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Ficha Técnica
Bruna Bucchianeri
Demetrius David da Silva Analista – Psicóloga
Reitor
Jorge Luiz César de Andrade
Assistente – Assistente de RH
Centro Nacional de Treinamento
em Armazenagem – CENTREINAR Equipe Gecap
Superintendência de Desenvolvimento
de Pessoas - Sudep
Giovana Iannicelli Crema Rodrigues
Superintendente
Gerência de Capacitação e
Desenvolvimento - Gecap
Bruno Pimentel
2
Gerente
Autor do Curso
Site: agais.com
3
Propriedades Física
dos Grãos:
Amostragem,
Determinação de
Impurezas e
Umidade
4
Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 6
2. Propriedades ................................................................................................................ 9
2.1 Teor de água ...................................................................................................... 9
2.1.1 Métodos Diretos ............................................................................................ 12
2.1.2 Métodos indiretos .......................................................................................... 13
2.2 Massa Específica ............................................................................................. 15
2.3 Ângulo de Repouso......................................................................................... 16
2.4 Porosidade ........................................................................................................ 18
2.5 Calor específico – entalpia específica............................................................ 19
3. Amostragem de cargas de grãos ............................................................................. 20
4. Equações de Desconto de Secagem e Limpeza .................................................... 22
5. Exemplos aplicativos ................................................................................................. 28
6. Referências................................................................................................................. 32
7. Exercícios ................................................................................................................... 34
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Propriedades Físicas dos Grãos:
amostragem e determinação de impurezas e umidade
1. Introdução
Para o perfeito entendimento dos processos aplicados ao pré-processamento, beneficiamento e
processamento de grãos a compreensão de conceitos relativos à estrutura e propriedades físicas dos
grãos é necessária.
As sementes quando lançadas ao solo germinam, passam pelo ciclo vegetativo, formam novas
plantas, que florescem, e ao serem fecundadas dão origem a novas sementes.
Uma flor completa possui os órgãos masculino e feminino, Figura 1. O estame é a estrutura masculina.
Em sua extremidade está a antera que internamente guarda os grãos de pólen. Estes quando
maduros são levados pelo vento, insetos ou pássaros. Dentre muitos, alguns grãos de pólen chegarão
ao estigma, que é a estrutura da flor onde localiza o órgão feminino.
O grão de pólen aderido à abertura do estigma (Figura 1) desenvolve o tubo polínico que chega
até o ovário, onde está para ser fecundado o óvulo. Pelo tubo polínico desce dois núcleos
espermáticos. Um deles irá fundir com uma das células do óvulo para formar o embrião. O outro irá
fundir com outras células do óvulo para formar outras estruturas da semente.
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Por meio dessas fusões ocorre a fecundação e a partir de então várias multiplicações celulares
acontecem, como também, serão armazenadas reservas nutricionais, para que a nova semente ao
ser lançada ao solo tenha vigor para germinar e dar origem a uma nova planta.
Durante o desenvolvimento da semente o teor de matéria seca aumenta até ser atingido o ponto de
maturação fisiológica, enquanto o teor de água reduz, Figura 2.
O ponto de maturação fisiológica, geralmente, está associado à máxima qualidade fisiológica da
semente. Para os grãos de milho esse ponto é percebível visualmente, quando surge na base do grão
uma macha negra. Para soja é quando as vagens começam a tomar a tonalidade castanha. Por esta
ocasião grãos de milho e soja apresentam teor de água entre 35 a 40%.
Até o ponto de maturação fisiológica a semente permanece vinculada com a planta mãe e
teoricamente logo após esse ponto já poderia ser colhida de tal forma a preservar o máximo de matéria
seca. No entanto, devido ao teor de água do produto estar superior a 30% é recomendado que o
mesmo permaneça no campo até que seja atingido o ponto ideal para colheita mecanizada.
Ponto de
maturação
fisiológic
a
Teor de matéria seca
Teor de água
35 a 40%
Ponto ideal de
colheita mecanizada
< 24%
Tempo
Figura 2 – Desenvolvimento de sementes – linha pontilhada ganho de matéria seca, linha contínua
variação do teor de água.
Quando da maturação fisiológica as sementes apresentam a estrutura completa que são: (i)
casca – cobertura protetora; (ii) tecido de reserva; e (iii) tecido meristemático – o embrião. Cada uma
dessas partes resulta de um dos componentes do óvulo e têm funções específicas. Vide as Figuras 3
e 4.
