feita em
camalhões ou em montículos (Figuras 1). De acordo com Belehu (2003), plantar a batata-doce
em camalhões é o método universalmente mais recomendado. Ramas de 20 a 45 cm são
plantadas num espaçamento de 10 a 30 cm no camalhão com uma elevação de 30 cm e uma
largura de cerca de 30cm. A distância entre os camalhões pode variar de 80 a 100 cm (Gibbon
e Pain, 1985; Pierce, 1987).

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

A B
Figura 1. Plantação da batata-doce. A - Plantação da batata-doce em camalhões; B - Plantação da batata-doce em
montículos

Fonte: Amaro (2015)

As ramas são distribuídas transversalmente no topo do camalhão, e cerca da metade do seu


comprimento é enterrada no camalhão, o que corresponde a 3 a 4 nós (Da Silveira, 2015).
Segundo Belehu (2003), geralmente as ramas são plantadas horizontalmente, ou verticalmente
formando um ângulo com a superfície do solo. Miranda et al. (1995) dizem que melhores
resultados são alcançados quando as ramas são plantadas horizontalmente como na cana-de-
açúcar e mandioca, embora este método seja mais trabalhoso e caro; entretanto, Martin (1988),
por sua vez, afirma que bons rendimentos são obtidos quando as ramas são plantadas em
posição oblíqua em relação ao solo.

O número de nós enterrados tem grande influência no tamanho das raízes, sendo que 3 ou 4
nós garantem uma produção de raízes com tamanho desejado para o mercado (Traynor, 2005;
Da Silveira, 2015). Assim, conforme relata Miranda et al. (1995), se forem enterrados muitos
nós, haverá maior produção de batatas pequenas, mas, por outro lado, se for enterrado apenas
um nó, a tendência é produzir poucas batatas graúdas.

A batata-doce é plantada directamente através das raízes tuberosas, ou, como é de costume, a
partir das ramas provenientes de outros campos. Também pode ser realizada a plantação
indirecta em que são estabelecidos viveiros para a produção de plântulas ou o pré-
enraizamento das ramas, onde tanto as ramas pré-enraizadas assim como as plântulas obtidas
a partir das raízes tuberosas da campanha anterior são transplantadas para o campo definitivo.
A plantação ou transplantação podem ser feitas manualmente, sendo em alguns locais como

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Brasil, com auxílio de uma haste de madeira em formato de bengala, ou mecanicamente (Elmer,
1938; Martin, 1988; Kuepper, 2014).

Para garantir um bom estabelecimento das ramas no campo, o solo deve ser humedecido antes
de se proceder a (trans)plantação. Em caso de uso de transplantes, é importante plantar as ramas
imediatamente após a sua retirada do viveiro seguida de uma irrigação para evitar que as ramas
sequem ocasionando falhas (Elmer, 1938; Traynor, 2005). O solo deve ser mantido sempre
húmido, portanto, nesta primeira fase é necessário regar num intervalo de 2 ou 3 dias, consoante
o tipo de solo e as condições climáticas da região. Dos primeiros 40 dias em diante, podem ser
usados intervalos de rega de 10 a 15 dias até a colheita (Da Silveira, 2015).

2.1.7 Principais constrangimentos na produção da batata-doce


Os principais constrangimentos para a produção da batata-doce são as pragas e doenças,
nomeadamente: gorgulho, termite gigante, viroses, entre outras pragas e doenças do solo. Em
África, o gorgulho e as viroses têm sido apontados como as maiores limitações para a produção
da batata-doce. Uma redução do rendimento causada por vírus estimada em 78 a 84% foi
reportado na Nigéria, e em 57% na Uganda. O gorgulho, por sua vez, pode danificar tanto as
raízes tuberosas como as folhas no campo, bem como reduzir a qualidade, a capacidade de
armazenamento, e o valor comercial das raízes da batata-doce (Doku, 1983; Departament, of
Agriculture, Forestry and Fisheries 2011).

As infestantes podem ser um problema antes de a cultura desenvolver biomassa suficiente para
uma boa cobertura do solo, no entanto, vários métodos podem ser adoptados para o seu
controlo, sendo exemplo destes, a aplicação de herbicidas pré-emergentes e sachas (Martin,
1988; Brandenberger et al., 2014).

2.2 PARÂMETROS USADOS PARA MEDIR O DESEMPENHO DAS VARIEDADES


DA BATATA-DOCE E OS FACTORES QUE OS AFECTAM
A seguir são apresentados alguns factores que influenciam o desempenho das diferentes
variedades da cultura da batata-doce. O conjunto apresentado limita-se aos factores da cultura,
não incluindo os factores ambientais como a temperatura, luz, humidade, que foram abordados
anteriormente no mesmo capítulo (ver ecofisiologia da cultura em 2.1.3).

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
2.2.1 Percentagem de brotação
A percentagem de brotação é principalmente influenciada pelo número de gemas na rama-
semente. Muli e Mwakina (2016), avaliando quatro tamanhos de rama (com 4, 6, 8, e 10 nós)
verificaram maior percentagem de brotação nas ramas com 8 e 10 nós.

2.2.2 Atributos de crescimento


a) Comprimento da planta
O comprimento da planta pode ser afectado por factores como o tipo de estaca, a densidade de
plantação, a idade de colheita, entre outros. Lencha et al. (2016), avaliando o crescimento da
batata-doce usando diferentes tipos de ramas, verificaram maior comprimento da planta nas
plantas obtidas por ramas apicais e menor nas de ramas basais. Esses resultados estão
relacionados com maiores concentrações de auxina e maiores reservas de amido nas ramas
apicais em relação às basais que são mais lignificadas. O comprimento da planta tende a
aumentar com a diminuição do espaçamento entre plantas, isto porque há maior competição
por factores de crescimento, levando a que as mesmas cresçam mais para poder captar a
radiação solar (Sales, 2011). O comprimento da planta aumenta com a idade da planta,
entretanto, tendo iniciado a tuberização esta tendência diminui, pois nessa fase, maior parte dos
fotoassimilados é direcionado para o enchimento das raízes.

b) Biomassa da parte aérea


A época da colheita tem influência significativa na produção da biomassa. Um estudo feito por
Queiroga (2007) com 3 épocas de colheita (105, 130, e 155 DDP) mostra menor produção da
fitomassa aos 155 DDP em relação às outras épocas que, por sua vez, não apresentaram
diferenças significativas. O autor aponta para a senescência e a abscisão foliar como as
principais causas da redução da fitomassa. A data de plantação é um outro factor que influencia
o rendimento da biomassa seca, tendo-se verificado melhor desempenho quando a cultura é
plantada no final da época fresca (Erpen et al., 2013). A produção da biomassa também é
influenciada pelo espaçamento utilizado na plantação: foi observado um comportamento linear
crescente da produção da biomassa em relação ao aumento do espaçamento entre as plantas
(Albuquerque, 2016).

2.2.3 Variáveis de rendimento


Comprimento das raízes tuberosas: é favorecido por espaçamentos mais largos, pelo uso de
ramas médias ou apicais, maior permanência da cultura no campo (época da colheita),

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
cuidando-se das outras questões como o ataque de pragas, tamanho ideal para a
comercialização e mais;

Diâmetro das raízes tuberosas: é favorecido por espaçamentos largos e pelo uso de ramas
médias ou apicais. O diâmetro da raiz está associado ao formato da mesma;

Peso das raízes tuberosas: favorecido pelo uso de ramas médias e apicais, pelo aumento do
ciclo, e aumenta linearmente com o espaçamento. Sales (2011) verificou melhores médias de
massa das raízes tuberosas sem a prática da amontoa ou com a realização da mesma no período
de plantação (Sales, 2011; Albuquerque, 2016; Koodi et al., 2017).

a) Rendimento das raízes


O rendimento das raízes da batata-doce é influenciado por vários factores, sendo alguns destes,
a data de plantação, a data de colheita, a densidade de plantação, e o tipo de rama. Erpen et al.
(2013), estudando 4 datas de plantação, observaram que plantando a batata-doce no final do
inverno obtém-se melhores rendimentos, visto que nesse período a radiação solar e a
temperatura são favoráveis para o desenvolvimento da cultura. A produtividade das raízes
aumenta com o alongamento do ciclo da cultura, pois esta tem mais tempo para produzir e
translocar os fotoassimlados para as raízes, dando assim raízes maiores (Queiroga et al., 2007).
Como qualquer outra cultura, a batata-doce é sensível à competição. Koodi et al. (2017)
reportaram baixos rendimentos em espaçamentos mais apertados. O tipo de rama também tem
grande influência no rendimento da batata-doce. As ramas médias e apicais proporcionam
maiores rendimentos do que as basais, uma vez que possuem maiores concentrações de
auxinas, entre outras características necessárias para o crescimento (Moreproof, 2015).

2.3 PRÉ-ENRAIZAMENTO

2.3.1 Conceito de pré-enraizamento


As plantas podem ser propagadas através da semente ou de diferentes órgãos da planta
(propagação vegetativa). Uma das técnicas ou formas de propagação vegetativa é a estaquia,
que consiste na indução do enraizamento adventício em segmentos destacados da planta-mãe,
que, uma vez submetidos a condições favoráveis, originam uma muda. Tais segmentos da
planta com pelo menos uma gema vegetativa, capazes de regenerar e originar uma nova planta
igual à planta-mãe, recebem o nome de estacas. As estacas podem ser de ramos, de raízes ou
de folhas (Wendling, 2003; Relf e Ball, 2009).

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
O pré-enraizamento é uma prática que consiste em induzir a formação de raízes pelas diferentes
estruturas vegetativas, portanto, é uma das práticas mais importantes na propagação das plantas
por estaquia. Esta técnica é aplicada em várias plantas principalmente para fruteiras e plantas
ornamentais, e o seu uso deve-se essencialmente à necessidade de obtenção de mudas iguais à
planta matriz (Bassan et al., 2009 citado por Rós e Narita, 2011).

Dependendo do tipo de planta, as estacas podem receber designações específicas, e no caso


concreto da batata-doce, estas recebem o nome de “ramas”. Este será o termo empregado neste
trabalho nas secções subsequentes para referir estaca de batata-doce, visto serem equivalentes.
Por outro lado, a informação trazida neste documento não é restrita nem completamente
especifica para a batata-doce, todavia, os princípios tratados são aplicáveis à cultura e respeitam
o aspecto botânico da definição de estaca, daí que os termos rama e estaca são intercambiáveis,
porém o termo estaca se torna mais apropriado para casos mais gerais.

2.3.2 Princípios anatómicos do enraizamento


As raízes adventícias podem ser divididas em dois tipos: as raízes adventícias pré-formadas e
as raízes adventícias induzidas por um ferimento. As raízes pré-formadas já existem na planta,
entretanto, permanecem latentes até a sua indução, ou seja, emergem quando há um corte na
planta e quando as condições forem favoráveis para o seu desenvolvimento. Por sua vez, as
raízes adventícias induzidas por ferimento são formadas apenas quando existe algum corte na
planta como resposta ao mesmo (Hartmann et al., 2002).

