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EFICIÊNCIA FINANCEIRA NAS ACTIVIDADES DE ABATE E ARRASTE EM UMA

CONCESSÃO DE FLORESTA DE MIOMBO. ESTUDO DE CASO: CONCESSÃO


FLORESTAL SOTOMANE LDA, DISTRITO DE MOCUBA

COSTA GRAÇA AUGUSTO NBAZO


UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

EFICIÊNCIA FINANCEIRA NAS ACTIVIDADES DE ABATE E ARRASTE EM UMA


CONCESSÃO DE FLORESTA DE MIOMBO. ESTUDO DE CASO: CONCESSÃO
FLORESTAL SOTOMANE LDA, NO DISTRITO DE MOCUBA

COSTA GRAÇA AUGUSTO NBAZO

MOCUBA

2023
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

EFICIÊNCIA FINANCEIRA NAS ACTIVIDADES DE ABATE E ARRASTE EM UMA


CONCESSÃO DE FLORESTA DE MIOMBO. ESTUDO DE CASO: CONCESSÃO
FLORESTAL SOTOMANE LDA, NO DISTRITO DE MOCUBA.

Autor: Costa Graça Augusto Nbazo


Supervisor: Engo. Paulo Mabica Búndua (MSc)

Monografia submetida à Faculdade de


Engenharia Agronómica e Florestal,
Departamento de Engenharia Florestal
da Universidade Zambeze, Mocuba,
em parcial cumprimento dos requisitos
para a obtenção do grau de
Licenciatura em Engenharia Florestal.

MOCUBA

2023
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Eu, Costa Graça Augusto Nbazo, declaro que esta monografia é resultado do meu próprio
trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia Florestal
na Universidade Zambeze. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para
avaliação em nenhuma outra Universidade.

__________________________________________________________

(Costa Graça Augusto Nbazo)

Mocuba,______ de__________________ de 2023


Em memórias de:

Meus pais:

Graça Augusto Nbazo e Marta João Sango

Minhas Tias:

Josefa Augusto Nbazo

Angelina João Sango

Lúcia João Sango

Meu Primo

Viera Celestino
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço ao Pai celestial, criador dos céus, da terra e de tudo quanto nele
existe, o bom e todo-poderoso Deus, pela vida, saúde e suporte na minha caminhada, pelos
momentos bons e ruins em que ele sempre esteve torcendo e cuidando de mim.

Aos meus segundos pais (Irmãos) Augusto Graça Nbazo, Júlia Graça Augusto Nbazo, Josefa
Graça Nbazo, Raquel Graça Nbazo, Angelina Graça Nbazo, pelo apoio moral e financeiro na
minha formação até na elaboração desta monografia, pelos ensinamentos e conselhos que sempre
mim tem dado, ao meu irmãozinho Alberto Nbazo pelo companheirismo e incentivo.

A todos(a) sobrinhos (a) e primos(a): Neusa, Octávio, Jezlin, Raquelinha, Ester, Lizleine,Junior,
Bibila, Castro, Cleusio, José, Munhal, Mãe, Nano, Torrinha, Mário, João (Nelson) agradeço pelos
sorrisos que tem sempre demostrado pra mim e que sigam o exemplo nas mais diversas áreas da
vida.

Aos meus tios e tia: José Nbazo, Celestino, Armindo, Mana Mane, Rosa João, pelo incentivo e
credibilidade,

A todos os docentes e funcionários do curso de licenciatura da FEAF da UNIZAMBEZE, pela


contribuição na minha formação, em particular aos que directas ou indirectamente
acompanharam-me ao longo do curso.

Ao meu supervisor Engo. Paulo Mabica Búndua (MSc), pelo apoio e rigor na condução do
estudo, pela disponibilidade e atenção dedicada à discussão, correcção do trabalho e pelo imenso
conhecimento compartilhado.

Especial agradecimento vai para minha namorada Constância Morais, pelo apoio, compressão e
por compartilhar absolutamente todas as dificuldades e vitórias em todos os momentos da minha
vida.

Aos meus colegas: Jone Andinahama, Inácio João, Tobias Maurício, Sonata Valério, Edmilson
Bene, Cenelio Chirinza, Alexandra Nhacudime, Otília Mário, Francisco Pafira, Paulo Manjor,
Elias Sumaila, Marcelo Mathombe, Obede João, Rui Daniel, Hulda Dombole, Celso Biseque,
Filipe Baera, Gussul Luís, Inácio Boi, Adil, Ricardo Fraque, Galiano Soruma, Chinga Alberto e
Latifo, pela amizade, e pelos momentos bons compartilhados fazendo com que a caminhada fosse
mais leve e alegre embora diante dos desafios encontrados.

Aos meus amigos: Hélder Mundoreva, Ferrão Muzi, Joseph José, Ogan Mujovo, Julieta Fazver,
Baptista Matandire, Hamilton Mucanzi, Latifo dos Santos, Wasten Sunzumua, Stanly Francis,
Julieta Fazver, pelos bons momentos que passamos juntos.

A todos, o meu sincero

Muito obrigado.
EPÍGRAFE

1.Senhor tu me sondas e me conheces.

2.Sabes quando me assento e quando me


levanto.

13.Pois tu formaste o meu interior, tu me


teceste no seio de minha mãe

14. Graças ti dou, visto que por modo


assombrosamente maravilhoso me
formaste; as tuas obras são admiráveis.

Salmos 139:1,2,13,14

Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida


ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................i

LISTA DE TABELAS .....................................................................................................................i

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS .......................................................... ii

LISTA DE APÊNDICES .............................................................................................................. iii

I. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1. Contextualização ................................................................................................................... 1


1.1. Problema e justificativa do estudo ........................................................................................ 2
1.3. Objectivos ............................................................................................................................. 3
1.3.1. Geral: .............................................................................................................................. 3

1.3.2. Específicos: .................................................................................................................... 3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 4

2.1. Caracterização do Sector Florestal em Moçambique............................................................ 4


2.2. Exploração florestal em Moçambique .................................................................................. 4
2.3. Colheita florestal ................................................................................................................... 5
2.3.1. Corte florestal ................................................................................................................. 5
2.3.2. Importância do corte florestal ........................................................................................ 5
2.4. Arraste ................................................................................................................................... 5
2.5. Análise económica ................................................................................................................ 6
2.5.1. Componentes dos custos operacional da actividade de exploração florestal ................. 6
2.6. Eficiência .............................................................................................................................. 8
2.6.1. Eficiência financeira ....................................................................................................... 8
2.6.2. Eficiência florestal.......................................................................................................... 8
2.6.3. Análise de eficiência florestal ........................................................................................ 8
2.6.4. Práticas de melhor eficiência financeira......................................................................... 9
III. MATERIAS E MÉTODOS .................................................................................................. 10
3.1. Caracterização da área de estudo ........................................................................................ 10
3.1.1. Clima e Vegetação ....................................................................................................... 11
3.1.2. Precipitação .................................................................................................................. 11
3.1.3. Topografia e solos ........................................................................................................ 11
3.1.4. Fauna ............................................................................................................................ 12
3.2. Descrição das actividades operacionais de abate e arraste ............................................ 12
3.2.1. Actividade de abate ...................................................................................................... 12
3.2.2. Actividade de arraste .................................................................................................... 13
3.3. Amostragem ........................................................................................................................ 15
3.4. Recolha de dados ................................................................................................................ 15
3.5. Análise económica .............................................................................................................. 16
3.5.1. Custos operacionais das actividade de abate e arraste ................................................. 16
3.6. Custos unitários de produção .............................................................................................. 18
3.6.1. Estimativa da produtividade tecnológica das actividades de abate e arraste ............... 18
3.6.2. Custos unitários de produção de abate e arraste ........................................................... 18
3.7. Custos unitários efectivos e margem de lucro da empresa ................................................. 19
3.7.1. Custos unitários efectivos............................................................................................. 19
3.7.2. Margem de lucro da empresa ....................................................................................... 19
3.8. Ponto de equilíbrio .............................................................................................................. 20
3.9. Processamento e análise de dados ...................................................................................... 21

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 22

4.1. ACTIVIDADE DE ABATE ............................................................................................. 22


4.1.1. Análise Económica da Actividade de Abate ................................................................ 22
4.1.2. Custos unitários de produção da actividade de abate ................................................... 24
4.1.3. Custos unitários efectivos e margem de lucro da actividade de abate ......................... 25
4.1.4. Ponto de equilíbrio da actividade de abate ................................................................... 27
4.2. ACTIVIDADE DE ARRASTE ........................................................................................ 28
4.2.1. Analise Económica da Actividade de Abate ................................................................ 28
4.2.2. Custos unitários de produção da actividade de arraste ................................................. 29
4.2.3. Custos unitários efectivos e margem de lucro da actividade de arraste ....................... 30
4.2.4. Ponto de equilíbrio da actividade de Arraste ............................................................... 31
4.3. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS DUAS ACTIVIDADES ............................. 32
4.3.1. Custos unitários de produção nas duas actividades ...................................................... 33
4.3.2. Custos unitários efectivo e margem de lucro ............................................................... 33
4.3.3. Ponto de equilíbrio ....................................................................................................... 34

V. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 35

VI. RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................... 36

VII. REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 37


RESUMO

O trabalho teve lugar em uma concessão de floresta de Miombo, localizada no posto


administrativo de Namanjavira, distrito de Mocuba. Este trabalho teve como objectivo, avaliar a
eficiência financeira nas actividades de abate e arraste em actividade de exploração florestal. Para
o efeito aplicou-se a amostragem sistemática, onde foram efectuadas medições de toros com uma
fita métrica (diâmetros e comprimentos), e para o cálculo do volume foi determinado com base
no método de Smalian. Os parâmetros avaliados foram: Custos operacionais, Custos unitários de
produção, Custos unitários Efectivos, a margem de lucro e o ponto de Equilíbrio. Os dados foram
processados e analisados pelo programa Microsoft Excel 2010. Os resultados do estudo revelam
que a actividade de abate apresentou custos totais das operações inferiores (699,65 Mt/he) em
relação a actividade de arraste (5 136,68 Mt/he), o custo unitário de produção para a actividade
de abate também observou-se valor baixo (54,15 Mt/m3) quando comparado com a actividade de
arraste (837,55 Mt/m3). Os custos unitários efectivos para as duas actividades em análise foi de
563,83 Mt/m3 e de 367,61 Mt/m3 para o abate e arraste respectivamente, a margem de lucro para a
actividade de abate foi de 14 436,17 Mt/m3 e de 14 632,39 Mt/m3 para o arraste e o ponto de
Equilíbrio foram de 0,01 m3/ano e 0,83 m3/ano, para as actividades de abate e arraste
respectivamente. Com as receitas geradas com a venda de madeira foi possível saber os ganhos
financeiros obtidos com essas actividades e são suficientes para cobrir os custos operacionais e
gerar lucros.