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A casca é a estrutura externa protetora da semente. Sementes de cereais, como milho, sorgo, cevada
e trigo, são revestidas pelo tegumento e pericarpo, enquanto sementes de oleaginosas, como soja,
ervilha e feijão, são revestidas somente pelo tegumento. A diferença é que o pericarpo origina de
partes da parede do ovário, enquanto o tegumento de células internas do óvulo.
Independente da origem da casca, esta tem as seguintes funções básicas: (i) manter unidas às
partes da semente; (ii) proteger os tecidos internos contra choques mecânicos e térmicos; (ii) servir
de barreira ao ataque de insetos, fungos e bactérias; (iv) regular a velocidade de hidratação da
semente; (v) regular as trocas gasosas (oxigênio e gás carbônico); e (vi) regular o processo de
germinação.
O tecido de reserva armazena substâncias nutritivas que serão utilizadas para o
desenvolvimento do embrião desde o plantio até a formação de uma plântula que apresente a
capacidade de se manter de forma autotrófica. Em sementes de cereais as reservas são
armazenadas no endosperma, enquanto, nas oleaginosas nos cotilédones.
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O endosperma tem como principal produto armazenado o amido, no entanto, outras substâncias
como açúcares e óleos podem estar presentes. O endosperma em grãos de milho, trigo e sorgo, como
também de outras gramíneas, não são vivos. Pois os núcleos das células que deram origem ao
endosperma, foram degenerados em função do acumulo de amido.
Os cotilédones juntos com o eixo embrionários formam o embrião. Diferente do endosperma,
estes são vivos. Em sementes como de soja e feijão, os cotilédones são robustos, e quando da
germinação, após a emergência eles funcionam como as primeiras folhas da planta realizando
fotossínteses. Outra característica é que as plantas ditas oleaginosas, geralmente possuem dois
cotilédones, exemplo soja e feijão, enquanto que os cereais, milho, trigo, sorgo, cevada, possuem
cotilédone único e de tamanho reduzido.
O eixo embrionário é a parte vital da semente, pois possui a capacidade de desenvolver e gerar
a nova planta. Portanto, caso o eixo embrionário seja danificado a semente não germinará, sendo,
portanto classificada como grão.
Os danos podem ser mecânico e, ou, térmico. Os danos mecânicos são causados por aplicação
de forças externas resultante de altas quedas, ou ainda pela movimentação em transportadores como
elevadores de caçamba, redlers e transportadores helicoidais. Os danos térmicos resultam de
períodos de exposições a altas temperaturas e, ou, ambientes extremamente secos. Por isso, alguns
pesquisadores recomendam secar sementes utilizando temperatura do ar de secagem máxima de 45
°C e umidade relativa superior a 10%.
2. Propriedades
As propriedades físicas são importantes parâmetros dos grãos para a aplicação de princípios de
engenharia nas operações de colheita, pré-processamento, beneficiamento e processamento. Dentre
as diversas características são descritas a seguir: teor de água, massa específica, ângulo de repouso
e porosidade.
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Ma
U bu = x100 eq. 01
Mt
em que:
Ubu = teor de água em base úmida, %;
Ma = massa de água contida na amostra de grãos, kg (gramas ou toneladas); e
Mt = massa total da amostra, kg (gramas ou toneladas).
Assim, por exemplo, se em uma amostra de 1 kg de milho, o teor de água for igual a 13%, pode ser
afirmado que 0,130 kg é água e 0,870 kg é matéria seca. Outro exemplo, se para uma carga de 18
toneladas tem o teor de água de 13% é o mesmo que afirmar que 2,34 t é água e 15,6 t é matéria
seca.
A quantidade de matéria seca refere-se a todos os componentes dos grãos menos a porção água.
Portanto, conforme a Tabela 1, a matéria seca corresponde às frações de: proteína, lipídeos,
carboidratos e cinzas.
Outra forma de expressar o teor de água de produtos é em base seca, que é calculada pela relação
entre a massa de água e a massa de matéria seca, equação 02.
Ma
U bs = eq. 02
Mms
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em que:
Ubs = teor de água em base seca, decimal;
Ma = massa de água contida na amostra de grãos, kg (gramas ou toneladas); e
Mms = massa de matéria seca da amostra de grãos, kg (gramas ou toneladas).