A batata-doce é uma planta de fácil enraizamento, portanto, na sua multiplicação por ramas,
pode emitir tanto as raízes adventícias pré-formadas como as raízes adventícias induzidas por
ferimento como resposta ao corte efectuado na planta. Neste processo de formação das raízes
adventícias, há a considerar dois aspectos que explicam o enraizamento, a saber:

Desdiferenciação – que é o processo pelo qual as células já diferenciadas retornam à


actividade meristemática e dão origem a um novo ponto de crescimento;

Totipotência – a capacidade de regenerar uma nova planta inteira a partir de um


pequeno pedaço do tecido da planta ou mesmo uma célula singular. As plantas são os
únicos seres vivos com essa capacidade, e a propagação vegetativa explora esse
fenómeno.

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Graças a esses dois fenómenos, as raízes adventícias são formadas e a regeneração de uma nova
planta ocorre (Cavalcante, 2014).

2.3.3 Princípios fisiológicos do enraizamento


A formação de raízes adventícias deve-se à interação entre os factores existentes nos tecidos e
à translocação de substâncias localizadas nas folhas e gemas, com destaque as fito-hormonas e
outros compostos.

As fito-hormonas ou hormonas vegetais controlam o enraizamento, e a auxina é um activador


do processo metabólico que conduz à formação das raízes. Este processo pode não se
completar, mesmo com a auxina em quantidades adequadas na planta, se certos co-factores
químicos estiverem ausentes. Esses co-factores actuam aumentando a actividade da auxina, ou
prevenindo a sua degradação pelas enzimas no interior dos tecidos da planta (McAvoy, 1994).

As plantas diferem na sua resposta à aplicação da auxina para o enraizamento. Com base neste
critério, as plantas são divididas em três grupos, a saber:

 Plantas de enraizamento fácil – aquelas que, mesmo sem auxina exógena, conseguem
produzir tanto a auxina em quantidades adequadas para o enraizamento bem como os
co-factores necessários para que o processo ocorra. Neste grupo encontra-se a cultura
de batata-doce e outras plantas herbáceas;
 Plantas de enraizamento moderado – estas respondem favoravelmente à aplicação
da auxina, pois possuem os co-factores metabólicos necessários, mas não produzem a
auxina em quantidades adequadas para o enraizamento; e
 Plantas de enraizamento difícil – são espécies que falham o enraizamento mesmo
com o tratamento com auxina. Tais espécies podem produzir, ou não, as quantidades
requeridas de auxina natural, porém um ou mais co-factores estão inactivos, ou em falta,
e, neste caso, a aplicação exógena da auxina não melhora o enraizamento (McAvoy,
1994; Hartmann et al., 2002).

2.3.4 Princípios bioquímicos do enraizamento


A base bioquímica para o enraizamento aponta para a existência de substâncias que promovem
o enraizamento e outras que o inibem. Essas substâncias são produzidas internamente na planta,
e pensa-se que a sua interação influencia o enraizamento das estacas. Assim, esta teoria
considera que as espécies de difícil enraizamento têm falta de substâncias promotoras de

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
enraizamento apropriadas, ou então possuem elevadas concentrações de substâncias inibidoras
do enraizamento. Muito se sabe sobre a biologia e a manipulação das estacas, no entanto, o
estímulo bioquímico primário para a desdiferenciação e iniciação radicular bem como a
subsequente organização do primórdio radicular ainda permanece desconhecido (Hartmann et
al., 2002).

2.3.5 Factores que afectam o enraizamento das estacas/ramas


De acordo com Ido e De Oliveira (2009), algumas culturas têm mais facilidade de enraizar que
as outras. Essa capacidade de enraizar pode se expressar de maneiras diferentes dependendo
das condições às quais a planta é submetida. Essa diferença deve-se à actuação de vários
factores que podem ser agrupados em internos e externos da planta.

a) Factores internos da planta ou endógenos


i. Condição fisiológica da matriz
A condição fisiológica da matriz tem a ver com as condições hídricas, os carbohidratos, o
estado nutricional da planta e a razão C/N. As ramas devem ser tomadas de plantas túrgidas
apenas, pois aquelas de plantas submetidas ao stress hídrico enraízam menos. Os propagadores
recomendam sempre cortar as ramas bem cedo, de manhã, quando a planta ainda estiver em
condições de turgescência, isso porque as ramas sem raízes são vulneráveis ao stress hídrico,
uma vez que a rehidratação dos seus tecidos é muito difícil sem o sistema radicular. Além disso,
as ramas secas são mais propensas ao ataque de doenças e pragas (McAvoy, 1994; Hartman et
al., 2002).

O conteúdo de carbohidratos na planta matriz afecta grandemente o enraizamento adventício.


Tomando a rama de uma planta com boa quantidade de reservas de carbohidratos, estes
ajudarão a promover o desenvolvimento de novas raízes (McAvoy, 1994). Por outro lado,
Hartmann et al. (2002) afirmam que a relação entre os carbohidratos na planta e o enraizamento
ainda é controversa. Embora o conteúdo de carbohidratos na matriz e o enraizamento sejam
positivamente correlacionados, os carbohidratos não tem um papel regulatório no
enraizamento. Essa correlação positiva pode mostrar que o fornecimento actual dos
fotossintatos é insuficiente para suportar um óptimo enraizamento.

O estado nutricional da matriz é igualmente importante. Qualquer deficiência de nutrientes


afectará negativamente a formação das raízes, com excepção do nitrogénio. O excesso de
nitrogénio durante o desenvolvimento da matriz reduz a qualidade das ramas, e por

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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
conseguinte, o subsequente desempenho do enraizamento. De um modo contrário, um baixo
nível de nitrogénio aumenta o enraizamento (Hartmann et al., 2002).

De acordo com Start e Gumming (1976), citados por Hartmann et al. (2002), elevadas razões
C/N no tecido das estacas promovem o enraizamento, mas não predizem acuradamente o grau
de resposta do mesmo. O enraizamento pode ser elevado controlando-se a fertilização
nitrogenada das plantas matrizes com vista a desestimular o desenvolvimento da parte aérea
devido a altos níveis de nitrogénio. Isso evita a desvantagem competitiva do enraizamento
adventício em relação ao rápido desenvolvimento da parte aérea na competição por
carbohidratos, nutrientes minerais e hormonas (Hartmann et al., 2002).

ii. Idade da planta


Em geral, as ramas provenientes de plantas jovens têm mais facilidade de enraizar do que as
que provêm de plantas mais velhas e isso é mais pronunciado em espécies de difícil
enraizamento, mas não é crítico para a cultura da batata-doce (Ido e De Oliveira, 2009). Essa
diferença na habilidade das ramas enraizar em função da idade biológica da planta ocorre
porque quando uma planta se encontra na fase juvenil apresenta maior teor de co-factores de
enraizamento e menor teor de inibidores do mesmo, o que é contrário para plantas na fase
adulta (que já atingiram a fase reprodutiva). Embora as ramas sejam provenientes de plantas
na fase adulta, podem ainda enraizar em casos como: espécies de fácil enraizamento, remoção
das gemas florais, tratamento com hormonas de enraizamento, ou combinação destes métodos.
Assim, as ramas da batata-doce podem facilmente formar raízes adventícias mesmo sendo de
plantas adultas e sem recorrer aos procedimentos antes mencionados, pois esta é uma espécie
de fácil enraizamento (Kumar, 2016).

iii. Tipo de estaca


A capacidade de enraizar é diferente para diferentes regiões ou porções do mesmo caule, e as
estacas apicais enraízam mais que as basais. Isso é devido às diferenças na composição química
das estacas desde a base até ao ápice, ou seja, no conteúdo de reservas alimentares e
concentração de nitrogénio ao longo do comprimento das plantas. Este factor não é muito
relevante nas espécies de fácil enraizamento como na batata-doce, no entanto, quanto mais
dificuldade apresentar a espécie ou cultivar, mais rigor deve ser aplicado para uma selecção
correcta das estacas para o enraizamento (Ido e De Oliveira, 2009).

iv. Potencial genético do enraizamento

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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Quanto ao potencial de enraizamento, as plantas podem ser de enraizamento fácil,
enraizamento moderado, e enraizamento difícil. Dependendo do grupo a que a espécie
pertence, as estacas podem necessitar ou não de um tratamento para enraizar. Assim, as
espécies de fácil enraizamento, como a batata-doce, não necessitam de nenhum tratamento
especial, mas as de enraizamento difícil precisam de aplicação de auxinas ou outras substâncias
promotoras do enraizamento (Ido e De Oliveira, 2009).
As diferenças no potencial genético de enraizamento não se limitam apenas ao nível das
espécies, mas também podem ser verificadas entre as cultivares ou variedades da mesma
espécie (Hartmann et al., 2002). Trevisan et al. (2008), estudando o enraizamento em três
cultivares de Vaccinium sp. verificaram a maior percentagem de enraizamento das estacas na
cultivar Bluebelle e a menor na Clímax, o que evidencia a diferença existente entre as cultivares
ou variedades.

v. Sanidade
Ter plantas matrizes limpas e sãs é uma das primeiras prioridades. A escolha de plantas
infectadas é o início de uma propagação fracassada, portanto é imperioso que sejam
selecionadas plantas livres de qualquer tipo de insectos e agentes patogénicos.

vi. Balanço hormonal


O balanço hormonal, especialmente entre as auxinas, giberelinas, e citocininas é um importante
determinante para o enraizamento, pois as auxinas são estimuladoras, enquanto as giberelinas
e citocininas são inibidoras do enraizamento. Dependendo da proporção destas hormonas, as
plantas podem necessitar, de uma aplicação de auxina para enraizar (Ido e De Oliveira, 2009).

b) Factores externos à planta ou exógenos (o ambiente)


Os factores externos da planta podem ser:
i. Temperatura
Para um bom desempenho das estacas é importante ter em consideração a temperatura do meio
do enraizamento e a temperatura do ar. O consenso a respeito da temperatura óptima do meio
de enraizamento é de 25 a 32º C para as espécies de clima quente. Temperaturas altas tendem
a aumentar a perda de água a partir das folhas e a promover o alongamento das gemas, dando
vantagem sobre a formação das raízes.

