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Caracterização físico-química de diferentes substratos e sua influência no


desenvolvimento da grama esmeralda

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Patrick Luan Ferreira dos Santos Regina Castilho


São Paulo State University São Paulo State University
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Caracterização físico-química de diferentes substratos e sua influência
no desenvolvimento da grama esmeralda
Patrick Luan Ferreira dos Santos(1) e Regina Maria Monteiro de Castilho(2)
(1)
Engenheiro Agronomo, Universidade Estadual Paulista (UNESP)/Ilha Solteira, mestrando no em Agronomia, UNESP/Ilha Solteira,
Brasil. e-mail: patricklfsantos@gmail.com.
(2)
Engenheira Agronoma, Universidade de Taubaté, Mestre e Doutora em Botânica-UNESP/Botucatu, docente do Departamento de
Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, UNESP/Ilha Solteira, Brasil. e-mail: castilho@agr.feis.unesp.br.

Resumo - O trabalho teve como objetivo caracterizar física e quimicamente combinações de componentes de substratos e
sua influencia no desenvolvimento da grama esmeralda (Zoysia japonica Steud.). O experimento foi conduzido a pleno sol
na UNESP – Campus de Ilha Solteira – SP. Foram utilizados três componentes de substrato: areia, solo e composto
orgânico (grama batatais + esterco bovino decompostos por 1 ano). Os tratamentos foram: 1- solo; 2- solo + areia (2:1); 3-
solo + composto orgânico (1:1); 4- solo + composto orgânico + areia (2:1:1); 5- composto orgânico + areia (3:1). As
misturas foram acondicionadas em conteiners (jardineiras) de 8,46 L, com plantio posteriormente de grama esmeralda.
Foram realizadas análises físicas e químicas de cada substrato e o teor de clorofila e massa fresca e seca das folhas da
grama esmeralda. Conclui-se que o Tratamento à base de composto orgânico + areia (3:1) proporcionaou os melhores
resultados para as características físico-químicas avliadas, sendo este o componente de substrato mais adequado para
desenvolvimento da grama esmeralda.

Palavras chaves: Zoysia japonica, matéria orgânica, índice de teor de clorofila, gramado.

Physico-chemical characterization of different substrates and their


influence on the development of zoysia grass
Abstract - The study aimed to characterize physically and chemically combinations of substrates components and their
influence on zoysia grass development. The experiment was conducted in full sun in UNESP - Ilha Solteira-SP. Three
substrate components were used: sand, soil and organic compound (Bahia grass + cattle manure decomposed for 1 year),
and the Treatments were: 1- soil; 2- soil + sand (2:1); 3- soil + organic compound (1:1); 4- Soil + organic compound + sand
(2:1:1); 5- organic compound + sand (3:1), installed in containers of 8.46 L, and then implanted the zoysia grass on each
treatment. Physical and chemical analysis werw carried out for each substrate and chlorophyll content, for fresh and dry
mass of zoysia grass. It can be concluded treatment: organic compound + sand (3:1) showed the best results for the
evaluated characteristics, it is the most suitable substrate to zoysia grass development.

Keywords: Zoysia japonica, organic matter, chlorophyll content índex, green.

Introdução intensidade média, com reprodução predominantemente


vegetativa, de crescimento rizomatoso-estolonífero
Os gramados tem assumido em todo o mundo lugar de formando um perfeito tapete quando ceifada com
destaque tanto pelo seu admirável valor estético como por frequência, além de adaptar-se a diferentes tipos de solos
suas diversas funcionalidades (Carribeiro, 2010). O desde arenosos a argilosos, exceto aos solos com baixa
mercado de gramas ornamentais movimenta bilhões de capacidade de drenagem (Godoy et al., 2012).
dólares no mundo todo, principalmente nos EUA e Europa. Contudo, os gramados na maioria das vezes são
No Brasil, com a valorização dos trabalhos paisagísticos, instalados em solos inadequados, o que pode trazer
tem aumentado o mercado para produção e manutenção prejuízos ao desenvolvimento da espécie, com um
de gramados, se tornando um importante seguimento da decréscimo no crescimento e formação de raízes finas e
agricultura e da indústria de insumos e máquinas (Godoy et superficiais (Carribeiro, 2010).
al., 2012). Assim, faz-se necessária a utilização de misturas de
Uma espécie que vem se destacando no cenário componentes de substrato, os quais devem apresentar
nacional é a grama-esmeralda (Zoysia japonica Steud.). propriedades físicas, químicas e biológicas adequadas e
Esse tipo de grama possui lâminas foliares estreitas e fornecer os nutrientes necessários, requisitos fundamentais
rígidas com excelente densidade e coloração verde de no processo de estabelecimento e desenvolvimento da

Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.6, p.1-5, nov. 2016 21
grama. Além disso, a qualidade do substrato depende das instalação do ensaio, sendo estas deformadas e segundo o
proporções e dos materiais que compõem a mistura método da Embrapa-Empresa Brasileira de Pesquisa
(Kämpf, 2001). Agropecuaria (1997).
Quando variáveis de mistura estão envolvidas em uma Para fins de desenvolvimento do gramado, avaliou-se o
otimização, o resultado depende da proporção em que Índice de Conteúdo de Clorofila com o uso de
esses componentes se encontram e seus níveis não podem clorofilômetro manual - Chlorophyll Content Meter (CCM
ser variados sem levar em conta os outros componentes. 200), aos 0, 8, 15, 22, 28, 43, 64, 78, 85, 97, 125, 132, 146,
Desta forma, misturas são sistemas cujas propriedades 153, 160, 167, 174 e 188 dias após o plantio.
dependem das proporções relativas dos seus componentes Foram avaliadas, também a massa fresca e seca de
e não de suas concentrações (Coscione et al., 2005), sendo folhas, onde foram coletadas todas as folhas do gramado
as propriedades físicas e químicas do substrato fatores de cada contêiner, sendo essas colocadas em sacos de
essenciais para um bom desenvolvimento das plantas. papel previamente tarados e identificados, determinando-
O trabalho teve como objetivo caracterização química e se a massa fresca. Os sacos form alocados em estufa de
física de diferentes misturas de componentes de substratos circulação de ar forçado, a 60°C, por 3 dias, e pesadas
e sua influência no desenvolvimento da grama esmeralda. quando estabilizada a massa, determinando-se a massa
seca, repetindo-se essa operação por três vezes aos 28, 98
Material e Métodos e 188 dias após o plantio.
Os resultados foram analisados através de análise de
O trabalho foi conduzido a pleno sol, em área variância (ANAVA) e teste de Tukey ao nível de 5% de
cimentada, na Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – probabilidade para comparação de médias dos
UNESP, Campus-II, na cidade de Ilha Solteira/SP, no período tratamentos, utilizando-se do programa SISVAR para
de 15 de setembro de 2012 a 24 de março de 2013. Os análise dos dados (Ferreira, 2003).
tapetes foram recortados e implantados em contêineres de
plástico preto (volume 8,46 L). O delineamento Resultados e Discussão
experimental utilizado foi inteiramente casualizado com
cinco tratamentos e três repetições, sendo os tratamentos Na Tabela 1, estão apresentados os resultados da
compostos pelos seguintes substratos: análise química dos substratos, nota-se que para pH, os
T1- solo tratamentos: 1 e 2 foram os únicos com valores de pH
T2- solo + areia (2:1) ácidos, os demais tratamentos apresentaram resultados
T3- solo + composto orgânico (1:1) mais próximos da neutralidade. Observa-se ainda que T1 e
T4- solo + composto orgânico + areia (2:1:1) T2 exibiram alumínio disponível em seus substratos e
T5- composto orgânico + areia (3:1) consequentemente saturação de Al (M).
Na soma de bases (SB), Capacidade de troca cationica
O solo utilizado foi Latossolo Vermelho Distroférrico (CTC) e saturação de bases (V) é observado que os maiores
(camada 0–20 cm) – proveniete da Fazenda Experimental valores foram obtidos pelos tratamentos 3, 4 e 5, e para o
da UNESP/Ilha Solteira-SP, localizada no município de teor de fósforo é constatado que T4 e T5 apresentram
Selvíria-MS. altos resultados quando comparados aos demais
O composto orgânico encontrava-se em decomposição tratamentos.
há um ano, sendo formado das folhas de grama batatais e Com relação a matéria orgânica (MO) é nítido que os
esterco de curral (1:1); a areia média lavada foi adquirida substratos com composto orgânico em sua composição
no comercio local. apresentaram os melhores valores, ou seja, os tratamentos
O manejo da irrigação foi realizado diariamente de 3, 4 e 5.
forma manual, sendo que os contêineres receberam água A Tabela 2 apresenta os dados de macroporosidade,
até a saturação, a fim de garantir que o fator água não microporosidade, porosidade total e densidade dos
interfira nos resultados do experimento. substratos. Pelos dados pode-se constatar que o
Realizou-se uma análise química de cada substrato, de tratamento 3 apresentou maior média de macroporosidade
acordo com o método da resina citado por Raij et al. com 17,5%, não diferindo estatisticamente apenas de T5
(1987). A amostra foi coletada para análise na instalação do com 17%. T1, T2 e T4 constataram valores de 12,67%, 12%
ensaio, dia 15 de setembro de 2012. e 10,83% respectivamente sendo estatisticamente iguais.
Para as análises físicas avaliou-se macro e Para porosidade total, observa-se que houve diferença
microporosidade, porosidade total e densidade de cada estatística entre T3 (59,67%) e T2 (44,50%) e que T5 o único
substrato. Uma amostra de cada contêiner foi retirada na substrato estatisticamente igual a T3.

