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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais - PPGEM

CARACTERIZAÇÃO DE CARGAS MINERAIS PARA USO NA INDÚSTRIA DE


TINTAS

Carmen Dias Castro

Dissertação para obtenção do título de

Mestre em Engenharia

Porto Alegre, RS

2004
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais - PPGEM

CARACTERIZAÇÃO DE CARGAS MINERAIS PARA USO NA INDÚSTRIA DE


TINTAS

Carmen Dias Castro

Enga . Civil

Trabalho realizado no Laboratório de Processamento Mineral – LAPROM, Departamento de


Engenharia de Minas – DEMIN da Escola de Engenharia da UFRGS, dentro do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais - PPGEM, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia.

Área de Concentração: Metalurgia Extrativa e Tecnologia Mineral.

Porto Alegre, RS

2004
Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em
Engenharia, área de concentração de Metalurgia Extrativa e Tecnologia Mineral, e aprovada
em sua forma final pelo Orientador e pela Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação.

Orientador: Prof. Dr Carlos Otávio Petter.

Banca Examinadora:

Prof. Dr.- Ing Carlos Hoffmann Sampaio

Prof. Dr.- Rubens Kautzmann

Prof. Dr. Washington Aliaga

Dr. Roberto Gliese

Prof. Dr. Carlos Arthur Ferreira


Coordenador do PPGEM
iv

Dedico este trabalho aos meus amados pais, Henrique e Ledy e


ao meu querido avô Antônio Dias, por todo apoio,
incentivo, paciência, confiança e eterno amor.
v

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus, por mais uma etapa vencida e que por mesmo
que através de “linhas tortas” sempre me iluminou e me mostrou o melhor caminho.

Quero, também, externar o meu sincero agradecimento a minha família adorada. Aos
meus pais por estarem sempre dispostos a me ouvir e, principalmente, pelo apoio em todas as
horas. Ao meu querido e especial irmão Allan, por estar sempre ao meu lado, me fazendo
companhia e me ensinado a ser uma pessoa melhor e mais confiante. A minha irmã, Aline,
que mesmo morando longe, sempre esteve presente, me dando força, me ligando nas horas
que eu mais precisava e por todo seu carinho e confiança depositados em mim. Mas,
especialmente, quero agradecer a minha irmã Caroline que, desde o início me fez acreditar
que eu poderia realizar este trabalho, me ajudando com suas idéias preciosas e que sempre
torceu pela minha realização e felicidade. Agradeço, ainda, ao meu avô Antônio, e a minha
madrinha Eloty, pessoas especiais que são exemplos de garra e sabedoria.

Ao professor Carlos Otávio Petter, por ter acreditado em minha capacidade, que me
oportunizou o desenvolvimento do presente estudo com disposição e paciência em todas as
suas fases, bem como pelas suas sugestões de modo a esclarecer as dúvidas do caminho.

Ao professor Washington Aliaga que sempre se mostrou disposto a me ajudar, cujo


apoio foi essencial para o desenvolvimento e realização deste trabalho.

Aos meus professores Ivo André H. Schneider e Luciana Marcondes, que desde a
graduação me apoiaram e me introduziram para o meio científico. E, ainda, pela dedicação,
disposição e carinho, que sempre demonstraram.

A todos meus colegas de pós-graduação, mas em especial, aos colegas e amigos Paulo
Nunes Conceição e Vládia Cristina, pela convivência, pela grande força, por suas idéias, por
sua atenção e disponibilidade. Aos bolsistas de iniciação científica, principalmente, a Karime,
Greice e Ariane.

Ao amigo Químico Jefferson Piedade, da Empresa Renner Sayerlack pela ajuda,


disposição, amizade e constantes trocas de idéias.
A UFRGS, em especial ao Laboratório de Processamento Mineral (LAPROM), por
propiciar condições adequadas para o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa. Assim
como, professores e funcionários, pela amizade que com certeza jamais será apagada de
vi

minha memória. Aos meus amigos desde a graduação Daniela Sanaggioto, Alexandre Del
Sávio e, principalmente, aos colegas Elvis Carissimi e Luciana Nunes, pelo companheirismo e
paciência. A amiga Daniela Knijnik, por sempre me escutar.
Ao CNPq e a empresa Renner Sayerlack pelo apoio financeiro.
vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................ix
LISTA DE TABELAS....................................................................................................xi
LISTA DE QUADROS.................................................................................................xii
LISTA DE SÍMBOLOS...............................................................................................xiii
RESUMO........................................................................................................................xv
ABSTRACT....................................................................................................................xvi

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 1

1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 1


1.1.1 Objetivo Geral:........................................................................................... 1
1.1.2 Objetivos Específicos: ................................................................................ 1

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 2

1.3 BREVE HISTÓRICO DA EMPRESA RENNER SAYERLACK S.A........ 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................... 5

2.1 TINTAS.................................................................................................................. 5
2.1.1 Histórico......................................................................................................... 5
2.1.2 Definições e Finalidades................................................................................ 6
2.1.3 Princípios de Formulação ............................................................................. 6
2.1.4 Processo de Fabricação................................................................................. 7
2.1.5 Tipos de Tinta................................................................................................. 9
2.1.6 Composição Básica...................................................................................... 12

2.2 MINERAIS INDUSTRIAIS .......................................................................... 21

2.3 ANÁLISE MULTIVARIADA............................................................................ 29


2.3.1 Introdução.................................................................................................... 29
2.3.2 Uso dos Métodos Multivariados .................................................................. 31
2.3.3 Análise de Componentes Principais (PCA) : ............................................... 31

3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................... 37

3.1 PRIMEIRA ETAPA: ESTÁGIO ..................................................................... 37


viii

3.2 SEGUNDA ETAPA: ESCOLHA DAS CARGAS MINERAIS E


DETERMINAÇÃO DE UMA TINTA PADRÃO............................................................ 37

3.3 TERCEIRA ETAPA: CARACTERIZAÇÃO DAS CARGAS MINERAIS 39


3.3.1 Caracterização de Cargas Minerais por procedimentos Renner Sayerlack: 39
3.3.2 Caracterização de Cargas Minerais por Procedimentos LAPROM: .......... 44
3.3.3 Testes Realizados com a Tinta Padrão Formulada: ................................ 48

3.4 ESTUDO DE CORRELAÇÃO ENTRE PROPRIEDADES DA CARGA E


COMPORTAMENTO DA TINTA................................................................................... 53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................... 55

4.1 TESTES EFETUADOS NAS CARGAS MINERAIS ................................. 55


4.1.1 Caracterização de cargas minerais por procedimentos Renner Sayerlack:
55
4.1.2 Caracterização de cargas minerais por procedimentos LAPROM: ........ 58
4.1.3 Testes Realizados com a Tinta Padrão Formulada: ................................ 69
4.1.4 Resultados da correlação entre propriedades da carga e comportamento
da tinta: 71
4.1.5 Análise de Componentes Principais (ACP).............................................. 72

5. CONCLUSÕES ................................................................................ 82

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 83

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 84
ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fabricação de uma tinta em laboratório...................................................................... 9


Figura 2: Disco Dispersor – Cowless. ........................................................................................ 9
Figura 3: Ilustração da superfície brilhante e fosca respectivamente....................................... 10
Figura 4: Formação do filme em tintas de emulsão. ................................................................ 11
Figura 5: Pigmentos orgânicos na forma de pequenos cristais................................................. 17
Figura 6: Interação da luz com um filme pigmentado.............................................................. 18
Figura 7: Cristal de Calcita....................................................................................................... 26
Figura 8: Representação da matriz de dados. ........................................................................... 30
Figura 9: Representação da amostra x nos eixos das variáveis 1, 2 e 3.................................... 30
Figura 10: Representação da nuvem de dados com duas CPs.................................................. 33
Figura 11: Gráfico dos scores (a) e dos loadings (b) de um sistema de dados bidimensional. 33
Figura 12: Balança Mettler. ...................................................................................................... 40
Figura 13: Cartela de Aplicação para teste de Cor. .................................................................. 41
Figura 14: Passos para aplicação do teste de Poder de Cobertura............................................ 43
Figura 15: Granulômetro Cilas. ................................................................................................ 44
Figura 16: Picos de maior intensidade do Caulim Proto-A (preto) e caulim Century
(vermelho) para cálculos do Índice de Cristalinidade. ..................................................... 46
Figura 17: Amostras confeccionadas pelo método tradicional................................................. 47
Figura 18: Prensa utilizada na confecção de pastilhas. ............................................................ 48
Figura 19: Caracterização das amostras. .................................................................................. 48
Figura 20: Viscosímetro Stormer. ............................................................................................ 49
Figura 21: Rugosímetro. ........................................................................................................... 51
Figura 22: Aparelho para teste de Lavabilidade....................................................................... 52
Figura 23: Brilhansímetro......................................................................................................... 53
Figura 24: Representação do Poder de Cobertura das cargas minerais estudadas. .................. 56
Figura 25: Poder de Cobertura em função do D50. ................................................................... 56
Figura 26: Resultados do teste de Cor. ..................................................................................... 57
Figura 27: Distribuição Granulométrica da amostra Caulim Proto-A...................................... 59
Figura 28: Distribuição granulométrica da amostra Caulim Century....................................... 60
x

Figura 29: Distribuição Granulométrica da amostra GCC. ...................................................... 61


Figura 30: Distribuição granulométrica da amostra GCCF...................................................... 62
Figura 31: Distribuição granulométrica da amostra GCCG. .................................................... 63
Figura 32: Distribuição granulométrica da amostra PCC......................................................... 64
Figura 33: Difratograma da amostra orientada do caulim Proto-A. ......................................... 65
Figura 34: Difratograma da amostra orientada do caulim Century. ......................................... 66
Figura 35: Difratograma da amostra GCC. .............................................................................. 66
Figura 36: Difratograma da amostra GCCF. ............................................................................ 67
Figura 37: Difratograma da amostra GCCG. ........................................................................... 67
Figura 38: Difratograma da amostra do PCC. .......................................................................... 68
Figura 39: Viscosidade das tintas. ............................................................................................ 70
Figura 40: Mapa das Variáveis para Rugosidade TSB............................................................. 72
Figura 41: Mapa das Amostras para Rugosidade TSB............................................................. 73
Figura 42: Mapa das Variáveis para Rugosidade TF. .............................................................. 74
Figura 43: Mapa das Amostras para Rugosidade TF. .............................................................. 74
Figura 44: Mapa das variáveis para Brilho 60° TSB................................................................ 76

Figura 45: Mapa das Amostras para Brilho 60° TSB............................................................... 76

Figura 46: Mapa das Variáveis para Brilho 60° TF. ................................................................ 77

Figura 47: Mapa das Amostras para Brilho 60° TF. ................................................................ 77
Figura 48: Mapa das Variáveis para Razão de Contraste......................................................... 78
Figura 49: Mapa das Amostras para Razão de Contraste......................................................... 79
Figura 50: Mapa das Variáveis para Razão de Contraste (3 VC)............................................. 80
Figura 51: Mapa das Amostras para Razão de Contraste (3 VC)............................................. 80
xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação entre o brilho e o teor de pigmento.................................................... 10


Tabela 2: Diferenças entre o Natural Calcítico e o Precipitado. ..................................... 28
Tabela 3: Expressa a variância descrita pelas PCs para uma PCA.................................. 36
Tabela 4: Formulação das tintas pré-estabelecidas.......................................................... 39
Tabela 5: Viscosidade Krebs em função do tempo e da massa dos pesos utilizados. ..... 50
Tabela 6: Resultados da caracterização de cargas minerais por procedimentos Renner
Sayerlack. ......................................................................................................................... 55
Tabela 7: Resultados da caracterização de cargas minerais por procedimentos
LAPROM. ........................................................................................................................ 58
Tabela 8: Dados colorimétricos das amostras estudadas................................................. 68
Tabela 9: Testes efetuados com as tinta fosca................................................................. 69
Tabela 10: Testes efetuados com as tinta semibrilho. ..................................................... 69
Tabela 11: Correlações entre as VRs e as VCs. .............................................................. 72
xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1:Constituição típica do Caulim. ........................................................................ 22


xiii

LISTA DE SÍMBOLOS

Å Angstron

A Peso da Amostra

°C Grau Centígrado

CL Combinação Linear

cm Centímetro

CPVC Concentração Volumétrica de Pigmento Crítica

ER Espectro de Reflectância

F Força

g Gramas

GCC Carbonato de Cálcio Natural

GCCG Carbonato de Cálcio Natural Grosso

GCCF Carbonato de Cálcio Natural Fino

IC Índice de Cristalinidade

IR Índice de Refração

Kg Quilograma

KU Unidade Krebs

L*, a*, b* Coordenadas Colorimétricas CIE

LAMP Laboratório de Análise de Matérias Primas

MEV Microscópio Eletrônico de Varredura

mi Massa Inicial

mf Massa Final

min Minutos

ml Mililitros

n Linhas da Matriz
xiv

nm Nanômetro

p Colunas da Matriz

PC Componentes Principais

PCA Análise de Componentes Principais

PCC Carbonato de Cálcio Precipitado

pH Potencial de Hidrogênio

Pi Peso do Resíduo

PVC Concentração Volumétrica de Pigmento

R Teor de Umidade

RPM Rotações por Minuto

SE Elétrons Secundários

Te Taxa de Evaporação

TF Tinta Fosca

TSB Tinta Semibrilho

VC Variável de Controle

VP Volume de Pigmento

VR Variável Resposta

VV Volume de Veículo Sólido

Vva Volume de Veículo Absorvido

µm Micrômetro

λ Comprimento de Onda
xv

RESUMO

As aplicações mais nobres dos minerais industriais são aquelas que envolvem sua
incorporação em outros produtos, tais como papel, borracha, plástico e tintas. É crescente
neste tipo de mercado a necessidade de se gerar produtos sob medida para cada aplicação, o
que torna importante conhecer, com profundidade, as necessidades específicas de cada
mercado. Cargas minerais conhecidas, também, por pigmentos extensores, foram inicialmente
utilizados para baratear o custo final da tinta com a diminuição de TiO2 na fórmula. Devido a
grande variedade de cargas existentes e de suas propriedades, muitos formuladores não estão
informados e não estão dando a atenção necessária das vantagens existentes de usá-las. Desta
forma, o presente trabalho tem por objetivo estudar a correlação existente entre os parâmetros
de aceite de cargas minerais e o desempenho tecnológico de uma tinta. Para se evidenciar as
características particulares de cada carga, o estudo foi realizado em dois tipos de tintas, sendo
uma fosca e outra semibrilho, onde todas as cargas da fórmula original foram substituídas por
uma única carga em quantidade igual ao somatório das mesmas, com exceção do TiO2
mantido constante em todas as experiências. No tratamento dos dados obtidos, foi utilizada a
Técnica de Análise Multivariada, conhecida como Análise de Componentes Principais (PCA).
xvi

ABSTRACT

The best applications of the industrial minerals are the ones which involve their
incorporation in other products such as paper, rubber, plastic and paint. The need to generate
products fit to each application has been growing in this kind of market. In this way, it is
important to know deeply the specific needs of each market. Mineral filler also known as
extender pigments, were initially used to make the paint final cost cheaper with the TiO2
decrease in the formula. Due to the great variety of existing fillers and their properties, many
formulators are not informed and not paying the appropriate attention to the existing
advantages of using them. So, this paper aims at studying the existing correlation between the
parameters of mineral fillers acceptance and a paint technological performance. In order to
show the particular characteristics of each filler, the study was done in two types of paint, one
opaque and the other semi-gloss, in which the original formula fillers were replaced by only
one filler in a quantity the same as their addition, except the TiO2 kept constant in all
experiments. In the treatment of the obtained data, the Multivaried Analysis Technique was
used, known as the Principal Components Analysis (ACP).
1

1 INTRODUÇÃO

Cargas são compostos minerais quimicamente estáveis, podendo ser extraídas de


jazidas, ou obtidas por processos industriais. Destacam-se por sua diversidade de aplicação e
emprego em diferentes áreas, sendo indispensáveis para a obtenção de vários produtos de alto
consumo social tais como: plásticos, fertilizantes, vidros, tintas, produtos farmacêuticos, entre
outros.
Ao se falar de cargas minerais, é importante relacionar o mineral e a aplicação industrial
a que ele se destina, ou seja, gerar produtos sob medida para cada aplicação, segundo as
necessidades específicas de cada mercado.
Dentre os principais setores de compra e consumo de cargas minerais tem-se a indústria
de tintas. De maneira geral, as cargas, conhecidas também por pigmentos extensores, são
introduzidas nas formulações, para cumprir algumas das seguintes funções: redução do custo
final substituindo parte dos pigmentos, melhoria das propriedades mecânicas e ópticas.
Com o aumento de competitividade de mercado e, conseqüentemente, exigência dos
usuários, os pigmentos extensores deixaram de ser um produto destinado tão somente a
baratear a tinta, e se tornaram um aditivo que confere propriedades à tinta que nenhum outro
produto propicia na relação custo/benefício.
Este trabalho apresenta um estudo aprofundado da aplicação de cargas minerais na
indústria de tintas, realizado em conjunto com a empresa Renner Sayerlack, com o propósito
de obter cargas mais elaboradas e uniformes visando melhorar a qualidade final das tintas.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral:

O principal objetivo deste trabalho é avaliar a correlação existente entre os parâmetros


de aceite de cargas minerais nas formulações e o desempenho tecnológico de uma tinta, de
modo a auxiliar as empresas a atingir melhorias significativas em qualidade e produtividade.

1.1.2 Objetivos Específicos:

a) Caracterizar cargas minerais utilizadas na indústria de tintas;


2

b) Proporcionar subsídios à indústria de tintas na escolha da melhor propriedade da


carga;
c) Compreender qual é a influência que cada carga mineral estudada apresenta sobre s no
processo de fabricação de tintas;
d) Aplicar a técnica de Análise de Componentes Principais para obter a correlação entre
as propriedades das cargas minerais e as propriedades da tinta.
Para atingir os objetivos acima citados, este trabalho foi desenvolvido em várias etapas,
as quais encontram-se mais detalhadas no capítulo 3:
a) Primeiramente, realizou-se uma revisão de literatura, incluindo revistas científicas e
livros técnicos, para aprimorar o conhecimento sobre as propriedades das cargas
minerais ligadas à indústria de tintas, bem como, da técnica multivariada de Análise de
Componentes Principais (PCA);
b) Realização de um estágio na empresa Renner Sayerlack, para aprofundar os
conhecimentos adquiridos com a literatura através da prática;
c) Determinação de uma tinta padrão para a incorporação das cargas minerais;
d) Seleção das cargas minerais a serem estudadas;
e) Estudo do comportamento das propriedades de cada mineral na tinta padrão
formulada;
f) Aplicação da Análise de Componentes Principais;
g) Análise e validação dos resultados.

