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INVENTÁRIO FLORESTAL

“ LEVANTAMENTO E PROCESSAMENTO DE DADOS DO INVENTÁRIO


FLORESTAL, BLOCO XVIII”

MARCHANTE OLÍMPIO ASSURA AMBRÓSIO

CONCESSÃO FLORESTAL DA LEVASFLOR, LDA.

Mocuba, Fevereiro de 2016


UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

INVENTÁRIO FLORESTAL

“LEVANTAMENTO E PROCESSAMENTO DE DADOS DO INVENTÁRIO


FLORESTAL, BLOCO XVIII”

Autor: Marchante Olímpio Assura Ambrósio

Supervisor: Engo Milton Chaúque e Engo Martins Aboo

Relatório submetido a Faculdade de


Engenharia Agronómica e Florestal da
Universidade Zambeze, em parcial
cumprimento dos requisitos disciplina
Estágio Pré-profissional.

Mocuba, Fevereiro de 2016


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

RESUMO

Este relatório apresenta de uma forma geral os resultados do Projecto ou programa


especial que visa orientar a actividade de exploração florestal na tomada de decisão no
processo de abate das árvores. O relatório pretende dar um informe geral sobre todas as
actividades realizadas dentro da concessão florestal da LevasFlor, Lda, desde a sua
concepção, as metodologias aplicadas, as análises e os resultados obtidos de cada uma
das fases. Para a realização do projecto especial têm-se três (3) etapas principais nesta
fase, sendo elas: (1) microzoneamento dos talhões e o respectivo levantamento de
dados; (2) cálculo de volumes das árvores inventariadas; (3) selecção de árvores para
abate presente e futuro. A área foi subdividido em 102 trajectos com dimensões
variáveis e levantou-se dados de 9591 árvores de Brachystegia spiciformis, dessas
selecionou-se 6222 árvores para a exploração. O volume comercial total estimado para
o bloco exploratório XVIII para espécie é de 5567, 95 m3. O volume comercial dos
indivíduos selecionados para a exploração sustentável de Brachystegia spiciformis é de
4241, 24 m3.

Palavra-chave: Inventário Florestal, Exploração florestal, processamento de dados.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio I


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

AGRADECIMENTOS
Este estágio representou, para mim, a oportunidade de conciliar a teoria e a prática.
Agradeço primeiramente a DEUS que é a fonte de nosso ser e por ter-me dado força de
continuar a lutar;

A empresa que proporcionou o estágio (LevasFlor, Lda.) pela oportunidade dada de


poder estagiar, confiança depositada, pela disposição em ajudar e por todo apoio
concedido, em especial ao Gestor Local da Concessão Florestal da LevasFlor Engo
Milton Chaúque, ao Engo Martins Aboo, ao Téc. Taombera Sango, ao Elídio Simão e
aos trabalhadores da respectiva empresa pelo aprendizado, pela ajuda e confiança em
mim na realização do estágio profissional;

A minha mãe Ilda Eugénio Supuleta, meu tio Lemos Eugénio Supuleta e aos meus
irmãos e amigos, que sempre me apoiaram e me deram força para continuar em frente e
sem eles nada seria possível para mim;

De formas variadas e em diferentes níveis de relacionamento, eu recebi apoio,


compreensão e carinho nesta caminhada. Registro aqui o meu agradecimento àqueles
que me foram especiais:

Aos Colegas George Michael António, Jorge Sebastião Nhamunda que sempre
estiveram presentes durante todo esse processo de aprendizado.

Aos Colegas do ISPM (Instituto Superior Politécnico de Manica) Helena Rodrigues,


Mousere, Obede e Vitalina pelas contribuições, convívio diário, risadas e amizade.

Ao colega Moisés Rui Jerónimo pelas longas horas de orientação, ensinamentos,


amizade e confiança.

À Universidade Zambeze – Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal –


Departamento de Engenharia Florestal, por me possibilitar a participação do estágio.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio II


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

ÍNDICE

RESUMO .......................................................................................................................... I

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... II

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... VI

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. VII

LISTA DE ABREVIATURAS .....................................................................................VIII

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. OBJECTIVOS ........................................................................................................... 2

1.1.2. Geral: ...................................................................................................................... 2

1.1.3. Específicos .............................................................................................................. 2

2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ................ 3

2.1. Identificação da Empresa....................................................................................... 3

2.2. Localização ............................................................................................................ 4

2.3. Climatologia .......................................................................................................... 5

2.4. Topografia e recursos hídricos .............................................................................. 5

2.5. Flora ....................................................................................................................... 5

2.6. Fauna ..................................................................................................................... 6

3. PLANO E MÉTODOS DE TRABALHO ................................................................. 7

3.1. GESTÃO FLORESTAL ........................................................................................ 7

I. PROJECTO ESPECIAL (ACTIVIDADE PRINCIPAL) ............................................. 7

3.1.1. INVENTÁRIO FLORESTAL ................................................................................ 7

3.1.1.1. Descrição da actividade de inventário florestal.............................................. 8

3.1.2. PROCESSAMENTO DE DADOS DO INVENTÁRIO FLORESTAL .......... 10

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio III


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

II. ACTIVIDADES COMPLEMENTARES .................................................................. 12

3.2. EXPLORAÇÃO FLORESTAL........................................................................... 12

3.2.1. PLANEAMENTO DA EXTRACÇÃO ........................................................... 12

3.2.2. ABERTURA DE TRILHA DE ARRASTE .................................................... 13

3.2.3. PÁTIOS DE ESTOCAGEM OU ESTALEIRO FLORESTAL ...................... 14

3.2.4. CORTE DE ÁRVORES OU ABATE ............................................................. 15

3.2.5. ARRASTE DOS TOROS ................................................................................ 17

3.2.6. OPERAÇÕES DE PÁTIO ............................................................................... 18

3.2.7. TRANSPORTE DA MADEIRA ..................................................................... 19

3.3. FISCALIZAÇÃO ................................................................................................ 19

3.4. ESTABELECIMENTO DE PARCELAS PERMANENTES (PSP) ................... 20

3.5. ESTABELECIMENTO E MONITORIA DE WATER SAMPLE POINT (WSP)


22

3.6. COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS ...................................................... 23

3.7. VIVEIRO FLORESTAL ..................................................................................... 24

3.7.1. As actividades realizadas no viveiro florestal .................................................. 25

3.8. SERRAÇÃO ........................................................................................................ 26

3.8.1. SERRAÇÃO PROPRIAMENTE DITA .......................................................... 26

3.8.1.1. Localização e fluxograma da serração ......................................................... 26

3.8.1.2. Caracterização e classificação da serração ................................................... 27

3.8.1.3. Descrição dos requisitos de corte na serra principal .................................... 27

3.8.1.4. Caracterização dos sistemas de transmissão e força na máquina princípal.. 28

3.8.2. SALA DE AFIAÇÃO ...................................................................................... 28

3.8.3. CARPINTARIA ............................................................................................... 29

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio IV


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3.9. TRATAMENTO DA MADEIRA (CCA) ........................................................... 31

3.9.1. Principais peças tratadas .................................................................................. 31

3.9.2. Método de preservação usado .......................................................................... 31

3.9.3. Procedimentos usados para o tratamento da madeira ...................................... 31

3.10. SECAGEM DA MADEIRA ............................................................................ 32

3.10.1. Objectivos específicos de secagem da madeira na empresa LevasFlor, Lda ... 33

3.10.2. Métodos Usuais de Secagem da Madeira na Empresa LevasFlor, Lda. .......... 33

3.10.2.1. Existem dois métodos: ................................................................................. 33

3.10.2.1.1. SECAGEM AO AR LIVRE/ NATURAL ................................................ 33

3.10.2.1.2. SECAGEM ARTIFICIAL (EM ESTUFAS) ............................................ 35

3.10.3. Meio de Aquecimento ...................................................................................... 36

4. ANÁLISE DO TRABALHO REALIZADO .......................................................... 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41

6. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 42

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 43

8. ANEXOS E APÊNDICES ...................................................................................... IX

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio V


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização geográfica da área de estudo, concessão florestal da LevasFlor,
Lda. ................................................................................................................................... 4

Figura 2. Levantamento de dados do inventário florestal. ............................................. 10

Figura 3. Actividade de abate e traçagem das árvores. .................................................. 17

Figura 4. Actividade de carregamento dos toros. ........................................................... 18

Figura 5. Ilustra o esquema da parcela permanente (PSP). ............................................ 22

Figura 6. Actividade de controlo e combate aos incêndios florestais. ........................... 24

Figura 7. Actividades executadas no viveiro florestal. ................................................... 26

Figura 8. Esquema do Layout da Serração da indústria florestal da LevasFlor, Lda.


