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MOCUBA
2017
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
MOCUBA
2017
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Eu, Uilssone Luís De Almeida Malango, declaro por minha honra, que esta monografia é o
resultado do meu empenho e sacrifício, e está a ser submetida para a obtenção do nível de
Licenciatura na Universidade Zambeze, Mocuba. Ela não foi submetida antes para obtenção de
nenhum nível ou para avaliação em nenhuma outra Universidade.
______________________________________________
/ Uilssone Luís De Almeida Malango/
Aos meus pais Almeida Malango e Maria Luís dedico este trabalho;
A minha querida esposa Edma Hedrissa e meus filhos Chelsi, Pricila e Shely
Uilsson, ofereço
AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida, pela saúde, pela bênção e protecção que sempre
me dá.
A toda família Malango, em especial aos meus pais Almeida Malango e Maria Luís, meus
irmãos Elsa, Ligia, Geraldo, Helena e Fernando Malango que de forma incansável deram-me
todo o apoio necessária e suficiente durante a caminha académica.
Ao meu supervisor Eng°. Paulo Mabica Muchoio Búndua, pela orientação, força, amizade e
ensinamentos passados durante a realização do trabalho.
Aos meus amigos Momade Danif, Miguel Costa, Nito Valia, Wilson, Marchante Assura, Clinton
Madeira, Filomena Valia e dr. Virgílio Mutepa.
E por fim, os meus agradecimentos vão para todos docentes, colegas e funcionários da Faculdade
de Engenharia Agronómica e Florestal que directa ou indirectamente apoiaram no processo da
minha formação
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,
enfrentando as consequências.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas
de você muito depressa (...) por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos
William Shakespeare
Avaliação da eficiência e desempenho operacional semi-mecanizada na actividade de corte florestal da espécie
Pterocarpus angolensis
Índice
RESUMO
O presente trabalho teve como o objectivo geral avaliar a eficiência e desempenho operacional
em actividade de corte florestal semi-mecanizada da espécie Pterocarpus angolensis DC. O
trabalho foi realizado na Concessão Sotomane, Lda. Posto Administrativo de Namanjavira,
distrito de Mocuba. Para tal, a metodologia usada foi a entrevista semi-estruturada preliminar e a
selecção dos entrevistados foi com base na amostragem não probabilística por conveniência,
onde foi possível apurar os principais factores que influenciam na produtividade operacional de
exploração florestal. Para as actividades de corte florestal, utilizou-se a motosserra modelo
MS362C-M, potência 3,5kw na operação de corte ou abate das árvores e traçamento de toros
através do método de corte semi-mecanizado. E para o efeito, foi determinado o tempo gasto,
rendimento da motosserra e a produtividade tecnológica adoptados para avaliar o desempenho e
a eficiência da motosserra. Quanto a análise e processamento dos dados foram entrevistados 68
indivíduos, e as respostas dos entrevistados foram codificadas e analisadas através da IBM SPSS
Statistics 21TM com o auxílio do Microsoft Excel 2016TM. Os dados obtidos revelaram para a
distribuição dos tempos totais em minutos dos elementos da actividade de corte florestal 3,18 no
abastecimento de combustível para a motosserra, 3,00 no processo de abate, 3,57 para o
traçamento, 5,08 de tempo de manutenção, 2,73 na mudança de árvores e 4,03 que corresponde a
19% de tempo de interrupção ou improdutivo em minutos. Dos factores que influenciam na
produtividade operacional da exploração semi-mecanizada destacou-se o pessoal, profissional, o
uso dos equipamentos de protecção Individual e a ocorrência de acidentes entre os operadores.
Portanto, a eficiência operacional da motosserra verificada na exploração semi-mecanizada na
concessão Sotomane, Lda, foi considerada média (58,30%) sendo abaixo do recomendado
(superior a 70%).
ABSTRACT
The present work had as general objective to assess the efficiency and operational performance
in forest cutting activity or semi-mechanised green-crop species Pterocarpus angolensis DC. The
work was performed in Granting Sotomane, Lda. administrative post of Namanjavira, district of
Mocuba. To this end, the methodology used was the semi-structured interview and the selection
of interviewees was based on non-probability sampling for convenience, where it was possible to
determine the main factors which influence the operational productivity of exploration forestry.
Forest cutting activities, we used the chain saw model MS362C-M, 3, 5kw power in cutting
operation or slaughter of trees and bucking of logs through the cutting method semi-mechanised.