Para transformar o teor de água expresso em base úmida para base seca emprega-se a
equação 03 e ao contrário utiliza-se a equação 04. Essas transformações são frequentes em
programas de computador que simulam o processo de secagem.
U bu
U bs = eq. 03
(100 − U bu )
U bs
U bu = 100 eq. 04
(1 + U bs )
Durante a secagem, seca-aeração, aeração e armazenagem o teor de água do produto pode alterar.
No entanto, a quantidade de matéria seca deve ser preservada, o que deve ser a principal meta no
gerenciamento de unidades armazenadoras.
A redução da matéria seca ocorre em função aos seguintes fenômenos: (i) infestação de insetos e,
ou roedores; (ii) ação de fungos e, ou bactérias; (iii) perdas nas máquinas de pré-limpeza e, ou
limpeza; (iv) esfacelamento dos grãos; e (v) respiração dos grãos.
Especificamente, no processo de respiração da massa de grãos, a matéria seca ao interagir com o
oxigênio presente no ar gera gás carbônico (CO 2), água (H2O) e calor, conforme representado abaixo:
em que:
Operacionalmente, o teor de água é medido por meio dos métodos diretos ou indiretos.
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2.1.1 Métodos Diretos
Os métodos diretos permitem a quantificação real da fração de água em uma amostra, sendo
expressa em unidade de massa, gramas, ou de volume, mililitros mL.
Dentre os métodos diretos destacam-se o emprego da estufa e do destilador. No caso da estufa,
amostras de 25 a 30 gramas são expostas a temperatura de 105°C por um período de 24 a 72 horas.
Em seguida, as amostras são colocadas em um dessecador até atingir a temperatura ambiente, para
então ser feita à pesagem. O cálculo do teor de água é feito da seguinte forma:
Exemplo:
Massa do vasilhame (Mv): 12g
Massa da amostra mais o vasilhame inicial (Mavi): 42 g
Massa final da amostra mais o vasilhame (Mfav): 37 g
M avi − M fav 42 − 37
U = .100 = .100 = 16,7%
M avi − M v 42 − 12
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Termômetro
Óleo e grãos
Balança
458,9 g 445,4 g
Nota: Para cada produto o aquecimento é feito até uma dada temperatura. Por exemplo, para arroz
em casca é 200 °C, arroz beneficiado 195 °C, feijão 175 °C, milho 195 °C, soja 175 °C, sorgo 195 °C
e trigo 190 °C.
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Figura 5 - Esquema do determinador de umidade universal e o circuito elétrico simplificado.
Conforme o circuito elétrico, lado direito da Figura 5, a amostra de grãos funciona como um resistor,
e a corrente elétrica liberada pela bateria tem a intensidade medida pelo indicador. É de conhecimento
que quanto mais úmida estiver a amostra menor será resistência. Em alguns modelos do aparelho
universal, geralmente, a bateria é substituída pelo megômetro que funciona como um gerador de
eletricidade.
Para a determinação do teor de água, as amostras devem ser pesadas e colocadas no recipiente de
entrada para serem prensadas conforme as especificações do aparelho. Em sequência o operador
deverá: (i) girar a alavanca do megômetro; (ii) proceder à leitura do mostrador do megômetro; (iii) ler
a temperatura dos grãos; e por fim (iv) proceder à leitura na régua do conversor de umidade, utilizando
como dados as leituras do megômetro e termômetro.
Segundo os princípios de eletricidade, quanto maior é a temperatura do resistor, menor será a
resistência oferecida à passagem de corrente. Portanto, quando da medição do teor de água de
amostras com altas temperaturas, leituras falsas podem ocorrer. O ideal, é que as amostras estejam
à temperatura próxima a do ambiente e que os valores de umidade estejam entre 10 a 20%.
Quanto à operação do determinador de umidade universal são feitas as seguintes
recomendações: (1) consultar o manual do aparelho, pois para cada tipo de produto é indicada uma
compressão diferente e além de poder ser indicada correções; (2) limpar com frequência o recipiente
de amostra e o eletrodo; (3) ajustar periodicamente o sistema de compressão; e (4) deixar em repouso
por alguns minutos as amostras retiradas do secador para que a umidade distribua no produto. Se
isso não for observado, o teor de água determinado será menor que o real.