Fonte: Autor (2016). ....................................................................................................... 27

Figura 9. Processo de corte realizado na serra principal. ............................................... 28

Figura 10. Ilustra algumas actividades exercidas na sala de afiação. ............................. 29

Figura 11. Fluxograma da carpintaria industrial da empresa. ........................................ 29

Figura 12. Actividades realizadas na carpintaria industrial ............................................ 30

Figura 13. Ilustra o recipiente cilíndrico de aço e o respectivo tratamento da madeira . 32

Figura 14. Pilhas de madeira para secagem ao ar livre/ natural. .................................... 34

Figura 15. Secagem artificial em estufas ........................................................................ 36

Figura 16. Montagem de trajectos do bloco 18. ............................................................. 38

Figura 17. Ilustra a curva de distribuição diamétrica indivíduos Selecionados de


Brachystegia spiciformis para a exploração. .................................................................. 38

Figura 18. O volume de árvores de Brachystegia spiciformis a ser explorado. ............. 39

Figura 19. Mapa de árvores de Brachystegia spiciformis para abate presente e futuro (a
serem exploradas). .......................................................................................................... 40

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio VI


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Os resultados obtidos em três (3) pontos medidos (WSP1, WSP2, WSP3) ... 23

Tabela 2. Especificações usadas para aplicação das travas, consoante a espécie a ser
serrada. ............................................................................................................................ 28

Tabela 3. Plano de actividades desenvolvidas dentro da concessão florestal da


LevasFlor, Lda. ............................................................................................................... 37

Tabela 4. Ficha de recolha de dados florestais-Inventário Florestal Integrado ()


Integrado (IFI) ................................................................................................................ IX

Tabela 5. Ficha de registo no transporte de toros ........................................................... IX

Tabela 6. Ficha de registo de abate...................................................................................X

Tabela 7. Ficha de registo do corte de ramadas ................................................................X

Tabela 8. FICHA DE MONITORIA DE ACTIVIDADES ILEGAIS NA CONCESSÃO


FLORESTAL DA LEVASFLOR ................................................................................... XI

Tabela 9. FORMULÁRIO PARA MONITORIA DA ÁREA DE ALTO VALOR DE


CONSERVAÇÃO .......................................................................................................... XI

Tabela 10. Ficha de árvores a serem demarcadas para o abate ....................................XIII

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio VII


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

LISTA DE ABREVIATURAS

CAP - Circunferência à Altura do Peito (1,30m)


CCA - Arsenato de Cobre Cromatado
cm - Centímetros
DAP - Diâmetro à Altura do Peito (1,30m)
DMC - Diâmetro Mínimo de Corte
E - Este
EN - Estrada Nacional
LF - LevasFlor
FSC - Forest Stewardship Council (Conselho de Maneio Florestal)
GPS - Global Positioning System
ha - Hectare
Hc - Altura Comercial
ID - Identificação do individuo
Km - Quilómetro
Kpa - Quilo pascais
MAE - Ministério de Administração Estatal
m - Metro
m/s - Metro por segundo
m3 - Metro cubico
mm - Milímetro
ºC - Grau centígrado
PNG - Parque Nacional da Gorongosa
PSP - Permanent Sample Point (Parcelas Permanentes)
S - Sul
WSP - Water Sample Point (Ponto de amostragem da água)
XeY - Coordenadas de localização
% - Percentagem

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio VIII


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

1. INTRODUÇÃO
A LevasFlor é a única empresa Moçambicana com o certificado do Forest Stewardship
Council (FSC) resultado do comprometimento da LevasFlor na implementação de uma
gestão sustentável da floresta onde somente as plantas saudáveis e suficientemente
desenvolvidas são abatidas causando o menor impacto possível nas áreas de abate
(Falcão, 2016).

Segundo o autor acima citado, a empresa LevasFlor sendo responsável pelo seu Maneio
Florestal, assume o compromisso em longo prazo com os princípios e critérios do FSC
(Forest Stewardship Council) de maneira a fornecer produtos certificados ao mercado
consumidor, produzidos de forma economicamente viável, ambientalmente adequada e
socialmente justa.

Para garantir a sustentabilidade na exploração e área concessionária foi dividida em


vinte (20) blocos exploratórios. Visando facilitar a exploração rotativa dos recursos uma
vez que a concessão tem uma validade de 50 anos, o que impõe e/ou requer muito
cuidado e metodologia na exploração dos recursos disponíveis.

Por normas internas, as árvores só são abatidas se tiverem diâmetro minino de corte
(DMC) de 40 cm. No entanto, a concessão decidiu fixar esse mínimo em 45 cm, fora
dos outros aspectos que também levados em conta nas decisões sobre o abate.

Esta operação tem em vista permitir uma exploração florestal eficaz e com o mínimo de
custos e danos no povoamento remanescente bem como mínimo impacto ambiental
negativo (SITOE e BILA, 2008).

O programa/projecto especial do relatório pré-profissional visa orientar a actividade de


exploração florestal na tomada de decisão no processo de abate das árvores.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 1


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

1.1. OBJECTIVOS
1.1.2. Geral:

 Orientar a actividade de exploração florestal na tomada de decisão no processo


de abate das árvores.

1.1.3. Específicos:

 Descrever a actividade de inventário florestal na LevasFlor (levantamento e


processamento de dados);
 Selecionar as melhores árvores (árvores com potencial para corte futuro) para o
processo de abate;
 Adoptar medidas técnicas que garantam, no processo da exploração florestal a
perpetuidade dos recursos;

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 2


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO


2.1. Identificação da Empresa
Esta empresa é a única em Moçambique que trabalha com florestas nativas e que esta
actualmente certificada em termos de cadeia de produção pelo FSC. Esta empresa
explora os recursos de forma integrada e sustentável. As principais actividades
realizadas pela empresa são: Exploração Florestal, Processamento, Venda de madeira
processada, promoção de ensino e investigação de florestas e fauna bravia e protecção
contra fauna e queimadas descontroladas (Falcão, 2016).

A LevasFlor trabalha na gestão do seu negócio com uma visão de respeito ao meio
ambiente, compromissada com o desenvolvimento das pessoas envolvidas e buscando a
rentabilidade econômica. A empresa atende aos seguintes parâmetros na gestão de seus
negócios:

 Proporcionar um ambiente de trabalho seguro e de respeito ao meio ambiente;


 Preparar os seus colaboradores, trazendo satisfação pessoal e crescimento
profissional;
 Satisfazer os seus clientes oferecendo produtos de qualidade;
 Interagir com as comunidades da qual faz parte contribuindo para o
desenvolvimento social;
 Trazer resultados cada vez melhores para a empresa e acionistas, através de uma
gestão que busca melhorias e análises contínuas do seu desempenho.

A empresa é composta por cinco (5) componentes:

1. Administração e Manutenção;
2. Exploração Florestal;
3. Maneio, Silvicultura e Fiscalização;
4. Serração e Carpintaria; e
5. Secção Comercial.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 3


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

2.2. Localização

A área da concessão florestal pertencente a empresa LevasFlor, Lda ocupa cerca de


46.239 ha. Tem como limite a Norte a EN 213 entre distrito Caia e Dondo com
coordenadas geográficas S 18º34,049’ E 34º59,069’ e o limite Sul é S 18º49,001 E 34º
50,402’ (Falcão, 2016). A área concessionaria esta subdividida por 20 blocos
exploratórios e possui 35 PSP’s.

Na concessão tem seis (6) áreas de protecção, e zonas de Alto Valor de Conservação,
onde os recursos são de elevado interesse. Também tem outras cinco (5) áreas
protegidas onde não se pode cortar nada. Nesta área faz-se actividades de pesquisa e
investigação científica.

A área cobre cinco (5) blocos concessionais (26, 27, 28, 38 e 39) situando-se ao longo
da EN 213, entre os distritos de Caia e Dondo, com o povoado de Condué no lado
Ocidental. Todos blocos estendem-se para Leste e são delimitados a Oeste por alguns
dos pequenos rios locais. A área é atravessada pela linha férrea de Sena e a EN 213. O
acampamento e a indústria de processamento (serração) foi instalado na área de
Condué, que dista a 55 km da sede distrital de Cheringoma (Inhaminga), a 11 km da EN
213 (Falcão, 2016).

Figura 1. Localização geográfica da área de estudo, concessão florestal da LevasFlor, Lda.


Fonte: Autor (2016).

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 4


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

2.3. Climatologia
O clima é tropical húmido, com duas estações (seca e chuvosa). A estação chuvosa
ocorre entre Novembro a Abril, durante o verão. A pluviosidade média anual acumulada
atinge aproximadamente 1000 mm a 1200 mm e os meses de menor ocorrência de
chuvas são Agosto e Setembro (Falcão, 2016).

A temperatura média anual é de 23º C, embora se registe valores máximos entre os


meses de Janeiro a Fevereiro e as mínimas de Junho a Julho. A humidade média relativa
é de 60% em Outubro e 70% em Março e a evapotranspiração média é de 16000 mm ao
ano (MAE, 2005).

2.4. Topografia e recursos hídricos


Os solos tem valores de pH que variam entre pH=5 a pH=6.5, como resultado das
condições climáticas e acção erosiva dos rios. Contem duas (2) unidades pedológicas
que são encontradas no Plateau de Cheringoma (Tinley, 1977). A primeira é dos solos
arenosos permeáveis com depósitos de silício de cor amarelados ou
alaranjados/avermelhados profundos. A segunda unidade é um horizonte impermeável
de baixo dos areais a grandes profundidades (MAE, 2005).

O ponto mais alto esta situado na fronteira Oeste ao longo da estrada Inhaminga-
Condué, com aproximadamente 174 m acima do nível do mar. A área mais baixa em
altitude encontra-se na direcção Sul-Este com 36 m. A área concessionária da
LevasFlor, Lda é atravessada no interior por vários rios e riachos, sendo todos eles
periódicos (Falcão, 2016).

2.5. Flora
Segundo Falcão (2016), a concessão florestal da LevasFlor, Lda apresenta diversos
tipos de formações florestais, sendo os mais predominantes são LF2, LF3, WG e
Floresta Ribeirinha.

É caracterizada por ter maioritariamente floresta de Miombo. Com base na imagem


satélite e posteriormente no inventario florestal constatou-se que a área possui diversas
formações florestais, dentre as quais floresta fechada, aberta e arborizada/arbustiva, e
ainda a floresta ribeirinha próximo dos cursos de agua onde o poder vegetativo é mais
vigoroso (floresta mais fechada e robusta).