And to that end, it was determined the time spent, income of the chainsaw and technological
productivity adopted to assess the performance and efficiency of the chainsaw. As the analysis
and processing of the data were interviewed 68 individuals, and the answers of the interviewees
were codified and analyzed through the IBM SPSS Statistics 21TM with the aid of Microsoft Excel
2016TM. The data obtained showed for the distribution of the total time in minutes of the
elements of the activity of forest cutting fuel supplies to 3.18 the chainsaw, 3.00 in the slaughter
process, 3.57 to the bucking, 5.08 of maintenance time, 2.73 in change of trees and 4.03 which
corresponds to 19% interrupt time or unproductive in minutes. The factors that influence the
operational productivity or semi-mechanised green-crop exploitation was the personal,
professional, the use of personal protective equipment and the occurrence of accidents among the
operators. Therefore, the operational efficiency of the chainsaw in exploration or semi-
mechanised green-crop in granting Sotomane, Lda, was considered average (58.30%) being
below the recommended (over 70%).
LISTA DE ANEXOS
Anexos 1: Ficha de campo ............................................................................................................ 37
Anexos 2: Questionário................................................................................................................. 38
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Motosserra ..................................................................................................................... 10
Figura 2: Descrição da área de estudo .......................................................................................... 13
Figura 3: Percentagem de tempo consumida em cada elemento do ciclo ..................................... 21
Figura 4: Percentagem de tempo gasto com interrupções operacionais e não-operacionais ........ 23
Figura 5: Variação da produtividade operacional da motosserra em função do tempo do ciclo
operacional .................................................................................................................................... 27
Figura 6: Distribuição de frequência observada por classe de DAP para os indivíduos de
Pterocarpus angolensis DC. amostrados na área de estudo, posto administrativo de Namanjavira,
Mocuba, província da Zambézia. .................................................................................................. 30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados de amostragem referente aos ciclos de trabalho na exploração florestal ........... 15
Tabela 2: Elementos considerados de um ciclo com o tempo médio de cada um, em minutos ... 23
Tabela 3: Valores das medidas estatísticas referentes aos ciclos observados. Os dados históricos
médios da produção, da disponibilidade mecânica e da eficiência da motosserra ou equipamento
florestal analisado ......................................................................................................................... 25
h Hora
m Metro
mm Milímetro
I. INTRODUÇÃO
1.1. Generalidades
A exploração florestal é uma actividade de empreendimento que exige especial
atenção, em virtude de elevados custos para sua execução e do tempo definido
para as suas operações. Entretanto, é necessário a racionalização das
actividades, de modo a garantir a maximização da produtividade e a minimização
dos custos dentro de um planeamento pré-estabelecido (GONÇALVES, 2011).
Para CECHIN (2000) os principais factores que influenciam no desempenho operacional das
máquinas, em relação ao operador, são consideradas as horas de alimentação (lanches e água),
descanso e higiene pessoal, o tempo de experiência e o estado de ansiedade do trabalhador,
obstáculos presentes no percurso das máquinas, velocidade de deslocamento da máquina e
tempos de paragens técnicas para manutenção e reparos.
Não obstante ao cenário actual, o distrito de Mocuba segundo o SPFFBZ (2015), apresenta um
total de 15 indústrias (pequeno porte) processadoras de madeira, das quais 6 possuem concessões
florestais. A irracionalização nas actividades de exploração florestal aliada a negligência
operacional do sistema de exploração semi-mecanizado, além da falta de informações sobre a
1.3. Objectivos
1.3.1. Objectivo geral
É uma árvore de médio a grande porte, decídua que pode crescer 30 m de altura. Sua casca em
galhos novos e lisa, cinza e coberto com pelos, e nos ramos mais velhos e hastes é cinza escuro e
áspero. As folhas de Pterocarpus angolensis são compostas com 9 a 25 pares de folhetos. O fruto
é uma vagem circular muito distintiva, grande (até 150 mm de diâmetro), semente central
indeiscente, fina e ondulada. A espécie prefere solos bem drenados, é sensível à geada e reputado
ser resistente ao fogo. Dentro da área de distribuição natural é encontrada em 0-1650 m de
altitude e precipitação anual de 700-1500 mm (JOKER et al., 2000).
Pterocarpus angolensis cresce nas áreas quentes e sem geadas no nordeste do país, estendendo-
se para o Zimbabwe, o norte do Botswana, Moçambique e Namíbia e para o norte em outras
partes da África. Cresce em áreas de floresta e bosques, onde a precipitação é superior a 500 mm
por ano, e favorece declives rochosos ou solo bem drenado, profundo e arenoso
(BRANDLOVERS, 2006).
