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INDUSTRIAL
Banca Avaliadora:
...................................................................................................................................................
Alberto Luiz de Luna Arruda
Especialista em Manutenção Mecânica
Cefet Campos
...................................................................................................................................................
Luiz Alberto de Abreu Pupe
Mestre em Ciências da Engenharia
Cefet Campos
...................................................................................................................................................
Silas das Dores Alvarenga
Especialista em Sistemas Offshore
Cefet Campos
IV
AGRADECIMENTOS
Pablo Neruda.
VI
DEDICATÓRIA
(Rafael)
À Deus.
Aos meus pais, Paulo e Neilza, pelo amor desprendido durante toda a minha vida.
À minha irmã, Natalia, por ter me suportado nos últimos 22 anos.
À Tarsila, meu amor, por me fazer uma pessoa melhor. R(L)T.
Aos amigos e irmãos Rodolfo e Rodrigo, por provarem que a verdadeira amizade ignora o
tempo.
Ao Engenheiro de Equipamentos Ramón Pigliasco, pela atenção concedida nos meus
momentos de dúvida.
Ao Supervisor e amigo Elíseo Saldanha, pelos precisos conselhos que levarei por toda a vida
e pela compreensão durante a execução deste trabalho.
Ao amigo Wladimir, companheiro neste trabalho e no Gears of War.
Aos amigos de trabalho Amilson, Daniele, Clóvis, Raphael, Santoro, Manoel, Márcia Valéria,
Natalino, Maurício e Wagner.
À todos aqueles que contribuíram de uma maneira ou de outra para que este trabalho pudesse
ser realizado.
VII
DEDICATÓRIA
(Wladimir)
A Deus primeiramente por me dar uma segunda chance de viver e continuar construindo, e
fazendo o bem.
À minha mãe Eliane Mendes Silva, à minha tia Sueli Mendes Silva pedra fundamental da
minha vida, a quem devo boa parte de minha formação profissional e pessoal.
Aos meus irmãos por tolerarem o meu perfeccionismo e contribuírem de forma positiva numa
competição saudável, por carinho; atenção e respeito por parte da nossa mãe.
À minha amiga, companheira, confidente e namorada Taís, alguém que veio acrescentar ainda
mais na minha vida, onde busco inspirações todos os dias admirando seu belo sorriso.
Agradeço também pela sua compreensão e paciência comigo.
Ao amigo Rafael Cruz que com sua personalidade irônica conseguiu minimizar e muito a
cobrança presente durante os três anos da graduação.
A todos aqueles que contribuíram de uma maneira ou de outra para que esse trabalho pudesse
ser realizado.
VIII
RESUMO
ABSTRACT
This monograph shows the importance of maintenance and the proactive actions in the
prevention of the phenomenon known as "Surge", related to the operation of centrifugal
compressors. The choice of this theme is due the importance with that phenomenon is treated
on the part of the companies that work with turbocompressors equipments, due to the
damages that are linked to it that can happen from a fall in the acting of the equipment to even
its total loss.
E: Erro
Figura 12. Comparação dos perfis típicos das palhetas de turbinas e compressores axiais......57
Figura 15. Mancais axial (esquerda) e radial (direita) com sapatas oscilantes para aplicação
em compressores dinâmicos......................................................................................................61
Figura 19. Diagrama esquemático de uma planta de geração de energia elétrica baseada numa
turbina a gás de ciclo combinado..............................................................................................66
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................................................VIII
ABSTRACT.............................................................................................................................IX
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................XV
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO.............................................................................................1
1.1 APRESENTAÇÃO...............................................................................................................3
1.2 OBJETIVO............................................................................................................................3
1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................4
1.4 METODOLOGIA DO TRABALHO....................................................................................4
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO..........................................................................................5
5.1 DEFINIÇÕES.....................................................................................................................85
5.2 HISTÓRICO.......................................................................................................................87
5.3 INTERPRETAÇÃO SISTÊMICA DO SURGE..................................................................88
5.4 ORIGEM DO FENÔMENO SURGE.................................................................................89
5.5 ANÁLISE FENOMENOLÓGICA DO SURGE..................................................................94
5.6 CARACTERÍSTICA DO SURGE......................................................................................95
5.7 SISTEMAS DE CONTROLE ANTI-SURGE.....................................................................98
5.7.1 ATUAÇÃO DO CONTROLE ANTI-SURGE............................................................98
5.7.2 INSTRUMENTAÇÃO PARA O CONTROLE ANTI-SURGE...............................103
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................108
CAPITULO I
INTRODUÇÃO
do gás natural comprimido para elevação artificial (gás lift) em poços produtores de petróleo, gás
combustível nas unidades de produção e escoamento para unidades terrestres a fim de ser
processado e comercializado para utilização residencial e industrial (Paixão, 2002).
O equipamento turbocompressor apresenta restrições impostas ao seu funcionamento
quando submetido a determinadas circunstâncias, delimitando assim a área útil de operação sobre
o conjunto de curvas características (Paixão, 2002). A envoltória dessa área é formada pelos
limites superior e inferior, respectivamente correspondentes á máxima e mínima rotações
permissíveis em operação contínua, e mais os limites à esquerda e à direita, definidos pela
ocorrência de fenômenos aerodinâmicos conhecidos respectivamente como Surge e Stonewall
(Rodrigues, 1991), sendo o primeiro extremamente danoso ao equipamento. O emprego de um
sistema anti-surge é extremamente aconselhável mesmo acarretando num certo aumento do custo
operacional do processo, devido às conseqüências danosas do fenômeno surge.
O Sistema de Controle de anti-surge é o sistema que proíbe o turbocompressor de operar
na zona de surge instável, acima do seu limite superior, por meio da abertura e fechamento da
válvula de controle denominada válvula anti-surge. Tal válvula é o elemento final de controle
mais importante na proteção contra este fenômeno de surge destrutivo em compressores
centrífugos (Cazzaniga, 2007).