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 5


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Na área predominam com maior frequência as seguintes espécies florestais:


Brachystegia spiciformis e Julbernadia globifora. As mais comuns encontradas na área
são as seguintes: Spirostachys africana, Breonadia microcephala, Sclerocarya birrea,
Pterocarpus angolensis, Burkea africana, Guettarda speciosa, Xeroderris stuhlmannii,
Afzelia quanzensis, Millettia stuhlmannii, Acacia nigrescens, Khaya nyasica,
Ambligonocarpus andogensis, Guibourtia conjugata, Strichnos potatorum,
Pseudopersama mossambicensis, Swartzia madagascariensis, Erythrophloeum
suaveolens, Pteleopsis myrtifolia, Tabernaemontana elegans, Lonchocarpus capassa,
Mimusops spp., Albizia adianthifolia, Berchemia zeyheri, Newtonia hildebrandtii e
muitas outras que ocorrem na formação florestal de Miombo.

2.6. Fauna
A concessão é habitada por vários animais bravios. Por não ter sido feito previamente
algum levantamento faunístico na área, não pode ser determinado o número de espécies
existentes. Contudo está claro que a concessão possui todas as condições para uma
fauna abundante, pois factores como proximidade do PNG (Parque Nacional de
Gorongosa), Coutada Leão Safari e condições edafo-climáticas e outros que favorecem
o crescimento das espécies faunísticas (Falcão, 2016).

Segundo Falcão (2015), as espécies faunísticas encontradas na área da concessão


florestal da LevasFlor são as seguintes: Sylvicapra grimmia, Nesotragus moschatus,
Redunca arundinum, Tragelaphus strepsiceros, Phacochoerus aethiopicus, Aepyceros
melampus, Tragelaphus angasi, Panthera leo, Panthera pardus, Papio ursinus,
Potamochoerus porcus, Hystrix africae-australis, Herpestes spp., Manis temminckii,
Mellivora capensis, Python sebae entre outras.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 6


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3. PLANO E MÉTODOS DE TRABALHO

3.1. GESTÃO FLORESTAL


______________________________________________________________________

Objectivo Geral:

 Garantir a utilização sustentável e integrada dos recursos, promovendo


iniciativas que afiançam a protecção, conservação e desenvolvimento dos
recursos florestais e faunísticos na concessão florestal da LevasFlor, Lda.

Específicos:

 Assegurar a correcta gestão dos recursos florestais existentes;


 Adoptar medidas técnicas que garantam, no processo da exploração florestal a
perpetuidade dos recursos;
 Mitigar os efeitos perniciosos em todas as operações florestais;
 Promover o aproveitamento industrial da madeira em todas modalidades.

I. PROJECTO ESPECIAL (ACTIVIDADE PRINCIPAL)

3.1.1. INVENTÁRIO FLORESTAL


______________________________________________________________________

Segundo ROTH et al. (2009), o inventário florestal é a base do planeamento da


produção do maneio. É realizado para o talhão a ser explorado num determinado ano.
Consiste na localização, identificação e avaliação qualitativa de árvores de valor
comercial, acima de um determinado DAP (de acordo com a legislação vigente);
árvores com potencial para corte futuro; e também árvores matrizes ou portas-semente
(importantes para a regeneração da floresta).

Conforme os autores acima citados, as árvores mortas naturalmente também podem ser
marcadas e consideradas no inventário florestal, como sendo madeira proveniente de
aproveitamento de resíduos. Os dados são anotados em uma ficha de campo e usados na
elaboração do mapa do inventário. Posteriormente as informações também serão usadas
para o planeamento da infraestrutura da extracção.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 7


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3.1.1.1. Descrição da actividade de inventário florestal


Na ficha do inventário florestal, citam-se as seguintes informações importantes: número
da árvore (marcado na mesma), coordenadas X e Y (para localização da árvore), nome
comum das árvores (identificação com o máximo de detalhamento possível), diâmetro à
altura do peito (DAP a 1,30m), altura comercial das árvores (até o primeiro galho ou
bifurcação), qualidade do fuste (se recto ou torto) e observações gerais, tal como a
presença de cipós, ocos ou abelhas, árvores mortas naturalmente etc. (Tabela 4).

Equipe necessária:

O inventário florestal é realizado por uma equipe formada por um mapeador/marcador


(usando GPS), um medidor de DAP (usando suta) e da altura comercial, um
identificador botânico (pisteiro) e um anotador. O marcador procura as árvores a serem
mapeadas percorrendo os trajectos (Track), junto do medidor de DAP das árvores,
enquanto o identificador e o anotador se deslocam no meio da faixa. O marcador
também identifica, avalia e localiza as árvores no talhão. A equipe procura as árvores
até o final do trajecto (Track) voltando em sentido contrário na faixa seguinte.

Material usado:

EPI (capacete, calça, camisa e bota), Catana, fita métrica/diamétrica ou suta, prancheta,
ficha de campo, esferográfica e GPS.

Passos que se seguem:

O primeiro passo a se seguir no inventário florestal é a localização do trajecto (Track)


com base num GPS, a primeira árvore é localizada pelo mapeador/marcador. O
estimador do DAP e da HC (altura comercial), o anotador e o identificador dirigem-se
até a árvore. O anotador colecta todos os dados e os registra na ficha de campo. O
identificador mede o DAP da árvore e a identifica (nome comum e, se possível,
científico). Concluído o inventário da árvore, o marcador/mapeador localiza a próxima,
sempre tomando por base a coordenada Y em relação a última árvore inventariada. Na
nova árvore, são repetidos os mesmos procedimentos da anterior.

A identificação das árvores de valor comercial é feita por pisteiros experientes. Quando
houver mais de um pisteiro envolvido na identificação, certifique-se de que eles

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 8


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conhecem as espécies pelo mesmo nome. Quando for possível, especialmente no


escritório, associa-se o nome comum ao nome científico;

Mede-se a circunferência ou o diâmetro da árvore para estimar o volume de madeira e


ajudar na selecção das árvores a serem extraídas. A medição da circunferência é feita
com uma fita métrica, enquanto para a medição do diâmetro é utilizada uma suta. A
medição do diâmetro da árvore é feita à altura de 1,30m do solo ou em torno da altura
do peito do medidor (DAP).

É comum e importante anotar a posição de cada árvore em sistema de coordenadas X e


Y na ficha de campo. Estes valores são fornecidos pelo marcador/mapeador, que estima
os números com base nas distâncias anotadas nas balizadas dos trajectos.

Para facilitar a localização das coordenadas, anotar na ficha de campo a faixa onde se
encontra a árvore inventariada. Processo este que também permite realizar,
simultaneamente, a identificação e localização de cursos d’água e outras áreas de
preservação permanente (grotas, barreiros de fauna, etc.) no mapa de inventário e
extracção.

A estimativa da altura do fuste, que corresponde ao ponto de corte na base da árvore até
a primeira bifurcação dos seus galhos, geralmente é feita a olho nú.

Avaliação da qualidade do fuste, que varia em termo de qualidade comercial. Os troncos


rectos, cilíndricos e sem ocos são classificados como “bons para uso madeireiro”. Os
fustes rectos, mas com ocos pequenos ao longo de todo o fuste, ou fustes tortuosos, mas
sem ocos são classificados como regulares. Por sua vez, os fustes tortuosos e com
presença de ocos possuem qualidade inferior.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 9


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Figura 2. Levantamento de dados do inventário florestal. Fonte: Autor (2016)

3.1.2. PROCESSAMENTO DE DADOS DO INVENTÁRIO FLORESTAL


______________________________________________________________________

O processamento de dados é feito conforme os objectivos do maneio e os resultados, na


forma de tabelas, devem conter informações claras e objectivas para orientar a
extracção, fiscalização e monitoramento tais como: quais árvores serão extraídas, qual o
volume total e individual das árvores a serem extraídas, qual o rendimento esperado em
número de fustes por árvore e qual a direcção da queda.

Dessa forma, têm-se três (3) etapas principais nesta fase, sendo elas: (1)
microzoneamento dos talhões; (2) cálculo de volumes das árvores inventariadas; (3)
selecção de árvores para abate presente e futuro e para porta-sementes (quando for o
caso).

(1) As informações contidas na ficha de campo são as bases para elaboração do mapa
do inventário florestal. Esse mapa será utilizado para localizar as árvores a serem
extraídas, árvores remanescentes (extracção futura e também as matrizes) e
topografia do terreno. Este microzoneamento da área é feito utilizando um GPS e o
programa (Software MapSource). Foram tracejados 102 Track’s de diversas
dimensões no bloco 18.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 10


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

A escolha das unidades de amostragem na área de estudo foi feita pelo processo de
amostragem sistemática em faixas de 75-100m de largura e de 3-3.5km de comprimento
(são variantes de parcelas rectangulares) o que equivale aproximadamente a 22.5 ha por
trajecto.
O levantamento foi feito por três equipes constituídas por 3 a 4 elementos cada uma das
equipes, sendo um mapeador, anotador, pisteiro e o medidor de DAP. Em cada uma das
unidades amostrais seleccionadas foram medidos para cada indivíduo o diâmetro a
altura do peito (DAP), e estimada a altura comercial para determinação do volume total
do bloco exploratório.

(2) O volume total de madeira existente em uma dada área, por exemplo 1ha, é o
resultado da soma do volume de cada uma das árvores localizada naquela área. Para
calcular o volume de cada árvore foram utilizadas as informações sobre a
circunferência à altura do peito (CAP) ou diâmetro à altura do peito (DAP), a altura
comercial (HC) e qualidade do tronco (volume efectivamente aproveitável de cada
árvore) com base no programa – Excel e fichas de campo, usando as fórmulas
descritas a seguir.

