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M.E.M. Duarte
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
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Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata1, Maria Elita Martins Duarte2
RESUMO
ABSTRACT
An agricultural product inter-granular porosity is understood as the random spaces which are formed
by the grouping of that product in a pre-certain volume. It’s a physics characteristic of the material.
The knowledge of that physical characteristic is important in several unitary operations in the
processes line of an Agro-industry. Among other processes, it can be mentioned the drying and the
aeration of grains and the cooling and the freezing of fruits. Thus, before its importance, the objective
of the present work is to describe the inter-granular porosity that happens in the agricultural products
which are necessary to the different processes, it way to determine it and some simple equipments that
can be made.
_______________________________
1
Professor Dr. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFPB, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande,
Paraíba, E-mail: mmata@deag.ufpb.br
2
Professora Dra. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFPB, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande,
Paraíba, E-mail: elita@deag.ufpb.br
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Essas variações tornam o estudo das apenas, diminuir, no entanto ocorrem outros
características físicas dos materiais biológicos possíveis erros como a possibilidade de
difíceis de serem consideradas com determina- absorção de água pelo produto.
das padronagens. Para evitar esta absorção de água é que
No entanto, é necessário considerar que Loperzen utilizou o tolueno em suas medições
é possível otimizar os processos de Engenharia de porosidade intergranular, no entanto, o uso
para empregá-los na produção agrícola, sendo deste líquido continuou não evitando os outros
que esta otimização pode se dar em níveis erros já supracitados.
adequados, para que sejam evitados os Como os líquidos não foram
desperdícios dos alimentos, possibilitando a considerados satisfatórios para medir a
formação e a evolução de novos projetos de porosidade intergranular de produtos agrícolas,
máquinas e equipamentos. Nesse contexto, o alguns pesquisadores iniciaram trabalhos,
conhecimento da porosidade intergranular de utilizando gases como veículo de medição.
um produto, entendido como uma das suas Assim, Gustafson e Hall (1972),
características físicas, é de suma importância, utilizaram um picnômetro de comparação
pois ela está inserida no dimensionamento de Hélio-ar conjugado com uma bomba a vácuo,
várias estruturas como silos, containeres, para determinar a porosidade do milho,
caixas, embalagens, unidades transportadoras, variedade Dekalb XL-66.
além de estar contida dentro dos estudos da A porosidade foi obtida, utilizando-se a
transferência de calor e de transferência de seguinte fórmula:
massa, nos processos hidrodinâmicos,
aerodinâmicos e termoelétricos, dentre outros P = 1- (u / ur ) (1)
não citados.
Alguns pesquisadores têm trabalhado na em que
determinação da porosidade de produtos
agrícolas, como sementes, grãos e frutos, e os P = porosidade, decimal
métodos utilizados para esta determinação, u = massa especifica aparente (kg/m3 )
variam de pesquisador para pesquisador. ur = massa especifica real (kg/m3 )
Zinc citado por Thompson e Issacs
(1967) determinaram a porosidade em grãos Mohsenin (1970) propôs, para medição
por meio de mercúrio, usando-o para ocupar os da porosidade intergranular, um picnômetro de
espaços intergranulares, contudo, percebeu-se comparação a ar, e com base em um
que existiam fontes de erros nessa medição, equipamento similar, Almeida et al. (1979)
pois, devido à densidade do mercúrio e de sua determinou a porosidade intergranular de
tensão superficial, ocorria uma formação de amêndoas de cacau em fase final de
espaços não ocupados pelo liquido, o que fermentação.
provocava erros de precisão nas medidas. Cavalcanti Mata e Fernandes Filho
Rossi e Roa (1980) usaram água para (1984) desenvolveram um picnômetro de
determinar a porosidade em grãos, já comparação a ar com base no princípio
Loperzen, citado por Cavalcanti Mata (1984), proposto por Mohsenin (1970), para
utilizou o tolueno. Embora os autores aleguem determinar a porosidade intergranular de
ter obtido a porosidade intergranular com sementes de mamona e algaroba.
