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CENREINAR – Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem

Propriedades física
dos grãos:
amostragem,
determinação de
impurezas e umidade
Luís César da Silva

Viçosa – MG
(Julho – 2020)
Índice

1. Introdução ...................................................................................................................... 1
2. Propriedades .................................................................................................................. 4
2.1 Teor de água ............................................................................................................ 4
2.1.1 Métodos Diretos................................................................................................. 6
2.1.2 Métodos indiretos .............................................................................................. 7
2.2 Massa Específica ................................................................................................... 10
2.3 Ângulo de Repouso ............................................................................................... 11
2.4 Porosidade ............................................................................................................. 12
2.4.1 Utilizando o picnômetro de comparação a ar ................................................... 13
2.5 Calor específico – entalpia específica..................................................................... 14
3. Amostragem de cargas de grãos .................................................................................. 15
4. Equações de Desconto de Secagem e Limpeza .......................................................... 16
5. Exemplos aplicativos .................................................................................................... 21
6. Referências .................................................................................................................. 26
7. Exercícios..................................................................................................................... 28
1

Propriedades Físicas dos Grãos: amostragem e determinação de impurezas


e umidade

1. Introdução
Para o perfeito entendimento dos processos aplicados ao pré-processamento,
beneficiamento e processamento de grãos a compreensão de conceitos relativos à
estrutura e propriedades físicas dos grãos é necessária.
As sementes quando lançadas ao solo germinam, passam pelo ciclo vegetativo,
formam novas plantas, que florescem, e ao serem fecundadas dão origem a novas
sementes.
Uma flor completa possui os órgãos masculino e feminino, Figura 1. O estame é a
estrutura masculina. Em sua extremidade está a antera que internamente guarda os grãos
de pólen. Estes quando maduros são levados pelo vento, insetos ou pássaros. Dentre
muitos, alguns grãos de pólen chegarão ao estigma, que é a estrutura da flor onde
localiza o órgão feminino.

Figura 1 – Processo de polinização (fecundação).

O grão de pólen aderido à abertura do estigma (Figura 1) desenvolve o tubo


polínico que chega até o ovário, onde está para ser fecundado o óvulo. Pelo tubo polínico
desce dois núcleos espermáticos. Um deles irá fundir com uma das células do óvulo para
formar o embrião. O outro irá fundir com outras células do óvulo para formar outras
estruturas da semente.
Por meio dessas fusões ocorre a fecundação e a partir de então várias
multiplicações celulares acontecem, como também, serão armazenadas reservas
2

nutricionais, para que a nova semente ao ser lançada ao solo tenha vigor para germinar e
dar origem a uma nova planta.
Durante o desenvolvimento da semente o teor de matéria seca aumenta até ser
atingido o ponto de maturação fisiológica, enquanto o teor de água reduz, Figura 2.
O ponto de maturação fisiológica, geralmente, está associado à máxima qualidade
fisiológica da semente. Para os grãos de milho esse ponto é percebível visualmente,
quando surge na base do grão uma macha negra. Para soja é quando as vagens
começam a tomar a tonalidade castanha. Por esta ocasião grãos de milho e soja
apresentam teor de água entre 35 a 40%.
Até o ponto de maturação fisiológica a semente permanece vinculada com a planta
mãe e teoricamente logo após esse ponto já poderia ser colhida de tal forma a preservar o
máximo de matéria seca. No entanto, devido ao teor de água do produto estar superior a
30% é recomendado que o mesmo permaneça no campo até que seja atingido o ponto
ideal para colheita mecanizada.

Ponto de
maturação
fisiológic
a
Teor de matéria seca

Teor de água

35 a 40%
Ponto ideal
colheita
de
mecanizada < 24%

Tempo

Figura 2 – Desenvolvimento de sementes – linha pontilhada ganho de matéria seca, linha


contínua variação do teor de água.

Quando da maturação fisiológica as sementes apresentam a estrutura completa


que são: (i) casca – cobertura protetora; (ii) tecido de reserva; e (iii) tecido meristemático –
o embrião. Cada uma dessas partes resulta de um dos componentes do óvulo e têm
funções específicas. Vide as Figuras 3 e 4.
A casca é a estrutura externa protetora da semente. Sementes de cereais, como
milho, sorgo, cevada e trigo, são revestidas pelo tegumento e pericarpo, enquanto
sementes de oleaginosas, como soja, ervilha e feijão, são revestidas somente pelo
3

tegumento. A diferença é que o pericarpo origina de partes da parede do ovário, enquanto


o tegumento de células internas do óvulo.

Figura 2– Semente de feijão: A - vista lateral, B – vista frontal e C semente aberta.

Figura 3 – Semente de Milho: A - vista lateral, B – vista frontal e C semente aberta.

Independente da origem da casca, esta tem as seguintes funções básicas: (i)


manter unidas às partes da semente; (ii) proteger os tecidos internos contra choques
mecânicos e térmicos; (ii) servir de barreira ao ataque de insetos, fungos e bactérias; (iv)
regular a velocidade de hidratação da semente; (v) regular as trocas gasosas (oxigênio e
gás carbônico); e (vi) regular o processo de germinação.
O tecido de reserva armazena substâncias nutritivas que serão utilizadas pelo
embrião deste o plantio até a germinação. Em sementes de cereais as reservas são
armazenadas no endosperma, enquanto, nas oleaginosas nos cotilédones.
O endosperma tem como principal produto armazenado o amido, no entanto,
outras substâncias como açúcares e óleos podem estar presentes. O endosperma em
grãos de milho, trigo e sorgo, como também de outras gramíneas, não são vivos. Pois os
núcleos das células que deram origem ao endosperma, foram degenerados em função do
acumulo de amido.
4

Os cotilédones juntos com o eixo embrionários formam o embrião. Diferente do


endosperma, estes são vivos. Em sementes como de soja e feijão, os cotilédones são
robustos, e quando da germinação, após a emergência eles funcionam com as primeiras
folhas da planta realizando fotossínteses. Outra característica é que as plantas ditas
oleaginosas, geralmente possuem dois cotilédones, exemplo soja e feijão, enquanto que
os cereais, milho, trigo, sorgo, cevada, possuem cotilédone único e de tamanho reduzido.
O eixo embrionário é a parte vital da semente, pois possui a capacidade de
desenvolver e gerar a nova planta. Portanto, caso o eixo embrionário seja danificado a
semente não germinará, sendo, portanto classificada como grão.
Os danos podem ser mecânico e, ou, térmico. Os danos mecânicos são causados
por aplicação de forças externas resultante de altas quedas, ou ainda pela movimentação
em transportadores como elevadores de caçamba, redlers e transportadores helicoidais.
Os danos térmicos resultam de períodos de exposições a altas temperaturas e, ou,
ambientes extremamente secos. Por isso, alguns pesquisadores recomendam secar
sementes utilizando temperatura do ar de secagem máxima de 45 °C e umidade relativa
superior a 10%.