1.2 JUSTIFICATIVA

No segmento de minerais industriais, as cargas minerais constituem um dos setores mais


sofisticados deste campo, exigindo um revestimento tecnológico e um grau de integração com
os clientes bastante desenvolvido.
A indústria de tintas normalmente utiliza um vasto número de matérias-primas para sua
confecção. Entretanto, uma escolha baseada apenas no custo pode causar resultados
desastrosos e inversos ao desejado. Portanto, ao escolher uma carga, é necessário levar em
consideração fatores tais como: alvura, granulometria e morfologia das partículas, entre
outros, para conseguir um equilíbrio de objetivos e alcançar a melhor relação custo/benefício,
e não somente obter um produto mais barato. Uma carga mal aplicada, ou de má qualidade,
prejudica o desempenho final da tinta, com sua conseqüente perda de valor no mercado.
3

Devido à grande variedade de cargas existentes e de suas propriedades, muitos


formuladores não estão informados sobre as vantagens de sua utilização. Assim, com intuito
de analisar diversas cargas buscando minimizar a perda de dados que possam trazer algum
benefício no processo produtivo de uma tinta e, também, envolver muitas variáveis, neste
estudo foi empregada a técnica de Análise Multivariada de Dados, conhecida como Análise
de Componentes Principais, para reduzir os parâmetros analisados para a formulação de uma
tinta, sem perda significativa de informações.
Conforme Nemer (2002), diretor presidente da Mineração Nemer, a expansão do
mercado de cargas está atrelada à busca de novas alternativas tecnológicas feitas pelos
fabricantes de tintas, que visam tornar seus produtos cada vez mais acessíveis. Neste sentido,
o estudo das propriedades das tintas, devido à incorporação de cargas minerais é bastante
valioso, pois pode levar à otimização de algumas etapas do processo, além de auxiliar na
redução de custos financeiros.

1.3 BREVE HISTÓRICO DA EMPRESA RENNER SAYERLACK S.A

A empresa teve início em 18 de junho de 1927 com a fundação de Renner Koepke &
Cia. Ltda. Em 1941, Renner Koepke & Cia. Ltda. passou a chamar-se Renner Herrmann &
Cia. Ltda. Assim, com o passar dos anos, iniciam-se as instalações de filiais nos estados de
São Paulo em 1965, no Rio de Janeiro em 1968, no Rio Grande do Sul em 1980, no Paraná
em 1982, e em seguida, no Uruguai e na Argentina.
Em julho de 1984, a constituição de Tintas Renner S.A., em Porto Alegre, passa a
controlar o conjunto de empresas que compõem os investimentos de Renner Herrmann S.A.
Indústria de Tintas e Óleos na área de resinas, tintas e vernizes - exceto tintas gráficas. Em
dezembro de 1985, ocorre a alteração social de Renner Herrmann S.A. Indústria de Tintas e
Óleos para Renner Herrmann S.A., que passa a atuar como holding. Em 1986 Tintas Renner
incorpora a Polidura S.A. Tintas e Vernizes, em Guarulhos, SP, empresa controlada pela
Dupont do Brasil S.A. estabelecendo parceria com a multinacional norte-americana.
Em 2001, Tintas Renner se fundiu com a Sayerlack Indústria Brasileira de Vernizes,
líder nacional em soluções para acabamentos de superfícies de madeira, constituindo, então, a
Renner Sayerlack S/A.
A empresa possui hoje duas unidades no país. A Unidade Tintas Renner, com sede em
Gravataí, a 30 Km de Porto Alegre, a qual é voltada para a produção de tintas imobiliárias e
4

decorativas, e a Unidade Sayerlack, com sede em Cajamar (SP), a qual produz a linha para
madeira.
Tintas Renner está presente no mercado de tintas imobiliárias, decorativas e de vernizes
no Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, bem como em vários outros países da América do Sul e
Central.
Toda esta evolução é prova de que a empresa vem imprimindo dinamismo as suas
operações, incorporando tecnologia de ponta, antecipando-se às tendências do mercado,
inovando em produtos, serviços e atendimento a seus milhares de distribuidores e
consumidores.
5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, apresenta-se a fundamentação teórica considerada necessária para o


estudo da caracterização e influência de cargas minerais em tintas. Inicialmente, tem-se uma
breve revisão sobre tintas e, para finalizar, é feita uma descrição sobre Análise Multivariada
de Dados, dando ênfase à Análise de Componentes Principais (PCA).

2.1 TINTAS

2.1.1 Histórico

Não existe uma data específica para o aparecimento da tinta. Conhecida há mais de
quarenta mil anos, as tintas se expandiram através da história. As primeiras pinturas e
gravuras foram descobertas em cavernas feitas diretamente em paredes e rochas. Para
confecção da tinta, eram utilizados materiais tais como: plantas, frutos, sangue de animais,
carvão, cal, terra, entre outros, misturados em água e pós. As cores eram preparadas de
maneira primitiva, com o auxílio dos dedos e pedras.
Os Egípcios foram os pioneiros no uso de pigmentos sintéticos, preparados a partir da
calcinação de uma mescla de areia, soda e cobre. Desenvolveram, ainda, ligante a base de
goma arábica, clara e gema de ovos, gelatina e cera de abelha permitindo uma melhor e mais
duradoura adesão dos pigmentos sobre as superfícies a resistir. No Período Clássico, os
Gregos e Romanos faziam uso de materiais semelhantes aos empregados pelos Egípcios
(Fazenda, 1993).
Por muitos séculos a formulação de uma tinta foi uma arte sigilosa, cuidadosamente
guardada e passada de geração em geração. Como as tintas eram preparadas em quantidades
pequenas, utilizavam-se moinhos arcaicos e métodos de misturas manuais e trabalhosos, elas
eram caras e apenas disponíveis para um pequeno segmento mais abastado da sociedade
(Fazenda, 1993). Entretanto, com o surgimento das primeiras fábricas e com a utilização de
técnicas e materiais mais sofisticados, a partir da Revolução Industrial, a indústria de tinta
alcançou seu maior avanço, atingindo um número elevado de pessoas.
Muito se evoluiu na preparação das tintas e para trás ficou o tempo em que se
misturavam corantes com as mais diversas emulsões. Hoje, ao entrar em uma loja de artigo de
pintura tem-se acesso aos mais diferentes tipos de materiais, desde os lápis até aos acrílicos,
passando por variadas têmperas e óleos já preparados em tubos ou latas.
6

2.1.2 Definições e Finalidades

Segundo Fazano (1995), uma tinta pode ser definida como uma dispersão pigmentária
em um meio aglomerante que, ao ser aplicada sobre uma superfície ou substrato, seca-se
formando uma camada termoplástica ou termofixa. Por camada termoplástica entende-se
quando não ocorre nenhuma transformação química entre os elementos que a constitui, sendo
que na camada termofixa tem-se a necessidade da ocorrência de uma reação química, que é
irreversível.
As tintas possuem diversas finalidades. Primeiramente foram destinadas a embelezar os
ambientes. Com o passar do tempo e, com o surgimento e desenvolvimento de novos
produtos, outras funções foram atribuídas as tintas tais como: proteção contra desgastes,
corrosão e ataque bacteriológico do substrato, manutenção de condições higiênicas, controle
de iluminação, sinalização de tráfico, conservação, distribuição da iluminação, entre outras.
Atualmente, torna-se difícil imaginar o mundo sem essas características proporcionadas
pelas tintas. Ambientes pintados proporcionam um aspecto de higiene e conservação,
essenciais para o bem estar das pessoas que habitam ou freqüentam um local. Assim, pode-se
assegurar que as tintas constituem um fator chave no modo e qualidade de vida das pessoas.

2.1.3 Princípios de Formulação

Para formular uma tinta, é necessário definir a relação ideal de seus componentes, a fim
de se alcançar os parâmetros desejados. Segundo Fazano (1995), para que a conformação da
camada de uma tinta possa atender às mais diversas condições de proteção e estética, os seus
componentes devem combinar-se de forma coerente, resultando então numa formulação
adequada, denotando equilíbrio entre os aspectos de ordem econômica e de aplicabilidade.
Conforme Gastal (1998), o papel do formulador é o de criar um recobrimento, ou um
sistema de recobrimentos, para atender às necessidades do mercado, procurando explorar
uma matéria-prima em particular. É, ainda, essencial que o formulador tenha um bom
conhecimento dos componentes das tintas e de seus comportamentos no desempenho final.
Fazano (1995), descreve uma metodologia básica, resumida em estágios de
procedimentos para estabelecimento de formulações:
Primeiro Estágio: Definição do Produto
- Delinear as exigências de desempenho do produto;
- Caracterizar as matérias-primas.
7

Segundo Estágio: Plano Piloto ou Fabricação em Laboratório:


- Elaborar fórmulas experimentais;
- Análise e controle em laboratório das propriedades inerentes as formulações
experimentais;
- Avaliar o desempenho da formulação em laboratório.
Terceiro Estágio: A Industrialização
- Estabelecer os critérios de produção;
- Avaliar o desempenho do produto.

2.1.4 Processo de Fabricação

O processo de produção (figura 1), realizado pela empresa Renner é simples, o qual não
exige a utilização de equipamentos com tecnologia avançada. Resumidamente, a produção de
tintas é realizada da seguinte forma, a matéria-prima chega na empresa, de onde retira-se uma
alíquota de amostra, que é encaminhada para o Laboratório de Análise de Matérias Primas
(LAMP) onde é avaliada. Se aprovada, permanece armazenada na produção.
Somente alguns lotes da matéria-prima que são enviados, são analisados. Cada
fornecedor é avaliado pela empresa, assim, os fornecedores que obtiveram um desempenho
satisfatório durante um certo período adquirem qualidade assegurada. Estes resultados, bons
ou ruins, são enviados ao fornecedor, servindo de incentivo para que ocorra um aumento da
qualidade.
A partir de uma ordem de produção a matéria-prima é separada e pesada (não
esquecendo de verificar a autorização para o uso). De acordo com a ordem de produção faz-se
a pré-dispersão (se necessário), a dispersão e completa-se a tinta. A dispersão é feita em um
dispersor tipo cowless (figura 2) com um disco denteado de alta agitação, onde são
adicionadas as matérias-primas em forma de solvente, pigmentos, cargas e aditivos. Esta
dispersão é também chamada de moagem. Após é feita a completagem, que consiste na adição
da matéria-prima que não entra na massa de moagem, dando à tinta condições satisfatórias de
aplicação. Finalmente, verifica-se a viscosidade da tinta, ajusta-se à cor e outros testes
necessários para definição do produto final. Se a tinta estiver de acordo com o padrão de
qualidade existente na empresa, esta é liberada para o enlatamento, de onde sai para a
expedição. O fluxograma 1, apresenta as principais etapas do processo de fabricação de uma
tinta. Estas fases devem ser seguidas cuidadosamente, pois qualquer erro ou perda de controle
durante este estágio, afeta consideravelmente a produtividade, a concentração dos pigmentos e
8

outras propriedades no produto final acarretando em desperdício de materiais e,


conseqüentemente, prejuízo financeiro.

1 Separar e pesar 9 Avaliar parâmetros


as Matérias- de aprovação
Primas (MP)

Não 2 A tinta 10 Atinge Não


3 Tinta é base 11 Ajustar
solvente é base parâmetros
água? parâmetro

Sim Sim
4 Pré-dispersão 5 Dispersão em 12 Liberação
e Dispersão Cowless
Cowless e

6 Avaliar o grau 13 Enlatamento


de precisão

14 Liberar para a
expedição
Não 7 Atinge
dispersão

Sim
8 Completagem

Fluxograma 1 – Processo de fabricação de uma tinta.

Fonte: Curso Básico de Tintas, 2003.


9

Figura 1: Fabricação de uma tinta em laboratório.

Fonte: Fazano, 1995.

Figura 2: Disco Dispersor – Cowless.

Fonte: Fazano, 1995.

2.1.5 Tipos de Tinta

Existem diversos tipos de tintas, incluindo fórmulas base água, base solvente, tintas para
construção civil, sinalização de tráfico, aplicação automotiva, entre outros. Neste trabalho,
optou-se pelo uso de dois tipos de tintas: uma fosca e outra semibrilho, sendo ambas base
água. Assim, torna-se importante diferenciá-las, e entender como ocorre a formação do filme
em tintas base água.

2.1.5.1 Tinta Fosca e Semibrilho


10

A tinta possui vários níveis de brilho, sendo classificados como: brilhante, semibrilho,
acetinado e fosco. Estas variações de brilho são calculadas pelo índice chamado PVC
(pigmento – volume – concentração). O PVC é uma comparação dos volumes relativos (não
dos pesos) entre o total de pigmento e de ligante. Num filme seco, quanto menor o PVC,
maior o brilho, e vice versa. Na tabela 1 têm-se as propriedades das tintas em função do teor
de pigmentos.

Tabela 1: Relação entre o brilho e o teor de pigmento.

Tipo de Tinta Teor de Pigmento


Brilhante < 20%
Semibrilho 30-35%
Acetinada 35-45%
Fosca 45-80%
Fonte: http://www.paintquality.com.br/md.html.

Quando o filme de uma tinta semibrilhante seca, tem-se uma superfície lisa, pois os
pigmentos ficam embebidos pela resina. Entretanto, o filme da tinta fosca, ao secar, possui
uma superfície rugosa e irregular, devido a grande quantidade de pigmentos presente que não
conseguem ser envolvidos pela resina. A figura 3 ilustra a superfície brilhante e fosca
respectivamente.

Figura 3: Ilustração da superfície brilhante e fosca respectivamente.

Fonte: Gurgel, 2001.

Tintas semibrilho, por possuírem uma maior quantidade de resina em sua formulação,
oferecem um acabamento melhor, sendo utilizadas tanto em ambientes internos quanto
externos. Porém, nas foscas, a parte não volátil do veículo serve, apenas, para aglutinar os
pigmentos e fillers, sendo mais baratas.

2.1.5.2 Tinta base água


11

Em todos os países, as indústrias de tintas buscam maneiras de amenizar a agressão


ambiental ocasionada por seus produtos. Neste sentido, uma possível alternativa é a
substituição de resinas à base de solvente por resina à base de água.
As tintas base água são também conhecidas por tintas de emulsão ou látex. São misturas
complexas e balanceadas, compostas de: cargas, pigmentos, agentes dispersantes,
antiespumantes, surfactantes, modificadores de pH, substâncias secantes, uma emulsão de
resina e água.
A formação do filme das tintas de emulsão envolve algumas particularidades. As taxas
de evaporação dos componentes voláteis nas tintas precisam ser compatíveis com a taxa de
evaporação da água. Ainda, na aplicação se deve levar em consideração algumas restrições
como: a umidade relativa do ar ser inferior a 85% e a temperatura mínima em torno dos 5°C.
Caso contrário, a durabilidade da pintura e a formação do filme ficam comprometidos.
O mecanismo de formação de filme ocorre após a evaporação da água quando a tinta é
aplicada. Durante este processo, as partículas de pigmento e o ligante se aproximam. As
características de revestimento são obtidas quando a grande quantidade da água evapora do
sistema. Nos estágios finais da evaporação do líquido, a ação capilar e a tensão superficial
aproximam as partículas de ligante com maior força, fazendo com que elas se unam ao
pigmento formando um filme contínuo. Este processo físico, conhecido por coalescência, é
explicado na figura 4:

Tinta Úmida
Partículas de pigmentos e ligante à base de água
e de carga dispersa em água

Água Água

Secagem da Tinta
Partículas ficam mais próximas umas das outras

Filme de Tinta Seca


As partículas do ligante à base de água se
fundiram, envolvendo as partículas de pigmento e
de carga em um filme contínuo

Partículas do pigmento carga


Partículas do ligante à base de água

Figura 4: Formação do filme em tintas de emulsão.


Fonte: http://www.paintquality.com.br/dql2.html.
12

2.1.6 Composição Básica

Os materiais utilizados em uma pintura são compostos por duas fases: a fase sólida ou
soluto que pode ser um pigmento, uma resina, uma carga ou sua mistura; e a fase líquida, o
solvente ou aditivo. Nas tintas, as duas fases são misturadas. Após a sua aplicação sobre as
superfícies, a tinta se transforma em uma película sólida ou levemente plástica, devido à
evaporação do solvente, ou por fenômenos químicos, tais como oxidação ou polimerização.
Em uma análise mais detalhada, sabe-se que as tintas são constituídas por: resinas,
solventes, aditivos, pigmentos e cargas

2.1.6.2 Solventes

Líquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, é considerado como um produto


auxiliar em uma tinta, devido não fazer parte do filme seco. Conforme Fazenda (1993), os
solventes são produtos que possuem a capacidade de dissolver outros materiais sem alterar as
suas propriedades químicas. O resultado dessa interação é denominado solubilização.
Gastal (1998), cita que no ramo de tintas a classificação deste produto é a seguinte:
a) Solventes – líquidos voláteis que dissolvem a resina, possibilitando a manufatura da
formulação, reduzindo e ajustando a viscosidade da tinta para fins de aplicação;
b) Diluentes – líquidos voláteis que não dissolvem a resina, são adicionados em
proporções adequadas aos solventes verdadeiros de modo a melhorar a velocidade de
evaporação, a viscosidade, a condutividade e também a fim de baixar o custo da
formulação;
c) Thinners – misturas de solventes com propriedades de solvência e volatilidade bem
caracterizadas.
Os solventes têm por finalidade : solubilizar a resina, ajustar a viscosidade adequada à
aplicação, auxiliar a formação e alastramento do filme, promover a molhabilidade do
substrato e controlar a secagem.
Os solventes são classificados em função de suas estruturas químicas e aspectos
técnicos, que se diferenciam por apresentarem distintas propriedades. Dentre as principais
famílias pode-se citar: hidrocarbonetos, álcoois, ésteres, cetonas, glicóis, clorados, nitrados e
sulfatados.
Algumas propriedades físicas permitem escolher adequadamente o uso do solvente na
tinta. As principias são descritas a seguir:
13

a) Massa específica – permite calcular a relação entre massas de iguais volumes e do


material, respectivamente;
b) Índice de refração – pela determinação desta constante obtêm-se a pureza do solvente;
c) Cor – avaliado visualmente, todo solvente deve ser límpido e o mais incolor possível;
d) Taxa de evaporação (Te) – indica o tempo que o solvente permanece no filme.
Apresenta sua importância no processo de aplicação e cura indica o tempo que o
solvente permanece no filme. É medida pelo tempo gasto pelo solvente para evaporar
90% da sua massa sob condições-padrão, relacionado com o tempo gasto pela
evaporação do acetato de n-butilo (solvente padrão com Te 1,0), nas mesmas
condições (Fazenda, 1993).
Além das características citadas acima, levam-se em conta na escolha do solvente os
seguintes aspectos: odor, acidez, alcalinidade, faixa de destilação, ponto de fulgor e custo.