A iniciação radicular nas estacas é dirigida pela temperatura, mas o crescimento subsequente
da raiz depende da disponibilidade de carbohidratos. Para uma maior disponibilidade dos

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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
carbohidratos, é necessária óptima acumulação de fotossintatos, o que ocorre a baixas
temperaturas, pois a respiração é reduzida nessas condições. A temperatura do ar óptima para
o crescimento da cultura é, provavelmente, a melhor temperatura para o enraizamento das
estacas (Hartmann et al., 2002).

ii. Luz
Os aspectos mais importantes da luz para o enraizamento são a quantidade da luz (irradiância),
o fotoperíodo, e a qualidade da luz; e, as condições de luz em que cresceu a planta matriz
afectam o desempenho da estaca. Em geral, as condições de luz que promovem o crescimento
vegetativo em detrimento da floração, também promovem o enraizamento. Assim, a batata-
doce, sendo uma planta de dias curtos para a floração deve ser submetidas a dias longos para
que o enraizamento tenha vantagem sobre a floração (McAvoy,1994).

iii. Humidade
Para o sucesso do enraizamento é importante manter um balanço entre a água na planta e no
ambiente ou atmosfera, e entre a água na planta e a água no meio do enraizamento.
Uma baixa humidade relativa levará a altas taxas de transpiração, o que faz com que as estacas
percam muita água. Neste caso, se não houver suprimento de água através do meio do
enraizamento, as células podem perder a turgidez e comprometer tanto a iniciação, como o
desenvolvimento radicular. Quando a humidade relativa do ar for alta, a taxa de transpiração é
baixa e, verifica-se menor perda de água por parte da planta (Hartmann et al., 2002).
Quando a humidade é baixa no substrato ou meio de enraizamento, o processo do enraizamento
fica retardado ou impedido, entretanto, deve-se tomar o cuidado de manter níveis adequados
de humidade, pois o excesso pode criar condições anaeróbicas e conduzir á morte das estacas.
A água também contribui para a manutenção de temperaturas aceitáveis para os processos de
regeneração na base das estacas, enquanto previne o stress do calor nas folhas; e para manter
níveis propícios de luz para a fotossíntese e produção de carbohidratos para a manutenção das
estacas, e para o seu uso, uma vez que tenha ocorrido a iniciação radicular, sem causar stress
hídrico (Hartmann et al., 2002).

iv. Substrato
O substrato tem grande influência sobre o enraizamento especialmente para estacas de difícil
enraizamento. Um substrato com excesso de macroporos terá boa aeração, entretanto a
drenagem será excessiva, haverá pouca capacidade de retenção da água, e consequentemente,

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 18


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
as estacas podem secar por falta de humidade. Por outro lado, se o substrato for excessivamente
microporoso, a água será retida nos poros, e a drenagem será deficiente, e, devido a falta de
aeração, as raízes recém-formadas podem morrer por asfixia. Portanto, o substrato deve
satisfazer às condições de boa aeração, boa drenagem e humidade adequada a fim de manter as
células vivas e túrgidas para que ocorra a divisão celular. Também, deve-se garantir que o
substrato não seja uma fonte de inóculo (Peate, 1989 citado por Krstic, 1997; Cavalcante,
2014).

v. Época do ano
A época do ano em que as estacas são preparadas, pode assumir um papel importante para o
enraizamento, isso porque existe um período óptimo para cada espécie enraizar. Para as
espécies de fácil enraizamento, como é o caso da batata-doce, se o clima permitir, torna-se
possível tomar estacas ao longo de todo o ano. Os efeitos da época do ano são, quase sempre,
uma mera reflexão da resposta das estacas ou das matrizes às condições ambientais em
diferentes períodos do ano (Hartmann et al., 2002).

2.3.6 Meio de enraizamento


a) Solo
Visto que durante o enraizamento o objectivo é minimizar o stress para a planta, é necessário
usar-se um meio de boa qualidade. O solo deve ser poroso para uma boa aeração e drenagem,
mas também capaz de reter água e nutrientes. A humidade deve ser mantida disponível para
evitar a dessecação da base da estaca e garantir uma boa formação de raízes (McAvoy, 1994;
Relf e Ball, 2009).

b) Água
A água pura também pode ser usada como meio de enraizamento das estacas. É possível e
funciona razoavelmente bem para as espécies de fácil enraizamento. A água proporciona a
humidade necessária para o enraizamento, mas se não for trocada pode ocasionar a deficiência
de oxigénio e inibir o enraizamento. Além disso, as raízes produzidas em 100% de água são
diferentes daquelas produzidas em meio sólido. Nestas, verifica-se maior incidência de morte
em casos de maiores choques de transplantação, pois possuem menor capacidade de suportar
tal adversidade em relação àquelas formadas em meio sólido (Relf e Ball, 2009).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 19


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
c) Misturas sólidas
Existem misturas sólidas preparadas para esta finalidade e estas conseguem satisfazer as
condições requeridas. A maioria dessas misturas são artificiais e não contêm solo, possuindo
como principais ingredientes a turfa de esfagno e a vermiculite, ambos livres de doenças,
sementes de infestantes, e insectos. O meio deve ser limpo e estéril, o que pode ser encontrado
nas misturas previamente preparadas e comercializadas. Dentre estes pode-se encontrar o
Perlite grosso simples, a Vermiculite simples, mistura de 50% turfa de musgo e 50% de perlite,
entre outros meios, cada um proporcionando condições específicas para o enraizamento (Relf
e Ball, 2009). O meio de enraizamento deve ser de baixa fertilidade. A fertilidade excessiva
pode danificar as raízes recém-formadas ou inibir a sua formação. Para atender à esta questão,
as misturas artificiais de alta qualidade às vezes possuem fertilizantes de acção lenta, isto é,
que liberam lentamente os nutrientes (Relf e Ball, 2009).

2.3.7 Cuidados a ter no acto de enraizamento


As ramas ou estacas devem provir de plantas saudáveis e que não apresentam sintomas de
deficiência de nutrientes, de idade máxima de 90 dias (batata-doce), sem gemas florais, e
tiradas da parte terminal ou apical da planta matriz. Deve-se lavar todo equipamento a utilizar
e esterilizar todo o material do corte e a bancada. O propagador também deve ter as mãos bem
limpas antes de começar o trabalho (Horton, 2010; Keck, 2016).

2.3.8 Resposta das variedades ao pré-enraizamento quanto aos atributos de crescimento


e de rendimento
Há escassez de informação quanto á influência do enraizamento sobre os aspectos de
crescimento e rendimento da batata-doce visto que a maioria dos estudos sobre enraizamento
das ramas limitam-se apenas na descrição das ramas pré-enraizadas, não avançando com as
mesmas para o campo definitivo a fim de avaliar o seu desempenho. Alguns estudos realizados
nesse sentido, com uso de reguladores de crescimento, mostram que os resultados são
satisfatórios em termos de sobrevivência das plantas no campo (acima de 90%) avaliada aos
10 DDP, entretanto não se verifica efeito significativo quanto à produtividade da cultura até à
dose de 15ml.L-1 (Golla, 2010; Rós e Narita, 2011; Rós et al., 2015).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 20


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Descrição da área de estudo


Para a realização do presente estudo, foi conduzido um ensaio no período de Abril a Setembro
de 2018, no campo experimental da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Campus
da Universidade Eduardo Mondlane localizada em Maputo. Esta área possui como
coordenadas: 25º 57’ S de Latitude e 32º 36’ E de longitude e uma elevação de 60m acima do
nível médio do mar, sendo caracterizada por possuir solo arenoso com pH ligeiramente ácido
e não salino. Esta região possui um clima tropical húmido (Aw), segundo a classificação de
Koppen. A precipitação anual é de cerca de 767 mm, sendo o mês de Fevereiro o mais chuvoso
com 137 mm, e Agosto o mais seco com apenas 12 mm; a temperatura média anual é de 22,8º
C (INAM, 2008).

3.2 Desenho experimental e descrição tratamentos


O ensaio foi montado em Delineamento de Blocos Completos Casualizados em arranjo
factorial 2x3, sendo estudados duas variedades (Irene e Alisha) e três métodos de plantação
(plantação directa, pré-enraizamento no solo, e pré-enraizamento em água). O experimento foi
constituído por 6 tratamentos e 4 repetições, totalizando 24 unidades experimentais ou parcelas
dispostas em 4 blocos. Os tratamentos foram os seguintes:

Tabela 1. Descrição dos tratamentos

Variedade Método de plantação Tratamento


Plantação directa A
Irene Pré-enraizamento no solo B
Pré-enraizamento em água C
Plantação directa D
Alisha Pré-enraizamento no solo E
Pré-enraizamento em água F

O campo tinha um total de 24 parcelas ou talhões de 6 m2 (3 m x 2 m) e a área do ensaio foi de


144 m2. Este foi dividido em 4 blocos com uma distância de 50 cm entre si, e a mesma distância
foi usada para separar os talhões dentro dos blocos. Assim, as dimensões do campo foram 20,5
m de comprimento e 9,5 m de largura, o que corresponde a uma área de 194,75 m2.
Cada parcela tinha 20 plantas distribuídas em 2 camalhões, sendo 10 plantas em cada camalhão.
O comprimento dos camalhões foi de 3 m com uma separação de 1 m entre si. O compasso
utilizado foi de 100 cm x 30 cm.

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

Descrição das variedades utilizadas no ensaio

Abaixo segue-se a descrição das variedades utilizadas neste ensaio, com mais informação
relativa a variedade Irene, pois a variedade Alisha ainda não foi catalogada.

Tabela 2. Descrição das variedades da batata-doce usadas no ensaio

Característica Variedade
Irene Alisha
CARACTERÍSCTICAS DE CRESCIMENTO
Hábito de crescimento Erecto Prostrado
Tipo de folha Verde quando maduras, verde-claro e roxas ao longo das Verde, com margens
nervuras quando novas, com cinco (5) lóbulos profundos roxas, sem lóbulos
Tipo de rama Púrpura com as partes apicais verdes; curtos entrenós de 3.5 Verde-claro, com
a 5 cm; fina, com diâmetro de 4 a 6 cm entrenós compridos
Hábito e capacidade Tarde e escassa Tarde e escassa
de floração
PRINCIPAIS ASPECTOS AGRONÓMICOS
Período de maturidade 5 meses
Rendimento de raízes 19.6 ton/ha
Adaptabilidade Ampla
Resistência a pragas Alta para o gorgulho
Resistência a doenças Alta para as viroses da batata-doce
CARACTERÍSTICAS DA RAÍZ
Forma Oblonga Elíptica alongada
Cor da casca Roxa avermelhada Creme
Matéria seca 28.8%
Cor da polpa Laranja amarelada (referência, mapa de cores da CIP, Laranja
28C:18B)
Conteúdo de β- 8300µg/100fwb
caroteno
CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS
Cor da raíz cozida Laranja intermedia
Textura da raíz Farinhenta ao paladar
cozidas
Sabor Moderadamente doce

3.3 Práticas culturais


Ainda não foram estabelecidas as normas técnicas para o cultivo da batata-doce doce em
Moçambique, assim para a condução deste ensaio recorreu-se às normas da Embrapa, descritas
por Miranda et al (1995).

3.3.1 Preparação do terreno


A preparação do terreno foi feita no início do mês de Abril e consistiu em uma lavoura seguida
do levantamento de camalhões. Este trabalho foi feito de forma manual e com uso de enxadas,
ancinhos, linhas e fita métrica. No acto de levantamento dos camalhões, aproveitou-se o
material vegetal (capim) antes existente no terreno incorporando-o no solo, como forma de
facilitar o levantamento dos camalhões segurando o solo, prática esta que é difícil realizar em

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 22


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

solos soltos, o que limita não só a altura como também a largura do camalhão, que são aspectos
muito importantes para as raízes tuberosas formadas.