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Tabela 1. Análise química das misturas de componentes de substratos.

pH Ca Mg K Al H + Al SB CTC P MO V M
CaCl2 -------------------mmolcdm-3----------------- mg dm-3 g dm-3 --- % ----
T1- S 4,5 5 4 1,9 8 29 10,9 39,9 3 13 27 42
T2- S+A 2:1 4,7 39 3 1,6 4 20 43,6 63,6 4 11 69 8
T3- S+CO 1:1 6,5 96 38 39 0 15 173 188 222 28 92 0
T4- S+CO+A 2:1:1 6,2 95 19 19,2 0 15 133 148,2 496 22 90 0
T5- CO+A 3:1 7,5 36 42 58,2 0 8 136,2 144,2 421 35 94 0
Procedimento de ensaio: método da resina citado por Raij (1987). S= solo; A= areia; CO= composto orgânica.

Para microporosidade T3 apresentou maior Para a densidade dos substratos observa-se que T2
porcentagem (42%), sendo estatisticamente igual a T4 e T5. apresentou o maior valor (1,46 g cm-3), sendo
T2 obteve o menor resultado (32,5%) sendo estatisticamente diferente dos demais tratamentos,
estatisticamente diferente dos demais tratamentos, enquanto que T5 apresentou a menor densidade (0,99 g
enquanto que T1 e T4 são estatisticamente iguais com cm-3) não diferindo de T3, por sua vez, T1 e T4 não
valares de 36,67% e 39,83% respectivamente. diferiram entre si.

Tabela 2. Valores médios da macro, micro, porosidade total e densidade dos substratos.

Macro Micro Poros. Total Densidade


Tratamento (%) (%) (%) g cm-3
T1- S 12,67 b 36,67 b 49,17 b 1,28 b
T2- S+A 2:1 12,00 b 32,50 c 44,50 c 1,46 a
T3- S+CO 1:1 17,50 a 42,00 a 59,67 a 1,02 c
T4- S+CO+A 2:1:1 10,83 b 39,83 ab 50,83 b 1,23 b
T5- CO+A 3:1 17,00 a 40,33 a 57,17 a 0,99 c
CV (%) 16,64 5,20 3,49 4,79
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de significância pelo teste Tukey. S= solo; A= areia;
CO= composto orgânica.

