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Ficha Técnica

Universidade Federal de Viçosa – Daniele Cadête de Araujo Lima


UFV Analista – Psicóloga

Bruna Bucchianeri
Demetrius David da Silva Analista – Psicóloga
Reitor
Jorge Luiz César de Andrade
Assistente – Assistente de RH
Centro Nacional de Treinamento
em Armazenagem – CENTREINAR Equipe Gecap

Fernando da Costa Baêta


Diretor-Geral Diretoria de Operações e Abastecimento -
Dirab
Luís César da Silva José Jesus Trabulo de Sousa Júnior
Professor Autor do Curso Diretor Executivo

Paulo Cesar Correa Suarm - Superintendência de


Professor Colaborador Armazenagem
Stelito Assis dos Reis Neto
Renata Cássia Campos Superintendente
Professora Colaboradora
Gerência de Armazenagem - Gearm
Fernanda Dutra da Silva Paulo Claudio Machado Junior
Assistente Administrativo Gerente

Mariana Breda Pozze


Companhia Nacional de Analista - Engenheiro Agrônomo-Agrícola
Abastecimento - Conab
Equipe Gearm
Guilherme Augusto Sanches Ribeiro
Diretor Presidente

Diretoria de Gestão de Pessoas - Digep


Bruno Scalon Cordeiro
Diretor Executivo

Superintendência de Desenvolvimento
de Pessoas - Sudep
Giovana Iannicelli Crema Rodrigues
Superintendente

Gerência de Capacitação e
Desenvolvimento - Gecap
Bruno Pimentel
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Gerente
Autor do Curso

Prof. Luís César da Silva


Doutor em Engenharia Agrícola
Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Engenharia
Agrícola

Site: agais.com

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Fatores que
Influenciam a
Conservação de
grãos

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Índice

1. Introdução ......................................................................................................................... 6

2. Conceito de qualidade aplicado à armazenagem de grãos ............................................... 8

2.1 Características 9
2.2 Confiabilidade 10
2.3 Conformidade 10
2.4 Durabilidade 11
2.5 Desempenho 11
2.6 Serviço 11
2.7 Estética 12
2.8 Qualidade percebida 12
3. Perdas em unidades armazenadoras .............................................................................. 12

3.1 PCC-1 – Recepção 13


3.2 PCC-2 - Moegas 15
3.3 PCC-3 - Máquina de pré-limpeza 15
3.4 PCC-4 - Silo-pulmão 15
3.5 PCC-5 - Secador 16
3.6 PCC-6 - Máquina de limpeza 17
3.7 PCC-7 - Armazenagem 17
3.8 PCC-8 - Caixa de expedição 18
3.9 PCC-9 - Locais diversos 18
4. Referências ..................................................................................................................... 18

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Fatores que Influenciam a Conservação de Grãos

1. Introdução
Os grãos quando armazenados faz estabelecer um ecossistema, em que elementos bióticos
são os grãos, insetos, fungos e bactérias, enquanto os abióticos são o ar intergranular e as impurezas.
Conforme representado na Figura 1, esse ecossistema é influenciado por fatores externos e internos
que podem afetar as condições ideais para preservação da qualidade do produto armazenado.

Fatores externos
Umidade
Temperatura Velocidade do Estrutura de
relativa Radiação solar
ambiente vento armazenagem
ambiente

Fatores internos

Teor de água
Calor
grãos

Insetos e Microflora
Ácaros
Grãos

Umidade relativa
Impurezas ar intergranular Ar

Figura 01 – Representação do ecossistema estabelecido na armazenagem de grãos.


