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INFLUÊNCIA DA COMBINAÇÃO ESPESSURA x LARGURA DA MADEIRA

SERRADA DE Pterocarpus angolensis DC. NA QUALIDADE DA SECAGEM NATURAL

GOLD BENTO CHINDER


UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

INFLUÊNCIA DA COMBINAÇÃO ESPESSURA x LARGURA DA MADEIRA

SERRADA DE Pterocarpus angolensis DC. NA QUALIDADE DA SECAGEM NATURAL

GOLD BENTO CHINDER

MOCUBA

2017
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO

INFLUÊNCIA DA COMBINAÇÃO ESPESSURA x LARGURA DA MADEIRA

SERRADA DE Pterocarpus angolensis DC. NA QUALIDADE DA SECAGEM NATURAL

Autor:

Gold Bento Chinder

Supervisor:
Eng° Jeremias Gabriel Benjamim (MSc)

Monografia submetida à Faculdade de Engenharia


Agronómica e Florestal, Departamento de
Engenharia Florestal, Universidade Zambeze,
Mocuba, em parcial cumprimento dos requisitos
para a obtenção do nível de Licenciatura em
Engenharia Florestal.

MOCUBA

2017

\
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Eu, Gold Bento Chinder, declaro por minha honra, que esta monografia é o resultado do meu
empenho e sacrifício, e está a ser submetida para a obtenção do nível de Licenciatura na
Universidade Zambeze, Mocuba. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum nível ou
para avaliação em nenhuma outra Universidade.

________________________________
(Gold Bento Chinder)

Mocuba, aos 19 de Julho de 2017

\
Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

ÍNDICE
Conteúdos Pág.
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... III

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................IV

EPÍGRAFE .................................................................................................................................... V

RESUMO ......................................................................................................................................VI

ABSTRACT ............................................................................................................................... VII

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... VIII

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................................IX

LISTA DE FÓRMULAS ............................................................................................................... X

LISTA DE SÍMBOLOS ...............................................................................................................XI

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................ XII

LISTA DE APÊNDICES ........................................................................................................... XIII

I. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

Generalidades ...................................................................................................................1
Problema e Justificativa ...................................................................................................2
Hipótese............................................................................................................................3
Objectivos.........................................................................................................................3
1.4.1. Geral ..........................................................................................................................3
1.4.2. Específicos ................................................................................................................3
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 4

2.1. Descrição geral da espécie Pterocarpus angolensis ........................................................4


2.2. Água na madeira...................................................................................................................5
2.3. Secagem da madeira .............................................................................................................6
2.3.1 Processo de secagem da madeira ....................................................................................6
2.3.2. Factores que influenciam o processo de secagem .........................................................7
2.3.3. Taxa de secagem .......................................................................................................8
2.3.4. Defeitos gerados pela secagem .................................................................................9
2.3.5. Secagem natural de madeira serrada .......................................................................11
2.3.6. Secagem artifical .....................................................................................................13
III. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 16

3.1. Situação geográfica e enquadramento regional do distrito de Mocuba .............................16

I
Gold Bento Chinder
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secagem natural

3.2. Métodos ..............................................................................................................................17


3.2.1. Colecta do material e descrição do local de montagem do ensaio ..........................17
3.2.2. Definição das combinações espessura x largura .....................................................17
3.2.3. Preparação das tábuas .............................................................................................17
3.2.4. Delineamento experimental ....................................................................................18
3.2.5. Localização das pilhas no pátio ..............................................................................18
3.2.6. Instalação das pilhas na sombra ..............................................................................18
3.2.7. Duração do experimento .........................................................................................19
3.2.8. Parâmetros avaliados ..............................................................................................20
3.3.9. Identificação da melhor combinação ...........................................................................25
3.3.10. Correlação entre velocidade de secagem e incidência de defeitos ............................25
3.3.11. Análise estatística ......................................................................................................25
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 26

4.1. Comportamento do teor de humidade das peças estudadas ...............................................26


4.2. Taxa de secagem ............................................................................................................30
4.3. Grau de incidência de defeitos após a secagem .............................................................33
4.4. Correlação entre velocidade de secagem e o grau de incidência de defeitos .................37
V. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 40

VI. RECOMENDAÇÕES............................................................................................................. 41

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS .................................................................................. 42

VIII. APÊNDICES ....................................................................................................................... 47

II
Gold Bento Chinder
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secagem natural

DEDICATÓRIA

A minha mãe
Rosa André Cuetule
Dedico este trabalho.
Aos meus irmãos
Irondina, Keny, Santos e Mary
Ofereço.

III
Gold Bento Chinder
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secagem natural

AGRADECIMENTOS
Os meus profundos agradecimentos a DEUS todo-poderoso pelo dom da vida e protecção que tem
me proporcionado todos os dias.

Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a minha mãe Rosa André Cuetule por ter
me colocado na terra, pela educação sábia que sempre me transmitiu, por estar sempre ao meu
lado e por tudo quanto tem feito por mim agradeço.

Ao meu supervisor Eng° Jeremias Gabriel Benjamim (MSc) pelo apoio, dedicação, prontidão,
disponibilidade, experiência e conselhos transmitidos.

A empresa Indústrias e Construções Sotomane Lda, por ter disponibilizado o material, espaço e
transporte para a realização deste trabalho.

Aos trabalhadores da empresa Indústrias e Construções Sotomane Lda, pela ajuda na preparação
do material para a realização deste trabalho.

Aos meus irmãos: Irondina Bento Chinder e Santos Baltazar pelo companheirismo.

Aos meus primos: Benedito Chinder, Joel Malope, Isolino Chinder, Rodrigues Chinder, Vânia
Malope, Lucílio Chinder, Dolência Chinder, Alfredo Chinder e André Abineiro por acreditar
sempre em mim.

Aos meus amigos: Doldêncio Macute, Sebastião Serrote, Elídio Sefane, Armindo Mavehe, Lurdes
Mugare, Clinton Madeira, Nursan Ange, Maria Sotomane, Marchante Ambrósio, Almeida
Escrivão, Sérgio Nhampossa, Estevão Jossefa, Custódio Jossefa e Jackson Jossefa pela amizade,
apoio, conselhos e por sempre contar convosco.

Aos docentes do curso de Engenharia Florestal da Universidade Zambeze - FEAF, pelo apoio
diversificado durante a formação.

Nzi Bhonguile (Chitsua)!

IV
Gold Bento Chinder
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secagem natural

EPÍGRAFE

“Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos,


perdoando-vos uns aos outros, como também DEUS vos perdoou em Cristo”
Efesios 4:32

WHY DRY WOOD?


The answer to the question "Why dry wood?" must be "...To make money!"
Eugene M. Wengert

V
Gold Bento Chinder
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secagem natural

RESUMO
O estudo tem como objectivo avaliar a influência da combinação espessura x largura na qualidade
da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC após a secagem natural nas condições
climáticas do distrito de Mocuba. O ensaio foi montado no pátio da serração da empresa ICS
usando o DCC com 2 tratamentos e 15 réplicas para cada, sendo que foi considerado como T1 a
combinação de 4 cm x 25 cm e T2 a combinação de 3 cm x 15cm. Por conseguinte, os parâmetros
avaliados foram a taxa de secagem, a perda de humidade, o grau de incidência de defeitos e sua
relação com a taxa de secagem. A taxa de secagem foi determinada através de pesagens periódicas
das tábuas durante o processo de secagem e a perda de humidade foi determinada pela diferença
de pesos em diferentes dias de medição, enquanto que os defeitos foram analisados em função do
grau de incidência após a secagem. O ensaio levou 82 dias e os resultados mostraram que as
humidades finais não diferiram estatisticamente entre si, mas as taxas de secagem finais sim e o
T1 teve uma perda de humidade mais regular. Não se verificou diferença estatística significativa
entre o grau de incidência dos arqueamentos e índice de rachaduras nos dois tratamentos e também
não se verificou uma relação positiva significativa entre a taxa de secagem e o grau de incidência
de defeitos. Para a secagem natural de madeira serrada de Pterocarpus angolensis nas condições
climáticas de Mocuba, peças de menores dimensões revelam melhor desempenho, proporcionando
maior velocidade de secagem com baixos índices de defeitos.

Palavras-chave: espessura e largura; secagem natural da madeira; qualidade de secagem.

VI
Gold Bento Chinder
Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

ABSTRACT
This study aims to evaluate the influence of thickness x width combination on the quality of
Pterocarpus angolensis lumber after air drying in the climatic conditions of Mocuba. The
experiment was performed at the yard of ICS company sawmill using a CRD with 2 treatments
and 15 repetitions for each, and it was considered as T1 the combination of 4 cm x 25 cm and as
T2 the combination of 3 cm x 15cm. Therefore, the parameters evaluated were the drying rate, the
loss of moisture content, incidence level of the defects after the drying process and the correlation
that exist between the drying rate and the incidence level of the defects. The drying rate was
evaluated by periodic weighing of the boards and the loss of moisture content was determined
through the difference between the previous and the next weight during the mensuration days,
whereas the defects were analyzed according its incidence level after the drying process. The
survey was conducted during 82 days and the results showed that between the finals moisture
content of T1 and T2 there wasn’t a significative statistic difference, but between the drying rates
of the two treatments there was a significative statistic difference and the T2 had a regular loss of
moisture content. There wasn’t a significative statistic difference between the incidence level of
crooks and top cracks index between T1 and T2 and there wasn’t a significative correlation
between the drying rate and the incidence level of the defects. For the air drying lumber of
Pterocarpus angolensis in the climatic conditions of Mocuba, the boards of less dimensions
showed better performance, providing higher drying rate and low index of defects.

Keywords: thickness and width; air drying wood; drying quality.

VII
Gold Bento Chinder
Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificações atribuídas a madeira seca e os teores de humidades finais recomendados
para certos produtos de madeira ...................................................................................................11
Tabela 2: Número e dimensões das bases e dos separadores nas pilhas 1 e 2 ..............................19
Tabela 3: Pontos de levantamento dos pesos durante o ensaio .....................................................20
Tabela 4: Critérios de classificação da intensidade dos defeitos de madeira serrada das folhosas
.......................................................................................................................................................25
Tabela 5: Teores de humidades finais observados ao fim de 82 dias nos dois tratamentos .........26
Tabela 6: Valores médios de teor de humidade final ....................................................................26
Tabela 7: Taxa de secagem para os três períodos considerados ...................................................31
Tabela 8: Valores médios da taxa de secagem final .....................................................................32
Tabela 9: Valores médios dos arqueamentos ................................................................................34
Tabela 10: Valores médios para os encurveamentos ....................................................................35
Tabela 11: Valores médios observados para T1 e T2 ...................................................................36
Tabela 12: Coeficientes de correlação de Pearson para taxa de secagem, rachaduras e
empenamentos nos dois tratamentos .............................................................................................37

VIII
Gold Bento Chinder
Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Principais defeitos de secagem da madeira .....................................................................9
Figura 2: Formas de empilhamento da madeira serrada para secagem natural: a, b e c – formas de
empilhamento horizontal usando formatos de quadrado, triângulo e o padrão; d - empilhamento
vertical...........................................................................................................................................13
Figura 3: Mapa do Distrito de Mocuba .........................................................................................16
Figura 4: Serra fita utilizada no processamento da madeira .........................................................18
Figura 5: Vista geral do local do experimento-localização das pilhas..........................................19
Figura 6: Pesagens de tábuas na balança electrónica ....................................................................21
Figura 7: Procedimento adoptado para medição das rachaduras de topo nas tábuas....................23
Figura 8: Procedimento adoptado para medição dos arqueamentos nas tábuas ...........................24
Figura 9: Procedimento adoptado para medição dos encurveamentos nas tábuas........................24
Figura 10: Variação dos teores de humidades finais nas tábuas para o tratamento 2 ...................28
Figura 11: Curvas de secagem das tábuas.....................................................................................29
Figura 12: Curvas do comportamento da taxa de secagem nos dois tratamentos .........................30
Figura 13: Percentagens dos defeitos avaliados em função da sua magnitude .............................33
Figura 14: Correlação entre a taxa de secagem com os arqueamentos e encurveamentos para T1
.......................................................................................................................................................38
Figura 15: Correlação entre a taxa de secagem com o IRT para o T1 ..........................................38
Figura 16: Correlação o entre a taxa de secagem com os arqueamentos e encurveamentos para T2
.......................................................................................................................................................39
Figura 17: Correlação entre a taxa de secagem com o IRT para o T2 ..........................................39