Fórmula de Volume:

(0.65) Equação 1
Onde: V = volume da árvore (m3). G = área basal individual da árvore (m2); HC = altura
comercial da árvore (m); e f (0.65) = factor de forma.

Fórmula da área basal individual:

Equação 2

Onde:

DAP = diâmetro a altura do peito, aproximadamente 1,30m e CAP = circunferência a


altura do peito, aproximadamente 1,30m.

(3) De acordo com os dados processados nos dois itens anteriores, por fim, realizou-se a
selecção de árvores para abate presente e futuro. Isto se dá em função de: (a) para as
árvores para abate presente e futuro selecciona-se indivíduos de espécies mais

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 11


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

abundantes, fora de áreas de preservação permanente, sem presença de animais


“importantes”, de maior volume (DMC = 45cm), com boa qualidade de fuste e,
preferencialmente, mais velhas.

Antes da inserção dos dados no ArcGIS foi feito um levantamento das características
dos dados (sistemas de projecção e de coordenadas, disponibilidade e formato no qual
se encontravam os dados).

Material usado: Computador (Software ArcGIS 10).

II. ACTIVIDADES COMPLEMENTARES


3.2. EXPLORAÇÃO FLORESTAL
______________________________________________________________________

3.2.1. PLANEAMENTO DA EXTRACÇÃO


O planeamento da extracção é de fundamental importância para o sucesso do maneio e
depende de actividades citadas anteriormente, como, por exemplo, a correcta
demarcação do talhão. O planeamento utiliza informações sobre a distribuição das
árvores, direcção de queda provável, localização das estradas, formato do talhão e
topografia, para produzir um plano capaz de reduzir os danos ecológicos, os
desperdícios de madeira e de aumentar a produtividade da extracção, além de reduzir os
custos operacionais, proporcionar maior segurança no tráfego de veículos e melhorar a
eficiência de máquinas no arraste.

Vias de acesso, armazenamento e escoamento da produção florestal são consideradas


infra-estruturas na extracção florestal sustentável e devem ser construídas para serem
permanentes, ou seja, para serem utilizadas em vários ciclos de extracção.

O transporte da madeira é feito por uma rede de estradas principais, ligando a área de
extracção florestal às indústrias, e estradas secundárias que conectam as áreas de
extracção florestal às estradas primárias.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 12


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3.2.2. ABERTURA DE TRILHA DE ARRASTE


São trilhas localizadas dentro dos talhões de maneio pelas quais são arrastadas os toros
da floresta ao pátio de estocagem ou estaleiro, visando optimizar e facilitar o
movimento de máquinas. Essas trilhas são planeadas e sinalizadas, de maneira a
localizar as árvores derrubadas no talhão.

Primeiro define-se o ramal principal de arraste. Em seguida, a direcção da queda das


árvores e a localização dos ramais secundários. Por último, indica-se a ordem de arraste
das árvores e, eventualmente, a necessidade de traçá-las.

A trajectória dos ramais de arraste (principal e secundário) estão num formato tipo
espinha de peixe. Este reduz o caminho entre o toro e o pátio, diminui a densidade de
ramais e faz com que os ângulos de sua junção sejam suaves. Além disso, os ramais
secundários de arraste (quando necessários) devem estar ligados ao ramal principal em
um local livre de obstáculos, como árvores de valor comercial futuro e matrizes
também.

Para a definição da trilha de arraste:

1. Delimita-se os toros que podem ser retirados por um único ramal – esses toros devem
estar próximas entre si;

2. Desenha-se um ramal central de arraste no sentido pátio – arraste. O ramal deve estar
em uma posição intermediária entre as árvores e ser o mais recto possível. Recomenda-
se que a ligação do ramal ao pátio seja feita no seu comprimento (fundos ou frente),
deixando as laterais para armazenar os toros.

Equipe necessária:

Um planeador, um motosserrista/ homens de abertura de picadas e um balizador.

Passos que se seguem:

1. Localiza-se o pátio no início do ramal de arraste de acordo com o mapa preliminar de


extracção.

2. Verifica-se, ao longo do trecho indicado para o arraste, possíveis obstáculos, como


árvores de valor futuro e matrizes, variações topográficas, tocos de árvores caídas
naturalmente, entre outros. Neste caso, a trajectória do ramal deve ser alterada ou

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 13


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

desviada, de acordo com as regras do desvio da estrada. Repetir o mesmo procedimento


para a demarcação dos ramais secundários e terciários.

3. Abre-se uma picada até a última árvore a ser derrubada no ramal. O caminho deve ser
o mais curto e de menor resistência para o tractor, nos casos em que não é possível
controlar a direcção de queda da árvore para evitar obstáculos ao arraste, pode-se traçar
o toro ou mudar completamente a trajectória do ramal.

4. Escolhe-se o ponto de ligação entre os ramais secundários e o principal em locais sem


árvores caídas, tocos, árvores de regeneração ou qualquer outro obstáculo ao arraste.

A direcção de queda das árvores é definida e anotada no mapa preliminar de extracção.


Caso a mesma tenha que ser modificada no decorrer dos trabalhos (para proteger outras
árvores de interesse e garantir a segurança dos trabalhadores florestais, bem como evitar
desperdícios e maiores impactos), é necessário também modificar e anotar no mapa a
localização do ramal de arraste. Por último, verificar se a direcção de queda das árvores
dificultará o arraste dos toros.

3.2.3. PÁTIOS DE ESTOCAGEM OU ESTALEIRO FLORESTAL


Assim como as estradas, os pátios de estocagem são construídos no período seco,
podendo ser no mesmo ano da extracção ou no ano de construção das estradas
secundárias.

Para demarcação dos pátios, há algumas condições básicas: preferir locais com
clareiras, evitar áreas que tenham tocos de árvores, optar por locais que ofereçam boa
drenagem e sejam relativamente planos.

A distribuição dos pátios é feita de forma dirigida, conforme o tipo de solo e a


topografia. Visto que as áreas são irregulares com diferentes tipos de solo e topografia.
O tamanho e a localização dos pátios variam em função da topografia do terreno (o
pátio deve ficar em uma área plana) e do traçado da estrada (evitar as curvas).

O tamanho dos pátios é determinado em função do sistema de transporte dos toros e do


tipo de veículo utilizado.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 14


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Passos que se seguem:

1. Define-se o local do pátio de acordo com o mapa preliminar de extracção e as


condições da floresta (descritas acima);

2. Inicia-se a demarcação do pátio abrindo trilhas, removendo a vegetação existente no


local. A etapa de demarcação e remoção da vegetação, geralmente antecede à chegada
dos tractores na área de extracção.

3.2.4. CORTE DE ÁRVORES OU ABATE


O corte das árvores ou abate é feito por uma pessoa com conhecimento teórico e prático
para evitar erros que causem:

(a) Desperdícios excessivos de madeira - evitar o derrube de árvores ocas e com


animais, diminuir riscos de rachaduras, aproveitar ao máximo cada árvore através do
corte baixo e do destopo alto;

(b) Danos desnecessários à floresta - protecção das árvores remanescentes e áreas de


preservação ambiental;

(c) Acidentes de trabalho - queda de galhos e troncos sobre os operadores;

(d) Dificuldades no arraste – o ideal é que a base do tronco fique em direcção ao ramal
de arraste;

(e) Grandes custos operacionais – aumentando o número de árvores seleccionadas


derrubadas, a vida útil dos equipamentos, o retorno dos investimentos, e diminuindo o
desperdício de material e equipamentos.

Equipe necessária:

A equipe de corte é composta por um motosserrista, um ajudante, um patoleiro, um


marcador e um cubicador, além de um técnico e responsável pela área. O ajudante
localiza a árvore a ser derrubada, limpa o local e prepara o caminho de fuga. O
motosserrista faz o corte da árvore, separa o tronco da copa, divide o tronco em
toros/traçagem e elimina obstáculos ao arraste. O patoleiro ajusta os toros para facilitar
a marcação e o arraste dos toros. O marcador identifica a árvore derrubada e os toros
que serão arrastados. O cubicador, faz a cubicagem dos toros (sem casca) traçados.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 15


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Passos que seguem:

Actividades pré-corte

Inicialmente as árvores devem ser preparadas para o corte observando os seguintes


casos:

1. Localizar, encontrar e marcar a árvore a ser derrubada, através do mapa de corte


e lista de árvores a extrair.
2. Verificar se a direcção de queda recomendada (protegendo as árvores
remanescentes, buscando áreas de menor dano e diminuindo as clareiras) é
possível e se existem riscos de acidentes, como galhos quebrados pendurados na
copa.
3. Limpar o tronco a ser cortado. Cortar cepos e arvoretas, galhos quebrados ou
outros obstáculos situados próximos à árvore.
4. Preparar os caminhos de fuga por onde a equipe deve se afastar no momento da
queda da árvore. Os caminhos (geralmente dois) devem ser construídos no
sentido contrário à tendência de queda da árvore, um para cada lado, para
prevenir problemas decorrentes de mudanças não controláveis na direcção de
queda.

Técnicas de corte (padrão)

Para árvores com tronco de boa qualidade (pouco inclinado, sem sapopemas) e direcção
natural de queda favorável à operação de arraste, utiliza-se a técnica padrão de corte. As
outras técnicas, classificadas como “cortes especiais”, são utilizadas para as árvores que
apresentam pelo menos uma das seguintes características: diâmetro grande, inclinação
excessiva, tendência à rachadura, presença de sapopemas, existência de ocos grandes e
direcção de queda desfavorável ao arraste.

A técnica padrão consiste em uma sequência de três entalhes: abertura da “boca”, corte
diagonal e corte de abate ou direccional.

