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Material da Profa. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos. Disciplina de Fisiologia Vegetal, Unesp, Jaboticabal.

ATUALIZADO EM 2018.

ANÁLISE DO CRESCIMENTO VEGETAL


Rodrigues et al. (1998) salientam que, a fotossíntese pode ser medida por vários métodos, sendo que
os mais precisos são aqueles que quantificam o gás carbônico absorvido. Entretanto, existem outras
formas de se avaliar a transformação de energia luminosa em energia química, ou seja, quantificando-se a
massa seca produzida pelas plantas. Monteith (1972) salienta que a taxa de crescimento de uma espécie
pode ser expressa de acordo com a quantidade de energia luminosa incidente, da interceptação e
conversão dessa energia em massa seca.

Fórmulas Matemáticas Para a Análise de Crescimento

A técnica de análise de crescimento, desenvolvida por cientistas ingleses permite, mediante


avaliações periódicas e com a utilização de fórmulas matemáticas, a determinação do padrão de acúmulo
e distribuição de massa seca nas diversas partes da planta durante o seu ciclo vegetativo e reprodutivo.
Calbo et al. (1989), relatam que o uso de modelos matemáticos para expressar o crescimento e seus
parâmetros derivados (AF, IAF, etc..) é muito popular e pode, eventualmente, fornecer subsídios para
melhor compreensão dos diferentes processos fisiológicos envolvidos na morfogênese da planta.

METODOLOGIA

1. Área Foliar (AF)

Desde que a estrutura de uma folhagem é um importante fator para determinar a produtividade de
uma comunidade vegetal (Winter & Ohlrogge, 1973), a avaliação cuidadosa de AF é, sem dúvida, o fator
que auxilia na tomada de decisão para se eleger uma cultivar mais produtiva (Magalhães, 1979). O
significado deste parâmetro resume-se na premissa que, materiais mais produtivos possuem uma maior
facilidade em manter uma área foliar por um maior período, possibilitando um melhor desempenho do
aparato fotossintético.
Com os dados de área foliar (unidade: dm2) e massa seca total (unidade: g), procede-se aos
cálculos de índice de área foliar (IAF), razão de área foliar (RAF), área foliar específica (AFE), razão de
peso das folhas (RPF), taxa de crescimento relativo e taxa de assimilação aparente (TAA), aplicando-se as
fórmulas matemáticas de crescimento descritas em Evans (1972) e Pereira & Machado (1987).

2. Índice de Área Foliar (IAF)

IAF é um importante parâmetro biométrico para avaliar respostas de plantas às diferentes condições
de ambiente. A captação de energia luminosa e a produção de fitomassa dependem de área foliar
adequada no tempo e espaço, além da eficiência desta de produzir fotoassimilados (Evans, 1972). A
eficiência na interceptação da radiação luminosa depende linearmente do IAF até o ponto de completa
interceptação (Wallis et al., 1975 citados por Wutke, 1987). Deve-se considerar que o IAF crítico, ou seja,
o IAF necessário à interceptação da energia luminosa incidente, seja dependente do nível de radiação
incidente e, ainda, das características de absorção da copa, as quais, por sua vez, são funções de outros
fatores como tamanho, ângulo e formato da folha (Shibles & Weber, 1965), da orientação azimutal e
arquitetura das plantas (Lawn, 1981 citado por Wutke, 1987).
Segundo Sheldrake & Narayan (1979) e Balakrishnan et al. (1987), IAF é um importante parâmetro
fisiológico o qual caracteriza o crescimento de cultura. Este parâmetro varia de cultura para cultura, de
local à local, é baseado na estrutura da folha, estrutura do dossel, fatores climáticos e dependente da
duração (ciclo) da cultura.
IAF é determinado por meio da razão entre os valores da área foliar total e área de solo ocupada
pelas plantas, obtidos em cada amostragem para as diferentes cultivares: IAF = AFtotal/AS Índice não tem
unidade.
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Material da Profa. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos. Disciplina de Fisiologia Vegetal, Unesp, Jaboticabal.
ATUALIZADO EM 2018.