IX
Gold Bento Chinder
Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

LISTA DE FÓRMULAS
Fórmula 1: Determinação do peso seco a zero % .........................................................................21
Fórmula 2: Determinação do peso seco a cinco% ........................................................................22
Fórmula 3: Determinação do teor de humidade inicial .................................................................22
Fórmula 4: Determinação do teor de humidade actual .................................................................22
Fórmula 5: Determinação da taxa de secagem .............................................................................22
Fórmula 6: Determinação do índice de rachaduras do topo .........................................................23
Fórmula 7: Determinação dos arqueamentos ................................................................................24
Fórmula 8: Determinação dos encurveamentos ............................................................................24

X
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secagem natural

LISTA DE SÍMBOLOS
% Por cento

°C Graus Celcius

ha Hectares

km Quilómetros

m Metros

mm Milímetros

t Tempo

XI
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secagem natural

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS


ABIMCI Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada
apud Citado por
CV Coeficiente de variação
CRD Complete Randomized Design
DCC Delineamento Completamente Casualizado
ICS Indústria e Construções Sotomane
INAM Instituto Nacional de Meteorologia
IRT Índice de Rachaduras do Topo
FEAF Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal
Ma Massa actual
Mi Massa inicial
MINAG Ministério da Agricultura
PEEDM Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito de Mocuba
PSF Ponto de Saturação de Fibras
Ph Peso húmido
Ps Peso seco
Pe Peso seco estimado
s/d Sem data
s/l Sem local
Tf Teor de humidade final
Ts Taxa de secagem
Tuc Teor de humidade corrente
Tui Teor de humidade inicial
T1 Tratamento um: Combinação de 4x25cm de espessura e largura
T2 Tratamento dois: Combinação de 3x15cm de espessura e largura
Tmin Temperatura mínima
Tmax Temperatura máxima
HRA Humidade relactiva do ar
USA United State of America
USDA United State Department of Agriculture
SDFFBM Serviço Distrital de Florestas e Fauna Bravia de Mocuba

XII
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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1: Obtenção dos comprimentos de rachaduras do topo e das flechas ...........................47
Apêndice 2: Ficha de registo das medições referentes aos pesos durante a secagem ...................47
Apêndice 3: Ficha de levantamento dos dados referentes aos defeitos pós-secagem...................48
Apêndice 4:Teste de homogeneidade das variâncias ....................................................................48
Apêndice 5: Teste de normalidade dos resíduos ...........................................................................48
Apêndice 6: ANOVA para o teor de humidade final ....................................................................49
Apêndice 7: Humidade relactiva do ar e temperaturas máxima e mínimas registadas no período
durante o ensaio ............................................................................................................................49
Apêndice 8: ANOVA para a taxa de secagem final .....................................................................49
Apêndice 9: ANOVA para os arqueamentos ................................................................................49
Apêndice 10: ANOVA para os encurveamentos ..........................................................................50
Apêndice 11: ANOVA para índice de rachaduras do topo ...........................................................50

XIII
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secagem natural

I. INTRODUÇÃO
Generalidades
A madeira continua sendo um produto nobre e vem merecendo destaque dentre os diversos
materiais utilizados pelo Homem, este que a cada dia busca novas formas de exploração,
processamento e secagem para maior aproveitamento deste recurso. Contudo, a madeira é um
material biológico bastante heterogéneo (diversidade de componentes que formam seus tecidos);
higroscópico (capacidade de trocar humidade com o meio) e também anisotrópico, propriedade
relacionada com as formas diferentes que a madeira reage às cargas aplicadas e a secagem nos
planos tangencial, radial e longitudinal podendo assim gerar defeitos nas peças (Pertuzzatti et al.,
2013).

O processo de secagem da madeira serrada de Pterocarpus angolensis e de qualquer que seja a


espécie de madeira é um ponto de grande importância na utilização industrial desta madeira na
forma de produtos sólidos por aumentar a estabilidade dimensional e a resistência das peças ao
ataque de organismos xilófagos, além de permitir melhores resultados nas etapas de acabamento
das peças. Os maiores problemas ocorridos nesta fase decorrem da variação anisotrópica das
dimensões das peças (Maciel, 2016).

De acordo com Martins (1988) a secagem da madeira é o processo da redução do seu teor de
humidade a fim de levá-la a um teor de humidade definido, com o mínimo de defeitos, no menor
tempo possível e de uma forma economicamente viável, para o uso a que se destina. A mudança
nas dimensões das peças de madeira devido á variação do teor de humidade é de grande
importância na secagem, pois tem efeito directo no seu uso final, logo estas características
auxiliam o entendimento do processo da secagem e a ocorrência de defeitos (Braz et al., 2015).

Braz et al. (2015) afirmam que durante a secagem, primeiro a água livre é libertada para a
atmosfera dando na perda de massa da madeira e quando toda a água livre é retirada da madeira
esta atinge o Ponto de Saturação das Fibras (PSF) que varia entre 25 a 30% de humidade. Abaixo
deste ponto, a madeira sofre variações dimensionais de forma diferente em cada plano tendo como
consequência os defeitos nas peças de madeira, portanto, a secagem constitui uma das formas de
reduzir tais defeitos.

1
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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

Desde muito que a exploração de essências florestais vem alavancando significativamente a


economia Moçambicana e a espécie florestal Pterocarpus angolensis faz parte das que muito tem
contribuído para tal, onde segundo os relatórios anuais dos SPFFBZ (2011), só na província da
Zambézia processou-se em tábuas um volume correspondente a 1.069,524 m3. Sabendo-se da
importância desta espécie para a economia, num mercado altamente competitivo como o
madeireiro, é preciso apostar na qualidade das madeiras desta espécie e uma das formas que vem
merecendo destaque ultimamente a nível mundial é a secagem da madeira, que agrega maior valor
aos produtos produzidos de madeira.

Problema e Justificativa
Segundo Uetimane Junior (2010), em Moçambique a secagem ao ar livre é o método de secagem
da madeira serrada mais usado, contudo tem sido de forma não sistemática. As indústrias
madeireiras no distrito de Mocuba não são excepção deste cenário, onde observa-se que a secagem
deste produto após a serragem nas serrações é quase inexistente e nos poucos casos em que este
processo é levado a cabo nota-se uma fraca atenção aos aspectos inerentes a madeira,
especificamente as dimensões de espessura e largura, sua eficiência na secagem com vista a
melhorar a qualidade deste processo e por conseguinte agregar valor.

As características espessura e largura da madeira serrada revestem-se de grande importância tanto


sob ponto de vista de classificação da madeira processada, bem como na comercialização deste
produto. Este facto é consubstanciado por Egas (2000), considerando a combinação espessura x
largura como o critério chave para a classificação da madeira serrada.

Pterocarpus angolensis (Umbila) é tida como “Espécie Bandeira” na província da Zambézia e em


particular no distrito de Mocuba. Isto se deve por um lado a disponibilidade da matéria-prima, a
julgar pelos dados reportados pelos SPFFBZ (2010-2015) que revelam que nos últimos anos a
espécie tem apresentado volumes crescentes de exploração para produção de madeira serrada tanto
para exportação bem como para o consumo interno, e por outro a sua fácil trabalhabilidade. Neste
âmbito, afirma-se relevante a realização de estudos com vista a melhoria da qualidade de madeira
desta espécie através da secagem natural (ideal para as pequenas serrações) tendo como enfoque
as dimensões de espessura e largura comumente usadas (3x15cm e 4x25cm) na indústria local.

2
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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

Hipótese
Existe pelo menos uma combinação de espessura e largura de madeira serrada de Pterocarpus
angolensis que melhor responde as condições climáticas do distrito de Mocuba quando submetida
à secagem natural.

Objectivos
1.4.1. Geral
Avaliar a influência da combinação espessura x largura na qualidade da madeira serrada de
Pterocarpus angolensis após a secagem natural nas condições climáticas do distrito de
Mocuba.

1.4.2. Específicos
Caracterizar o comportamento de perda de humidade da madeira;
Determinar a velocidade de secagem da madeira;
Analisar o grau de incidência de defeitos nas tábuas após a secagem;
Analisar a correlação entre a velocidade de secagem e o grau de incidência dos defeitos
analisados.

3
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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


2.1. Descrição geral da espécie Pterocarpus angolensis
Segundo Graz (2004), Pterocarpus angolensis é uma espécie com porte que varia de médio a
grande e altura acima de 16 m chegando a 20 m em zonas com condições ideais. Suas folhas são
imparpinuladas dispostas alternadamente, e as flores são de cor de laranja a amarelo. Seu fruto é
uma vagem indeiscente (sâmara) coberto com espinhos tendo geralmente uma semente por vagem.
A espécie ocorre em florestas e savanas arborizadas de Zâmbia, Malawi, Moçambique, Tanzânia,
Angola, Namíbia, Botswana, África do Sul, Zimbabwe e Suazilândia

Esta espécie é uma leguminosa da subfamília Faboideae, família Fabaceae uma das maiores do
mundo e encontra-se distribuída em quase todas as formações vegetais do planeta. A família
Fabaceae engloba aproximadamente 19.325 espécies de 727 géneros subdividindo-se em três
subfamílias a Faboideae, a Caesalpinioideae e a Mimosoideae. Reúne plantas diversas, desde
árvores de grande porte até pequenas ervas anuais ou perenes, ou ainda, trepadeiras e lianas
(Fernandes e Gracia, 2008). Em geral, suas plantas apresentam folhas pinadas, alternas ou opostas;
inflorescência racemosa, flores hermafroditas com o gineceu unicarpelar que resulta no fruto
típico da família, o legume (Amorim, 2014).

Segundo Gomes e Sousa (1967) apud Afonso (2012), em Moçambique ocorre em florestas abertas
do litoral, planaltos, desde o rio Limpopo para o norte, principalmente em solos argiloarenosos e
avermelhados. É considerada um indicador de solos bem drenados. É sensível à geada e tem fama
de ser tolerante ao fogo, tornando-se importante para o plantio de enriquecimento onde o fogo não
pode ser completamente excluído (Joker et al., 2000).

Bunster (2006) refere que, em função da sua procedência, a madeira pode apresentar cerne
castanho variando de castanho-claro levemente rosado a castanho-escuro. Tem grã ondulado ou
reversa e textura pouco uniforme grosseira. A madeira é muito durável, resistente ao ataque de
insectos, fungos e xilófagos marinhos. É fácil de secar, serrar e aplainar, aceita bem pregos e
parafusos, apresenta bom acabamento e recebe bem o polimento de cera e verniz sendo excelente
para marcenaria e carpintaria. Também é própria para o fabrico de folheados decorativos,
construção civil e naval.

4
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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

2.1.1. Importância
O cerne faz móveis de alta qualidade, como é facilmente trabalhado e devido sua alta durabilidade,
o torna particularmente adequado para a construção de barcos, canoas e pisos de banheiro. Usado
para fabrico de móveis e prateleiras, pisos, painéis, portas e caixilhos de janelas. A casca aquecida
em água e misturado com figos é passageado no peito para estimular a lactação. A casca ou raízes,
cozida com carne fresca, é usada como um acelerador preliminar no tratamento da gonorreia. A
casca é fervida e o líquido vermelho resultante é utilizado no tratamento de lesões cutâneas e
micose. Também é usada para a conservação do solo e fixação de dunas e é capaz de fixar o
nitrogénio atmosférico (Graz, 2004).

2.2. Água na madeira


Árvores vivas contêm enormes quantidades de água. O peso de água em árvores vivas, recém-
abatidas ou em madeira recém-serrada pode exceder o peso da madeira. A quantidade total de
água numa peça de madeira chama-se conteúdo de humidade. Se o peso de água for igual ao peso
da madeira, o conteúdo de humidade é de 100 %. Se o peso de água for superior ao da madeira, o
conteúdo de humidade é superior a 100 %. O conteúdo de humidade para toros recém-abatidos e
madeira verde varia de 45 a mais do que 200 % (Reeb, 2009). A água ocorre na madeira em três
formas: água líquida (ou livre) nas cavidades celulares, vapor de água nas cavidades celulares e
água ligada (ou hidroscópica) nas paredes celulares (Simpson, 1984).

Braz et al. (2015), afirmam que após o abate e especialmente após a conversão, a madeira começa
a perder humidade a partir de qualquer superfície exposta e à medida que a mesma seca, primeiro
sai a água livre e quando as cavidades celulares estiverem vazias, as paredes celulares começam
a secar. O termo PSF é definido como o conteúdo de humidade no qual as cavidades celulares
estão vazias e as paredes celulares ainda não começaram a secar e varia de 25 a 30 %.