Palavras-Chave: Eficiência financeira, margem de lucro, ponto de equilíbrio.


ABSTRACT

The work took place in a Miombo forest concession, located in the administrative post of
Namanjavira, Mocuba district. This work aimed to evaluate the financial efficiency in felling and
dragging activities in forestry activities. For this purpose, systematic sampling was applied,
where log measurements were made with a tape measure (diameters and lengths) to calculate the
volume based on the Smalian method. The parameters evaluated were: Technological
productivity, Operating costs, Unit production costs, Effective unit costs, profit margin and
break-even point. The data was processed and analyzed using the Microsoft Excel 2010 program.
The results of the study reveal that the The slaughter activity presented lower total operational
costs (699.65 Mt/he) in relation to the dragging activity (5 136.68 Mt/he), the unit cost of
production for the slaughter activity was also low (54.15 Mt/m3) when compared to the dragging
activity (837.55 Mt/m3). The effective unit costs for the two activities under analysis were 563.83
Mt/m3 and 367.61 Mt/m3 for slaughtering and dragging, respectively, the profit margin for the
slaughtering activity was 14,436.17 Mt /m3 and 14,632.39 Mt/m3 for dragging and the break-
even point were 0.01 m3/year and 0.83 m3/year, for slaughtering and dragging activities,
respectively. With the revenue generated from the sale of wood, it is possible to know whether
the financial gains obtained from these activities are sufficient to cover operational costs and
generate profits.

Keywords: Financial efficiency, profit margin, break-even point.


LISTA DE FIGURAS

Conteúdo Páginas

Figura 1: Mapa da área de estudo na Província da Zambézia, em Moçambique ........................ 10


Figura 2. Abate de árvore com Motosserra .................................................................................. 12
Figura 3: Formar carga e Arraste do toro até a junta ................................................................... 14
Figura 4: Custos unitários comparativos de produção das actividades de abate ......................... 24
Figura 5: Distribuição dos custos operacionais no arraste do toro usando tractor agrícola ......... 28

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Categorias da Análise de Eficiência................................................................................ 9


Tabela 2. Medidas e benefícios das práticas de melhor eficiência financeira ................................ 9
Tabela 3. Componentes do custo e seus cálculos ......................................................................... 17
Tabela 4. Custos operacionais de motosserra na execução de corte ............................................. 22
Tabela 5. Custos unitário efectivo da actividade de abate ............................................................ 25
Tabela 6. Custos unitários comparativos de produção na actividade de arraste ........................... 29
Tabela 7. Composição dos custos unitário efectivo da actividade de arraste ............................... 30
Tabela 8. Comparação das actividades parciais de abate e arraste ............................................... 32

i
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

ASAE Sociedade Americana de Engenheiros Agronomos

BEP Ponto de equilíbrio

DM Diâmetro Médio

DMC Diâmetro mínimo de corte

DNFFB Direção Nacional de Floresta e Fauna Bravia

Eq Equação

FAO Food and Agriculture Organization

FF Factor de Forma

IC Intervalo de Confiança

IMA Investimento Médio Anual

m3 Metros cúbicos

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

OFS Os operadores Florestais Simples

PEDDM Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito de Mocuba

PIB Produto Interno Bruto

SPFFBZ Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da Zambézia

ii
LISTA DE APÊNDICES

Apêndices 1: Tempo médio gasto por ciclo nas actividades de abate de árvores utilizando
motosserra. .................................................................................................................................... 42
Apêndices 2: Ficha de colecta de dados referentes a custos operacionais actividade de abate ... 42
Apêndices 3: Determinação da Produtividade tecnológica e Custos operacionais da Actividade
de Abate ........................................................................................................................................ 43
Apêndices 4: Ficha de colecta de dados referentes a custos operacionais da actividade de arraste
....................................................................................................................................................... 44
Apêndices 5: Determinação da Produtividade tecnológica e Custos operacionais da Actividade
de Abate ........................................................................................................................................ 45

iii
Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

I. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

A cobertura florestal do planeta reduziu se em 178 milhões de hectares no período de 1990-2020,


actualmente conta com uma extensão de pouco menos de 4 mil milhões de hectares; a África
reduziu em 3,9 milhões de hectares, no período de 2010-2020 (FAO, 2020). Em Moçambique, a
cobertura florestal reduz continuamente ao longo do tempo, no período de 2001-2016, observou-
se uma perda de cerca de 2,97 milhões de hectares (FAO, 2020). Contudo, os países
desenvolvidos têm-se preocupado em aumentar as áreas de florestas, enquanto a perda florestal
persiste nos países tropicais (Chandamela, 2021).

Apesar do grande potencial florestal que o país apresenta, a sua contribuição para o PIB varia de
2 a 4%, uma contribuição considerada bastante reduzida; a taxa de desmatamento anual é
bastante alta, variando de 0,21 a 0,58% (Bandeira et al, 2012; MICOA, 2011).

A produção de madeira em Moçambique é considerada uma força motriz do desenvolvimento


industrial nas áreas rurais, tendo potencial para criar uma base económica e estrutural para a
pequena indústria e artesanato e para oferecer oportunidades de emprego DEJENE (1991).

A colheita comercial reivindica legitimidade por meio de seus benefícios económicos


antecipados. No entanto, informações específicas sobre sua eficiência são escassas e precisam ser
estabelecidas por meio de pesquisas aplicadas (FAO, 1998).

No sector florestal, uma das actividades considerada mais importante é a colheita florestal, visto
ser a mais onerosa em termos de custo de produção (ARCE, 2004). A colheita florestal, segundo
MACDONAGH e FRIEDL (2004), representa a operação final de um ciclo de produção florestal,
na qual são obtidos os produtos mais valiosos, constituindo um dos factores que determinam a
rentabilidade florestal.

A colheita florestal é a que também mais sofre o processo de mecanização, de acordo com
FONTES (1996), as principais causas da crescente mecanização desta actividade são a busca do
aumento da produtividade e a necessidade de redução dos custos de produção, aumentando assim
a eficiência financeira da colheita florestal. Entretanto, este processo de mecanização requer

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

investimentos iniciais muito altos e, dependendo da forma de condução do sistema, pode haver
grande desvalorização do produto final FRIEDL (2004).

A redução dos custos da colheita é, segundo REZENDE et. al. (1997), vital para qualquer
empresa, uma análise detalhada e por partes dos custos nos diferentes métodos de colheita tem
um papel importante no entendimento dos mesmos, além de facilitar os estudos com o objectivo
de reduzi-los. Logo, o aumento da qualidade, a racionalização dos processos e a optimização de
custos são itens de suma importância para um melhor desempenho desta actividade.

1.1. Problema e justificativa do estudo

As florestas naturais em Moçambique são vastas e ricas em biodiversidade, são dominadas por
baixos níveis de estocagem de espécies de madeira comercial e baixo incremento de biomassa de
madeira. A distribuição dispersa dos recursos madeireiros nas florestas naturais afecta
particularmente a exploração florestal comercial devido a longas distâncias de acesso. Com o
aumento da distância, os custos de exploração e transporte pode perder progressivamente o valor
in-situ do recurso até um ponto em que o uso comercial torna se inviável economicamente
(HYDE et al. 1996).

A província da Zambézia concretamente no distrito de Mocuba segundo o SPFFBZ (2015),


apresenta um total de 15 indústrias (pequeno porte) processadoras de madeira, das quais 6
possuem concessões florestais. No entanto, a irracionalização nas actividades de exploração
florestal aliada a falta de informações sobre a eficiência Financeira e desempenho operacional
reduz a capacidade produtiva dos equipamentos de exploração florestal o que ocasiona elevados
custos e baixa produtividade (Simonhane, 2013).

Na concessão florestal Sotomane Lda verifica-se altos custos de exploração, pouco investimento
nacional e internacional, difícil acesso a tecnologia, falta de capital humano experiente e falta de
informações e dados disponíveis sobre a eficiência financeira nas actividades de abate e arraste ,
o que leva a empresa a investir muito nos seus empreendimento (DNAF, 2015).

Segundo a concessão florestal Sotomane Lda, a empresa tem investido muito nas suas
actividades, e no final tem obtido pouca margem de lucro. Isso se justifica pelo facto de se
desconhecer a existência de estudos sobre a eficiência financeira nas actividades de abate e

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

arraste, como o caso de Fath (2001). No entanto, para a sua melhoria há necessidade de reduzir os
custos através de conhecimentos técnicos para optimizar essas actividades, entender o impacto
financeiro dessas actividades para tomar decisões mais informadas e melhorar a gestão da
concessão florestal, aumentando assim a produtividade na exploração florestal para a geração de
lucros (Fernandes, 2014).