A colheita ou exploração florestal pode ser definida como um conjunto de operações efetuadas
no maciço florestal, que visa preparar e extrair a madeira até o local de transporte, utilizando-se
de técnicas e padrões estabelecidos a fim de transformá-la em produto final (MACHADO, 2002).
Porém, para se chegar a essas informações é preciso entender todas as fases que envolvem essa
actividade e um dos procedimentos adoptados é o estudo de tempo, que segundo Barnes (1997),
é utilizado na determinação do tempo necessário para que uma pessoa qualificada e treinada,
trabalhando em ritmo normal, possa executar uma tarefa específica. O tempo consumido por
determinado método de trabalho pode influenciar a produtividade e a remuneração do ser
humano (MINETTE, 1996).
No entanto, pode ser descrita como um sistema composto por sub-etapas de aproveitamento de
madeira. Entende-se por sistema um conjunto de operações que podem ser realizadas num só
local, ou em locais distintos, devendo estar perfeitamente integradas e organizadas entre si. Esta
integração deve permitir o fluxo constante de madeira, de modo a evitar pontos de
estrangulamento e que os equipamentos alcancem sua máxima utilização (SALMERON, 1981).
Sendo considerada uma das fases mais importantes do maneio florestal, tanto por sua alta
participação no custo final do produto quanto aos riscos de desperdício de matéria-prima
(JACOVINE et al., 1997).
A racionalização desta actividade torna-se cada vez mais necessária, assim como o
beneficiamento, com a utilização de técnicas que visem o máximo aproveitamento da madeira
(JACOVINE et al., 2001). Para obter resultados positivos nesta operação é imprescindível um
planeamento rigoroso que possua detalhamento de todas etapas envolvidas, pois desta maneira
Nas florestas nativas o sistema de exploração mais usado é o semi-mecanizado com a utilização
de motosserra para derrubar, desgalhar e traçar. Possuindo como uma das maiores vantagens o
baixo custo de aquisição e a possibilidade de actuação em qualquer tipo de terreno; e
desvantagens como a sua alta periculosidade e seu baixo rendimento individual, em comparação
com os métodos mecanizados (SANT’ANNA, 2002). Para se fazer um planeamento consistente
é necessário saber o tempo gasto em cada etapa dessa operação, os custos envolvidos e a relação
homem-máquina.
organizadas entre si. Esta integração deve permitir o fluxo constante de madeira, de modo a
evitar pontos de estrangulamento e que os equipamentos alcancem sua máxima utilização
(SALMERON, 1981).
A exploração de madeira é considerada uma das fases mais importantes do maneio florestal,
tanto por sua alta participação no custo final do produto quanto aos riscos de desperdício de
matéria-prima (JACOVINE et al., 1997). De acordo com Machado (1989), a exploração e o
transporte representam 50%, ou mais, do total dos custos finais da madeira posta na indústria. A
racionalização desta actividade torna-se cada vez mais necessária, assim como o beneficiamento,
com a utilização de técnicas que visem o máximo aproveitamento da madeira (JACOVINE et al.,
2001).
Para obter resultados positivos nesta operação é imprescindível um planeamento rigoroso que
possua detalhamento de todas etapas envolvidas, pois desta maneira existe condições de haver
um maior controle sobre o desperdício, danos a floresta, aproveitamento dos equipamentos e
redução de custos (MINETTE et al., 1991). Ainda são poucos os trabalhos sobre custos e os
existentes são caracterizados pela discrepância em seus resultados, às vezes, até mesmo
conflituantes (OLIVEIRA, 1999).
2.2.2. Factores que afectam a produtividade das máquinas florestais durante o processo de
colheita
A produtividade das máquinas florestais pode ser influenciada tanto por factores externos
referentes às operações florestais como também devido ao maquinário utilizado. Com relação às
variáveis sujeitas de mensuração e que podem interferir na produtividade das máquinas pode-se
considerar, segundo MALINOVSKI, (2011), a declividade do terreno, a espécie a ser utilizada, o
diâmetro da base e dos galhos, a altura e volume individual das árvores, o volume por hectare, o
espaçamento adoptado, o tipo de intervenção que irá ocorrer, tipo de rebrota, a necessidade de
sortimento, a concentração de madeira, a qualidade da actividade anterior, a densidade e
qualidade da malha viária.