Muitas propriedades físicas não variam tanto acima do PSF, mas começam a mudar assim que a
água higroscópica começa a sair. As contracções começam a partir do PSF, e constituem o cerne
de muitos problemas que ocorrem durante a secagem. Mesmo depois da secagem a madeira irá
contrair e inchar assim que a humidade relativa variar. A madeira retrai mais no sentido tangencial
aos anéis de crescimento concêntricos (Simpson, 1984)

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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

2.3. Secagem da madeira


A secagem é a etapa intermediária entre o processamento e o beneficiamento da madeira, e de
acordo com Pizzol (2010), o processo de secagem da madeira pode ser explicado como sendo a
evaporação da humidade superficial, que é absorvida pela atmosfera local e ao mesmo tempo a
translocação da humidade interior para as zonas superficiais, local donde de acordo com
Jankowsky (1990) e Reeb (2009) a madeira começa a perder humidade mesmo antes do
processamento primário. Esta perda de humidade continua com maior ou menor rapidez em
função da espécie, das condições ambientais, das dimensões e empilhamento. Entretanto, o
processamento final só deve ser efectuado quando a humidade atingir níveis inferiores ao PSF.

A secagem da madeira é o balanço dinâmico entre a transferência de calor do ar para a madeira,


superfície de evaporação da madeira, difusão da humidade através da madeira e a vazão de água
livre e durante a secagem, é necessário o fornecimento de calor, de forma natural ou artificial,
para evaporar a humidade do material e um meio que retenha essa umidade para remover o vapor
de água formado na superfície do material a ser seco (Rezende, 2009).

2.3.1 Processo de secagem da madeira


A superfície da madeira é aquecida através da convecção térmica do ar, logo o calor se propaga
para o interior da madeira por condução. No início da secagem, a transferência de calor do
ambiente para a superfície é o factor mais importante e a medida que a madeira perde humidade,
a transferência de calor da superfície para o interior passa a ser o factor limitante para a secagem,
é por esta razão que altas velocidades de ar são mais importantes nas primeiras fases. A
transferência de calor e a evaporação superficial são controladas pelas condições externas, já o
movimento da humidade do interior até a superfície da madeira é controlado pelas condições da
madeira (Melo, 2005).

Quando se alteram as condições de temperatura e humidade relativa do meio, o conteúdo de


humidade da madeira vai sendo alterado devido a uma propriedade denominada de
higroscopicidade, mas atinge um ponto que cessa a troca de água com o meio indicando que a
madeira já está seca (Melo, 2005). Este processo, torna-se importante na medida em que se for
correctamente conduzido a madeira ganha uma estabilidade dimensionalmente aceitável, antes do
uso, a contracção da madeira em uso é reduzida, os custos de transporte são baixos, a resistência
mecânica aumenta desde que não ocorra defeitos de secagem e seja seca abaixo do PSF, e eleva a
capacidade de fixação de pregos (Jular, 2009).

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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

Reeb (1997), acrescenta que quando a madeira está seca existe uma menor probabilidade de
aparecimento de defeitos e degradação seja durante o transporte, armazenamento assim como
durante o uso, também uma madeira seca cola bem, aceita bem pregos e parafusos e as pinturas e
acabamentos aderem bem e sobre tudo a secagem agrega valor a madeira.

Existem vários métodos de secagem da madeira serrada, podendo ser: secagem convencional,
secagem a baixa temperatura, secagem a altas temperaturas, secagem solar e ao ar livre ou natural
(Martins e Araújo 2005), mas não existe um método de secagem que possa ser recomendado para
todas as condições, pois isto varia em função das alternativas disponíveis para cada tipo ou
tamanho de indústria, tipo de madeira e localização da operação (Jankowsky, 1990).

2.3.2. Factores que influenciam o processo de secagem


2.3.2.1. Inerentes á madeira

A razão cerne e alburno do material lenhoso influencia a velocidade de secagem de madeira, pois,
o cerne apresenta alto teor de extractivos e tiloses o que o torna menos permeável tornando deste
modo mais lenta a secagem de madeiras com alta proporção de cerne (Zafuncio, 2013)

De uma maneira geral, quanto maior a diferença entre teor de humidade inicial e teor de humidade
final, maior é o tempo necessário para secagem da madeira e em madeiras de baixa massa
específica a secagem ocorre rápido que em as de alta massa específica pois diminuir massa
específica reduz o volume de paredes celulares por onde a água passa (Severo, 1989).

Um outro factor muito importante no processo de secagem é a espessura. A taxa de difusão da


água no interior da madeira é proporcional ao gradiente de pressão de vapor, e como o gradiente
é inversamente proporcional a espessura da madeira, a taxa de difusão também o é.
Evidentemente, o tempo de secagem de um material espesso é maior do que de um material com
menor espessura. Uma aproximação teórica sugere que o tempo sob condições de secagem
semelhantes, é uma fusão de espessura ao quadrado, sendo que o efeito da espessura é levemente
menor no caso de secagem em estufa. Deste modo, o tempo de uma peça de 50 mm de espessura
é 3 a 4 vezes maior do que uma peça de 25 mm (Jankowsky, 1990).

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2.3.2.2. Inerentes ao ambiente

Estes podem ser: temperatura, humidade relativa do ar e a circulação do ar. Em temperaturas altas,
a secagem ocorre de forma mais rápida devido ao aumento do calor fornecido a madeira,
aumentando a agitação das moléculas de água e a velocidade de movimentação das mesmas, além
de diminuir a humidade relativa do ar (Melo, 2005).

A humidade relactiva do ar é a razão entre a quantidade de vapor de água contida num determinado
volume de ar e a quantidade máxima de vapor de água que este mesmo volume poderá conter, na
mesma temperatura. Portanto quanto maior a temperatura maior a quantidade de água que o ar
poderá conter, acelerando assim a evaporação na superfície da madeira e estimulando a retirada
da humidade (Zafuncio, 2013)

Conforme o ar em volta da madeira vai absorvendo humidade, este irá perdendo o seu poder de
absorção e, se não for substituído, tenderá a um equilíbrio que fará desaparecer o fluxo de
transferência da humidade da madeira para o ar. A circulação do ar é importante na remoção desse
ar, substituindo o ar com alta humidade por ar seco dando sequência a secagem e na distribuição
homogénea do calor por toda a pilha, transferindo energia para a superfície da madeira (Martins,
1988).

2.3.3. Taxa de secagem


A taxa de secagem refere-se à quantidade de água evaporada em determinado intervalo de tempo,
em relação à área de evaporação da madeira, sendo influenciada por diversos factores inerentes à
madeira e outras inerentes ao ambiente de secagem (Klitzke e Batista, 2010).

A secagem ao ar consiste no empilhamento da madeira serrada em pátios, deixando-a exposta aos


factores ambientais, permitindo secar naturalmente até que esta atinja a humidade de equilíbrio
do ambiente o que faz com que neste método de secagem, a taxa de secagem dependa
principalmente da temperatura, da humidade relativa do ar e da velocidade do vento (Brand et al.,
2014).

Com as informações fornecidas pela taxa de secagem pode-se estimar o tempo de secagem de uma
determinada espécie, da condição de madeira verde até um teor de umidade considerado a uma
dada temperatura e humidade de equilíbrio. Quanto menor a humidade relactiva do ar circundante,
maior é o fluxo de água capilar e o movimento de difusão também é estimulado, pois a humidade
da superfície das tábuas diminui, aumentando assim a taxa de difusão (Klitzke e Batista, 2010).

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Quanto maior a temperatura da madeira, mais rapidamente a humidade se moverá do interior para
a superfície das tábuas. A velocidade de circulação do ar é outro factor que exerce influência de
forma significativa na taxa de secagem quando a madeira possui altos teores de humidade (Zen,
2016).

2.3.4. Defeitos gerados pela secagem


Segundo Chichongue (2006), defeitos da madeira são consideradas todas as anomalias da forma
do tronco da árvore, da sua seção transversal, como também da estrutura e da cor da madeira
originadas durante a vida da árvore, exploração e transporte, processamento e secagem que
possam reduzir, restringir ou mesmo anular sua utilização.

A ocorrência de defeitos na madeira durante a secagem resulta de particularidades estruturais da


madeira ou da deficiência do processo de secagem. Dentre os vários defeitos gerados durante a
secagem, os mais importantes são: colapso, rachaduras, empenamentos e o endurecimento
superficial (De Almeida, 2011) tal como está ilustrado na figura 1.

Figura 1: Principais defeitos de secagem da madeira


Fonte: De Almeida (2011)

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2.3.4.1. Empenamentos

São quaisquer distorções da peça de madeira em relação aos planos originais de suas superfícies.
Levando-se em conta os planos em relação aos quais houve alteração os empenamentos são
classificados em: encurvamento, encanoamento, arqueamento, torcimento (Müller, 2013)

O encanoamento é definido quando as margens da peça permanecem aproximadamente paralelas,


e ela adquire um aspecto encanoado ou de canaleta. Esse tipo de empeno aparece em consequência
da diferença de estabilidade entre as direcções radial e tangencial ou secagem mais rápida de uma
face. De uma forma geral, as peças retiradas mais exteriormente do toro tendem a apresentar mais
nitidamente o fenómeno, pela maior retracção da face que se situa próxima à casca (Jankowsky,
1990).

O arqueamento e o encurvamento são causados pela diferença na contracção longitudinal entre


duas faces opostas, da mesma peça de madeira. É que a madeira da parte mais central da tora se
contrai mais, longitudinalmente, que a da parte externa, causando esses tipos de empenos
(Martins, 1988).

2.3.4.2. Rachaduras

São separações dos elementos constituintes da madeira no sentido longitudinal do grã. As


rachaduras aparecem como consequência da diferença de contracção nas direcções radial e
tangencial da madeira e de diferenças de humidade entre regiões contiguas de uma peça, durante
a secagem. Essas diferenças levam ao aparecimento de tensões que, tornando-se superiores a
resistência dos tecidos lenhosos, provocam a ruptura da madeira. Durante o processo de secagem
podem ocorrer três tipos de rachaduras: superficiais, de topo e internas (Stangerlin, 2009).

2.3.4.3. Colapso

O colapso caracteriza-se por ondulações nas superfícies da peça de madeira. O colapso aparece
quando a tensão desenvolvida durante a saída da água capilar supera a resistência da madeira à
compressão. De forma geral, os factores que influem no colapso da madeira são: pequeno diâmetro
dos capilares; altas temperaturas no início da secagem; baixa densidade da madeira; e alta tensão
superficial do líquido que é removido da madeira (Jankowsky, 1990).

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2.3.5. Secagem natural de madeira serrada


A secagem natural é um método de secagem que se baseia em reduzir o teor de humidade a um
valor mínimo compatível com as condições climáticas, no menor espaço de tempo
tecnologicamente possível evitando-se a desvalorização da madeira devido ao aparecimento dos
defeitos de secagem (Fagundes, 2003).

O conceito de madeira seca é relactivo, mas na maioria das vezes considera-se como seca a
madeira cujo teor de humidade for igual ou inferior a humidade de equilíbrio correspondente a
sua condição de uso e também ao tipo de produto feito com a madeira (Jankowsky, 1990). A tabela
1 mostra as classificações atribuídas a madeira seca em função do conteúdo de humidade e os
teores de umidades finais recomendados para certos produtos.

Tabela 1: Classificações atribuídas a madeira seca e os teores de humidades finais recomendados para certos produtos
de madeira

Classificação da madeira em função da


Humidade humidade
Produtos
(%)
Estado da madeira Humidade (%)
Madeira serrada comercial 18 -23 Verde Superior a 30
Madeira para construção
12-18 Semi-seca Entre 30 e 23
externa
Madeira para construção
08-11 Comercialmente seca Entre 23 e 18
interna
Painéis 06-08 Seca ao ar Entre 18 e 13
Moveis para interiores 06-10 Dessecada Entre 0 e 13
Moveis para exteriores 16 -20
Embalagens 12-16 Anidra 0
Implementos agrícolas 12-18
Fonte: Fagundes (2003) e Müller (2007)

(i) Vantagens e desvantagens da secagem natural

A principal vantagem da secagem ao ar livre comparada com outros métodos de secagem é o baixo
custo. No entanto, a medida em que o valor da madeira conta mais, a secagem artificial torna-se
mais viável (USDA, 1999). As limitações da secagem ao ar livre estão associadas a
incontrolabilidade das condições naturais o que faz com que madeiras secas através deste método
sejam mais susceptíveis a ocorrência de defeitos por falta de controlo das condições da secagem
tornando elevado tempo de secagem quando comparado com artificias. Em muitos casos o teor de
humidade final é alto, mas este processo permite a redução da humidade inicial da madeira,
diminui os custos de transporte e minimiza o ataque de fungos manchadores (Martins, 1988).

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(ii) Objectivos da secagem natural de madeira serrada

O principal propósito para a secagem ao ar livre de madeira serrada é para evaporar a maior
quantidade de água possível enquanto minimiza-se dispêndios de capital relacionadas a secagem
em estufas e sem incorrer a custos de energia necessária. Na secagem ao ar livre, a madeira
geralmente é empilhada no pátio até atingir um teor de humidade entre 20% e 25%. A madeira
serrada pode então estar pronta para processamento posterior, dependendo da sua utilização final.
Se for para ser secada até conteúdos de humidade mais baixos, como para uso em fábricas de
móveis recomenda-se o uso de estufas (USDA, 1999).