2.1.6.1 Resinas:

São também conhecidas como veículo, suporte ou ligante. A resina é à parte não-volátil
da tinta, que serve para aglomerar as partículas de pigmentos e é responsável pela
transformação do produto, do estado líquido para o sólido, convertendo-o em película. As
resinas são responsáveis pelas propriedades físico-químicas da tinta, determinando, inclusive,
o uso do produto e sua secagem.
A resina desempenha um papel muito importante na formação da camada, sem ela,
obter-se-ia uma pasta de pigmentos e solventes que, após sua secagem, resultaria em uma
pulverulência isenta das propriedades indispensáveis à estética e a proteção do substrato,
como retenção de cor, brilho, rigidez, resistência à ação da água e produtos químicos, etc.
As resinas são subdivididas em dois grupos: naturais e sintéticas e conforme o tipo de
resina empregada na formulação tem-se as diversas linhas de tintas: tintas alquídicas,
vinílicas, acrílicas, entre outras.
A resina natural provém de produtos fossilizados ou não, se dá a partir da secreção de
algumas plantas, de propriedades inflamáveis, termoplásticas, sendo solúveis em solventes
orgânicos. Segundo Carvalho (2002), dentre as resinas naturais mais importantes pode-se
citar:
a) Goma – Laca – produto de origem animal, sendo solúvel em álcool e em certas
cetonas, mas insolúvel ou parcialmente solúvel em hidrocarbonetos;
b) Âmbar - de origem fóssil;
c) Breu – resina sólida obtida a partir de secreções de árvores coníferas da família pinus.
14

As resinas sintéticas são obtidas por polimerização, por processos industriais que na
maioria das vezes utilizam calor e catalisadores. Em resinas termoplásticas esta polimerização
acontece no processo de fabricação e, nas termofixas ocorre após a aplicação no substrato.
Existem diversos tipos de resinas sintéticas. Abaixo se menciona, apenas, os dois tipos de
polímeros mais utilizados em ligantes em tintas látex:
a) Acrílicos Puros – obtidos pela esterificação dos ácidos acrílico e metacrílico com
vários álcoois. Como material filmogênico destaca-se pela sua dureza, flexibilidade,
retenção de cor e brilho, menos calcinação e tendência ao envelhecimento e também
apresentam boa resistência à ação de solventes e intemperismo. (Fazano 1995). Para
aplicação em interiores, oferecem benefícios em termos de adesão sob condições
úmidas, boa resistência causados por manchas de líquidos ou produtos de limpeza
alcalinos;
b) Vinílicas – são polímeros de adição . Quimicamente inerte quando em contato com
óleos e graxas. Apresenta secagem rápida, dureza e flexibilidade, resistência química,
à umidade e apresentam boa aderência entre camadas. Como desvantagem possuem
fraca resistência a solventes, a temperaturas elevadas, alta toxidez e fina espessura do
filme. (Gastal, 1998). Quando bem formulados podem dar resultados bem satisfatórios
em pinturas interiores.

2.1.6.3 Aditivos

Ingredientes que, adicionados às tintas, modificam as características das mesmas ou


conferem melhorias nas suas propriedades. Utilizado para auxiliar nas diversas fases de
fabricação e conferir características necessárias à aplicação.
Em uma formulação, raramente o total de aditivos ultrapassa a 5% da composição, e
influem significativamente na manufatura, estabilidade, aplicabilidade, qualidade e aspecto do
filme aplicado (Fazenda, 1993).
Os principais tipos são:
a) Secantes - material que promove ou acelera a secagem, cura ou endurecimento de
resinas à base de óleos vegetais. Não devem ser confundidos com agentes de cura,
pois não reagem com a resina, não ficando quimicamente ligados a esta no filme
resultante;
b) Antiespumantes – usados para impedir a formação de espumas no processo de
fabricação de tintas ou mesmo bolhas na aplicação do revestimento. Aparecem como
15

constituintes simples ou associados, em baixas concentrações, entre 0,1 e 0,5%, de


maneira que seu desempenho seja equilibrado e uniforme (Fazano, 1995);
c) Espessantes – melhoram as características da suspensão da pasta, na moagem dos
pigmentos. Aplicados na proporção de 3 a 5% em relação à formulação da tinta,
proporcionando encorpamento, viscosidade ou fluidez ao sistema;
d) Antipele – utilizados para retardar a formação de uma película na superfície da tinta.
Através do seu uso, obtém-se uma maior estabilidade da mistura;
e) Plastificantes – tem por finalidade aumentar a flexibilidade do revestimento;
f) Coalescentes – promovem a dissolução de partículas que retardam a secagem dos
ligantes, empregados na fabricação de revestimento à base de água. Sua principal
finalidade é promover uma maior interação entre as partículas na resina;
g) Biocidas – sua função é eliminar microorganismos. Quanto mais eficaz for o biocida
menor será a dosagem para a eliminação dos microorganismos.

2.1.6.4 Pigmentos

Chamado também elemento de cobertura é um sólido com granulometria bastante fina,


insolúvel no veículo da tinta e que contribui na formação da parte sólida de uma camada
orgânica.
Apresentam-se nos mais diferentes tipos, cujas características variam em função da sua
estrutura química, aspectos físicos e ópticos (Fazano, 1995). Ainda, podem ser encontrados de
diversas formas comerciais incluindo “cores secas”, pastas úmidas ou grãos, como dispersões
fluídas, pastas de cores concentradas, dispersões em resinas (pó), concentrados de cor para
plásticos ou “master batches” (Curso Básico de Tintas, 2003).
Os pigmentos desempenham várias funções em uma tinta. Primeiramente,
proporcionam cor e cobertura. Ainda, aumentam a proteção ou a durabilidade da pintura e,
com isso, diminuem o impacto do intemperismo, alteram as propriedades físico-químicas das
tintas, aumentando o conteúdo de sólidos, controlando o brilho. Conferem, também,
propriedades especiais, tais como proteção anticorrosiva e prevenção de incrustações (Gastal,
1998).
Para a aplicação industrial, os pigmentos são caracterizados de acordo com várias
características físico-químicas, sendo as principais:
a) Poder de tingimento – cada pigmento, conforme a sua estrutura química e o seu
processo físico de fabricação, possui uma determinada capacidade de tingimento.
16

Define-se como o quanto de sua própria cor o pigmento transmite para um branco
padrão;
b) Poder de cobertura- determinado em função da área coberta por unidade de massa do
pigmento existente no revestimento;
c) Concentração Volumétrica de Pigmentos (PVC) – é a razão entre o volume das
partículas de pigmento (%), sobre o volume total de sólidos do filme seco. Como dito
anteriormente, o conhecimento do PVC indica a expectativa do brilho esperado em
uma tinta. O PVC é calculado pela relação:
Vp
PVC = *100, (1)
Vp +Vv

sendo: Vp = volume de pigmento,


Vv = volume de veículo sólido.
d) Concentração Volumétrica de Pigmentos Crítica – também chamado de PVC crítico,
ocorre quando as partículas do pigmento estão completamente em contato ou há um
mínimo espaço entre as partículas. Calcula-se da seguinte forma:
Vp
CPVC= *100, (2)
Vp +Vva

onde: Vva = volume de veículo absorvido.


e) Absorção de óleo – É um dado expresso como a quantidade de óleo necessária para
umectar completamente uma determinada massa de pigmento, formando uma pasta
espessa e uniforme;
f) Solidez à luz – é a capacidade que um pigmento apresenta em manter a sua cor estável
quando exposto à incidência luminosa. Normalmente é influenciada pela estrutura
química, pelo grau de pureza ou mesmo pelas condições de exposição do pigmento;
g) Acidez e basicidade – indicadas pelo pH;
h) Solidez ao sangramento – é a solubilidade do pigmento em determinados tipos de
veículos. O grau de sangramento é influenciado pelas condições de secagem e pela
temperatura empregada na secagem.
Os pigmentos são divididos quanto a sua aplicação em coloridos (conferem cor), não
coloridos e anticorrosivos (conferem proteção ao substrato) e em inorgânicos e orgânicos
quanto a sua classificação química.
Pigmentos orgânicos, como o próprio nome indica, são substâncias orgânicas corantes
que se apresentam no estado de pequenos cristais das mais variadas formas (figura 5). Todos
17

os pigmentos orgânicos apresentam, na sua estrutura química, grupamentos chamados


cromóforos que são responsáveis pelo fenômeno da cor. As propriedades de aplicação dos
pigmentos orgânicos estão diretamente relacionadas com as características da sua estrutura
química e também do seu estado físico (forma, tamanho, tratamento físico e químico durante
a fabricação etc.) (Fazenda, 1993). Estes compostos são caracterizados por coloração
brilhante, alta absorção em óleo e dificuldade de dispersão nos veículos. Obtidos por processo
de síntese a partir de produtos oriundos do petróleo e do alcatrão, possuindo grande
diversificação e complexas estruturas químicas (Fazano, 1993).

Figura 5: Pigmentos orgânicos na forma de pequenos cristais.

Fonte: Fazenda 1993.

Os pigmentos inorgânicos são subdivididos em pigmentos brancos, cargas e uma ampla


faixa de pigmentos coloridos, sintéticos ou naturais, de natureza química inorgânica (não
apresentam cadeias carbônicas). São, também, a principal fonte do poder de cobertura e
possuem elevado peso específico. O dióxido de titânio (TiO2) é o principal pigmento branco.
Uma das principais características de qualquer pigmento branco é a sua capacidade de
opacificar e branquear o meio no qual é disperso. O índice de refração e o tamanho de
partícula são as duas propriedades que controlam o potencial opacificante.
Um filme é opaco porque as partículas pigmentadas espalham e/ou absorvem parte da
luz incidente, evitando que ela alcance o substrato (figura 6). A maior parte da luz que penetra
no filme é refletida e refratada muitas vezes antes de escapar da superfície do filme como luz
refletida ou ser absorvida pelo substrato (Fazenda, 1993).
18

Figura 6: Interação da luz com um filme pigmentado.

Fonte: Fazenda, 1993.

A opacidade é a combinação de todos esses efeitos. Dessa forma, tintas brancas


opacificam basicamente por espalhamento de luz, enquanto que em tintas coloridas há um
aumento da dependência do efeito de absorção com o aumento da concentração de pigmentos
coloridos (Fazenda, 1993).
Em comparação aos pigmentos orgânicos, pigmentos inorgânicos possuem peso
específico maior, apresentam maior tamanho de partícula, maior poder de cobertura e
absorção de óleo menor. Como grande vantagem, esses pigmentos têm o preço mais acessível.

2.1.6.5 Cargas

O nome carga, chamada também de pigmentos extensores, pode criar a idéia de que
esses minerais tenham importância somente em estudos superficiais. Na verdade, elas afetam
profundamente o desempenho da maioria dos revestimentos pigmentados. Conforme Stoffer
(1997), devido ao vasto número de tipos de cargas e de suas propriedades, muitos
formuladores não estão informados e não estão dando a atenção necessária das vantagens que
se podem obter com seu uso.
Segundo Pauly (2000), a Norma Francesa T 30001 define extensores como: substâncias
que possuem baixo poder de tingimento e poder de cobertura em uma suspensão média usada,
e está incorporada na tinta apenas por especificações técnicas ou razões econômicas.
Extensores são elementos inorgânicos que proporcionam volume a um custo relativamente
pequeno e não conferem cor para tinta.
19

A única diferença significante entre pigmentos e cargas minerais está no índice de


refração. Cargas são compostos minerais com baixo índice de refração (< 1,65), enquanto que
para pigmentos o índice é muito maior (> 2). Esta definição baseia-se apenas no índice de
refração, sem levar em consideração propriedades químicas, físicas, texturais e
cristalográficas (Pauly, 2000).
As cargas são manufaturadas pela moagem de rochas ou por precipitação química
seguida de processos requeridos para refinamento e classificação de tamanhos. Separados por
tamanhos através de métodos de peneiramento a úmido ou a seco, flotação e centrifugação.
O tamanho das partículas varia entre 0,01 e 44 microns e, em relação à geometria,
podem ser: esféricas, aciculares (forma de agulhas ou bastão), lamelares e cúbicas. Conforme
Stoffer (1997), o formato das partículas influenciam no empacotamento das mesmas, na
flexibilidade do filme, entre outras características. Stoffer afirma ainda que, o tamanho e a
distribuição granulométrica das partículas, interferem na cobertura, viscosidade, porosidade
do filme, demanda de resina, no brilho, alvura, etc.
Em tintas, as cargas foram utilizadas primeiramente, com a finalidade de baratear o
custo final da tinta pela diminuição do TiO2 na fórmula, por isso são chamados de pigmentos
extensores. Mas além da redução do custo por peso ou volume, podem proporcionar as
seguintes características:
a) opacidade;
b) fácil dispersão;
c) controle da reologia;
d) resistência à corrosão;
e) resistência química;
f) reduzem a translucidez e aumentam o brilho;
g) melhoram propriedades mecânicas;
h) melhoram propriedades ópticas;
i) melhoram o acabamento e
j) reduzem o empacotamento, entre outras.
A adição de cargas minerais na tinta é um procedimento bastante minucioso pois a
quantidade e a qualidade de cargas acrescidas na mistura pode interferir em suas
propriedades, inclusive modificando as características das cores do produto. A seguir, os
principais fatores que influenciam na escolha de uma carga, serão apresentados segundo
Bartholi (1998):
20

a) Alvura - para não comprometer a qualidade final da tinta, é necessário que o mineral
tenha uma alvura homogênea, sem variações de lote. Dentre os minerais mais brancos,
destaca-se o carbonato de cálcio. Numa segunda faixa estão o talco, caulim, barita,
agalmatolito, quartzo, mica e diatomita. Um bom mineral é aquele que apresenta um
padrão uniforme de alvura no lote, que só pode ser obtido com um controle de
qualidade rigoroso, desde a extração, passando pela moagem, até a inspeção final;
b) Granulometria - em conjunto com a alvura, a granulometria é determinada para a
obtenção do mineral adequado, pois a mesma influencia nas seguintes características
finais de uma tinta:
c) Floculação - processo pelo qual as partículas de um pigmento tendem a aglomerar-se,
contribuindo para a perda de eficiência na intensidade e uniformidade das cores.
d) Brilho - é alterado significativamente pelo tamanho da partícula de um mineral. Quanto
mais fina a carga maior é sua absorção de óleo e, conseqüente, a opacidade da tinta;
e) Reologia (Viscosidade) - a redução das partículas de uma carga contribui para uma
maior estabilidade de uma dispersão e para o aumento de viscosidade. Esse
incremento tixotrópico ajuda a evitar a floculação, dificultando a mobilidade dos
pigmentos. Ainda, a redução do tamanho das partículas, auxilia no aumento da
viscosidade e, assim, contribui para a diminuição da possibilidade de migração do
pigmento;
f) Aparência e uniformidade do filme - está diretamente relacionado ao tamanho das
partículas, ou seja, quanto menor o tamanho, melhor é seu aspecto;
g) Tempo de dispersão – este fator está mais relacionado com o custo do que com a parte
técnica. Quanto menor o tamanho das partículas menor o tempo de dispersão e
moagem. O tempo de dispersão é também influenciado pela dureza da carga;
h) Lavabilidade - quanto mais grossas as partículas melhor será a resistência à abrasão,
aumentando o número de ciclos de lavabilidade. Este fator também é influenciado pela
característica do mineral, por exemplo, cargas lamelares (caulim, talco e mica),
melhoram a lavabilidade por reduzir o coeficiente de atrito. Cargas mais duras,
melhoram a resistência à abrasão;
i) Cobertura - este aspecto é significativamente melhorado com a quantidade de finos de
uma carga. Por esta razão, as cargas são micronizadas, flotadas ou precipitadas, de
excelente poder de cobertura em relação às moídas tão somente;
21

k) Custo - as cargas minerais são produtos de baixo valor agregado, que contribuem para
a redução do custo final da tinta.

2.2 MINERAIS INDUSTRIAIS

Há diversos tipos de minerais derivados de diferentes formações geológicas. De maneira


geral, as cargas minerais mais utilizadas nas tintas são: talco, caulim, mica, barita, bentonita,
carbonato de cálcio natural e precipitado, agalmatolito e diatomita .

2.2.1) Caulim:

É um argilomineral de granulometria fina, composto de partículas empilhadas. O nome


caulim deriva da palavra chinesa “kauling” (colina alta), sendo empregado para designar um
grupo de silicatos hidratados de alumínio cuja composição química é representada por
Al2O3.2SiO2.2H2O. O caulim contém os minerais caulinita, haloisita e também algumas
impurezas.
Como um mineral, o silicato de alumínio hidratado é conhecido como caulinita e; como
pigmento extender esse composto é comumente chamado de caulim. Originado
principalmente da alteração de rochas sílico-aluminosas, sob os efeitos de agentes
atmosféricos, pode ocorrer em dois tipos de depósitos: primário ou residual e secundário.
a) Caulins residuais – são aqueles que são encontrados no local em que se formaram pela
ação de intemperismo ou hidrotermal sobre rochas. Um caulim residual geralmente apresenta-
se constituído por quartzo, mica moscovita e por caulinita bem cristalizada;
b) Caulins sedimentares - são aqueles que resultam do transporte, deposição e purificação
de caulins primários ou argilas cauliníticas. Caulins sedimentares são geralmente constituídos
de caulinita bem ou mal cristalizada, de granulometria fina e boa plasticidade. (Souza Santos,
1992).
Quando o caulim é utilizado como carga (filler) e revestimento (coating), certas
características mineralógicas, de forma e tamanho das partículas, alvura, pH e propriedades
reológicas, devem ser alcançadas. Algumas dessas propriedades estão sendo brevemente
descritas a seguir:

2.2.1.1) Mineralogia:

Segundo Murray (apud Benvindo da Luz & Pinto Chaves 2000), os usos potenciais de
um caulim podem ser estabelecidas a partir de seus constituintes mineralógicos. Juntamente
22

com a caulinita ocorrem nos caulins outros compostos sob as formas mais complexas e
modificadas, os quais são citados no quadro 1:

Quadro 1:Constituição típica do Caulim.


Elemento Composto Denominação
Silício SiO2 Dióxido de Silício
Alumínio Al2O3 Óxido de Alumínio
Ferro Fe2O3 Óxido Férrico
Titânio TiO2 Dióxido de Titânio
Cálcio CaO Óxido de Cálcio
Cálcio CaCO3 Carbonato de Cálcio
Magnésio MgCO3 Carbonato de Magnésio
Potássio K2O Óxido de Potássio
Manganês MnO Óxido de Manganês
Enxofre SO3 Trióxido de Enxofre
Carbono CO2 Dióxido de Carbono
Carbono CO3 Carbonatos
Fonte: http://www.vulcanizar.com.br/asso/mp/carg/min/t_cau.html.

2.2.1.2) Forma e Tamanho das Partículas:

Propriedades físicas como: alvura, viscosidade, opacidade e brilho, são influenciadas


pela forma e tamanho das partículas. Segundo Alberici (2000), o tamanho das partículas é
essencial para a avaliação do valor comercial de uma jazida de caulim. Caulins de
granulometria fina são os mais valorizados.