Neste contexto, a concessão florestal deve desenvolver estratégias para melhorar o uso do
conhecimento da eficiência financeira, de modo a permitir que tenham uma postura
ecologicamente correcta e sustentável (Simonhane, 2013).

1.3. Objectivos
1.3.1. Geral:
 Avaliar a eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal
Sotomane Lda.

1.3.2. Específicos:

 Estimar os custos operacionais das actividades de abate e arraste;

 Analisar os custos unitários de produção nas actividades de abate e arraste;

 Determinar os custos unitários efectivos e a margem de lucro da actividades de abate e

arraste;

 Identificar o ponto de Equilíbrio da empresa.

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


2.1. Caracterização do Sector Florestal em Moçambique

De acordo com o inventário florestal, Magalhães (2018), Moçambique possui um total de 119
espécies comerciais (Decreto No 12/2002, incluindo suas rectificações por Diplomas
Ministeriais), apenas 106 espécies foram encontradas, e destas 106, apenas 72 tinham indivíduos
com o DMC. Sendo, portanto, que 34 das 106 não tinham nenhum indivíduo com o DMC.

O autor acima citado, afirma que o CAA para as espécies comerciais de Moçambique, sem
distinção da classe comercial, estimou-se em 1.902.599 m3.ano-1 , com o intervalo de confiança
(IC) situando-se entre o limite inferior de 1.684.181 m3 .ano-1 e o limite superior de 2.121.017 m3
.ano-1

Em termos de área florestal, o país encontrava-se em 18º lugar, de um total de 224 países, com
cerca de 39.022 milhões de hectares; no entanto, em termos de florestas produtivas, o país está
em sétimo lugar, de um total de 151 países, com mais de 26 milhões de hectares. E para garantir
uma gestão sustentável é necessário que se faça o uso racional dos recursos que a mesma floresta
oferece (FAO, 2010).

2.2. Exploração florestal em Moçambique


Duas modalidades são aplicáveis para o acesso a recurso florestal:

(i) À licença simples e


(ii) À concessão florestal.

Os Operadores Florestais Simples (OFS) na sua maioria não possuem indústria de processamento
primário. Os OFS participam principalmente no abate, e transporte primário dos toros. O
transporte final para o mercado é geralmente levado a cabo pelos transportadores individuais
alugados ou comerciantes de toros, que levam os toros para os portos ou para os principais
mercados, onde revendem às serrações ou a utilizadores individuais (MITADER, 2019).

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

2.3. Colheita florestal

Segundo Tanaka (1986), colheita florestal é o conjunto de operações realizadas no maciço


florestal, visando preparar e transportar a madeira até o seu local de utilização, mediante ao
emprego de técnicas e padrões estabelecidos, tendo por finalidade transformá-la em produto final.
Dentro do maneio florestal, a colheita de madeira é a fase mais importante economicamente, dada
à sua participação no custo final do produto e os riscos de perda envolvidos nessa actividade
(Duarte, 1994).

2.3.1. Corte florestal

O corte florestal é a primeira etapa da exploração, influenciando na produtividade das operações


subsequentes aliás, o corte se refere a todo processo desde o abate, desgalhamento, destopamento,
e traçagem da madeira até a sua retirada da área (Machado, 2014).

2.3.2. Importância do corte florestal

O corte florestal constitui a primeira fase de um sistema de exploração florestal não sofrendo
portanto, a influência das demais fases ou etapas do processo. Representa no entanto, uma etapa
extremamente importante pois tem grande influência na realização das etapas subsequentes.
Assim, da sua eficiência obter-se-á a eficiência das demais fases do sistema, particularmente a
extracção florestal (Machado, 2008).

2.4. Arraste

Segundo Seixas (2008), arraste florestal é considerado um tipo de transporte primário, em que os
toros extraídos estão em contacto total ou parcial com a superfície do solo em direcção a um pátio
de acabamento ou para a margem da estrada florestal. O arraste deve ser realizado de maneira a
não interromper a drenagem natural do terreno, e a prevenir o deslocamento desnecessário do
solo e a reduzir os impactos causados pela compactação e empoçamento de água, além de não
afectar a estabilidade do solo.

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

2.5. Análise económica


2.5.1. Componentes dos custos operacional da actividade de exploração florestal
Ter noção do custo operacional da motosserra é extremamente importante no processo de tomada
de decisão, auxiliando no controlo e na planificação do uso do equipamento. Existe dois grandes
grupos que compõem custo operacional que são: custos fixos (depreciação, juros, seguros e
impostos) e custos variáveis (combustível, lubrificantes, energia, reparação) (FAO, 1974).

Segundo Freitas et al. (2004) existem muitas metodologias para o cálculo do custo da hora da
máquina, e muitas vezes elas variam também entre pesquisadores e em função dos objectivos ou
das normas pré-estabelecidas, os modelos mais aplicados são: Método FAO (América do Norte);
Método FAO/ECE/KWF e Método Battistella/Scania.

2.5.1.1. Custos fixos


Existem vários métodos propostos para se estimar os custos fixos das máquinas agrícolas e
florestais, entretanto, Molin (2000) e Milan (2005) relatam que especialistas da área de
mecanização agrícola têm-se orientado pelos métodos da ASAE (2001), que nada mais fez do que
juntar vários trabalhos executados em diferentes situações e com máquinas ou implementos
semelhantes, sistematizando essas informações em várias equações.

Custos fixos são os custos que a empresa é empreendida a pagar para factores de produção
durante um período de decisão definido, conforme ASAE (2001) esses custos são afectados pelas
decisões actuais. Se algumas escolhas são fixas para uma determinada decisão, então os custos
associados a elas também serão fixos.

 Taxas de Juros e Seguros

Os juros calculados sobre o capital investido na compra das máquinas se constituem também em
um custo de propriedade. Normalmente os juros são simples ou reais (o capital é emprestado) e
calculados (o capital é próprio da empresa) sobre o capital médio investido (Balastreire, 1990).

 Depreciação

Segundo Edwards (2002), depreciação é um custo que é o resultado do uso, obsolescência, e


idade de uma máquina. O tempo de uso mecânico pode fazer o valor de uma máquina ficar

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

abaixo do valor de mercado quando é comercializada ou vendida. A introdução de novas


tecnologias ou mudanças de modelo pode fazer uma máquina mais velha repentinamente
obsoleta, causando um declínio acentuado em seu valor. Mas a idade e horas acumuladas de uso
normalmente são os factores mais importantes que determinam o valor final de uma máquina.

De acordo com a ASAE (2001) depreciação é a redução do valor de uma máquina ao longo da
sua vida útil. Há vários métodos para calcular os custos de depreciação. O método de depreciação
linear resulta num custo anual constante, e este é o método mais utilizado para calcular os custos
de depreciação, conforme Noronha (1987).

2.5.1.2. Custos variáveis

Denominam-se custos variáveis, á todos custos que se alteram na proporção directa com a
quantidade produzida. O conhecimento dos custos variáveis da empresa, a análise de sua
composição, a identificação dos itens mais relevantes e o conhecimento dos efeitos de cada um
destes custos sobre o resultado são as condições exigidas para melhorar o desempenho da
empresa (OLIVEIRA, 2013).

 Custo de combustível

Segundo a FAO (2010), a taxa de consumo de combustível para um equipamento depende do


tamanho de máquina, factor de carga, da condição do equipamento, da habilidade do operador,
condições ambientais, e da finalidade básica do equipamento.

 Custos de lubrificação

Segundo Edwards (2002), pesquisas indicam que a lubrificação e engraxamento total custam para
a maioria das empresas, a média de 15% dos custos de combustível. Então, uma vez calculado o
combustível consumido por hora, podem ser obtidos os custos de lubrificação e engraxamento.

 Custos de reparação e manutenção

Dentre as despesas de manutenção que devem ser computadas, para o cálculo do custo de
operação de máquinas agrícolas, encontram-se aquelas realizadas para a manutenção preventiva e
correctiva. Na manutenção preventiva, devem ser computados os gastos com componentes

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trocados a intervalos regulares, tais como filtros de ar, filtros de óleo, filtros de combustíveis, etc.
(Balastreire, 1990).

2.5.1.3. Custos de mão-de-obra


Os salários do operador, bem como outros benefícios e encargos sociais, referentes à mão-de-
obra, devem ser computados no cálculo do custo operacional das máquinas agrícolas Balastreire
(1990).

2.6. Eficiência
Eficiência é a qualidade de fazer com excelência, sem perdas ou desperdícios (de tempo, dinheiro
ou energia). Eficiente é aquilo ou aquele que chega ao resultado, que produz o seu efeito
específico, mas com qualidade, com competência, com nenhum ou com o mínimo de erros. O
eficiente vai além do eficaz. A eficiência tem uma gradação: uma pessoa, máquina ou
organização pode ser mais ou menos eficiente que outra (Gameiro, 2011).

2.6.1. Eficiência financeira

É a capacidade de alocar recursos próprios ou de terceiros em uma organização empresarial, com


intuito de minimização dos custos e maximização dos resultados (Fath, 2001). Os indicadores
frequentemente usados para avaliar a viabilidade de um empreendimento incluem os custos de
produção e sua relação com as receitas de vendas. A menos que as receitas de vendas cubram o
custo de produção, as actividades de uma empresa são deficientes e economicamente incapazes
de sustentar a produção, criar valor agregado e contribuir para a economia nacional (PRETZSCH,
1997).

2.6.2. Eficiência florestal


Segundo Fath (2001), a eficiência na área florestal é definida pela utilização eficaz e pela gestão
económica dos recursos florestais. O mesmo autor acentua que eficiência é um termo que
caracteriza a qualidade da produção, expressa através da proporção entre dois parâmetros (por
exemplo metros cúbicos de madeira extraída e unidade de tempo).
2.6.3. Análise de eficiência florestal
A eficiência serve como índice para a viabilidade duma empresa (Fath, 2001), contudo a
eficiência é analisada em quatro categorias conforme a tabela (1) abaixo.