3.3.2 Plantação
A plantação foi feita na primeira quinzena de Abril, logo após a preparação do solo e, esta foi
em duas fases: a primeira consistiu na plantação directa das ramas no campo definitivo. Isto
foi feito com parte das ramas, as quais foram usadas nos tratamentos sem o pré-enraizamento
(tratamentos A e D); para a segunda fase, a outra parte das ramas passou por um processo de
pré-enraizamento no solo (tratamentos B e E) e na água (tratamentos C e F) por um período de
três dias, sendo depois transplantadas para o campo definitivo. A plantação foi feita
manualmente enterrando-se cerca da metade do comprimento da rama no camalhão. Foram
usadas 240 ramas no total, sendo 80 ramas por cada tratamento, para cada uma das variedades.

3.3.3 Adubação
Fez-se adubação de fundo com 375g de NPK, com a proporção 12:24:12, em cada talhão, isso
para fornecer 60 Kg.ha-1 de N, 150 Kg.ha-1 de P e 150 Kg.ha-1 de K (Miranda et al., 1995). A
aplicação do fertilizante foi manual, fazendo-se a distribuição uniforme em linha para cada
camalhão, na zona radicular das plantas.

3.3.4 Controlo de infestantes


Para controlar as infestantes na cultura, foram realizadas duas sachas aos 15 e 36 DDP,
conforme se verificava a infestação. Estas foram combinadas com mondas e amontoa, feitas
alguns dias após a última sacha. Não foi feita nenhuma aplicação de produtos químicos para a
protecção das plantas.

3.3.5 Colheita
A colheita foi realizada aos 153 dias depois da plantação, que corresponde ao final do ciclo da
cultura. Este processo foi feito mecanicamente, tendo sido seguido pela secagem, pesagem e
classificação das raízes tuberosas.

3.4 Variáveis medidas


Foram medidas as seguintes variáveis:
1. Percentagem de Pré-enraizamento das Ramas (PPR)
2. Número de Raízes em cada Rama (NRR)
3. Comprimento das Raízes das Ramas (CRR)

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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

4. Percentagem de brotação das ramas (PBR)


5. Stand inicial e final (SI e SF)
6. Comprimento da planta (CP)
7. Biomassa fresca aérea (BFA)
8. Rendimento total da raiz (RT)
9. Rendimento comercial e não comercial da raiz (RC e RNC)
10. Comprimento Médio das Raízes Comerciais (CMRC)
11. Diâmetro Médio das Raízes Comerciais (DMRC)
12. Peso Fresco Médio das Raízes Comerciais (PFMRC)

3.5 Métodos de plantação

3.5.1 Plantação directa das ramas


Foram preparadas 80 ramas da variedade Irene, e outras 80 da variedade Alisha para os
tratamentos A e D respectivamente, e plantadas directamente (sem raízes) no campo definitivo.
As ramas possuíam 6 a 8 nós e tinham um comprimento de cerca de 30 cm.

3.5.2 Pré-enraizamento das ramas


a) No solo
Foi feito um camalhão de 1 m de comprimento onde foi colocado um bulk de mais de 100
ramas de cerca de 30 cm de comprimento de cada variedade para enraizar (Figura 2). Após 3
dias, foi observada a percentagem de pré-enraizamento em 100 ramas, e destas, foram tomadas
aleatoriamente 10 ramas para a contagem do número de raízes e medição do comprimento das
raízes adventícias formadas em cada rama.

b) Em água
Ramas de 30 cm de comprimento, com 6 a 8 nós, de cada variedade foram introduzidas, em
molhos, num recipiente contendo água para iniciar o processo de enraizamento. As ramas
foram submersas até cerca da metade do seu comprimento e deixadas no campo experimental
à temperatura ambiente (Figura 2). Por razões de segurança no campo, as ramas no recipiente
foram colocadas num local e ligeiramente sombreado durante todo o processo de enraizamento.
A água no interior do recipiente era trocada a cada dia para evitar a morte das raízes das ramas.
Passados 3 dias, observou-se a percentagem de pré-enraizamento em 100 ramas, e destas foram
tomadas 10 para se realizar a contagem do número de raízes e a medição do comprimento das
raízes adventícias formadas em cada rama.

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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

Para todos os tratamentos, as ramas tinham características similares (comprimento e número


de nós) e as suas folhas foram removidas deixando-se apenas as folhas apicais para dar
orientação da rama no momento da plantação.

A B
Figura 2. Pré-enraizamento das ramas da batata-doce. A – Pré-enraizamento das ramas no solo; B – Pré-
enraizamento das ramas em água

Fonte: Autoria própria

c) Transplantação das ramas pré-enraizadas para o campo definitivo


Tendo sido feitas todas as observações nas ramas pré-enraizadas tanto no solo como em água,
foram transplantadas 80 ramas selecionadas aleatoriamente de cada variedade para o campo
definitivo. As ramas da variedade Irene foram alocadas para as parcelas dos tratamentos B e C,
e as da variedade Alisha, para os tratamentos E e F.

3.6 Colecta de dados


Foi utilizada a amostragem aleatória simples, seguindo o padrão “W” para colectar os dados
das amostras, que consistiram em 10 plantas em cada parcela no campo definitivo. Para o pré-
enraizamento, a amostra consistiu em 100 ramas de cada variedade para a determinação da
percentagem de pré-enraizamento das quais foram selecionadas 10 ramas para determinar o
número e comprimento médios das raízes em cada rama, sem uso de algum padrão de
amostragem.

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

3.6.1 Percentagem de pré-enraizamento das ramas (PPR)


Para a determinação da percentagem de pré-enraizamento das ramas, foi contado o número de
ramas com raízes em cada grupo de 100 ramas selecionadas em cada variedade e meio de
enraizamento (solo e água).

3.6.2 Número médio de raízes em cada rama pré-enraizada (NRR)


Fez-se a contagem de raízes em 10 ramas pré-enraizadas, tanto no solo assim como em água,
selecionadas aleatoriamente e por fim calculou-se a média aritmética das mesmas. O mesmo
procedimento foi seguido para ambas as variedades.

3.6.3 Comprimento das raízes das ramas pré-enraizadas (CRR)


No mesmo grupo de 10 ramas selecionadas anteriormente mediu-se, com ajuda de uma régua,
o comprimento das raízes emitidas pelas ramas, considerando-se a raiz mais comprida da rama.

3.6.4 Percentagem de brotação das ramas (PBR)


Aos 10 DDP, foram contadas as ramas que apresentavam brotações e o número obtido em cada
parcela foi transformado em percentagem seguindo a fórmula:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑏𝑟𝑜𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎


𝑃𝐵𝑅 (%) = ∗ 100
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎

3.6.5 Stand inicial e final (SI e SF)


Para a obtenção da população inicial de plantas (Stand inicial), contou-se, aos 27 DDP (tempo
suficiente para o estabelecimento das plantas no campo) o número de plantas em pé na parcela;
e para o Stand final, a contagem foi realizada no dia anterior à colheita (152 DDP). Esta data
coincidia com o fim do ciclo da cultura e também permitiu evitar que essa actividade
coincidisse com a colheita e outras actividades subsequentes.

3.6.6 Comprimento da planta (CP)


Foram selecionadas, aleatoriamente, 10 plantas em cada talhão e, com auxílio de uma fita
métrica, mediu-se o comprimento das plantas desde o colo até ao ápice (ponta) do segmento
da rama mais comprido, e por fim calculou-se a média aritmética do comprimento das plantas
para cada tratamento (De Santana et al., 2015). Foram feitas duas medições do comprimento,
sendo a primeira aos 80 DDP e a segunda aos 129 DDP. De acordo com Stathers et al. (2013)
nesta fase a cultura cessa o crescimento vegetativo, possibilitando uma medição mais definitiva
do comprimento das ramas.

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

3.6.7 Biomassa fresca aérea (BFA)


Para a obtenção da biomassa fresca aérea, foi colhida e pesada, com auxílio de uma balança, a
parte aérea de todas as plantas de cada talhão (Andade Júnior et al., 2012).

3.6.8 Rendimento da raiz


Após a colheita, as raízes foram colocadas em sacos e, com ajuda de uma balança, foram feitas
as pesagens para cada um dos tratamentos. Fez-se a distinção entre o rendimento total do
rendimento comercial e não comercial da cultura.

a) Rendimento total (RT): foi obtido por meio da pesagem de todas as raízes tuberosas
(comerciais e não comerciais) colhidas em cada parcela, sendo o resultado expresso em
toneladas por hectare (ton.ha-1).
b) Rendimento comercial das raízes (RC): foi obtido através da pesagem das raízes
comerciais colhidas em cada parcela. Este, de igual modo, foi transformado para
toneladas por hectare (ton.ha-1), conforme a fórmula abaixo:
𝑥.10−3
y = 6.10−4

onde y é rendimento em ton.ha-1 e x a produção obtida em cada parcela (kg)


Para a obtenção deste valor, fez-se, primeiro, a classificação das raízes em comerciais
e não comerciais, de acordo com os critérios apresentados na tabela 3 (Figura 3).
c) Rendimento não comercial (RNC): foi obtido pela diferença entre o RT e o RNC,
sendo também expresso em toneladas por hectare (ton.ha-1) (Figuras 3).

A B C

Figura 3. Classificação das raízes da batata-doce. A – Raízes comerciais da variedade Alisha; B – Raízes não
comerciais da variedade Alisha; C – Raízes não comerciais da variedade Irene.

Fonte: Autoria própria

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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

3.6.9 Comprimento Médio das Raízes Comerciais (CMRC)


As raízes tuberosas foram classificadas com base na tabela abaixo:
Tabela 3. Classificação das raízes da batata-doce

Peso (g) Tamanho Categoria


< 100 Muito pequeno Não comercial
100 a 200 Pequeno
200 a 350 Médio Comercial
350 a 500 Grande
>500 Muito grande Não comercial
Fonte: Belehu, 2003; adaptado.

Após a classificação, com uso de uma régua, foi medido o comprimento de todas as raízes
comerciais e o comprimento da raiz foi tomado como a média aritmética de todas as medições
feitas.

3.6.10 Diâmetro Médio das Raízes Comerciais (DMRC)


O diâmetro da raiz foi medido seguindo-se o mesmo procedimento usado em 3.6.9 com auxílio
de um paquímetro.

3.6.11 Peso Fresco Médio das Raízes Comerciais (PMRC)


O peso fresco médio das raízes comerciais foi obtido calculando-se a média aritmética do peso
de todas as raízes comerciais colhidas nas 10 plantas amostrais em cada parcela, e foi expresso
em gramas (g).