(iii) Métodos de empilhamento


No momento de empilhamento da madeira o principal cuidado que se deve ter quando se utiliza a
secagem natural é escolher um local bem ventilado, com um bom sistema de drenos, longe de
ambientes que apresentem qualquer risco de incêndio e livre de vegetação ou materiais que
possam impedir a circulação de ar principalmente próximo ao solo. As pilhas de madeira devem
estar a uma distância de 40 a 50 cm do solo, apoiadas em suporte, garantindo assim uma boa
circulação do ar sob elas (Da Silva, 2007).

Segundo Brand et al. (2014), as formas de empilhamento de madeira para secagem ao ar mais
utilizadas são duas, o empilhamento horizontal, utilizando-se separadores, e empilhamento
vertical, sem o uso de tabiques. O empilhamento horizontal pode seguir vários formatos, inclusive
de quadrado e triângulo (figura 2a eb), mas o mais utilizado é aquele no qual se colocam as tábuas
sobre uma base afastada do solo, em camadas sucessivas, afastadas por separadores, formando
fardos ou pacotes (figura 2c). Geralmente a pilha recebe uma cobertura para que não fique
diretamente exposta a chuvas.

O método de empilhamento horizontal é o mais utilizado mundialmente tem a vantagem de através


de um bom alinhamento de separadores atuar na prevenção dos empenamentos. Tem a
desvantagem de envolver custos adicionais relacionadas com cobertura e aquisição de
separadores. O empilhamento vertical (figura 2d) consiste em dispor as tábuas verticalmente nos
dois lados de um cavalete entrecruzando-as e a pilha fica sobre um suporte afastado do solo. Não
é usual a cobertura neste tipo de empilhamento. A vantagem está na facilidade com que se monta
a pilha visto que pode ser feita por uma única pessoa (Goulart et al, 2003).

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a b

c d
Figura 2: Formas de empilhamento da madeira serrada para secagem natural: a, b e c – formas de empilhamento
horizontal usando formatos de quadrado, triângulo e o padrão; d - empilhamento vertical
Fonte: Brand et al. (2014) e Goulart et al. (2003)

Os métodos de empilhamento apresentaram resultados semelhantes para todos os defeitos


avaliados, excepto para arqueamento, característica na qual o empilhamento do tipo triangular
apresentou os melhores resultados, divergindo dos demais. Goulart et al. (2003) comparando
métodos de empilhamento de secagem ao ar livre de Pinus taeda, notaram que o defeito mais
expressivo foi o encanoamento para peças posicionadas na horizontal.

2.3.6. Secagem artifical


Na secagem artificial, a madeira serrada é colocada em uma câmara onde o fluxo do ar,
temperatura e a humidade relactiva é controlada para proporcionar uma secagem tão rápida da
madeira sem causar ou aumentar defeitos. Existem muitos tipos de secagem artificial ou em
estufas definidos pela maneira em como a temperatura e a humidade relactiva do ar são
controlados e os três tipos de estufas mais comuns são: convencional, desumidificação e solar
(Nyle, 2012).

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(i) Secagem a baixas temperaturas (Pré-secadores)


De acordo com Reeb (1997) as operações de secagem da madeira comercial algumas vezes usam
os pré-secadores para a secagem da madeira desde a condição verde até um conteúdo de humidade
em torne de 25% antes da secagem para teores de humidades mais inferiores. Os pré-secadores
normalmente temperaturas consideradas são de no máximo 50°C. Tem a vantagem de
proporcionar mais brilho a madeira, um conteúdo de humidade mais uniforme entre as madeiras,
redução de defeitos e tempos de secagem.

(ii) Secagem por desumidificação


Os desumidificadores podem ser vistos como um tipo de secagem a baixa temperatura embora
dentro destas estufas as temperaturas podem chegar a 72 °C. Estufas de secagem que operam a
estas temperaturas são capazes de secar madeiras de muitas espécies a máxima velocidade de
secagem. Os desumidificadores podem secar a madeira até conteúdos de humidade menores que
5%. A desumificação usa um sistema de bombeamento de calor para remover agua da madeira. A
vantagem primaria deste tipo de sistema é que recicla o calor continuamente ao invés de ser
expelido assim como a secagem convencional faz. Então é mais eficiente no consume de energia
e é de operação de baixo custo (Wengert, 2006).

(iii) Secagem Solar


A secagem solar é um processo intermediário entre a secagem natural e artificial e os tempos de
secagem dependem da eletricidade é necessária para a o funcionamento dos ventiladores da estufa
(Reeb, 1997). A energia térmica necessária para a secagem provém de um coletor solar. O ar
húmido é removido através de aberturas no coletor solar. O secador solar utiliza como como fonte
de energia a energia solar e a sua teoria de funcionamento está no princípio do efeito estufa onde
a energia solar incide sobre uma cobertura transparente a permite a passagem da energia solar
incidente para o seu interior que atinge uma superfície plana pintada de preto e é convertida em
calor que é reflectida pela superfície transparente, sendo capturada na estufa (Martins, 1988).

(iv) Secagem convencional


É aquela conduzida em estufas ou secadores, onde se tem total controle da circulação do ar, da
temperatura e da humidade relactiva. Os secadores convencionais podem ser definidos como
câmaras de secagem que operam com temperaturas entre 35° e 90°C. Estes equipamentos dispõem
de um sistema de aquecimento; um sistema de humidificação do ar; um conjunto de “dampers”
ou janelas que permitem a troca de ar entre o interior do secador e o meio externo; e um sistema
de ventilação que promove a circulação do ar através das pilhas de madeira (De Andrade, 2000).

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Os secadores convencionais são os mais utilizados principalmente para a secagem da madeira de


folhosas. Apresenta como principais vantagens a independência das condições climáticas, menor
duração em relação à secagem ao ar livre, maior controle sobre os defeitos e humidade final,
adequação a todo tipo de madeira e ampla experimentação disponível. As principais restrições da
secagem convencional estão ligadas ao investimento inicial e à necessidade de mão-de-obra
especializada (Jankowsky e Galina, 2013).

A escolha do programa de secagem é um fator determinante para que a secagem convencional


ocorra de maneira adequada. Um programa de secagem é uma indicação, para cada espécie e
espessura, das condições ambientais necessárias dentro da câmara de secagem convencional, que
equilibram as taxas de secagem com a formação de defeitos (De Andrade, 2000). Os principais
factores envolvidos na escolha de um programa de secagem são: espécie de madeira (massa
específica, permeabilidade, contração, etc); humidade inicial e final; espessura do material; uso a
que se destina; e equipamento de secagem (Martins, 1988).

Um programa de secagem não é capaz de considerar todos esses aspectos, mas busca levar em
conta os mais significativos na formação de defeitos e na taxa de secagem. Entre métodos de
elaboração de programas de secagem, destaca-se o método baseado em equações empíricas cuja
variável independente é a massa específica, isto é, a temperatura de bulbo seco e a depressão
psicrométrica inicial são estimadas a partir da massa específica básica. As temperaturas de bulbo
seco são mantidas constantes até que a madeira alcance 30% de humidade e em seguida são
elevadas a uma taxa de 5,6 °C para cada 5% de redução no teor de humidade (Eleotério e Da Silva,
2013).

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III. MATERIAIS E MÉTODOS


3.1. Situação geográfica e enquadramento regional do distrito de Mocuba
O distrito de Mocuba tem de superfície 9.062 Km2, e fica situado na parte central da Província de
Zambézia sendo limitado a Norte, pelo rio Nampevo que o separa do distrito de Ile e pelo rio
Licungo que o separa do distrito de Lugela; a Sul, pelo distrito de Namacurra; a Este com os
distritos de Maganja da Costa e Ile; e a Oeste com os distritos de Milange e Morrumbala, através
dos rios Liciro e Liaze, tal como mostra a figura 3 a seguir (PEDDM, 2014). De um modo geral
o clima do distrito é influenciado pelo vale depressionário equatorial e do Canal de Moçambique
que confere temperaturas altas e húmidas no litoral. De igual modo sofre influências dos efeitos
da zona de convergência intertropical, e o interior está sob influência de altitudes, conferindo
temperaturas moderadas (MAE, 2005).

Estes factores conferem ao Distrito de Mocuba dois tipos de climas: o tropical húmido, na faixa
da planície e do planalto central, enquanto nas terras altas como Mugeba e Alto Benfica prevalece
o clima tropical de altitude (MAE, 2005). Segundo o INE (2008) a humidade relactiva é de 73,4
(%) e a temperatura média é de 24,8°C sendo que a máxima absoluta é de 41,7°C e a temperatura
mínima absoluta é de 12°C com uma precipitação média mensal de 65,3 mm.

Figura 3: Mapa do Distrito de Mocuba


Fonte: FEAF (2017)

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3.2. Métodos
3.2.1. Colecta do material e descrição do local de montagem do ensaio
A madeira utilizada neste estudo é proveniente da Concessão Florestal da Empresa Indústria e
Construções Sotomane, Lda localizada no Posto Administrativo de Namanjavira a Oeste da cidade
de Mocuba, distrito de Mocuba, província da Zambézia entre as coordenadas 16°33'58'' e
16°49'22'' de latitude Sul e 36°32'57'' e 36°47'39'' de longitude Oeste. As árvores foram abatidas
com uma motosserra de marca STILL, e posteriormente transformadas em toros e desdobradas
em tábuas. A nomenclatura das peças obedeceu os padrões recomendados pelo MINAG (2007),
que consideram tábua a toda peça de madeira serrada com espessuras que variam de 1,5 cm a 7,5
cm e larguras superiores a 7,5 cm.

O ensaio foi montado no pátio da Serração da empresa Indústria e Construções Sotomane Lda que
dista a 10 km a norte da cidade de Mocuba, ao longo da estrada nacional número um e apresenta
um relevo regular por quase toda a área do pátio. Esta serração processa principalmente madeiras
das seguintes espécies: Pterocarpus angolensis DC, Millettia stuhlmannii Taub., Swartzia
madagascariensis Desv., Afzelia quanzensis Welw., Cordyla africana Lour., khaya anthoteca
Welw.

3.2.2. Definição das combinações espessura x largura


A escolha das combinações de espessura e largura foi resultado de um levantamento levado a cabo
ao nível das serrações da cidade de Mocuba convista a apurar-se as combinações mais requisitadas
pelos clientes ou as mais aplicadas no mercado local. Assim foram apuradas as duas combinações
(3x15cm e 4x25cm) como as mais usadas.

3.2.3. Preparação das tábuas


Para o estudo seleccionou-se toros livres de defeitos de comprimento variável e diâmetro também
variável. Os toros foram processados em 30 tábuas usadas para o estudo, o mesmo número de
tábuas usado por De Jesus et al. (2016) no seu estudo sobre o comportamento de madeiras de três
espécies amazônicas submetidas à secagem ao ar livre em Rondónia no Brasil. Os toros foram
processados numa serra fita horizontal usando o modelo de processamento adoptado pela serração
que é o tangencial que utiliza um ou mais cortes em uma face, depois as tábuas foram para uma
alinhadeira convista a proporcionar as larguras usadas para o ensaio (15cm e 25cm de largura).
Todas tábuas foram processadas ao mesmo tempo. A figura 4 mostra a máquina utilizada para o
processamento primário dos toros.

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Figura 4: Serra fita utilizada no processamento da madeira

3.2.4. Delineamento experimental


O delineamento usado para o estudo foi o Delineamento Completamente Casualizado (DCC),
tendo dois tratamentos e quinze réplicas (número de tábuas) por tratamento. Considerou-se como
tratamentos as diferentes combinações de espessura e largura das tábuas nas duas pilhas, onde:

Tratamento 1 (T1) – combinação de (4 cm x 25 cm) espessura e largura respectivamente nas


quinze tábuas de comprimento variável.
Tratamento 2 (T2) – combinação de (3 cm x 15cm) espessura e largura respectivamente nas
quinze tábuas de comprimento variável.

3.2.5. Localização das pilhas no pátio


As pilhas foram instaladas debaixo de uma sombra localizada na margem esquerda do pátio da
serração, conforme recomenda Jankowsky (1990) dizendo que pilhas colocadas nas margens do
pátio secam mais rapidamente do que as colocadas no meio.