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b) Determinadores – princípio capacitivo
Esses determinadores fundamentam no princípio da capacitância, em que a cuba de amostra é
um capacitor constituído de duas placas metálicas. Desse modo, a depender do material entre as
placas, o que se denomina meio dielétrico, o capacitor armazenará mais ou menos cargas elétricas.
Estruturalmente, os determinadores capacitivos são dotados de dois osciladores gerando ondas
eletromagnéticas em dadas frequências. O primeiro oscilador tem por componente o capacitor
formado pela cuba de amostra, e o segundo, é constituído por componentes eletrônicos, que durante
a operação, automaticamente, gera uma frequência de igual valor a do primeiro oscilador. Ocorrido
isso, o circuito estará balanceado, quando então é inferido o teor de água da amostra.
Os equipamentos mais antigos, representado a direita da Figura 6, não dispunham do oscilador de
frequência automatizado. Cabia ao operador ajustar o dial até balancear o circuito. No eixo do dial há
um grande disco com escalas de teores de água para diversos tipos de grãos.
Os determinadores de umidade capacitivos estão sujeitos a interferência de fatores, tais como: (i)
temperatura da amostra; (ii) teor de impureza; (iii) massa especifica do produto; (iv) a forma como a
amostra é depositada na câmara de medição; e (v) a variedade do grão. Para minimizar a influência
destes fatores os equipamentos fabricados, atualmente, apresentam alto grau de automatização, o
que aprimorou a precisão. Fato que tem contribuído pela preferência por esse tipo de equipamento.
Legenda:
1 - Placa do capacitor
2 - Termômetro
3 - Bobina
4 - Mostrador balanceamento
5 - Mostrador teor de umidade
6 - Capacitor variável
7 - Circuito gerador de frequência
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um vasilhame com volume conhecido, pesar a quantidade de produto acondicionada, e em seguida
calcular a relação.
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Ângulo de repouso
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Grãos Teor de Ângulo de Grãos Teor de Ângulo de
água (%) repouso (º) água (%) repouso (º)
Arroz 12-16 36,0 Café 12-16 28,0
beneficiado
Milho 7,5 34,0
Soja 12-16 30,0 13,0 34,9
16,2 35,1
Cevada 7,9 29,0 19,5 39,0
10,7 30,5
13,3 31,0 Trigo 7,3 29,6
16,2 32,2 11,0 29,3
19,5 33,0 14,1 31,0
23,1 33,8 17,1 35,6
Café em 12-16 31,0 19,3 41,0
coco
20 0,364 36,4
22 0,404 40,4
24 0,445 44,5
26 0,488 48,8
28 0,532 53,2
30 0,577 57,7
32 0,625 62,5
34 0,675 67,5
36 0,727 72,7
38 0,781 78,1
40 0,839 83,9
42 0,900 90,0
44 0,966 96,6
45 1,000 100,0
2.4 Porosidade
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Os grãos armazenados se apresentam como uma massa porosa, constituída pelos grãos e o espaço
intergranular, também denominado de intergranular. A porosidade refere-se à relação percentual
entre o volume intergranular e o volume total da amostra.
Para a medição da porosidade, Figura 8, coloca-se a amostra de produto em uma proveta e
mede-se o volume. Em sequência, utilizando uma segunda proveta contento o álcool tolueno, mede-
se o quanto deste produto foi necessário para ocupar o espaço vazio na massa de grãos.
A porosidade difere entre espécies de grãos e é influenciada pelo tamanho, formato e
rugosidade dos grãos, teor de água e de impurezas.
Legenda: 2
1 - Proveta cheia de grãos
2 - Proveta contendo tulueno
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Um dos métodos empregados para determinação é o método das misturas diretas, em que:
𝑄𝑎𝑔𝑢𝑎 + 𝑄𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜
𝑄𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 = 𝑐𝑝 . 𝑚𝑝 . (𝑇𝑒𝑞 − 𝑇𝑝 )
em que:
Qagua = quantidade de calor da água, kJ, kcal;
Qcalori = quantidade de calor do calorímetro, kJ, kcal;
Qproduto = quantidade de calor do produto, kJ, kcal;
Ct = capacidade térmica do calorímetro, kJ/K, kcal/°C;
cp = calor específico do produto, kJ/kg.K, kcal/kg.°C;
ca = calor específico do água, k J/kg.K, kcal/kg.°C;
ma = massa de água, kg;
mp = massa de produto, kg;
Ta = temperatura da água, K, °C;
Tcal = temperatura do calorímetro, K, °C; e
Teq = temperatura do equilíbrio, K, °C.
