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Germinação de Acacia mangium em diferentes substratos e métodos de quebras

de dormência

Lucas Robson de Oliveira (1); Wanderson Silva dos Santos (2), Yago César Rodrigues Morais (2),
Cleiton Gredson Sabin Benett (3), Ademilson Coneglian (3)
(1)
Mestrando em Produção Vegetal; Universidade Estadual de Goiás; Unidade Universitária de
Ipameri, Goiás; lucas-florestal@outlook.com; (2) Mestrando em produção vegetal; Universidade
Estadual de Goiás; Unidade Universitária de Ipameri, Goiás; (3) Professor e Pesquisador Dr. da
Universidade Estadual de Goiás; Unidade Universitária de Ipameri, Goiás.

RESUMO

Objetivou-se avaliar a germinação de Acacia mangium em diferentes substratos submetidas à


diferentes métodos de superação de dormência. O experimento foi conduzido no Laboratório de
Produtos Florestais e Bioenergia, na Universidade Estadual de Goiás, UnU Ipameri. Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado fatorial 4 x 3 (4 substratos: comercial Bioflora, vermiculita,
areia e bagaço de cana-de-açúcar) e 3 quebras de dormência: imersão em água fervente por 60
segundos e em ácido sulfúrico por 90 minutos e testemunha), com 4 repetições de 25 sementes, para
avaliar a porcentagem total de germinação. Realizou-se à análise de variância dos dados e teste de
Tukey a 1% de probabilidade com o SISVAR 5.6. As maiores porcentagens de germinação ocorreram
com a superação da dormência por água fervente, destaca-se que no substrato de areia obteve-se 96%
de germinação. Para o ácido sulfúrico os resultados foram intermediários em ambos substratos e para
testemunhas os resultados foram insatisfatórios.

Palavras-chave: Ácido sulfúrico, água fervente, dormência tegumentar, vermiculita.

INTRODUÇÃO

Os plantios florestais ocuparam cerca de 9,55 milhões de hectares em 2021, destes, mais de
161.9 mil ha possuem plantios de Acacia mangium Willd, que é classificada como uma das espécies
florestais mais plantadas em território brasileiro (IBÁ, 2021). Conhecida popularmente como acácia
ou acácia-australiana, é uma espécie arbórea que pertence à família Fabaceae, ocorrendo naturalmente
no Nordeste da Austrália e destaca-se por possuir grande potencial silvícola (GONÇALVES e LELIS,
2012). A A. mangium é utilizada em plantios de sistemas agroflorestais, e, por ser uma espécie
adaptável aos mais variados tipos de solo de regiões tropicais, também é empregada na recuperação
de áreas degradadas (LAPAZ et al., 2017).
A produção de mudas de A. mangium com qualidade demanda cuidados, pois suas sementes
apresentam dormência tegumentar, que impede a permeabilidade da água, interferindo diretamente
no processo germinativo, provocando uma baixa taxa de germinação e disparidade entre as mudas
que emergirem (FERNANDES et al., 2018).
Dentre os métodos empregados para superação da dormência tegumentar de espécies arbóreas
pode-se citar a escarificação mecânica, a escarificação química com auxílio de ácidos e a imersão em
solventes como em água quente (ALBUQUERQUE et al., 2007). Outra prática adotada por viveiristas
para maximizar a produção de mudas é a utilização de substratos adequados, como os comerciais,
que têm a função de sustentação da muda, o favorecimento do crescimento do sistema radicular e a
capacidade de retenção de nutrientes e umidade (PINHO et al., 2018).

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É comum na produção de mudas florestais o uso da vermiculita como substrato ou compondo
parte do mesmo, pois ela possui uniformidade na composição química, capacidade de retenção de
água e baixa densidade, o que facilita o desenvolvimento da radícula (MARTINS et al., 2011).
Todavia, existem produtos e resíduos orgânicos ou derivados da atividade urbana e industrial que
podem exercer a função dos substratos, já que possuem características similares a esses. Dentre eles,
tem-se a areia lavada e resíduos vegetais como o bagaço-de-cana, que vem se destaca atualmente na
produção de mudas de espécies florestais como foi observado por Uliana et al. (2014).
Diante do exposto, faz-se necessário estudos que busquem resultados satisfatórios para a
produção de mudas, levando em consideração o método de superação de dormência e o substrato a
ser empregado. Logo, o objetivo do presente estudo foi avaliar a germinação e o desenvolvimento
inicial de plântulas de Acacia mangium submetidas a distintos métodos de superação de dormência
em diferentes substratos.