2. Propriedades
As propriedades físicas são importantes parâmetros dos grãos para a aplicação de
princípios de engenharia nas operações de colheita, pré-processamento, beneficiamento
e processamento. Dentre as diversas características são descritas a seguir: teor de água,
massa específica, ângulo de repouso e porosidade.

2.1 Teor de água


Teor de água, ou umidade, é uma das mais importantes propriedades dos grãos,
sendo aplicada para expressar a quantidade de água contida em uma determinada porção
de produto.
A forma mais empregada para expressar o teor de água é a relação percentual
entre a quantidade de água e a quantidade total de produto, conforme a equação 01.

 Ma 
U bu    x100 eq. 01
 Mt 
em que:
Ubu = teor de água em base úmida, %;
Ma = massa de água contida na amostra de grãos, kg (gramas ou toneladas); e
Mt = massa total da amostra, kg (gramas ou toneladas).
5

Assim, por exemplo, se em uma amostra de 1 kg de milho, o teor de água for igual
a 13%, pode ser afirmado que 0,130 kg é água e 0,870 kg é matéria seca. Outro exemplo,
se para uma carga de 18 toneladas tem o teor de água de 13% é o mesmo que afirmar
que 2,34 t é água e 15,6 t é matéria seca.
A quantidade de matéria seca refere-se a todos os componentes dos grãos menos
a porção água. Portanto, conforme a Tabela 1, a matéria seca corresponde às frações de:
proteína, lipídeos, carboidratos e cinzas.

Tabela 1 – Composição química de alguns cereais e oleaginosas considerando 100 g de


amostra
Produto Água (%) Proteína (g) Lipídeos (g) Carboidratos (g) Cinzas (g)

Arroz (beneficiado) 12,0 7,5 1,9 78,3 1,2

Milho 13,8 8,9 3,9 74,2 1,2

Sorgo 11,0 11,0 3,3 74,7 1,7

Trigo 12,5 12,3 1,8 74,0 1,7

Feijão 11,2 22,3 1,5 65,6 3,8

Amendoim 5,6 26,0 47,5 21,0 2,3

Soja 10,0 34,1 17,7 38,4 4,7


Fonte: CARVALHO e NAKAGAWA (1979)

Outra forma de expressar o teor de água de produtos é em base seca, que é


calculada pela relação entre a massa de água e a massa de matéria seca, equação 02.

Ma
U bs  eq. 02
Mms

em que:
Ubs = teor de água em base seca, decimal;
Ma = massa de água contida na amostra de grãos, kg (gramas ou toneladas); e
Mms = massa de matéria seca da amostra de grãos, kg (gramas ou toneladas).

Para transformar o teor de água expresso em base úmida para base seca
emprega-se a equação 03 e ao contrário utiliza-se a equação 04. Essas transformações
são frequentes em programas de computador que simulam o processo de secagem.

U bu
U bs  eq. 03
(100  U bu )
6

U bs
U bu   100 eq. 04
(1  U bs )

Durante a secagem, seca-aeração, aeração e armazenagem o teor de água do


produto pode alterar. No entanto, a quantidade de matéria seca deve ser preservada, o
que deve ser a principal meta no gerenciamento de unidades armazenadoras.
A redução da matéria seca ocorre em função aos seguintes fenômenos: (i)
infestação de insetos e, ou roedores; (ii) ação de fungos e, ou bactérias; (iii) perdas nas
máquinas de pré-limpeza e, ou limpeza; (iv) esfacelamento dos grãos; e (v) respiração
dos grãos.
Especificamente, no processo de respiração da massa de grãos, a matéria seca
ao interagir com o oxigênio presente no ar gera gás carbônico (CO2), água (H2O) e calor,
conforme representado abaixo:

C6 H12O6  6O2  6CO2  6 H 2O  calor


em que:
 180 g de C6H12O6 (glicose - matéria seca) reagem com 134,4 litros de O2;

 forma: 134,4 litros de CO2 + 108 g de H2O; e


 produz: 677,2 calorias (2,84 kJ - quilo Joule).

Operacionalmente, o teor de água é medido por meio dos métodos diretos ou


indiretos.

2.1.1 Métodos Diretos


Os métodos diretos permitem a quantificação real da fração de água em uma
amostra, sendo expressa em unidade de massa, gramas, ou de volume, mililitros mL.
Dentre os métodos diretos destacam-se o emprego da estufa e do destilador. No
caso da estufa, amostras de 25 a 30 gramas são expostas a temperatura de 105°C por
um período de 24 a 72 horas. Em seguida, as amostras são colocadas em um dessecador
até atingir a temperatura ambiente, para então ser feita à pesagem. O cálculo do teor de
água é feito da seguinte forma:

Exemplo:
Massa do vasilhame (Mv): 12g
Massa da amostra mais o vasilhame inicial (Mavi): 42 g
7

Massa final da amostra mais o vasilhame (Mfav): 37 g

 M avi  M fav  42  37 
U   .100   .100  16,7%
 M avi  M v   42  12 

Quanto ao uso de destiladores, consiste em colocar a amostra de grãos,


geralmente de 100 g, em banho de óleo de soja, e remover a água do grão por
aquecimento. Se ao destilador for acoplado um condensador, a água evaporada será
medida em volume. Assim, por exemplo, se de 100 gramas de grãos evaporar 13,5 mL de
água, o teor de água da amostra será de 13,5%.
Outro procedimento é pesar o vasilhame com a amostra em banho de óleo antes
e após o aquecimento conforme mostrado na Figura 4. A diferença corresponde a
quantidade de água evaporada, que nesse caso foi 13,5 gramas. Como a amostra de
grãos foi de 100g o teor de água corresponde a 13,5%.