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Tabela 1. Categorias da Análise de Eficiência


Categorias da análise de eficiência Caracterização
Produtividade tecnológica;
Eficiência operacional Grau de aproveitamento;
Intensidade de exploração.
Produtividade de mão-de-obra;
Taxa de utilização; Capacidade
Eficiência organizacional
de produção;
Intensidade de capital.
Volume produzido com 1000 litros;
Eficiência energética
Coeficiente energético.
Custos unitários comparativos;
Eficiência financeira Custos unitários efectivos;
Ponto de equilíbrio.

Fonte: Fath (2001).

2.6.4. Práticas de melhor eficiência financeira


São todas as práticas visando minimizar os custos de produção no aproveitamento florestal e
reduzir impactos ambientais, contudo a Tabela (2) ilustra as Medidas e benefícios das práticas de
melhor eficiência financeira.

Tabela 2. Medidas e benefícios das práticas de melhor eficiência financeira


Medidas Benefícios
Extração de madeira de todas as espécies Aumenta o volume extraído por hectares
comercializáveis
Traçamento eficiente das árvores abatidas em Aumentar o grau de aproveitamento da
toros; produção de toiças baixas matéria-prima e o volume extraído por
hectare
Limitação da distância simples no máximo a Aumentar a produtividade e diminuir os
10 Km no 1o transporte e a 120 Km no 2o custos no transporte
transporte
Descentralização do processamento Racionalizar o 2o transporte e optimizar o
abastecimento e a taxa de utilização da
serração

Fonte: PRETZSCH, (1997)

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III. MATERIAS & MÉTODOS


3.1. Caracterização da área de estudo
O estudo foi conduzido na concessão florestal da Indústria Sotomane Lda., localizada no Posto
Administrativo de Namanjavira, distrito de Mocuba, região central da província da Zambézia,
entre as coordenadas 16o 33’ 58’’ e 16o 49’ 22’’ de latitude Sul e 36o 32’ 57’’ e 36o 47’ 39’’ de
longitude Este (Hofiço, 2014), conforme a figura (1) abaixo.

A concessão possui uma área total de 40.000 ha, distribuída em três diferentes tipos de uso da
terra: 29.985 ha da área produtiva, 2.434 ha para área de conservação e 7.581 ha para área
comunitária (Geje et al., 2020).

Figura 1: Mapa da área de estudo na Província da Zambézia, em Moçambique. Fonte: Autor (2023)

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3.1.1. Clima e Vegetação

O clima de distrito de Mocuba, de acordo com MAE (2014), pela classificação climática de
Thomtwaite, é do tipo sub-húmido (subtropical), com o estacão chuvosa de Dezembro à
Fevereiro e de Março ao Outubro um tempo seco e fresco. A precipitação média anual varia de
850 mm a 1.300 mm e a temperatura média mensal varia de 20 e 27°C. Verifica-se ocorrência de
solos vermelhos argilosos, moderadamente profundos a profundos, das planícies, solo argilosos
pretos dos vales largos onde eventualmente dominam condições hidromórficas, solos arenosos na
planície ou vales em terreno desenvolvido nas rochas ácidas, variando a cor de vermelho, branco
amarelos, a cinzentos, acinzentados escuros e pretos.

A cobertura vegetal do distrito de Mocuba é constituída fundamentalmente por savanas tropical


arbustiva com surgimento de algumas zonas com componentes arbóreas de grande valor
económicas sendo assim destacadas: a Pterocarpus angolensis (Umbila), Afzelia quanzensis
(chanfuta), Berchemia zeyheri (Pau-rosa), Millettia stuhlmannii (Jambirre), Etc. As florestas têm
maior representatividade nas terras altas e planalto do interior (PEDDM, 2014).

3.1.2. Precipitação

A distribuição de precipitação no distrito está associada às depressões e ao anticiclone subtropical


do Oceano Índico que invariavelmente condicionam o estado de tempo nas duas estações, cuja
posição oscila entre 25º de latitude Sul durante a época seca e 38º de latitude Sul durante a época
chuvosa, com alta em Fevereiro (Amós et al., 1997).

3.1.3. Topografia e solos

Na área de estudo, a topografia é suavemente ondulado, por vezes plana com altitudes entre 180
a 340 m, com a excepção de algumas zonas a nordeste, junto ao rio Lugela com altitudes que
podem chegar 70 m (Pereira, 2001). Os solos predominantes nas planícies são arenosos e por
vezes, argilosos vermelhos, caracterizados por serem moderadamente profundos. Nos vales
largos, predominam solos argilosos pretos em condições hidromórficas e argiloso nos topos dos
terrenos desenvolvidos das rochas ácidas, nos declives onde o lençol freático encontra-se mais
perto da superfície, cinzento-escuro e preto no fundo dos vales (MAE, 2005).

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3.1.4. Fauna

Na base do inventário florestal feito por Geje et al. (2020), foi constatado haver muitas espécies
de animais selvagens, como é o caso de galinhas do mato (várias espécies), macacos –
Cercopithecus pygerythrus, Papio ursinus e P. Cynocephalus, cabrito cinzento – Sylvicapra
grimmia, cudo – Tragelaphus strepsiceres, impala – Aepycerus melampus, pala-pala –
Hippotragus niger, porco-bravo – Potamochoerus porcus, lebres (várias espécies), crocodilo –
Crocodylus niloticus, diversas espécies de aves, roedores, répteis e rastejantes. Segundo os
autores acima citado, reportaram também a presença do Leão – Pantera leo e leopardo – Pantera
pardus.

3.2. Descrição das actividades operacionais de abate e arraste


3.2.1. Actividade de abate

A operação de abate consistiu no corte e na traçagem dos toros da espécie Pterocarpus angolenses
DC (umbila), com qualidade desejada existente na área de corte como ilustra a figura 2 abaixo.
Para esta actividade foi necessário 2 operário (1 Motosserrista e 1 Ajudante). O equipamento
usado para esta operação foi a motosserra da marca STHIL, e foram analisadas variáveis como:
diâmetros (do topo e da base, conforme recomendado por Smalian), volume e comprimento.

A B

Figura 2: A: Corte de árvore com Motosserra B: Motosserra usado para abate de árvores

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Actividades parciais no abate:

Actividades efectivas da motosserra (directamente relacionadas com o objecto


de trabalho que ocorrem regularmente):

 Limpeza: a equipe corta a vegetação arbustiva ou retira galhos que cercam a base
daárvore;
 Derrubada: a equipe realiza cortes ao redor da árvore de modo a levá-la a cair;
 Traçagem: já com a árvore caída, a equipe realiza corte no tronco de modo
aseparar o toro comercial da copa da árvore.

Actividades gerais (não directamente ligadas ao objecto de trabalho e ocorrem de mo


doirregular):
 Tempo causal: interrupção do decurso do trabalho devido a uma perturbação
(danos técnicos na motosserra, abastecer com gasolina e óleo a motosserra);
 Pessoal: interrupção do decurso do trabalho devido a satisfação de uma
necessidade do trabalhador.

3.2.2. Actividade de arraste


A operação de extracção consistiu no arraste de toros usando o tractor agrícola da marca
New Holland modelo TD80. A equipe de arraste era composta por 2 operários: 1
tractorista que dirigia o tractor; 1 ajudante para amarrar os toros na corrente e desamarrar
os toros, o tractor possuía uma corrente de dois e três polegadas acoplada no hidráulico
que permitia o engate e arraste de toros. Nesta operação os toros encontravam-se
dispersos pela floresta, devido ao corte selectivo direccionado às árvores de maior valor
comercial. Na operação de arraste foi estudado: (i) o tempo consumido em cada ciclo
operacional; (ii) produtividade tecnológica. A figura 3 abaixo ilustra a formação de carga
e o arraste de toros usando o tractor agrícola da marca New Holland modelo TD80.

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Figura 3: Formar carga e Arraste do toro até a junta

Actividades parciais no arraste:

Actividades efectivas do tractor agrícola (directamente relacionadas com o objecto


de trabalho e ocorrem regularmente):

 Viagem vazia: o tractor deixa a junta e entra na floresta procurando os toros a


seremarrastados;
 Formação carga: tempo gasto quando o ajudante engata a corrente ao toro e dá
sinal aomotorista para partir;
 Viagem carregada: o tractor arrasta o toro até á junta, onde o toro é desengatado
da corrente.

Actividades gerais

As actividades gerais (não directamente ligadas ao objecto de trabalho e ocorrem de


modoirregular):

 Tempo causal: interrupção do decurso do trabalho devido a uma perturbação


(danos técnicos no tractor, uso adicional do tractor em outra operação);
 Pessoal: interrupção do decurso do trabalho devido a satisfação de uma
necessidade do trabalhador.

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3.3. Amostragem
Para o presente trabalho foi utilizada a amostragem sistemática segundo LEVY (2008), onde,
inicialmente foi definindo o tamanho de população (árvores abatidas e toros arrastados). Em
seguida, foi determinado o tamanho da amostra desejado, e assim se achou o intervalo da
amostragem (população total dividido pelo tamanho da amostra), conforme a fórmula 1 a baixo.
A partir daí, foi seleccionado aleatoriamente o primeiro elemento da amostra e, em seguida, os
elementos subsequentes, adicionando o intervalo da mostragem até atingir o tamanho da amostra.

(1)

Onde:
K = Intervalo da amostragem
N = é o tamanho da população
n = no total de indivíduos da amostra

O tamanho da amostra foi de 30 árvores (número total de ciclos observados no campo), e o


número total da população foi de 400 árvores (quantidade de árvores por abater e extrair no mês
que a concessão foi analisada), foram verificadas 30 ciclos para actividade de abate e 27 ciclos
para a actividade de arraste.