Os sistemas de colheita podem variar de acordo com diversos factores, dentre eles a topografia
do terreno, o rendimento volumétrico do povoamento, tipo de floresta, uso final de madeira,
máquinas, equipamentos e recursos disponíveis, volume a ser produzido entre outros
(MACHADO, 2008).
Segundo NOVAIS (2006), a escolha do tipo de sistema mecanizado a ser utilizado deve contar
com algumas variáveis que se não forem levadas em consideração podem resultar em problemas
operacionais e ineficiência, tais como, a experiência e a habilidade da mão-de-obra disponível, as
características morfológicas da espécie florestal para adaptação da máquina àquelas
características, o produto primário, a distância de arraste e transporte, a eficiência da máquina, o
capital requerido e as características do terreno de acordo com tipo de solo e topografia.
De acordo com a classificação FAO, os sistemas de colheita podem ser classificados quanto à
forma da madeira na fase de extracção, ao local onde é realizado o processamento final e ao grau
de mecanização. Em muitos trabalhos adoptam-se critérios quanto à forma da madeira na fase de
extracção: sistemas de toras curtas, compridas e árvores inteiras. Quanto à forma da madeira na
fase de extracção tem-se segundo MACHADO (2008): Sistema de Toras Curtas (Cut-to-length);
Sistema Fustes (Tree-length); Sistema de árvores inteiras (Full-tree); Sistemas de árvores
completas (Whole-tree); Sistema de Cavaqueamento (Chipping).
Sistema de árvores completas (whole-tree) - consiste em arrancar a árvore com seu sistema
radicular, ou parte dele e levá-la para a margem da estrada ou para o pátio temporário, onde será
processada. Porém esse sistema só demanda maior interesse nos casos em que as raízes sejam de
valor comercial, que é o caso das árvores com alta concentração de resina nos potenciais tocos
ou quando são árvores consideradas medicinais (BERTIN, 2010).
Sistema de colheita de árvores inteiras ou full tree caracteriza-se a partir de árvores que são
cortadas e extraídas inteiras até a beira da estrada. Esta técnica pode ser adoptada onde as
condições de relevo e topografia são mais acidentadas e as árvores possuem grandes volumes
individuais (ALVES et al., 2014).
2.2.4.1. Motosserras
As motosserras tiveram importante participação no processo de mecanização, pois, substituíram
o machado nas operações de corte. Seu corte permite um baixo investimento inicial,
produtividade individual elevada e pode alcançar lugares de difícil acesso às máquinas
especializadas. O surgimento das motosserras livrou o trabalhador do corte manual, considerada
actividade bastante rudimentar (SANTANNA, 2002).
Figura 1: Motosserra
Fonte: SOLO (2008)
c) Manutenção
Utilizando correctamente a motosserra e efectuando as devidas manutenções você terá uma
excelente motosserra para facilitar seu trabalho, de forma rápida e eficaz. Sempre certifique-se
de desligar o equipamento antes de efectuar a manutenção e a verificação de sua motosserra.
Nunca estoque combustível ou encha o tanque da motosserra perto de locais que contenham
chama, faísca (eléctrica ou de solda), ou qualquer outra fonte de calor ou fogo que podem
inflamar o combustível (SIMÕES, 2008).
2.2.4.2. Skidders
Os Skidders são tractores florestais articulados que realizam o arraste das árvores da área de
corte até a margem da estrada ou pátio intermediário, podendo o material rodante ser de pneus,
semi-esteiras ou esteiras. ALVES et al. (2014), citaram os principais problemas relacionados à
operação de arraste de madeira, como a compactação do solo, passagem da máquina sobre as
pilhas de árvores e arraste de material para a margem do talhão, bem como a perda de
rendimento em função das condições do solo, do povoamento e do clima. Choker Skidders ou
Skidders de cabo tem a actuação em declividades que chegam a ser superiores a 60% ou 31°.
2.2.4.3. Feller-Buncher
Feller- Buncher esta máquina faz o corte das árvores, numa única linha, acumulando algumas
nas garras, através de um “abraço hidráulico”, antes do tombamento. Trabalha no sistema Full –
tree (árvores inteiras) e apresenta um rendimento 80 st/h, cortando de 100 a 200 árvores por hora
(FERNANDES, 2006).