Termômetro

Óleo e grãos

Balança

458,9 g 445,4 g

1 - Massa inicial Aquecimento / Evaporação 2 - Massa final

Figura 4 – Determinador de umidade tipo destilador idealizado por pesquisadores da UFV.

Nota: Para cada produto o aquecimento é feito até uma dada temperatura. Por exemplo,
para arroz em casca é 200 °C, arroz beneficiado 195 °C, feijão 175 °C, milho 195
°C, soja 175 °C, sorgo 195 °C e trigo 190 °C.

2.1.2 Métodos indiretos


Os métodos indiretos utilizam como princípios de funcionamento a medição de
característica dos grãos que alteram em função do teor de água da amostra. Dentre as
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essas características as mais empregadas são a resistência imposta ao fluxo de corrente


elétrica e a capacitância.

a) Determinadores – princípio resistivo


O determinador de umidade universal, Figura 5, mede o teor de água dos grãos
com base no valor da resistência elétrica imposta a passagem de uma corrente.

Figura 5 - Esquema do determinador de umidade universal e o circuito elétrico


simplificado.

Conforme o circuito elétrico, lado direito da Figura 5, a amostra de grãos funciona


como um resistor, e a corrente elétrica liberada pela bateria tem a intensidade medida
pelo indicador. É de conhecimento que quanto mais úmida estiver a amostra menor será
resistência. Em alguns modelos do aparelho universal, geralmente, a bateria é substituída
pelo megômetro que funciona como um gerador de eletricidade.
Para a determinação do teor de água, as amostras devem ser pesadas e
colocadas no recipiente de entrada para serem prensadas conforme as especificações do
aparelho. Em sequência o operador deverá: (i) girar a alavanca do megômetro; (ii)
proceder à leitura do mostrador do megômetro; (iii) ler a temperatura dos grãos; e por fim
(iv) proceder a leitura na régua do conversor de umidade, utilizando como dados as
leituras do megômetro e termômetro.
Segundo os princípios de eletricidade, quanto maior é a temperatura do resistor,
menor será a resistência oferecida à passagem de corrente. Portanto, quando da
medição do teor de água de amostras com altas temperaturas, leituras falsas podem
ocorrer. O ideal, é que as amostras estejam à temperatura próxima a do ambiente e que
os valores de umidade estejam entre 10 a 20%.
9

Quanto à operação do universal são feitas as seguintes recomendações: (1)


consultar o manual do aparelho, pois para cada tipo de produto é indicada uma
compressão diferente e além de poder ser indicada correções; (2) limpar com freqüência o
recipiente de amostra e o eletrodo; (3) ajustar periodicamente o sistema de compressão; e
(4) deixar em repouso por alguns minutos as amostras retiradas do secador para que a
umidade distribua no produto. Se isso não for observado, o teor de água determinado será
menor que o real.

b) Determinadores – princípio capacitivo


Esses determinadores fundamentam no princípio da capacitância, em que a cuba
de amostra é um capacitor constituído de duas placas metálicas. Desse modo, a
depender do material entre as placas, o que se denomina meio dielétrico, o capacitor
armazenará mais ou menos cargas elétricas.
Estruturalmente, os determinadores capacitivos são dotados de dois osciladores
gerando ondas eletromagnéticas em dadas frequências. O primeiro oscilador tem por
componente o capacitor formado pela cuba de amostra, e o segundo, é constituído por
componentes eletrônicos, que durante a operação, automaticamente, gera uma
frequência de igual valor a do primeiro oscilador. Ocorrido isso, o circuito estará
balanceado, quando então é inferido o teor de água da amostra.
Os equipamentos mais antigos, representado a direita da Figura 6, não dispunham
do oscilador de frequência automatizado. Cabia ao operador ajustar o dial até balancear o
circuito. No eixo do dial há um grande disco com escalas de teores de água para diversos
tipos de grãos.
Os determinadores de umidade capacitivos estão sujeitos a interferência de
fatores, tais como: (i) temperatura da amostra; (ii) teor de impureza; (iii) massa especifica
do produto; (iv) a forma como a amostra é depositada na câmara de medição; e (v) a
variedade do grão. Para minimizar a influência destes fatores os equipamentos
fabricados, atualmente, apresentam alto grau de automatização, o que aprimorou a
precisão. Fato que tem contribuído pela preferência por esse tipo de equipamento.
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Legenda:
1 - Placa do capacitor
2 - Termômetro
3 - Bobina
4 - Mostrador balanceamento
5 - Mostrador teor de umidade
6 - Capacitor variável
7 - Circuito gerador de frequência

Frequência 1 Balançeado? Frequência 2


1
7
Sim
6
15,6%
3 5 Gerador de
Umidade Frequência

Figura 6 – Representação esquemática do circuito eletrônico do determinador de umidade


capacitivo.
2.2 Massa Específica
A massa especifica (Tabela 2) é a relação matemática entre a massa de um
produto e o volume ocupado. A unidade utilizada pode ser kg/m3 ou t/m3. Portanto, a
determinação é simples. Basta ter um vasilhame com volume conhecido, pesar a
quantidade de produto acondicionada, e em seguida calcular a relação.

Tabela 2 – Valores de massa especifica


Produto Massa específica
(kg/m³) (t/m³) (sacas de 60 kg /m³)
Arroz com casca 580 a 629 0,580 a 0,629 9,67 a 10,48
Arroz sem casca 750 a 820 0,750 a 0,820 12,50 a 13,67
Café em coco 340 a 420 0,340 a 0,420 5,67 a 7,00
Café beneficiado 600 a 680 0,600 a 0,680 10,00 a 11,33
Feijão 750 a 800 0,750 a 0,800 12,50 a 13,33

Milho granel 750 0,750 12,50


Soja 750 a 840 0,750 a 0,840 12,50 a 14,00
Sorgo 641 0,641 10,68
Trigo 720 a 840 0,720 a 0,840 12,00 a 14,00

Os valores de massa específica são empregados no cálculo da capacidade


estática de secadores, silos, graneleiros, moegas, caminhões, vagões, navios, e no
dimensionamento de transportadores de grãos como: correias transportadoras e
elevadores de caçamba.
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O peso hectolítrico – PH é outra forma comercial de expressar a massa específica,


sendo utilizada desde a antiguidade. O peso hectolítrico corresponde à relação da massa
de produto para um volume de 100 litros (1 hectolitro). Desse modo, uma amostra de trigo
com PH 78 equivale a 78 quilos de produto em um volume de 100 litros. E para
transformar o PH em massa especifica basta multiplicar por 10. Portanto, para o PH 78 a
massa específica será 780 kg/m3.