O baixo tamanho da amostra pode ser explicado pelos poucos dias que as actividades decorreram
devido ao mau estado mecânico em que as máquinas se encontravam, a maior parte das vezes
verificava-se avarias, o que dificultava na recolha de dados.

3.4. Recolha de dados

A colecta de dados foi efectuada em Agosto de 2023 no turno de operação das 8h às 16h, por
meio de entrevistas com a gerência da empresa e questionários aos operadores florestais, a fim de
obter dados sobre o equipamento e o pessoal empregado na produção. No entanto, foi
desenvolvido um questionário para identificar os tipos de equipamentos e preços de compra, bem
como o número de trabalhadores e seus salários anuais na exploração madeireira. Para a obtenção
dos diâmetros dos toros, altura das árvores, foi usado uma fita métrica.

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3.5. Análise económica


A análise económica baseou-se na determinação dos seguintes parâmetros:

3.5.1. Custos operacionais das actividade de abate e arraste

Com base nos dado sobre equipamentos e pessoal (compilados num formulário padronizado, ver
a Tabela 3 a baixo), foram calculados os custos operacionais por hora e operários na produção. O
cálculo foi efectuado individualmente para cada actividade parcial (Abate e Arraste).

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Tabela 3.Componentes do custo e seus cálculos

Componente de custo Descrição Fórmula


Valor depreciável (preço de compra
Depreciação Va menos o valor residual Vr) (2) D= (Va-Vr) / (N*He)
dividido pela vida útil N do
equipamento em anos multiplicado
pela hora efetivas.
A razão entre preço de aquisição P
Investimento médio menos valor residual V, multiplicado (3) IMA = (Va – Vr) x (Vu + l ) / 2N
anual pela vida útil N mais 1 ano, dividido + Vr
pela vida útil Vu mais o valor residual
Vr
Investimento médio anual
Custo de juros e Seguros multiplicado pela taxa de juros real j (4) Js = IMA x j/ He
(taxa de juros nominal menos
inflação), dividido pelas horas
efectivas
Consumo de combustível Cb em litros
Custos de combustível por hora, multiplicado pelo preço do (5) Cc = Cb x Pc
(Cc) combustível actual no mercado Pc por
litro.
Produto do coeficiente de lubrificação
Custos de lubrificantes e c (0,1) multiplicado pelo consumo de (6) Clg = Cc x 0,1
graxas (Cl) combustível por hora e preço do
lubrificante por litro Pc.
O valor de aquisição do equipamento
Custo de Manutenção e Va, dividido pela vida útil (7) Cmr = Va/Vu x He
reparação (Cmr) multiplicado pelas horas efectivas
trabalhadas He.

Soma dos salários dos trabalhadores


Sm envolvido na operação, (8) Cmo=12 Sm(1+s) / he
Custo de Mão-de-obra multiplicado por números de meses do
ano, vezes factor de encargos sociais s
(0,15); dividido pelas He horas
efectivas de uso anual.
Valor de aquisicao do equipamento
Custo de administração Va, multiplicado pelo factor de ajuste
Fa equivalente a 10%, dividido pelas (9) CAD=Va*Fa/He
horas efectivas He

Somatorio de todos os Custos, desde


Custos Totais Custos fixos, custos variados; custos (10) Cth = Cf + Cv + Cmo +Cad
de mao-de-obra e custo de
administração.

Fonte: FAO (2010)

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3.6. Custos unitários de produção


3.6.1. Estimativa da produtividade tecnológica das actividades de abate e arraste
A produtividade tecnológica foi avaliada com base nos dados do estudo do tempo para derivar os
custos unitários de produção. Esta foi obtida por meio da divisão do volume médio da madeira
explorada ou arrastada por ciclo e a média do tempo total por ciclo sem interrupções com mais de
15 minutos. Este foi estimado através da fórmula 11 sugerida por Fath (2001).

(11)

Onde: PT= Produtividade Tecnológica (m3 /he); Vm= volume médio da madeira explorada ou
extraída por ciclo; TT= Média do tempo total por ciclo (sem interrupções com mais de
15minutos).

Para o cálculo do volume de árvores abatidas foi usada a fórmula (12), e para o cálculo do
volume de toros foi usado a fórmula (13), conforme Smalian.

2
𝑉i = 𝐷𝐴 × 𝜋 ⁄4 × 𝐻𝑐i × 𝐹𝐹 (12)

Onde: V = volume da árvore (m3); DAPi = diâmetro altura do peito (m); Hci = altura comercial
da árvore (m); FF = factor de forma =0,80.

𝑉 (13)

Onde: V: volume de toro (m3); Gi: área seccional da base e do topo (m2); L: comprimento do
toro (m); Di: diâmetros da base e do topo (m); 𝜋 = 3,14159265.

3.6.2. Custos unitários de produção de abate e arraste

Este foi obtido dividindo os custos operacionais por hora para uma determinada actividade por
sua produtividade tecnológica, resulta o custo unitário comparativo de uma actividade específica
em USD por metro cúbico conforme a fórmula (14).

CUC = (14)

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Onde: CUC = custos unitários de produção em (USD/ m3); CTh= custo operacionais por hora
3
USD; PT = Produtividade Tecnológica em (m /he).
3.7. Custos unitários efectivos e margem de lucro da empresa

3.7.1. Custos unitários efectivos

Os custos unitários efectivos são aqueles associados à produção de madeira durante um ano
inteiro, expressos em USD por metro cúbico de madeira produzida. Este foi calculado com base
na fórmula (15) proposta por Fath (2001), com base no questionário feito ao concessionário,
obteve-se os dados do volume diário em metros cúbicos que a concessão produz nas actividades
de abate de árvores e arraste de toros, e o tempo anual de trabalho em meses. Com base no
volume diário foi possível alcançar o volume anual em metros cúbicos.

CUE (15)

Onde:
CUE – Custo unitário Efectivo de produção USD/m3; Cr – Custos de Reparo em USD;
Cp – Custos de Propriedade em USD; Cvh –Custos Variáveis em USD;
Cmo – Custos de Mão-de-obra em USD; Pt – Produtividade Tecnológica (m3 /he);
Ea – Volume anual de produção de madeira em toro em m3.

3.7.2. Margem de lucro da empresa

A margem de lucro foi determinado Subtraindo o preço de venda de madeira em toro produzida,
derivado de indicações da empresa em estudo, pelo total dos custos efectivos unitários segndo
Fath (2001), conforme a fórmula 16 abaixo.

ML = RV - Cut (16)

Onde:
ML- Margem de Lucro em (USD / m3); Cut - Total dos custos efectivos unitários em USD;
RV – Preço de venda de madeira em toro (m3).

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3.8. Ponto de equilíbrio


Segundo Fath (2001), o ponto de equilíbrio (BEP) indica o nível de produção anual necessário
para gerar lucro, o cálculo envolve a classificação dos custos anuais de propriedade, reparação e
de mão-de-obra em relação à margem bruta de vendas.

Para OSWALD et al. (1997), o ponto de equilíbrio marca o volume de produção em que os
custos unitários efectivos são cobertos pela receita de vendas. Este foi determinado de acordo
com a fórmula (17) a baixo:

(17).

Onde:

Cfa= custos anuais de propriedade em USD;


Cra= custos anuais de reparo em USD;
Cla= custos anuais para salários USD;
Rs= receita de vendas por metro cúbico;
Cv= custos variáveis, excluindo custos de reparo (Cvh e Cr), em USD.

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3.9. Processamento e análise de dados

Após a recolha dos dados, foi feito o processamento de dados usando o programa informático
Microsoft Office Excel 2010, a produção de tabelas e gráficos também foi possível com o
programa.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ACTIVIDADE DE ABATE

4.1.1. Análise Económica da Actividade de Abate

4.1.1.2. Custos operacionais da actividade de abate

Na Tabela (4) abaixo estão apresentados os valores calculados de juros, seguros, impostos,
depreciação, combustível, lubrificantes e graxas, custo de manutenção e reparação, custo de mão-
de-obra, custo de administração, para as horas totais trabalhadas, estimados em MT/he e em
USD/he.

Tabela 4. Custos operacionais de motosserra na execução de corte

Moedas
Item -1
(MT.he ) (USD.he-1)
Depreciação 51,82 0,81
Custos fixos Juros e Seguros 5,18 0,08
Subtotal 57 0,89
Custo de reparação 64,77 1,01
Custo de Combustível 457,5 7,16
Custos variáveis
Custo de Lubrificante 45,75 0,71
Subtotal 568,22
Custo de mão-de-obra 67,95 1,06
Custo de administração 6,48 0,10
Custo total 699,65 10,95

O exame dos resultados na tabela 4, sugere que a depreciação, os juros e seguros tiveram valores
em torno de 51,82 MT.he-1 e 5,18 MT.he-1 (entre 7,41% e 0,74%) ocorridos no decurso da
produção resultaram em elevados custos fixos de 57,00 MT.he-1 (8,15%), devido ao uso de
equipamentos obsoletos.

Como indica a tabela 4, pode-se observar que o custo de combustível foi que apresentou maior
valor dos custos totais (65,41%), resultando em 457,5 Mt/he (7,16 USD/he) referente a taxa de
câmbio do dia 05 de Setembro de 2023 (1 USD = 63,9Mt). Desse facto foi possível constatar que
o abate das árvores está sujeito a elevados custos variáveis, isto deve-se na maior parte pela baixa
produtividade da motosserra e dos elevados custos de combustível. O alto custo de combustível,

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pode ser explicado pelo facto do desgaste dos equipamentos devido ao longo tempo de uso,
porque constatou-se que a motosserra apresentava uma corrente desgastada, mau funcionamento
do motor, ocasionando em maior tempo de corte das árvores e tendo contribuído para tal na
redução da potência da máquina devido as avarias constantes da maquinaria. Porém, um outro
factor está ligado as propriedades físicas das espécies, como a presença de bifurcação que
dificulta bastante no corte das árvores, influenciando assim no alto consumo de combustível para
esta actividade.