Mais de 70% da população de Moçambique está concentrada em áreas rurais e uma porção mais
ampla depende da agricultura para a sua sobrevivência. As florestas, jogam um papel importante
no desenvolvimento económico e além disso satisfazem as necessidades básicas (comida,
combustível, abrigo, medicamento e subsistência) da população rural. Como potencial, as
florestas podem fornecer produtos, que oferecem oportunidades de emprego, e podem gerar
receitas a curto prazo, contribuindo assim, para o desenvolvimento do país (IPEX, 2003).
organizados de forma empresarial e 112 madeireiros individuais (licença simples) que possuem
uma capacidade instalada de um pouco mais 200.000 m3 de madeira em toros por ano
(CHITARA, 2003).
Fevereiro um tempo quente e húmido e de Marco a Outubro um tempo seco e fresco, por vezes
com precipitações irregulares. A precipitação média anual varia de 850 mm na estação de
Chingoma, a 1.300 mm na estação de Malei, a sul da Cidade de Mocuba, e cerca de 1.175 mm na
estação climática de Mocuba (MAE, 2005).
A vegetação da área do estudo segundo PEREIRA (2006), é composta por Floresta de Miombo
Semiaberta em estágio de sucessão primária com fisionomia predominante. Essa fisionomia
forma um mosaico na cobertura vegetal da área de estudo relacionado as variações ambientais
(humidade e fertilidade de solo), microclima e até mesmo a ocorrência de fogo (FROST, 1996).
As espécies dominantes, pertencem aos géneros Brachystegia, Julbernardia e Isoberlina, sendo a
Brachystegia spiciformis Benth., Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin e Isoberlina sp,
conjuntamente com á espécie Combretum imberbe Wawra, Pteleopsis myrtifolia Engl. & Diels
da família Combretaceae, entre outras (CAMPBELL, et al., 1996).
A equipe trabalha em turno único de 8 horas diárias de jornada teórica, com uma hora de
intervalo para o almoço e realizando pausas para descanso, conforme a necessidade, ao longo da
jornada de trabalho.
3.3. Amostragem
A amostragem para o presente trabalho foi a Amostragem Aleatória Simples e utilizou-se a
metodologia de Conaw (1977), por meio de um estudo piloto, para inferir estatisticamente sobre
as operações. Foi definido o número mínimo de observações necessárias no ciclo operacional em
cada fase do ciclo de trabalho para proporcionar um erro de amostragem máximo de 10%,
(fórmula 1)
2 2
n t CV 2
(1)
E
Sendo: n = número mínimo de ciclos necessários; t = valor de t para o nível de probabilidade
desejado (n-1) grau de liberdade; CV = coeficiente de variação, em percentagem e; E = erro
admissível, em percentagem (10%).
Sendo: N = população amostrada; n = número mínimo amostras necessárias. S = desvio-padrão da amostra. Fonte:
Gonçalves (2011).
Após a realização do estudo preliminar (piloto) foram confeccionadas planilhas de colecta de
dados com todas as fases de cada operação definidas, realizando a colecta de dados marcando-se
o tempo de cada fase. Com os tempos definidos, foram possível obter a partir de cálculos, a hora
efectiva de trabalho e a produtividade, contabilizando-se os percentuais de tempo de cada
operação e tempos improdutivos. As informações necessárias relativo ao uso da motosserra
foram colhidas através do questionário aos proprietários da concessão.
A operação de corte consistiu no abate e no traçamento dos toros, em que foi necessário
identificar o número de operadores directamente ligada ao uso da motosserra (Motosserristas
e/ou Ajudantes). Nesta operação de corte ou abate utilizando a motosserra, foram avaliadas
preferencialmente três variáveis a destacar: (i) o tempo; (ii) o rendimento; (iii) produtividade
tecnológica e a (iv) eficiência.
A extracção da madeira no interior da área era feita por dois (2) trabalhadores por
meio do tombamento manual. Essa actividade era executada na mesma área com o mesmo turno
de trabalho de 5 horas como o corte florestal. As operações que compõem essa actividade é o
enleiramento dos galhos, tombamento manual (citado anteriormente) e as interrupções para
descanso e pausa (almoço). Na margem da estrada o empilhamento dos toros (2,20m) era feito de
forma manual e reuniam todos os 4 trabalhadores (operador + 3 ajudantes). Essa actividade era
durante turno da tarde, iniciando às 13h00min e encerrando às 16h00min.
Os dados foram retirados dos relatórios mensais referentes às actividades florestais da empresa.