3.7 Análise de dados

3.7.1 Pacotes estatísticos


 Microsoft Excel 2013: para a organização dos dados em tabelas e gráficos, para uma
melhor visualização;
 SPSS 22: para análise estatística das variáveis de pré-enraizamento
 STATA 14.0: para análise estatística das variáveis medidas no campo definitivo;

3.7.2 Análise estatística


Os dados de pré-enraizamento (PBR, NRR, e CRR) foram comparados em grupos de 2 a 2, isto
é, comparou-se as duas variedades (Irene e Alisha) em cada meio de enraizamento, e os dois
meios de enraizamento (solo e água) para cada variedade, e para tal usou-se o software SPSS
22. Foi usado o teste “z” para comparar as percentagens de pré-enraizamento das ramas, pois
neste caso não se tem observações por indivíduo, mas sim a proporção das categorias (com

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 28


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

raízes e sem raízes) na população; e este é um teste apropriado para comparar diferentes
proporções de duas populações. Para o comprimento médio das raízes em cada rama foi usado
o teste “t”, que serve para comparar dois grupos ou duas populações diferentes, obedecendo
aos seus pressupostos. Para o número médio de raízes em cada rama, usou-se o teste de Mann-
Whitney, que é um teste não paramétrico e alternativo ao teste “t”. Este teste foi usado porque
os dados do número médio de raízes em cada rama não satisfaz o pressuposto da normalidade,
para o teste “t”. Para todos os testes foi usado um nível de confiança de 95%.

Usando o STATA 14.0, foi feita a análise de variância (ANOVA) dos dados colectados de
todas as variáveis do campo definitivo. Para os tratamentos cujas médias apresentaram
diferenças significativas, correu-se o teste de Duncan a um nível de significância de 5% para a
comparação de médias. Para a validação da ANOVA fez-se os testes de especificação para os
pressupostos de normalidade e homoskedacidade. Fez-se a transformação logarítmica dos
dados de stand inicial e comprimento da planta aos 80 DDP, visto terem violado os mesmos
pressupostos antes referidos.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 29


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Percentagem de pré-enraizamento das ramas (PPR)


O meio de enraizamento foi significativo para a variedade Alisha, porém não foi significativo
para a Irene. Para a variedade Alisha, verificou-se maior PPR (100%) nas ramas pré-enraizadas
no solo em relação àquelas pré-enraizadas em água (87%) (Figura 4).

100Aa 98Aa 100Aa


100
87Bb
90
80
enraizamento(%)

70
60 solo
50 agua
40
30
20
10
0
irene alisha
Variedade

Figura 4. Percentagem de pré-enraizamento das ramas da batata-doce.


As médias seguidas pela mesma letra maiúscula para os meios de enraizamento, e minúsculas para as variedades,
são iguais entre si pelo teste “z”.

Observa-se que o solo é melhor que a água como meio de enraizamento para a variedade
Alisha. Segundo Kumar (2016) e Hartmann et al. (2002), a formação e desenvolvimento das
raízes adventícias é influenciada pela temperatura na zona radicular das plantas, e as culturas
tropicais e subtropicais enraízam melhor em temperaturas compreendidas entre os 25º e 32º C.
Estas temperaturas podem ser atingidas no solo que na água, pois o solo tem maior capacidade
de acumular calor enquanto a água tem um efeito arrefecedor, aliado ao facto de que as ramas
no solo tiveram maior exposição ao sol, afectando desse modo a formação de raízes adventícias
pelas ramas nos dois meios de enraizamento.

Hartamann et al. (2002) também afirmam que a luz afecta a formação de raízes adventícias
pelas ramas. Isso pode explicar as diferenças de enraizamento observados no solo e em água,
pois as ramas enraizadas no solo tiveram maior exposição à luz solar enquanto aquelas
enraizadas em água foram colocadas num ambiente sombreado (por razões de segurança).

Relativamente às variedades, nota-se que as duas tiveram a mesma percentagem de


enraizamento (100%) quando colocadas no solo. Essa elevada percentagem era de se esperar,

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 30


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
pois a cultura da batata-doce é de fácil enraizamento. Por outro lado, em água, a variedade
Irene mostrou melhor desempenho (98%) comparativamente à variedade Alisha, com 87% de
ramas enraizadas (Figura 8). Isso revela que a capacidade de emitir raízes é diferente para as
duas variedades, sendo maior na variedade Irene. Estes resultados podem ser explicados pela
diferença no potencial de enraizamento das variedades, indicando que ainda que a batata-doce
seja de enraizamento fácil, o potencial genético de enraizamento é diferente para as diferentes
variedades da cultura (Ido e De Oliveira, 2009).

O potencial de enraizamento das duas variedades pode estar associado ao rendimento potencial
das mesmas, visto que o rendimento da batata-doce está directamente relacionado à capacidade
de tuberização. A tuberização, por sua vez, está vinculada à formação das raízes adventícias
pela planta, que mais tarde, pelo crescimento secundário (alongamento ou engrossamento), se
transformam em raízes tuberosas (Gibbon e Pain, 1985; Meyers et al., 2014).

4.2 Número médio de raízes em cada rama (NRR)


O meio de enraizamento não foi significativo para a variedade Irene (p = 0,315), porém mostrou
efeito significativo para a variedade Alisha (p = 0,001) (Figura 5).

30 28.9Aa

25
20.6Aa
Número de raizes

20
14.9Aa
15
solo
10 7.8Bb agua
5

0
irene alisha
variedade

Figura 5. Número médio de raízes das ramas da batata-doce.


As médias seguidas por mesma letra maiúscula para os meios de enraizamento, e minúsculas para as variedades,
são iguais entre si pelo teste de Mann-Whitney.

O solo (x ≈ 15) proporciona melhores condições para o enraizamento das ramas em relação à
água (x ≈ 7), sendo que essa diferença se manifestou apenas para a variedade Alisha. Estes
resultados podem ter uma forte contribuição da nutrição mineral, que é diferente nos dois meios
de enraizamento nos quais as ramas foram submetidas. Segundo Hartmann et al. (2002), a
iniciação radicular é influenciada pela concentração dos micronutrientes, que por sua vez

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 31


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
promovem a formação do triptofano (o precursor da auxina AIA) da auxina AIA a partir do
triptofano, actuam como activadores do sistema enzimático AIA-oxidase, e aumentam a
actividade da enzima AIA-oxidase. Estes elementos (nutrientes) podem ser encontrados no
solo, mas não na água que foi utlizada como meio de enraizamento, o que origina a diferença
na iniciação radicular das ramas nos dois meios.

Um outro factor é a relação água-ar no meio de enraizamento em que as ramas foram colocadas.
As plantas necessitam de oxigénio para sobreviver e desenvolver as suas actividades, e sabe-
se que no meio aquoso a circulação do ar é deficiente, o que dificulta a respiração das partes
submersas da planta. Por conseguinte, pode-se subentender que a água de certa forma limitou
a formação de raízes das ramas para a variedade Alisha, no entanto, tal não sucedeu para as
ramas no solo, que, no caso concreto, é solto oferecendo a possibilidade de livre circulação do
ar, favorecendo a iniciação radicular (Neto et al., 2001).

4.3 Comprimento médio das raízes das ramas (CRR)


Para a variedade Irene, o meio de enraizamento mostrou efeito não significativo sobre o
comprimento das raízes imitidas pelas ramas (p = 0,488), porém, para a Alisha, o efeito foi
significativo (p = 0,000). Para variedade Alisha, em particular, o solo é melhor como meio de
enraizamento em relação a água, tendo-se observado as médias de comprimento das raízes das
ramas de 2,2cm e 1,28cm para o solo e água, respectivamente (figura 6).

3.5 3.13Aa
2.89Aa
Comprimento da raiz (cm)

2.5 2.22Aa
2

1.5 1.28Bb solo


1 agua

0.5

0
irene alisha
Variedade

Figura 6. Comprimento médio das ramas da batata-doce.


As médias seguidas por mesma letra maiúscula para os meios de enraizamento, e minúsculas para as variedades,
são iguais entre si pelo teste “t”.

Estudos mostram que a nutrição mineral é de grande importância para o enraizamento.


Guimarães-Santos et al. (2010) reportam que o Boro influenciou positivamente o crescimento

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 32


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
e desenvolvimento radicular das estacas de Hylocereus undatos; Hartmann et al. (2002)
afirmam que as concentrações de Fe, Cu, Mo, Mn, B, e Zn continuaram a aumentar durante o
alongamento e emergência dos primórdios radiculares, o que evidencia a relação entre a
nutrição mineral e o comprimento das raízes. Os micronutrientes, em particular o Boro têm um
papel fundamental no alongamento celular, que está directamente relacionada ao comprimento
da raiz, e considerando os dois meios de enraizamento utilizados no presente estudo, espera-se
maior concentração de micronutrientes no solo e pouca ou nenhuma na água (Taiz e Zieger,
2004). Assim, de igual modo, era de se esperar que as ramas colocadas a enraizar no solo
emitissem raízes mais compridas que aquelas em água.

Além do aspecto nutricional acima tratado, a luz também tem uma forte influência no processo
de enraizamento. Um estudo conduzido por Tombesi et al. (2015) revela maior percentagem
estacas de Corylus avellana (uma espécie lenhosa), bem enraizadas (comprimento da raiz
acima de 10cm) nos tratamentos de maior quantidade de luz (82,5%a), seguido do controlo
(59,0%b), e menor para a sombra (29,4%d). Esses resultados indicam o efeito benéfico da luz
sobre o enraizamento, o que também foi verificado nas ramas da variedade Alisha em solo,
visto que as condições de luz eram diferentes: as ramas no camalhão (solo) estavam expostas
a radiação solar, enquanto a outra parte das ramas em água, por questões de segurança do
campo, estava guardada em condições de pouca luz; o que se reflectiu no comprimento das
raízes das ramas.

4.4 Resumo da análise de variância dos dados do campo definitivo


A variedade teve efeito significativo (p <0,05) sobre o stand final, comprimento da planta aos
80 e 129DDP, rendimento não comercial, comprimento médio das raízes comerciais, e sobre o
diâmetro médio das raízes comerciais. O método de plantação apenas foi significativo (p <0,05)
para o comprimento e diâmetro médios das raízes comerciais. A interação foi significativa
apenas para a percentagem de brotação das ramas e para diâmetro médio das raízes comerciais
(Tabela 4).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 33


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Tabela 4. Resumo da análise de variância de todas as variáveis medidas

FV GL PBR SI SF CP80 CP129 BFA RT RC RNC CMRC DMRC PMRC

Var 1 ns ns * * * ns ns ns * * * ns
Met 2 ns ns ns ns ns ns ns ns ns * * ns
Var*Met 2 * ns ns ns ns ns ns ns ns ns * ns

Bloco 3
Erro 15
CV (%) 26,74 2,69 6,02 21,49 14,50 23,56 23,61 54,58 35,25 17,5 27,82 18,01

ns – não significativo a 5% de significância; * - significativo a 5% de significância; FV – fonte de variação; Var


– variedade; Met – método de plantação; GL – grau de liberdade; PBR – percentagem de brotação; SI – stand
inicial; SF – stand final; CP80 – comprimento da planta aos 80DDP; CP129 – comprimento da planta aos
129DDP; BFA – biomassa fresca aérea; RT – rendimento total; RC – rendimento comercial; RNC – rendimento
não comercial; CMRC – comprimento médio das raízes comerciais; DMRC – diâmetro médio das raízes
comerciais; PMRC – peso médio das raízes comerciais

4.5 Percentagem de brotação das ramas (PBR)


Não se verificou efeito significativo singular da variedade (p = 0,167) nem do método de
plantação (p = 0,306), contudo a interação entre os dois factores foi significativa (p = 0,035).