Actividades pós-corte:

As actividades pós-corte consistem inicialmente em fazer o desponte (separar a copa, e


somente ela do tronco) e dividir o toro em partes menores (traçamento). O número de
toros depende do comprimento inicial do tronco, da densidade da madeira, das

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 16


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

especificações do mercado, do tipo de veículo de transporte e da posição da queda em


relação a trilha de arraste. O traçamento é o mais próximo possível da copa para
aumentar o aproveitamento de madeira e, sempre que possível, faz-se o aproveitamento
de galhos com diâmetro superior (ramadas).

Em seguida, também nesta fase de pós-corte, é colocada a identificação da árvore


abatida no toco que sobrou da árvore para manter o controlo da origem da madeira
retirada r visando igualmente manter o controlo da cadeia de custódia. Assim, é possível
que o comprador da madeira consiga chegar até o local exacto na floresta de onde a
mesma foi retirada, facto este útil também em um processo de vistoria dos órgãos
competentes e certificação florestal.

Figura 3. Actividade de abate e traçagem das árvores. Fonte: Autor (2016)

3.2.5. ARRASTE DOS TOROS


Para transportar os toros do local de queda das árvores até os pátios de
estocagem/estaleiro utilizam o trator agrícola (tração mecânica).

Passos que seguem:

O ajudante engata a corrente acoplada ao tractor ao estropo do toro enlaçado. Em


seguida, afasta-se da área por onde o toro será arrastado.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 17


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

O tractor carrega o toro até o pátio de estocagem/estaleiro enquanto o ajudante na


floresta procura o próximo toro a ser arrastado e faz o enlace do estropo. Nos casos em
que o toro caia rente ao chão, o ajudante pode cavar um buraco, permitindo a passagem
da corrente para o engate.

No pátio de estocagem/estaleiro, o ajudante desengata a corrente, soltando o toro. Por


último, os toros são empilhadas no pátio de forma a permitir a movimentação do
camião. Os toros ficarão estocadas no pátio até serem embarcadas e transportadas para
as serrações/indústrias. A operação é repetida até que todas as toras do ramal tenham
sido arrastadas.

3.2.6. OPERAÇÕES DE PÁTIO


Estas operações são aquelas realizadas no pátio de estocagem e consistem basicamente
em (a) controlo de produção e qualidade, através da cubagem e do preenchimento das
fichas de transporte (carregamento); (b) arraste, traçamento, manipulação e
empilhamento dos toros de acordo com cada tipo de espécie extraída e ordem de saída,
ou seja, espécies que sairão primeiro para o carregamento devem ficar em situação
prática para o mesmo; (c) carregamento nos camiões de transporte. Enfim, as operações
de pátio asseguram a organização e o controle do volume e da qualidade da produção
madeireira.

Figura 4. Actividade de carregamento dos toros. Fonte: Autor (2016)

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 18


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3.2.7. TRANSPORTE DA MADEIRA


Após as etapas de corte, arraste e as devidas operações de pátio, a madeira extraída é
transportada por camiões até o local do seu processamento (industrias).

Passos que seguem:

Procede-se o carregamento semi-mecanizado dos toros no veículo, através de um tractor


e pessoal existente, com todos os devidos cuidados, e transporte da produção até o local
de beneficiamento.

Figura 4. Actividade de transporte dos toros. Fonte: Autor (2016)

3.3. FISCALIZAÇÃO
______________________________________________________________________

A fiscalização pode ser definida como a actividade cujo objectivo principal é monitorar,
disciplinar e orientar as actividades de protecção, conservação e gestão dos recursos
florestais e faunísticos (BILA, 2003).

Este processo é feito nos mesmos moldes que o controle de acesso à concessão florestal.
Inclui o envolvimento de comunidades, fiscais e guardas no controle do perímetro da
concessão.

A empresa LevasFlor, Lda adoptou uma política de tolerância zero para caca ilegal,
tendo treinado parte dos seus trabalhadores como fiscais florestais. Nos últimos 5 anos a
empresa LevasFlor tem respeitado os direitos costumeiros das comunidades locais e
permite a caça para o consumo próprio. A intervenção da empresa se faz sentir para

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 19


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

aqueles caçadores que transgridem a legislação nacional, isto é, aqueles que utilizam
armadilhas mecânicas, arames, cordas, caça noturna ou a utilização de fogo para
facilitar o processo de caça (Falcão, 2016).

Forma de actuação:

Na fiscalização actua-se da seguinte forma:

 Fiscalização móvel: a fiscalização a que podemos chamar móvel assume as


sobretudo as seguintes formas:
Patrulhamento e inspecção de rotina: esta é a forma mais comum de fiscalização
móvel e a que é normalmente desenvolvida no terreno pelos agentes destacados
na determinada área; estes agentes patrulham toda a zona à sua responsabilidade,
devendo ter o cuidado de manter sempre consigo meios ou documentos que os
identifiquem como agentes de fiscalização.

3.4. ESTABELECIMENTO DE PARCELAS PERMANENTES (PSP)


______________________________________________________________________

Objectivo específico: visa demonstrar a forma como serão estabelecidas e monitoradas


as parcelas permanentes de monitoria de crescimento (PSP), na concessão Florestal da
LevasFlor, Lda.

As parcelas permanentes de medição (PSP) são áreas permanentemente demarcadas


de acordo com o tipo de vegetação e medidas periodicamente, com vista a obtenção de
estimativas de mudanças em stock e volume da vegetação.

Passos que se seguem no estabelecimento:

 As parcelas permanentes estabeleceram-se de acordo com o tipo de vegetação,


ou seja, as amostras são por tipologia;
 As parcelas foram construídas de formato rectangular (40mx20m) e divididas
em 8 quadrantes de (10mx10m), fixa-se um ponto com uma bitola, mede-se 40m
para Norte e fixa-se outra bitola, mede-se 20m para Este, 40m Sul e por fim
mede-se 20m Oeste, fechando assim a parcela;

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 20


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

 A identificação das plantas a serem inventariadas nas parcelas permanentes,


baseou-se em colectas de material botânico fértil, que foi depositado em herbário
e teve confirmação por especialistas;
 O número de indivíduos na média foi de 35 em cada parcela permanente (PSP);
 Dentro da parcela permanente estabeleceu-se uma duas sub-parcelas
quadrangulares num dos quadrantes, para a contagem de regeneração, a sub-
parcela menor (2mx2m) para a regeneração não estabelecida (plantas com
diâmetro inferior a 10 cm) e a sub-parcela de (5mx5m) para a regeneração
estabelecida (plantas com DAP superior a 10 cm, mas inferior a 20cm);
 Os parâmetros a medir foram: o perímetro (a 1,30m do solo), para permitir o
cálculo de incremento anual (ICA e IMA) e poder s e analisar o crescimento das
plantas em termos diamétricos.

Material usado:

 Bitolas;
 Fita métrica;
 Martelos;
 Pincel;
 Placas de identificação da PSP e número de indivíduos;
 Pregos;
 Tinta;
 GPS;

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 21


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Figura 5. Ilustra o esquema da parcela permanente (PSP). Elaborado pelo Autor (2016)

3.5. ESTABELECIMENTO E MONITORIA DE WATER SAMPLE POINT


(WSP)
______________________________________________________________________

Objectivo de controlo das qualidades das águas dos rios na concessão florestal da
LevasFlor.

Foram estabelecidos seis (6) pontos para a colecta de amostras ao longo do rio
Chineziua (principal rio existente na área concessionaria), partindo donde o rio nasce e
tendo como termino no limite da concessão. Em cada ponto foram retiradas duas (2)
amostras com recipientes plásticos para a posterior avaliação e também foi feita a
avaliação momentânea com um instrumento denominado “PC”, que a faz a avaliação
dos seguintes aspectos:

Temperatura (º C), Condutividade (μS) e o pH.

Material usado: Instrumento medidor da água PC, GPS para a localização e


mapeamento dos pontos, Cronómetro para controle do tempo (2min recomendável),
Colector de água, recipiente com água oxigenada para calibrar o material e dois
recipientes plásticos conservação das amostras colectadas.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 22


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Tabela 1. Os resultados obtidos em três (3) pontos medidos (WSP1, WSP2, WSP3) são:

No da Amostra Data Tempo Temperatura (º C) Condutividade (μS) pH


*1 0 0 0 0 0
2 28.02.16 2’ 22.5 345 8.4
3 28.02.16 2’ 25.7 340 8.1

*O primeiro ponto de amostragem (WSP1) encontrou seco, não foi possível colectar-se
alguma amostra. Isto deve-se a mudanças climáticas registadas no pais e no mundo e a
sobre exploração dos recursos florestais.

Aparência física: tem uma aparência turva devido as chuvas que se faziam sentir
naquele período, fazendo com que a água arrasta-se muitos sedimentos consigo; cor
acinzentada e com presença de alguns insectos a sobrevoarem nas águas do rio.

Contaminação observada: Nenhuma contaminação observada, visto que a ocorrência de


insectos naquelas aguas, sendo um indiciou que a água pode sim ser consumida.

3.6. COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS


______________________________________________________________________

Segundo Sitoe e Bila (2008), os incêndios florestais em Moçambique são um problema


sério para as florestas, para o ambiente a para as comunidades locais. Estudos sobre
incêndios florestais mostram que a maioria destes tem origem humana durante a
preparação de terra para agricultura, caça, extracção de mel, maneio de pastagens, ou
até mesmo sem nenhum motivo claro. Por isso, acredita-se que o melhor meio de
controlar os incêndios é através da interacção com as comunidades locais, procurando
formas de estimulá-los a minimizar o uso do fogo perto da floresta. Mesmo assim, e
como forma de prevenir a floresta contra incêndios que não controlados, a concessão
deve tomar medidas de protecção para minimiar os impactos na floresta.