Dessa forma, a presente monografia objetiva mostrar a importância da aplicação de um
sistema anti-surge em equipamentos turbocompressores, focando nas vantagens e nos benefícios
agregados a este tipo de controle.
3
1.1 – Apresentação
1.2 – Objetivo
Esta monografia tem por objetivo oferecer um determinado grau de orientação quanto à
aplicabilidade e a necessidade da prevenção do fenômeno conhecido como Surge, apresentando
no decorrer do mesmo, informações e dados sobre boa parte do processamento de gás natural, até
a ocorrência do fenômeno citado em turbocompressores, explicando-o no intuito de demonstrar a
importância de tal efeito ser evitado, possibilitando assim conhecer as causas e os efeitos desse
fenômeno dentro do processo industrial.
4
1.3 – Justificativa
Para que esta monografia chegue ao seu objetivo, é preciso conhecer alguns conceitos e
definições sobre alguns termos que serão utilizados durante este estudo.
2.2 – Introdução
O Gerenciamento da Manutenção foi uma das áreas administrativas que mais evoluiu nos
últimos vinte anos, devido, principalmente, ao aumento da grande diversidade e complexidade
dos itens físicos, bem como dos novos enfoques e responsabilidades da manutenção (Moubray,
2000).
A análise do histórico dos últimos 70 anos permite observar que o enfoque dado para a
manutenção comporta uma divisão em três gerações, conforme ilustrado na figura 2.
(i) Novas expectativas quanto aos itens físicos com a confiabilidade, disponibilidade,
integridade ambiental, segurança humana e ao aumento dos custos totais de
manutenção;
Manutenção é o conjunto de ações e recursos aplicados aos ativos para mantê-los nas
condições de desempenho de fábrica e de projeto, visando garantir a consecução de suas funções
dentro dos parâmetros de disponibilidade, de qualidade, de prazos, de custos e de vida útil
adequados (Mirshawka e Olmedo, 1993). Outros autores, como Pinto e Nascif, salientam que a
função da manutenção também é preservar o meio ambiente ou, como afirma Moubray, garantir a
segurança humana.
Como se pode verificar, a definição de manutenção envolve diversos aspectos. Observa-se
a importância que os autores mencionados, e outros que tratam sobre o assunto, dão à
manutenção. Eles associam a manutenção a aspectos como disponibilidade, confiabilidade,
função do sistema, desempenho mínimo, administração e supervisão da manutenção. Assim,
pode-se defini-la como uma atividade gestora e executora, que visa garantir a disponibilidade e a
confiabilidade de um item físico, de modo que as funções do sistema sejam mantidas num
desempenho mínimo esperado, observando a segurança humana e a integridade ambiental.
1
Conforme a NBR-5462 (1994), o termo manutenção preventiva pode ser definido como a
manutenção efetuada em intervalos pré-determinados, ou de acordo com critérios prescritos,
destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. A
manutenção preventiva corresponde à ação tomada para manter um item físico em condições
operantes por meio de inspeções, detecção, prevenção de falhas, reformas e troca de peças
(Wireman, 1992; Monchy, 1989; Xenos, 1998). A manutenção preventiva está em um nível
superior se comparada à manutenção corretiva, pois a máquina (ou equipamento ou o sistema)
encontra-se em estado operacional, mas seu desempenho está reduzido, a ponto de entrar em
estado de falha (Moubray, 2000). As definições citadas contemplam três objetivos da
Manutenção Preventiva:
As desvantagens são:
Manutenção periódica pode ser definida como a manutenção efetuada em intervalos pré-
determinados de tempo. O intervalo entre intervenções é definido proporcionalmente à
deterioração do item físico (Lima, 2000). A intervenção é conduzida no tempo estabelecido,
independente do estado do componente. A Manutenção Periódica é a atuação realizada de forma
a reduzir ou evitar a falha ou quebra no desempenho, obedecendo a um plano previamente
elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo.
A Manutenção Periódica requer alguma forma de intervenção no item físico. Além do
mais, suas ações e periodicidade são pré-determinadas e ocorrerão sem informações adicionais na
data pré-estabelecida (Lafraia, 2001).
Cabe destacar aqui, que muitos autores não utilizam a subdivisão da Manutenção
Periódica na Manutenção Preventiva. Para muitos, as definições de Manutenção Periódica são as
mesmas de Manutenção Preventiva.
(i) Quando a vida útil do equipamento é curta, com alta freqüência de falha e alto custo
de manutenção;
(ii) Quando o tempo de reparo é elevado e há possibilidade de propagação da falha;
(iii) Quando a dispersão do tempo médio entre falhas é grande, acarretando dificuldades de
avaliação e inspeção.
1
(i) Quando não há nenhuma tarefa de manutenção preventiva possível de ser aplicada;
(ii) Quando há uma tarefa de manutenção preventiva possível de ser aplicada, porém o
custo é muito elevado, de modo que o custo para consertar a falha é muito menor e
não há impacto na segurança humana e ambiental;
(iii) O nível de prioridade da falha potencial é muito pequeno para garantir atenção com o
orçamento da manutenção preventiva.
2
A norma MIL-STD-2173 (1986) prevê essas tarefas como necessárias devido a questões
operacionais ou de projeto do item físico.
A verificação das condições e execução da lubrificação desempenha um papel importante
em vários tipos de itens físicos, pois evita desgaste excessivo por atrito entre as diversas partes
móveis, além de evitar o sobreaquecimento, remover poeira e materiais estranhos e evitar
vibrações e ruídos. A falta de lubrificação adequada é uma importante causa de falha.
(i) A ação da tarefa e sua periodicidade são iniciadas quando o tempo predeterminado
passa e ocorrem sem nenhuma entrada adicional;
(ii) A ação é conhecida por prevenir diretamente as falhas ou um retardo benéfico;
(iii) A ação da tarefa requer alguma forma de intrusão no equipamento.