Nestes, constavam o número de horas programadas para o trabalho das máquinas (horas da
jornada de trabalho teórica diária multiplicada pelo número de dias programados para as
máquinas trabalharem por mês. As horas de trabalho e a eficiência das máquinas foram obtidos a
partir fórmula (2), bem como as horas totais das mesmas pela fórmula (3), ambas fórmulas
proposta por CECHIN (2000).
RE = reparos;
MA = manutenção;
TR = trocas e
OU = outros.
HT HE PA (3)
Onde:
HT = horas totais de trabalho das máquinas no mês;
A eficiência operacional foi determinada pela fórmula proposta por BIRRO (2002), que é a
percentagem do tempo efectivo do trabalhado em relação ao tempo total programado para o
trabalho, conforme ilustra a fórmula (4):
HE
E(%) * 100 (4)
HE PA
Onde: E (%) = percentagem de eficiência das máquinas; HE = horas de trabalho efectivo das máquinas
no mês e PR = horas programadas para as máquinas trabalharem no mês.
Dm(%)
HE HM * 100 (5)
HE
Onde: Dm = grau de disponibilidade mecânica (%) e HM = tempo de interrupção para efectuar reparos
ou manutenção (horas).
PR JT * ND (6)
Onde: PR= horas programadas para as máquinas trabalharem no mês; JT = jornada de trabalho
teórico diário e ND = número de dias úteis do mês.
O tempo total obteve-se através do somatório dos tempos parciais de trabalho efectivo. Para o
cálculo da produtividade da operação de corte, utilizou-se a seguinte expressão (formula 8).
Vol
Prod (8)
T
Onde: Prod. = Produtividade da operação (m³.h-1); Vol. = volume de madeira na operação (m³); e ΣT =
somatório dos tempos parciais de trabalho efectivo (horas).
Para a empresa as principais informações levantadas foram: (i) método de planificação usado; (ii)
oportunidade de treinamento aos operadores; (iv) método de corte; (v) remuneração; (vi) fornecimento de
lanche; e (vii) ambiente de trabalho.
Para o operador florestal as principais informações levantadas foram: (i) idade; (ii) escolaridade; (iii)
origem; (iv) experiencia profissional; (v) horário de trabalho e (vi) Equipamentos de Protecção Individual
(EPI’s).
A operação de medição e traçamento foi a que consumiu o maior percentual de tempo em relação
ao tempo de corte, 16% do tempo total, em geral essa operação é a mais desgastante da
actividade de corte semi-mecanizado devido ao longo tempo despendido para sua execução. Para
Na tabela 2 encontram-se os elementos do ciclo com o tempo médio gasto em cada um deles,
onde a tempo de manutenção foi de 5,08 min, sendo a actividade que mais tempo consumiu,
seguida do tempo improdutivo (pausas) com 4,04 min. Parte do tempo gasto na manutenção
deveu-se a avarias da motossera. BATISTA (2008), obteve maior tempo na limpeza para o corte
foi de 2,76 min, sendo a actividade que mais tempo consumiu, seguida pela actividade de
mudança de árvore (2,69 min). Parte do tempo gasto na limpeza deveu-se a necessidade de
retirada de cipós, muitas vezes com diâmetro superior a 10 cm e parte do tempo gasto na
mudança de árvore ocorreu pela quantidade de árvores ocas encontradas (24% do total).
Tabela 2: Elementos considerados de um ciclo com o tempo médio de cada um, em minutos
As medidas estatísticas (Tabela 3) encontradas referentes aos ciclos observados mostram que o
tempo máximo encontrado foi de 36,62 min, o mínimo de 3,30 min, apresentando tempo médio
de 11,52 min, com intervalo de confiança (95%) de 1,53 minutos, para o corte de uma árvore
com DAP médio de 50,02 cm e altura comercial média de 7,33 m.
O desvio padrão foi de 6,31 min com um erro admissível de 1,96 min. BATISTA (2008), no
estudo similar na Amazónia central, Manaus - Brasil observou o tempo máximo encontrado foi
de 49,03 min, o mínimo de 4,67 min, apresentando tempo médio de 14,85 min, com intervalo de
confiança (95%) de 0,84 min, para o corte de uma árvore com DAP médio de 70,73 cm e altura
comercial média de 16,96 m. O desvio padrão foi de 6,39 min e a incerteza dos dados foi 5,71%.
Houve uma ligeira diferença devido as espécies serem diferentes, em relação a suas densidades,
durabilidade, resistência e crescimento (DAP e altura).