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Na coleta de amostras em cargas a granel é empregado o calador seccionado ou amostradores
pneumáticos, sendo necessário amostrar diversas camadas e em pontos distintos, Figura 9, para ser
formada a amostra composta e, por fim, a amostra de trabalho.
A amostragem deve ser feita de forma criteriosa de tal forma a garantir a obtenção de amostras
fidedignas ao produto recebido, expedido ou comercializado. Recomenda-se consultar
periodicamente as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para adequar aos
procedimentos de amostragem.
Amostra
simples nº 1
Amostra
simples nº 2
Amostra
simples nº 30
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Caminhões ou Vagões até 15 t Caminhões ou Vagões até 30 t
Caminhões ou Vagões de 30 a 50 t
Posições de amostragem
11 pontos amostragem
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Campo de Produção
Quebra de umidade ou
Reumedecimento
Armazenagem
Quebra técnica
Expedição
a) Quebra de impureza
Denomina-se quebra de impureza o percentual de desconto a ser aplicada à massa de grãos recebida
com o objetivo de estimar a massa de impureza a ser removida. Entende-se por impurezas materiais
estranhos ao produto, tais como: partículas de solo, pedras, restos vegetais e grãos de outras
espécies. E por teor de impurezas a relação percentual entre as quantidades de impurezas e de
produto.
O cálculo da quebra de impureza não pode ser feito pela simples subtração entre os teores de
impurezas inicial e final, equação 05. Porque, sob o aspecto matemático, o correto é calcular a quebra
de impurezas por meio da equação 06. Uma vez que os denominadores das relações que expressam
os teores de impureza inicial e final são diferentes. E de acordo com as regras aritméticas, a soma ou
subtração de frações somente aplicam-se quando os denominadores são iguais.
𝑄𝑢 = 𝐼𝑓 − 𝐼𝑖 eq. 05
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(𝐼𝑖 − 𝐼𝑓)𝑥100 eq. 06
𝑄𝐼 =
(100 − 𝐼𝑓)
em que:
QI = quebra de impurezas, %;
Ii = teor de impureza inicial, %; e
If = teor de impureza final, %.
Desse modo, por exemplo, se fosse recebida 30 mil toneladas com 4,00% de impurezas, e o padrão
de comercialização fosse 1,00%, por meio da equação 01 a quebra de impureza seria de 3,00% e
pela equação 02 3,03%, o que corresponderia aos descontos de 270,0 e 272,7 toneladas de
impurezas, respectivamente. Portanto, uma diferença de 2,7 t, que quando não contabilizada poderá
incorrer em erros no balanço final da movimentação de produto.
b) Quebra de umidade
A quebra de umidade refere ao valor percentual relativo a quantidade de água a ser removida do
produto no processo de secagem. Ao ser utilizado teores de água expressos em base úmida emprega-
se a equação 07. No entanto, se estes teores forem expressos em base seca emprega-se equação
08.
(𝑈𝑖 − 𝑈𝑓)𝑥100 eq. 07
𝑄𝑈 =
(100 − 𝑈𝑓)
em que:
QU = quebra de umidade, %;
Ui = teor de água inicial em base úmida, %; e
Uf = teor de água final em base úmida, %.
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Para o cálculo dos descontos totais relativos à remoção de impureza e do excesso de água do
produto utiliza-se a equação 09 definida em função dos índices percentuais das quebras de impurezas
e de umidade.
Na Tabela 6 são exemplificados valores de desconto total calculados para os teores finais de água
igual a 13% e impurezas 1%. Nota:
25
e) Taxa de umedecimento
Durante o período de armazenagem dificilmente pode ocorrer que a massa de grãos por
diferentes motivos venha adsorver água, ocorrendo então o umedecimento. Para calcular a taxa de
umedecimento é empregada a equação 10. Para este caso Ui corresponde ao teor de água quando
do início do período de armazenagem e Uf ao teor por ocasião da expedição.
(U fr − U ir ) 100
TU = eq. 10
(100 − U fr )
em que:
TU = taxa de umedecimento, %.