3.2.6. Instalação das pilhas na sombra


As pilhas foram instaladas usando o empilhamento horizontal pelo formato padrão e estiveram a
uma altura de 40 cm acima do solo conforme a metodologia proposta por Braz et al. (2015) e
como separadores usou-se bambús secos de 30 cm de comprimento. As alturas das pilhas dos
tratamentos 1 e 2 foram de 1,29 m e 1,1 m, respectivamente e a distância entre as pilhas foi de 1,5
m. A área sombra foi de 49 m2, com um sombrite de lona suspenso por estacas. As pilhas
encontravam-se localizadas entre três pilhas de outros estudos sobre determinantes de qualidade
de secagem natural de madeira serrada tal como mostra a figura 5 a seguir.

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Pilhas em estudo

Figura 5: Vista geral do local do experimento-localização das pilhas

Segundo ABIMCI (2004) a grande desvantagem da secagem ao ar livre é por não serem
controláveis os factores do meio, mas factores como dimensão e disposição das pilhas, dimensões
dos separadores e arranjo físico do pátio, podem ser controlados favorecendo a velocidade de
secagem. A tabela 2 mostra o número, distâncias e as dimensões das bases e dos separadores nas
pilhas segundo recomendações de Martins (1988).

Tabela 2: Número e dimensões das bases e dos separadores nas pilhas 1 e 2


Pilha 1 e Pilha 2
Número de fundações 2
Distância entre as fundações 1,5 m
Número de separadores 14
Distância entre os separadores 1,5 m

3.2.7. Duração do experimento


O objectivo foi de secar a madeira até o ponto em que pelo menos um dos tratamentos atingisse
em média um teor de humidade abaixo do ponto de saturação de fibras considerado ponto a partir
do qual muitas das propriedades físicas da madeira começam a variar, que coincidiu com o tempo
em que o peso da madeira começou a estabilizar mostrando que já não estava a perder humidade
para o meio o que implicou que estivesse seca.

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O ensaio começou no dia 29/07/2016 e foi finalizado no dia 22/10/2016 totalizando 82 dias. Este
período é considerado bom para a secagem natural pois não coincide com a época chuvosa no
Distrito de Mocuba. E conforme a metodologia utilizada por Rezende et al. (2010) o período (dias)
de levantamentos foi aumentando enquanto decorria o processo de secagem (tabela 3), isto é, a
periodicidade adoptada foi: nos primeiros dois dias a pesagem foi diária; nas duas semanas
seguintes foi de dois em dois dias; a partir da terceira semana o intervalo de medições foi de sete
em sete dias durante um mês; e depois deste período a pesagem foi de duas em duas semanas.

Tabela 3: Pontos de levantamento dos pesos durante o ensaio


Datas de levantamento Número do levantamento Critérios de levantamento
29-Julho-2016 1
Peso diário
30-Julho-2016 2
01-Agosto-2016 3
04-Agosto-2016 4
07-Agosto-2016 5 Dois em dois dias
10-Agosto-2016 6
13-Agosto-2016 7
20-Agosto-2016 8
27-Agosto-2016 9 Uma em uma semana
03-Setembro-2016 10
10-Setembro-2016 11
24-Setembro-2016 12
Duas em duas semanas
08-Outubro-2016 13
22-Outubro-2016 14

3.2.8. Parâmetros avaliados


Foram avaliados os seguintes parâmetros: comportamento de perda de humidade, velocidade da
secagem, grau de incidência de defeitos advindos da secagem e a correlação entre velocidade de
com o grau de incidência de defeitos. A perda de humidade e a velocidade de secagem foram
avaliados durante o processo de secagem. O grau de incidência de defeitos foi analisado após a
secagem. Foram avaliados apenas os defeitos que mais incidiram nos dois tratamentos (rachaduras
do topo, encurveamentos e arqueamentos).

(i) Perda de humidade

Este parâmetro foi avaliado mediante a monitoria da perda da humidade das pilhas através das
pesagens periódicas e pela diferença de pesos em diferentes dias de medição das tábuas dos dois
tratamentos, donde obteve-se os dados necessários para a elaboração das curvas de secagem.

20
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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

As pesagens periódicas das tábuas foram feitas usando uma balança electrónica com capacidade
máxima de 300 kg e uma precisão de 1 kg, tal como mostra a figura 6 e baseando-se na
metodologia proposta por Rezende et al. (2010) já descrita acima.

Figura 6: Pesagens de tábuas na balança electrónica

O teor de humidade inicial foi determinado pelo método indirecto através da diferença de pesos
húmido e seco, sendo que para o efeito aplicou-se as fórmulas 1, 2 e 3 a seguir apresentadas já
usadas por Klitzke e Batista (2010) e Pertuzzatti et al. (2013). As fórmulas 1 e 2 foram utilizadas
para a estimação do peso seco a zero (0) e cinco (5) por cento de humidade, respectivamente e a
fórmula 3 foi para a determinação da humidade inicial.

Pe0% 
100 * Mi (1)
100  Ui
Fórmula 1: Determinação do peso seco a zero %
Onde: Pe 0% – Peso seco estimado a 0%; Mi - Peso húmido obtido no dia de montagem das pilhas
(dia zero); Ui – conteúdo de água das peças um dia depois de montagem das pilhas (dia um).

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 5 
Pe5%  Pe0% * 1   (2)
 100 
Fórmula 2: Determinação do peso seco a cinco%
Onde: Pe 5% – Peso seco estimado a 5%; Pe 0% – Peso seco estimado a 0%.

Ph  Ps
Tui  * 100 (3)
Ps
Fórmula 3: Determinação do teor de humidade inicial
Onde: Tui – teor de humidade inicial (%); Ph - Peso húmido obtido no dia de montagem das pilhas
(dia zero) (%); Ps – Peso seco estimado a 5% (%).

Após a determinação do teor de humidade inicial e posterior montagem das pilhas, pesagens
periódicas foram feitas com auxílio da mesma balança electrónica usada na determinação do teor
de humidade inicial com vista a determinar o teor de humidade corrente das pilhas. A fórmula 4
proposta por Stangerlin (2009) foi usada para o efeito.

Pa * Tui  100
Tuc   100 (4)
Mi
Fórmula 4: Determinação do teor de humidade actual
Onde: Tuc -Teor de humidade corrente da pilha (%); Pa - Peso actual da pilha (kg); Tui - Teor de
humidade inicial (%); Mi – Peso húmido inicial da pilha (kg).

(ii) Taxa de secagem

A taxa de secagem foi avaliada mediante pesagens periódicas de cada tábua e para tal aplicou-se
fórmula 5 usada por Stangerlin (2009), mesma metodologia proposta por Susin et al. (2014). Em
cada tratamento determinou-se a taxa de secagem por réplica, a taxa de secagem para os primeiros
30 dias, para os 30 dias a seguir e para os últimos 22 dias conforme os procedimentos adoptados
por Zafuncio (2013) que consistem na divisão do total dos dias de secagem em 3 períodos. A partir
dos dados gerados da fórmula 5 foram elaboradas as curvas da taxa de secagem ao ar livre para
cada tratamento no período considerado, mesma metodologia usada por De Jesus et al. (2016).

Tui  Tuf
Ts  (5)
t
Fórmula 5: Determinação da taxa de secagem
Onde: Ts - taxa de secagem (%/dia); Tui - teor de humidade inicial (%); Tuf - teor de humidade
final (%); t - tempo de secagem decorrido (dias).

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(iii) Grau de incidência de defeitos após a secagem

Logo após o término do processo de secagem, seguiu-se a medição, quantificação e análise do


grau de incidência dos defeitos da madeira. Para os arqueamentos e os encurveamentos as
medições foram feitas em todas as tábuas nos dois tratamentos e para o índice de rachaduras do
topo só foram medidas as tábuas que apresentaram este defeito. Importa salientar que só se mediu
os defeitos que mais se expressaram ou incidiram em ambos tratamentos. O procedimento de
avaliação ocorreu em duas etapas, em que primeiro determinou-se visualmente a pior face da
madeira serrada, na segunda etapa mensurou-se os defeitos desta face, metodologia usada por Dos
Anjos (2013).

a) Rachaduras do topo
Este defeito foi determinado por meio da medição do comprimento de rachaduras de topo em cada
peça que as apresentava. O comprimento das rachaduras das tábuas foi obtido com auxílio de
régua de 30 cm. O comprimento da tábua foi utilizado para a determinação do índice de rachaduras
usando a fórmula e 6 conforme a metodologia proposta por Santos (2008). O apêndice 1 (a) mostra
com foi feita a obtenção do comprimento das rachaduras do topo.

IRT 
l1  l 2  *100
(6)
L
Fórmula 6: Determinação do índice de rachaduras do topo
Onde: IRT - índice da rachadura de topo (%); l1 e l2 - comprimento individual da maior rachadura
nas extremidades das tábuas (m); L - comprimento total da peça (m). Na figura 7 pode-se verificar
o procedimento adoptado para quantificação do índice de rachaduras do topo.

LR2

LR1

Figura 7: Procedimento adoptado para medição das rachaduras de topo nas tábuas

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b) Arqueamentos
Este defeito foi medido e quantificado utilizando a metodologia de Da Silva et al. (2016) que
consiste em esticar uma linha ao longo da lateral da tábua e medir o local de maior afastamento,
logo o arqueamento foi mensurado pelo comprimento da flecha em relação ao da peça, conforme
fórmula 7 usada por Santos (2008). Pode-se ver no apêndice 1 (b) e (c) a medição das flechas.

F
Ar  (7)
L
Fórmula 7: Determinação dos arqueamentos
Onde: Ar - arqueamento da tábua (mm/m); F - flecha (mm); L - comprimento da peça (m). A
figura 8 mostra o procedimento adoptado para quantificação dos arqueamentos.

Flecha

L
Figura 8: Procedimento adoptado para medição dos arqueamentos nas tábuas

c) Encurveamentos
O encurvamento foi medido e quantificado pelo comprimento da flecha em relação ao
comprimento da peça, conforme a metodologia proposta por Da Silva et al. (2016), sendo que
para o efeito aplicou-se a fórmula 8 já usada por Santos (2008).

F
Ev  (8)
L
Fórmula 8: Determinação dos encurveamentos
Ev - encurvamento da tábua (mm/m); F - flecha (mm); L - comprimento da peça (m). Na figura 9
pode-se verificar o procedimento adoptado para quantificação dos encurveamentos nas tábuas.

Flecha

Figura 9: Procedimento adoptado para medição dos encurveamentos nas tábuas

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Todas as medidas usadas para a determinação dos empenamentos foram obtidas usando uma régua
de 30 cm. Após a medição e quantificação dos defeitos, estes por sua vez foram classificados, para
ver o seu nível de influência na qualidade da madeira seca usando os critérios para classificação
de defeitos de madeira serrada de folhosas patentes na tabela 4.

Tabela 4: Critérios de classificação da intensidade dos defeitos de madeira serrada das folhosas
Intensidade
Defeitos Ausente Leve Forte
Arqueamento (mm/m) Ar = 0 Ar ≤ 5 Ar ≥ 5
Encanoamento (mm/m) Ec = 0 Ec ≤ 4 Ec ≥ 4
Encurveamento (mm/m) Ev = 0 Ev ≤ 5 Ev ≥ 5
Rachaduras (%) Ra = 0 Ra ≤ 10 Ra ≥ 10
Fonte: Santos (2008)

3.3.9. Identificação da melhor combinação


Para a identifição da melhor combinação de largura e espessura foi utilizado para tal os atributos
de qualidade de madeira seca propostos por Jankowsky e Galina (2013). Portanto, foi considerada
como a melhor combinação de espessura e largura para a secagem natural de madeira serrada de
Pterocarpus angolensis a combinação cujas peças de madeira tiveram os seguintes atributos:
Madeira seca até um teor de humidade abaixo do PSF no mínimo tempo possível;
Madeira com um nível aceitável quanto a incidência de defeitos visíveis;
Madeira com teor de humidade compatível com o uso pretendido.

3.3.10. Correlação entre velocidade de secagem e incidência de defeitos


Para a verificação da correlação entre a velocidade de secagem e a incidência de defeitos, os dados
gerados pelas fórmulas 5, 6, 7 e 8 foram usados para a elaboração dos gráficos de correlação e
para a verificação da significância da mesma.

3.3.11. Análise estatística


As variáveis referentes à velocidade de secagem e grau de incidência de defeitos foram analisadas
estatisticamente através da Análise de Variância (ANOVA) e análise de correlação simples,
depois suas médias foram comparadas pelo teste de “Tukey” ao nível de significância de 5%.