(i) Reduzir a probabilidade do modo de falha ocorrer a um nível tolerável, por meio da
troca de um componente por outro mais resistente e confiável;
(ii) Trocar o item ou processo de tal modo que a falha não apresente mais
conseqüências ambientais ou de segurança humana;
(i) Tipo valor - Dados coletados em períodos de tempo específicos relativos a uma
variável de monitoramento da condição que possui apenas um valor escalar. Por
exemplo: temperatura, pressão, vazão;
(ii) Tipo forma de onda - Dados coletados em períodos de tempo específicos relativos a
uma variável de monitoramento da condição que possui um valor vetorial
representado pelo seu espectro de freqüência. Por exemplo: vibração, ruído;
O que foi exposto até agora mostra alguns pontos em que a falta de uma política de
manutenção gera custos. Os custos gerados pela função manutenção são apenas a ponta de um
iceberg. Essa ponta visível corresponde aos custos com mão-de-obra, ferramentas e instrumentos,
material aplicado nos reparos, custo com subcontratação e outros referentes à instalação ocupada
pela equipe de manutenção. Abaixo dessa parte visível do iceberg, estão os maiores custos,
invisíveis, que são os decorrentes da indisponibilidade do equipamento (Mirshawa e Olmedo,
1993).
O custo da indisponibilidade concentra-se naqueles decorrentes da perda de produção, da
não-qualidade dos produtos, da recomposição da produção e das penalidades comerciais, com
possíveis conseqüências sobre a imagem da empresa (Mirshawa e Olmedo, 1993). Esses aspectos
apontam os custos ligados à indisponibilidade e deterioração dos equipamentos como
conseqüência da falta de manutenção (Cattini, 1992).
3
Tomando a manutenção como premissa para a redução dos custos da produção, deve-se
definir a melhor política a ser adotada para a otimização dos custos. Essa análise pode ser
observada no gráfico 1, que ilustra a relação entre o custo com manutenção preventiva e o custo
da falha. Entre os custos decorrentes das falhas está, basicamente, as peças e a mão-de-obra
necessárias ao reparo e, principalmente, o custo da indisponibilidade do equipamento.
O gráfico 2 mostra que a busca por falha zero (100% de disponibilidade) requer gastos
cada vez maiores com manutenção, o que acarreta uma conseqüente redução do lucro da
operação. Encontrar o ponto ótimo de disponibilidade, em que o custo da manutenção
proporciona um nível de disponibilidade capaz de gerar máximo lucro à operação, é o grande
desafio na gestão da manutenção (Cabrita, 2002). A manutenção deve garantir a produtividade e
o lucro dos negócios da empresa com o menor custo possível.
É muito importante observar, na busca do ponto ótimo, que a política de manutenção a ser
adotada deve levar em consideração aspectos como a importância do equipamento para o
processo, o custo do equipamento e de sua reposição, as conseqüências da falha do equipamento
no processo, o ritmo de produção e outros fatores que indicam que a política de manutenção não
pode ser a mesma para todos os equipamentos, mas deve ser diferenciada para cada um deles, na
busca do ponto ótimo entre disponibilidade e custo.
3
2.10.1 – Metodologia 5S
Esta é uma das mais poderosas ferramentas, essencial à obtenção de condições mais
favoráveis à aplicação de técnicas mais avançadas. O 5S é o início de um processo de mudança
de postura diante da função manutenção. É por si só, técnica suficiente para baixar os custos da
manutenção e da indisponibilidade, consistindo em ferramenta preventiva. O 5S vem das iniciais
das cinco palavras japonesas seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke, que correspondem aos cinco
processos de transformação capazes de elevar a eficiência de uma fábrica ao nível de primeira
classe (Hirano, 1994).
Esses processos são, respectivamente, liberação da área (eliminação de itens
desnecessários), organização, limpeza, padronização e disciplina. Apesar de se adequarem a toda
a organização, esses processos têm aplicação direta no chão de fábrica e na melhoria das
condições de operação e manutenção das máquinas, trazendo grande redução de custos, com a
diminuição do desperdício e das falhas provocadas por excesso de sujeira.
O GÁS NATURAL
O uso do gás natural como fonte de energia era pouco difundido até recentemente, tanto
no Brasil quanto no exterior. A expansão recente da demanda por gás está relacionada ao
aumento de reservas disponíveis e da produção, sobretudo próximo aos centros consumidores;
aos choques internacionais de preços de petróleo, que viabilizaram economicamente a
substituição desse energético por outros alternativos; ao progresso técnico, que aumentou a
eficiência da geração elétrica de usinas baseadas no consumo de gás natural; e até os fatores
ambientais, devido à crescente pressão de governos e consumidores para o uso de energias mais
“limpas” (ou que causam menos impactos ambientais) (ANP, 2001).
No Brasil essa expansão se deu mais tardiamente e com algumas diferenças fundamentais
em relação ao que ocorreu nos países industrializados. Também o grau de desenvolvimento do
mercado de gás brasileiro é inferior ao de países europeus, ou mesmo da Argentina, mas a
previsão de demanda para os próximos anos não é nada desprezível. O principal setor de
consumo final no país ainda é o industrial, mas, no futuro próximo, a geração de energia
termelétrica deve abranger boa parte do mercado, sendo a maior responsável pela impulsão da
demanda nacional (ANP, 2001).