Uir = teor de água inicial no umedecimento em base úmida, %; e
Ufr = teor de água final no umedecimento em base úmida, %.
f) Quantidade ajustada
Quantidade ajustada (Qaj) corresponde à quantidade de produto para um teor desejado, após a
ocorrência de processos como a limpeza, secagem, supersecagem e avaliação de perdas devido a
supersecagem. O teor desejado pode-se referir aos teores como de impureza, de água ou de ardidos,
conforme a equação 11
(100 − 𝑇𝑎 )
𝑄𝑎𝑗 = . 𝑄𝑝𝑎 eq. 11
(100 − 𝑇𝑑 )
em que,
Qaj - quantidade de produto ajustada, t;
Ta - teor atual (impureza, água ou ardidos), %;
Td - teor desejado (impureza, água ou ardidos), %;
Qpa - quantidade de produto atual, t.
Exemplo 1 – Calcule a massa de uma carga de milho ao ser seca para 13%. Inicialmente a massa
era de 25.0000 kg e o teor de água é 18%.
26
(100 − 18)
𝑄𝑎𝑗 = .25000 = 23.563 𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚 13% 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
(100 − 13)
Exemplo 2 – Por erro de operação uma carga de milho foi super-seca sendo constatada a massa de
34.500 kg e teor de umidade de 11,0%. Calcule qual deveria ser a massa da carga se o teor de água
fosse 13%.
(100 − 11)
𝑄𝑎𝑗 = .34500 = 35.293 𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚 13% 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
(100 − 13)
➔ Portanto, com o erro da super-secagem foi removido em excesso 793 kg de água (= 35.293 –
34.500).
em que,
Ai - teor de ardidos inicial, %; e
Af - teor de ardidos final, %.
g) Quebra técnica
A quebra técnica corresponde ao valor percentual devido à perda de massa durante o período
de armazenagem, o que pode estar associado, dentre outros fatores, à respiração da massa de grãos
e ao consumo por insetos, fungos e roedores.
Operacionalmente, a quebra técnica define uma quantidade de produto a ser retida a cada
expedição para assegurar ao agente armazenador a existência de produto até a última expedição.
Um dos índices empregados é de 0,01% ao dia (0,15% a quinzena ou 0,3% ao mês) o que certamente
gerará sobras de produto, se boas práticas de armazenagem estiverem sendo aplicadas. Desse
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modo, conforme a política administrativa da empresa ou cooperativa, as sobras devem ser rateadas
aos usuários, proporcionalmente á quantidade depositada.
Normalmente a aplicação do índice de quebra técnica é feita sobre a quantidade de produto
armazenado, indiferentemente, se ocorreu ganho ou perda de umidade durante o período de
armazenagem
5. Exemplos aplicativos
➔ Solução Método 1
Passo 1 - Calcular a quebra de impurezas (QI) e quantidade de impurezas removida
Ii − I f
QI = 100 = 4 − 1 100 = 3,0303%
100 − I 100 − 1
f
Quantidade de impureza = Quantidade de Produto Recebida x QI
= 25.300 x 3,0303% = 766,66 kg de impurezas
Ui − Uf 26 − 13
QU = x100 = x100 = 14,9425%
100 − Uf 100 − 13
28
Passo 5 – Quantidade de produto armazenada
(100 − 𝐼𝑖 ) (100 − 4)
𝑄𝑎𝑗 = . 𝑄𝑝𝑎 = . 25.300 = 24.533,33 𝑘𝑔
(100 − 𝐼𝑓 ) (100 − 1)
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= 25.300 - 20.867,43 = 4.432,57 kg = 4,43 toneladas
Passo 6 – Se fosse desejado calcular a quantidade de produto limpo e seco (Qpls) diretamente.
b) Massa Específica
- Calcular o quanto de milho, soja ou trigo poderia ser armazenado com as seguintes
dimensões: diâmetro 14,60 m e altura de cilindro 18,39 m. Considere que a massa de grãos será
aplainada no topo.
3,14.D 2 3,14.(14,6) 2
H = 18,39 m
Área = = = 167, 3 m2
4 4
D = 14,6 m
Basta multiplicar o volume do silo pela massa específica do produto apresentada na Tabela 2.