Natal (2022), no seu estudo sobre influência de factores ergonómicos nos custos Operacionais da
actividade de abate da madeira na concessão florestal Sotomane, mesmo local do presente estudo,
obteve um custo de combustível de 25,49MT/he. Resultados estes se revelaram diferentes ao do
presente estudo.

O custo de mão-de-obra despendeu de um valor de 67,95 MT/he e ocupou (9,72%) dos custos
totais. Este alto custo associa-se ao uso do método semi-mecanizado na actividade de abate. No
estudo realizado por José (2021), encontrou um valor abaixo de 35,01 MT/he, comparativamente
ao do presente estudo. Esta diferença pode estar associada ao número de trabalhadores envolvido
na operação e os seus respectivos salários por horas efectivas.

Da tabela 4, observa-se ainda que foram gastos no total de 699,65 MT/he (10,95 USD/he) para o
abate de Pterocarpus angolensis DC. Resultado superior devido a elevado custo de mão-de-obra
e elevados custos fixos e variáveis.

José (2021), estudando os custos da actividade do corte florestal semi-mecanizado na mesma


empresa do presente estudo, para o corte de duas espécies P. angolensis e B. spiciformis, obteve
um custo total de 1075,22 e 1078,84 MT/he respectivamente, valor superior se comparado ao do
presente estudo. A diferença pode estar directamente ligado a elevado custo de mão-de-obra o
qual foi influenciado pelo nível de aproveitamento do tempo operacional, consumo excessivo de
combustível devido a dureza e tortuosidade das espécies em questão.

Leite et al. (2014), no seu estudo sobre avaliação técnica de custos de corte florestal semi-
mecanizado em povoamento de eucaliptos de E. uropylla x E. grandis em diferentes
espaçamentos, obteram um custo operacional total de 10,95 USD.h-1 (595,46 MT. h-1) ao câmbio

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de 54,38 MT. USD-1 para a produção média de 4,69 m3.h-1 de madeira com casca. Este valor
mostra-se inferior se comparado ao do presente estudo, este resultado pode estar associado a
baixa mão-de-obra e menor consumo de combustível. E um outro factor está ligado a espécie em
questão, que em termos de tamanho e forma sabe-se que têm fácil trabalhabilidade e são mais
macios, diferentemente da espécie do presente trabalho que têm toros pesados, grandes com
elevada tortuosidade e predomínio de defeitos o que dificulta o seu processamento.

Batista (2008), no seu trabalho sobre “Estudo de tempo e rendimento da motosserra considerando
factores ergonómicos numa exploração florestal na Amazónia central” usando dois operadores de
motosserra obteve 84,04 USD/he para uma produção de 136,16 m3. Valor superior ao observado
no presente estudo. Esta elevação dos custos no trabalho referente acima, pode estar ligado a
baixa eficiência da motosserra.

4.1.2. Custos unitários de produção da actividade de abate

A figura 4 apresenta os resultados dos custos unitários de produção para actividade de abate
semi-mecanizado.

Componentes de custos unitários de produção da actividades de


abate
custo de produção MT/m3

699,65 MT/m3 Custo Total por hora


1000
Produtividade Tecnológica
Custos unitários de produção
12,92 MT/m3 54,15 MT/m3

Figura 4: Componentes de custos unitários de produção da actividades de abate

O custo unitário de produção da operação de abate com uso de Motosserra foi de 54,15MT/m3
(0,85 USD/m3). Resultado este se revelaram alto devido a baixa produtividade tecnológica nas
operações de abate. Batista (2008) estudou o tempo e rendimento da motosserra, e obteve 1,33
USD.m3, este resultado revelasse alto comparado ao do presente estudo. Esta diferença pode estar
associada a menor produtividade tecnológica e a altos custos de produção. Estudos desenvolvidos

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por Holmes et al., (2004) e Chirinda (1994) obtiveram produtividades tecnológicas, de 22,39m3
/he e de 40,16 m3 /he, respectivamente, são exemplos de trabalhos com produtividade tecnológica
superior ao de presente trabalho.
Resultados divergentes foram encontrados por Jaime (2018), no seu estudo sobre influência do
tipo de produto na produtividade e nos custos de exploração florestal em povoamento de
Eucalyptus sp, onde obteve 212,13 Mt/m³, esta diferença pode estar ligado a altos custos de
produção e a baixa produtividade tecnológica.

4.1.3. Custos unitários efectivos e margem de lucro da actividade de abate

4.1.3.1. Custos unitários efectivos da actividade de abate

Os custos unitários efectivos são aqueles associados à produção de um ano inteiro, conforme
calculado na fórmula (15). Para este estudo, o ano de referência para a empresa foi o ano em que
as operações da empresa foram examinadas.

O custo unitário efectivo da actividade de corte com uso de motosserra com a média do volume
de 0,82 m3 de madeira, e uma produtividade tecnológica de 12,92m3/he, com custo de mão-de-
obra e de reparação de 64,77Mt/he e 67,95Mt/he respectivamente, foi apresentado na tabela (5)
abaixo.

Tabela 5. Custos unitário efectivo da actividade de abate

Parâmetros Resultados Unidades


Vd 0,24 m3/dia
Cp 62,83 MT
Cr 64,77 MT
Cv 568,02 MT
PT 12,91 m3/he
Cmo 67,95 MT
Ea 237,6 m3/ano

Cue h 563,8 MT /m3

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#Cue–Custo unitário Efectivo de produção; Cr–Custos de reparção; Cp–Custos de propriedade; Cvh –Custos
variáveis; Cmo–Custos de mão-de-obra; Pt –Produtividade tecnológica ; Ea – Volume anual de produção de madeira,
Vd- Volume diário de produção de madeira em toro

Os resultados conjugados da Tabela 5, revelam custos unitários efectivos de 563,8 Mt/m3


equivalente a (8,82 USD/m3), o resultado elevado pode ser explicado pela baixa produtividade
tecnológica, consumo excessivo de combustível pela Motosserra, Manuseio não eficiente dos
equipamentos e baixo volume de madeira.

No estudo feito por Fath (2001) Visando avaliar a eficiência financeira em três (3) empresas
florestais. Obteve custos unitários efectivos superiores ao observado no presente estudo:
ECOSEMA no ano de 1996, obtive o volume anual de 250 m3 /ano e um custo unitários efectivos
de 183,67 USD/ m3, ALVORO DE CASTRO no ano de 1997, obteve o volume anual de 150 m3
/ano e um custo unitários efectivos de 305,51 USD / m3; ARCA no ano de 1998, obtive volume
anual de 2000 m3 /ano e um custo unitários efectivos de 44,18 USD / m3. Esta diferença pode
estar associada ao elevado volume de produção de madeira nas empresas estudado, alta
produtividade tecnológicas e utilização dos equipamentos de forma eficiente.

4.1.3.2. Margem de Lucro da actividade de abate

No mês que foi realizado o estudo, a concessão fazia abate da espécie de umbila (Pterocarpus
angolensis DC), sob encomenda para a produção de Tábuas e Barrotes. Olhando para a
distribuição dos custos unitários pelas actividades, o abate gerou um custo total de 699,65Mt/he e
um custo efectivo de 563,8 Mt/m3, levando em consideração as receitas de vendas obtidos dos
registros da empresa de um metro cubico de madeira em toro da espécie umbila que a empresa
vende a clientes no valor de 15.000,00MT, a margem de lucro produzido foi de 14 436,17
MT/m3, equivalente a (225,92 USD/ m3), a actividade poderia produziu margem de lucro acima
disso, mais foi restringido pelo baixo nível de produção, que geravam altos custos fixos, e de
baixa produtividade tecnológica da Motosserra, que resultavam em elevados custos variáveis.

Este resultado esta acima quando comparado aos encontrados por Fath (2001). No seu estudo
visando avaliar a eficiência financeira, na extracção, exploração, supervisão e processamento de
madeira em cinco (5) empresas florestais. Obteve uma margem de lucro para, ECOSEMA (-
108,67 USD/ m3), ALVORO DE CASTRO (-205,51 USD/ m3). Este resultado é baixo se

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comparado ao do presente estudo, esta diferença pode estar associado a baixa receita de vende de
madeira (pode ser que a espécie analisada seja diferente e o seu valor de venda também) e
elevados custos efectivos.

4.1.4. Ponto de equilíbrio da actividade de abate

O Ponto de equilíbrio encontrado foi de 0,01 m3 de produção anual, a empresa produziu um


volume superior ao BEP, e, portanto, gerou lucro. A empresa para esta actividade operou em
níveis bem abaixo de seu ponto de equilíbrio, que foi restringida pela falta de uma máquina
eficiente.

Resultado superior ao do presente estudo foi observado por Fath (2001), no seu estudo visando
avaliar a eficiência financeira, na extracção, exploração em três (3) empresas florestais, onde
obteve valores de ponto de equilíbrio de 1,473 m3/ano para Arca com o volume anual de
2,400m3, de 758 m3/ano para Somanol com o volume anual de 480m3 e de 3,119 m3/ano para
Miti com o volume anual de 1,600m3. O elevado ponto de equilíbrio pode estar associado a
elevado volume de produção anual.

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4.2. ACTIVIDADE DE ARRASTE

4.2.1. Analise Económica da Actividade de Abate

4.2.1.1. Custos operacionais da actividade de arraste

Os resultados ilustrados na figura 5, estão apresentados os valores calculados de juros, seguros,


impostos, depreciação, combustível, graxas e lubrificantes, manutenção e reparos, custo de mão
de-obra e custo de administração, para as horas totais trabalhadas, estimados em Mt/he e em
Dolares/he.