Tabela 1 - Composição molar (%) do GN das principais fontes consumidas no Brasil. Fonte: Petrobrás S.A
3
3.3.1 - Exploração
3.3.2 - Produção
Na fase de produção, que pode ser em terra (onshore) ou no mar (offshore), o gás deve
passar inicialmente por vasos separadores que são equipamentos projetados para retirar a água, os
hidrocarbonetos que estiverem em estado líquido e as partículas sólidas (pó, produtos de
corrosão, etc.). Nessa fase, se estiver contaminado por compostos de enxofre, o gás é enviado
para Unidades de Dessulfurização, onde esses contaminantes serão retirados. Após essa etapa,
uma parte do gás é utilizada no próprio sistema de produção, em processos conhecidos como
reinjeção e gás lift, com a finalidade de aumentar a recuperação de petróleo do reservatório, no
caso de gás associado. O restante é escoado para as unidades de processamento, podendo também
ser consumido internamente na geração de eletricidade e vapor. Caso não haja infra-estrutura
suficiente que permita o seu aproveitamento, o produto é simplesmente queimado. Em
plataformas marítimas, o GN deve ser desidratado antes de ser enviado para terra, para evitar a
formação de hidratos, que são compostos sólidos que podem obstruir os gasodutos. Outra
situação que pode ocorrer é a reinjeção do gás para armazenamento no reservatório se não houver
consumo para o mesmo.
3
3.3.3 - Processamento
3.3.4 – Transporte
3.3.5 - Distribuição
COMPRESSORES INDUSTRIAIS
(ii) Compressores de gás ou de processo - Podem ser requeridos para as mais variadas
condições de operação, de modo que toda a sua sistemática de especificação, projeto,
operação, manutenção, etc... depende fundamentalmente da aplicação. Incluem-se
nessa categoria certos sistemas de compressão de ar com características anormais.
Como exemplo, citamos o soprador de ar do forno de craqueamento catalítico das
refinarias de petróleo. Trata-se de uma máquina de enorme vazão e potência, que
exige uma concepção análoga à de um compressor de gás;
(iv) Compressores para serviços de vácuo (ou bombas de vácuo) - São máquinas que
trabalham em condições bem peculiares. A pressão de sucção é sub-atmosférica, a
pressão de descarga é quase sempre atmosférica e o fluido de trabalho normalmente e
o ar. Face à anormalidade dessas condições de serviço, foi desenvolvida uma
tecnologia toda própria, fazendo com que as máquinas pertencentes a essa categoria
apresentem características bastante próprias. (Há mesmo alguns tipos de bombas de
vácuo sem paralelo no campo dos compressores).
4
(ii) Compressores rotativos (Figura 10). Um rotor é montado dentro de uma carcaça com
uma excentricidade (desnivelamento entre o centro do eixo do rotor e da carcaça). No
rotor são montadas palhetas móveis, de modo que a rotação faz as palhetas se
moverem para dentro e para fora de suas ranhuras. O gás contido entre duas palhetas
sucessivas é comprimido a medida o volume entre elas diminui devido à rotação e à
excentricidade do rotor.
No fim do século XIX, uma vasta gama de aplicações industriais para compressores
centrífugos se desenvolveu quando a indústria necessitou de grandes volumes de ar pressurizado.
Por exemplo, nas minas para ventilação e no transporte de grãos, malte e fardos de algodão
através de esteiras pneumáticas. Naquela época também havia a necessidade de sistemas de
sucção e secagem, por exemplo, no transporte de poeira e queima de óleo. Mais tarde,
compressores centrífugos foram utilizados para uma variedade de aplicações técnicas: na
metalurgia, indústrias químicas, petroquímicas e refinarias, produção e transporte de gás natural
através de dutos, e para a refrigeração de veículos blindados. Eles foram construídos para vazões
de 400 a 40000 m³/h (Krain, 2005).
Os primeiros experimentos com turbinas a gás envolvendo compressores centrífugos
apareceram no período de 1900 a 1910. Dentre os vários projetos de pesquisa daquela década que
acabaram sendo abandonados após curtos períodos de operação, a máquina de Aegidius Elling –
que já em 1884 registrou sua primeira patente industrial de uma turbina a gás – foi a mais bem
sucedida e produzia energia positiva já em 1903. Além da grande capacidade inventiva de
Aegidius, que desenvolveu difusores com palhetas-guia de geometria variável, algo já bastante
avançado, e turbinas do tipo radial (centrípetas), ele possuía uma engenharia visionária para a
época, tendo escrito em 1933: “Quando em 1882, eu comecei os trabalhos com turbinas a gás, era
a aeronáutica que eu tinha em mente; e eu firmemente acredito que a aeronáutica ainda está
esperando pela turbina a gás” (Krain, 2005).
Como se sabe atualmente, o ímpeto mais forte para o desenvolvimento tecnológico do
compressor centrífugo surgiu de fato com a introdução da propulsão aeronáutica. O inglês Frank
Whittle e o alemão Hans Joachim Pabst Von Ohain desenvolveram quase que simultânea e
independentemente um do outro os primeiros motores a jato na aviação no período de 1928 a
1941. Ambos os pioneiros utilizaram o mesmo princípio na compressão do ar: compressão
centrífuga. Depois do primeiro vôo, Whittle dedicou grande parte dos seus esforços no
aprimoramento do compressor centrífugo, enquanto von Ohain o substituiu pelo compressor axial
que, devido a sua área frontal reduzida e maior vazão, tornou-se o componente essencial das
grandes aeronaves. Mesmo assim, o compressor centrífugo ainda possui muitas aplicações no
campo da aviação, principalmente em pequenos motores e mais significativamente em
helicópteros.
5
Figura 11 - Foto de um compressor centrífugo multiestágio aberto dividido horizontalmente. Fonte: Petrobrás S.A
5
Figura 12 - Comparação dos perfis típicos das palhetas de turbinas e compressores axiais. Fonte: Juliani, 2003.
5
dQ + H = dh + ½ dv² + gdz
H = HS + HD
Onde:
No difusor não há mais fornecimento de energia (H=0), mas ocorre a conversão do Head
dinâmico em Head estático, isto é, a velocidade do gás tende a diminuir e a pressão a aumentar
(Queiroz, 2003).