30
Quantidade de Milho = Volume x Massa específica = 3.076,65 m3 x 750 kg/m3
= 2.307.487,50 kg = 2.307,5 toneladas
- Calcular o quanto de milho, soja ou trigo poderia ser armazenado no silo da questão anterior,
mas sem aplainar no topo. Considere o ângulo de repouso do milho igual a 35 o.
volume do cone:
Volume do 1
cilindro Volume do cone = . Abase.Hcone
3
Abase – área da base foi calculada no exemplo anterior
167,3 m2.
D = 14,6 m
31
Passo 2 – Calcular altura do cone
Para o cálculo da altura do cone basta utilizar a função
trigonométrica tangente.
Hcone
35o CatetoOposto Hcone
tg 35o = = = 0,7
7,3 m CatetoAdjacente 7,3
raio do silo
6. Referências
32
01. BAKKER ARKEMA, F. W. [editor] Agro-Processing Engineering. Edited by CIGR - The
International Commission of Agricultural Engineering. Volume IV. ASAE.1999.
02. BRANDÃO, F. Manual do Armazenista. Editora UFV. Viçosa: MG. 1989. 296p.
03. BROOKER, D. B., BAKKER-ARKEMA F. W., HALL, C. W.. Drying and Storage of Grains and
Oilseeds. New York: Van Nostrand Reinhold. 1992.
04. CARAVALHO, N. M., NAKAGAWA J. [Coordenadores] Sementes: Ciência, Tecnologia e
Produção. Fundação Cargill, 3a Edição. 1988. 424p.
05. CESA - Companhia Estadual de Silos e Armazéns. Grãos: Beneficiamento e Armazenagem. Porto
Alegre: RS. 1974. 148 p.
06. HALL, C. W. Drying Farm Crops. Agricultural Consulting Associates, Inc. Reynoldsburg: Ohio,
EUA. 1957. 336p.
07. LOEWER, O. J., BRIDGES T. C., BUCKLIN, R. A. On-farm drying and storage systems. ASAE
Publication 9, American Society of Agricultural Engineers. 1974.
08. MOHSENIN, N. N. Physical Properties of Plant and Animal Materials. Volume I. Gordon and
Breach Science Publishers. 1970. 734p.
09. PUZZI, D. Abastecimento e Armazenagem de Grãos. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola.
Campinas: SP 1986. 603 p.
10. SILVA, J. S. [editor] Pré-Processamento de Produtos Agrícolas. Instituto Maria. Juiz de Fora. 1995.
509 p.
11. WEBER, E. A. Armazenagem Agrícola. Editora. Livraria e Editora Agropecuária, Guaíba: RS.
2001. 396 p.
33
7. Exercícios
1) Defina: teor de água em base úmida, teor de água em base seca, quebra de umidade, quebra de
impurezas e quebra técnica.
2) Transforme para base úmida os teores de água expressos em base seca: a) 0,15; b) 0,70, c) 0,38;
e d) 0,07.
3) Transforme para base seca os teores de água expressos em base úmida: a) 18%; b) 90%; c) 78%;
e d) 5%.
4) Qual a importância conhecimento das propriedades físicas dos grãos? Escolha uma das estudadas
– defina e apresente suas aplicabilidades.
5) Por que o método de determinação do teor de água de grãos pelos princípios resistivo e capacitivo
são classificados como métodos diretos? Correto. Justifique
6) Uma carga de milho após o processo de secagem apresenta teor de água em base seca igual a
0,15 e massa de matéria seca igual a 30,5 t. Pede-se calcular: (a) a massa inicial da carga e (b) a
massa final da carga; sabendo que o teor de água inicial em base úmida é 28%.
7) No dia 15/04/2016 o Sr. Lucas Gabriel colheu 27,2 toneladas de milho com teor de umidade e
impurezas igual a 18,5% e 5%, respectivamente. O padrão da cooperativa é a armazenagem com
teores de umidade e impurezas iguais a 13% e 1%, respectivamente, e taxa de quebra técnica igual
a 0,01% ao dia. Pede-se
(a) Calcule a quantidade de produto depositada em 15/04;
(b) Suponha que em 22/06 (decorridos 68 dias) o Sr. Lucas Gabriel Inácio faça uma retirada de 12
toneladas. Nesta ocasião o teor de umidade do produto era igual a 12,5%. Nota: Debite as
quantidades relativas às quebras de umidade e técnica no saldo de produto remanescente; e calcule
o saldo de produto remanescente.
(c) Em 31/07 decorrido 107 dias o proprietário solicita a retirada do saldo restante. Nessa ocasião o
teor de umidade do produto era de 12%. Calcule o saldo efetivamente entregue ao depositário.