Custos operacionais da actividade de arraste


7. Custo de 1.
administracao Depreciação
207,75MT/he 1108,01MT/h
6. Custos de mão-de-obra
2. Juros e Seguros
69,70MT/he
166,20MT/heJ
5. Manutenção e
reparação
1385,02MT/he 3. Custo de Combustivel
2000,00MT/he
4. Custo de Lubrificante
200 MT/he

Figura 5: Distribuição dos custos operacionais no arraste do toro usando tractor agrícola

A figura 5, pode-se observar que o custo de combustível foi que apresentou maior valor e
ocupava em média 39% dos custos totais resultando em 457,5 MT/he. O alto consumo de
combustível, pode ser explicado pelo facto de se registar avarias constantes do tractor agrícola
devido a manutenção deficiente do motor e vazamento no sistema de combustível.

Podem ser observados ainda na Figura 5, para uma produtividade tecnológica de 6,13 o
custo total para uma equipe formada por um ajudante e um tractorista foi de 5 136,68 MT/he que
equivale a (80,39 USD/he) referente a taxa de câmbio do dia 05 de Setembro de 2023 (1 USD =
63,9MT). O resultado elevado esta associado a manutenção e reparação cara da maquinaria, baixa
mão-de-obra e consumo excessivo de combustível.

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Resultado diferente foi encontrado por Macário (2022), no seu estudo sobre “Análise de Custos
nas Actividades de Extracção e Carregamento da Madeira na Concessão Florestal Sotomane”
com uma equipe de um tractorista e dois ajudantes. Encontrou 3 801,95 MT/he, este valor esta a
baixo quanto comparado ao do presente estudo, cuja diferença pode estar relacionado a baixo
custo de manutenção e reparação, baixo consumo de combustível, e elevada mão-de-obra.

Segundo Michael (2016), no seu estudo “ Analise de custos operacionais em actividades de


exploração florestal na empresa LEVASFLOR LDA” com base no uso de um tractor agrícola da
marca Massey Fergusson modelo 470, obteve 2 775,59 MT/he resultado relativamente baixo em
comparação ao do presente estudo, esta diferença pode ser explicado pela boa manutenção da
maquinaria, baixo custo de mão-de-obra e pelo consumo não excessivo de combustível.

4.2.2. Custos unitários de produção da actividade de arraste

A tabela 6 ilustra os resultados de custo unitários de produção da operação de arraste com uso do
tractor agrícola, com uma produtividade tecnológica de 6,13 m3/he e custo total de 5
136,68MT/he.

Tabela 6. Custos unitários de produção na actividade de arraste

Actividade de Arraste Parâmetros


Nr. Ciclo PT (m³/he) CTh (MT/he) CP (MT/m³)
27 6,13 5 136,68 837,55
PT-produtividade tecnológica em m³/he; CTh- custo total por hora; CP- custo unitário de produção em
MT/m3

De acordo com a tabela 6 acima verificou-se que os custos unitários de produção de madeira
arrastada e processada foram de 837,55 MT/m³ (13,11USD/m³). Este alto custo da actividade de
arraste foi devido a baixa produtividade tecnológica nas operações de arraste.

Comparando com resultado obtido por Jaime (2018), no estudo de influência do tipo de produto
na produtividade e nos custos de exploração florestal em povoamento de Eucalyptus sp. O
resultado do presente estudo é superiores em relação ao estudo referenciado acima, que teve um

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custo unitário de produção de 212,13 MT/m³. Este baixo valor pode estar relacionado há pouco
tempo de trabalho realizado o que influencio na baixa produtividade tecnológica dessa actividade.

Custo unitários de produção do presente estudo também são maiores em relação aos de Ganda
(2017), no seu estudo “Aspectos económicos da exploração florestal nos trópicos: um estudo de
caso da actividade de arraste em uma floresta manejada no estado do Amazonas” com base no
uso de um tractor florestal Skidder obteve um resultado de 477,86 MT/m³. O baixo resultado
pode estar relacionado a menor produtividade tecnológica e baixo volume das árvores.

4.2.3. Custos unitários efectivos e margem de lucro da actividade de arraste

4.2.3.1. Custos unitários efectivos da actividade de arraste

A tabela (7) abaixo ilustra os resultados dos custos unitário efectivo da actividade de arraste de
madeira com uso de Tractor com a média do volume de 0,41m3 e uma produtividade tecnológica
de 6,13m3/he, com custo de mão-de-obra e de reparação de 69,70MT/he e de 1385,02MT/he.

Tabela 7. Composição dos custos unitário efectivo da actividade de arraste


Parâmetros Resultados Unidades
Vd 0,31 m3/dia
Cp 1 274,22 MT
Cr 1 385,02 MT
Cv 3 585,02 MT
PT 6,13 m3/he
Cmo 69,70 MT
Ea 306,9 m3/ano

Cue 367,61 MT /m3

CUE–Custo unitário Efectivo de produção; Cr–Custos de Reparo; Cp–Custos de Propriedade; Cvh –Custos
Variáveis; Cmo–Custos de Mão-de-obra; Pt –Produtividade Tecnológica ; Ea – Volume anual de Produção
de Madeira.

O custo unitário efectivo da actividade de arraste com uso de Tractor agrícola foi de 367,61
mt/m3, o equivalente a (5,72 USD/m3). O elevado custo unitário efectivo pode ser explicado
devido a altos custos de manutenção e reparação dos equipamentos. O valor encontrado neste

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trabalho esta abaixo quanto se comparado com os valores encontrados por Fath (2001). Onde,
obtive custo unitário efectivo nos intervalos de 174,87 USD/m3 e 364,14 USD/ m3, com o volume
anual de 1 600 m3 /ano para MITI e o volume anual de 480 m3 /ano para SOMANOL, no estudo
sobre a eficiência financeira em cinco (5) empresas florestais de Moçambique. Os alto custos
unitários efectivos referenciados acima, pode ser explicado devido a baixas taxas de utilização e
uso de equipamentos de forma não eficiente bem como arraste de toros a longas distâncias.

4.2.3.2. Margem de Lucro da actividade de Arraste

Tendo em consideração as receitas de vendas obtidos dos registos da empresa de um metro


cubico de madeira em toro de umbila (Pterocarpus angolenses DC), que a empresa vende para
clientes no valor d 15.000,00MT, para um custo unitários efectivos de 367,61 MT/m3 na
execução da actividade de arraste com uso de tractor agrícola rendem para à empresa um valor de
14 632,39 MT/m3 correspondente a margem de lucro produzido.

A margem de lucro obtido no presente estudo foi superior quanto comparado ao de Fath (2001),
no seu estudo sobre a eficiência financeira em cinco (5) empresas florestais de Moçambique,
obtiveram (-44,87 USD/ m3) para MITI e (-101,64 USD/ m3) para SOMANOL. O resultado
encontrado no estudo referente acima pode ser explicado pelos baixos níveis de produção que se
verificou nas empresas em estudo.

4.2.4. Ponto de equilíbrio da actividade de Arraste

O resultado encontrado de ponto de equilíbrio foi de 0,83 m3/ano, as actividades executada pela
empresa conseguiu produziu um volume superior ao ponto de equilíbrio, e, portanto, gerou lucro.
Mais o resultado alcançado foi obtido sob circunstâncias péssimas, visto que as maquinas
utilizadas não alcançaram aquilo que é a sua potência máxima devido a desgaste mecânico,
constantes avarias e baixo volume de produção anula.

Resultado superior ao do presente estudo foi observado por Fath (2001), No seu estudo visando
avaliar a eficiência financeira, na extracção, exploração, supervisão e processamento de madeira
em cinco (5) empresas florestais. Obteve valor de ponto de equilibrio de 770 m3/ano para Álvaro
de Castro com o volume anual de 150 m3 e 2,217 m3/ano para Ecosema com o volume anual de

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600m3. O resultado diverge com o do presente estudo, a diferença pode estar associado a elevado
volume de produção anual.

4.3. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS DUAS ACTIVIDADES

Neste subcapítulo são apresentados os resultados da comparação das duas actividades em estudo,
tendo como componentes de confrontação Custo unitários comparativos de produção, custos
unitários efectivo e margem de lucro bem como o ponto de equilíbrio.

No presente estudo, o parâmetro custos operacionais por hora das actividades de abate e arraste
não foram comparados, pois apesar desses custos ser de extrema importância para a determinação
de outros parâmetro subsequentes, apresentam diferenças nos vários factores que influenciam
nestes parâmetros como a maquinaria usada, qualidade de mão-de-obra, consumo de
combustível, taxas de juros e outros. Isso porque as maquinarias usados são totalmente diferentes,
para actividade de abate foi usado uma motosserra e para actividade de arraste foi usado um
tractor agrícola, e para cada máquina há um nível de consumo de combustível, número de
trabalhadores, consumo de óleo e executa uma actividade diferente.

Tabela 8. Comparação das actividades de abate e arraste


Actividades
Descrição Abate Arraste
3
Volume anual (m ) 237,60 306,9
3
Cuc (MT/m ) 54,15 837,55
3
Cue (MT/m ) 563,83 367,61
ML (MT/m3) 14 436,17 14 632,39
BEP (m3/ano) 0,01 0,83
# Cuc= custo unitários de produção em (MT/m3), Cue= custo unitário efectivo em (MtTm3), ML =Margem
de Lucro em (MT/m3), BEP=Ponto de equilíbrio em (m3/ano).

Olhando para a distribuição das actividades executadas na tabela 8, o abate e arraste ocuparam
cerca de 237,60 m3 e 306,9 m3 do volume de produção anual.