2.3 Ângulo de Repouso


O ângulo de repouso corresponde à inclinação do talude naturalmente formado
pelo produto em relação ao plano horizontal, Figura 7. Isso ocorre pelo fato da massa de
grãos não comportar com um fluido perfeito, mas sim como material particulado, existindo
assim um coeficiente de atrito entre as partículas.

Ângulo de repouso

Figura 7 - Representação esquemática do ângulo de repouso.

O conhecimento do ângulo de repouso é aplicado no: (i) dimensionamento de


instalações de armazenagem – moegas, silos e graneleiros; (ii) definição de altura de
elevadores e inclinação de dutos; e (iii) dimensionamento de transportadores.
Na Tabela 3 são apresentados valores de ângulos de repouso para diversos
produtos em função do teor de umidade.
O ângulo de repouso tem valor alterado em função: (i) teor de água – geralmente,
quanto mais úmido o produto maior é o ângulo de repouso; (ii) impurezas - quanto maior o
índice maior é o ângulo de repouso; e (iii) formato do grão - quanto mais esférico é o grão
menor é o ângulo de repouso.
Outra forma de expressar o ângulo de repouso é por meio da percentagem que
descreve a inclinação do talude formado pelos grãos. Assim, conforme a Tabela 4, para o
ângulo de repouso de 30°, a inclinação correspondente é 57,7%. Ou seja, em cada 100 m
linear a altura do talude será de 57,7 m. Exemplo: em um silo com diâmetro é de 10 m a
altura do cone de grãos será 5,77 m.
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Tabela 3 - Ângulo de repouso (em graus) como função da umidade do produto


Grãos Teor de água Ângulo de Grãos Teor de Ângulo de
(%) repouso (º) água (%) repouso (º)
Arroz 12-16 36,0 Café 12-16 28,0
beneficiado
Milho 7,5 34,0
Soja 12-16 30,0 13,0 34,9
16,2 35,1
Cevada 7,9 29,0 19,5 39,0
10,7 30,5
13,3 31,0 Trigo 7,3 29,6
16,2 32,2 11,0 29,3
19,5 33,0 14,1 31,0
23,1 33,8 17,1 35,6
Café em coco 12-16 31,0 19,3 41,0
Tabela 4 – Correspondência das inclinações expressas em graus e em percentagem

Ângulo de repouso (°) Tangente do ângulo Inclinação do talude (%)

20 0,364 36,4
22 0,404 40,4
24 0,445 44,5
26 0,488 48,8
28 0,532 53,2
30 0,577 57,7
32 0,625 62,5
34 0,675 67,5
36 0,727 72,7
38 0,781 78,1
40 0,839 83,9
42 0,900 90,0
44 0,966 96,6
45 1,000 100,0

2.4 Porosidade
Os grãos armazenados se apresentam como uma massa porosa, constituída pelos
grãos e o espaço intergranular, também denominado de intergranular. A porosidade
refere-se à relação percentual entre o volume intergranular e o volume total da amostra.
Para a medição da porosidade, Figura 8, coloca-se a amostra de produto em uma
proveta e mede o volume. Em sequência, utilizando uma segunda proveta contento o
álcool tolueno, mede-se o quanto deste produto foi necessário para ocupar o espaço vazio
na massa de grãos.
A porosidade difere entre espécies de grãos e é influenciada pelo tamanho,
formato e rugosidade dos grãos, teor de água e de impurezas.
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Legenda: 2
1 - Proveta cheia de grãos
2 - Proveta contendo tulueno

Figura 8 - Representação esquemática determinação de porosidade.

O conhecimento da porosidade dos grãos é necessário em projetos de aeração.


Na Tabela 4 é apresenta a porosidade para diferentes tipos de grãos. E na Tabela 05 é
apresentada a influência do índice de grãos quebrados no nível de porosidade.
Tabela 4 - Valores de porosidade expressos em %
Produto Porosidade (%)
Arroz com casca 59,6
Milho granel 40,0
Soja 38,0
Sorgo 42,0
Trigo 45,0

Tabela 5 – Índice de grãos quebrados e variação da porosidade


Índice de grãos quebrados (%) Porosidade (%)
0 46,3
10 46,4
25 47,5
50 48,6
75 52,3
100 55,8

2.4.1 Utilizando o picnômetro de comparação a ar


 demonstração

( )
( )
14

( )

Legenda: 1 M 2
1 - Válvula de entrada de ar
2 - Manômetro
3 - Cilindro 1 (vazio) 4
4 - Registro
5 - Cilindro 2 (cheio de grãos) 5
3

Figura 8 - Representação esquemática do picnômetro de comparação a ar.

2.5 Calor específico – entalpia específica


O calor específico expressa a quantidade de energia térmica necessária para
elevar a temperatura em 1 °C de 1,0 kg de um determinado produto. O conhecimento
dessa propriedade faz-se necessário em aplicações como modelagem e simulação de
secadores, dimensionamento de sistemas de refrigeração e de secagem.
Um dos métodos empregados para determinação é o método das misturas diretas,
em que:

em que:
Qagua = quantidade de calor da água, kJ, kcal;
Qcalori = quantidade de calor do calorímetro, kJ, kcal;
Qp = quantidade de calor do calorímetro, kJ, kcal;
Ct = capacidade térmica do calorímetro, kJ/K, kcal/°C;
15

cp = calor específico do produto, kJ/kg.K, kcal/kg.°C;


ca = calor específico do água, k J/kg.K, kcal/kg.°C;
ma = massa de água, kg;
mp = massa de produto, kg;
Ta = temperatura da água, K, °C;
Tcal = temperatura do calorímetro, K, °C; e
Teq = temperatura do equilíbrio, K, °C.