Os danos provocados pelas queimadas na floresta são bem conhecidos e precisam de ser
minimizados na concessão (Sitoe e Bila, 2008).

No geral o incêndio causa a perda da madeira de valor que podia ser explorada no
futuro, Destrói a regeneração e Facilita o aparecimento de espécies pioneiras sem valor
comercial.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 23


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Medidas usadas para o combate a incêndios florestais dentro da concessão:

 Foi feito o estabelecimento e manutenção de aceiros e quebra-fogos e outras


estruturas que se julgarem convenientes. Inclui-se outras actividades tais como
queimadas controladas antecipadas de modo a minimizar os efeitos negativos
das queimadas.

 Registou-se ocorrências de queimadas e usar a informação gerada na prevenção


e concentração de esforços de sensibilização e combate sobre às queimadas na
concessão.

Figura 6. Actividade de controlo e combate aos incêndios florestais. Fonte: Autor (2016)

3.7. VIVEIRO FLORESTAL


______________________________________________________________________

O viveiro florestal da LevasFlor, esta localizada dentro da área concessionaria, com um


porte menor, cerca de 0.05 ha. O viveiro foi estabelecido como forma do cumprimento
dos critérios e normas da FSC, são produzidos anualmente, cinco mil (5.000) mudas,
com vista na reposição das árvores nos locais onde se fazem os abates, sobretudo nas
chamadas linhas de arraste e de carregamento, que normalmente ficam “carecas” devido
a movimentação de máquinas e equipamentos.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 24


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3.7.1. As actividades realizadas no viveiro florestal:

 Preparação do substrato (usa-se o substrato local);


 Preparação das sementes a serem semeadas (quebra de dormência da semente);
 Semeadura;
 Irrigação (executada manualmente, com mangueiras);
 Limpeza das mudas e do viveiro em geral;
 Poda das copas e das raízes;
 Controle de crescimento;
 Danças ou moveção das mudas - para evitar a fixação no solo das raízes que
transpuseram o recipiente; e
 Selecção das mudas - são descartadas aquelas que apresentarem quaisquer
danos, sintomas de deficiências ou incidência de pragas e doenças, além das
plantas raquíticas (em média de 30 a 40cm de altura).

A principal doença no viveiro florestal é o dumping-off ou tombamento, que é causado


por uma série de fungos do solo. Ocorre na fase de pré-emergência das sementes,
quando os fungos atacam a radícula, destruindo as sementes, ou depois da emergência
das sementes, atacando as raízes e o colo.

Em geral, a semeadura ou a colocação da semente para germinar, é realizada


directamente nos recipientes plásticos de polietileno.

A semeadura directa é porque oferece algumas vantagens: simplifica as operações, evita


danos à raiz e traumas na repicagem, além de apressar o processo de produção de
mudas. Sua execução é mais fácil com sementes de tamanho médio, de fácil
manipulação e de percentagem de germinação conhecida. Neste caso, o número de
sementes empregado em geral é maior, uma vez que são utilizadas mais de uma semente
por recipiente, de forma a assegurar o aproveitamento de pelo menos uma planta (as
outras são repicadas ou cortadas com tesoura). É comum o uso de 3 a 5 sementes por
recipiente.

As sementes devem ser colocadas nos recipientes e cobertas com substrato ou material
inerte. O local esta protegido com sombrite até 30 dias após a germinação. No caso das
pioneiras, não há necessidade de cobertura com sombrite.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 25


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Os tabuleiros são instalados no chão ou suspensos a cerca de 0,80m de altura para


facilitar o manuseio, por um lado e, por outro, melhorar a qualidade das mudas, pois a
poda das raízes é feita pelo ar, quando furam as embalagens.

Figura 7. Actividades executadas no viveiro florestal. Fonte: Autor (2016)

As espécies mais produzidas no viveiro florestal da empresa LevasFlor são: Afzelia


quanzensis e Millettia stuhlmannii.

3.8. SERRAÇÃO
______________________________________________________________________

3.8.1. SERRAÇÃO PROPRIAMENTE DITA


3.8.1.1. Localização e fluxograma da serração
Serração da empresa LevasFlor, Lda, esta localizada dentro da respectiva concessão
florestal. Nesta industria após a entrada dos toros no pátio de toros, não tem nenhum
tratamento/conservação feita, simplesmente são transportados por um tractor ou mesmo
com os operários de forma manual, que retira os toros do pátio e as conduz até as
máquinas principais (Serra principal), uma serra de fita vertical simples com um
Chariot, que é utilizada para o corte primário de toros de madeira, produzindo
semiblocos e travessas, após a retirada das costaneiras, com a realização de dois cortes
tangenciais.

Nesta linha trabalham quatro (4) operários. Daí saem travessas que passam por duas (2)
serras secundárias e produzem pranchas e de uma serra terciária
(Alinhadeira/Canteadeira) produzindo barrotes, ripas entre outros, nesse local trabalham

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 26


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3 operários; depois passam pela Topejadora para retirar os topos, também trabalham 2
operários;

Figura 8. Esquema do Layout da Serração da indústria florestal da LevasFlor, Lda. Fonte: Autor
(2016).

3.8.1.2. Caracterização e classificação da serração


A serração apresenta como serra principal uma serra fita com uma capacidade de
produção de 50 m3 diário, actualmente produz 20 m3 diário, devido as metas
estabelecidas pela própria empresa, a maquinaria apresenta uma instalação permanente.

As espécies mais processadas dentro da respectiva serração, nomeadamente são:


Brachystegia spiciformis, Julbernadia globiflora, Pterocarpus angolensis, Millettia
stuhlmannii, Afzelia quanzensis, Breonadia microcephala e Amblygonocarpus
andongensis.

3.8.1.3. Descrição dos requisitos de corte na serra principal


Na serra principal, antes de começar o processo de serragem dos toros, primeiro avalia-
se a geométria e a qualidade do toro; segundo coloca-se e fixa-se correctamente o toro
no carro (Chariot); terceiro transporta-se correctamente o toro e por fim usa-se um
sistema de serras para produzir espessuras de corte estreitas.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 27


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

3.8.1.4. Caracterização dos sistemas de transmissão e força na máquina


princípal
O sistema de transmissão na máquina princípal é um sistema de transmissão indirecto,
com 4 correias de tipo trapézio de 1.75m de dimensão; com polias 45cm (maior) e 28cm
(menor) com distâncias de 1.5m; o seu motor com potência de 1300w e 2500rpm.

Figura 9. Processo de corte realizado na serra principal. Fonte: Autor (2016)

3.8.2. SALA DE AFIAÇÃO


______________________________________________________________________

Sala de afiação são realizadas as seguintes actividades: alisagem das serras, aplicação de
tensão, união de lâminas, eliminação de rachas, soldadura, são afiados os dentes das
lâminas e aplicadas as travas, barbear e endireitamento da lâmina (nivelação),
geralmente tem sido feito em todo tipo de serras.

Tabela 2. Especificações usadas para aplicação das travas, consoante a espécie a ser
serrada. Exemplo referente a algumas espécies processadas dentro da indústria florestal.

Espécie Espessura
Brachystegia spiciformis 0.8 mm
Julbernadia globiflora 0.8 mm
Pterocarpus angolensis 0.85 mm
Millettia stuhlmannii 0.6 mm
Burkea africana 0.4 mm

Esta variação da dimensão colocada nos dentes das serras deve-se a densidade das
espécies. Espécies mais densas tem menor dimensão de travas.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 28


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Figura 10. Ilustra algumas actividades exercidas na sala de afiação. Fonte: Autor (2016)

3.8.3. CARPINTARIA
______________________________________________________________________

Figura 11. Fluxograma da carpintaria industrial da empresa. Fonte: Autor (2016)

Na carpintaria trabalha-se em peças e tem como out-put produtos acabados tais como:
Janelas, portas, aros de janelas e portas, parede solido, asmas para casas e outros

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 29


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

edifícios, peças para Jack, parqués, tecto-falso e mobiliários (camas, cadeiras, carteiras,
aparadores, instantes, etc.).

As actividades realizadas são:

 Afere-se ferramentas de corte;

 Construi-se formas de madeira para concretagem.

 Construi-se, encaixa-se e mantem-se no local das obras, armações de madeira


dos edifícios e das obras similares, utilizando processos e ferramentas adequadas
para compor armações de telhado, andaimes e elementos afins.

 Executar outras tarefas de mesma natureza e nível de complexidade associadas


ao ambiente organizacional.

Figura 12. Actividades realizadas na carpintaria industrial. Fonte: Autor (2016)

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 30


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3.9. TRATAMENTO DA MADEIRA (CCA)


______________________________________________________________________

Objectivo específico: alterar a durabilidade da madeira.

Arsenato de Cobre Cromatado (CCA) é um preservativo hidrossolúvel que apresenta


boa fixação na madeira e resistência à lixiviação. Trata-se de um dos mais eficientes
tratamentos para protecção contra fungos, insectos e brocas marinhas. As madeiras
tratadas com este produto e exposta a situações de alto risco permanecem intactas por
30 anos ou mais (JANKOWSKY, 1990).

3.9.1. Principais peças tratadas:

۞ Tábuas;
۞ Barrotes;
۞ Vigas;
۞ Ripas; e
۞ Pranchas.

3.9.2. Método de preservação usado:

Usa-se o processo industrial, utilizam grande recipiente cilíndrico de aço, onde, com o
uso adequado de autoclave vácuo e pressão, produto químico com propriedades
preservativas são injectados no interior da madeira.