Foi realizado o teste de “Bartllet” para verificar a homogeneidade das variâncias (apêndice 4) e o
teste de “Shapiro-Wilk” para a verificação da normalidade (apêndice 5) dos resíduos. Para as
variáveis cujos resíduos não seguiram a distribuição normal, seus dados foram transformados
usando a equação Y  lnx  para a variável índice de rachaduras do topo e YSqr x  para a taxa
de secagem e os pacotes estatísticos usados foram: Assistat 7.7 e Statistix versão 10.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Comportamento do teor de humidade das peças estudadas
Os resultados do processo de secagem mostraram que o mesmo ocorreu de maneira não
homogénea, resultando em grandes diferenças entre os valores máximos e mínimos. Na tabela 5
abaixo encontram-se os valores do teor de humidade final nas duas pilhas. O tratamento 1 (4 x 25
cm) obteve uma humidade média final de 33,812 % e apresentou um comportamento homogéneo
com relação a humidade final justificado pelo seu coeficiente de variação classificado como médio
relevando que os dados estão próximos da média.

O Tratamento 2 (3 x 15cm) foi o que apresentou comportamento mais heterogéneo com relação a
humidade final (tabela 5) comprovado pelo maior coeficiente de variação classificado como alto
o que mostra a média não representa o grupo de dados, isto é, os dados estão muito dispersos em
relação a sua média, e este tratamento obteve uma média final de 28,795%.

Tabela 5: Teores de humidades finais observados ao fim de 82 dias nos dois tratamentos

Teores de humidade finais observados (%)


Tábuas T1 T2 Tábuas T1 T2
1 38,24 12,942 11 35,57 45,056
2 52,55 14,684 12 41,07 35,008
3 30,91 11,766 13 30,13 42,247
4 38,87 9,153 14 18,07 37,096
5 31,18 21,769 15 25,69 46,882
6 32,03 12,439
7 30,09 42,819
8 33,75 22,192
9 43,54 37,484
10 26,37 41,381
CV (%) 25,81%* 50,76%**
Nota: Cv = Coeficiente de variação; T1= Tratamento 1; T2= Tratamento 2; *= CV para T1; **= CV para T2.

Na tabela 6 abaixo encontram-se os valores médios do teor de humidade final das tábuas para os
dois tratamentos.

Tabela 6: Valores médios de teor de humidade final


Variável Médias CV (%)
Teor de humidade final para T1 33,812 a 25,81%
Teor de humidade final para T2 28,795 a 50,76%
Nota: Médias seguidas de uma mesma letra, em uma mesma coluna, não diferem estatisticamente entre si, de acordo
com o teste de Tukey a 5% de significância; C.V%= coeficiente de variação.

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Os teores de humidade finais variaram entre as tábuas e entres os tratamentos, porém suas médias
não mostraram diferença estatística significativa ao nível de significância de 5% (apêndice 6). O
CV encontrado para o T1 é considerado médio, indicando que os teores de humidade final estão
em torno da sua média, porém estas humidades são muito elevadas.

Mesmos resultados foram encontrados por Mendes et al. (2016) quando secaram madeiras de três
espessuras diferentes (10; 25 e 40 mm) no seu estudo sobre determinação da humidade de
equilíbrio higroscópico da madeira para a cidade de Salinas onde encontraram que os valores
médios das diferentes espessuras não diferiram estatisticamente entre, porém as médias
encontradas por estes autores foram relactivamente menores aos encontrados neste estudo
nomeadamente: 12,3; 11,4 e 11,2 % para as espessuras de 10; 25 e 40 mm, respectivamente.

Resultados diferentes dos encontrados neste estudo foram reportados por Zen (2016) no seu estudo
sobre métodos combinados para secagem da madeira de Eucalyptus (pré secagem ao ar livre com
secagem em estufa convencional) onde encontrou o teor de humidade final médio para a secagem
ao ar livre de 23% com uma amplitude de variação entre 19,1 e 25,19% de humidade. Análises
estatísticas mostram que a combinação de largura e espessura não influenciou bastante na perda
de humidade dos dois tratamentos pois apesar do T2 ter apresentados humidades mais inferiores
aos do T1, até ao fim de 82 dias as suas humidades destes finais tratamentos não mostraram
diferenças estatísticas significativas a nível de significância de 5%.

Obteve-se no T2 os mínimos valores de humidade observados no final de todo ensaio, porém é


possível notar-se a existência de tábuas com humidades elevadas ao fim de 82 dias momento em
que a secagem foi interrompida pois este tratamento já tinha atingido em média uma humidade
inferior a 30%. Até aos 41 dias de secagem uma tábua do T2 já tinha atingido um teor de humidade
abaixo deste ponto, mas até ao mesmo período nenhuma tábua do T1 conseguiu esse feito. Este
resultado é semelhante ao encontrado por Pinheiro (2013) estudando a influência das dimensões
da madeira na secagem e nas propriedades do carvão vegetal onde observou que madeiras de
menores dimensões atingiram a humidade de 30% mais rapidamente que as maiores dimensões.

Abaixo da figura 10 discutiu-se os possíveis factores que podem ter contribuído para esta
discrepância dos dados do T2, pois não era de se esperar este comportamento em peças de mesmas
combinações de largura e espessura, submetida a secagem sob as mesmas condições, processadas
ao mesmo tempo e num mesmo tipo de empilhamento.

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Teores de humidade finais observados no Tratamento 2

50.00 45.06 46.88


42.82 41.38 42.25
Teor de humidade( %) 37.48 37.10
40.00 35.01

30.00
21.77 22.19
20.00 12.9414.68
11.77 12.44
9.15
10.00

0.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Número de peças

Figura 10: Variação dos teores de humidades finais nas tábuas para o tratamento 2

As tábuas 1 a 6 apresentaram teores de humidade relativamente menores e abaixo dos 23 % de


humidade em relação as tábuas 7 a 15 o que pode estar relacionado a posição das tábuas na pilha,
isto é, as tábuas 1 a 6 estivam nas posições de cima no memento de secagem e as outras estiveram
nas posições de baixo o que de algum modo pode ter contribuído para este comportamento de
secagem pois o movimento do ar é mais activo e maior quanto mais for a altura.

Estes resultados podem estar relacionados também é ao método de empilhamento usado, pois
deixa as peças de cima com mais possibilidades de serem influenciadas pelas condições do meio,
isto é, é possível que as peças de cima durante o período de secagem tenham recebido alguma
quantidade de radiação solar quando a posição do sol mudasse durante o dia.

Estes resultados são diferentes dos que foram encontrados por Goulart et al. (2003) quando
estudavam a influência de dois métodos de empilhamento na secagem ao ar de Pinus taeda onde
observaram que madeiras secas pelo método de empilhamento padrão (horizontal) comportaram-
se de maneira similar. Ou pode ter acontecido que durante o empilhamento para a secagem, as
madeiras colocadas em baixo tenham alta massa específica e as de cima de baixa massa específica
pois Stangerlin (2009) afirma que madeiras de com maior quantidade de espaços nas cavidades
celulares, secam mais rápido em comparação com madeira que apresentam menor quantidade de
espaços. Ainda há possibilidade de que a secagem não tenha respondido bem a altura das bases
usadas.

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Na figura 11 abaixo encontra-se apresentada as curvas de secagem que mostram aquele que foi o
comportamento de perda de humidade para as duas combinações de espessura e largura em estudo
durante o experimento.

Comportamento da perda de humidade ao longo do


tempo de secagem nos dois tratamentos
120.00
Teor de humidade (%)

100.00
80.00
60.00
T1 (4*25 cm)
40.00
T2 (3*15 cm)
20.00
0.00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Número de levantamentos

Figura 11: Curvas de secagem das tábuas

Ao analisar a figura 11 é possível notar uma a perda rápida da água livre nos primeiros dias, ou
seja, para os dois tratamentos houve uma perda de humidade mais acelerada nos cinco primeiros
dias, de cerca de 23,26% para o T1 e 26,33% para o T2, resultados semelhantes aos encontrados
por Braz et al. (2015) quando estudavam a curva característica de secagem da madeira de Tectona
grandis e Acacia mangium ao ar livre onde constataram uma perda acelerada do teor de humidade
nos primeiro cinco dias num intervalo de 18 % a 25,5 %.

Ainda analisando a figura 11 observa-se que os dois tratamentos tiveram quase o mesmo teor de
humidade inicial em torno de 87% um percentual de humidade que se encontra dentro do intervalo
de humidade inicial encontrado por De Jesus et al. (2016) que foi de 63,66% a 108,69% em
secagem ao ar livre de madeiras com espessura próxima de 3 cm e largura de 15 cm. Apesar do
T1 ter apresentado um teor de humidade final acima do PSF, este por sua vez teve um
comportamento de perda de humidade mais regular em relação ao T2.

O comportamento da perda de humidade dos dois tratamentos pode ser explicado pelos factores
do meio, isto é, pode ser que o T1 tenha respondido bem á influencia ás variações da temperatura
e da e humidade relactiva do ar e estes não influenciaram de forma proporcional a perda de
humidade, enquanto para o T2 estes podem ter influenciado de uma forma directa na perda de
humidade o que vê se pelo crescimento e decréscimo da curva ao longo dos dias de ocorrência de
altas temperaturas que segundo Melo (2005) aumentam a velocidade de movimentação das
moléculas de água e diminui a humidade relactiva do ar (apêndice 7).
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Estes resultados estão de acordo com o que Brand et al. (2014) encontraram estudando a influência
das condições meteorológicas e do método de empilhamento na qualidade da madeira serrada de
Cupressus lusitanica Mill., submetida a secagem ao ar, em Lages no brasil secando madeira de
serrada de espessura de aproximadamente 3 cm e largura variando de 8 a 15 cm, onde constataram
que para a madeira empilhada usando o método de empilhamento padrão houve uma correlação
significativa entre a perda da humidade com as variáveis meteorológicas, principalmente com a
temperatura.

Quanto ao factor precipitação, ao longo do período de secagem não houve registo de muitas
chuvas, tendo chovido dois dias segundo o INAM (2016), ou seja, choveu no dia 24 de Agosto
0.9 mm e no dia 04 de Outubro 5 mm, não tendo influenciado significativamente na ocorrência de
fenómenos de adsorção e dessorção da água na madeira.

4.2. Taxa de secagem


A figura 12 mostra o comportamento da taxa de secagem registada durante o processo de secagem
em cada tratamento.

Comportamento da taxa de secagem ao longo do


14.00
tempo de secagem
12.00
Taxa de secagem

10.00
8.00
6.00 T1 (4*25
cm)
4.00
T2 (3*15
2.00 cm)
0.00
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Número de levantamentos

Figura 12: Curvas do comportamento da taxa de secagem nos dois tratamentos

As maiores taxas médias de secagem observadas foram: para o T2 (12,11 %/dia) e 9,84 %/dia
para o T1, taxas de secagem registadas logo no início de secagem o que vem subsidiar o que a
literatura diz sobre a taxa de secagem muito elevada no início da remoção da água livre. Estes
resultados estão próximos do entrados por De Jesus et al. (2016) estudando o comportamento das
madeiras de três espécies amazônicas submetidas à secagem ao ar livre onde eles observaram
taxas de secagem iniciais a variarem de 6,05%/dia a 10,89%/dia.

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Ao analisar a figura 12 nota-se que a velocidade com a qual a madeira perdeu humidade não foi
regular durante o período de secagem tendo se registado períodos de alta velocidade e períodos
de baixa velocidade. Isto está relacionado a facilidade e dificuldade de remoção da água capilar e
higroscópica na madeira e as variações de temperaturas e humidade relactiva do ar registadas
durante o período de secagem.

Quanto a taxa de secagem referente ao período total de avaliação, a madeira que apresentou maior
valor foi a do T2 (0,1481%/dia) valor inferior ao encontrado por Susin et al. (2014) estudando a
taxa de secagem e qualidade da madeira serrada de Hovenia dulcis onde encontrou uma taxa de
secagem total de 3,68 %/dia, diferença que pode estar relacionada a permeabilidade da madeira
de Hovenia dulcis. O resultado está no mesmo intervalo de taxas totais encontradas por De Jesus
et al. (2016) em que observaram teores de humidades para três espécies folhosas com espessuras
próximas de 3 cm a variarem entre 0,125%/dia a 0,233%.

Vê-se na figura 12 que no início de secagem a taxa de secagem foi muito elevada tendo atingido
os 12%/dia mas a partir do quarto dia de medição a taxa baixou bastante para valores abaixo de
2%/dia e até ao levantamento número 12 a 14 a taxa de secagem foi quase nula indicando que a
madeira já não estava perdendo humidade o que significa que já estava seca o que vem ser
consubstanciado pelos valores das taxas de secagem para o primeiro mês, segundo mês e os
últimos 22 dias representados na tabela 7 a seguir.

Tabela 7: Taxa de secagem para os três períodos considerados


Tratamentos Taxa 1 (%/dia) Taxa 2 (%/dia) Taxa 3 (%/dia)
T1 1,358 0,439 0,165
T2 2,548 0,649 0,510
Nota: T1= tratamento 1; T2= tratamento 2; Taxa 1= taxa de secagem para o primeiro mês; Taxa 2= taxa de secagem
para o segundo mês; Taxa 3= taxa de secagem os últimos 22 dias.