Considerando o intervalo de confiança encontrado, tem-se que o tempo médio de corte ficou
entre 9,99 e 13,48 min. O trabalho realizado por UHL et al. (1991), na região da Tailândia (PA)
encontrou o tempo de 14,00 min, ou seja, dentro deste intervalo de confiança.
Os trabalhos realizados por OLIVEIRA FILHO (1997) que na mesma região encontrou 15,93
min; por KRÄMER et al. (1993) em seu estudo sobre a viabilidade do maneio florestal
sustentável, realizado em Monte Dourado/Jarí, Pará (16,30 min) e por HIGUCHI et al. (1993)
que trabalhando em área de várzea no Estado do Amazonas encontraram um tempo médio de
21,65 min, para árvores com diâmetro médio de 110 cm, estão acima do intervalo de confiança
encontrado. Sendo que este último foi o maior valor encontrado dentre estes estudos.
Tabela 3: Valores das medidas estatísticas referentes aos ciclos observados. Os dados históricos médios da
produção, da disponibilidade mecânica e da eficiência da motosserra ou equipamento florestal analisado
Deve-se ressaltar que, dentre as interrupções observadas, 19% foram relacionadas à operação e
23% referentes às paradas por manutenção mecânica, mostrando assim, que o aumento da
disponibilidade mecânica é de fundamental importância para a obtenção de maior produtividade.
Para tanto, a medição e o controle do desempenho operacional de máquinas florestais são
fundamentais para controlar e auxiliar na tomada de decisões, do nível estratégico ao operacional
(PELOIA e MILAN, 2010).
Além dos cenários acima referenciado, é importante salientar que a eficiência operacional
depende do nível de treinamento recebido pelo operador, da experiência na função, da melhor
adaptação da máquina ao operador e, principalmente, da quantidade de perda ou impedimento de
trabalho através de paradas (CANTO, 2003). Porém, trata-se de uma operação semi-mecanizada,
que exige grande dispêndio de energia por parte do trabalhador, este índice pode ser considerado
satisfatório.
Por meio da análise dos valores da estatística descritiva (tabela 3) e seguindo os preceitos citados
por Gomes e GARCIA (2002), que citam que a variabilidade de um atributo pode ser classificada
através dos valores de coeficiente de variação (CV) como baixo (≤ 10 %), médio (10% – 20%),
alto (20% – 30%) e muito alto (> 30%), observa-se que a variável produtividade operacional
(Prod.) da motossera apresentou um coeficiente de variação (48,02%) considerado muito alto e
grande amplitude de valores, porém, considerado normal devido às características da operação.
A variável volume médio do ciclo (VMC) teve baixa variação e dispersão em seus valores.
Enquanto o tempo médio do ciclo (TMC) apresentou variação muito alta e grande amplitude de
valores.
Ainda, de acordo com a pesquisa, entre os operadores entrevistados todos tem o estado civil de
casado. A maioria dos operadores declarou ter acima de dois (2) filhos. Ainda com relação aos
factores pessoais dos operadores, o nível de escolaridade dos entrevistados é baixo (básico).
Em conversa com supervisor da área levantou-se, que é uma exigência de contratação que o
candidato possua ao menos o ensino fundamental completo. Pois facilita o entendimento frente
aos treinamentos que a empresa precisa oferecer, antes que esses colaboradores possam exercer a
sua função.
Todos os operadores receberam treinamento teórico e pratico ao iniciar na empresa, sendo que
este treinamento é repetido uma vez ao ano e fazem teste prático junto
a operadores mais antigos antes de começar a trabalhar.
A jornada de trabalho é de oito (8) horas diárias para todos os operadores entrevistados, estando
de acordo com o estabelecido pela legislação trabalhista. A empresa concessionaria Sotomane,
Lda é responsável pela contratação dos trabalhadores fornece a alimentação diária dos
operadores enquanto os mesmos estão cumprindo a jornada
de trabalho. A mesma é levada ao local de trabalho e servida em condições adequadas
(qualidade, temperatura e conforto). Ponto que é elogiado pelos operadores.
função dos EPI’s indicados para uso pelos motosserristas. A empresa a qual os operadores
entrevistados pertencem fornece todos os EPI’s necessários para a actuação segura de suas
actividades.
Os acidentes envolvendo membros superiores ocorrem em grande parte, quando operador em seu
intervalo de descanso, aproveita para afiar os dentes da corrente e acaba se cortando, por
executar a actividade de afiação sem o uso das luvas de protecção. Ou ainda pelo atingimento de
galhos na hora do traçamento.