3.9.3. Procedimentos usados para o tratamento da madeira:

i. Enchimento da madeira a ser tratada nos recipientes cilíndricos;


ii. Vácuo inicial de pelo menos 60 Kpa, por no mínimo 30 minutos;
iii. Enchimento da autoclave com a solução preservativa sem aliviar o vácuo com
pelo menos 80 Kpa;
iv. Aplicação da pressão de tratamento: 600 Kpa por 1 hora;
v. Retirada da pressão e retorno da solução;
vi. Aplicação de um vácuo final apenas durante o tempo necessário para que a
madeira saia da autoclave com a superfície enxuta (em torno de 10 a 15
minutos).

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 31


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

O cilindro de aço tem a capacidade 150 m3, diariamente a secção de tratamento faz 4
viagens. Para a diluição do produto usa-se 2000 l para 45 kg do produto preservante
(CCA) o que equivale a 22g/l, estando dentro do recomendável para a diluição do
produto preservante.

Figura 13. Ilustra o recipiente cilíndrico de aço e o respectivo tratamento da madeira.

Fonte: Autor (2016)

3.10. SECAGEM DA MADEIRA


______________________________________________________________________

A secagem tem adquirido uma crescente importância dentro da moderna indústria que
utiliza madeira como matéria-prima (Fórum Nacional das actividades de base florestal,
2004). A madeira sempre ocupou um lugar de destaque dentre os diversos materiais
utilizados pelo homem, justificando a busca de novas técnicas de abate, e secagem que
visam aperfeiçoar o aproveitamento da matéria-prima.

Segundo JANKOWSKY (1990), os métodos empregados para processar a madeira


exercem influência directa sobre sua qualidade e na aptidão para usos específicos, que
podem variar tanto para usos internos quanto externos. No entanto, o uso da madeira é
influenciado pela sua resistência, teor de humidade e características específicas, bem
como pelas condições climáticas do ambiente em que ela permanecerá exposta.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 32


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

O teor de humidade final desejado da madeira é definido com base na humidade de


equilíbrio do seu ambiente de uso, e pode ser estabelecido por meio de diferentes
métodos. A escolha do método exerce um papel muito importante, pois se trata de um
material de difícil secagem devido ao desenvolvimento de tensões de crescimento na
árvore, à retratibilidade e à ocorrência de defeitos graves na madeira.

3.10.1. Objectivos específicos de secagem da madeira na empresa LevasFlor, Lda.

 Aumentar a resistência mecânica da madeira;


 Melhorar as características de trabalhabilidade, as propriedades de colagem e as
propriedades de isolamento;
 Reduzir a movimentação dimensional, os riscos de ataque de fungos
apodrecedores e manchadores e reduzir de custos.

3.10.2. Métodos Usuais de Secagem da Madeira na Empresa LevasFlor, Lda.


3.10.2.1. Existem dois métodos:
1. Secagem ao ar livre/ natural; e

2. Secagem Artificial/ convencional (em estufas).

3.10.2.1.1. SECAGEM AO AR LIVRE/ NATURAL

A secagem ao ar livre é um método bastante adoptado em Moçambique e em particular


na empresa LevasFlor, Lda., pois exige um investimento relativamente baixo e longo
tempo de secagem. A secagem ao ar livre consiste em expor a madeira às condições do
ambiente para que, pela acção dos ventos, humidade relativa e temperatura ambiente
seja eliminado o máximo da água existente na madeira (Fórum Nacional das actividades
de base florestal, 2004).

Segundo Ponce e Watai apud Silva et al. (1997), o objectivo da secagem da madeira ao
ar livre é fazer com que a maior quantidade possível de água evapore utilizando-se
forças da natureza. A secagem natural, muitas vezes, é usada como pré-secagem ou
secagem parcial, sendo a fase final feita em estufas, como também para secagem
completa, dependendo do seu uso.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 33


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

As limitações da secagem ao ar livre na empresa estão geralmente associadas à sua


dependência das condições atmosféricas (ambientais). O processo é mais favorável no
período da primavera/verão, quando a temperatura e insolação são mais intensas, e
observa-se uma menor humidade relativa e precipitação.

Passos que se seguem no processo de secagem artificial:

Para que esse processo seja eficiente, são adoptados alguns cuidados especiais: como
disposição adequada das pilhas no pátio, que ficam 50 cm acima do solo.

Quanto às tábuas (peças), são empilhadas de maneira que sejam observados suas
espessuras e comprimentos e colocação adequada de separadores, de forma que a
incidência de defeitos seja mínima.

O pátio está localizado em um local alto, com boa incidência de ventos e radiação solar,
bem drenado e próximo à indústria de processamento (serração).

O tempo de secagem ao ar vária de acordo com o tipo e com as dimensões das peças a
ser seco o que, no caso de tábuas de 3 cm de espessura, vária de 3 a 6 meses,
dependendo ainda da espécie em questão e das condições atmosféricas do local
(temperatura, humidade relativa do ar, vento, entre outros) (Oliveira & Carvalho, 2001).

Figura 14. Pilhas de madeira para secagem ao ar livre/ natural. Fonte: Autor (2016).

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 34


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3.10.2.1.2. SECAGEM ARTIFICIAL (EM ESTUFAS)


A secagem convencional ou artificial é um dos processos de secagem utilizado na
empresa LevasFlor, se desenvolve a temperaturas de 50 ate 100ºc sendo conduzida em
câmaras ou estufas, nos quais se pode controlar a temperatura, a humidade
relativamente e a velocidade do ar. A velocidade do ar fica em torno de 1,5 a 2,5m/s
constantes, a capacidade das câmaras são de 20 m3 para todas as três (3) estufas e o
tempo de secagem é de 3 meses, o que equivale a 90 dias, variando com a espécie,
espessura, etc.

Para esquentar estas câmaras se utilizam fontes térmicas (eléctricos e uso de


combustível lenhoso) o sistema de aquecimento mais utilizado pelas indústrias. A
madeira serrada é gradeada em forma de pilhas e armazenada adequadamente no
interior das câmaras de secagem.

A secagem da madeira se realiza seguindo um programa previamente estabelecido, com


etapas climáticas progressivamente mais secas e quentes. O controlo das condições
climáticas se efectua mediante termómetros de bulbo húmido e seco (psicrômetro) os
termómetros e os sensores do equilíbrio do conteúdo de humidade que permitem, por
uma parte, conhecer a temperatura e a humidade relativa do ar dentro da câmara, e por
outra, manter o sistema mediante controlos manuais, semi-automáticos ou automáticos
das condições ambientais desejadas. É apresentado na figura abaixo um tipo de secador
convencional.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 35


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Figura 15. Secagem artificial em estufas. Fonte: Autor (2016).

A secagem artificial, quando é executada em câmaras e seguindo um programa de


secagem, busca compensar a redução na taxa de secagem do material com alterações
contínuas no meio sob o qual a madeira será processada (SANTOS; JANKOWSKY;
ANDRADE, 2003).

3.10.3. Meio de Aquecimento


O aquecimento é efectuado de forma indirecta. Para isto se usam várias fontes de calor,
sendo usada normalmente no sistema de ventilação. Entretanto, o aquecimento do ar
dentro da câmara se faz por meio de radiadores que conduzem o calor na câmara.

O aquecimento é colocado e distribuído de tal forma que permita um aquecimento


uniforme e um consumo mínimo de calor durante o processo de secagem. Uma
distribuição rápida e uniforme dentro do sistema de aquecimento no comprimento da
câmara é muito importante para uma secagem correcta.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 36


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4. ANÁLISE DO TRABALHO REALIZADO


______________________________________________________________________
Tabela 3. Plano de actividades desenvolvidas dentro da concessão florestal da
LevasFlor, Lda.

Plano de Actividades
Novembro Dezembro Janeiro
Semanas
Sectores Sub-sectores S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12
Exploração Florestal - X X
Viveiro

Inventário X X
Gestão Florestal Fiscalização X
Estabelecimento de X
PSP
Estabelecimento de X
WSP
* Plantação
Serração X X
propriamente dita
Sala de afiação X
Serração
Carpintaria X X
Tratamento de X
madeira (CCA)
Secagem de X
madeira
Colecta e
processamento de
X X X X
Dados

* Actividade não realizada. Justificativa de não realização desta actividade deveu-se o


tempo que decorre a respectiva actividade (Fevereiro – Abril) coincide com o período
chuvoso, visto que o tempo que não faz parte do meu período de estágio na empresa.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 37


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A área total do bloco 18 é de 2.520 ha, subdividido em 102 trajectos com dimensões
variáveis.

Figura 16. Montagem de trajectos do bloco 18. Elaborado pelo Autor (2016)

A estrutura horizontal da espécie em estudo pode ser vista na figura 17, que mostra a
clássica distribuição de frequência de indivíduos num ambiente natural “J- invertida”
que indica a presença de muitos indivíduos de pequeno tamanho e poucos de grande
tamanho.

Figura 17. Ilustra a curva de distribuição diamétrica indivíduos Selecionados de Brachystegia


spiciformis para a exploração. Fonte: Autor (2016)

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 38


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

O diâmetro máximo medido na área de estudo foi 115 cm. Cerca de 60% das
árvores tem DAP menor que 44 cm (são pequenas) e 30% tem DAP entre 45-60 cm
(médias) e as restantes são árvores grandes. Estas cifras são típicas de uma floresta
de tipo Miombo onde as árvores não atingem diâmetros muito grandes (Ribeiro et al.,
(2002).