A plantação directa (x = 90% de brotação) é melhor que o pré-enraizamento no solo (x =


56,25%), mas não difere do pré-enraizamento em água (x = 67,50%) para a variedade Irene, ao
passo que para a variedade Alisha, não há diferença significativa entre os métodos de plantação
(Tabela 5). Estes resultados mostram a necessidade de replantação visto que a percentagem de
brotação está abaixo de 85%, conforme Miranda et al. (1995), mas divergem dos resultados
obtidos por Brune et al. (2005) em que todas as ramas emitiram brotações, embora sem
especificação do tempo em que a avaliação da brotação foi feita. Segundo os mesmos autores,
o pré-enraizamento aumenta a possibilidade de aproveitamento total das ramas-semente e evita
as falhas e a replantação, todavia isso não foi verificado neste estudo, e muito provavelmente
seja explicado pela falta de disponibilidade imediata da água para a rega logo após a plantação
para evitar a desidratação das ramas, conforme recomendam Miranda et al. (1995). A variedade
Irene não difere estatisticamente da Alisha quando se utiliza a plantação directa ou o pré-
enraizamento das ramas em água, no entanto, pelo pré-enraizamento das ramas no solo, a
variedade Alisha proporcionou maior percentagem de brotação das ramas no campo definitivo
(Tabela 5).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 34


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Tabela 5. Efeito da interação sobre a percentagem de brotação das ramas

Variedade
Método de plantação Média
Irene Alisha
Plantação directa 90,00 ±20,0 Aa 77,50 ± 21,0 Aa 83,75
Pré-enraizamento no solo 56,25 ± 21,4 Bb 92,50 ± 6,45 Aa 74,38
Pré-enraizamento em água 67,50 ± 8,66 ABa 73,75 ± 22,9 Aa 70,63
Média 71,25 81,25
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, e minúscula na linha, não são estatisticamente
diferentes entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância

4.6 Stand inicial, stand final e sobrevivência das plantas


A análise de variância mostrou efeito não significativo do método de plantação e da interação
sobre o stand inicial, stand final e sobre a sobrevivência das plantas (razão do stand final pelo
inicial) (p> 0,05). A variedade, por sua vez, mostrou efeito significativo sobre o stand final e
sobre a sobrevivência das plantas, sendo que a variedade Irene apresenta maior sobrevivência
das plantas até a colheita (Tabela 6). Resultados similares foram encontrados por Golla (2010)
que reporta a sobrevivência de 98,1% como média; e por Rós e Narita (2011) que observaram
sobrevivência superior a 99% para duas variedades de batata-doce, não havendo diferença
significativa entre as variedades.

Tabela 6. Efeito da variedade sobre a sobrevivência das plantas no campo definitivo

Variedade SI SF SBV
Irene -- 19,417 ±0,9 A 98,29± 2,534 A
Alisha -- 18,417±1,165 B 93,31± 6,51 B
ANOVA ns * *
CV (%) 2,69 6,02 5,70
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna não são estatisticamente diferentes entre si pelo teste de
Duncan a 5% de significância; ns – não significativo a 5% de significância; * - significativo a 5% de significância;
SI- stand inicial; SF- stand final; SBV- sobrevivência das plantas no campo (%)

A sobrevivência das plantas está relacionada a sua capacidade de se adaptar ao meio em que
são plantadas, o que muito depende das condições das ramas antes de serem plantadas no
campo definitivo. Neste caso, visto que a batata-doce é uma planta de enraizamento fácil
(Hartmann et al., 2002), era de se esperar maior percentagem de enraizamento das ramas e
consequentemente, maior sobrevivência no campo não ocasionando diferenças significativas
para os métodos e para interação. Além disso, a batata-doce é uma planta rústica e com
capacidade de suportar condições adversas (Miranda et al., 1995). Não obstante, em termos
comparativos para as duas variedades, a diferença verificada pode estar associada a questões
internas da planta e à sua capacidade de suportar o choque de transplantação.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 35


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
4.7 Comprimento da planta aos 80 e 129DDP
O método de plantação e a interação não foram significativos para o comprimento da planta
em ambos momentos de medição (80 e 129DDP). A variedade foi significativa e a Alisha
mostrou melhor desempenho em relação à Irene em termos de comprimento da planta (Tabela
7). Essa diferença deve-se as características das duas variedades: a variedade Alisha possui
entrenós mais compridos, o que leva a maior comprimento da planta, enquanto os entrenós da
variedade Irene são curtos, reflectindo-se no comprimento da planta.

Tabela 7. Efeito da variedade sobre o comprimento da planta da batata-doce

Variedade CP80 CP129


Irene 58,98 ± 4,66 B 80,06 ± 5,09 B
Alisha 84,20 ± 11,25 A 94,01 ± 14,17 A
ANOVA * *
CV (%) 21,49 14,50
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, não são estatisticamente diferentes entre si pelo teste de
Duncan a 5% de significância; * - significativo a 5% de significância; CP80-comprimento da planta (cm) aos
80DDP; CP129- comprimento da planta (cm) aos 129DDP

4.8 Biomassa fresca aérea


A análise de variância mostrou efeito não significativo de ambos os factores sobre a biomassa
fresca aérea. A interação da variedade e método de plantação também não foi significativa (p>
0,05).
Observando os dados de pré-enraizamento, nota-se que para a variedade Irene não houve
diferenças na percentagem de enraizamento, no número de raízes por rama, e no comprimento
das raízes em cada rama. Esses resultados podem, por um lado, explicar a não diferença da
biomassa pelos dois métodos para esta variedade, uma vez que as ramas obtidas pelos dois
métodos (solo e água) apresentavam-se sob as mesmas condições antes de ser plantadas no
campo definitivo. Por outro lado, também se verifica que embora haja diferenças de
enraizamento para a variedade Alisha (maior percentagem, número, e comprimento de raízes
no solo), tais diferenças não causaram variações significativas na biomassa, o que indica que o
método de plantação não influencia a biomassa fresca aérea da batata-doce (conferir os
resultados de pré-enraizamento em 4.1; 4.2; e 4.3).
Meyers et al. (2014) afirmam que as ramas da batata-doce podem começar a imitir raízes
adventícias a partir de 24h após serem plantadas, caso a humidade e temperatura do solo sejam
adequadas. Essa afirmação também explica a igualdade dos rendimentos de biomassa obtidos,
visto que a plantação directa (tratamentos A e D) e o pré-enraizamento das ramas foram feitos
no mesmo dia, e consequentemente, com base nestes autores, todas as ramas iniciaram o

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 36


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
processo de enraizamento no mesmo dia, diferindo no facto de que as ramas submetidas ao
pré-enraizamento foram posteriormente transplantadas.

4.9 Rendimento total, comercial, e não comercial da raiz


Para o rendimento total e comercial, a análise de variância mostrou efeito não significativo da
variedade, do método de plantação, e da interação dos dois factores (p> 0,05 em todos os casos).
Isso quer dizer que, no que diz respeito ao rendimento, o uso de qualquer método ou variedade,
bem como a combinação dos dois factores é indiferente, se forem mantidas as mesmas
condições de produção. Rós et al. (2015), estudando o efeito de estimuladores de crescimento
e da época de colecta das ramas na cultura de batata-doce, verificaram que o pré-enraizamento
das ramas não influenciou significativamente a produtividade total e comercial da cultura.
Resultados similares também foram observados por Rós e Narita (2011) ao estudarem a
viabilidade de bandejas de polietileno na produção de mudas de batata-doce. O facto de
rendimento total não diferir significativamente, pode dever-se ao rendimento potencial, que
pode ser igual ou muito próximo no caso das duas variedades.

O rendimento não comercial foi significativamente influenciado pela variedade (p = 0, 028)


tendo-se verificado que a variedade Irene é melhor que a Alisha com médias de 9,40 ton.ha-1e
12,94 ton.ha-1respectivamente (Tabela 8). Isso é uma indicação de que há maiores perdas de
rendimento comercial para a variedade Alisha, isto é, maior produção de raízes abaixo ou acima
do intervalo do peso ideal para a comercialização.

Tabela 8. Efeito da variedade sobre o rendimento total, comercial e não comercial

Variedade RT RC RNC
Irene 20,32 ± 5,74 A 10,93 ± 6,01 A 9,40 ± 4,39 B
Alisha 21,08 ± 4,09 A 8,14 ± 4,03 A 12,941± 2,504 A
ANOVA ns ns *
CV (%) 23,61 54,58 35,25
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna não são estatisticamente diferentes entre si pelo teste de
Duncan a 5% de significância; ns – não significativo a 5% de significância; * - significativo a 5% de significância;
RT- rendimento total (ton.ha-1); RC-rendimento comercial ton.ha-1); RNC- rendimento não comercial ton.ha-1)

Para além do peso das raízes, estes resultados estão relacionados ao aspecto físico das raízes
tuberosas produzidas (defeitos fisiológicos e ataque de pragas do solo). O rendimento não
comercial tem implicações no rendimento comercial, e o seu aumento significa a redução do
rendimento comercial. Assim, no caso das variedades, a não diferença de rendimento comercial
deveu-se às diferenças nas perdas verificadas para ambas, pois o resultado provavelmente seria
diferente se o nível de perdas fosse o mesmo para as duas variedades.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 37


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Uma análise da associação do rendimento total com outras variáveis mostra uma correlação
significativa do rendimento total com a percentagem de brotação das ramas, biomassa fresca
aérea e peso fresco médio das raízes comerciais (p < 0.05). A correlação é positiva fraca para
a percentagem de brotação das ramas e para o peso fresco médio das raízes comerciais (r < 0.5)
e positiva perfeita para a biomassa fresca aérea (r = 1) (Tabela 9). Estes resultados mostram
que qualquer ganho ou aumento na percentagem de brotação das ramas, na biomassa fresca
aérea ou no peso fresco médio das raízes causaria um aumento no rendimento, sendo esse
aumento mais expressivo no caso da biomassa fresca aérea e desprezível para a percentagem
de brotação e peso fresco médio das raízes comerciais.