A Tabela 3 apresenta os valores de Teor de Clorofila, baixa CTC e ainda são mais suscetíveis à perda de
Massa Fresca e Massa Seca da parte aérea da grama nutrientes por lixiviação, sendo que os tratamentos T1 e T2
esmeralda. foram os que apresentaram menores teores de matéria
Nota-se que o melhor resultado obtido para todas as orgânica e as menores CTC (Tabela 1).
analises realizadas foi no tratamento T5. Para o teor de Barcelos et al. (2012), avaliando a influencia de
clorofila, T2 é o menor valor encontrado, sendo que este diferentes substratos no teor de clorofila das folhas de
difere estatisticamente apenas de T1. Já nas massas fresca grama esmeralda, encontraram intervalos entre 13,09 a
e seca os tratamentos T1 e T2, apresentaram as menores 18,18 ICC, e observaram que os substratos que continham
médias quando comparados aos demais substratos. matéria orgânica em sua composição apresentaram os
Observa-se ainda que T3 e T5 não diferiram melhores resultados, fato condizente com o presente
estatisticamente em nenhuma das avaliações; ambos estudo.
apresentaram os melhores resultados. Observa-se ainda na Tabela 1, que a quantidade de Mg
Os baixos valores encontrados por T1 e T2 para o ICC, nos tratamentos T1 e T2 é baixa e H+Al alta, quando
podem ser explicados pela análise química dos comparados aos demais tratamentos. Isso se deve, pois
tratamentos. De acordo com Godoy & Villas Bôas (2005) segundo Faquin (2005) solos ácidos tem tendência a menor
substratos que não contém matéria orgânica em sua teor de Mg+2, em contrapartida, H+ e Al+3 são encontrados
composição, conseguem reter poucos nutrientes devido à em maiores concentrações nestas condições. Sendo assim a

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absorção do Mg+2 pela planta é diminuída em função da Castilho et al. (2012) verificaram que o índice de
acidez potencial (H+Al). Isso explica os baixos valores clorofila das folhas de grama esmeralda foi influenciado
encontrados por T1 e T2 para o teor de clorofila das folhas, pela porosidade total do subtrato, encontrando intervalos
pois autor afirma que, a função mais conhecida do Mg é a entre 8,33 a 14,70 ICC, no qual o tratamento composto por
de compor a molécula da clorofila, que são porfirinas solo + areia (1:1) apresentou menor porosidade total
magnesianas; onde o elemento corresponde a 2,7% do (39,77%) e consequentemente menor teor de clorofila
peso das mesmas e representa cerca de 15 a 20% do Mg (8,33 ICC). No presente trabalho, T2 composto de solo +
total das folhas das plantas. areia (2:1) mostrou a menor porosidade total (44,5%) e
consequentemente o menor teor de clorofila.
Tabela 3. Valor médio do índice de teor de Clorofila (TC) Para os resultados obtidos de massa fresca e seca na
das folhas, Massa Fresca (MF) e Massa Seca (MS) da parte Tabela 3, Kämpf & Fermino, (2000) podem explicar os
aérea em diferentes composições de substrato. baixos valores obtidos por T1 e T2, pois segundo os
autores, o nível de acidez do substrato interfere na
TC MF MS absorção de nutrientes pelas plantas bem como no
Substrato ICC --------------- g --------------- desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea,
T1- S 15,53 b 53,24 b 27,72 b levando-se em consideração que substratos com alta acidez
T2- S+A 2:1 14,94 b 54,44 b 27,72 b devem ser corrigidos. Deste modo T1 e T2 que