2.2.1.3) Alvura:

É uma característica óptica relativa obtida pela relação entre a quantidade de luz
refletida em relação à refletância difusa da luz de um determinado comprimento de onda,
normalmente 457 nm.
Fatores como a forma das partículas, impurezas, bem como a distribuição
granulométrica do mineral, comprometem a alvura e, por conseguinte, o valor comercial desse
produto.
23

Benvindo da Luz e Chaves (2000) reportam que, partículas pequenas apresentam maior
alvura do que as grossas, até uma granulometria aproximada de 0,25µm, sendo que abaixo
desse valor a sua alvura diminui.

2.2.1.4) pH:

Polpas aquosas de caulins no estado natural, possuem valores de pH na faixa entre 4,5 e
6,5, ou seja, são ligeiramente ácidos. O pH básico (acima de 7) se produz devido à presença
de sais solúveis, os quais devem ser retirados no processo de beneficiamento, pois, caso
contrário, o mineral pode ter seu uso restrito em várias aplicações industriais.

2.2.1.5) Reologia:

Conforme Murray (apud Sabedot 1997), a reologia possui relação com o fluxo da
matéria e com viscosidade dos fluídos. As propriedades que apresentam maior importância no
comportamento reológico dos caulins são: a área superficial, tamanho e empacotamento das
partículas.
A área superficial das partículas possui relação com a reologia de baixo cisalhamento,
ou seja, quanto menor o tamanho das partículas maior será a viscosidade. Entretanto, a
reologia de alto cisalhamento apresenta relação com o empacotamento das partículas. Murray
(apud Sabedot 1997).
Os aspectos reológicos podem ser estudados de duas formas: a primeira consiste em
desenvolver expressões matemáticas que possam descrever os fenômenos reológicos sem
maiores referências às suas causas; a segunda correlaciona o comportamento mecânico
observado com a composição detalhada do material em questão. O comportamento reológico
de sistemas coloidais é normalmente muito complexo, refletindo não apenas características
individuais de cada partícula, mas interações partícula-partícula e partícula-solvente.
De maneira geral, segundo Souza Santos (1975), as características reológicas de
sistemas coloidais dependem da viscosidade do líquido dispersante, da concentração da fase
dispersa, do tamanho e morfologia das partículas dispersas e, ainda, das forças de interação
entre as partículas.

2.2.2) Beneficiamento de Caulim:

Caulins, no estado natural, não cumprem as exigências do mercado, pois eles estão,
geralmente, associados com impurezas. Devido a isso, dois processos são utilizados para
beneficiar os caulins e remover as impurezas.
24

O processo mais simplificado é conhecido como processo a seco. Este processo consiste
nas seguintes etapas: britagem, secagem, pulverização e classificação pneumática. Neste
processo, as propriedades do caulim beneficiado são totalmente dependentes das inerentes ao
caulim bruto. Para a aplicação do processo a seco o depósito de caulim deve ser escolhido
com cuidado para possuir as propriedades desejadas de alvura e baixo teor de resíduo
(superior a 44 µm) (Souza Santos, 1992).

O segundo processo utilizado é chamado processo a úmido. Conforme Souza (apud


Larroyd 1996), este processo é mais complexo, entretanto proporciona produtos industriais de
melhor qualidade. Apresenta uma vasta faixa de produtos com diversificadas propriedades
bem mais controladas e com preços de venda mais convenientes. Impurezas que influenciam
diretamente na cor e na alvura do caulim, como óxidos e hidróxidos de ferro e minerais de
titânio, são apenas removidos através deste beneficiamento, o qual consta das seguintes etapas
(fluxograma2): dispersão, desareamento, fracionamento, delaminação, separação magnética,
flotação, branqueamento, desaguamento e secagem.

ROM

DISPERSÃO/DESAGREGAÇÃO

DESAREAMENTO
DELAMINAÇÃO FRACIONAMENTO

REJEITO

Floc. Seletiva
Flotação
Separação Magnética
Lixiviação Redutora
Lixiviação Oxidante REDISPERSÃO
SECAGEM

FILTRAGEM TRANSPORTE
CALCINAÇÃO TRANSPORTE Polpa
Bigbag

Fluxograma 2: Processo simplificado de beneficiamento a úmido de Caulim.

Fonte: Benvindo da Luz e Chaves, 2000.


25

A polpa de caulim proveniente da etapa de desagregação é submetida ao desareamento,


que consiste na remoção do material mais grosso (> 44µm). Após, a polpa segue para a etapa
de fracionamento, pois ainda apresenta uma alta taxa de grossos. Além disso, devido às
partículas de caulinita estarem empilhadas, podem ter dimensões consideráveis, e no
beneficiamento serem descartadas como areia, o que implica em perdas no processo sendo
necessário passar pela delaminação, para desmanchar os aglomerados. Em seguida realiza-se
a separação magnética, visando remover impurezas prejudiciais à alvura. Buscando ter um
ganho de alvura do produto final, segue-se para a etapa de flotação. O próximo passo é a
remoção de impurezas titaníferas, através da floculação seletiva. Em seguida o caulim é
submetido ao processo de alvejamento através da lixiviação. Posteriormente, tem-se o
desaguamento que é constituído por duas etapas distintas: espessamento e filtragem. No
espessamento é feita a adição de floculantes, com o qual se facilita o aumento na percentagem
de sólidos da polpa, após a polpa é submetida a uma filtragem. Então, a polpa é alimentada
nos secadores, obtendo-se um produto de 1 a 6% de umidade. Depois, para a produção de
caulins especiais, tem-se a etapa de calcinação, seguindo para a etapa final de beneficiamento,
ou seja, transporte do produto. (Benvindo da Luz e Chaves, 2000).
As principais aplicações industriais do caulim são em:
a) papel, como cobertura (coating) ou como carga (filler);
b) cerâmica, como matéria-prima;
c) tintas, como carga;
d) plásticos e borrachas, como carga;
e) sabonetes e cosméticos.

2.2.2) Carbonato de Cálcio Natural:

É um mineral bastante abundante, encontrado na forma de rochas maciças. Devido aos


hábitos de cristalização, os carbonatos de cálcio, possuem várias denominações. São produtos
que possuem como composição química o CaCO3 com uma pequena quantidade de MgCO3, e
podendo conter também impurezas como SiO2, Al2O3, Fe, P e S. Uma rocha que apresenta
carbonato de cálcio em grande quantidade é conhecida como rocha calcária.
Os depósitos são geralmente de origem orgânica. Começando por organismos marinhos
e por processos de sedimentação, solução e precipitação, espessas camadas desses minerais
tem sido depositadas como sedimentos em terra, rios, lagos e mar (Hall, 1973).
26

A textura e a forma cristalina (figura 7) depende do tipo e do tamanho das partículas


calcárias que são depositadas. O carbonato de cálcio mineralogicamente se apresenta sob duas
formas:
a) Calcítica - sistema hexagonal romboédrico que apresenta exfoliação fácil e perfeita;
b) Aragonita (CaCO3) – sistema ortorrômbico sem apresentar exfoliação, com o tempo
converte-se em calcita, sua polimorfa.

Figura 7: Cristal de Calcita.

Fonte: http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy/bdcalcita.html

O GCC (Ground Calcium Carbonate) é obtido a partir da moagem do calcário, podendo


sofrer também um tratamento superficial de revestimento com Estearato de Cálcio,
objetivando abaixar a abrasão e proporcionar repelência à água (Tintas & Vernizes, 1998).
A moagem pode ser feita a seco ou na presença de água. O fluxograma 3 abaixo
apresenta o processo de produção simplificado de GCC via seco.

Fluxograma 3: Processo simplificado de produção do GCC.

Fonte: Quimbarra.
27

Primeiramente, a rocha dinamitada é carregada em um caminhão e levada para plantas


de beneficiamento, para ser moída. Para redução da granulometria das partículas, o mineral
passa por um britador, sendo, em seguida, armazenado em um silo, onde, através de uma
correia transportadora, é transferido para o moinho, diminuindo ainda mais o tamanho.
Depois, o material passante na malha 325, fica novamente estocado em silo, para finalmente
ser comercializado.
O GCC é utilizado na indústria de tintas, borracha, papel, plásticos entre outras.

2.2.3) Carbonato de Cálcio Precipitado (PCC):

O PCC (Precipitated Calcium Carbonate) conhecido também por carbonato de cálcio


sintético, resulta do processamento do calcário, tendo uma estrutura de cristalização diferente
dos naturais, sendo também mais puro, sendo que as reações químicas para a obtenção do são:
1. Calcinação do Calcário para Óxido de Cálcio:

CaCO3 CaO + CO2


∆ > 1000º

2. Hidratação do Óxido de Cálcio obtido:

CaO + H2O Ca(OH)2 + calor

3. Purificação química e física do leite de cal.

4. Carbonatação com controle da curva de distribuição das partículas e da forma do


cristal:

Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O + calor

Percebe-se que o processo industrial pelo qual o PCC é produzido, é bastante


trabalhoso, exigindo um controle bem cuidadoso, pois qualquer alteração em uma das etapas,
pode ocasionar modificações acentuadas nas características físicas do carbonato resultante. O
fluxograma 4 abaixo, apresenta o processo produtivo simplificado do PCC:
28

EXTRAÇÃO CALCINAÇÃO
CALCÁRIO DEPÓSITO DE FORNO
(JAZIDA) CALCÁRIO
CAL

BRITADOR

LAVADOR
ALIMENTADOR PENEIRA DE GASES
VIBRATÓRIO CLASSIFICADORA

CO2
ÁGUA HIDROCICLONE CO2
TRATADA
SECAGEM
HIDRATAÇÃO SECADORES
CARBONATAÇÃO NEUTRALIZADOR
SILO DE PCC
H2O ESPESSADOR
HIDRATADOR
CAL
TANQUE DE HIDRÓXIDO
DE CÁLCIO REATORES DE
CARBONATAÇÃO TANQUE DE ALIMENTAÇÃO TRANSPORTADOR
PENEIRA HELICOIDAL
DOS SECADORES
DESAGUAMENTO

TANQUE DE PCC
EM SUSPENSÃO

ENSACADEIRA / ENCHIMENTO CARRETA GRANELEIRA


PALETIZADORA DE BIG-BAGS

PCC EM SUSPENSÃO

Fluxograma 4: Processo de produção do PCC.


Fonte: Quimbarra.

- Diferenças entre o Carbonato Calcítico Moído e o Precipitado em relação a algumas


propriedades físicas e químicas:

A tabela 2, a seguir, proporciona algumas diferenças nas características das


propriedades entre os PCC e o GCC. A partir da tabela 2, vê-se, que o tipo natural apresenta
um menor custo e ainda melhoria de propriedades mecânicas. Já o precipitado possui o
melhor desempenho dentre as cargas extensoras, tendo um baixo custo em relação ao dióxido
de titânio, possuindo algumas vantagens como: aumento do poder de cobertura , maior
opacidade à tinta, elevada alvura, facilidade de dispersão, baixa sedimentação, entre outras.

Tabela 2: Diferenças entre o Natural Calcítico e o Precipitado.


Propriedades Calcítico (GCC) Precipitado (PCC)
Cobertura Baixa Excelente
Volume aparente Baixo Alto
Absorção em óleo (%) 23 – 33 45 - 95
Alvura Muito boa Excelente
Lavabilidade Muito boa Boa
Dispersão Regular Boa
Custo Baixo Elevado
pH 8,50 - 9,50 9,00 – 9,80
Densidade g/ml 0,65 – 0,85 0,25 – 0,35
Índice de Refração 1,48 – 1,65 1,48 – 1,65
Fonte: Tintas & Vernizes, Agosto – Setembro, 1998.
29

2.3 ANÁLISE MULTIVARIADA

2.3.1 Introdução

Foi no início dos anos 90 que o mercado brasileiro teve sua tão esperada abertura. Com
isso, as buscas de resultados precisos e de mensurações mais ágeis para a satisfação dos
consumidores tornaram-se o alvo daquelas empresas que estudam o comportamento do
cliente.
Desta forma, foram introduzidas as técnicas de Análise Multivariada de Dados que, por
estarem disponíveis em uma variada gama de softwares estatísticos de fácil emprego popular,
têm sido amplamente utilizadas. Além disto, por oferecerem inúmeros cruzamentos entre
variáveis dependentes e independentes, e até mesmo entre informações de ordem dependente,
estas técnicas podem dar ao pesquisador uma dimensão mais rica a respeito da preferência,
imagem e comportamento dos compradores para o sucesso das vendas da sua empresa.
Segundo Hair Jr. Et al. (apud Bruni, 1998), análise multivariada (Multivariate Analysis)
é a análise de múltiplas variáveis em uma relação única ou em um grupo de relações. Em um
sentido mais abrangente, a expressão análise multivariada se refere a todas as técnicas
estatísticas que avaliam, ao mesmo tempo, múltiplas medições de cada indivíduo ou objeto
sob investigação. Qualquer análise simultânea de mais que duas variáveis pode ser
considerada como uma análise multivariada.
Há diversas técnicas de análise multivariada de dados. O método a ser selecionado
depende do tipo de resposta que se quer obter da análise de dados. É muito importante definir
o problema e os objetivos, pois, se ambos forem bem especificados, a escolha da técnica
adequada torna- se fácil.
Ainda, para optar qual é o método de análise multivariada mais apropriado é de suma
importância ter conhecimento dos dados a serem tratados. Hair Jr. (1995), reporta que:
eventuais falhas de análises preliminares dos dados, em decorrências de atalhos realizados,
podem apresentar resultados incorretos. Desta maneira, antes de iniciar um tratamento, é
necessário organizar e avaliar previamente os dados.
Os dados devem ser representados como uma matriz. O ponto inicial, para organizar as
informações, é representá-las em uma matriz-X com n objetos e p variáveis, ou seja,uma
matriz n por p. Esta matriz é chamada “matriz de dados”, “conjunto de dados” ou,
simplesmente, “dados”.
30

As linhas da matriz de dados representam os n objetos, os quais podem ser observações,


amostras, experimentos etc., enquanto que as colunas simulam as p variáveis, que são
tipicamente “medições” para cada objeto (figura 8). No caso das matrizes de dimensões n x p,
cada uma das n linhas ou objetos podem ser considerados como um vetor p – dimensional,
isto é, em que os eixos das coordenada são representados pelas variáveis, que são ortogonais,
possuindo origem comum, como ilustra a figura 9 abaixo:

x11 x12 ..... x1p


x21 x22 ....... x2p
X = . . .
. . .
x n1 xn2 ....... xnp

Figura 8: Representação da matriz de dados.

Fonte: Ribeiro, 2001.

Figura 9: Representação da amostra x nos eixos das variáveis 1, 2 e 3.

Fonte: Ribeiro, 2001.

O estudo visual de gráficos como o da figura 9, possuindo até três variáveis


simultaneamente, é ainda possível fazendo a geometria no espaço. Entretanto, quando o
número de variáveis p, for superior ou igual a quatro, isso passa a ser impossível, sendo uma
das limitações da estatística univariada. Métodos de análise multivariada, contornam esta
limitação.
Ainda, para que o tratamento de dados seja completo, a etapa de preprocessamento deve
ser cumprida. Muitas vezes os dados são representados em grandezas diferentes, ou
apresentam ruídos e, conforme o tipo de informação que se deseja extrair, isto poderá ou não
31

comprometer a análise. Um tratamento prévio dos dados, para ajustar as grandezas em valores
equivalentes ou possíveis comparações solucionaria esse problema.

2.3.2 Uso dos Métodos Multivariados

Em estudos científicos, conforme Jonhson e Wichern (1998), os objetivos dos métodos


multivariados são:
a) Redução ou Simplificação estrutural de dados: é utilizado quando há a necessidade de
representar fenômenos naturais da maneira mais simplificada possível, sem sacrificar
informações valiosas e facilitando a interpretação dos dados;
b) Classificação e Agrupamento: é aplicado quando se quer obter grupos de objetos
(tratamentos) ou de variáveis similares, com base nas características mensuradas, o
que requer regras bem definidas de classificação;
c) Investigação da dependência entre variáveis: para saber o quanto as variáveis
dependem ou independem umas das outras é interessante conhecer a natureza da
interação entre as mesmas;
d) Predição: a relação entre as variáveis deve ser determinada com a finalidade de
predizer os valores de uma ou mais variáveis fora da faixa estudada;
e) Construção de testes e hipóteses – é realizado quando se testam hipóteses estatísticas
formuladas nos parâmetros da população multivariada.
Neste trabalho, algumas aplicações de análise multivariada foram utilizadas no estudo
da influência de cargas minerais em tintas, focando o estudo na redução estrutural de dados,
além de estimar o grau de relacionamento entre as variáveis. A técnica de estatística
multivariada empregada foi: Análise de Componentes Principais (PCA – Principal
Component Analysis).

2.3.3 Análise de Componentes Principais (PCA) :

A PCA é a técnica mais antiga utilizada na análise multivariada de dados. Foi


inicialmente estudada por Karl Pearson em 1901, quando usou o método em um contexto
Biológico. Ele descreveu que o grupo de componentes ou, combinações lineares (CL), era
formado a partir de um conjunto de variáveis originais, apresentando variâncias mínimas não
explicadas. Em 1933, Hotteling, desenvolveu a teoria em um estudo considerando que “n”
variáveis representassem as notas obtidas em testes escolares de uma população de estudantes.
Nestes testes, foi analisada a capacidade com que os alunos resolviam problemas de
32

aritmética e a agilidade com que os textos eram lidos. Deste trabalho, foi detectado qual ou
quais variáveis exerciam uma maior influência sobre as outras, sendo que a finalidade de
Hotelling era identificá-las. Na época, ele considerou que alguns estudantes, por apresentarem
melhores notas nos testes aplicados, deveriam possuir algum componente psicológico mais
desenvolvido que os outros estudantes, o qual facilitava certas tarefas. Na Psicologia
moderna, as variáveis que apresentavam uma maior influência foram chamadas de “fatores
mentais”, na Matemática esses elementos foram denominados de “fatores”, mas depois eles
receberam o nome de “componentes”, para não serem confundidas com o termo “fator” usado
na Matemática. A análise que encontrava estes supostos componentes e que maximizava a
variância dos dados originais foi então denominada por Hotelling de Análise de Componentes
Principais, que vem a ser a teoria conhecida e utilizada até os dias atuais. (Lopes, 2001).