MATERIAL E MÉTODOS

O teste de germinação da Acacia mangium Willd foi desenvolvido no Laboratório de Produção


Florestal e Bioenergia (LPFBio) da Universidade Estadual de Goiás – Campus Sul, Unidade
Universitária de Ipameri cujas coordenadas geográficas são 17º 43’ 04’’ Sul, 48º 08’ 43’’ Oeste e
altitude de 794 m.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 4
x 3, com quatro substratos: comercial Bioflora, vermiculita, bagaço-de-cana e areia fina e dois tipos
de metodologias para superar a dormência: água fervente e ácido sulfúrico e sementes testemunhas.
As sementes foram coletadas na fazenda da própria Universidade, de 5 matrizes diferentes,
totalizando 2000 sementes, que foram imersas em solução com hipoclorito de sódio (1%) para
higienização e, posteriormente, lavadas em água destilada por 10 minutos conforme Cavalcanti et al.
(2006), após o tratamento foram selecionadas 1200 sementes.
Os substratos foram distribuídos em 12 bandejas plásticas de 45x25x8 cm (comprimento,
largura e altura). As sementes testemunhas foram colocadas em 4 bandejas com os devidos substratos
(4 repetições de 25 sementes por bandeja) e não foram submetidas a nenhum método de quebra de
dormência. No segundo tratamento, efetuou-se a quebra de dormência por escarificação química com
ácido sulfúrico, com a submersão das sementes por 90 minutos. No último tratamento, colocou as
sementes em água fervente por 60 segundos para superação da dormência.
Após a semeadura, alocou-se as bandejas em uma estufa de germinação aquecida, que
permanecia 12 horas em fotoperíodo com temperatura mínima entre 25ºC e 30ºC, o que auxilia no
desenvolvimento das plântulas. Efetuou-se a irrigação do experimento uma vez ao dia, durante 20
dias, até a saturação dos substratos.
Avaliou-se a germinação total das sementes segundo a metodologia proposta pelas Regras
para Análises de Sementes (BRASIL, 2009). No vigésimo dia, contabilizou-se o número de plântulas
emergidas e finalizou-se o experimento.
Submeteu-se os resultados à análise de variância (ANOVA) e ao teste de Tukey a 1% de
probabilidade, para os substratos de produção e os métodos de superar a dormência. As análises
estatísticas foram processadas empregando-se o programa estatístico SISVAR 5.6 (FERREIRA,
2019).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A porcentagem de germinação apresentou interação significativa entre os substratos e


métodos de superação de dormência à 1% de probabilidade (Tabela 1). O maior resultado de

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germinação foi obtido com quebra de dormência por água fervente e substrato areia (96%), tal, foi
superior em 11,6% ao maior resultado obtido no tratamento com ácido sulfúrico (86%), também no
substrato areia. Todos os tratamentos com sementes testemunhas tiveram resultados menores.

Tabela 1. Análise de variância, quadrados médios e médias da porcentagem de germinação de


sementes de Acacia mangium submetidas a diferentes quebras de dormência e substratos em Ipameri,
Goiás.
Quadrado médio para a porcentagem
Fonte de variação DF
de germinação
Substrato (S) 3 162,75**
Método de superação de dormência (M) 2 36142,75**
SxM 6 74,75**
Erro 36 4,19
CV (%) 3,62
Médias para porcentagem de germinação
Métodos de superação de dormência
Substratos
Testemunha Água fervente Ácido sulfúrico
Bagaço de Cana-de-açúcar 4Ca 84Ac 69Bd
Vermiculita 3Ca 91Ab 80Bb
Areia 1Ca 96Aa 86Ba
Substrato Comercial 1Ca 90Ab 75Bc
**significativo a 1% de probabilidade. Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula dentro da linha e minúscula nas
colunas não diferem entre si a 1% de probabilidade pelo teste de Tukey.

A superação de dormência das sementes de A. mangium sobressaíram-se com água fervente


por 60 segundos, em todos os substratos associados a este método os índices foram superiores à 80%,
considerados satisfatórios conforme Fernandes et al. (2018). Vale ressaltar que o bagaço de cana-de-
açúcar apesar de apresentar menor resultado, mostrou-se uma boa opção de substrato, visto que
obteve 84% de germinação, confirma-se assim, a funcionalidade de tal composto orgânico, em
concordância com o proposto por Uliana et al. (2014).
O tratamento com ácido sulfúrico obteve resultados intermediários, com valores maiores a
80% de germinação apenas para os substratos de vermiculita e areia. Destaca-se que, pelo baixo custo
e simplicidade do uso, a água fervente é mais indicada que o ácido sulfúrico (LAPAZ et al., 2017).
As sementes testemunhas apresentaram baixa porcentagem de germinação, confirmando que é
indispensável a realização de métodos para superação da dormência tegumentar.

CONCLUSÃO

O método de superação de dormência tegumentar de A. mangium que se sobrepujou foi o com


água fervente por 60 segundos, com médias superiores a 84% em todos os substratos, recomenda-se
a utilização deste método devido a facilidade e custo. Destaca-se que esse método, associado ao
substrato areia, apresentou maior porcentagem com 96%.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Goiás (UEG), UnU, Campus Sul, ao Laboratório de Produção


Florestal e Bioenergia (LPFBio), ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Fitotecnia (GEPFi) e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://www.iba.org/publicacoes/relatórios. Acesso em: 01 setembro de 2021. IBÁ, 2021

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