Fonte: autor

Dentre os fatores externos são destacados a temperatura e umidade relativa do ar ambiente, a radiação
solar, a velocidade do vento e a estrutura de armazenagem. Os dois primeiros parâmetros estão

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associados à condição psicrométrica do ar, que, por exemplo, devem ser continuamente monitoradas
para o suporte a tomada de decisão, quanto à aeração do produto armazenado.
Na aeração há dois riscos, secar o produto abaixo do teor de água ideal, ou umidificar o ar intergranular
potencializando o desenvolvimento de fungos e, ou bactérias.
Os fungos depreciam a qualidade do produto armazenado e podem metabolizar micotoxinas
que inviabilizam o consumo ou a industrialização do produto. Quanto às bactérias, estas atuam na
decomposição do produto, o que é viabilizado quando a umidade relativa do ar intergranular é superior
a 90%.
Quanto aos fatores internos um dos de maior importância é o teor de água dos grãos. Quando
armazenados com teor de água ideal tem as atividades metabólicas reduzidas, e consequentemente,
a redução da taxa de respiração o que implica em menores perdas de matéria seca. Além disso, a
disponibilidade de água no espaço intergranular em nível reduzido inviabiliza o desenvolvimento da
microbiota.
Se associado à redução do teor de água do produto for aplicado a remoção de calor por meio
do resfriamento, menores temperaturas no ecossistema implicarão em menores atividades metabólicas
dos elementos bióticos, o que reduz as perdas quantitativas e qualitativas do produto armazenado.

2. Propriedades do produto armazenado


Na Figura 02 são destacados fatores intrínsecos e extrínsecos que ao serem analisados podem
disponibilizar subsídios quanto às condições ideais para o armazenamento de grãos.
Dentre os fatores intrínsecos são destacadas propriedades físicas, químicas e biológicas associadas
aos grãos. E dentre os fatores extrínsecos são ressaltadas as propriedades químicas do ar intergranular
e propriedades biológicas do ecossistema quanto aos níveis de infestação de fungos, insetos, roedores
e pássaros.
Fatores relacionados ao produto como, por exemplo, teor de água, massa específica, teor de óleo,
composição centesimal e nível de contaminação por micotoxinas podem ser empregados para inferir
sobre a qualidade do produto.
Outros fatores como, por exemplo, temperatura do produto, composição química do ar intergranular e
níveis de infestação de pragas podem ser utilizados como indicativos se a condição atual é ideal para
conservação do produto.

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2. Conceito de qualidade aplicado a armazenagem de grãos
Segundo preceitos da área “Administração da Produção” a qualidade de um produto pode ser
expressa segundo oito dimensões conforme as representações das Figuras 03 e 04.

Propriedades físicas:
- Produto
- Teor de água do produto
- Temperatura do produto
- Atividade de água
Atributos - Massa especifica do produto
- Ângulo de repouso

Propriedades químicas:
- Produto
- Composição centesimal
- Teor de óleo
- Acidez
- Contaminação com micotoxina

Ecossistema - Ecossistema
- Composição química do ar
intergranular
Agentes Bióticos
(grãos, fungos,
bactérias, insetos,
Propriedades biologicas:
ácaros) - Produto
- Germinação
- Vigor
Agentes Abióticos
(impurezas,
- Ecossistema
defensivos e ar) - Nível de infestação de insetos
- Nível de infestação de fungos
- Nível de infestação de roedores
- Nível de infestação de passaros

Figura 02 – Atributos associados ao ecossistema de produtos armazenados.


Fonte: autor

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Dimensões da QUALIDADE

Características Desempenho

Confiabilidade Serviço

Conformidade Produto Estética


Armazenado
Durabilidade Qualidade Percebida

Figura 03 – Dimensões da qualidade aplicada aos produtos armazenados.

Característica
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8
Qual. Percebida Conformidade
6
4
2
Estética 0 Confiabilidade

Serviços Durabilidade

Desempenho

Figura 04 – Dimensões da qualidade aplicada aos produtos armazenados, representadas em gráfico


tipo radar.

2.1 Características
As características de grãos e, ou sementes são expressas segundo as: (a) propriedades físicas:
teor de água, umidade de equilíbrio, dimensões, massa específica, ângulo de repouso e porosidade;
(b) propriedades térmicas: calor específico e calor latente de vaporização; e (c) propriedades biológicas

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e, ou físico-químicas: testes de vigor e germinação, acidez de óleos e composição centesimal. Dentre
estas, algumas são empregadas para avaliação de desempenho na industrialização, outras são
empregadas para valoração econômica e comercialização e outras destinam a fomentar estudos
científicos como os de modelagem e simulação computacional das operações de secagem e aeração.
No caso do trigo, por exemplo, a massa específica expressa no formato Peso Hectolitro – PH informa
a quantidade de massa (kg) contida em um volume de 100 litros. Para a indústria moageira o maior PH
implica em maior rendimento na produção de farinha.