Nota-se que houve uma grande discrepância dos valores das taxas de secagem no primeiro mês
para os dois tratamentos onde se observou que o T2 apresentou uma taxa de secagem quase duas
vezes maior que a do T1 o que pose ser explicado pela combinação de espessura e largura, mas
principalmente a espessura, pois a rapidez da secagem é inversamente proporcional à espessura.

O segundo mês e os últimos 22 dias não apresentaram taxas de secagem muito diferentes entre si
para o T2 o que significa que a madeira deste tratamento até ao segundo mês já não estava
perdendo muita humidade para o meio.

31
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No T1 as taxas de secagem do segundo mês e os últimos 22 dias foram muito diferentes entre si
onde é notável que a perda de humidade no segundo mês foi quase 4 meses maior que a dos
últimos 22 dias o que implica que a madeira ainda estava perdendo muito humidade para o meio,
significando que madeiras destas combinações de espessura e largura necessitavam de mais tempo
para ter taxas nulas.

Zafuncio (2013) encontrou no primeiro mês taxas de secagem a avariam de 1,14%/dia a


3,52%/dia, e no segundo mês a variarem de 0,01%/dia a 0,449%/dia e no último mês taxas de
secagem a avariam de 0,001%/dia a 0,221 quando estudava a influência da secagem da madeira
de Eucalyptus e Corymbia na produção e qualidade de carvão vegetal. Na tabela 8 abaixo
encontram-se os valores médios da taxa de secagem final das tábuas para os dois tratamentos.

Tabela 8: Valores médios da taxa de secagem final


Variável Médias CV (%)
Taxa de secagem final para T1 (%/dia) 0,05 a
65,08%
Taxa de secagem final para T2 (%/dia) 0,02 b
Nota: Médias seguidas de letras diferentes, em uma mesma coluna, diferem estatisticamente entre si, de acordo com
o teste de Tukey a 5% de significância; C.V%= coeficiente de variação

As taxas de secagem variaram entre as tábuas e entres os tratamentos e mostraram diferença


estatística significativa ao nível se significância de 5% (apêndice 8). O CV das médias é
classificado como alto indicando que os dados estão muitos dispersos em relação as suas médias,
porém o T2 mostrou-se melhor pois a sua média é menor em relação a do T1 está muito perto do
nulo (0) o que significa que a madeira deste tratamento até ao fim dos 82 dias já estava seca.

A combinação de largura e espessura das peças foi um factor que também afectou a taxa de
secagem, pois a até o ultimo dia de secagem nenhuma peça das de maiores combinações
apresentou taxas de secagem nula o que implica que precisavam de mais tempo para tal.

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4.3. Grau de incidência de defeitos após a secagem


Na figura 13 está apresentada a distribuição percentual de peças com arqueamentos,
encurveamentos e rachaduras do topo em função da sua magnitude após a secagem da madeira
para os dois tratamentos.

Distribuição das percentagens dos defeitos em função da sua


magnitude nos dois tratamentos

100.0 86.7
Percentagem

80.0 66.7 66.7


53.3 53.346.7
60.0 40.0 40.0
40.0 26.7 26.720.026.7
20.0 6.7 6.7 6.7 6.7 13.3 6.7
0.0
T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2
Ausente Leve Forte Ausente Leve Forte Ausente Leve Forte
Arqueamentos Encurveamentos Rachaduras do topo
Magnitude dos defeitos

Figura 13: Percentagens dos defeitos avaliados em função da sua magnitude

Quanto aos arqueamentos, o T2 apresentou 26,7% de peças que não apresentaram este defeito
contra 6,7% do T1 e 6,7% de peças com magnitude forte contra 26,7% do T1, este defeito
expressou-se mais em tábuas do T1. A maior parte das tábuas do T1 podem pertencer a parte
central dos toros processados, pois segundo Martins (1988) madeira da parte mais central do toro
se contrai mais longitudinalmente que a da parte externa, causando esse tipo de defeitos.

Estes resultados diferem dos encontrados por Da Silva et al. (2016) no seu estudo sobre tendência
e magnitude de rachaduras e empenamentos em tábuas secas ao ar livre de duas espécies de mogno
africano onde constataram uma tendência acima de 51% das tábuas que tiveram pequena
magnitude dos arqueamentos em tábuas de Khaya senegalensis com 2,6 x 13,8 cm (espessura,
largura). O facto destes autores terem usado peças de dimensões mais inferiores das do T2 deste
estudo, pode ter contribuído para esta diferença.

Amparado (2008) afirma que o arqueamento é o defeito considerado mais problemático, pois sua
correcção irá dar em perdas na largura das peças, influenciando directamente o valor financeiro
pois prejudica por exemplo, a confecção de painéis colados lateralmente. A tabela 9 a seguir
mostra os valores médios dos arqueamentos na madeira serrada após a secagem para os dois
tratamentos.

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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
secagem natural

Tabela 9: Valores médios dos arqueamentos


Variável Médias CV (%)
Arqueamentos para o T1 3,602 a
60,09%
Arqueamentos para o T2 2,9652 a
Nota: Médias seguidas de uma mesma letra, em uma mesma coluna, não diferem estatisticamente entre si, de acordo
com o teste de Tukey a 5% de significância; C.V%= coeficiente de variação.

Verificou-se que as peças do T1 apresentaram maior tendência de arquearem, comparativamente


as do T2, porém suas médias não mostraram diferença estatística significativa ao nível de
significância de 5% (apêndice 9). O coeficiente de variação das médias é classificado como alto
o que mostra que os dados estão muitos dispersos em relação as suas médias, contudo o
arqueamento não inviabiliza a utilização da madeira nas proporções obtidas no trabalho pois os
26.7% de tábuas com magnitude forte encontrados no T1 é resultado de 4 tábuas arqueadas.

Mesmo valor médio ao encontrado para o T2 foi observado por Brand et al. (2014) secando ao ar
livre madeira Cupressus lusitanica Mill. com espessura próxima de 3 cm e largura a variar de 8 a
15 cm e Susin et al. (2014) secando ao ar livre 30 tábuas de Hovenia dulcis com dimensões de 2,5
× 15,0 (espessura e largura) observaram uma média próxima a encontrada neste estudo (3,04
mm/m). Rosso (2006), avaliando os defeitos em tábuas tangenciais de Corymbia citriodora,
Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna, verificou intensidades de arqueamento médio variando
de 2,9 a 4,11 mm/m.

Os encurveamentos de magnitude forte foram mais expressivos no T2 que apresentou 53,3% de


peças com este defeito contra 6,7% de peças do T1 e 6,7% de peças sem este defeito contra 26,7%
de peças que não encurvaram para o T1, logo este defeito expressou-se mais no T2. Isto pode estar
relacionado ao número de separadores colocados entre tábuas e as dimensões das tábuas, ou seja,
entre duas tábuas usou-se apenas dois separadores e como as tábuas do ensaio tinham
comprimentos grandes (mínimo 2 m), o número de separadores aliado as pequenas combinações
de largura e espessura do T2 fez com que as tábuas deste tratamento facilmente flexissem do meio.

Ou pode se dar o caso de que quanto a este defeito, o T2 não tenha respondido bem ao método de
empilhamento pois segundo Stangerlin (2009) de modo geral, o encurvamento é influenciado mais
pelo método de empilhamento do que pelas circunstâncias de secagem. O mesmo autor, no seu
estudo sobre uso de estufa solar para secagem de madeira serrada de Eucalipto encontrou
resultados diferentes onde observou que em madeiras de Eucalyptus saligna com espessura
próxima de 3cm (2,5 cm) e largura de 15 cm nenhuma peça apresentou este tipo de defeito.

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Na tabela 10 abaixo encontra-se apresentado os valores médios dos encurveamentos para os dois
tratamentos. Os valores dos encurveamentos mostraram diferença estatística significativa ao nível
se significância de 5% (apêndice 10).

Tabela 10: Valores médios para os encurveamentos


Variável Médias CV (%)
Encurveamentos para o T1 2,4007 a
55,48%
Encurveamentos para o T2 5,0687 b
Nota: Médias seguidas de letras diferentes, em uma mesma coluna, diferem estatisticamente entre si, de acordo com
o teste de Tukey a 5% de significância; C.V%= coeficiente de variação

O coeficiente de variação das médias é classificado como alto mostrando uma grande dispersão
dos dados em relação as suas médias. O tratamento 1 mostrou-se melhor quanto a este defeito.
Média próxima a registada neste tratamento foi encontrada por De Carvalho em 2006 no seu
estudo sobre a secagem ao ar livre e usinagem da madeira de Eucalyptus urophylla para produção
de móveis onde encontrou uma média igual a 2,17 mm/m usando tábuas de 3 cm x cm 16 cm
(espessura e largura).

Resultados diferentes foram encontrados por Da Silva et al. (2016) estudando a tendência e
magnitude de rachaduras e empenamentos em tábuas de mogno africano com dimensões médias
de 26,00 x 138,00 x 1337,00 mm (espessura, largura e comprimento) onde constatou que as tábuas
de Khaya ivorensis de maiores dimensões foram mais propensas a encurvar.

Susin et al. (2014) estudando a taxa de secagem e qualidade da madeira serrada de Hovenia dulcis
encontrou uma média igual a 1,63mm/m secando ao ar livre madeiras de 2,5 × 15,0 (espessura e
largura). O encurvamento não inviabiliza a utilização da madeira nas proporções obtidas no
trabalho, pois apesar de 55,3% das peças terem apresentado este defeito, os encurveamentos são
defeitos que facilmente corrigidos tanto pelo aplainamento das peças assim como as pregações
podem eliminar o encurvamento.

Quanto ao IRT a maior percentagem de tábuas sem este defeito foi registada no T2 (86,7%)
seguida de 46,7% do T1 e a maior percentagem de tábuas com magnitude forte foi verificada no
T1 (13,3 %) seguida de 6,7% do T2, este defeito expressou-se mais no T1 o que pode ser
justificado pelas dimensões das tábuas deste tratamento pois segundo Da Silva et al. (2016) as
rachaduras de topo tendem a tornar-se maiores em tábuas de maior espessura e largura.

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Estes valores mostram que de um modo geral, este defeito não se expressou bastante nos dois
tratamentos o que indica que existe grande porção da madeira com aproveitamento não
comprometido mesmo para usos onde as tábuas não serão necessariamente reduzidas.

Os IRT observados só podem estar relacionados aos efeitos da secagem acelerada dos topos, que
causam um gradiente de humidade em relação a parte interior das peças. Neste estudo, a utilização
de cobertura nas pilhas favoreceu a menor tendência das tábuas tanto do tratamento 1 assim como
do tratamento 2 a apresentar maiores índices de rachaduras do topo.

Tanto o T1 como o T2 não apresentam a percentagem de tábuas de magnitude forte não chegou
aos 14%, resultados que diferem dos encontrados por Brand et al. (2014) onde notaram essa
magnitude das rachaduras em 57,11% das tábuas de Cupressus lusitanica. Da Silva et al. em 2016
no secando ao ar livre de duas espécies de mogno africano com 2,6 x 13,8 cm (espessura, largura)
não registaram peças com esta magnitude de rachaduras. Na tabela 11 abaixo encontra-se
apresentado dos valores médios do índice de rachaduras do topo para os dois tratamentos.

Tabela 11: Valores médios observados para T1 e T2


Variável Médias CV (%)
Índice de rachadura do topo para o T1 2,0658 a
20,78%
Índice de rachadura do topo para o T2 1,8097 a
Nota: Médias seguidas de uma mesma letra, em uma mesma coluna, não diferem estatisticamente entre si, de acordo
com o teste de Tukey a 5% de significância; C.V%= coeficiente de variação.

Nos dois tratamentos o CV é classificado como médio e as médias não mostraram uma diferença
estatística significativa a nível de significância de 5% (apêndice 11). Stangerlin (2009) para a
secagem ao ar livre as médias do IRT, entre as espécies folhosas diferiram entre si onde
encontraram valores a variarem de 1,6% a 4,76%. Os 4,43 % foram a percentagem média
encontrada por Susin et al. em 2014 secando madeira serrada de Hovenia dulcis de 2,5 × 15,0
(espessura e largura) ao ar livre.

Quanto aos defeitos analisados (arqueamentos, encurveamentos e índice de rachaduras do topo),


de um modo geral a combinação de largura e espessura influenciou no grau de incidência destes
defeitos, porque a magnitude dos defeitos que afectam directamente a qualidade madeira seca e o
valor económico pela grande dificuldade de seu controlo e a difícil correcção (arqueamentos e
índice de rachaduras do topo) foram mais expressivos em madeiras de maiores dimensões.