3. Amostragem de cargas de grãos


A amostragem é um procedimento estatístico conduzido para obtenção de
amostras representativas, que ao serem analisadas possibilitam a inferência de
características do produto o mais próximo do valor real. Erros nos procedimentos de
amostragem causam prejuízos à administração da unidade armazenadora ou aos
depositários.
Normalmente, as amostras de trabalho são de um quilograma, sendo obtidas da
homogeneização de amostras simples, como representado na Figura 8. O tamanho da
amostra de trabalho é definido em função dos procedimentos laboratoriais que podem
compreender classificação e determinações de teores de água e de impurezas, massa
específica (peso hectolítrico), níveis de micotoxina e transgenia.
Amostra
simples nº 1

Amostra
simples nº 2

Amostra Composta Amostra de


Amostra Trabalho
simples nº ...
15,0 kg de produto 1,0 kg de produto

Amostra
simples nº 30

Figura 8 – Composição da amostra de trabalho.


Na coleta de amostras em cargas a granel é empregado o calador seccionado ou
amostradores pneumáticos, sendo necessário amostrar diversas camadas e em pontos
distintos, Figura 9, para ser formada a amostra composta e por fim a amostra de trabalho.
16

Caminhões ou Vagões até 15 t Caminhões ou Vagões até 30 t

Posições de amostragem Posições de amostragem

5 pontos amostragem 8 pontos amostragem

Caminhões ou Vagões de 30 a 50 t

Posições de amostragem

11 pontos amostragem

Figura 9 – Representação do número de amostragem em caminhões.

A amostragem deve ser feita de forma criteriosa de tal forma a garantir a obtenção
de amostras fidedignas ao produto recebido, expedido ou comercializado. Recomenda-se
consultar periodicamente as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para adequar os procedimentos de amostragem.

4. Equações de Desconto de Secagem e Limpeza


O pré-processamento de grãos ocorre mediante à execução de operações
unitárias conforme destacado no fluxograma da Figura 10. Na operação de limpeza são
removidas impurezas, na de secagem água, e durante o período de armazenagem ocorre
redução de massa devido a respiração dos grãos e ação de pragas. Para estimar as
quantidades de impurezas, água removida e perda da massa durante a armazenagem
são calculados os índices percentuais denominados: Quebra de Impurezas, Quebra de
Umidade e Quebra Técnica, respectivamente.
17

Campo de Produção

Produto Sujo e Úmido

Limpeza Quebra de impureza

Secagem Quebra de umidade

Quebra de umidade ou
Reumedecimento
Armazenagem

Quebra técnica

Expedição

Produto Limpo e Seco

Figura 10 - Representação esquemática das quebras de impureza, umidade e técnica.

a) Quebra de impureza
Denomina-se quebra de impureza o percentual de desconto a ser aplicada a
massa de grãos recebida com o objetivo de estimar a massa de impureza a ser removida.
Entende-se por impurezas materiais estranhos ao produto, tais como: partículas de solo,
pedras, restos vegetais e grãos de outras espécies. E por teor de impurezas a relação
percentual entre as quantidades de impurezas e de produto.
O cálculo da quebra de impureza não pode ser feito pela simples subtração entre
os teores de impurezas inicial e final, equação 05. Porque, sob o aspecto matemático, o
correto é calcular a quebra de impurezas por meio da equação 06. Uma vez que os
denominadores das relações que expressam os teores de impureza inicial e final são
diferentes. E de acordo com as regras aritméticas, a soma ou subtração de frações
somente aplicam-se quando os denominadores são iguais.

QI  I i  I f eq. 05

 Ii  I f 
QI     100 eq. 06
 100  I 
 f 
18

em que:
QI = quebra de impurezas, %;
Ii = teor de impureza inicial, %; e
If = teor de impureza final, %.

Desse modo, por exemplo, se fosse recebida 30 mil toneladas com 4,00% de
impurezas, e o padrão de comercialização fosse 1,00%, por meio da equação 01 a quebra
de impureza seria de 3,00% e pela equação 02 3,03%, o que corresponderia aos
descontos de 270,0 e 272,7 toneladas de impurezas, respectivamente. Portanto, uma
diferença de 2,7 t, que quando não contabilizada poderá incorrer em erros no balanço final
da movimentação de produto.

b) Quebra de umidade
A quebra de umidade refere ao valor percentual relativo a quantidade de água a
ser removida do produto no processo de secagem. Ao ser utilizado teores de água
expressos em base úmida emprega-se a equação 07. No entanto, se estes teores forem
expressos em base seca emprega-se equação 08.

eq. 07

em que:
QU = quebra de umidade, %;
Ui = teor de água inicial em base úmida, %; e
Uf = teor de água final em base úmida, %.

eq. 08
em que:
QUbs = quebra de água em base seca, decimal;
Ubsi = teor de água inicial expresso em base seca, decimal; e
Ubsf = teor de água final expresso em base seca, decimal.

d) Desconto de remoção de impureza e água do produto


Para o cálculo dos descontos totais relativos à remoção de impureza e do excesso
de água do produto utiliza-se a equação 09 definida em função dos índices percentuais
das quebras de impurezas e de umidade.
19

eq. 09

em que:
- desconto total relativo à remoção impureza e do excesso de água do
produto, %.
- quebra de impureza, %; e
- quebra de umidade.

Na Tabela 6 são exemplificado valores de desconto total calculados para os teores


finais de água igual a 13% e impurezas 1%. Nota:

Tabela 6 - Valores de desconto total para quebras de impurezas e umidade, expresso em


percentagem, ao considerar teor de umidade final igual a 13% e de impurezas
1%
Teor de Teores de iniciais impurezas (%)
água
inicial % 7 6 5 4 3 2
26 20,10 19,24 18,38 17,52 16,66 15,80
25 19,02 18,15 17,28 16,41 15,53 14,66
24 17,94 17,06 16,17 15,29 14,41 13,53
23 16,86 15,96 15,07 14,18 13,28 12,39
22 15,78 14,87 13,97 13,06 12,16 11,25
21 14,70 13,78 12,86 11,95 11,03 10,11
20 13,62 12,69 11,76 10,83 9,90 8,97
19 12,54 11,60 10,66 9,72 8,78 7,84
18 11,46 10,51 9,56 8,60 7,65 6,70
17 10,38 9,42 8,45 7,49 6,53 5,56
16 9,30 8,32 7,35 6,37 5,40 4,42
15 8,22 7,23 6,25 5,26 4,27 3,29
14 7,14 6,14 5,14 4,14 3,15 2,15

e) Taxa de umedecimento
Durante o período de armazenagem pode dificilmente ocorrer que a massa de
grãos por diferentes motivos venha absorver água, ocorrendo então o umedecimento.
Para calcular a taxa de umedecimento é empregada a equação 08. Para este caso Ui
corresponde ao teor de água quando do início do período de armazenagem e Uf ao teor
por ocasião da expedição.
20