2.2 Confiabilidade
Grande parte da produção de grãos do Brasil é destinada às cadeias produtivas de carnes.
Caso típico é o da produção de milho que se destina a avicultura, suinocultura, bovinocultura,
alimentação humana e exportação.
Aves e suínos são altamente suscetíveis à intoxicação por micotoxinas, tornando as empresas das
cadeias produtivas de carne mais exigentes quanto à qualidade dos ingredientes empregados na
elaboração das rações animal. Desse modo, para grãos e derivados além da observação dos padrões
de classificação deve-se também dedicar especial atenção aos níveis de aflatoxinas, ocratoxinas,
zearalenonas, fumonisinas e tricotecenos. Pois, dentre outros danos, as intoxicações por micotoxinas
retardam o desenvolvimento dos animais, reduzem as taxas de conversão alimentar e, ou causam
morte dos animais. Fatos que configuram como prejuízo econômico.
Ao que se refere ao consumo de grãos e derivados por humanos, a confiabilidade está fundamentada
em preceitos de segurança alimentar em que a contaminação por resíduos de defensivos agrícola,
micotoxinas, toxinas alimentares e agentes patológicos devem respeitar os níveis de tolerâncias
permitidos em legislações específicas.

2.3 Conformidade
A conformidade está associada ao atendimento dos padrões de classificação e aos preceitos
de segurança alimentar, os quais nos últimos anos, têm sido atualizados com maior frequência com
vistas a tornarem as normas brasileiras consoante às normas internacionais. Sendo assim, o país
garante maior presença no mercado internacional. Portanto, conforme as normas de classificação de
alguns produtos podem ser avaliados: teor de impureza; teor de água; presença de insetos vivos,
mortos ou partes dos mesmos e níveis de micotoxina.

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2.4 Durabilidade
Quando o foco é alimento, a durabilidade é tratada como vida de prateleira, período que o
produto pode ser consumido sem riscos para saúde do consumidor final. Os riscos estão associados a
possíveis agentes químicos e, ou biológicos gerados durante a degradação do produto.
Portanto, para retardar a degradação dos produtos armazenados devem ser observadas as
Boas Práticas de Armazenagem de Grãos – BPAG, pois grãos adequadamente secos e armazenados,
os índices de infestação por fungos e insetos serão baixos, consequentemente, maior será o período
de preservação do produto.

2.5 Desempenho
Refere-se ao rendimento no beneficiamento e, ou na indústria de transformação. Para arroz, no
beneficiamento são determinados a renda e o rendimento. A renda corresponde à percentagem arroz
beneficiado obtida de uma amostra de 100g de arroz em casca. Enquanto, o rendimento se refere às
frações percentuais de grãos inteiros e quebrados presentes na amostra arroz beneficiado. A renda e
o rendimento definem o valor da remuneração do produtor, bem como, a estratégia de beneficiamento
a ser empregada para maximizar o lucro da empresa beneficiadora.
Para o café arábica é utilizado o teste de xícara para definir qualidade de bebida tipificada como mole,
dura, rio e riada. Dentre elas, a bebida mole implica em melhor qualidade, o que está associado à
genética apurada, tratos culturais adequados e a condução da secagem e armazenagem de forma
apropriada. Café de melhor qualidade implica em maior valor comercial e maiores possibilidades de
elaboração de blends destinados à exportação.