2.3.3.1 Considerações sobre Análise de Componentes Principais (PCA)

O estudo e a interpretação de qualquer fenômeno que, muitas vezes, envolve a análise


de um grande número de variáveis, torna-se um trabalho que além de demorado, dá margens a
interpretações errôneas e a perdas de informações relevantes. Desta forma, o emprego de
métodos multivariados tais como a PCA, destaca-se como uma ferramenta para o tratamento
de um número elevado de variáveis, pois, através da utilização desta técnica, é possível
reduzir a dimensionalidade de um conjunto de dados, possibilitando o manuseio e a
visualização de diversas variáveis de forma mais produtiva, rápida, objetiva e eficiente, sem
perda significativa de informações.
Na PCA, estuda-se a relação entre um conjunto de variáveis, explorando-se as inter-
relações entre todas as variáveis simultaneamente. Desta maneira, o principal objetivo da
PCA baseia-se em projetar o máximo de informações no menor número possível de eixos
não-correlacionados. Estes eixos são conhecidos por componentes principais (PC) sendo
definidos como combinações lineares (CL) obtidas pela rotação do sistema original,
fornecendo os pesos (importância) na direção de máxima variabilidade. Neste sentido, a
primeira componente principal (PC1), representa a direção de maior variabilidade e, portanto,
de máxima informação no espaço multidimensional no qual o conjunto de dados está
representado. A segunda componente principal (PC2), está posicionada ao longo da direção
ortogonal da PC1 (figura 10), agregando o máximo da variabilidade total dos dados ainda não
descritos pela PC1. A terceira componente principal (PC3) é ortogonal a PC1 e PC2,
encontrando-se na direção da terceira maior variância, e assim consecutivamente. O sistema
final de PC consistirá em um número de PCs ortogonais posicionadas em ordem decrescente
por suas variâncias.
33

VAR PC1 > VAR PC2 > .... > VAR PCP (3)

Figura 10: Representação da nuvem de dados com duas CPs.

Fonte: Multivariate Data Analyse – In Practice, 2000.

2.3.3.2 Scores e Loadings

Os resultados da PCA, são obtidos através da inspeção visual de dois gráficos (figura
11) conhecidos como scores (representação gráfica das amostras) e loadings (representação
gráfica das variáveis) onde, analisando-se PC1 versus PC2, na abscissa encontram-se os
valores para a PC1 e o eixo das ordenadas corresponde aos valores para PC2.

PC2 PC2
A1 A7 V1
V4
A2 A9
A3
A4 A14 V3
A12 V2

A5 PC1 V6 PC1
A10 A13
A8
V5
A11
A6

(a) (b)

Figura 11: Gráfico dos scores (a) e dos loadings (b) de um sistema de dados bidimensional.

A partir do gráfico dos scores ou Mapa das Amostras (figura 11a), verifica-se a
projeção das amostras no eixo das PCs, sendo que, cada amostra possuirá um valor de score
para cada um dos novos eixos (as PCs). Ainda, pela análise deste gráfico, pode-se revelar,
34

agrupamentos e/ou tendências das amostras em estudo, que seriam de difícil


visualização no caso das variáveis originais. Neste sentido, conforme a figura 11a, observa-se
que as amostras podem estar subdivididas em grupos, como por exemplo, as amostras A1, A2,
A3 e A4 poderiam formar um grupamento onde suas propriedades poderiam ter uma distinção
das demais amostras. Além disso, analisando-se as amostras A2 e A14 para uma mesma
variável (por exemplo, granulometria), ao longo da PC1, pode-se dizer que, as mesmas,
possuem comportamento inversamente proporcional, ou seja, considerando-se que A2 tivesse
uma granulometria fina, A14 teria granulometria grosseira, e vice-versa. Este raciocínio é
análogo para as amostras A7 e A11, quando analisadas em relação a PC2. Já, em relação à
amostra A5, pode-se constatar que, suas propriedades não apresentam uma grande influência
na variabilidade do sistema. Através deste gráfico pode-se, também, destacar amostras cujo
comportamento seja muito diferente do restante do conjunto, as quais são detectadas somente
através de um exame detalhado de todo o conjunto de dados, e da comparação entre os valores
de concentração um a um. Essas anomalias são conhecidas como outliers, que na figura 11a,
estão representadas pela amostra A6.
O gráfico dos loadings ou Mapa das Variáveis (figura 11b), representa o peso
(importância) que cada variável tem na CL, ou seja, fornece a informação sobre a relação
entre a variável original e as PCs e, ainda, a relação entre uma variável e outra. Segundo
Beebe et alli (apud Ribeiro, 2001), os pesos nada mais são do que o coseno do ângulo entre o
eixo da CP e o eixo da variável original, logo seu valor estará sempre entre –1 e 1. Quanto
mais aproximado de ± 1, maior a influência que esta determinada variável tem na descrição
desta PC. Por outro lado, quanto mais próximo de zero este coeficiente estiver, menor a
influência da variável naquela PC.
A partir do gráfico dos loadings (figura 11b) torna-se possível saber quanto cada
variável contribui para cada PC. Neste sentido, analisando-se, o comportamento das variáveis
V3 e V4 em relação a PC1, percebe-se que as mesmas apresentam comportamento
inversamente proporcional, possuindo pesos aproximados, porém com sinais opostos. Ainda,
avaliando-se as variáveis V2 e V3, pode-se dizer que, as mesmas são fortemente
correlacionadas possuindo similar importância ao longo da PC1 e PC2, sendo diretamente
proporcionais. A PC2 reflete, sobretudo, o contraste entre a V1 e a V5. Também, pode-se
observar que, a variável V6 por possuir um valor pequeno de loading, tanto para a PC1,
quanto para PC2, reflete uma menor influência na variabilidade do sistema, ou seja, é uma
variável que pode ser considerada inerte.
35

Ao se avaliar simultaneamente os gráficos dos scores e loadings, torna-se possível obter


uma maior gama de informações a respeito das variáveis e das amostras estudadas. Desta
forma, analisando-se a figura 11, para a PC1, observa-se que a amostra A14 está posicionada
no mapa dos scores correspondente a posição da variável V3 no mapa dos loadings. Isto
poderia significar que se a variável V3 representasse uma determinada propriedade, a amostra
A14 poderia representar os limites máximo ou mínimo desta propriedade. Por exemplo, se V3
fosse a alvura, A14 poderia ser a amostra de maior ou de menor alvura da base de dados.
Entretanto, deve-se ser levado em consideração que o sistema é multivariado, o que faz com
que esta relação entre variável e amostra seja alterada devido ao peso que esta variável tenha
na composição das componentes principais.
Portanto, o gráfico dos scores é uma representação aproximada das distâncias entre as
amostras. O gráfico dos loadings pode ser considerado como um elemento explicativo desta
representação, ou seja, as amostras situadas em um mesmo extremo de um eixo ficam
próximas por apresentarem, geralmente, valores da mesma proporção. Ainda, duas variáveis
muito correlacionadas ficam, normalmente, posicionadas no mesmo lado do eixo. No eixo
correspondente à nuvem de amostras, aquelas amostras que possuem valores altos em ambas
as variáveis, ficarão, geralmente, do mesmo lado que elas; e os valores baixos ficarão,
normalmente, no lado oposto (Vedana, 1999).

2.3.3.2 Número de PCs:

Uma das principais dificuldades no uso da PCA está na seleção do número adequado de
PCs. Selecionando-se um número muito reduzido de componentes, pode haver perda
significativa de informação. Por outro lado, selecionando-se um número excessivo de PCs,
provavelmente não haverá significativa redução da complexidade do problema (Scremim,
2003).
Logo, em relação à escolha do número de PCs a serem empregadas na descrição dos
dados, deve-se levar em consideração a porcentagem de variâncias descritas pelas PCs e a
variância residual. Como exemplo tem-se a tabela 3 abaixo que mostra as variâncias descritas
pelas componentes para uma PCA.
36

Tabela 3: Expressa a variância descrita pelas PCs para uma PCA.


Variância Acumulada
Variância Descrita Variância (%)
(%)
PC1 264,42 83,94 83,94
PC2 32,90 10,44 94,39
PC3 10,73 3,41 97,79
Fonte: Ribeiro, 2001.

Conforme a tabela 3, se pode ver que a PC1 apresenta apenas 83,94% da variância total
dos dados, sendo insuficiente, pois a variância residual ainda é muito grande, ou seja, alguma
informação poderá estar sendo perdida. Por exemplo, a contribuição de variáveis com grande
influência na PC2 poderia estar sendo desprezada, danificando a descrição dos dados. Assim,
é indispensável utilizar mais uma componente. A PC2 descreve 10,44% da variância total dos
dados que, juntamente à PC1, somam uma variância acumulada de 94,39%. A PC3 aponta
somente 3,41% da variância total dos dados, acumulando 97,79% de variância total descrita.
Apesar deste acréscimo na variância total, a quantidade de informação obtida pela PC3 é
pequena e sua inclusão poderia significar apenas um ruído (resíduo), desnecessário a
descrição dos dados. Logo, para este caso, 2 PCs seriam satisfatórias (Ribeiro, 2001).
37

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho, foi realizado mediante convênio entre o Laboratório de Processamento


Mineral (LAPROM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a empresa Renner
Sayerlack, sendo estabelecido por quatro fases, as quais serão descritas a seguir:

3.1 PRIMEIRA ETAPA: ESTÁGIO

A primeira fase do trabalho consistiu na realização de um estágio na empresa Renner


Sayerlack. Este estágio teve início no mês de abril de 2003, visando o aprimoramento
bibliográfico e, em seguida, acompanhamento na indústria para observação das técnicas de
caracterização de cargas minerais e fabricação de tintas, para que, posteriormente, o trabalho
pudesse ser desenvolvido.

3.2 SEGUNDA ETAPA: ESCOLHA DAS CARGAS MINERAIS E DETERMINAÇÃO


DE UMA TINTA PADRÃO

Nesta etapa foi realizada a seleção das cargas minerais e a determinação da tinta padrão.
Em formulações, as cargas mais brancas são as mais requisitadas, pois, além de serem mais
uniformes na cor, proporcionam economia de TiO2, contribuindo significativamente para a
redução do custo final da tinta. Neste sentido, os minerais escolhidos foram:
a) Dois tipos de Caulim, conhecidos como Century e Proto-A. O Proto-A é obtido a
partir do Century. Estes produtos minerais foram fornecidos pela empresa Vale do Rio
Doce;
b) Carbonato de Cálcio Natural (GCC). Este, passou por um processo de sedimentação,
utilizando o dispersante REOMAN 599 e, desta forma, subdividido em duas parcelas
de diferentes granulometrias: uma grosseira (GCCG) e outra fina (GCCF). Este
material foi fornecido pela empresa Renner Sayerlack;
c) Carbonato de Cálcio Precipitado (PCC). Carga fornecida pela empresa Renner
Sayerlack totalizando assim seis amostras a serem estudadas.
Visando evidenciar as características intrínsecas das cargas minerais na tinta, foram
desenvolvidos dois tipos de tintas: uma semibrilho e outra fosca, ambas na quantidade de 1
Kg. As mesmas foram baseadas em uma tinta padrão acrílica, base água, devido a crescente
preocupação com a conservação e proteção do meio ambiente.
38

Sendo a resina um insumo bastante influente nas propriedades de uma tinta, torna-se
importante conhecer um pouco suas características. Neste sentido, a resina acrílica utilizada
nas formulações das tintas, neste trabalho, é da marca Denver. A mesma, é capaz de produzir
uma emulsão de um copolímero acrílico produzindo filmes tenazes, aderentes, brilhantes, com
alta capacidade de aglutinação de cargas e pigmentos, pela alta resistência a água. Apresenta
as seguintes características:
a) Em relação ao aspecto geral do produto, a 25°C: é um líquido branco azulado e
viscoso;
b) Em relação ao filme formado sobre uma placa de vidro contra o padrão: deve
apresentar aspecto transparente, flexível, brilhante e sem pontos;
c) Em relação a presença de grumos (malha 100): máximo 0,10g.
padrão, inicialmente sugerida, foi retirada da bibliografia. Após ser testada foi
constatado que a mesma não alcançava resultados desejáveis. Desta maneira, pretendendo
reduzir o tempo para o ajuste da fórmula final e, conseqüentemente, obter uma maior
economia de material, foram empregadas fórmulas pré-estabelecidas.
Todas as cargas da fórmula original foram substituídas por uma única carga, em
quantidade igual ao somatório das mesmas, com exceção do TiO2 que foi mantido constante
em todas as experiências. Ou seja, cada tipo de caulim e carbonato de cálcio foi introduzido
individualmente nas fórmulas para que, posteriormente, fosse possível verificar o real efeito
de cada um na tinta. Na tabela 4, encontram-se as formulações das tintas empregadas:
O desenvolvimento teve início com a produção das tintas em escala laboratorial
passando basicamente por três processos: pesagem, dispersão e completagem.
A pesagem foi realizada em balança comum digital, onde todas as matérias-primas,
inicialmente separadas, foram pesadas.
A dispersão foi efetuada no dispersor cowles, onde os pós eram previamente pesados e
adicionados à solução do veículo. O cowles consiste de uma lâmina circular com a borda
alternadamente, virada para cima, lembrando uma serra circular ligada a um eixo de alta
rotação. Esta lâmina foi mergulhada na massa de moagem até uma determinada profundidade,
de modo que se formou um “vórtex”, que é essencial para uma boa dispersão.
O restante dos insumos, que não fazem parte da massa de moagem, foram introduzidos
na completagem.
39

Tabela 4: Formulação das tintas pré-estabelecidas.

TINTA FOSCA (TF) TINTA SEMIBRILHO (TSB)


- 48,45% de água industrial; - 43,05% de água industrial;
- 0,20% de dispersante; - 0,20% de dispersante;
- 0,10% de bactericida; - 0,10% de bactericida;
- 0,15% de antiespumante; - 0,05% de antiespumante;
- 30% de carga mineral; - 5,5% de carga mineral;
- 8% de Dióxido de Titânio; - 10% de Dióxido de Titânio;
- 1,10% de coalescente; - 2% de coalescente;
- 0,20% de biocida; - 0,20% de biocida;
- 0,60% de espessante celulósico; - 3,8% de espessante;
- 0,20% de tensoativo; - 0,20% de tensoativo;
- 11% de resina acrílica. - 0,20% de amônia;
- 40% de resina acrílica.
TOTAL: 1 Kg TOTAL: 1 Kg

3.3 TERCEIRA ETAPA: CARACTERIZAÇÃO DAS CARGAS MINERAIS

Foi realizado um estudo de caracterização das cargas minerais e da tinta padrão


formulada a úmido, e da película seca. Assim, foram utilizadas várias ferramentas, análises
e/ou técnicas em disponibilidade na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e
na empresa Renner Sayerlack. Dentre algumas, pode-se citar análises de microscópio
eletrônico de varredura (MEV), análises químicas, análises granulométricas, difração de raio-
x, lavabilidade, teor de umidade, entre outras.

3.3.1 Caracterização de Cargas Minerais por procedimentos Renner Sayerlack:

A empresa aplica diversos testes para caracterizar cargas minerais. Abaixo serão
descritos, somente, os métodos utilizados para se efetuar este trabalho. Estes testes foram
baseados em normas da ASTM e em normas internas da empresa.

a) pH em cargas:
O método utilizado para obter este parâmetro foi baseado na ASTM D 1208. A
determinação do pH da amostra se faz a partir de material recentemente colhido e com sua
40

umidade natural. Os procedimentos básicos são: em um erlenmeyer é preparada uma


dispersão de 5% em peso da amostra em água destilada. Em seguida, a solução é aquecida em
uma chapa de aquecimento até a ebulição e, por 5 minutos, é fervida para eliminação do CO2.
Após, a solução é retirada do aquecimento, esperando até que a parte sólida sedimente.
Depois, o pHmetro, da marca Digimed, é calibrado conforme instruções descritas pela Norma
Técnica 413-01. Quando a solução alcançar uma temperatura de 25 ± 1°C, o pH do líquido
sobrenadante é medido.

b) Teor de Umidade:
O estudo da determinação do teor de substâncias voláteis da amostra foi realizado pelo
método instrumental, fundamentado na ASTM D 280-33, que consiste no uso de uma balança
especial, da marca Mettler PE 160, onde raios infravermelhos são emitidos fornecendo
energia a amostra.
Primeiramente, a balança é tarada e em uma cápsula de alumínio é pesada 0,50 g da
amostra, sendo o peso inicial (mi) anotado. A balança é novamente tarada, para, após 10
minutos de secagem, adquirir o valor da massa final (mf).
O teor de umidade é obtido pela relação:
(mi − mf ) * 100
R= (4)
mi
onde: R= teor de umidade (%);
mi= massa da amostra inicial (g);
mf= massa da amostra final (g).

Figura 12: Balança Mettler.

Fonte: http://www.micronal.com.br/artigostecnicos/analisesdeacucar.htm.
41

c) Cor:
Este teste é um método da empresa, sendo fundamentado na comparação visual da cor
de cada carga dispersa em resina, em comparação com um padrão ou em relação à outra
amostra. Para a realização deste teste, primeiramente, em uma placa de vidro é colocada uma
ponta de espátula de carga, e, com movimentos circulares, a resina para cor em cargas vai
sendo adicionada até a formação de uma pasta homogênea. Em seguida, com um aplicador de
pastilhas, esta pasta é aplicada sobre uma cartela para análise de cor (figura 13).