5
A finalidade do compressor é aumentar a pressão do gás, logo o ideal seria que toda
energia estática fosse utilizada neste objetivo (aumentando a energia potencial de fluxo).
Entretanto, devido às diversas irreversibilidades (atritos, perdas aerodinâmicas, etc.) que ocorrem
tanto nos impelidores quanto nos difusores, parte da energia potencial de fluxo é convertida em
energia interna, acarretando um aumento da temperatura do gás e reduzindo o ganho de pressão
que poderia ser obtido (Paixão, 2002).
Existem ainda outros efeitos como as trocas térmicas e o aumento de volume específico
pelas irreversibilidades que afetam negativamente a correspondência entre o head estático e a
pressão de gás.
Vale ressaltar que a maior parte do aumento de pressão no compressor ocorre no
impelidor, aproximadamente 65% a 75% (Queiroz, 2003) e não no difusor. Como também existe
um limite para o ganho de pressão em um estágio de compressão (impelidor – difusor), quando se
deseja uma alta pressão na descarga, costuma utilizar vários destes estágios (Figura 13).
Os impelidores, que podem ser fechados ou abertos (Figura 14), são montados sobre o
eixo do rotor e isolados entre si por meio de selos labirinto interestágio, que são buchas com
lâminas circunferências que apresentam folga mínima em relação ao eixo, formando câmaras
de expansão do gás que minimizam sua fuga, fixados normalmente aos diafragmas no caso da
configuração multiestágios.
Figura 14 - Fotos de impelidores dos tipos aberto e fechado. Fonte: Petrobrás S.A
6
A selagem externa (shaft end) pode ser também por meio de “labirintos”, selos mecânicos
com anéis de carvão flutuantes ou ainda os selos de gás seco (dry gas seals) que dispensam o uso
de óleo de selagem utilizando gás de barragem. Os danos que podem ocorrer dependem do tipo
da selagem (labirintos ou selo mecânico), sendo os originados por contato mecânico devido a
vibrações anormais do eixo, em qualquer caso, os mais comuns (Juliani, 2003). Existem ainda os
selos centrais do pistão ou tambor de balanceamento que possui uma câmara que conecta a
descarga à sucção como forma de compensar o aumento de pressão e, conseqüentemente, o
empuxo axial gerado. Esse elemento permite a seleção de mancais axiais menores, o que resulta
em menores perdas de potência no eixo.
Além dos componentes aerodinâmicos, a carcaça do compressor encapsula o eixo rotor
apoiado axialmente pelos mancais de escora (thrust bearings), cuja função é suportar as cargas ou
empuxos axiais, devidos à diferença de pressão entre a sucção a descarga, assim como, devido às
forças no sentido do eixo provenientes do acionador, e apoiado verticalmente por mancais radiais
que normalmente são dos tipos multilobulares ou de sapatas oscilantes para eixos que operam a
maiores rotações, e cilíndricos para rotações menores. Os mancais de escora podem ter sapatas
fixas ou oscilantes. A Figura 15 ilustra os dois tipos principais de mancais para compressores
centrífugos, especialmente para o caso de altas rotações do eixo.
Figura 15 - Mancais axial (esquerda) e radial (direita) com sapatas oscilantes para aplicação em compressores
dinâmicos. Fonte: Filho, 2004.
6
Pelas leis da termodinâmica, sabe-se que qualquer processo de compressão resultará num
aumento da temperatura do gás ou mistura gasosa. Nos casos de compressores que operam com
altas taxas de compressão, esse fator torna-se crítico, podendo comprometer fisicamente à
máquina. Nesses casos, procura-se fazer o resfriamento do gás entre os estágios, podendo esse ser
realizado interna ou externamente ao compressor. No resfriamento interno, os diafragmas que
separam dois estágios sucessivos são providos de camisas d´água. O resfriamento externo é feito
em trocadores de calor especiais (intercoolers) montados na mesma base, ou construídos na
carcaça do compressor (Figura 16) ou ainda, em unidades separadas. O objetivo do resfriamento
é reduzir a potência e baixar a temperatura de descarga. Em comparação com compressores não
resfriados, o resfriamento resulta em uma redução do tamanho ou rotação dos impelidores, ou
ainda, num menor número de estágios (Falco, 2000).
Figura 16 - Compressor equipado com resfriadores externos (intercoolers). Fonte: Petrobrás S.A.
6
Esses sistemas podem ser combinados no caso de sistemas de selagem com injeção de
óleo, diminuindo sensivelmente os custos desses sistemas. No entanto, a contaminação do óleo
lubrificante pelo gás de trabalho pode comprometer a segurança operacional da máquina.
Uma alternativa mais moderna para o sistema de selagem é a que utiliza gás de selagem,
conhecida como selos de gás seco (dry gas seals). O uso desses selos requer um sistema de
suprimento de gás de selagem específico que pode utilizar um sistema de controle baseado em
pressão diferencial ou vazão. Ambos controlam o fluxo de gás de selagem na câmara de
barragem do gás de processo. Mais de 80% dos compressores manufaturados atualmente são
equipados com esse tipo de sistema de selagem (Figura 17), substituindo o sistema de selagem a
filme de óleo tradicional (Stahley, 2003).
Figura 17 - Cartucho de selagem a gás seco para compressores dinâmicos. Fonte: Petrobrás S.A
6
4.2.4 - Turbinas
As turbinas são definidas como máquinas que retiram energia do fluido nela introduzido
pela mudança de seu estado termodinâmico e da quantidade de movimento, e a fornecem ao meio
externo na forma de energia mecânica. De forma geral podem ser classificadas em três grandes
famílias: hidráulicas, a vapor e a gás. As turbinas a gás são equipamentos que foram inicialmente
desenvolvidos para aplicação aeronáutica, com bom rendimento termodinâmico, alta
confiabilidade e fácil manutenção. Por esse motivo as turbinas a gás foram adaptadas (turbinas
aeroderivadas) para a geração de energia mecânica com as mais diversas finalidades (Ieno, 1993).