2.6 Serviço
O serviço refere à competência técnica, idoneidade e cordialidade no atendimento dos clientes
depositários e dos clientes consumidores dos produtos armazenados. E a qualidade do serviço está
fundamentada nas estratégias de comunicação e de fornecimento de informações claras quanto aos
procedimentos de classificação e de tarifação de serviços. Implica também na disponibilidade de
informações quanto à rastreabilidade dos produtos armazenados no que se refere à origem, espécie,
variedade, defensivos utilizados, horas de aeração realizadas e registro de ocorrências durante o
período de armazenagem.
Empresas no Brasil têm ganhado concorrências em processos de exportação por se apresentarem
mais organizadas na coleta e disposição de informações dos produtos comercializados.

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2.7 Estética
A metodologia usual para avaliação da estética fundamenta-se em avaliações laboratoriais em
que a partir de amostra de grãos busca-se quantificar os teores de umidade e impurezas; presença de
material estranho; presença de insetos vivos ou mortos ou partes destes; índices de grãos inteiros,
quebrados, mal formados e infestados por fungos e, ou insetos; massa especifica – PH; odores, etc.
Desse modo, segundo as quantificações das avaliações citadas, o padrão do produto é determinado,
o que definirá a aceitação para consumo e comercialização, como também, será definido o preço do
produto.

2.8 Qualidade percebida


A qualidade percebida está associada à imagem e reputação construída pela empresa ao longo
de sua existência na prestação de serviço na área de armazenagem. Desse modo, clientes depositários
e clientes que adquirem os produtos armazenados desenvolvem confiabilidade de capacidade técnica
e idoneidade moral em relação à empresa. Isso abre portas para o mercado. A mensuração da
qualidade percebida pode ser executada por meio de questionários de levantamento de opinião e
índices de transação da empresa.

3. Perdas em unidades armazenadoras


Além dos custos operacionais, há também, o custo associado às perdas de qualidade e quantidades.
As perdas qualitativas referem à depreciação do padrão de classificação em razão de fenômenos como
infestação de fungos, ataque de insetos e ocorrência de danos mecânicos e, ou, térmicos.
Quanto às perdas quantitativas, estas decorrem do: (i) derramamento de grãos nos pátios de manobras,
túneis, pés de elevadores e interiores de secadores; (ii) descartes de grãos inteiros ou de suas partes
durante a secagem e limpeza da massa de grãos; (iii) consumo por insetos, fungos, roedores e
pássaros; (v) supersecagem na aeração, (vi) misturas indevidas de produto; (vii) combustão de grãos
em incêndios em secadores; e (viii) respiração da massa de grãos.
Para minimizar e garantir a boa conservação dos produtos, os gestores das unidades armazenadoras
podem utilizar a técnica de APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, em que, os
perigos são associados aos níveis de perdas quantitativas e qualitativas, enquanto os Pontos Críticos
de Controle – PCC são os locais onde essas perdas ocorrem. E para cada um deles são definidas
estratégias para minimizar as perdas.
Conforme representado na Figura 05, para o sistema unidade armazenadora podem ser tomados nove
Pontos Críticos de Controle, os quais são descritos a seguir.

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- perda de qualidade.
- perda de quantidade
Produto seco e limpo

PCC-4 PCC-8
Produto úmido e sujo

PCC-6

PCC-3
PCC-1
PCC-7 PCC-9
PCC-2
PCC-5

Figura 05 – Pontos críticos de controle em unidades armazenadoras.

3.1 PCC-1 – Recepção


As perdas na recepção decorrem de erros cometidos na amostragem, pesagem e
determinações dos teores de impurezas e de água.
O objetivo da amostragem é representar as características reais da carga por meio de pequenas
quantidades de produto, denominadas amostras. A partir das análises laboratoriais dessas amostras
serão procedidas inferências sobre o estado da carga por completo. Desse modo, se a carga é
indevidamente amostrada os valores inferidos podem, por exemplo, subestimar os valores dos teores
de impureza e de água.
Assim, ao serem calculadas as quebras de impureza e de umidade o valor do quantitativo de produto
a ser lançado no sistema de controle de estoques estará superestimado em relação ao valor real
apurado nas operações de pré-limpeza, secagem e limpeza.
Para o cálculo de quebra de impurezas algumas empresas simplesmente subtraem os teores
de impureza inicial e final (equação 01). No entanto, sob o aspecto matemático, o correto é calcular a
quebra de impureza por meio da equação 02. Isso porque os denominadores das relações que definem
os teores de impureza inicial e final são diferentes, e de acordo com as regras aritméticas a soma ou
subtração de frações somente se aplicam quando os denominadores são iguais.