Obs.: calcule os valores das quebras de umidade e técnica de forma individual, ou seja sem
sobreposição.
8) Em um silo de fundo plano com diâmetro de 18,30 m e altura de cilindro 21 m está armazenado
trigo com PH 78, teor de água de 12% e ângulo de repouso de 28 o. Por erro operacional, foi feita
aeração com ar com alto valor de umidade relativa. Isso ocasionou o umedecimento da massa de
grãos aumentando, hipoteticamente, o teor de água para 14,5%. Calcule: (a) o quanto de água a
massa de grãos absorveu; e (b) a quantidade de produto após o umedecimento. (Obs.: Este exercício
é uma suposição teórica. Dificilmente a massa de grãos absorverá toda água. Boa parte da mesma
ficará dispersa no espaço intergranular).
34
9) Ao se proceder a uma auditoria em uma cooperativa foi necessário calcular a quantidade de produto
antes das operações de limpeza e secagem. Para o momento sabe-se que a quantidade de produto
após a condução dessas operações é 450 t de soja com 13% de teor de água e 1% de teor de
impurezas. Quando da recepção do produto apresentava teor de impurezas de 4% e de água 18,5%.
Pede-se calcular a massa inicial da carga.
10) Calcule a capacidade estática de um silo com fundo cônico de 45o, sabendo que será armazenado
milho com massa específica de 750 kg/m 3 e ângulo de repouso de 29 o. O silo tem diâmetro de 7,3 m
e altura de cilindro de 9,30 m.
12) Em um projeto de unidade armazenadora é preciso calcular o número de silos necessários para
armazenar produto com 1% de impurezas e 13% de teor de água. Sabe-se que a previsão de
recebimento na safra verão é de 13.500 toneladas de milho. Estudos estatísticos da região relativos
às características das cargas provenientes das lavouras levaram a elaboração das Tabelas 1 e 2
relativas a distribuição de frequência para os parâmetros: teor de impureza e teor de água.
Para a definição do número necessário de silos de fundo plano: (i) escolha um dos modelos do quadro
abaixo, (ii) considere a massa específica do milho igual a 780 kg/m3; e (iii) considere o ângulo de
repouso igual a 28,5o
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ângulo de repouso
13) Uma tulha para armazenagem de café,
construída em madeira, tem seção quadrática 3 x 3 m
e altura de 2,80 m. O fundo tem inclinação de 45 o. 2,80 m
3,00 m
Calcule quanto de café em coco e beneficiado podem
ser armazenados. Considere para o café em coco o
ângulo de repouso de 31 o e massa específica de 390 45o
14) A Trade MDA adquiriu cinco cargas de soja da cooperativa COOPERTOL com as
características abaixo.
Massa das cargas (kg) Impureza (%) Umidade %
34.000 1,0 12,0
34.000 1,0 14,0
34.000 2,0 15,0
34.000 1,0 11,0
Repostas
1) ________________
2) (a) 13,0 % b.u.; (b) 41,2 % b.u.;; (c) 27,5 % b.u.; e (d) 6,5 % b.u.;
3) (a) 0,22; (b) 9,00; (c) 3,55; e (d) 0,05
4) ________________
5) ________________
6) (a) 42,4 toneladas; e (b) 35,1 toneladas.
7)
Cooperado Gestor
Romaneio
Data Movimentação Quantidade (sacas) Saldo (Sacas) Reserva QT Saldo QT
15/abr Recebimento 411,79 411,79
22/06 Retirada 1 -200,00 211,79
22/06 Retenção de Quebra Técnica -1,36 210,43 1,36 1,36
22/06 Erro supersecagem 210,43 -1,14 0,22
31/07 Retenção de Quebra Técnica -2,25 208,18 2,25 2,47
31/07 Erro supersecagem 208,18 -2,39 0,08
36
31/07 Retirada 2 -208,18 0,00
0,00
13)
Capacidade estática kg Sacas
Café em coco 12637,51 210,63
14)
Supersecagem -790,70 kg
0,00 kg
Fora de Padrão -734,79 kg
Supersecagem -1186,05 kg
Total (kg) -734,79 kg -1976,74 kg
Total (sacas) -12,25 -32,95
Prejuízos -R$ 918,49 -R$ 2.470,93
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