6
As turbinas a gás diferem das turbinas a vapor tradicionais pelo fato de utilizarem os
gases provenientes da câmara de combustão, conforme o esquema da Figura 18. São máquinas
térmicas, onde a energia química de combustão é transformada em trabalho mecânico útil por
meio do eixo da turbina. Quanto ao seu ciclo termodinâmico, podem ser de ciclo aberto ou de
ciclo fechado. O rendimento térmico de um ciclo da turbina a gás (24% a 42%) pode ser elevado
pela introdução de um regenerador (Velázquez, 2000).
Figura 18 - Esquema funcional básico de uma turbina a gás. Fonte: Velázquez, 2000.
A turbina a gás, de ciclo aberto, foi idealizada por George Brayton em 1870. O
compressor tem a função de comprimir o ar comburente para a câmara de combustão, onde,
misturado com o combustível, tem-se uma combustão contínua. Os produtos da combustão, à alta
temperatura, realizam o trabalho mecânico no eixo da turbina, pela expansão na mesma.
Em geral, a turbina e o compressor estão montados num eixo comum de tal forma, que o
trabalho necessário para a compressão do ar é obtido a partir do trabalho de expansão dos gases
na turbina. Para fornecer a energia mecânica, em aplicações estacionárias, a turbina a gás é
reprojetada para redução da velocidade de saída dos gases (Velázquez, 2000).
6
As turbinas a gás podem operar em ciclos simples, ou em conjunto com turbinas a vapor,
por exemplo, formando os chamados ciclos combinados, permitindo um aumento considerável no
rendimento do processo e uma maior geração de energia. O rápido avanço da tecnologia das
turbinas a gás nos anos 90 levou a eficiência térmica dos ciclos combinados a quase 60% com o
uso do gás natural como combustível. Esse tipo de planta com alto rendimento juntamente com
baixas emissões de poluentes, capital e custos de operação competitivos tornou a turbina a gás de
ciclo combinado a força motriz mais popular na geração de energia elétrica (Zwebek; Pilidis,
2004). Nesse processo (Figura 19), os gases de exaustão da turbina a gás, com temperatura ainda
elevada, podem ser aproveitados para produzir vapor calor d’água superaquecido de alta pressão,
numa caldeira de recuperação expandindo-se numa turbina a vapor, sendo os gases descarregados
para a atmosfera (Ieno, 1993).
Figura 19 - Diagrama esquemático de uma planta de geração de energia elétrica. Fonte: Petrobrás S.A
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Gráfico 8 - Curva característica dos Head x Vazão. Fonte: Campos e Teixeira, 2006.
7
(i) Danos nos mancais devido a um elevado desalinhamento entre os eixos do compressor
e do acionador (acoplamento). Os danos no conjunto rotativo devido às falhas nos
mancais normalmente atingem todos os estágios, já que eles estão sobre um mesmo
eixo;
(ii) Depósitos de “sujeira” nos difusores ou mesmo nos impelidores do rotor devido à
presença de líquidos condensáveis no gás;
Máquinas do tipo alternativo são utilizadas há séculos, enquanto que as centrífugas têm
menos de 80 anos de emprego. Inicialmente, os compressores do tipo centrífugo foram
largamente utilizados na indústria siderúrgica (anos 30) comprimindo ar para os alto-fornos ou na
coqueria e daí passou a ter múltiplos usos. Sua aplicação original foi estendida para todos os
outros gases, incluindo-se o vapor d’água (permitindo o reaproveitamento de energia que, de
outra forma, seria perdida), indo desde o fornecimento de ar comprimido para instrumentação ou
serviço até a compressão de gases de refrigeração (plantas criogenias).
Os compressores centrífugos (Figura 22) são tão usados hoje quanto os alternativos, sendo
o número de máquinas instaladas, atualmente, dos dois tipos, praticamente igual. O acionamento
desse tipo de equipamento pode ser feito por meio de turbina a vapor ou a gás, expanders ou
motores elétricos. Os compressores centrífugos diferenciam-se dos axiais não só pelo sentido
predominante do fluxo do gás (que nos primeiros é eminentemente radial), mas também pela
vazão e pressão de gás que se alcança nestes tipos de máquinas. Nos compressores centrífugos
podem ser atingidas altas taxas de compressão em relação às alcançadas pelos axiais; em
compensação, nestes últimos as vazões veiculadas são bem maiores que as dos centrífugos além
de serem mais compactos e mais leves para uma mesma capacidade volumétrica (daí sua
aplicação principal como compressores do ar comburente em motores aeronáuticos) (Juliani,
2003).
Tabela 2 – Limites gerais dos diversos tipos de compressores. Fonte: Petrobrás S.A.
8
Os compressores axiais (Figura 23) apresentam, ainda assim, a melhor eficiência dentre
todos os tipos construtivos, pois ambas as perdas mecânicas e aerodinâmicas são baixas,
resultando em eficiências próximas a 90% ou ainda maiores. Isto se deve às pequenas superfícies
de selagem e de contato com o fluxo de gás. Entretanto, esse tipo de compressor possui um
projeto complexo, um custo de aquisição maior e a sua confiabilidade são inferiores aos demais
devido, principalmente, à fragilidade das palhetas do rotor (Gresh, 2001).
O FENÔMENO “SURGE”
5.1 - Definições
5.2 – Histórico
Para se ter uma idéia da força destrutiva do Surge, vejamos o relato a seguir de um ensaio
de uma máquina rotativa.