QI = I i − I f eq. 01

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( I i − I f )  100
Qi = eq. 02
(100 − I f )

em que:
QI = quebra de impureza, %;
Ii = teor de impureza inicial, %; e
If = teor de impureza final, %.

Desse modo, por exemplo, se fosse recebida uma carga de 18,5 toneladas com 4,00% de impurezas
e o padrão de comercialização fosse 1,00%, por meio da equação 01, a quebra de impureza seria de
3,00% e pela equação 02 3,03%, o que corresponderia ao desconto de 555,0 kg e 560,5 kg de
impurezas, respectivamente. Portanto, uma diferença de 60,5 kg. O fato de não contabilizar essa
quantidade de impurezas incorrerá em erros no balanço final da movimentação de produto. Visto que
as máquinas de pré-limpeza e limpeza realmente removerão os 560,5 kg de impurezas.
Para o cálculo da quebra de umidade é necessário determinar o teor de água inicial da carga, que pode
ser expresso em base úmida ou base seca.
O teor de água em base úmida, ou simplesmente, umidade, é a relação percentual entre a
massa de água presente no produto e a massa de produto. Enquanto que o teor de água
em base seca é a relação matemática entre massa de água e massa de matéria seca.
A quebra de umidade se refere ao índice para o cálculo da quantidade de água a ser removida do
produto no processo de secagem. Ao ser utilizado teor de água expresso em base úmida emprega-se
a equação 03. E se estes teores forem expressos em bases seca emprega-se equação 04.

(U i − U f )  100
QU = eq. 03
(100 − U f )

em que:
QU = quebra de umidade, %;
Ui = teor de água inicial em base úmida, %; e
Uf = teor de água final em base úmida, %.

QUbs = (Ubsi − Ubs f ) eq. 04

em que:
QUbs = quebra de umidade em base seca, decimal;

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Ubsi = teor de água inicial expresso em base seca, decimal; e
Ubsf = teor de água final expresso em base seca, decimal.

Portanto para minimizar erros no setor de recepção: (i) as cargas devem ser adequadamente
amostradas; e (ii) os aparelhos empregados no laboratório devem estar devidamente calibrados e
serem apropriadamente utilizados.

3.2 PCC-2 - Moegas


Em algumas concepções de projeto de unidades armazenadoras ao invés de investir em silos-
pulmões, opta-se por aumentar a capacidade estática das moegas.
Diferentemente dos silos-pulmões, as moegas não dispõem de sistema de aplicação de ar para
reduzir a temperatura da massa de grãos que aguarda processamento. Desse modo, grãos com teores
de água acima de 18% e temperatura ao redor de 30 oC estabelece condições favoráveis a proliferação
dos fungos intermediários, que podem consumir parte da massa de produto, como também, contaminá-
la com micotoxinas.
Outro fator de perda é o aumento da taxa de respiração da massa de grãos, em que a matéria
seca do produto é convertida em calor, vapor de água e gás carbônico.
Desse modo é recomendado que o tempo de retenção do produto úmido nas moegas seja
minimizado, o que implicará no aumento da capacidade estática de silos-pulmão, ou aumento da
capacidade horária de secagem.

3.3 PCC-3 - Máquina de pré-limpeza


Quando ocorrem erros na escolha das peneiras, na regulagem da velocidade de oscilação das
caixas de peneiras e do sistema de aspiração pode ocorrer que grãos, e, ou suas partes sejam
descartadas como impurezas.
Desse modo, cuidados devem ser dispensados à regulagem e operação das máquinas de pré-
limpeza.