determinada precisão, hoje se sabe que isso O picnômetro de comparação a ar
não corresponde à realidade, pois, no primeiro (Figura 1) era constituído de dois cilindros
caso, a água, dependendo do teor de umidade semelhantes, medindo 200mm de altura por
do produto, pode fazer uma diferença 103 mm de diâmetro interno e 114 mm de
significativa em produtos higroscópicos como diâmetro externo. Para vedação desses dois
é o caso dos produtos biológicos. Mesmo cilindros, foi construída uma peça, composta
assim, a água utilizada como líquido, para de um grampo (10) fundido na base inferior
medir o volume dos espaços intergranulares, (3) e a base superior fundida no fuso (11).
não elimina as fontes de erros descritas, Tanto a base superior, como a base inferior
quando se utilizou o mercúrio, podendo, contém uma camada de borracha de 3mm de
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m = m1 + m 2 (5)
tem-se:
Neste caso, a Equação 6 deve ser são interpretados e da maneira de como ocorre
utilizada, mas a consideração posterior deixa a determinação da porosidade.
de ser válida, podendo-se eliminar apenas a Os autores em primeiro lugar simularam
constante do gás (R), e a equação se tornaria: a ocorrência de um umedecimento dos grãos
no interior de um silo. Para tanto, confec-
P1.V1 P2 .V1 P2 .V2 cionaram um outro cilindro (cilindro2)
= + (11) semelhante ao cilindro 1 e injetaram ar úmido
T1 T2 T2
no cilindro 2 para umidecimento dos grãos de
milho, conforme mostrado na Figura 5.
Reordenado a equação, ficaria:
P2 .V2 P1 P2 água
V1. (13)
T2 T1 T2
V2 T2 P1 P2
. (14)
V1 P2 T1 T2
V2 T2 P1.T2 P2 .T1
. (15)
V1 P2 T1.T2
P1.T2 P2 .T1
(16)
P2 .T1
A B
depois de
uma hora secador
porosidade
V4
(29)
V1 - V3
V1 (P1 - P2 )
V4 V3 (32)
P2
Dividindo-se tudo por (V1 - V3 )
Tanto a forma, quanto o tamanho dos Sabe-se que todo material biológico não tem
produtos agrícolas influem na formação dos uma uniformidade, mesmo porque, dentro de uma
espaços intergranulares. No caso da forma, sabe- vagem, os grãos ou sementes que ficam no final da
se, por experiências realizadas, que um produto vagem são menores e de conformação diferente.
mais arredondado como grãos de soja formam Este fato, também, ocorre com produtos como
maiores espaços intergranulares que grãos de feijão milho, que não são provenientes de vagens, mas de
que têm a forma de um elipsóide e este, por sua espigas, onde se observa que, na ponta da espiga,
vez, tem maior porosidade que grãos de forma existem grânulos de tamanhos diferentes da região
elipsoidal mais alongada, como é o caso do trigo central, que, por sua vez, são diferentes de grãos da
ou do arroz. outra extremidade. Normalmente, as uniformidades
O tamanho também faz com que espaços dos produtos agrícolas são provenientes de um pré-
diferentes sejam formados. Se compararmos processamento, onde o produto é submetido a
produtos de formatos semelhantes como a soja e a máquinas que selecionam o produto por tamanho,
laranja, observa-se que a soja tem uma porosidade passando por peneiras de diferentes malhas. Este
de 37% aproximadamente, e a laranja de 45%. processo permite obter produtos com determinada
Assim, para determinar a porosidade de certos uniformidade.
produtos, elaboram-se tamanhos diferentes de
picnômetros de comparação ar. Na Figura 10, Na Figura 11, abaixo, é ilustrada uma
ilustra-se um picnômetro para medição de máquina de seleção de sementes onde se observam
sementes de tamanho pequeno onde o volume do as diferentes peneiras por onde as sementes passam
cilindro é de aproximadamente 420 cm3, sendo o e são selecionadas, bem como a eliminação das
manômetro feito de uma coluna de mercúrio para impurezas.
medição das pressões.
.
Grãos Conexão
Fluxo
de ar
Fundo falso do
silo-secador
Pressão estática
mm de água
Produto a b Intervalo de Q
(Pa.s2.m-3) (m .s.m-3)
2
(m3.s-1.m-2)
Arroz em casca 2,57 x 104 13,2 0,0056 - 0,152
Amendoim 3,80 x 103 111,0 0,030 - 0,304
Milho debulhado 2,07 x 104 30,4 0,0056 -0,304
Milho debulhado (baixo fluxo) 2,07 x 104 30,4 0,00025 -0,0203
Espiga de milho 1,04 x 104 325,0 0,051 - 0,353
Sorgo 2,12 x 104 8,06 0,0056 - 0,203
Soja 1,02 x 104 16,0 0,0056 - 0,304
Trigo 2,70 x 104 8,77 0,0056 - 0,203
Trigo (baixo fluxo) 8,41 x 103 2,72 0,00025 -0,0203
Fonte: ASAE - Standards (1993).