“No início de 1985, a empresa Test Devices Incorporation estava procedendo a um teste
com um rotor de um compressor de massa 270 kg e raio de 0,38 m. Quando o rotor atingiu a
velocidade de 14.000 rpm, os engenheiros ouviram o som de uma pancada abafada vindo da sala
de testes. Esta era composta de um revestimento de aço fixado com parafusos, no seu interior
uma parede feita de tijolos de chumbo e revestimento próprio para contenção. Em caso de
explosão, esperava-se que os tijolos macios de chumbo capturassem os pedaços de forma que
ruptura pudesse ser analisada. Após as investigações os fatos apurados foram: Os tijolos haviam
sido atirados para fora da sala de testes, uma porta da sala arremessada para o estacionamento
vizinho, um tijolo de chumbo foi atirado do local de teste atravessando a parede de uma cozinha
vizinha, as vigas da estrutura do prédio onde foi realizado o teste haviam sido danificadas, o piso
de concreto abaixo da câmara de teste havia sido empurrado para baixo aproximadamente 0,5 cm
e o revestimento de aço de 900 kg havia sido arremessado para cima, atravessado o teto e depois
bateu de volta no equipamento de teste. Cálculos efetuados mostraram que a quantidade de
energia liberada foi de 2,1 x 107 Joules. Estar perto desta explosão era como estar perto de uma
bomba explodindo”. (Halliday, 2002).
O Surge descontrolado pode fazer com que momentaneamente um compressor altere sua
velocidade bruscamente e, com isto, uma condição semelhante à descrita acima pode ser atingida.
88
Um aspecto importante, sob o qual o funcionamento dos sistemas dinâmicos deve ser
observado, diz respeito ao conceito de estabilidade. Uma condição de equilíbrio do sistema é dita
estável quando pode efetivamente ser alcançada por meio de uma manobra operacional (Queiroz,
2003). É dita instável quando, ao contrário, qualquer tentativa de alcançá-la acaba por provocar
uma resposta ilimitada por parte do sistema, divergindo indefinidamente do ponto de equilíbrio
ou oscilando permanentemente em torno dele. Neste ultimo caso, o ponto de equilíbrio é
considerado virtual, pois, embora exista, de acordo com as equações de regime permanente, ele
não pode ser atingido (Rodrigues, 1991).
O intervalo de tempo entre cada ciclo varia, em geral, de caso para caso, não passando,
porém, de frações de segundo, fazendo com que o compressor oscile e trepide com violência,
gerando ondas sonoras características. O problema só pode ser resolvido reduzindo-se a pressão
na descarga ou alterando-se sua rotação para uma nova condição de equilíbrio. A partir da
compreensão de como e por que o Surge ocorre, fica fácil entender a importância de se saber em
que condições ele acontece para um determinado compressor. Conhecendo-se sua “linha”
podemos determinar a curva de proteção ao Surge (aquela que regula a abertura das válvulas de
alívio atmosférico (blow-off) ou de reciclo) e a faixa operacional do compressor (Juliani, 2003).
Da maneira como foi descrito, percebe-se que o Surge pode ocorrer em qualquer dos
estágios do compressor – no caso de compressores de múltiplos estágios, pois cada estágio
“preocupa-se” apenas com as suas condições de sucção e descarga. Em geral, quando o Surge
ocorre, não se pode afirmar a priori em qual dos estágios. Entretanto, a redução da pressão de
descarga do compressor, como um todo, reflete-se em todos os estágios, sendo essa a forma mais
comum para o controle do fenômeno. As pressões de sucção e descarga e a vazão do compressor
dependem do sistema ao qual o mesmo está ligado, portanto a condição em que o Surge ocorre
depende da instalação e varia de um compressor para outro e do gás que está sendo comprimido
(Rodrigues, 1991).
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Gráfico 10 - Curvas características do compressor e suas linhas de surge e stonewall. Fonte: Filho, 2004.
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Além do limite mínimo de vazão determinado pelo fenômeno do Surge, existe também
um limite máximo para a vazão denominado limite de Stonewall ou Choke. Esse fenômeno
ocorre devido ao aumento excessivo da velocidade de escoamento do fluido no interior do
compressor quando essa se aproxima à velocidade do som (Mach = 1), geralmente iniciado no
primeiro impelidor. A onda de choque gerada no interior do compressor causa uma queda abrupta
do head (ou da pressão de descarga), degradando sensivelmente a performance do compressor e
podendo gerar danos físicos aos seus componentes, sendo, portanto, um modo de operação
estritamente indesejável (Gresh, 2001).
Para os regimes de operação normal dos compressores centrífugos (e axiais), que visam
atender às necessidades do processo, e desconsiderando-se a faixa de operação atuada pelo
sistema anti-surge, existe o chamado controle de capacidade, que pode ser realizado por
diferentes métodos citados aqui resumidamente (Falco, 2000):
(i) Variação de rotação - Com rotação variável o compressor pode facilmente atender a
demandas do tipo vazão constante, pressão constante ou uma combinação vazão e
pressão variáveis. Esse método de controle é o mais eficiente, pois não introduz
perdas de energia do fluido adicionais, sendo bastante interessante para compressores
acionados por turbina, embora possa reduzir a eficiência em alguns acionadores;
(ii) Estrangulamento da sucção - Realizado por meio de uma válvula borboleta instalada
na tubulação de sucção. Esse método consiste, basicamente, em aumentar a resistência
do sistema para diminuir a vazão, podendo ser feito de modo análogo a partir da
tubulação de descarga. O controle por esse método não é tão eficiente quanto a
variação de rotação, pois existem perdas de energia disponível do fluido devido à
expansão irreversível na válvula. Além disso, fazendo-se uso do estrangulamento da
sucção ou da descarga, a temperatura de descarga do fluido aumenta ainda mais;
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Além desses métodos, existem outros, embora menos comuns, como: recirculação e
descarga para a atmosfera – que é um método bastante inviável financeiramente –, palhetas
ajustáveis nos difusores e palhetas ajustáveis nos impelidores. A complexidade e o alto custo
dessas duas últimas construções tornam o seu uso bastante raro. Na Europa, o alto custo da
energia e do combustível em relação à matéria-prima e à mão-de-obra já justifica tipos de
controle mais elaborados para a economia de potência.