Pós, verifica-se que a distribuição diamétrica se comportou como esperado para população em
florestas inequiâneas, com a curva de distribuição assemelhando-se ao “j–invertido”. Observa-se
ainda, alta concentração de indivíduos próximas as classes de diâmetro iniciais, onde para
diâmetro que se encontram no intervalo de classe 43,51cm a 60,54cm, as árvores representaram
80,88% das encontradas na floresta (figura 6). Nas primeiras idades, o número de árvores por
hectare foi maior nas menores classes diamétricas. Com o passar do tempo, o número de árvores
por hectare diminuiu nas menores classes diamétricas. Como consequência, temos maior
Figura 6: Distribuição de frequência observada por classe de DAP para os indivíduos de Pterocarpus angolensis
DC. amostrados na área de estudo, posto administrativo de Namanjavira, Mocuba, província da Zambézia.
V. CONCLUSÕES
Com base nos objectivos apresentados, os resultados obtidos e nas condições em que foi
realizado o presente trabalho foi possível concluir que
Os tempos gastos nas actividades de corte florestal foram de 3,18 no abastecimento, 3,00
no processo de abate, 3,57 para o traçamento, 5,08 de tempo de manutenção, 2,73 na
mudança de árvores e 4,03 que corresponde a 19% de tempo de interrupção ou
improdutivo em minutos respectivamente;
O desempenho operacional das motosserras, na actividade de corte florestal observou-se
que a variável produtividade tecnologica da motosserra foi de 11,29 m3.h-1 e apresentou
um coeficiente de variação (48,02%);
O desempenho operacional analisado foi baixo devido a baixa disponibilidade mecânica e
técnica, e a eficiência operacional encontrado foi média (58,30%) sendo abaixo do
recomendado (superior a 70%);
Os factores identificados que influenciam na produtividade de exploração florestal semi-
mecanizada na Concessão Sotomane, Lda são os factores pessoais, profissional, o uso dos
Equipamentos de Protecção Individual e a ocorrência de acidentes entre os operadores.
VI. RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se que a empresa faça manutenção das motosserras sempre que se finalize
uma etapa de trabalho de corte florestal, a fim de que a empresa possa obter um melhor
rendimento das suas máquinas e/ou equipamentos florestais, bem como diminuir os
custos operação;
Esta realize uma análise económica das suas actividades florestais em função dos
resultados obtidos, visando aumentar a disponibilidade operacional das máquinas e/ou
equipamentos florestais da empresa; e
Realize um controle mais eficiente das horas que as máquinas ficam paradas,
afim de que possa aumentar as horas de trabalho efectivo das mesmas e
consequentemente, aumentar a produção e a eficiência das mesmas.
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VIII. ANEXOS
Anexos 1: FICHA DE CAMPO
Empresa:
________________________________________________________________________________________
Parcela: ________________ Data: _____/___________/20____ ___
Nome do Motosserrista: ____________________ Nome do ajudante: ______________________
1. Ficha composta de Inventário Florestal Integrado, Elementos considerados de um ciclo com o tempo médio
de cada um, em minutos e Abate de indivíduos.
Registro de Abate
Espécie Coord. Geogr. Diâmetro do toro [cm] L Obs.
X Y D1 D2 D3 D4 [m]
Onde: Nº = número da árvore; DAP: diâmetro à altura do peito (1,30m); HT: altura total; HC: altura comercial; Qual: qualidade
do fuste (1 = recto; 2 = levemente torto; 3 = torto); X e Y = coordenadas de localização; Obs. = observações gerais (ex. cepos,
abelhas, indivíduo morto, ocado, quebrado, etc.); D1 & D2 = diâmetros da base do toro, D3 & D4 = diâmetros do topo do toro e
L = comprimento do toro.
Anexos 2: QUESTIONÁRIO
1. A Empresa:
______________________________________________________________________________
________________________________________________________
______________________________________________________________________________
________________________________________________________
______________________________________________________________________________
________________________________________________________
______________________________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
________________________________________________________
2. Aos funcionários:
1. Idade: _____
2. Escolaridade: _________________
1. Capacete [ ]
2. Protector facial [ ]
3. Protector auricular [ ]
4. Luvas [ ]
5. Calça de náilon [ ]
6. Perneira [ ]
7. Botas [ ]
Sim [ ] B. Não [ ]
Sim [ ] B. Não [ ]