Figura 13: Cartela de Aplicação para teste de Cor.

d) Resíduo de Peneiração:
Este método proporciona a quantidade de material retido em uma peneira especificada.
Teste referenciado pela norma ASTM.D 1208. Para a realização deste teste, inicialmente, são
pesadas 100 g de carga em uma balança analítica, diretamente na peneira de malha 325#. Em
seguida, a peneiração é feita sob um jato d’ água. Com o auxílio de um pincel e, através de
movimentos giratórios, tenta-se dissolver e/ou forçar a passagem do máximo de carga através
da peneira. O material retido é levado para uma estufa de lâmpadas. Quando seco, o material é
transferido para um vidro relógio, previamente tarado. O material retido é pesado e o
resultado em percentual é obtido pela equação abaixo:
P1 * 100
R= (5)
A
onde: R= percentagem do material retido na peneira;
P1= peso do resíduo em gramas;
A= peso da amostra em gramas.
42

e) Absorção em Óleo:
O teste de absorção em óleo segue a norma ASTM D- 281 – 84. Em um vidro relógio, é
pesada 1 grama da carga e transferida para uma placa de vidro. Em seguida, com o auxílio de
uma seringa, o óleo de linhaça é adicionado, gota a gota, em cima da amostra. Sendo o óleo
pesado por diferença. Após, utilizando uma espátula de porcelana os materiais são misturados
até se formar uma pasta homogênea. Quando ocorre a absorção total do óleo pelo pigmento,
se alcança o chamado ponto de rolagem, concluindo assim o teste. Os resultados são dados
como gramas de óleo requeridas para 100 gramas de pigmento.

f) Teor de Resíduo Solúvel em Água:


Este método, baseado na ASTM.D 1208, consiste em dissolver materiais solúveis em
água, contidos no pigmento, através de fervura e após determinação gravimétrica, da seguinte
forma: em um béquer de 400ml, previamente tarado, são pesadas, em uma balança analítica,
10g de amostra. Em seguida 100 ml de água são acrescentados e, após, a mistura é colocada
em um béquer para que ferva, em uma chapa elétrica, durante 5 minutos. A amostra resfriada
é transferida para balões volumétricos de 250 ml, sendo adicionada água até alcançar a marca
de volume. Após a amostra decantar, o líquido sobrenadante é filtrado. Os primeiros 25 ml
são descartados e, com o auxílio de uma pipeta volumétrica uma alíquota de 50 ml é coletada.
A alíquota é transferida para um béquer de 100ml, previamente tarado. Depois, o béquer é
colocado sobre uma chapa de aquecimento até alcançar uma quantidade de ± 15ml. A
evaporação final é realizada em estufa a 105 °C. A percentagem do resíduo solúvel em água é
calculada através da equação abaixo:
P * 5 * 100
R= (6)
A
sendo: R= percentagem da matéria solúvel;
P= peso do resíduo;
A= peso da amostra;
5= fator de diluição = 250/50 = 5.

g) Poder de Cobertura:
Este método, de uso interno da empresa, é utilizado para estimar a capacidade de uma
tinta em ocultar a superfície na qual esta foi aplicada. Esta avaliação se realiza entre duas
43

amostras ou entre a amostra e um padrão. Neste trabalho, o teste foi realizado entre duas
amostras.
Para proceder ao ensaio, 8 gramas de amostra são pesadas em um copo plástico e, em
seguida, 15 gramas de água são adicionadas. Esta mistura é homogeneizada por
aproximadamente 5 minutos com o auxílio de um pincel. Após, 2 gramas de resina, com anti-
espumante, são acrescentadas e misturadas durante 5 minutos. Posteriormente, a mistura é
aplicada em cartela de extensão, com tarja preta de contraste, disposta em uma superfície
plana e fixa (usando chapa de vácuo ou fita adesiva), e o extensor de 100 microns é
posicionado para aplicação. As tintas são colocadas em teste lado a lado sobre a cartela onde,
com firmeza e sem interrupção o extensor é puxado. A tinta de melhor cobertura pode ser
observada a olho nu, principalmente sobre a tarja preta.
O poder de cobertura é classificado como bom quando cobre o fundo preto da cartela.
Caso contrário é considerado ruim, sendo dada uma notação de 1 a 10. A figura 14 ilustra as
etapas de aplicação para a obtenção deste teste:

1) 2)

Cartela de extensão

3) 4)

Figura 14: Passos para aplicação do teste de Poder de Cobertura.

Fonte: http://www.mundocor.com.br/noticias/intemperismo.htm
44

h) Razão de Contraste:
Este método expressa o valor do poder de cobertura na forma numérica. É a razão de
incidência de luz e sua reflexão. Após a obtenção do filme seco, a reflectância é medida
primeiramente sobre a área branca da cartela e, em seguida, sobre a faixa preta da cartela. O
resultado é avaliado através da divisão da reflectância sobre a área escura pela reflectância
dada na área branca. Os valores de cobertura completa são aqueles considerados acima de
98%. As medidas foram realizadas com o auxílio de um espectrofotômetro.

3.3.2 Caracterização de Cargas Minerais por Procedimentos LAPROM:

a) Análise Granulométrica:
No ensaio para caracterização dos tamanhos dos grãos, foi utilizado o granulomêtro de
difração laser da marca Cilas 1064. Este equipamento opera fundamentado na formação de
imagens.
Seu principio de operação é baseado na emissão de raios laser de baixa intensidade que
atravessam uma célula de quartzo por onde circula um líquido que possui as partículas em
suspensão.
Em uma série de fotocélulas de silício a luz é difratada, sendo, assim, avaliadas as
figuras de difração. Através de um dispositivo de processamento de sinais, é detectado o
tamanho das partículas. Este dispositivo, conectado a um microcomputador, exibe os
resultados na tela, em 100 faixas granulométricas previamente ajustadas pelo operador.
Os resultados são expressos, graficamente, em coordenadas de distribuição mássica
simples ou acumulada em função do tamanho das partículas.

Figura 15: Granulômetro Cilas.

b) Dispersão Granulométrica:
Visando quantificar a dispersão granulométrica, foi proposta a formulação abaixo:
45

D90 − D10
Var.Gran. = (7)
D50

onde: D90= diâmetro máximo das partículas onde está acumulada 90% da massa;
D5o= diâmetro máximo das partículas onde está acumulada 50% da massa;
D10= diâmetro máximo das partículas onde está acumulada 10% da massa;
Quanto maior este valor, maior a dispersão da distribuição granulométrica.

c) Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV):


A morfológica e a micro-estrutura dos minerais foram observadas em um microscópio
eletrônico de varredura (MEV).
Neste método, um feixe de elétrons é focalizado em um ponto da amostra, onde, varre
em uma superfície construindo a imagem monocromática pouco a pouco em um monitor,
onde o brilho de cada ponto depende da quantidade de elétrons emitidos. Cada ponto reage de
uma forma particular ao feixe de elétrons sendo refletido e incidido sobre uma tela onde se
forma a imagem.
As amostras a serem analisadas ao microscópio eletrônico de varredura necessitam de
preparação prévia adequada. Os minerais utilizados neste trabalho foram recobertos por uma
camada de ouro. Isto é necessário para evitar um efeito chamado ‘carregamento’, que impede
a obtenção de imagens satisfatórias durante a análise.
Após a preparação das amostras, estas foram analisadas em um microscópio eletrônico
de varredura (marca LEICA, modelo S440i), pertencente ao Centro de Microscopia Eletrônica
da UFRGS. As imagens foram obtidas utilizando detector de elétrons secundários (SE) a um
potencial de aceleração de 25 kV, com ampliações variadas.

d) Difração de Raios-X:
Esta técnica permite a identificação de materiais quanto às suas características
cristalinas. A difração de raio-X ocorre quando um feixe incidente de raios-X sobre uma
amostra é espalhado pelos átomos sem mudança de velocidade e do comprimento de onda,
geralmente da ordem de 1 Å. As ondas espalhadas pelos diversos átomos da estrutura da
amostra combinam-se sob certos ângulos. O resultado desta combinação não é nulo,
registrando uma intensidade de radiação emitida significativa. Com isto é possível determinar
a geometria molecular da amostra. A identificação dos elementos é feita mediante a
comparação do espectro obtido com um espectro padrão.
46

O equipamento empregado, em todas as medidas feitas neste trabalho, foi o difratômetro


Siemens D 5000, do Instituto de Geociências da UFRGS. As condições de análise foram
comprimento de onda da fonte de radiação, Cukα, filtrada com Ni (λ=0,17902 nm), sendo
obtidos difratogramas a partir de amostras não orientadas (método do pó) e orientadas.
A fim de remover radiações indesejadas foi utilizado, entre a amostra e o detector, um
monocromador de grafite. Todas as medidas foram realizadas com uma tensão do gerador de
40 kv e uma corrente do gerador de 30 mA. A velocidade de varredura, para amostras
orientadas, foi de 0,6°/min e, para não orientadas, de 1,2°/min.
A preparação para leitura das amostras não orientadas consistiu na fricção de cerca de
250 mg da amostra em uma lâmina de vidro, utilizada como porta-amostra, que vai
diretamente para o equipamento, onde se realiza a varredura. Ao friccionar o material, já se
alcança uma grande orientação preferencial dos cristalitos, com seu plano basal paralelo ao
porta amostra.
A obtenção do valor dos espaçamentos interplanares basais, d, para os picos, foi feita a
partir da reflexão basal de maior ordem possível, visando minimizar os erros de menor
ângulo.

e) Índice de Cristalinidade:
A cristalinidade de cada uma das amostras, foi investigada a partir dos difratogramas de
raios-x , através do cálculo entre a relação da largura pela altura do pico de maior intensidade
(figura 16).
2300

2200

2100

2000

1900

1800

1700

1600

1500

1400
Lin (Counts)

1300

1200

1100

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

32.8 33 34 35

2 - T h e t a - S c a le

Figura 16: Picos de maior intensidade do Caulim Proto-A (preto) e caulim Century
(vermelho) para cálculos do Índice de Cristalinidade.
47

f) Índice de Refração:
Refração é a mudança da direção de propagação de um feixe luminoso ao passar de uma
substância para a outra. Pode ser definido como a velocidade da luz no ar dividida pela sua
velocidade naquela substância. Neste trabalho os valores do índice de refração dos minerais
foram obtidos da bibliografia.

g) Parâmetros Colorimétricos:
Para se efetuar a avaliação colorimétrica de um material pulverizado, foi realizada a
confecção de pastilhas prensadas (figura 17) que foram levadas para leitura no espectro-
colorímetro.
A preparação das pastilhas, seguiu procedimento padrão realizado no Laprom.
Inicialmente, 10 g de cada amostra são pesadas em um vidro relógio e, em seguida, levadas
para estufa a 100° C, durante aproximadamente 1h, eliminando o possível excesso de
umidade. Após, a amostra seca é transferida para um anel de aço inoxidável, o qual possui um
diâmetro interno de 4,6 cm e 2,3 cm de altura, sobre uma placa de vidro. A próxima etapa
consiste na prensagem do material (figura 18), a uma pressão de 240 KPa durante 10
segundos sobre a amostra, sendo obtida uma superfície lisa e uniforme, sobre a qual é
efetuada a caracterização colorimétrica.
A seguir a leitura da reflectância é feita, no lado da pastilha que fica pressionado contra
o vidro, sendo utilizado um espectrofotômetro Minolta CM 580 d (modelo em esfera de
integração). Os resultados são visualizados com o auxílio de um computador acoplado ao
espectrofotômetro (figura 19).

Figura 17: Amostras confeccionadas pelo método tradicional.

Fonte: Varela, 2002.


48

Figura 18: Prensa utilizada na confecção de pastilhas.

Fonte: Varela, 2002.

Figura 19: Caracterização das amostras.

Fonte: Varela, 2002.

3.3.3 Testes Realizados com a Tinta Padrão Formulada:

Para caracterização da tinta padrão formulada, diferentes testes foram efetuados, os


quais estão descritos abaixo.

- Testes realizados com a tinta a úmido:


49

a) Estabilidade Acelerada:
A referência deste teste é a norma ASTM D-869, baseada na verificação da estabilidade
de estocagem de um produto pela alteração de viscosidade, firmeza, sedimentação, ou
qualquer mudança após a permanência na estufa nas condições estabelecidas.
O primeiro passo é agitar a amostra, para que a mesma seja completamente
homogeneizada. Depois, uma alíquota da mistura é transferida para uma embalagem para
estabilidade. Esta embalagem é lacrada com fita crepe sendo, em seguida, levada para a estufa
a 60°C por no mínimo 7 dias. O tempo que a amostra fica em estabilidade pode variar
conforme a necessidade. Após este período a amostra é retirada da estufa e deixada à
temperatura ambiente por cerca de 1 h. Ao abrir a embalagem é verificado se houve formação
de pele, sedimento ou separação de fases, ou qualquer outra alteração visual. Logo depois, os
testes de pH e viscosidade são efetuados.

b) Viscosidade Krebs-Stormer:
Este teste foi realizado visando determinar a consistência de uma tinta pelo uso do
viscosímetro Stormer (figura 20). Este é composto por uma roda acoplada a uma haste.
Através de um peso, com massa conhecida, preso a um cordão, a roda gira fazendo girar
também a haste. Quanto maior a massa, com mais rapidez a haste gira e quanto mais viscosa a
tinta, maior massa é necessária para fazê-la rotar (Fazenda, 1993).

Figura 20: Viscosímetro Stormer.

Fonte: Fazenda, 1993.


50

Este método segue a norma ASTM D-562. Para a realização deste ensaio, é necessário
que a temperatura da amostra esteja ajustada e mantida durante o teste a 25 ± 1°C.
Posteriormente, o recipiente contendo a tinta, é elevado à posição na qual a tinta fica no nível
da marca de graduação da haste. Após, alguns pesos de massa conhecida são colocados no
suporte, liberando a roda para girar, sendo a viscosidade obtida através da resistência
oferecida pela tinta ao giro da haste. A consistência é expressa como peso em gramas
necessário para produzir as 200 RPM padrão ou em unidades Krebs (KU), conforme tabela 5
a seguir:

Tabela 5: Viscosidade Krebs em função da massa dos pesos utilizados.


g / KU g / KU g / KU g / KU g / KU g / KU g / KU g / KU g / KU g / KU

70 53 140 70 210 83 280 93 400 104 540 115 680 124 820 132 880 135 1020 140
75 54 145 71 215 84 285 93 410 105 550 116 690 124 830 133 890 136 1030 140

80 55 150 72 220 85 290 94 420 106 560 117 700 125 840 133 900 136 1040 140
85 57 155 73 225 86 295 94 430 106 570 118 710 126 850 134 910 136 1050 141

90 58 160 74 230 86 300 95 440 107 580 118 720 126 860 134 920 137 1060 141
95 60 165 75 235 87 310 96 450 108 590 119 730 127 870 135 930 137 1070 141

100 61 170 76 240 88 320 97 460 109 600 120 740 127 880 135 940 138 1080 141
105 62 175 77 245 88 330 98 470 110 610 120 750 128 890 136 950 138 1090 141

110 63 180 78 250 89 340 99 480 110 620 121 760 129 820 132 960 138
115 64 185 79 255 90 350 100 490 111 630 121 770 129 830 133 970 139

120 65 190 80 260 90 360 101 500 112 640 122 780 130 840 133 980 139
125 67 195 81 265 91 370 102 510 113 650 122 790 131 850 134 990 140

130 68 200 82 270 91 380 102 520 114 660 123 800 131 860 134 1000 140
135 69 205 83 275 92 390 103 530 114 670 123 810 132 870 135 1010 140

Fonte: Fazenda, 1993

c) pH:
O teste de pH segue a norma ASTM D-4584-92.
Primeiramente, o potenciômetro é calibrado de acordo com a faixa desejada e
orientações do fabricante. Em seguida, o eletrodo é lavado com água deionizada e seco com
um lenço de papel, sendo imerso na tinta. O valor do pH é anotado quando o “display”
estabiliza a leitura.
As leituras de pH devem ser feitas com a amostra a 25º ± 1°C.
51

- Testes realizados com a película seca:

a) Rugosidade:
Este teste consiste na determinação do conjunto de irregularidades, ou seja, de pequenas
saliências e reentrâncias que caracterizam uma superfície. Para a realização deste teste,
primeiramente, todas as tintas foram aplicadas em uma placa de vidro, com o auxílio de um
extensor de 250 microns. Após a cura total do filme, as amostras foram analisadas através de
um rugosímetro da marca Taylor-Hobson, modelo é Surtronic 3+(figura 21), pertencente a
Universidade de Caxias do Sul. Foram realizadas três leituras em cada amostra, sendo o
resultado expresso a partir da média dos mesmos.

Figura 21: Rugosímetro.

Fonte: http://www.widiafer.com.br/images/178-951.gif.

b) Lavabilidade:
Este método, baseado na norma ASTM D-2486, tem por finalidade determinar um
procedimento acelerado de avaliação da resistência de tintas ao desgaste, causado por
esfregamento com pasta abrasiva sobre filete com ressalto.
Primeiramente, sobre uma placa de vidro e com o auxílio de um extensor de 7 microns,
a duplicada do filme é feita, em um painel de plástico preto de PVC, devidamente limpo com
álcool conhecido como leneta. Para a cura do filme, a leneta (cartela plástica de coloração
preta) com a tinta aplicada permanece à temperatura ambiente durante 7 dias.
O teste é realizado em um aparelho chamado de lavabilidade Gardner (figura 22),
devidamente nivelado.
52

O ressalto, nada mais é do que duas tiras de leneta, com 5 mm de largura, que são
fixadas no aparelho na posição horizontal do suporte. A leneta é presa ao aparelho, na posição
horizontal, sobre o ressalto já adaptado, onde são derramados 5 ml de água deionizada com o
objetivo de umedecê-la. Após, 10g de pasta abrasiva à base de sílica são pesadas sobre as
cerdas de nylon de uma escova. A escova deve ser substituída quando as pontas das cerdas,
por desgaste, tenham chegado ao tamanho de 16 mm da base. A escova é posicionada e fixada
no centro da leneta com as cerdas viradas para baixo.
O contador da máquina é zerado antes do início da contagem dos ciclos. Assim, a
escova efetua movimentos uniformes na horizontal com a mesma intensidade completando
ciclos. Após cada 400 ciclos (antes do desgaste do filme) a escova deve ser removida, e sem
enxágüe, devem ser recolocados 10 g da pasta abrasiva e 5 ml de água deionizada sobre a
leneta. O aparelho é novamente ligado e prossegue-se com o teste.
O número de ciclos é registrado no momento em que ocorreu a remoção total do filme
de tinta em uma linha contínua de 5 mm de largura. A média de ciclos entre as duplicatas
corresponde ao resultado.

leneta

Figura 22: Aparelho para teste de Lavabilidade.

Fonte: http://www.quimica.com.br/revista/qd404/atualidades2.htm

c) Brilho:
Este método foi baseado pela norma ASTM D-523 e é utilizado para medir o brilho
refletido de filmes nos ângulos de 20°, 60° e 85°. O teste é fundamentado na medida
fotoelétrica da luz refletida diretamente pela superfície de um objeto num ângulo
determinado.
53

A determinação do brilho foi realizada em aparelho chamado Brilhansímetro (figura


23), onde em uma placa de vidro, a tinta é aplicada com o auxílio de um extensor de 250
microns. Em seguida, a placa de vidro é colocada sobre uma chapa aquecida a 40°, sendo que
o tempo de cura do filme é obtido visualmente. O aparelho deve ser sempre aferido ao final de
cada operação de brilho.
Três leituras no mínimo, foram realizadas, para cada ângulo medido, sendo o resultado
expresso através da média das leituras.

Figura 23: Brilhansímetro.

Fonte: http://www.braseq.com.br/cont_rhopoint.htm.

3.4 ESTUDO DE CORRELAÇÃO ENTRE PROPRIEDADES DA CARGA E


COMPORTAMENTO DA TINTA

A partir dos dados obtidos pela caracterização das cargas minerais e da tinta padrão
formulada a úmido e película seca, tem-se a etapa final. Esta, compreendeu o estudo da
correlação entre as propriedades da carga e seu comportamento na tinta, onde no tratamento
dos dados coletados, foi empregado o software Unscrambler de Análise Multivariada de
Dados, utilizando, como dito anteriormente, a técnica multivariada de Análise de
Componentes Principais.
Com o desenvolvimento tecnológico das técnicas experimentais analíticas, e a crescente
utilização de computadores, tornou-se possível obter uma quantidade de dados até há bem
pouco tempo atrás impensável num tempo tão curto. A velocidade dos processos aumentou,
permitindo também o aumento da quantidade de dados gerados em um tempo menor, e lógico,
com muito menos trabalho manual (Ribeiro, 2001).
54

Mas os olhos e a mente humana têm suas limitações, e à medida que cresce a
quantidade de dados e as correlações entre eles, cresce também, a dificuldade de se obter
informações interessantes, e a avaliação das variáveis que mais contribuem para se extrair a
informação desejada torna-se uma tarefa cada vez mais árdua. Em geral, a escolha destas
variáveis é feita após um minucioso exame individual de cada uma e dependente muito da
experiência do profissional que está lidando com elas, sendo muitas vezes da maneira
intuitiva, e portanto muito mais suscetível à erros (Ribeiro, 2001). Neste sentido através da
utilização do software Uscrambler, foi possível, durante a fase de desenvolvimento, focalizar
mais de uma variável de cada vez, permitindo uma análise de dados com mais eficiência e
rapidez.
Para que os dados fossem inseridos no software, primeiramente, a matriz n por p foi
constituída com o auxílio do programa Excel, sendo que, as linhas da matriz (n)
representaram os seis tipos de carga mineral estudadas e, as colunas (p) foram compostas
pelas variáveis provenientes dos ensaios realizados com as cargas minerais, tintas a úmido e
película seca.
55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 TESTES EFETUADOS NAS CARGAS MINERAIS

4.1.1 Caracterização de cargas minerais por procedimentos Renner Sayerlack:

Os resultados expressos na tabela 6 são referentes aos ensaios realizados para


caracterização das cargas minerais seguindo os procedimentos adotados pela empresa Renner
Sayerlack

Tabela 6: Resultados da caracterização de cargas minerais por procedimentos Renner


Sayerlack.