3.4 PCC-4 – Silo pulmão


Para a guarda de produto úmido nos silos pulmões, estes devem ser dotados de ventiladores
que permitam aplicar o fluxo de 300 a 500 litros de ar por minuto por metro cúbico de produto. Caso
contrário, o produto irá aquecer rapidamente em razão da maior taxa de respiração do produto e da
atividade dos fungos intermediários, que também faz surgirem micotoxinas.

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Portanto, é necessário que o sistema de aplicação de ar em silos pulmões estejam devidamente
dimensionados e que o tempo de retenção do produto seja reduzido.

3.5 PCC-5 - Secador


É na secagem que normalmente ocorre maior depreciação da qualidade do produto em razão
dos danos mecânicos e térmicos. E essa perda de qualidade é constatada ao detectar que os índices
de grãos trincados e quebrados podem até triplicar. O que decorrem principalmente quando da
secagem de milho com teores de água superior a 26%. Nesse caso, devido à frágil consistência do
produto e a necessidade de proceder à secagem de forma intermitente, faz com que a cada nova
passagem do produto pela torre de secagem ocorra perda de qualidade.
Como consequências desses danos são constatadas: (i) maior emissão de material particulado
pelo sistema de exaustão do secador. E esse material normalmente é a película que reveste os grãos
de milho denominada pericarpo. Os grãos sem pericarpo tornam-se altamente suscetíveis aos ataques
de fungos e bactérias; (ii) maiores índices de grãos trincados e descolorados, o que facilita a infestação
por fungos, como também, deprecia o valor comercial do produto; e (iii) maior índice de grãos trincados
o que causa maiores perdas na operação de limpeza, dificuldade de realização da aeração durante a
armazenagem e facilita a proliferação de insetos e fungos.
Quanto às recomendações para evitar as perdas na secagem apresenta-se: (i) o teor de água
inicial do produto deve ser inferior a 25%; (ii) a seca-aeração deve ser empregada para reduzir o tempo
de exposição a secagem; (iii) os secadores devem dispor de sistema de descarga que minimizem a
ocorrência de danos mecânicos; (iv) os produtos, quando do processo de melhoramento vegetal, deve
ser levada em conta a robustez dos grãos quanto aos danos mecânicos e térmicos; e (v) os secadores
devem ser devidamente operados no que se refere à temperatura do ar de secagem e velocidade de
deslocamento do produto pela câmara de secagem.
Outra causa de perdas nos secadores são os incêndios devido ao bloqueio do fluxo de produto
devido principalmente às impurezas. Portanto, a depender da magnitude do incêndio pode ocorrer
combustão do produto dentro do secador. Para evitar essa perda, a operação de pré-limpeza deve ser
conduzida adequadamente. E se o problema de retenção do produto na torre de secagem for estrutural,
procedimentos de manutenção devem ser conduzidos.

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3.6 PCC-6 - Máquina de limpeza
Produto como milho, a operação de limpeza é cercada de transtornos em razão do aumento do
índice de grãos quebrados durante a secagem. Desse modo, na operação de limpeza os grãos
quebrados serão descartados como impurezas pelo sistema exaustão, como também, pelas peneiras.
Para minimizar os prejuízos, o montante de grãos trincados obtidos deve ser imediatamente
comercializado. Não se recomenda a armazenagem desses produtos em separado e reincorporação
no momento da expedição devido ao alto risco de contaminação por micotoxinas.