(U fr  U ir )  100
TU  eq. 10
(100  U fr )
em que:
TU = taxa de umedecimento, %.
Uir = teor de água inicial no umedecimento em base úmida, %; e
Ufr = teor de água final no umedecimento em base úmida, %.

f) Quantidade ajustada

Quantidade ajustada (Qaj) corresponde à quantidade de produto para um teor


desejado, após a ocorrência de processos como a limpeza, secagem, supersecagem e
avaliação de perdas devido a supersecagem. O teor desejado pode-se referir aos teores
como de impureza, de água ou de ardidos, conforme a equação 11

eq. 11

em que,
Qaj - quantidade de produto ajustada, t;
Ta - teor atual (impureza, água ou ardidos), %;
Td - teor desejado (impureza, água ou ardidos), %;
Qpa - quantidade de produto atual, t.

Exemplo 1 – Calcule a massa de uma carga de milho ao ser seca para 13%. Inicialmente
a massa era de 25.0000 kg e o teor de água é 18%.

 Portanto, na secagem foi removida 1.437 kg de água (= 25.000– 23.563).

Exemplo 2 – Por erro de operação uma carga de milho foi super-seca sendo constatada a
massa de 34.500 kg e teor de umidade de 11,0%. Calcule qual deveria ser a massa da
carga se o teor de água fosse 13%.
21

 Portanto, com o erro da super-secagem foi removido em excesso 793 kg de água


(= 35.293 – 34.500).

A equação 11 pode ser empregada para calcular simultaneamente os descontos


relativos às operações de limpeza, secagem e remoção de ardidos, equação 12.

eq. 12
( ) ( ) ( )

em que,
Ai - teor de ardidos inicial, %; e
Af - teor de ardidos final, %.

g) Quebra técnica
A quebra técnica corresponde ao valor percentual devido à perda de massa
durante o período de armazenagem, o que pode estar associado, dentre outros fatores, à
respiração da massa de grãos e ao consumo por insetos, fungos e roedores.
Operacionalmente, a quebra técnica define uma quantidade de produto a ser retida
a cada expedição para assegurar ao agente armazenador a existência de produto até a
última expedição. Um dos índices empregados é de 0,01% ao dia (0,15% a quinzena ou
0,3% ao mês) o que certamente gerará sobras de produto, se boas práticas de
armazenagem estiverem sendo aplicadas. Desse modo, conforme a política administrativa
da empresa ou cooperativa, as sobras devem ser rateadas aos usuários,
proporcionalmente, á quantidade depositada.
Normalmente a aplicação do índice de quebra técnica é feita sobre a quantidade
de produto armazenado, indiferentemente, se ocorreu ganho ou perda de umidade
durante o período de armazenagem

5. Exemplos aplicativos

a) Descontos de remoção de impurezas e excesso de água do produto


- Suponha que foi recebido 25.300 kg de milho a granel (421,66 sacas) com os
teores de impureza e de água de 4% e 26%, respectivamente. Calcule a
quantidade de produto que será armazenada. Considere como condições de
armazenagem teor de água 13% e de impureza 1%.
22

 Solução Método 1
Passo 1 - Calcular a quebra de impurezas (QI) e quantidade de impurezas removida
 Ii  I f 
QI     100   4  1   100  3,0303%
 100  I   100  1 
 f 
Quantidade de impureza = Quantidade de Produto Recebida x QI
= 25.300 x 3,0303% = 766,66 kg de impurezas

Passo 2 - Abater a quantidade de impurezas

Produto Limpo = Quantidade de Produto Recebida – 766,66 kg


= 25.300 – 766,66 = 24.533,33 kg

Passo 3 – Calcular a quebra de umidade (QU)

 Ui  Uf   26  13 
QU    x100    x100  14,9425%
 100  Uf   100  13 

Passo 4 - Calcular a quantidade de água a ser evaporada

Água Evaporada = Produto Limpo x QU = 24.533,33 x 14,9425% = 3.665,90 kg

Passo 5 – Quantidade de produto armazenada

Quantidade de Produto Armazenado = Produto Limpo - Água Evaporada


= 24.533,33 - 3.665,90 = 20.867,43 kg
Passo 6 – Total de descontos
Desconto = Quantidade de Produto Recebida - Quantidade de Produto Armazenado
= 25.300 - 20.867,43 = 4.432,57 kg = 4,43 toneladas

 Solução Método 2 (Quantidade ajustada)

Passo 1 – Calcular a quantidade de produto limpo (Qpl)

( )
Passo 2 - Quantidade de impurezas removida
23

Quantidade de impurezas = Quantidade de Produto Recebida – Produto limpo


= 25.300 – 24.533,33 = 766,66 kg

Passo 3 – Calcular a quantidade de produto limpo e seco (Qpls)

( )

Passo 4 - Calcular a quantidade de água a ser evaporada

Água Evaporada = Produto Limpo e Seco – Produto Limpo


= 24.533,33 – 20.867,43 = 3.665,90 kg

Passo 5 – Total de descontos

Desconto = Quantidade de Produto Recebida - Quantidade de Produto Armazenado


= 25.300 - 20.867,43 = 4.432,57 kg = 4,43 toneladas

Passo 6 – Se fosse desejado calcular a quantidade de produto limpo e seco (Qpls)


diretamente.

( ) ( )

b) Massa Específica

- Calcular o quanto de milho, soja ou trigo poderia ser armazenado com as


seguintes dimensões: diâmetro 14,60 m e altura de cilindro 18,39 m. Considere
que a massa de grãos será aplainada no topo.

Passo 1 - Desenho esquemático do silo e cálculo da área da base do silo


24

H = 18,39 m
3,14.D 2 3,14.(14,6) 2
Área =   167, 3 m2
4 4

D = 14,6 m

Passo 2 – Calcular volume do silo

Volume = Área x Altura = A x H = 167,3 x 18,39 = 3.076,65 m 3

Passo 3 – Calcular o quanto de milho, soja ou trigo podem ser armazenados.