GCC GCCF GCCG PCC PROTO-A CENTURY


Teor de Umidade (%) 0,06 0,10 0,02 0,03 3,74 4,80
Poder de Cobertura 5 6 5 8 10 9
Razão de Contraste 70,67 80,80 51,44 94,88 97,46 96,36
Cor 10 10 10 9 7 6
pH 9,68 9,97 10,39 9,31 8,01 8,12
Absorção de Óleo 20 18 27 68 40 41
Teor de Resíduo Solúvel
1,74 4,42 1,34 1,30 80,80 77,70
em Água (%)
Resíduo de Peneiração
0,42 1,30 0,61 0,004 0,02 ------
(%)

Conforme a tabela 6, em relação ao teor de umidade, observa-se que o caulim Century é


a carga mineral que se encontra mais úmida no seu estado natural, seguido do caulim Proto-A,
o que representa uma desvantagem em relação à compra desses minerais, devido ao
encarecimento do transporte. Além disso, durante o transporte e a estocagem dos sacos de
cargas minerais, estes são empilhados e, devido a pequenos teores de umidade residual do
processo de produção e de falhas na embalagem, as partículas das cargas podem sofrer uma
aglomeração, dificultando a dispersão das mesmas na tinta, proporcionando a formação de um
filme menos uniforme.
O poder de cobertura está representado pela figura 24. Fazano (1995) reporta que o
poder de cobertura pode ser influenciado por fatores como tamanho, forma das partículas e
índice de refração do conjunto pigmento/veículo. Geralmente os pigmentos possuem índice de
refração superiores a 2, enquanto que, em outros componentes adjuvantes numa formulação,
como as cargas, este valor atinge cerca de 1,5, denotando substâncias sem caráter de
56

recobrimento. Neste estudo, devido a todos os minerais utilizados possuírem o mesmo valor
de índice de refração (1,57), constata-se que o tamanho das partículas é o fator determinante
para a caracterização deste método, sendo que as cargas com as partículas mais finas são as
que ocultam melhor o substrato (figura 25).
Pode-se dizer, ainda, que o poder de cobertura está diretamente associado ao
espalhamento da luz. Desta forma, devido às partículas mais finas possuírem os menores
diâmetros, são capazes de preencher os espaços vazios entre as partículas mais grosseiras,
fazendo com que ocorra uma maior compactação do filme, refletindo a luz e,
conseqüentemente, proporcionando maior cobertura e razão de contraste.
Proto-A Century PCC GCC GCCF GCCG

Figura 24: Representação do Poder de Cobertura das cargas minerais estudadas.

10
Poder de Cobertura

8 Proto-A
Century
6
PCC
4 GCCF
2 GCC
0 GCCG
0.7 1.13 3.13 6.85 13.46 23.79
D50 (micrômetros)
Figura 25: Poder de Cobertura em função do D50.

A partir da realização do teste de cor, percebe-se, conforme a figura 26, que tanto o
GCC, quanto GCCF e o GCCG possuem os valores mais elevados de brancura, desta forma,
pode-se dizer que para a confecção de uma tinta, essas cargas seriam as mais indicadas, por
57

serem mais brancas, apresentam uma maior flexibilidade na formulação de cores. Além disto,
possuem maior uniformidade na cor, proporcionando economia de TiO2 e, assim, contribuindo
significativamente para a redução do custo final da tinta. Já, os caulins por apresentarem uma
coloração mais amarelada, têm seu uso restrito, pois mais de 70 % das tintas produzidas, pela
empresa na qual o estudo foi desenvolvido, são brancas.

Proto-A Century PCC GCC GCCF GCCG

Figura 26: Resultados do teste de Cor.

Através da tabela 6, nota-se que, os valores do pH medido, variaram, dependendo da


amostra, entre 8,01 e 10,39, sendo todas as cargas classificadas como básicas (pH ≥ 7), onde
que os carbonatos são mais alcalinos que os caulins.
O valor da absorção de óleo varia segundo o tamanho, natureza e estrutura das cargas
minerais. Assim, segundo a tabela 6, quanto menor o tamanho da partícula, maior será sua
área superficial por unidade de massa (valores de tamanho médio de partículas encontram-se
na figura 25). Teoricamente, devido à área por unidade de massa ser maior, maior será a
quantidade de óleo necessária para umectá-la. Percebe-se ainda, que o PCC, mesmo não
possuindo a menor granulometria, possui um elevado valor de absorção de óleo em
comparação as demais cargas. É possível que isto esteja relacionado com a sua estrutura
recristalizada, pois, por ser um material recristalizado, pode apresentar uma estrutura de
partículas mais porosa, tendendo a absorver uma maior quantia de óleo.
Em relação ao teor de resíduo solúvel em água, os caulins apresentam os maiores
resultados (tabela 6). Entretanto, estes valores devem ser olhados com uma certa reserva, pois,
por apresentarem uma granulometria bastante fina, é provável que o papel filtro utilizado para
este ensaio não tenha sido o apropriado, fazendo, desta maneira, que uma maior quantidade de
carga ultrapassasse pelos poros do mesmo.
58

4.1.2 Caracterização de cargas minerais por procedimentos LAPROM:

Na tabela 7, encontram-se os resultados obtidos pela caracterização das cargas minerais,


através dos procedimentos empregados no LAPROM.

Tabela 7: Resultados da caracterização de cargas minerais por procedimentos LAPROM.

GCC GCCF GCCG PCC PROTO-A CENTURY


D10 (µm) 1,21 0,92 4,48 0,28 0,22 0,16
D50 (µm) 13,46 6,85 23,79 3,13 0,70 1,13
D90 (µm) 31,39 16,79 41,80 9,0 1,10 5,30
Dispersão
2,24 2,31 1,57 1,64 1,26 4,55
Granulométrica
IR* 1,57 1,57 1,57 1,57 1,57 1,57
IC** 0,21 0,26 0,24 0,24 0,47 0,22
Alvura 93,94 94,21 93,12 95,59 83,20 82,77
IR* Índice de Reflectância;
IC** Índice de Cristalinidade;

As figuras 27 a 32 mostram o comportamento granulométrico de cada uma das cargas


minerais estudadas. E, as figuras 27a, até a 32a, representam as fotomicrografias de cada uma
das amostras. A figura 27, representa a curva de distribuição granulométrica do caulim Proto-
A. Constata-se que, o material apresenta 100% das partículas abaixo de ≅ 1,8 µm e, o D50
igual a 0,70 µm, indicando que sua granulometria é mais fina em relação às outras cargas
estudadas. A partir da curva granulométrica do caulim Century (figura 28), pode-se constatar
que, a mesma é representada por uma curva bimodal bastante característica, onde, percebe-se
duas distribuições de grãos. Isto pode ser também analisado através de sua fotomicrografia
encontrado na figura 28a. Pode-se dizer ainda, que o caulim Century é a amostra que
apresenta o menor valor de D10 de todo o conjunto de cargas estudadas. O GCCG, apresenta
os valores mais elevados de D50 e D90.
59

Figura 27: Distribuição Granulométrica da amostra Caulim Proto-A.

Figura 27a: Fotomicrografia da amostra Caulim Proto-A.


60

Figura 28: Distribuição granulométrica da amostra Caulim Century.

Figura 28a: Fotomicrografia da amostra Caulim Century.


61

Figura 29: Distribuição Granulométrica da amostra GCC.

Figura 29a: Fotomicrografia da amostra GCC.


62

Figura 30: Distribuição granulométrica da amostra GCCF.

Figura 30a: Fotomicrografia da amostra GCCF.


63

Figura 31: Distribuição granulométrica da amostra GCCG.

Figura 31a: Fotomicrografia da amostra GCCG.


64

Figura 32: Distribuição granulométrica da amostra PCC.

Figura 32a: Fotomicrografia da amostra PCC.


65

Em relação à variação granulométrica, conforme a tabela 7, os resultados deste teste


variaram entre 1,26 para o caulim Proto-A e, 4,55 para o caulim Century, o qual apresenta
uma maior dispersão da distribuição granulométrica.
As figuras 33 a 38, representam os difratogramas das cargas minerais estudadas, sendo
possível, através dos mesmos, identificar as fases minerais constituintes e as características
cristalinas de todas as amostras.
No caulim Proto-A, a caulinita aparece como constituinte mineral único. Apresentando
no difratograma como picos correspondente da primeira e a segunda reflexões basais 001 e
002 de 7,14 e 3,57 (Å) (figura 33).
A figura 34, apresenta o difratograma do caulim Century .Conforme pode ser visto no
difratograma, há o predomínio de caulinita, como pico de alta intensidade, bem definido, com
reflexão basal 001 de 7,14 (Å). Identifica-se, também, a presença de vermiculita, nesta
amostra.
Minerais de calcita, dolomita, quartzo, feldspato alcalino e anfibólio, estão presentes na
amostra de GCC, GCCF e GCCG. A calcita apresenta, nos difratogramas, a reflexão basal
mais elevada, em torno de 3,03 (Å). A dolomita representa a segunda maior reflexão basal em
todos estes difratogramas, em torno de 2,89 (Å) (figura 35, 36 e 37).
Na amostra de PCC, a calcita ocorre como constituinte mineral único, apresentando-se
no difratograma como pico de alta intensidade, bem definido, com reflexão basal em torno de
3,03 (Å) (figura 38).

1300

1200
Caolinita

d=7.14428
1100
d=3.57038

1000

900

800
Lin (Counts)

700

600

500

400

300
d=2.37975
d=2.33878
d=4.34452
d=4.16935

d=2.29059
d=2.56147
d=4.45119

d=2.49533

d=1.78572

d=1.48898

200
d=1.66408
d=1.99457
d=3.36789

d=1.61977

d=1.53880

d=1.43212
d=1.94119

d=1.83973

d=1.33811
d=2.74657

d=1.89366

d=1.58338

d=1.45785

100

2 10 20 30 40 50 60 70

2-Theta - Scale
Figura 33: Difratograma da amostra orientada do caulim Proto-A.
Lin (Counts)

0
Lin (Counts)

100
200
300
400
0

2
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
18000
19000
20000
21000
22000
23000
24000
25000
26000
27000
28000
29000
30000

10
d=8.45924

d=14.057 Vermiculita

20
10
d=3.84255

Quartzo
d=3.34443
d=3. 23457
Feldspato Alcalino
d=3.13100 Anfibólio

d=3.03312

30
d=2.88671 d=7.172

Calcita
d=2.67304

d=2.54092

Dolomita
d=2.48931
Caolinita

d=2.40514

d=2.28044

40
d=2.19327

2-Theta - Scale
2-Theta - Scale
d=2.08964
20

d=2.01446

d=1.90596
d=1.87036
d=1.84850

Figura 35: Difratograma da amostra GCC.


50
d=1.80482
d=1.78799 d=4.464
d=4.363

d=4.178
d=4.133
Figura 34: Difratograma da amostra orientada do caulim Century.

d=1.62217
d=1.59893

d=1.54578 d=3.850

60
d=1.52105
d=3.741

d=1.46531
d=1.43639
d=1.41694
d=1.38893
30
66

d=3.378

d=1.33622

70
Lin (Counts)

0
Lin (Counts)

100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300

0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
2

2
10

10
d=8.41775

20

20
d=4.27921
d=4.03432
d=3.85342 d=3.85629
d=3.70253 d= 3.70067

30
30
d=3.34172 Quartzo d=3.34700 Quartzo
d=3.27544
d=3.12826 Anfibólio d=3.12666 Anfibólio
d= 2.89038
d= 2.83801
d=2.84108
d=2.89240 Dolomita

d=3.02812
Calcita
d=2.67408
d=3.03143
Calcita

d=2.67512

40
d=2.54077

40

Dolomita
d=2.48962 d=2.54192
d=2.45285 d=2.49257
d=2.40587
d=2.40879
d= 2.28006

2-Theta - Scale
d=2.28240
d=2.19517

2-Theta - Scale
d= 2.15736
d=2.13326 d=2.19507

50
d=2.08857
50

d=2.01578
d= 2.09262

d=2.01740
d= 1.92250
d=1.90714
d=1.87030 d=1.92468
d= 1.90899
Figura 36: Difratograma da amostra GCCF.

Figura 37: Difratograma da amostra GCCG.


d=1.80591 d= 1.87226
d= 1.78753

60
d=1.75243 d=1.80672
d=1.78848
60

d= 1.62360
d=1.60016
d=1.57915
d= 1.62384

70
d=1.60138
d=1.59774
d=1.58265
d= 1.52106
70

d=1.54626
d=1.46759 d=1.52168
d= 1.50880
d= 1.43180
d= 1.47053
d=1.41405
d=1.38921 d= 1.43863

80
d=1.37484 d=1.41834
67

80
68

Calcita

500
d=3.03651

400
Lin (Counts)

300

200

d=2.28574

d=1.87569
d=2.09534

d=1.90973
d=2.49532
d=3.85299

d=1.60586
100

d=1.44171
d=1.41997
d=1.52587
d=1.50820
d=2.83818

d=1.62694

d=1.35742
d=1.33929
d=1.47278
0

2 10 20 30 40 50 60 70

2-Theta - Scale
Figura 38: Difratograma da amostra do PCC.

Em relação ao índice de cristalinidade (IC), os valores das amostras variaram entre 0,47
para o caulim Proto-A e, 0,21 para o GCC.
A tabela 8 ilustra os resultados da caracterização colorimétrica para os índices de alvura
e de amarelamento (Yellowness) para as amostras estudadas.

Tabela 8: Dados colorimétricos das amostras estudadas.

L* a* b* Yellowness Alvura

Proto-A 95,61 -0,18 4,99 9,21 83,02


Century 95,30 -0,02 4,57 8,60 82,77
GCC 97,88 -0,05 0,55 1,00 93,94
GCCF 98,12 -0,03 0,80 1,50 94,21
GCCG 97,66 -0,0007 0,75 1,42 93,12
PCC 98,57 -0,02 0,59 1,00 95,59

O parâmetro L* mede a luminosidade. Este dado, varia de 100, para o branco nominal, a
zero, para o preto. O parâmetro a* varia de positivo para negativo. Quanto mais positivo o
valor, indica que a cor da amostra é avermelhada e, quanto mais negativo mais verde é a cor
da amostra. O parâmetro b* varia, também, de positivo para negativo,quanto mais positivo
69

indica que a cor da amostra é mais amarelada e quanto mais negativo, mais azul é a cor da
amostra.
Segundo Varela (2002), a caracterização dos parâmetros colorimétricos das cargas
minerais é de grande importância para a incorporação destes produtos no mercado. A cor e a
homogeneidade são alguns exemplos das propriedades óticas exigidas para as cargas minerais
utilizadas nas indústrias de tintas, plásticos e papéis. Neste sentido, neste estudo, o PCC é a
carga mais indicada para ser empregada nas indústrias, pois conforme a tabela 8, o mesmo,
possui o maior índice de alvura e o menor índice de amarelamento.

4.1.3 Testes Realizados com a Tinta Padrão Formulada:

As tabelas 9 e 10 apresentam os resultados dos testes realizados coma a tinta fosca e


semibrilho, tanto a úmido quanto película seca, respectivamente.

Tabela 9: Testes efetuados com a tinta fosca.

GCC PCC GCCF GCCG PROTO-A CENTURY


Viscosidade (KU) 73 102 85 83 93 60
Lavabilidade 62,5 27,5 87 47 36,5 29
Rugosidade (µm) 52 7,33 ---- 62 36 34,80
pH 8,92 8,8 8,77 8,73 8,18 8,27
Brilho
20º 1,2 1,4 1,4 0,5 5,5 1,5
60° 1,7 2,3 2,2 1,8 1,8 4,1
85° 0,6 8,6 1,0 1,8 23 23,1
Tabela 10: Testes efetuados com a tinta semibrilho.

GCC PCC GCCF GCCG PROTO-A CENTURY


Viscosidade (KU) 78 85 81 79 82 82
Lavabilidade 152,2 95 110 155 130,5 155,5
Rugosidade (µm) 10,40 3,53 ---- 11,87 1,33 1,55
pH 8,93 9 9,11 9,56 8,94 8,81
Brilho
20° 4,7 1,9 10,1 7,4 15,7 7,3
60° 24,7 9,5 33,7 24,6 58,5 40,9
85° 23,5 25,1 43,7 21,7 92,9 83,3
70

A viscosidade para as tintas semibrilho apresentou pouca variação entre as cargas


estudadas, devido à quantidade de cada carga utilizada na formulação da tinta ser muito
pequena. Em relação à viscosidade para tinta fosca, a diferença entre os valores é mais
significativa, pois a quantidade de cada carga na formulação é bem maior que na tinta
semibrilho, fazendo com que as propriedades (granulometria, morfologia, estrutura) de cada
carga que influenciam na viscosidade sejam ressaltadas. Conforme Murray, a área superficial
das partículas possui relação com a viscosidade, ou seja, quanto menor o tamanho das
partículas maior será a viscosidade, isso pode ser comprovado pela figura 39, sendo que o
caulim Century é uma exceção. Este comportamento diferenciado do caulim Century, pode
ser, devido a sua distribuição granulométrica ser heterogênea (figura 28a), sendo que as
partículas maiores contribuem para diminuir a viscosidade.

Figura 39: Viscosidade das tintas.