O volume comercial total estimado para o bloco exploratório XVIII para espécie Brachystegia
spiciformis é de 5567, 95 m3. O volume comercial dos indivíduos selecionados para a
exploração sustentável de Brachystegia spiciformis é de 4241, 24 m3.

Figura 18. O volume de árvores de Brachystegia spiciformis a ser explorado.

Fonte: Autor (2016)

Na área inventariada, onde foi registrado um total de 9.591 árvores só de Brachystegia


spiciformis, foram seleccionadas para o abate cerca de 6.222 árvores, o que a 64.8% das
árvores seleccionadas para o abate (exploração), com base no DMC (Diâmetro Mínimo
de Corte) estabelecido pela empresa, sua ocorrência (foram seleccionadas para o abate
árvores que estavam a 100 m do rio e dos riachos), seu estado (foram arvores sadias,
que não apresentavam um grau elevado de conicidade) e a qualidade das árvores, foram
seleccionadas as árvores mais rectas possíveis e 35.2% das árvores remanescentes.

Essa informação revela que foram usados parâmetros mais importantes para o
selecionamento dos respectivos indivíduos inventariados, com grande vivência em áreas
de florestas naturais, são capazes de identificar 100% da qualidade, ocorrência, estado

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 39


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

existente dos indivíduos, demonstrando que é simples a tarefa de identificar árvores,


mesmo as de porte elevado.

Figura 19. Mapa de árvores de Brachystegia spiciformis para abate presente e futuro (a serem
exploradas). Elaborado por Milton Chaúque (2016)

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 40


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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O inventário florestal pré-exploratório, como etapa essencial de informações que


possibilita todas as demais etapas sequenciais do maneio sustentado de uma floresta.

O inventário florestal é realizado por uma equipe formada por um mapeador/marcador


(usando GPS), um medidor de DAP (usando suta) e da altura comercial, um
identificador botânico (pisteiro) e um anotador. O marcador procura as árvores a serem
mapeadas percorrendo os trajectos (Track), junto do medidor de DAP das árvores,
enquanto o identificador e o anotador se deslocam no meio da faixa. O marcador
também identifica, avalia e localiza as árvores no talhão. A equipe procura as árvores
até o final do trajecto (Track) voltando em sentido contrário na faixa seguinte.

Os Softwares usados para a produção de mapas (MapSource e ArcGIS 10) possibilitou o


processamento de dados (entrada, análise, armazenamento, integração e manipulação de
todas as informações de base) permitindo a elaboração de diversos mapas temáticos.

Desenhar no mapa do censo todas as árvores a serem extraídas, árvores destinadas à


próxima extração, bem como as possíveis árvores matrizes, com base nas coordenadas
X e Y. Indicar no mapa as estradas secundárias e as áreas com maior concentração de
cipós, bem como outras informações relevantes, como fontes de água, áreas de refúgio
de caça, áreas de alta declividade, entre outros.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 41


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6. RECOMENDAÇÕES

Para a Concessão Florestal da Levas, Lda.

[Inventário Florestal] Para reduzir a margem de erro no acto de medição da altura


comercial, recomendo estimar a altura através do teste da vara ou mesmo através de
aparelhos mais específicos como o hipsômetro.

[Gestão Florestal] Construir torres para facilitar na actividade de controlo e combate a


incêndios florestais, cujo é uma das maiores causas da perda das nossas florestas.

[Viveiro] Recomendo que se faça a rega sem exceder a quantidade de água na planta. O
excesso de rega costuma ser mais prejudicial do que a falta. Dificulta a circulação de ar
no solo, impedindo o crescimento das raízes, lixivia os nutrientes e propicia o
aparecimento de doenças. É interessante ressaltar que a rega eficiente é obtida quando o
terreno fica suficientemente humidificado, sem apresentar sinais de encharcamento.

Melhorar o substrato usado no viveiro florestal e descobrir como a gestão de alguns


resíduos produzidos durante a elaboração dos alimentos e dos trabalhos, pode gerar um
composto orgânico rico em nutrientes, podendo ser utilizado na sua propriedade.

[Exploração Florestal] no corte das árvores na extração deve se ter em conta o


direcionamento de queda das árvores para proteger a regeneração de árvores de valor
comercial, proteger outras árvores mesmo não tendo valor comercial, por forma a
beneficiar o meio ambiente e facilitar o arraste dos toros.

[Aspecto social] melhorar a comunicação e diminuir conflitos entre diferentes grupos;


facilitar processos de aprendizagem e acção colectiva.

[Serração em Geral] recomendo o uso de EPI (Equipamento de Protecção Individual),


pois isto irá facilitar na realização do trabalho e no aumento do rendimento.

Para UniZambeze - Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal:

Recomendo que haja uma participação activa no acompanhamento do estágio pré-


profissional do educando no cumprimento das actividades nas instituições onde
encontram-se inserido a estagiar. Para que não haja relatórios fantasmas (não
realísticos), também facilitando e contribuindo na avaliação do respectivo educando.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 42


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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BILA, A., SALMI, J. (2003). Fiscalização de florestas e fauna bravia em
Moçambique Passado, presente e acções para melhoramento. MINAG, DFID,
IIED. Maputo. 60p

 Da Silva, J. A. Aleixo; Neto, Francisco de Paula. (1979). Princípios Básicos de


Dendrometria. UFRPE – Departamento de Ciências Florestais. 15p.

 Fórum Nacional das actividades de base florestal (FNABF). (2004). Preservação


de Madeira. Artigo Técnico Nº17.

 JANKOWSKY, Ivaldo P. (1990). Fundamentos de Preservação de Madeiras.


Universidade de São Paulo. Escola Superior de Agricultura - Departamento de
Ciências Florestais. Piracicaba. 12p.

 Marizoli, A. (2007). Avaliação Integrada das Florestas em Moçambique


(AIFM). Inventário Florestal Nacional. Departamento Nacional de Terras e
Florestas (DNTF). Departamento de Inventário de Recursos Naturais. 83p

 Ribeiro, Natasha et al. (2002). Manual de Silvicultura Tropical. UEM-FAEF-


DEF. Maputo. 84p.

 ROTH, Patrícia; MIRANDA, Patrícia Nakayama; MONTEIRO, Elane


Peixoto; OLIVEIRA, Renato da Silva. (2009). Manual do Técnico Florestal.
Rio Branco, AC,: Design Gráfico Guilherme K. Noronha, 260p.

 SITOE, A. e BILA, A. (2008). Manual para a Elaboração e Implementação do


Plano de Maneio Florestal. Ministério da Agricultura. 9-49p.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio 43


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8. ANEXOS E APÊNDICES
Tabela 4. Ficha de recolha de dados florestais-Inventário Florestal Integrado ()
Integrado (IFI)
Chefe de equipa: ___________________; Bloco no _______; Parcela no ________
Trajecto no _______; Folha no _______; Data: ____/____/201____

No Nome: comercial, Coordenadas DAP/CAP HC Qual. Estado Obs.


científico ou local X (S) Y (E) (cm) (m)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Onde: Nº = número da árvore; DAP: diâmetro à altura do peito (1,30m) CAP: circunferência à
altura do peito (1,30m); HC: altura comercial; Qual: qualidade do fuste (1 = recto; 2 =
levemente torto; 3 = torto); X e Y = coordenadas de localização; Obs. = observações gerais (ex.
cepos, abelhas, indivíduo morto, ocado, quebrado, etc.).

Tabela 5. Ficha de registo no transporte de toros


Data: ____/____/_______
No __________
No de tractor: __________

No Espécies No de Toro Obs.


1
2
3
4
5
6

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio IX


RELATÓRIO DO ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL

Tabela 6. Ficha de registo de abate


Bloco de exploração: ______ Licença no ___/____/____/20__
Parcela: ________________ Data: _____/___________/20__
Nome do Motosserrista: __________________ Nome do cubicador: _____________

Coordenadas Geográficas Diâmetro do toro


No X Y Espécie No de toro D1 D2 D3 D4 L Obs.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10

Tabela 7. Ficha de registo do corte de ramadas


Bloco: ___________
Parcela: _________ Data: ____/____/20___
Licença no: ____/______/_____/20____

Diâmetro do Toro
o o
N Espécie N de toro D1 D2 D3 D4 Compr. Obs.
1
2
3
4
5
6
7

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio X


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Tabela 8. FICHA DE MONITORIA DE ACTIVIDADES ILEGAIS NA CONCESSÃO FLORESTAL DA LEVASFLOR


No Nome do Tipo de Origem do No de armadilhas Outros Materiais Animais Destino
infractor infracção infractor X Y Bloco Mecânicas Arames Cordas Bicicleta Catana Zagaia Machados Enxadas Mortos Vivos
1
2
3
4
5
6
7

Tabela 9. FORMULÁRIO PARA MONITORIA DA ÁREA DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO


A. Sinais de corte de qualquer espécie de planta

Coordenadas Geográficas
No Espécie Quantidade X Y
1
2
3
4
5

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio XI


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B. Caça Ilegal

Coordenadas Geográficas
No Espécie Quantidade X Y
1
2
3
4
5

C. Descrição de outras actividades (pesca, queimadas, banho e/ou colecta de agua

Coordenadas Geográficas
No Espécie No de incidentes X Y
1
2
3
4
5

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio XII


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D. Outras observações:
______________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________

Recorded by: _____________________

Data: ______/_______________/______

Tabela 10. Ficha de árvores a serem demarcadas para o abate


Bloco: _____ Volume (m3): ________

Coordenadas Nome DAP HC Volume (m3) Data


ID X Y Comercial (cm) (m) Individual Acumulado Marcação Abate Obs.

Por: Marchante Olímpio Assura Ambrósio XIII

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