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Baseado no minucioso trabalho feito neste sentido por Toyana, onde é relatado o resultado
obtido em testes efetuados em laboratório acerca do desempenho de um compressor centrífugo
quando colocado em condição de Surge. Tendo sido adotado um compressor de um único estágio
de pequenas dimensões e alta rotação, além de uma instalação com características típicas de
laboratório, é preciso observar com reservas os resultados quantitativos obtidos nestes testes. No
plano qualitativo, porém, há uma perfeita concordância em relação a dados publicados a respeito
de medições efetuadas em instalações industriais.
(iv) Súbita recuperação das pressões que haviam registrado queda, inclusive ultrapassando
os valores vigentes no momento da precipitação inicial do fenômeno;
(v) Reativação do compressor, que volta a descarregar positivamente, mas com o sistema
tornando a evoluir em direção ao surge;
(vi) Repetição cíclica e regular dos eventos citados, com uma freqüência inferior à do
surge incipiente (na ordem de 3 Hz nos testes).
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Alguns compressores comprimem gás através da redução do volume da câmara onde ele
se encontra. Tais compressores chamados alternativos não entram em Surge. Outros
compressores comprimem gás acelerando-o a uma alta velocidade com um conjunto rotativo e
então fazendo com que suas velocidade decresça em uma parte não rotativa, ocorre então um
aumento da pressão do gás (Falco, 2000). Compressores deste tipo são chamados de
turbocompressores ou compressores centrífugos. Este tipo de compressor apresenta um sério
problema à medida que a relação de compressão aumenta, isto é, a relação entre a pressão do gás
na descarga e a pressão na sucção do compressor.
Com uma relação de compressão elevada e vazão reduzida, esta vazão torna-se seriamente
instável e pode até reverter completamente no interior do compressor. Esta condição chamada de
Surge, perturba o equilíbrio de forças dentro do compressor, e pode jogar as partes rotativas
contra as estáticas podendo como visto no histórico não apenas destruir a máquina, como até
causar sérios danos em tudo ao seu redor.
O Surge incipiente pode não ocorrer em todas as partes de um compressor. Por exemplo,
devido à velocidade do gás ser menor próximo às paredes do elemento rotativo e maior no seu
centro a ocorrência do Surge pode se dar nesta área, enquanto no centro o gás ainda está seguindo
o seu caminho normal. Esta ocorrência em pequena escala se manifesta da seguinte forma
(Paixão, 2000):
(i) Periódicas pulsações na vazão que podem ocorrer durante um período de 0,2
segundos;
(ii) Pulsações periódicas na pressão de descarga principalmente se a medição ocorrer
próximo à descarga do compressor;
(iii) Aumento do nível de vibração axial e radial da máquina;
(iv) Aumento na temperatura de descarga.
(i) A pressão aumenta e a vazão cai, porque o consumo é menor que o limite mínimo de
vazão;
(ii) A vazão rapidamente reverte a uma pressão constante porque não há consumo;
(iii) A vazão reversa diminui a pressão na descarga, agora o gás no interior do compressor
encontra um caminho para seguir;
(iv) A vazão normal se restabelece repentinamente.
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Em observações efetuadas ao longo dos anos, verificou-se que o Surge incipiente ocorre
quando a vazão através do compressor está próxima de 10% da vazão mínima do compressor
para compressores de pequena taxa de compressão como, por exemplo, 1,2 / 1, em casos onde a
relação de compressão é maior, praticamente não se observa o Surge incipiente, apenas o surge
profundo. A seguir, algumas das razões que podem levar o compressor a entrar em Surge
(Queiroz, 2003):
O controle de Anti-Surge (Figura 25) tem com objetivo impedir que o compressor opere
com vazão inferior a certo mínimo (ponto de controle) escolhido ligeiramente acima daquele
onde ocorre o surge. Esta folga é necessária para que o controle tenha um tempo e consiga
eliminar o erro (Vazão abaixo do setpoint do controlador) sem atingir o ponto de instabilidade,
uma vez que o controle não age instantaneamente (Campos e Teixeira, 2006). Esta folga também
é importante para absorver as incertezas na localização exata da curva de surge.
A forma convencional de atuação é a recirculação da descarga para a sucção (ou descarga
para a.atmosfera, no caso de compressores de ar). A recirculação é controlada de tal maneira que
a vazão de gás que passa pelo compressor, que é a sorna das vazões de recirculação e para
consumo, seja maior que o limite de surge (Paixão, 2002).
MS = (SP-LS)/LS
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E = VC-SP
Do ponto de vista estático, isto é, sem levar em conta o que ocorre durante as mudanças
de condições operacionais, a saída do controlador deverá manter a válvula fechada sempre que o
erro for positivo (VC > SP). Quando, no entanto a vazão requerida pelo sistema (VS) for inferior
ao set-point, o controlador deve manter a válvula aberta o suficiente para deixar passar uma
vazão recirculada (VR) tal que:
VR = SP – VS
Anulando o erro e fazendo com que o ponto de operação se mantenha sobre o set-point.
Embora pareça simples, a implementação deste tipo de controle apresenta algumas dificuldades.
A primeira delas consiste em saber exatamente onde é o limite de Surge, já que as curvas
fornecidas pelo fabricante, pode não corresponder a realidade. Para isto é necessário se fazer uma
determinação experimental da curva de Surge.
O limite de Surge pode também se deslocar face a mudança na temperatura de sucção e
composição do gás. Quanto a este problema pode-se adotar uma compensação automática para o
set-point do controlador, ou ainda mais simplesmente, projetar o sistema para uma condição
conservativa (projetar para a maior temperatura na sucção e menor peso molecular) (Rodrigues,
1991).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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