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4.3.1. Custos unitários de produção nas duas actividades

Pode-se verificar na tabela-8 uma variação de custos unitários de produção das actividades de
abate e arraste, esta variação se verifica em função do tipo da maquinaria usada, o volume de
produção de madeira e o tempo de realização das actividades. O abate com uso de motosserra foi
analisado com um custo de 54,15MT/m3 e para actividade de arraste com uso de um tractor
agrícola obteve um custo de 837,55 MT/m3. A actividade de arraste apresentou um valor superior
quanto comparado a actividade de abate, e isso pode ser explicado devido a baixa produtividade
tecnológica nas operações de arraste, influenciado muito mais com uso de um tractor lento que
transportavam um baixo volume médio de toro em longas distâncias.

4.3.2. Custos unitários efectivo e margem de lucro

4.3.2.1. Custos unitários efectivo

Custos unitários efectivos fornecem uma medida da eficiência com a qual a empresa foi capaz de
minimizar o uso de máquinas pesadas e o consumo de combustível ou maximizar a produção
anual e a produtividade tecnológica Fath (2001).

Com base na tabela (8) a cima, os resultados dos custos unitário efectivo para as duas actividades
eram muito altos influenciados por factores como custo de mão-de-obra, custos de manutenção e
reparo de equipamentos, eficiência dos processos produtivos, nível de automação e tecnologia
utilizada, volume de produção anual e efeitos de aprendizado no uso dos equipamentos.

Na execução das actividades verificou-se um custo unitários efectivo de 563,83 Mt/m3 para
actvidade de abate e um custo unitários efectivo de 367,61 Mt/m3 para actvidade de arraste. A
diferença desses resultados esta relacionado a factores acima mencionado.

Pode-se dizer que a empresa de exploração de madeira teve um custo baixo se comparado a
estudo realizado por Fath (2001). Isso pode indicar que no presente estudo há potencial para
melhorias na eficiência dos custos, revisão dos processos ou redução de despesas para optimizar a
rentabilidade.

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4.3.2.2. Margem de lucro

Para as duas actividades o resultado da margem de lucro não se encontrava equidistante, e isso
deve se a receita de venda de madeira em toro que a empresa vende aos seus clientes, geralmente
esse valor varia em funcão do tipo de espécie.

Nesse trabalho a espécie em estudo é (Pterocarpus angolenses DC), isso porque na época em que
a concessão foi avaliada eles faziam abate e arraste dessa espécie. A receita de vendas obtidos
dos Registro da empresa é de 15 000 MT/m3, permitiu gerar uma margem de lucro para
actividade de abate de 14 436,17 MT/m3 e uma margem de lucro para actvidade de arraste de
14 632,39 MT/m3, uma diferença de 196,22 MT/m3. A actividade de arraste mesmo empregando
equipamento de forma não eficiente produziu um valor superior de margem de lucro quanto
comparado a actividade de abate. Essa diferenca esta associado a elevados custos unitários
efectivos, por outra parte deve-se a baixos níveis de produção e baixa produtividade tecnológica.

4.3.3. Ponto de equilíbrio

Geralmente, os resultados das análises de ponto de equilíbrio sugerem que as empresas que
processam madeira perto da área madeireira são capazes de cobrir seus custos de produção com
níveis de produção mais baixos do que aquelas que vendem madeira não processada longe do
ponto de origem.

De acordo com a tabela 8, verificou-se os resultados de ponto de equilíbrio para as duas


actividades, os valores encontrados são significativamente baixo, os resultados variaram em
função da receita de vendas e da estrutura de custos. Para actividade de abate o ponto de
equilíbrio foi de 0,01 m3/ano e para actividades de arraste foi de 0,83 m3/ano, a actividade de
arraste apresentou um ponto de equilíbrio superior a da actividade de abete.

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V. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo, permitem chegar as seguintes conclusões:

 Para as actividades observadas, a actividade de arraste foi a que registou altos custos
totais das operações em relação a actividade de abate, devido ao método mecamizado
aplicado na actividade de arraste em detrimento do método semi-mecamizado da
actividade de abate;
 O custo unitário de produção para a actividade de arraste, apresentou valores alto devido a
baixa produtividade tecnológica se comparado com a actividade de abate;
 Os custos unitários efectivos para a actividade de abate apresentou valores inferior se
comparado com actividade de arraste, e isso, verificou-se devido a utilização dos
equipamentos de forma eficiente para o arraste. Relativamente a margem de lucro as
actividades de abate e arraste, apresentaram valores não muito diferentes, estes resultados,
deve-se ao volume de produção das duas actividades e a diferença nos resultados dos
custos unitários efectivos, portanto, as duas actividades apresentaram margem de lucro;
 Tanto para actividades de abate bem como para actividades de arraste apresentaram
valores de ponto de Equilíbrio de 0,01 m3/ano e 0,83 m3/ano respectivamente.

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VI. RECOMENDAÇÕES

Aos Pesquisadores recomenda-se:

 Que se façam mais estudos do género em todo o país em diferentes períodos de modo a
permitir analisar a evolução da produção no sector. É preciso concentrar esforços em
estudos de indústrias moçambicanas que processam espécies nativas, como forma de
obter material de análise e discussão de aspectos técnicos, uma vez que, maior parte dos
estudos existentes abordam sobre indústrias de processamento de espécies exóticas.
 Aos futuros pesquisadores, a desenvolver pesquisas concernente a eficiência financeira,
envolvendo todas as etapas desde exploração, extração, supervisão e processamento de
modo a se apurar com precisão os custos do ciclo completo, desde que haja investimento
para o efeito.

À concessão Sotomane Lda. Recomenda-se:

 De modo a garantir maior eficiência financeira nas actividades de abate e arraste, a


produção anual deve ser elevada a um nível que cubra os custos fixos e variáveis, e devem
ser feitos esforços para aumentar a produtividade tecnológica nas fases críticas,
especialmente nos transportes.

 Outro especto a considerar para maior eficiência nas actividades de abate e arraste, é a
manutenção das máquinas e o pessoal qualificado para a manutenção. Máquinas antigas e
com manutenção deficiente resultam em elevado tempo causal, o que baixa o rendimento
e eleva o consumo de combustível, que ocasiona altos custos para a empresa.

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VII. REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

APÊNDICES

Apêndices 1: Tempo médio gasto por ciclo nas actividades de abate de árvores utilizando
motosserra.

Tempo (min)
Actividades
efectivas Mínimo Médio Máximo
Limpeza 0,15 0,74 2
Abate 0,35 1,64 5
Traçamento 0,23 0,74 2,5
Subtotal 3,12
Tempo (min)
Actividades
Mínimo Médio Máximo
Gerais
Tempo causal 0 1,31 7
Tempo pessoal 0 0,68 9
Subtotal 1,99
TOTAL 5,11

Apêndices 2: Ficha de colecta de dados referentes a custos operacionais actividade de abate

1. Actividade de Abate

Va (MTs) Vr Vu He (he) Nt

Motosserra 102600 20520 8500 1584 1

Salario (MTs) Juros (%)

Motoserrista 3300 8

Ajudante 2500

Pisteiro 2000

Consumo
(L/h) Preço (MT) Jornadas (h) TD (%) Nd (dias/ano)

Diesel 4,5 100 8 12% 198

Oleo 40 ( L/h) 0,22 450

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

Apêndices 3: Determinação da Produtividade tecnológica e Custos operacionais da Actividade


de Abate

Calculos

Formulas Resultados Unidades

Produtividade tecnológica

PT=Vm*60/TT 12,91 m³/ he

2. Custos operacionais da Actividade de Abate

He= [Nd*d*Nt(100-TD)]/100 1 584 He

IMA= [(Va-Vr)*(N+1)]/2*N+Vr 102 600 MTs

Js= IMA*i/He 5,18 MTs/ he

DP=Va-Vr/N*He 51,82 MTs/ he

Cc=Cb*p 457,5 MTs/ he

Clg=Ccb*c 45,75 MTs/ he

MR=Va/He 64,77 MTs/ he

CMO=12*Sm(1+S)/He 67,95 MTs/ he

CAD=Va*Fa/ He 6,48 MTs/ he

CTh=CF+CV+CMO+CAD 699,45 MTs/ he

Custos Unitários de Produção

CP=CTh/PT 54,15 MTs/m³

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

Apêndices 4: Ficha de colecta de dados referentes a custos operacionais da actividade de arraste

2. Actividade de Arraste

Va Vr Vu (h) Nt

Tractor agrícola 2 193 869 438773,8 8500 1

Salario (MTs) Juros (%) Encargos (%)

Tractorista 6000 12 15

Ajudante 2000

Consumo
(L/h)

Diesel 20

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Eficiência financeira nas actividades de abate e arraste na concessão florestal Sotomane Lda

Apêndices 5: Determinação da Produtividade tecnológica e Custos operacionais da Actividade


de Abate

Calculos

Formulas Resultados Unidades

Produtividade tecnológica

PT=Vm*60/TT 6,13 m³/ he

2. Custos operacionais da Actividade de Arraste

He= [Nd*d*Nt(100-TD)]/100 1 584 He

IMA= [(Va-Vr)*(N+1)]/2*N+Vr 2193869 MTs

Js= IMA*i/He 166,20 MTs/ he

DP=Va-Vr/N*He 1 108,01 MTs/ he

Ccb=Cb*p 2000 MTs/ he

Clg=Ccb*c 200 MTs/ he

MR=Va/He 1 385,02 MTs/ he

CMO=12*Sm(1+S)/He 69,70 MTs/ he

CAD=Va*Fa/ He 207,75 MTs/ he

CTh=CF+CV+CMO+CAD 5136,68 MTs/ he

Custos Unitários de Produção

CP=CTh/PT 837,55 MTs/m³

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