T3- S+CO 1:1 18,43 a 90,90 a 45,54 a apresentaram os menores valores de pH (Tabela 1),
T4- S+CO+A 2:1:1 18,44 a 66,66 b 32,43 b possivelmente tiveram o seu desenvolvimento prejudicado
T5- CO+A 3:1 19,54 a 101,16 a 50,13 a pelos baixos valores de massa fresca e seca dos dois
CV (%) 6,76 20,55 19,60 tratamentos.
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem O pH ideal para desenvolvimento de grama esmeralda,
entre si ao nível de 5% de significância pelo teste Tukey. segundo Abujamra et al. (2005) está situado entre 6,0-7,0;
S = solo; A = areia; CO = composto orgânica. os tratamentos T1 e T2, portando, apresentaram valores
abaixo do citado (Tabela 1), T3 e T4 estão dentro do
Albuquerque (2009) defende que obtém-se a maior intervalo requerido e T5 um pouco acima do mencionado
capacidade de absorção dos nutrientes quando a taxa de (7,5), mas apesar disso foi o tratamento que obteve as
pH se aproxima a sete. No entanto, à medida que o pH melhores médias de massa fresca e seca, quando
diminui, observa-se queda na capacidade de absorção. comparado aos demais tratamentos. Contudo, Carrow et
Assim em T1 e T2 que apresentaram baixos valores de pH al. (2001) afirmam que a grama esmeralda é tolerante ás
(Tabela 1), pode-se concluir que a absorção de nitrogênio condições de alta acidez do solo, porém seu
foi prejudicada, uma vez que referidos tratamentos desenvolvimento pode ser prejudicado, o que também
apresentaram baixos índices de clorofila, e segundo ajuda a explicar os baixos valores de massa fresca e seca de
Bowman et al. (2002), o teor de clorofila nas folhas reflete T1 e T2, em condições de baixo pH.
indiretamente a quantidade de N absorvida pelas plantas, No entanto, Godoy et al. (2012) garantem que podem
sendo o nitrogênio elemento mineral requerido, em ocorrer variações da tolerância à acidez do solo,
maiores quantidades pelas gramas e quando mantido em principalmente devido ao teor de alumínio (tóxico) entre as
níveis adequados promove o vigor, a qualidade visual e a espécies de grama. Baldwin et al. (2005) observaram a
recuperação de injúrias. redução no crescimento da parte aérea da grama bermuda
Ainda, os baixos valores obtidos por T1 e T2 deve-se ao híbrida com o aumento do teor de Al no solo, contudo ao
fato desses substratos serem os mais compactados quando reduzir o pH de 6,5 para 4,0, sem a presença de Al, não
comparados aos demais tratamentos (Tabela 2). T1 houve alteração no crescimento da grama e conforme
constatou densidade de 1,28 g cm-3 e porosidade de consta na Tabela 1 os tratamentos T1 e T2 são os únicos
49,17%, já T2 1,46 g cm-3 e porosidade total de 44,50%, substratos que contém alumínio em sua composição,
porém os dois substratos se diferem estatisticamente pelas podendo talvez esse elemento ter interferido no
analises físicas. Caso essa valida o que afirmam Goedert et crescimento do gramado.
al. (2002), quando afirmam que alteração na morfologia da Com relação a influência das propriedades físicas dos
raiz devido a compactação pode levar a uma redução de substratos na produção de massa fresca e seca, nota-se que
absorção de água e nutrientes, o que causa dano ao T5, apresentou as melhores propriedades físicas (Tabela 2),
gramado. quando comparado aos demais tratamentos, e
consequentemente os maiores valores de massa fresca e
seca (Tabela 3). Já T2 que apresentou baixos valores de