Basta multiplicar o volume do silo pela massa específica do produto apresentada


na Tabela 2.

Quantidade de Milho = Volume x Massa específica = 3.076,65 m3 x 750 kg/m3


= 2.307.487,50 kg = 2.307,5 toneladas

Quantidade de Soja = 3.076,65 m3 x 795 kg/m3


= 2.445.936,75 kg = 2.445,9 toneladas

Quantidade de Trigo = 3.076,65 m3 x 780 kg/m3


= 2.399.787,00 kg = 2.399,8 toneladas

c) Massa específica e ângulo de repouso

- Calcular o quanto de milho, soja ou trigo poderia ser armazenado no silo da


questão anterior, mas sem aplainar no topo. Considere o ângulo de repouso do
milho igual a 35o.

Passo 1 – Calcular o volume a ser ocupado pela massa de grãos


25

O volume a ser ocupado será igual ao volume do cilindro


Volume
do mais o volume do cone. O volume do cilindro foi calculado
cone
no exemplo anterior 3.076,65 m3. O necessário é calcular o
H = 18,39 m

volume do cone:
Volume do 1
cilindro Volume do cone = . Abase.Hcone
3
Abase – área da base foi calculada no exemplo anterior
167,3 m2.
D = 14,6 m

O que falta é calcular a Hcone – altura do cone

Passo 2 – Calcular altura do cone


Para o cálculo da altura do cone basta utilizar a função
trigonométrica tangente.
Hcone
35o CatetoOpos to Hcone
tg 35o    0,7
7,3 m CatetoAdja cente 7,3
raio do silo

Hcone = 0,7x 7,3 = 5,11 m

Passo 3 – Calcular o volume do cone


1 1 3
Volume do cone = . Abase.Hcone  .167,3.5,11  284,9 m
3 3

Passo 4 – Calcular o volume total a ser ocupado pela massa de grãos


Volume total = Volume do cilindro + Volume do cone = 3.076,65 m3 + 284,9 m3
Volume total = 3.361,55 m3

Passo 5 – Calcular o quanto de milho, soja ou trigo podem ser armazenados.


Basta multiplicar o volume total pela massa específica do produto apresentado na
Tabela 2.

Quantidade de milho = Volume Total x Massa específica = 3.361,55 m3 x 750 kg/m3


= 2.521.162,50 kg = 2.521,2 toneladas
26

Quantidade de soja = 3.361,55 m3 x 795 kg/m3


= 2.672.432,25 kg = 2.672,4 toneladas

Quantidade de trigo = 3.361,55 m3 x 780 kg/m3


= 2.622.099 kg = 2.622,1 toneladas

Obs: Considerando o cone a capacidade estática do silo aumentou cerca de 9,0%.

6. Referências
27

01. BAKKER ARKEMA, F. W. [editor] Agro-Processing Engineering. Edited by CIGR - The


International Commission of Agricultural Engineering. Volume IV. ASAE.1999.
02. BRANDÃO, F. Manual do Armazenista. Editora UFV. Viçosa: MG. 1989. 296p.
03. BROOKER, D. B., BAKKER-ARKEMA F. W., HALL, C. W.. Drying and Storage of
Grains and Oilseeds. New York: Van Nostrand Reinhold. 1992.
04. CARAVALHO, N. M., NAKAGAWA J. [Coordenadores] Sementes: Ciência, Tecnologia
e Produção. Fundação Cargill, 3a Edição. 1988. 424p.
05. CESA - Companhia Estadual de Silos e Armazéns. Grãos: Beneficiamento e
Armazenagem. Porto Alegre: RS. 1974. 148 p.
06. HALL, C. W. Drying Farm Crops. Agricultural Consulting Associates, Inc.
Reynoldsburg: Ohio, EUA. 1957. 336p.
07. LOEWER, O. J., BRIDGES T. C., BUCKLIN, R. A. On-farm drying and storage
systems. ASAE Publication 9, American Society of Agricultural Engineers. 1974.
08. MOHSENIN, N. N. Physical Properties of Plant and Animal Materials. Volume I. Gordon
and Breach Science Publishers. 1970. 734p.
09. PUZZI, D. Abastecimento e Armazenagem de Grãos. Instituto Campineiro de Ensino
Agrícola. Campinas: SP 1986. 603 p.
10. SILVA, J. S. [editor] Pré-Processamento de Produtos Agrícolas. Instituto Maria. Juiz de
Fora. 1995. 509 p.
11. WEBER, E. A. Armazenagem Agrícola. Editora. Livraria e Editora Agropecuária,
Guaíba: RS. 2001. 396 p.
28

7. Exercícios

1) Defina: teor de água em base úmida, teor de água em base seca, quebra de umidade,
quebra de impurezas e quebra técnica.

2) Transforme para base úmida os teores de água expressos em base seca: a) 0,15; b)
0,70, c) 0,38; e d) 0,07.

3) Transforme para base seca os teores de água expressos em base úmida: a) 18%; b)
90%; c) 78%; e d) 5%.

4) Qual a importância conhecimento das propriedades físicas dos grãos? Escolha uma
das estudadas – defina e apresente suas aplicabilidades.

5) Por que o método de determinação do teor de água de grãos pelos princípios resistivo
e capacitivo são classificados como métodos diretos? Correto. Justifique

6) Uma carga de milho após o processo de secagem apresenta teor de água em base
seca igual a 0,15 e massa de matéria seca igual a 30,5 t. Pede-se calcular: (a) a massa
inicial da carga e (b) a massa final da carga; sabendo que o teor de água inicial em
base úmida é 28%.

7) No dia 15/04/2016 o Sr. Lucas Gabriel colheu 27,2 toneladas de milho com teor de
umidade e impurezas igual a 18,5% e 5%, respectivamente. O padrão da cooperativa
é a armazenagem com teores de umidade e impurezas iguais a 13% e 1%,
respectivamente, e taxa de quebra técnica igual a 0,01% ao dia. Pede-se
(a) Calcule a quantidade de produto depositada em 15/04;
(b) Suponha que em 22/06 (decorridos 68 dias) o Sr. Lucas Gabriel Inácio faça uma
retirada de 12 toneladas. Nesta ocasião o teor de umidade do produto era igual a
12,5%. Nota: Debite as quantidades relativas às quebras de umidade e técnica no
saldo de produto remanescente; e calcule o saldo de produto remanescente.
(c) Em 31/07 decorrido 107 dias o proprietário solicita a retirada do saldo restante.
Nessa ocasião o teor de umidade do produto era de 12%. Calcule o saldo
efetivamente entregue ao depositário.
Obs.: calcule os valores das quebras de umidade e técnica de forma individual, ou seja
sem sobreposição.