Tabela 9. Análise de correlação entre as variáveis medidas no ensaio

PBR CP80 CP129 SF BFA CMRC DMRC PFMRC RT


PBR 1,0000
CP80 0,4953 1,0000
CP129 0,5173 0,8044 1,0000
SF -0,3136 -0,3129 -0,1077 1,0000
BFA 0,4552 0,2750 0,3007 -0,1155 1,0000
CMRC 0,2776 0,6950 0,4687 -0,4347 0,3246 1,0000
DMRC -0,1301 -0,7278 -0,4168 0,4566 0,0941 -0,7331 1,0000
PFMRC 0,0278 -0,3667 -0,0332 0,2238 0,4233 -0,1467 0,6006 1,0000
RT 0,4577* 0,2764 0,3021 -0,1171 1,0000* 0,3264 0,0915 0,4224* 1,0000
Sig. 0,0245 0,1910 0,1513 0,5857 0,0000 0,1196 0,6705 0,0397

PBR – percentagem de brotação; SI – stand inicial; SF – stand final; CP80 – comprimento da planta aos 80DDP; CP129 –
comprimento da planta aos 129DDP; BFA – biomassa fresca aérea; RT – rendimento total; RC – rendimento comercial; RNC
– rendimento não comercial; CMRC – comprimento médio das raízes comerciais; DMRC – diâmetro médio das raízes
comerciais; PMRC – peso médio das raízes comerciais; sig – nível de significância.

4.10 Comprimento, diâmetro e peso médios das raízes comerciais


O método de plantação teve efeito significativo sobre o comprimento médio (p = 0,014) e sobre
o diâmetro médio (p = 0,000) das raízes comerciais da batata-doce, entretanto não se verificou
influência significativa sobre o peso médio das mesmas (p = 0,698). Para o CMRC, tem-se que
a plantação directa (x = 18,45 cm) é igual ao pré-enraizamento em água (x = 17,02cm) e é
melhor que o pré-enraizamento no solo (x = 15,80cm). Verifica-se que embora o pré-
enraizamento no solo proporcione raízes com maior diâmetro, como também acontece na
plantação directa, esta não pode ser considerada melhor, pois também se assemelha ao pré-
enraizamento no solo, que proporciona raízes com menor diâmetro (Tabela 10).

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 38


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Tabela 10. Efeito do método de plantação sobre o CMRC e PMRC

Método de plantação CMRC PMRC


Plantação directa 18,45± 2,96 A 212,75± 38,9 A
Pré-enraizamento no solo 15,80± 3,08 B 217,88± 39,5 A
Pré-enraizamento no solo 17,02± 2,67 AB 202,70± 39,2 A
ANOVA * ns
CV (%) 17,50 18,01
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna não são estatisticamente diferentes entre si pelo teste de Duncan a 5%
de significância; ns – não significativo a 5% de significância; * - significativo a 5% de significância; CMRC-comprimento
médio das raízes comerciais (cm); PMRC- peso médio das raízes comerciais (g)

A variedade teve efeito significativo sobre o comprimento médio (p = 0,000) e sobre o diâmetro
médio das raízes comerciais (p = 0,000), e tal como o método de plantação, também não teve
efeito significativo sobre o peso médio das raízes comerciais (p = 0,060). A variedade Alisha
é melhor que a Irene em termos de CMRC, com as médias de 19,46cm e 14,72cm
respectivamente (Tabela 11). Este resultado deve-se à morfologia das raízes das duas
variedades, onde é possível observar que a variedade Alisha, naturalmente produz raízes
tuberosas mais compridas (CIP, 2014). Portanto, trata-se de uma característica intrínseca das
duas variedades.

Tabela 11. Efeito da variedade sobre o CMRC

Variedade CMRC PMRC


Irene 14,72 ± 1,896 B 226,04 ± 31,99 A
Alisha 19,47 ± 1,678 A 196,17 ± 38,90 A
ANOVA * ns
CV (%) 17,50 18,01
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna não são estatisticamente diferentes entre si pelo teste de
Duncan a 5% de significância; ns – não significativo a 5% de significância; * - significativo a 5% de significância;
CMRC-comprimento médio das raízes comerciais (cm); PMRC- peso médio das raízes comerciais (g)

Houve interação significativa do método de plantação e variedade apenas para o diâmetro


médio (p = 0,000), e não significativa para o comprimento médio (p = 0,792) e peso médio (p
= 0,548) das raízes comerciais da batata-doce. Para a variedade Irene, a plantação directa (x =
7,32cm) se destaca como o melhor método de plantação enquanto para a variedade Alisha, o
uso de qualquer um dos métodos é indiferente, isto é, a plantação directa não difere
estatisticamente do pré-enraizamento (Tabela 12). Esse resultado deveu-se, provavelmente, ao
choque de transplantação sofrido pelas ramas submetidas ao pré-enraizamento, pois as ramas
plantadas directamente se estabeleceram primeiro, enquanto as outras precisaram de algum
tempo para tal, que pode afectar o início da tuberização.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 39


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Tanto para a plantação directa, como para o pré-enraizamento, a variedade Irene é melhor que
a Alisha em termos de diâmetro das raízes comerciais, e a razão disso é a diferença típica
existente entre as duas variedades, visto que a Irene naturalmente produz raízes grossas e menos
compridas, enquanto a Alisha produz raízes mais finas e compridas (CIP, 2014).

Tabela 12. Efeito da interação sobre o diâmetro médio das raízes comercias (DMRC)

Variedade Média
Método de plantação
Irene Alisha
Plantação directa 7,32 ± 0,404 Aa 4,05 ± 0,231 Ab 5,682
Pré-enraizamento no solo 7,69 ±0,384 ABa 4,66 ± 0,461 Ab 6,172
Pré-enraizamento em água 5,21 ± 0,988 Ba 4,32 ± 0,343 Ab 4,760
Média 6,737 4,339
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, e minúscula na linha, não são estatisticamente
diferentes entre si pelo teste de Duncan a 5% de significância

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 40


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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões
 A plantação directa é o método que proporciona maior comprimento das raízes
comerciais em relação aos demais nas condições actuais de produção.

 O solo é o melhor meio de enraizamento das ramas da cultura de batata-doce para a


variedade Alisha. Para a Irene, o meio de enraizamento não foi significativo para os
parâmetros de enraizamento analisados.

 O rendimento da cultura é de 25,5 ton.ha-1,17,24 ton.ha-1 e 18,23 ton.ha-1para a


variedade Irene em plantação directa, com pré-enraizamento no solo, e com pré-
enraizamento em água respectivamente; e 21,9 ton.ha-1, 21,56 ton.ha-1e 19,79 ton.ha-1
para a variedade Alisha em plantação directa, com pré-enraizamento no solo, e com
pré-enraizamento em água respectivamente.

 Em termos de percentagem de brotação, a plantação directa é melhor usando-se a


variedade Irene, mas para a variedade Alisha, todos os métodos não diferem entre si
estatisticamente.

 Quanto ao diâmetro médio das raízes comerciais, a plantação directa é melhor quando
se utiliza a variedade Irene, no entanto todos métodos não diferem entre si
estatisticamente para a variedade Alisha.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 41


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5.2 Recomendações
Aos pesquisadores:

 Testar os métodos de plantação em condições de produção similares aos dos


agricultores familiares para melhor avaliar o efeito dos tratamentos sobre a brotação
das ramas, pois o aprovisionamento actual de insumos (água e fertilizantes) é diferente
do que é conseguido pelo sector familiar. A brotação está relacionada com as falhas no
campo definitivo e dá uma melhor indicação sobre o método que permite maior
aproveitamento das ramas-semente.

 Condução do mesmo experimento usando o sistema de classificação da batata-doce da


Embrapa, de 80g a 400g, como critério de classificação das raízes em comerciais e não
comerciais, pois neste estudo muitas raízes foram classificadas como não comerciais,
embora possuindo um peso igual ou acima de 80g. Isso se reflectiu no rendimento
comercial e não comercial das raízes, e provavelmente o intervalo aqui recomendado
daria resultados diferentes para estas variáveis em causa.

 Conduzir o experimento monitorando a temperatura dos meios de enraizamento e sob


condições de luz controladas e uniformizadas.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 42


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sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 48


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
7 ANEXOS
Anexo 1. Imagens do campo e condução do experimento

A B

C D

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 49


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

E F

G H

I J

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Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

K L

Legenda:

A- Pré-enraizamento das ramas da batata-doce no solo

B- Pré-enraizamento das ramas da batata-doce em água

C- Ensaio com a cultura da batata-doce estabelecida no campo

D- Medição do comprimento da planta

E- Colheita da batata-doce: corte das ramas para posterior colheita das raízes

F- Colheita da batata-doce: pesagem das ramas (parte aérea da batata-doce)

G- Colheita da batata-doce: colheita das raízes da cultura para a variedade Irene

H- Colheita da batata-doce: colheita das raízes da cultura para a variedade Alisha

I- Colheita da batata-doce: pesagem das raízes para determinação do rendimento

J- Colheita da batata-doce: ensacamento das raízes para posterior transporte ate ao


laboratório

K- Classificação das raízes tuberosas e medições do comprimento, e diâmetro e peso das


raízes comerciais

L- Medição do diâmetro das raízes comerciais

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 51


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Anexo 2. Layout do ensaio

BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3 BLOCO 4


E B C A
B A F D
A C D E
F E A B
D F E C
C D B F

Anexo 3. ANOVA da percentagem de brotação das ramas da batata-doce

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 600.0 600.0 2.11 0.167
METODO 2 731.2 365.6 1.28 0.306
VARIEDADE*METODO 2 2418.7 1209.4 4.24 0.035
BLOCO 3 1537.5 512.5 1.80 0.191
Erro 15 4275.0 285.0
Total 23 9562.5

Comparação de médias da PBR das combinações variedade*método de plantação usando o


teste de Duncan a 95% de confiança

Anexo 4. Agrupamento das médias das combinações

VARIEDADE*METODO N Média Agrupamento


22 4 92.50 A
11 4 90.00 A
21 4 77.50 A B
23 4 73.75 A B
13 4 67.50 A B
12 4 56.25 B
Médias que não compartilham uma letra são significativamente diferentes.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 52


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Anexo 5. Testes individuais de Duncan para as diferenças de médias de PBR