3.7 PCC-7 - Armazenagem


As perdas na armazenagem são atribuídas ao: (i) processo de respiração da massa de grãos;
(ii) infestação de insetos, fungos, roedores e, ou pássaros; (iii) super-secagem causada pela condução
da operação de aeração sob condições psicrométricas não apropriadas.
No processo de respiração sabe-se que de cada 180 gramas de matéria seca e com a
disponibilidade de 134,0 litros de oxigênio serão obtidos 134,4 litros de gás carbônico, 108,0 gramas
de água e 677,2 calorias. A água produzida irá umedecer outras porções de grãos e o calor produzido
irá causar aumento da temperatura do ambiente melhorando as condições para proliferação de insetos,
fungos e bactérias.
Portanto para minimizar essa perda, a massa de grãos deve apresentar teor de água em torno
de 13,0% e temperatura abaixo de 20 oC. Para se ter garantia do teor de água no nível especificado é
fundamental monitorar essa propriedade durante a secagem. Pois bolsões de grãos úmidos na massa
de grãos propiciaram a ocorrência de focos de aquecimento, o que é resultado do processo de
respiração.
Sob aspecto contábil, a gerência da unidade armazenadora pode promover a retenção de
produto a título de quebra técnica, que fundamentalmente, refere-se à perda de massa em razão da
respiração. Portanto, tem sido utilizado por alguns agentes armazenadores o índice de quebra técnica
igual a 0,01% ao dia.
Quanto às infestações de insetos, fungos, roedores e, ou pássaros, além do consumo da massa
de grãos, pode também ocorrer a depreciação da qualidade devido à presença de grãos ardidos,
insetos mortos ou partes, fezes e pelos de roedores, e fezes e penas de pássaros. Além disso, a massa
de grãos pode tornar-se contaminada por micotoxinas e agentes patológicos. A minimização desses
danos dá-se pela implantação de um rigoroso programa de Manejo Integrado de Pragas – MIP.

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A super-secagem consiste na perda de água durante a armazenagem deixando o teor de água
abaixo do estabelecido para comercialização. Isso normalmente ocorre devido a realização da
operação de aeração em momentos inadequados.
Sendo, a unidade armazenadora a fiel depositária, normalmente, o depositário terá direito de
retirar integralmente a quantidade depositada. Sendo assim, para repor a quantidade de água perdida
é necessária uma determinada quantidade de grãos. Fatalmente, essa quantidade gera saldo negativo,
ao final da movimentação de produto. A minimização desse problema passa pelo treinamento dos
responsáveis e o perfeito dimensionamento do sistema de aeração.

3.8 PCC-8 - Caixa de expedição


A caixa de expedição deve ser utilizada exclusivamente para finalidade que foi projetada. Restos
de produtos deixados nesse depósito podem deteriorar facilmente, como também, propiciar a mistura
indevida de produtos diferentes. Sendo assim, é recomendado manter a caixa de expedição sempre
vazia.

3.9 PCC-9 - Locais diversos

Para a temática abordada, locais diversos de derrames inadvertidos de grãos referem-se às


quantidades de produtos deixadas nos pátios de manobra dos caminhões, nos túneis, pés de
elevadores e interiores dos secadores.
De acordo com o programa MIP, o ambiente da unidade armazenadora sempre deve estar
limpo. Desse modo, as quantidades de grãos apuradas das varrições, após limpas, secas e tratadas
podem ser incorporadas a massa de grãos. Isso trás como benefícios: (i) a redução do saldo negativo
de produtos; (ii) a eliminação de focos de proliferação de insetos e roedores; e (ii) a redução da
possibilidade da ocorrência de gases tóxicos em ambientes confinados devido a fermentação e, ou
putrefação de grãos.

4. Referências

01. BAKKER ARKEMA, F. W. [editor] Agro-Processing Engineering. Edited by CIGR - The International
Commission of Agricultural Engineering. Volume IV. ASAE.1999.

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02. BROOKER, D. B., BAKKER-ARKEMA F. W., HALL, C. W.. Drying and Storage of Grains and
Oilseeds. New York: Van Nostrand Reinhold. 1992. 4.

03. CARAVALHO, N. M., NAKAGAWA J. [Coordenadores] Sementes: Ciência, Tecnologia e Produção.


Fundação Cargill, 3a Edição. 1988. 424p.

04. PUZZI, D. Abastecimento e Armazenagem de Grãos. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola.


Campinas: SP 1986. 603 p.

05. SILVA, J. S. [editor] Pré-Processamento de Produtos Agrícolas. Instituto Maria. Juiz de Fora. 1995.
509 p.

06. WEBER, E. A.. Armazenagem Agrícola. Editora. Livraria e Editora Agropecuária, Guaíba: RS. 2001.
396 p.

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