8) Em um silo de fundo plano com diâmetro de 18,30 m e altura de cilindro 21 m está


armazenado trigo com PH 78, teor de água de 12% e ângulo de repouso de 28 o. Por
erro operacional, foi feita aeração com ar com alto valor de umidade relativa. Isso
ocasionou o umedecimento da massa de grãos aumentando, hipoteticamente, o teor
de água para 14,5%. Calcule: (a) o quanto de água a massa de grãos absorveu; e (b) a
quantidade de produto após o umedecimento. (Obs.: Este exercício é uma suposição
teórica. Dificilmente a massa de grãos absorverá toda água. Boa parte da mesma
ficará dispersa no espaço intergranular).

9) Ao se proceder a uma auditoria em uma cooperativa foi necessário calcular a


quantidade de produto antes das operações de limpeza e secagem. Para o momento
29

sabe-se que a quantidade de produto após a condução dessas operações é 450 t de


soja com 13% de teor de água e 1% de teor de impurezas. Quando da recepção do
produto apresentava teor de impurezas de 4% e de água 18,5%. Pede-se calcular a
massa inicial da carga.

10) Calcule a capacidade estática de um silo com fundo cônico de 45o, sabendo que será
armazenado milho com massa específica de 750 kg/m 3 e ângulo de repouso de 29 o. O
silo tem diâmetro de 7,3 m e altura de cilindro de 9,30 m.

11) Considere os dados do exercício 8 e calcule o volume de ar intergranular sabendo


que a porosidade do milho é de 40%.

12) Em um projeto de unidade armazenadora é preciso calcular o número de silos


necessários para armazenar produto com 1% de impurezas e 13% de teor de água.
Sabe-se que a previsão de recebimento na safra verão é de 13.500 toneladas de
milho. Estudos estatísticos da região relativos às características das cargas
provenientes das lavouras levaram a elaboração das Tabelas 1 e 2 relativas a
distribuição de frequência para os parâmetros: teor de impureza e teor de água.

Tabela 1 – Distribuição percentual Tabela 2 – Distribuição percentual das


das cargas segundo teor de cargas segundo teor de água
impurezas
Teor de impureza % das Cargas Teor de água % (bu) % das Cargas
% (bu)
6 45 26 25
4 55 24 55
18 20

Para a definição do número necessário de silos de fundo plano: (i) escolha um dos
modelos do quadro abaixo, (ii) considere a massa específica do milho igual a 780
kg/m3; e (iii) considere o ângulo de repouso igual a 28,5 o

Modelo Diâmetro (m) Altura de cilindro (m)


SA-01 10,91 13,82
SA-02 14,55 16,56
SA-O3 18,19 13,83
30

ângulo de repouso
13) Uma tulha para armazenagem de café, construída
em madeira, tem seção quadrática 3 x 3 m e altura
de 2,80 m. O fundo tem inclinação de 45o. Calcule 2,80 m
3,00 m
quanto de café em coco e beneficiado podem ser
armazenados. Considere para o café em coco o
ângulo de repouso de 31 o e massa específica de 45o
390 kg/m3; e para o café beneficiado o ângulo de
repouso de 28o e massa específica de 640 kg/m3.

14) A Trade MDA adquiriu cinco cargas de soja da cooperativa COOPERTOL com as
características abaixo.
Massa das cargas (kg) Impureza (%) Umidade %
34.000 1,0 12,0
34.000 1,0 14,0
34.000 2,0 15,0
34.000 1,0 11,0

O padrão de comercialização é impureza 1,0% e umidade 14%. Em contrato MDA e a


COOPERTOL firmaram que cargas com impurezas e, ou umidade acima dos valores
padrão devem ser ressarcidas monetariamente pela COOPERTOL, segundo a
cotação do produto em valores correspondes às quebras de impurezas e ou umidade.
Sendo você gestor dos armazéns da COOPERTOL calcule a receita e prejuízos da
transação descrita. Considere a cotação da soja R$ 75,00/saca de 60 kg

Repostas
1) ________________
2) (a) 13,0 % b.u.; (b) 41,2 % b.u.;; (c) 27,5 % b.u.; e (d) 6,5 % b.u.;
3) (a) 0,22; (b) 9,00; (c) 3,55; e (d) 0,05
4) ________________
5) ________________
6) (a) 42,4 toneladas; e (b) 35,1 toneladas.
7)
Cooperado Gestor
Romaneio
Data Movimentação Quantidade (sacas) Saldo (Sacas) Reserva QT Saldo QT
15/abr Recebimento 411,79 411,79
22/06 Retirada 1 -200,00 211,79
22/06 Retenção de Quebra Técnica -1,36 210,43 1,36 1,36
22/06 Erro supersecagem 210,43 -1,14 0,22
31/07 Retenção de Quebra Técnica -2,25 208,18 2,25 2,47
31/07 Erro supersecagem 208,18 -2,39 0,08
31/07 Retirada 2 -208,18 0,00
0,00

8) (a) 135,69 t de água; e (b) 4.776,34 t (ou 79.605,66 sacas de 60 kg).


9) (a) 495,38 t de produto com 18,5% de umidade e 4% de impureza.
31

10) 351,28 t (ou 5.854,67 sacas de 60 kg)


3
11) 2.379,82 m de ar (ou 2.379.820 L de ar)
12)
Modelo Nº de Silos Nº de Silos (arredondamento)

SA-01 10,59 11
SA-02 4,93 5
SA-O3 3,64 4

13)
Capacidade estática kg Sacas

Café em coco 12637,51 210,63

Café em beneficiado 20539,32 342,32

14)

Ororrências Penalidades Erros Operacionais (Deficit Estoque)

Supersecagem -790,70 kg
0,00 kg
Fora de Padrão -734,79 kg
Supersecagem -1186,05 kg
Total (kg) -734,79 kg -1976,74 kg
Total (sacas) -12,25 -32,95
Prejuízos -R$ 918,49 -R$ 2.470,93

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