Em relação a lavabilidade, as tintas foscas apresentaram menor resistência ao


esfregamento que as tintas semibrilho. Isto está relacionado com a quantidade de carga
presente na tinta fosca ser maior e a quantidade de resina presente na sua formulação. Com
um grande quantia de carga, o PVC da tinta aumenta, deixando-a mais porosa e, além disto,
por possuir pouca resina, a aderência das cargas na superfície é menor, fazendo com que suas
partículas se soltem mais facilmente quando submetidas ao atrito, afetando, assim, a
resistência do produto.
O pH em uma tinta à base d`água é uma das características fundamentais. Um pH baixo
faz com que a viscosidade seja reduzida, e vice-versa. Para uma mesma carga, uma
característica levemente alcalina, com um pH em torno de 8, é necessária para uma maior
estabilidade do material.
71

O brilho, é alterado significativamente pelo tamanho da partícula de um mineral e


quantidade de carga no sistema. Conforme Fazenda (1995), quando a tinta tem pouca carga e
seu filme seca (tinta semibrilho), a sua superfície é mais lisa porque as cargas ficam
submersas na resina. Neste sentido, pode-se perceber (tabela 10), que os caulins apresentaram
uma maior brilho a 60°, pois por serem partículas lamelares, formam um filme mais compacto
e uniforme, proporcionando um maior brilho. Já, em relação à tinta fosca, os valores
encontrados para o brilho (tabela 9), foram praticamente iguais para todas as cargas, pois, se
tratando de uma tinta fosca, a quantidade de carga utilizada é muito grande, sendo que a
superfície fica microscopicamente áspera ou rugosa, porque as cargas não conseguem ser
cobertas pela resina. Então elas afloram à superfície, que deixa de ser lisa para tornar-se
irregular, interferindo nas características do brilho. Isso explica, também os baixos valores de
rugosidade para as cargas estudadas, em relação a tintas semibrilho.

4.1.4 Resultados da correlação entre propriedades da carga e comportamento da


tinta:

Tendo feito todas as caracterizações das cargas e das tintas, conforme citado
anteriormente, a matriz de dados foi montada. Após, as variáveis foram subdivididas em dois
grupos distintos:
a) O primeiro grupo, foi chamado de Variáveis de Controle (VC). Foi composto pelas
variáveis que possuem características inerentes a amostra. Como, por exemplo,
granulometria (D10, D50 e D90), pH, absorção em óleo, rugosidade, viscosidade,
índice de forma (IF), índice de cristalinidade (IC), índice de refração (IR), alvura e
espectro de reflectância (ER);
b) O segundo grupo, conhecido como Variáveis Resposta (VR), foi constituído pelas
variáveis que são dependentes das VCs. Como, por exemplo, brilho, rugosidade,
razão de contraste, poder de cobertura e lavabilidade.
O próximo passo foi, correlacionar cada VR com o máximo possível de VCs, resultando
para as VRs acima mencionadas, as seguintes correlações, apresentadas na tabela 11:
72

Tabela 11: Correlações entre as VRs e as VCs.


Variável Resposta Variável Controlada Correlacionada
Brilho* D50, absorção em óleo e rugosidade
Rugosidade** D50, absorção em óleo e viscosidade
Razão de Contraste D50, absorção em óleo e viscosidade
Poder de Cobertura Não houve correlação
Lavabilidade Não houve correlação
*O brilho utilizado foi a 60°.
**Rugosidade, dependendo da análise, tanto pode ser uma VC como uma VR. Ela é VC, quando é
encarada como um parâmetro inerente à película seca. E é uma VR, quando são levados em consideração
parâmetros como a granulometria, para a sua quantificação.

Após a definição dos parâmetros que influenciam em cada VR, seguiu-se a análise
propriamente dita no software para fazer a ACP.

4.1.5 Análise de Componentes Principais (ACP)

Após a definição dos parâmetros que influenciam em cada VR, seguiu-se a análise
propriamente dita no software utilizado para esta finalidade.

1-Variável Resposta: Rugosidade da Tinta Semibrilho:


Para este sistema foram avaliadas cinco amostras e quatro variáveis (uma VR e três
VCS). Na figura 40, encontra-se o mapa das variáveis nas duas primeiras componentes
principais. Juntas representam 99% da informação total, sendo que a PC1 corresponde por 88
% da variância e a PC2 com 11 %

Figura 40: Mapa das Variáveis para Rugosidade TSB.


73

Figura 41: Mapa das Amostras para Rugosidade TSB.

Analisando-se o mapa das variáveis (figura 40) percebe-se que, para o sistema em
estudo, as variáveis de controle parecem ter o mesmo grau de influência (peso) sobre a
variável resposta. Pode-se constatar ainda, que a rugosidade apresenta comportamento
diretamente proporcional ao diâmetro médio de partículas e inversamente proporcional a
absorção a óleo e a viscosidade.
Pela análise do mapa das amostras (figura 41), pode-se constatar que ocorreram duas
divisões. Analisando-se somente em relação a PC1, percebe-se que esta divisão aconteceu em
função da granulometria, ou seja, verifica-se que as partículas mais grosseiras (GCC e GCCG)
encontram-se no lado oposto do eixo das partículas mais finas. A segunda divisão refere-se as
famílias das amostras. Os tipos de amostras, GCCG, PCC e caulins ficam bem evidenciados.
Com relação ao PCC, mesmo apresentando um elevado valor de absorção a óleo (tabela 6), o
valor de sua viscosidade influencia para que sua posição seja deslocada.
Como dito anteriormente, a rugosidade representa pequenas irregularidades que
caracterizam uma superfície. Neste sentido, quando se trabalha com uma tinta semibrilho,
deseja-se que essas irregularidades sejam minimizadas. Assim, analisando-se os dois gráficos
simultaneamente, pode-se constatar que para obter valores mais baixos de rugosidade, deve-se
trabalhar com partículas mais finas mas que, por outro lado aumentam a absorção a óleo,
tornam o meio mais viscoso. Desta forma, analisando-se a tabela 7, percebe-se que os caulins
são as cargas minerais mais finas, e ainda, conforme tabela 10 apresentam os menores valores
de rugosidade para a tinta semibrilho, comprovando desta maneira o que os dois gráficos
ilustram. Pode-se dizer ainda, que o uso do caulim Proto-A ou do caulim Century é
indiferente, para a tinta semibrilho, pois as mesmas são fortemente correlacionadas possuindo
74

similar importância ao longo da PC1 e PC2. Constata-se ainda que, o GCC e o GCCG por
serem, partículas mais grosseiras, deixam a película mais rugosa.

2 - Variável resposta: Rugosidade da Tinta Fosca


Para este sistema foram avaliadas cinco amostras e quatro variáveis (uma VR e três
VC). Utilizaram-se duas componentes principais sendo que a PC1 respondeu por 73 % da
variância e a PC2 com 23 %.

Figura 42: Mapa das Variáveis para Rugosidade TF.

Figura 43: Mapa das Amostras para Rugosidade TF.

Ao se comparar o mapa das variáveis para a tinta fosca (figura 42) em relação ao mapa
das variáveis para a tinta semibrilho (figura 40), pode-se perceber que, já não sustentam as
mesmas correlações. A partir deste gráfico pode-se perceber ainda, que a em relação a PC1,
ou seja, no eixo de maior variabilidade, a absorção a óleo é a variável que mais contribui
75

(logo apresenta maior peso) para essa variabilidade. Entretanto em relação a PC2, a
viscosidade apresenta o maior influência na variabilidade. Percebe-se ainda, assim como
ocorre para a tinta semibrilho, a rugosidade e a granulometria são diretamente proporcionais.
Para o mapa das amostras (figura 43), analisando-se em relação a PC1, pode-se perceber
que, novamente, as amostras são divididas entre grossos e finos. Ainda é possível, uma certa
distinção entre os tipos de amostras, mas não com a mesma evidência como ocorre para a tinta
semibrilho.
Quanto analisados juntos, percebe-se que as amostra de GCC e GCCG, encontram-se
localizadas, em relação ao mapa das variáveis, no mesmo quadrante que estão a rugosidade e
a granulometria. Neste sentido, pode-se dizer, que quanto mais grossa a granulometria da
amostra, maior será seu valor de rugosidade. Estes gráficos mostram ainda, que a rugosidade e
a granulometria apresentam um comportamento inversamente proporcional à absorção a óleo
e a viscosidade. Neste sentido, pode-se constatar que, por serem maiores, possuem uma menor
área superficial por unidade de massa e, logo, necessitarão uma menor quantidade de óleo
para umecta-las. Ainda, em uma tinta fosca, a quantidade das cargas presentes no sistema está
em excesso, logo, as propriedades de cada carga se intensificam, fazendo com que, por
exemplo, o comportamento dos caulins neste tipo de tinta, se diferenciam do comportamento
apresentado na tinta semibrilho. Como as VCs não têm o mesmo peso, amostras com grandes
diferenças da mesma VC são significativas. Isto é evidenciado pelos caulins que possuem
absorção em óleo praticamente igual (tabela 6), entretanto a diferença na viscosidade, para a
tinta fosca, é bem acentuada (tabela 10), fazendo com que o caulim Proto-A se “desloque” no
sentido da viscosidade. Em relação ao PCC , apesar de possuir um maior valor de D50 ( tabela
7 ) isso, pode ser devido a seu elevado valor de absorção a óleo.

3- Variável resposta: Brilho 60° da Tinta Semibrilho


Para este sistema foram avaliadas cinco amostras e quatro variáveis (uma VR e três
VC). Utilizaram-se duas componentes principais sendo que a PC1 respondeu por 71 % da
variância e a PC2 com 27 %. Ou seja, as duas PCs explicam 98 % da variabilidade do sistema.
76

Figura 44: Mapa das variáveis para Brilho 60° TSB.

Figura 45: Mapa das Amostras para Brilho 60° TSB.

O mapa das variáveis (figura 44), mostra que para a PC1 o brilho a 60° varia
proporcionalmente a absorção a óleo, sendo inversamente proporcional ao D50 e a rugosidade.
As VCs possuem pesos quase iguais, sendo a rugosidade apresentando o maior valor.
Analisando-se o gráfico das amostras (figura 45), pode-se constatar que as amostras, em
relação aos eixos das CPs, foram, novamente, divididas em relação a granulometria.
Em relação aos dois gráficos, observa-se que, os caulins proporcionam o melhor brilho
e uma granulometria bastante fina, apresentando ainda uma menor rugosidade. Percebe-se,
ainda que, o PCC, por ser um material de granulometria fina (tabela 7), também deveria
apresentar um valor mais elevado de brilho, entretanto, devido a quantidade de óleo absorvida
por esta carga ser muito alta (tabela 6), faz com que uma maior quantidade de resina seja
consumida, reduzindo, assim, o valor do brilho.
77

Sabe-se que, em uma tinta semibrilho, a quantidade de carga utilizada é pouca, sendo
que a resina encontra-se em excesso. Neste sentido, acredita-se que, os caulins, por
apresentarem uma estrutura lamelar, se depositariam de maneira mais uniforme no filme,
tornando-o mais compacto, menos rugoso e, provavelmente, apresentaria um maior brilho. É
possível dizer, através da interpretação dos gráficos das amostras (figura 45) e das variáveis
(figura 44) que, um maior brilho para uma tinta semibrilho, poderia ser alcançado, quando,
utilizadas cargas mais finas conferindo ao filme menor rugosidade.

4 - Variável resposta: Brilho 60º da Tinta Fosca


Para este sistema foram avaliadas cinco amostras e quatro variáveis (uma VR e três
VC). Utilizaram-se duas componentes principais sendo que a PC1 respondeu por 73 % da
variância e a PC2 com 20 %.

Figura 46: Mapa das Variáveis para Brilho 60° TF.

Figura 47: Mapa das Amostras para Brilho 60° TF.


78

O mapa das variáveis (figura46) mostra um grande equilíbrio entre as variáveis quando
comparadas em relação a PC1, logo, pode-se dizer que todas as variáveis apresentam uma
grande influência na variabilidade. Percebe-se ainda, que o brilho a 60º da tinta fosca é
diretamente proporcional a absorção a óleo e, inversamente proporcional a rugosidade e o D50.
Para este sistema, o brilho é uma composição das três variáveis.
Pelo mapa das amostras (figura 47), percebe-se, em relação a PC1 que as amostras
foram divididas em relação a granulometria e, pode-se verificar,também, a formação de dois
grupos distintos, ou seja, de um lado encontram-se os caulins e do outro os carbonatos.
Analisando-se os gráficos simultaneamente, pode-se constatar que os carbonatos
apresentam uma granulometria mais grosseira e, além disso, apresentam uma superfície mais
rugosa, absorvendo menor quantidade de óleo, proporcionando, assim, um brilho menor.

5- Variável resposta: Razão de Contraste


Neste sistema foram avaliadas seis amostras e três variáveis (uma VR e duas VC).
Utilizaram-se duas componentes principais sendo que a PC1 respondeu por 90 % da variância
e a PC2 com 9 %. Neste caso, pode-se dizer que somente a PC1 é responsável por
praticamente toda a variabilidade do sistema.

Figura 48: Mapa das Variáveis para Razão de Contraste.


79

Figura 49: Mapa das Amostras para Razão de Contraste.

Pelo mapa das variáveis (figura 48) é possível verificar que, a razão de contraste tem
comportamento diretamente proporcional a absorção a óleo e, inversamente proporcional ao
D50.
Em relação ao mapa das amostras (figura 49), verifica-se que o mesmo diferencia os
três tipos de amostra e, percebe-se ainda, em relação a PC1, ocorre uma divisão em relação à
granulometria. Ainda, pode-se constatar, que para este sistema, os caulins estão fortemente
correlacionados.
A partir da análise conjunta dos gráficos, percebe-se que as amostras de caulim,
encontram-se localizadas, em relação ao mapa das variáveis, no mesmo quadrante que a
variável razão de contraste e, estão em oposição a variável D50. Neste sentido, pode-se dizer
que, quanto mais fina a granulometria da amostra, maior será o valor de razão de contraste
obtido. Verifica-se, também, que o PCC, devido a sua granulometria, deveria possuir uma
melhor razão de contraste, entretanto, pela alta absorção a óleo, isto não se verifica. Ainda, o
GCCF apresenta pouca influência, em relação a PC1, podendo, desta forma, ser considerado
como uma carga inerte, em termos de razão de contraste.
80

6 - Variável resposta: Razão de Contraste


Para este sistema foram avaliadas seis amostras e quatro variáveis (uma VR e três VC).
Utilizaram-se duas componentes principais sendo que a PC1 respondeu por 70 % da variância
e a PC2 com 24 %.

Figura 50: Mapa das Variáveis para Razão de Contraste (3 VC).

Figura 51: Mapa das Amostras para Razão de Contraste (3 VC).

A partir do mapa das variáveis (figura 50), percebe-se que as variáveis apresentam
pesos diferentes. Verifica-se que, a PC1 sofre uma maior influência do D50 e da absorção a
óleo. Em relação a PC2, pode-se verificar que o D50 não apresenta nenhuma influência sobre
a mesma, ao passo que, a dispersão granulométrica possui a maior contribuição para a
variabilidade deste eixo.
81

Pela análise do mapa das amostras (figura 51), pode-se constatar que, em relação a PC1,
ocorreu uma divisão em função da granulometria, ou seja, as amostras mais finas encontram-
se do lado oposto do eixo das partículas mais grosseiras. Verifica-se, também, que o GCCF,
novamente, apresenta um comportamento mediano, tanto para a PC1, quanto para a PC2.
Ainda, constata-se que os caulins, apesar de possuírem o valor da razão de contraste muito
parecido, aparecem em posições opostas em relação a PC2.
Avaliando-se os gráficos simultaneamente, observa-se que, os caulins apresentam a
melhor razão de contraste. Entretanto, com a introdução de uma variável, que leva em
consideração a dispersão da distribuição granulométrica, o caulim Century possui sua razão
de contraste prejudicada.
82

5. CONCLUSÕES

As conclusões obtidas nesse trabalho foram:


a) Foi possível através da aplicação da técnica de Análise de Componentes Principais
(PCA), obter algumas correlações entre as propriedades das cargas minerais e as
propriedades da tinta;
b) O PCC sozinho não otimiza propriedades como lavabilidade, brilho e razão de
contraste. No teste de rugosidade, para a tinta fosca, apresentou os menores valores
(7,33 µm para o PCC e 34,80 µm para o segundo melhor resultado, no caso, os
caulins). Por ser sintético, apresenta comportamento diferenciado das demais cargas;
c) A indústria de tintas se baseia em uma escala para medir o parâmetro cor (o quão
branco é esta carga). Os valores da escala variam de 0 a 10. Os caulins, por possuírem
um elevado índice de amarelamento, não atingiram os valores máximos deste
parâmetro, ao contrário do GCC, GCCF e GCCG que alcançaram as notas máximas,
sendo desta forma as cargas mais indicadas para serem utilizadas;
d) Para a tinta semibrilho, com relação ao teste de viscosidade, todas as cargas estudadas
apresentam valores aproximados, logo, pode-se dizer que as cargas apresentam uma
pequena influência para a viscosidade desta tinta;
e) O GCCF, quando comparado com o restante das cargas, tem um comportamento
mediano, ou seja, ao aplicar a técnica de Análise Multivariada, pecebeu-se que esta
carga, não apresenta grande influência para a variabilidade do sistema, podendo,
então, ser utilizado como filler, proporcionando uma maior economia de material;
f) A partir do fracionamento do GCC, algumas propriedades da tinta fosca e semibrilho
foram otimizadas. Para tinta fosca as propriedades otimizadas foram: a razão de
contraste, poder de cobertura e lavabilidade e, em relação à tinta semibrilho as
propriedades foram: o brilho, alvura e absorção a óleo, logo, o fracionamento do GCC,
é uma boa opção quando se deseja otimizar tais propriedades nas tintas;
g) Para uma tinta semibrilho, os caulins apresentaram os melhores resultados a 60° para a
tinta semibrilho e, também, otimizaram a razão de contraste, principalmente, com a
utilização do caulim Proto-A. Na tinta fosca, o caulim Proto-A, contribui para
diminuição do brilho. Ainda, tanto o caulim Century, quanto o caulim Proto-A
apresentam o melhor poder de cobertura. Resultados como estes fizeram com que a
empresa Renner Sayerlack começasse a pensar em utilizar mais os caulins em suas
formulações;
83

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido foi todo baseado num banco de dados contendo apenas seis
cargas. Apesar do pouco volume de amostras, os resultados encontrados, são coerentes
atestando a consistência da metodologia. Entretanto, a implementação do banco de dados com
um número maior cargas tornaria o estudo mais robusto e valioso.
Conforme as considerações feitas na reunião Renner Sayerlack S/A e LAPROM, novas
cargas minerais, dando ênfase às cargas produzidas o Rio Grande do Sul, estão sendo
pesquisadas para possível uso na fase subseqüente do estudo. Algumas das cargas passíveis de
pertencer no estudo seriam, caulim (delaminado e calcinado), GCC dolomítico, agalmatolito,
talco e magnesita.
Além da incorporação de novas cargas, também se faz necessário à inclusão de testes de
repetibilidade e reprodutibilidade para as tintas utilizadas nos ensaios.
Outro aspecto a ser abordado é a inclusão de variáveis de controle ou a implementação
das variáveis até então utilizadas, como por exemplo o índice de forma, dados
espectrocolorimétricos.
84

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