Se quisermos saber por meio da equação, camada de secagem de 0,5 metros, faz-se o
qual a resistência do milho debulhado para um seguinte cálculo:
fluxo de ar de 0,3 m3.s-1.m-2 e uma espessura da
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P = 0,5.(805) = 402,5 Pa ou 40,25 mm de H2O Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Fernandes Filho, J.G.
Determinação da porosi-dade de sementes de
Os valores da Figura 13 são para o produto mamona (Ricinus communis L.) e algaroba
sem compactação, limpo e seco. Para o produto (Prosopis juliflora (SW) DC). Revista
limpo, sem compactação e com alto teor de Nordestina de Armazenagem, Campina
umidade, usa-se 80% da pressão estática Grande-PB. a.1, n.1, p. 55-64, 1984.
encontrada.
No caso de se usar essa Tabela 1 para Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Pesquisa sobre
determinar a resistência dos grãos ao fluxo de ar propriedades físicas de materiais
para um silo, há que se levar em consideração o biológicos. Campina Grande-PB, Núcleo de
fator compactação; nesse procedimento, os grãos Tecnologia em Armazenagem, Universidade
podem oferecer uma resistência 50% maior do que Federal da Paraíba, 1984. 132p. (Relatório de
a determinada. Outro fator a ser considerado é a Pesquisa).
limpeza do produto, pois, se este contiver
impurezas menores que o tamanho do produto, Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Pesquisas sobre
estas se localizarão nos espaços intergranulares, secagem e armazenagem de produtos
oferecendo uma resistência adicional à passagem agrícolas. Campina Grande-PB, Núcleo de
do fluxo de ar pelos grãos. Até o momento, não Tecnologia em Armazenagem, Universidade
existem trabalhos que possam recomendar um Federal da Paraíba., 1989. 165p. (Relatório de
valor adicional em função do percentual de Pesquisa).
impurezas, pois essas partículas, quando
incorporadas ao produto, apresentam tamanhos Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Souza, E.B.
variáveis, não existindo uma freqüência dessa Determinação da porosidade e da massa
incidência. específica aparente de feijão mulatinho em
situações simuladas de secagem e
CONCLUSÕES armazenagem. Revista Nordestina de Arma-
zenagem, Campina Grande-PB. a. 4, n.1, p.
Diante do relatado neste trabalho pode-se 26-41, 1990.
dizer que:
Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Duarte, M.E.M.
Existem métodos de determinação da Alteração da porosidade do feijão macassar
porosidade seguros e outros com durante o processo secagem, levando-se em
determinada margem de erro; consideração a sua contração volumétrica.
A porosidade intergranular de produtos Campina Grande-PB. 2001, 23p. (Relatório de
agricolas varia com uma serie de fatores e Pesquisa).
que alguns desses fatores não são
controláveis; Chung, D.S.; Converse, H.H. Effect of moiture
A porosidade é o principal fator que define content on some physical properties of grains.
a resistência à passagem do ar no processo Transaction of the ASAE, St. Joseph,
de secagem e aeração de produtos Michigan. v.14, n.4, p.614-620, 1971.
agrícolas;
Gustafson, J.R.; Hall, G.E. Density and porosity
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MESTRADO
Reconhecido pela CAPES – Conceito 5
ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
Linhas de Pesquisa
Manejo de Solo, Água, Planta
Salinidade
Engenharia de Irrigação e Drenagem
Sensoriamento Remoto
Planejamento de Áreas Irrigadas
INSCRIÇÕES
Documentos exigidos:
Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4
Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios
Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente
Histórico escolar da graduação
Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor
2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG)
Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação Docente e
Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso
Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com ou
sem recebimento de remuneração, se for o caso
Períodos de Inscrição:
Maio para início do Curso em Setembro
Setembro para início do Curso em Março
Endereço:
COPEAG – Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó
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