Diferença de
VARIEDADE*METODO Diferença EP da IC de 95%
Níveis de Médias Diferença Individual Valor-T Valor-p
(1 2) - (1 1) -33.7 11.9 (-59.2, -8.3) -2.83 0.013
(1 3) - (1 1) -22.5 11.9 (-47.9, 2.9) -1.88 0.079
(2 1) - (1 1) -12.5 11.9 (-37.9, 12.9) -1.05 0.312
(2 2) - (1 1) 2.5 11.9 (-22.9, 27.9) 0.21 0.837
(2 3) - (1 1) -16.2 11.9 (-41.7, 9.2) -1.36 0.194
(1 3) - (1 2) 11.2 11.9 (-14.2, 36.7) 0.94 0.361
(2 1) - (1 2) 21.2 11.9 (-4.2, 46.7) 1.78 0.095
(2 2) - (1 2) 36.2 11.9 (10.8, 61.7) 3.04 0.008
(2 3) - (1 2) 17.5 11.9 (-7.9, 42.9) 1.47 0.163
(2 1) - (1 3) 10.0 11.9 (-15.4, 35.4) 0.84 0.415
(2 2) - (1 3) 25.0 11.9 (-0.4, 50.4) 2.09 0.054
(2 3) - (1 3) 6.3 11.9 (-19.2, 31.7) 0.52 0.608
(2 2) - (2 1) 15.0 11.9 (-10.4, 40.4) 1.26 0.228
(2 3) - (2 1) -3.8 11.9 (-29.2, 21.7) -0.31 0.758
(2 3) - (2 2) -18.7 11.9 (-44.2, 6.7) -1.57 0.137
Nível de confiança simultâneo = 67.68%

Anexo 6. ANOVA do stand inicial para variável transformada

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 0.01825 0.01825 0.19 0.671
METODO 2 0.03650 0.01825 0.19 0.831
VARIEDADE*METODO 2 0.27262 0.13631 1.40 0.277
BLOCO 3 0.05667 0.01889 0.19 0.899
Erro 15 1.45818 0.09721
Total 23 1.84221

Anexo 7. ANOVA do stand final das plantas de batata-doce

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 6.0000 6.0000 6.59 0.021
METODO 2 3.0833 1.5417 1.69 0.217
VARIEDADE*METODO 2 0.2500 0.1250 0.14 0.873
BLOCO 3 6.8333 2.2778 2.50 0.099
Erro 15 13.6667 0.9111
Total 23 29.8333

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 53


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Anexo 8. ANOVA da sobrevivência das plantas da batata-doce no campo definitivo

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 6.0000 6.0000 8.31 0.011
METODO 2 3.0833 1.5417 2.13 0.153
VARIEDADE*METODO 2 0.7500 0.3750 0.52 0.605
BLOCO 3 6.6667 2.2222 3.08 0.060
Erro 15 10.8333 0.7222
Total 23 27.3333

Anexo 9. ANOVA do CP aos 80DDP para variável transformada

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 0.000148 0.000148 59.57 0.000
METODO 2 0.000000 0.000000 0.05 0.949
VARIEDADE*METODO 2 0.000009 0.000004 1.73 0.212
BLOCO 3 0.000007 0.000002 0.93 0.451
Erro 15 0.000037 0.000002
Total 23 0.000201

Anexo 10. ANOVA do comprimento da planta medido aos 129DDP

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 1167.75 1167.75 10.44 0.006
METODO 2 46.90 23.45 0.21 0.813
VARIEDADE*METODO 2 219.59 109.80 0.98 0.398
BLOCO 3 547.63 182.54 1.63 0.224
Erro 15 1678.59 111.91
Total 23 3660.47

Anexo 11. ANOVA do rendimento da biomassa fresca aérea

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 9.21 9.213 0.16 0.692
METODO 2 299.22 149.612 2.66 0.103
VARIEDADE*METODO 2 177.97 88.986 1.58 0.238
BLOCO 3 189.86 63.285 1.12 0.371
Erro 15 844.59 56.306
Total 23 1520.85

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 54


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Anexo 12. ANOVA do rendimento total das raízes

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 3.481 3.481 0.17 0.684
METODO 2 108.309 54.154 2.67 0.102
VARIEDADE*METODO 2 64.849 32.424 1.60 0.234
BLOCO 3 69.137 23.046 1.14 0.366
Erro 15 303.791 20.253
Total 23 549.566

Anexo 13. ANOVA do rendimento comercial

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 46.49 46.488 1.90 0.189
METODO 2 131.03 65.516 2.67 0.102
VARIEDADE*METODO 2 66.03 33.013 1.35 0.290
BLOCO 3 11.62 3.872 0.16 0.923
Erro 15 367.49 24.499
Total 23 622.65

Anexo 14. ANOVA do rendimento não comercial

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 75.411 75.411 5.93 0.028
METODO 2 32.121 16.060 1.26 0.311
VARIEDADE*METODO 2 6.204 3.102 0.24 0.786
BLOCO 3 52.122 17.374 1.37 0.291
Erro 15 190.601 12.707
Total 23 356.459

Anexo 15. ANOVA do comprimento médio das raízes comerciais

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 135.174 135.174 55.11 0.000
METODO 2 28.162 14.081 5.74 0.014
BLOCO 3 4.399 1.466 0.60 0.626
VARIEDADE*METODO 2 1.161 0.581 0.24 0.792
Erro 15 36.793 2.453
Total 23 205.689

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 55


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Anexo 16. ANOVA do diâmetro médio das raízes comerciais

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 34.489 34.4892 167.05 0.000
METODO 2 8.223 4.1115 19.91 0.000
VARIEDADE*METODO 2 6.890 3.4450 16.69 0.000
BLOCO 3 1.915 0.6385 3.09 0.059
Erro 15 3.097 0.2065
Total 23 54.615

Comparação de médias do diâmetro das combinações variedade*método de plantação usando


o teste de Duncan a 95% de confiança

Anexo 17. Agrupamento das médias das combinações

VARIEDADE*METODO N Média Agrupamento


12 4 7.68661 A
11 4 7.31969 A
13 4 5.20464 B
22 4 4.65781 B C
23 4 4.31588 C
21 4 4.04462 C
Médias que não compartilham uma letra são significativamente diferentes.

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 56


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas)
sob o efeito do pré-enraizamento das ramas
Anexo 18. Testes individuais de Duncan para as diferenças de médias do DMRC

Diferença de
VARIEDADE*METODO Diferença EP da IC de 95%
Níveis de Médias Diferença Individual Valor-T Valor-p
(1 2) - (1 1) 0.367 0.321 (-0.318, 1.052) 1.14 0.271
(1 3) - (1 1) -2.115 0.321 (-2.800, -1.430) -6.58 0.000
(2 1) - (1 1) -3.275 0.321 (-3.960, -2.590) -10.19 0.000
(2 2) - (1 1) -2.662 0.321 (-3.347, -1.977) -8.28 0.000
(2 3) - (1 1) -3.004 0.321 (-3.689, -2.319) -9.35 0.000
(1 3) - (1 2) -2.482 0.321 (-3.167, -1.797) -7.72 0.000
(2 1) - (1 2) -3.642 0.321 (-4.327, -2.957) -11.34 0.000
(2 2) - (1 2) -3.029 0.321 (-3.714, -2.344) -9.43 0.000
(2 3) - (1 2) -3.371 0.321 (-4.056, -2.686) -10.49 0.000
(2 1) - (1 3) -1.160 0.321 (-1.845, -0.475) -3.61 0.003
(2 2) - (1 3) -0.547 0.321 (-1.232, 0.138) -1.70 0.109
(2 3) - (1 3) -0.889 0.321 (-1.574, -0.204) -2.77 0.014
(2 2) - (2 1) 0.613 0.321 (-0.072, 1.298) 1.91 0.076
(2 3) - (2 1) 0.271 0.321 (-0.414, 0.956) 0.84 0.412
(2 3) - (2 2) -0.342 0.321 (-1.027, 0.343) -1.06 0.304
Nível de confiança simultâneo = 67.68%

Anexo 19. ANOVA do peso médio das raízes comerciais

Fonte GL SQ QM Valor F Valor-P


VARIEDADE 1 5355.2 5355.2 4.13 0.060
METODO 2 954.2 477.1 0.37 0.698
VARIEDADE*METODO 2 1618.1 809.1 0.62 0.549
BLOCO 3 5885.3 1961.8 1.51 0.251
Erro 15 19427.3 1295.2
Total 23 33240.0

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 57


Avaliação do desempenho de duas variedades da cultura de batata-doce (Ipomoea batatas) sob o efeito do pré-enraizamento das ramas

Anexo 20. Dados do experimento


VAR MET BLOCO BROT SI CP80DDP CP129 DDP SF BFA (ton.ha-1) RT (ton.ha-1) RT (ton.ha-1) RNC (ton.ha-1) CMRC (cm) DMRC (cm) PMRC (g)
1 1 1 12 20 58.1 81.2 20 43.89 26.33 18.90 7.43 16.37 6.85 225.93
1 1 2 20 20 57.1 84.4 19 39.58 23.75 17.27 6.48 18.29 7.15 272.42
1 1 3 20 20 64.4 80.8 19 53.61 32.17 16.18 15.99 13.93 7.53 214.85
1 1 4 20 20 54.7 81.36 20 32.92 19.75 11.70 8.05 15.58 7.76 242.53
1 2 1 17 19 62.3 81.7 19 34.17 20.5 11.38 9.12 13.46 7.50 229.86
1 2 2 8 20 50.1 69.8 20 27.64 16.58 10.55 6.03 14.40 7.60 228.30
1 2 3 12 20 57.8 86.3 20 26.39 15.83 1.80 14.03 11.33 8.25 231.00
1 2 4 8 20 55.8 72.4 20 27.06 16.03 15.84 0.19 13.53 7.40 209.59
1 3 1 13 20 61.4 84.4 19 18.33 11 2.05 8.95 15.13 3.88 145.00
1 3 2 13 20 60.9 77.1 20 41.67 25 14.82 10.18 16.05 5.54 266.98
1 3 3 16 18 57.6 76.8 17 28.06 16.83 5.68 11.15 12.57 6.23 231.09
1 3 4 12 20 67.6 84.4 20 33.47 20.08 4.93 15.15 16.00 5.17 214.98
2 1 1 20 20 94.3 91.1 18 40.97 24.58 13.55 11.03 21.76 4.22 203.32
2 1 2 17 19 84.7 88.5 18 26.81 16.08 2.37 13.71 19.00 3.73 145.00
2 1 3 15 20 86.7 94.8 18 43.33 26 12.65 13.35 21.56 4.01 177.76
2 1 4 10 19 75.9 78.27 19 34.86 20.92 5.60 15.32 21.14 4.22 220.17
2 2 1 18 20 81.8 84.5 20 24.72 14.83 4.98 9.85 16.70 4.09 140.48
2 2 2 20 20 95.7 122.9 19 44.31 26.58 14.10 12.48 20.09 5.19 282.58
2 2 3 19 20 89.3 98.9 18 42.78 25.67 9.52 16.15 17.98 4.55 201.53
2 2 4 17 19 79.7 87.9 19 31.94 19.17 9.88 9.29 18.92 4.81 219.66
2 3 1 16 20 79.5 82.1 16 34.44 20.67 4.58 16.09 19.42 3.92 169.88
2 3 2 18 20 105 119.7 20 34.72 20.83 4.97 15.86 17.86 4.21 169.83
2 3 3 17 20 76.2 96.6 17 36.39 21.83 10.60 11.23 21.18 4.39 214.75
2 3 4 8 20 61.6 82.8 19 26.39 15.83 4.90 10.93 17.98 4.74 209.06

JECO, ANTÓNIO BAPTISTA 58

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