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massa fresca e seca, proporcionou os piores resultados 3. Os maiores valores de massa fresca e seca foram
para as análises de macroporosidade, microporosidade, encontrados com os tratamentos T3 e T5 à base de solo +
porosidade total e densidade. composto orgânico (1:1) e composto orgânico + areia 2:1, e
Para Kiehl (1979), um solo ideal é aquele que apresenta com isso, ocorre aumento na necessidade de cortes para a
1/3 de macroporos dos 0,50 m³/m³ ocupados pelos espaços manutenção da estética do gramado.
do solo, isto é, 0,17 m³/m³, ou, 17% de macroporos. Sendo
assim, constata-se que, os tratamentos T3 e T5 são os Referências
únicos substratos a obter o resultado considerado ideal,
com 17,5% e 17% respectivamente, e que apresentaram os ABUJAMRA, R.C.P.; ANDRADE NETO, C.O.; MELO, H.N.S.
melhores resultados de massa fresca e seca. Reuso de águas residuais tratadas no cultivo de grama
De acordo com Duble (2009) valores adequados de hidropônica. Anais 23º Congresso Brasileiro de Engenharia
porosidade total, para que haja um crescimento e Sanitária e Ambiental. Campo grande, Brasil. 6 p. 2005.
desenvolvimento adequado em gramados, estão
compreendidos entre 0,40-0,50 m³ m-³, equivalente a 40- ALBUQUERQUE, B.C. Estudo da viabilidade técnica do
50%, dessa forma apenas T1 e T2 mostraram valores dentro cultivo de gramas Esmeralda (Zoysia japonica) na região
desse intervalo, e foram os substratos que apresentaram os de Formosa GO. UPIS – Faculdades Integradas: Planaltina,
menores resultados, os demais tratamentos ficaram acima Brasil. 43 p. 2009.
de 50%, não corroborando com o citado.
Segundo o mesmo autor para o intervalo adequado de BALDWIN, C.M.; LIU, H.; MCCARTY, L.B.; BAUERLE, W.L.
porosidade total citado anteriormente, seja esperado um Aluminum tolerances of ten warm-season turfgrasses.
intervalo de densidade de 1,4-1,6 g cm-³ e de acordo com International Turfgrasses society Journal, v. 10, p. 811-817,
este intervalo, apenas T2, estaria hábil para proporcionar o 2005.
bom desenvolvimento do gramado, contudo este foi o
tratamento que apresentou os menores valores as BARCELOS, J.P.Q.; CASTILHO, R.M.M.; SANTOS, P.L.F.
características avaliadas. Influência de diferentes substratos no teor de clorofila,
Barcelos et al. (2012) constataram que a densidade do massa fresca e massa seca em grama esmeralda. Anais
substrato exerce influencia sobre o acúmulo de massa seca XXIV Congresso de Iniciação Cientifica, Unesp/Ilha Solteira,
em grama esmeralda, verificando que o substrato Brasil. 2012.
composto de solo + areia (1:1) foi o mais compactado (1,53
g cm-3) e que apresentou menor valor tanto para massa BOWMAN, D.C.; CHERNEY, C.T.; RUFTY JUNIOR, T.W. Fate
fresca quanto de massa seca. No presente trabalho o and transport of nitrogen applied to six warm-
tratamento T2 composto de solo + areia (2:1) se mostrou seasenturfgrasses. Crop Science, v. 42, p. 833-841, 2002.
mais compactado com densidade de 1,46 g cm-3 e
consequentemente apresentou baixos valores de massa CARRIBEIRO, L. S. Potencial de água no solo e níveis de
fresca e seca. Carribeiro (2010) trabalhando com acumulo compactação para o cultivo de grama esmeralda. 2010.
de matéria seca cultivada sob diferentes níveis de Dissertação (Mestrado em Agronomia/Irrigação e
densidade do solo, constatou que intervalos entre 1,39 e Drenagem) – FCA / UNESP, Botucatu, 2010.
1,49 g cm-³ proporcionaram maiores incrementos na
produção de matéria seca da grama esmeralda o oposto se CARROW, R.N. WADDINGTON, D.V.; RIEKE, P.E. Turfgrass
encontra no presente trabalho. soil fertility and chemical problem: assessment and
management. Chelsea, MI: Ann Arbor Press, 2001, 400 p.
Conclusões
CASTILHO, R. M. M.; BARCELOS, J. P. Q.; PONTEL, G. D.;
1. Os tratamentos com maiores teores de matéria CAROZELLI, P. A. Caracterização física de diferentes
orgânica em sua composição proporcionaram excelentes substratos cultivados com grama esmeralda e sua
resultados para as características avaliadas. influencia no índice de conteúdo de clorofila. In: VI SIGRA-
2. O tratamento 5 à base de composto orgânico + areia Simpósio de Gramados – Anais...UNESP- Faculdade de
2:1 apresentou melhores valores para os atributos físicos e Ciências Agronômicas, Botucatu, SP, 15 e 16 de maio de
químicos, e maiores teores de clorofila das folhas, sendo 2012.
este o componente de substrato mais adequado para
desenvolvimento da grama esmeralda. COSCIONE, A.R. et al. O modelamento estatístico de
misturas: experimento tutorial usando voltametria de

Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.6, p.1-5, nov. 2016 25
redissolução anódica. Química Nova, São Paulo, v. 28, n. 6, Agricultura Brasileira. 10 ed., São Paulo: FNP Consultoria a
p. 1116-1122, 2005. Agroinformática, 2005, p. 35-38.

DUBLE, R. L. Water management on turfgrasses. 2009. GODOY, L. J. G. de; VILLAS BÔAS, R. L.; BACKES, C.; SANTOS,
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FAQUIN, V. Nutrição Mineral de Plantas. Lavras: UFLA /
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FERREIRA, D. F. SISVAR. Sistema de análise de variância
para dados balanceados. Lavras: UFLA, 2000. KÄMPF. A.N.; FERMINO, H.H. Substratos para plantas: a
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GODOY, L.J.G.; VILAS BÔAS, R. L. Nutrição de gramados. In: Genesis, 2000. 312p.
SIMPÓSIO SOBRE GRAMADOS – SIGRA, 1. Botucatu:
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GODOY, L. J. G.; VILAS BÔAS, R. L. Produção e consumo de
gramas crescem no Brasil. In: Agrianual – Anuário da RAIJ, B.V. Análise química do solo para fins de fertilidade.
Campinas: Fundação Cargill, 1987. 170p.

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