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secagem natural

4.4. Correlação entre velocidade de secagem e o grau de incidência de defeitos


Está representado na tabela 12 a seguir os valores de coeficiente de correlação simples entre a taxa
de secagem e o grau de incidência dos tratamentos avaliados, nomeadamente: arqueamentos,
encurveamentos e índice de rachaduras do topo.

Tabela 12: Coeficientes de correlação de Pearson para taxa de secagem, rachaduras e empenamentos nos dois
tratamentos
Tratamento Variáveis Taxa de secagem
Arqueamentos 0,1309 ns
T1 Encurveamentos 0,1476 ns
Índice da rachadura do topo 0,4453 ns
Arqueamentos -0,1450 ns
T2 Encurveamentos -0,2501 ns
Índice da rachadura do topo -0,4094 ns
Nota: T1= tratamento 1; T2= tratamento 2; ns= não significativo a 5% de significância.

Uma correlação ínfima, positiva e não significativa foi encontrada entre a taxa de secagem com
os arqueamentos e encurveamentos no T1, ou seja, a velocidade com a qual as madeiras de maiores
dimensões perderam o teor de humidade, contribuiu insignificativamente para tendência destas
peças a arquearem e encurvarem comprovado pela figura 14 onde vê-se que para os arqueamentos
a taxa de secagem contribuiu com uma percentagem de 1,67 % e 2,15% para os encurveamentos.

Também pode se dizer que quando a Ts aumenta o grau de incidência dos arqueamentos e
encurveamentos aumenta insignificativamente. A relação entre o grau de incidência dos
arqueamentos e a Ts indica que as duas variáveis não se correlacionaram perfeitamente e o valor
de R² obtido indicou que 1,67% do grau de incidência dos arqueamentos é explicado pela Ts.

A relação entre o grau de incidência dos encurveamentos e a taxa de secagem se comportou da


mesma maneira com a relação entre arqueamentos e a taxa de secagem onde obteve-se um valor
de R² de 2,15% que indica que 2,15% do grau de incidência dos encurveamentos é explicado pela
taxa de secagem. Estas percentagens são muito ínfimas o que condiz com o que a literatura
consultada documenta, pois Martins (1988) afirma que este tipo de empenamentos é causado pela
diferença na contração longitudinal entre duas faces opostas, da mesma peça de madeira e
Stangerlin (2009) afirma que de modo geral, o encurvamento é influenciado mais pelo método de
empilhamento.

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Correlação entre a taxa de Correlação entre a taxa de secagem e os


secagem e os arqueamentos encurveamentos
7.00 6.00
Arqueamentos (mm/m)

Encurveamentos (mm/m)
6.00 5.00
5.00 4.00
4.00
3.00
3.00
R² = 0.0167 2.00
2.00
R² = 0.0215
1.00 1.00
0.00 0.00
0.00 1.00 2.00 3.00 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50
Taxa de secagem (%) Taxa de secagem (%)

Figura 14: Correlação entre a taxa de secagem com os arqueamentos e encurveamentos para T1

O índice de rachaduras do topo com a taxa de secagem apresentou uma correlação fraca, positiva
e não significativa para o T1 que significa que quando a taxa de secagem aumenta, de algum modo
o IRT das tábuas de maiores dimensões também aumenta, porém de uma maneira não é
significativa que foi de percentual igual a 19,39% (figura 15).

Correlação entre a taxa de secagem e as


rachaduras do topo
20.00
Rachaduras do topo (%)

15.00

10.00 R² = 0.1939

5.00

0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50
Taxa de secagem (%)

Figura 15: Correlação entre a taxa de secagem com o IRT para o T1

Zen (2016) afirma que as rachaduras de topo usualmente ocorrem porque o gradiente de humidade
se move mais rapidamente na direcção longitudinal do que na transversal. Portanto, os topos das
tábuas secam mais rapidamente do que o meio e tensões se desenvolvem nos topos. Para o T2 os
valores do coeficiente de correlação mostram que a velocidade com a qual as madeiras de menores
dimensões perdem humidade têm uma relação negativa com o grau de incidência dos defeitos
analisados, isto é, quando a taxa de secagem aumenta o grau de incidência de defeitos diminui de
uma maneira não significativa.

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As figuras 16 e 17 a seguir apresentadas mostraram as relações inversas existentes entre a taxa de


secagem com o grau de incidência dos defeitos analisados paras as madeiras de maiores
dimensões.

Correlação entre a taxa de secagem Correlação entre a taxa de


e os arqueamentos secagem e os encurveamentos
6 10

Encurveamentos (mm/m)
Arqueamentos (mm/m)

5 8
4
6
3
4
2 R² = 0.021
R² = 0.0624
2
1
0
0
0.00 1.00 2.00 3.00
0.00 1.00 2.00 3.00
Taxa de secagem (%)
Taxa de secagem (%)

Figura 16: Correlação o entre a taxa de secagem com os arqueamentos e encurveamentos para T2

Correlação entre a taxa de


secagem e as rachaduras do topo
12
Rachaduras do topo (%)

10
8
6
4
R² = 0.1676
2
0
-20.00 1.00 2.00 3.00
-4
Taxa de secagem (%)

Figura 17: Correlação entre a taxa de secagem com o IRT para o T2

Nas relações acima vê-se que a relação ente a taxa de secagem e o grau de incidência dos
arqueamentos e encurveamentos foi inversamente proporcional para as tábuas de menores
dimensões, porém a taxa de secagem contribuiu com algumas percentagens para o grau de
incidência destes defeitos em causa nomeadamente 2,1 % e 6,24%.

A relação entre o grau de incidência de IRT e a taxa de secagem no T2 foi caracterizada pelo
coeficiente de correlação como fraca negativa, isto é, quando a taxa de secagem das madeiras de
menores combinações de largura e espessura aumenta o grau de incidência do IRT diminui
insignificativamente.

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V. CONCLUSÕES
Os resultados no estudo permitem as seguintes conclusões:

O comportamento da perda de humidade entre as duas combinações foi diferenciado sendo


que a combinação de 3x15cm teve um comportamento de perda de humidade mais irregular
quando comparado com a combinação de 4x25cm.
A velocidade de secagem foi influenciada pelas combinações de espessura e largura e as
madeiras de menores dimensões apresentaram maior velocidade de secagem.
As madeiras de menor combinação de espessura e largura apresentaram menor grau de
incidência dos arqueamentos e índice de rachaduras do topo, expecto os encurveamentos que
foram de menor grau para esta combinação.
Não houve uma correlação significativa entre a velocidade de secagem e o grau de incidência
de defeitos seja para madeiras de maior largura e espessura assim como para madeiras de
menores dimensões. Portanto, no geral, madeiras de menores dimensões revelam melhor
desempenho para a secagem natural de madeira serrada de Pterocarpus angolensis nas
condições climáticas do Distrito de Mocuba proporcionando maior velocidade de secagem
com baixos índices de defeitos.

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VI. RECOMENDAÇÕES
[Ás serrações]

Para a obtenção de melhor qualidade da madeira serrada de Pterocarpus angolensis após a


secagem natural nas condições climáticas do distrito de Mocuba, recomenda-se a utilização
de peças com menores combinações de espessura e largura pois proporcionam maior
velocidade de secagem das madeiras e com um grau de incidência de defeitos baixo, contudo
deve-se ter atenção em aspectos como: número de separadores, deve-se usar no mínimo três
separadores entre duas tábuas; altura das bases, recomenda-se o uso de bases com uma altura
um pouco mais elevada que dos 40 cm usado neste estudo.
Recomenda-se a alteração periódica da posição das peças dentro das pilhas para evitar as
elevadas discrepâncias no teor de humidade final registadas em madeiras de menores
dimensões.

[Aos pesquisadores e instituições de ensino]

Recomenda-se que sejam feitos mais estudos do género envolvendo as combinações de


espessura e largura usadas neste estudo com diferentes métodos de empilhamento para que se
possa conhecer o método mais recomendado para a secagem.

Difundir a informação aos grupos de interesses (indústrias de processamento de madeira e


potenciais investidores).

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VII. REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS


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Influência da combinação espessura x largura da madeira serrada de Pterocarpus angolensis DC. na qualidade da
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secagem natural

VIII. APÊNDICES

(a) (b) (c)

Apêndice 1: Obtenção dos comprimentos de rachaduras do topo e das flechas

Apêndice 2: Ficha de registo das medições referentes aos pesos durante a secagem

Ficha de levantamento de dados do peso


Peso (kg)
Tábuas
Data:
Tratamento… / Dia … Tratamento… / Dia …
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11

12
13
14
15
Onde: Data – dia de medição dos pesos; Dia – vez da medição dos pesos (1 a 14).

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Apêndice 3: Ficha de levantamento dos dados referentes aos defeitos pós-secagem

Tratamento…
Defeitos
Arqueamento Encurveamento Rachaduras do topo
Tábuas
Flecha (m) L (m) Flexa (cm) L (m) l1 (cm) l2 (cm) L (m)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Onde: L – comprimento da tábua; l1 – comprimento da rachadura mais longo no topo 1;
l2 – comprimento da rachadura mais longo no topo 2.

Apêndice 4:Teste de homogeneidade das variâncias


Tratamento
Variável I II H0 Decisão
Variânci Variânci
a a
Teor de humidade final 33,6857 61,5511 As variâncias são A H0 não foi
homogenias rejeitada
Taxa de secagem final 0,0952 0,1560 As variâncias são A H0 não foi
homogenias rejeitada
Arqueamentos 3,7627 4,0263 As variâncias são A H0 não foi
homogenias rejeitada
Encurveamentos 3,9862 4,6009 As variâncias são A H0 não foi
homogenias rejeitada
Índice de rachaduras do 23,6274 8,2932 As variâncias são A H0 não foi
topo homogenias rejeitada

Apêndice 5: Teste de normalidade dos resíduos


Teste de Shapiro-Wilk (alfa=5%)
Variável N W P Normal
Teor de humidade final 30 0,9557 0,2396 Sim
Taxa de secagem final 30 0,9432 0,1109 Sim
Arqueamentos 30 0,9352 0,0677 Sim
Encurveamentos 30 0,9423 0,1048 Sim
Índice de rachaduras do topo 30 0,9346 0,4945 Sim

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Apêndice 6: ANOVA para o teor de humidade final


FV GL SQ QM F P
Tratamento 1 188,8 188,802 1,4 ns 0,2463
Erro 28 3770,63 134,665
Total 29 3959,43
CV (%) 37,07
Nota: FV= fonte de variação; SQ= soma dos quadrados; GL= graus de liberdade; QM= quadrado médio; Fcal.=
valor de F calculado; P= probabilidade de erro; ns= significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Variação das variáveis meteorológicas durante o ensaio


45 60

Humidade relactiva
40
50
Temperatura (°C)

35
30 40
25
30
20
15 20
10
10
5
0 0

Datas de levantamento
Tmax Tmin HRA

Apêndice 7: Humidade relactiva do ar e temperaturas máxima e mínimas registadas no período durante o ensaio
Fonte: INAM (2016)

Apêndice 8: ANOVA para a taxa de secagem final


FV GL SQ QM F P
Tratamento 1 0,00563 0,005628 11,46* 0,0021
Erro 28 0,01374 0,0004909
Total 29 0,01937
CV (%) 65,08
Nota: FV= fonte de variação; SQ= soma dos quadrados; GL= graus de liberdade; QM= quadrado médio; Fcal.=
valor de F calculado; P= probabilidade de erro; *= significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Apêndice 9: ANOVA para os arqueamentos


FV GL SQ QM F P
Tratamento 1 3,041 3,041 0,78 ns 0,3843
Erro 28 109,01 3,893
Total 29 112,051
CV (%) 60,09
Nota: FV= fonte de variação; SQ= soma dos quadrados; GL= graus de liberdade; QM= quadrado médio; Fcal.=
valor de F calculado; P= probabilidade de erro; ns= significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

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Apêndice 10: ANOVA para os encurveamentos


FV GL SQ QM F P
Tratamento 1 53,387 53,387 12,43* 0,0015
Erro 28 120,228 4,2939
Total 29 173,615
CV (%) 55,48
Nota: FV= fonte de variação; SQ= soma dos quadrados; GL= graus de liberdade; QM= quadrado médio; Fcal.=
valor de F calculado; P= probabilidade de erro; *= significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Apêndice 11: ANOVA para índice de rachaduras do topo


FV GL SQ QM F P
Tratamento 1 0,10493 0,10493 0,6 ns 0,4613
Erro 8 1,40175 0,17522
Total 9 1,50668
CV (%) 20,78
Nota: FV= fonte de variação; SQ= soma dos quadrados; GL= graus de liberdade; QM= quadrado médio; Fcal.=
valor de F calculado; P= probabilidade de erro; ns= significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

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