3. Razão de Área Foliar (RAF)

Segundo Magalhães (1979), RAF é a medida da dimensão do aparelho assimilador, e serve como
parâmetro apropriado para as avaliações de efeitos genotípicos, climáticos e do manejo de comunidades
vegetais. Este parâmetro expressa a área foliar útil para a fotossíntese. É um componente morfo-
fisiológico, pois é a razão entre a área foliar (área responsável pela absorção de luz e CO2) e a massa seca
total (resultado da fotossíntese líquida), ou seja, a RAF é a área foliar em dm2 que é usada para produzir
1g de massa seca.
Determinada por meio da razão entre os valores da área foliar total e massa seca total, obtidos em
cada amostragem para as diferentes cultivares: RAF = AFtotal/MStotal. Unidade: dm2/g

4. Área Foliar Específica (AFE)

Este parâmetro é calculado por meio da razão entre a área foliar e a massa seca das folhas; AFE =
AF/MSfolhas Unidade: dm2/g

5. Razão de Peso das Folhas (RPF)

De acordo com Magalhães (1979), RPF é importante quando se deseja estudar o desempenho de
uma cultivar. No início, quando a planta é constituída em grande parte por folhas, os valores dessa razão
são elevados, decrescendo com o tempo, pois, à medida que a planta se desenvolve, surgem outras partes
que crescem à custa de material importado das folhas. Considerando que 90% dos assimilados são
produzidos na folha e translocados para o resto da planta. Este é um parâmetro fisiológico que expressa a
fração de massa seca não exportada das folhas para o resto da planta. A maior ou menor exportação de
fotoassimilados pode ser uma característica genética ,a qual está sob a influência de variáveis ambientais.
A razão de peso de folhas é calculada pela razão entre a massa seca de folhas e a massa seca total;
RPF= MSfolha/MStotal Unidade: g/g

6. Taxa de Crescimento Relativo (TCR)

TCR é a medida mais apropriada para a avaliação do crescimento vegetal. Representa a quantidade
de material vegetal produzido por determinada quantidade de material existente (g), durante um intervalo
de tempo (dias) prefixado (Oliveira & Gomide, 1986 citados por Guimarães, 1994). Este parâmetro
depende simultaneamente da eficiência assimilatória de suas folhas e da folhagem (número de
folhas/planta e tamanho da folha) da própria planta (Oliveira & Gomide, 1986 citados por Guimarães,
1994). Assim, TCR representa a variação ou o incremento do crescimento entre duas amostragens
sucessivas. Pode ser usado na observação da velocidade média de crescimento ao longo do período de
observação.
TCR é calculado por meio da razão entre o logaritmo natural da massa seca total de duas
amostragens sucessivas (P2 e P1) e o intervalo de tempo (t2 e t1) entre estas duas amostragens; TCR = Ln
P2 – Ln P1/t2-t1; Unidade: g/g/dia

7. Taxa de Assimilação Aparente (TAA)

Segundo Machado et al. (1982), TAA representa, aproximadamente, o balanço entre o material
produzido pela fotossíntese e as perdas devido à respiração. Assim, expressa a taxa de fotossíntese líquida
(diferença entre a fotossíntese bruta; tudo o que é literalmente produzido pela fotossíntese no interior dos
cloroplastos e o que é consumido na respiração), em termos de massa seca produzida (g), por decímetro
quadrado de área foliar (dm2), por unidade de tempo (Magalhães, 1979).

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Material da Profa. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos. Disciplina de Fisiologia Vegetal, Unesp, Jaboticabal.
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É calculada por meio da razão entre a massa seca total de duas amostragens sucessivas (P2 e P1) e o
intervalo de tempo (t2 e t1) entre essas duas amostragens, correlacionados com a razão entre o logaritmo
natural da área foliar duas amostragens sucessivas (A2 e A1) e os dados brutos da área foliar de duas
amostragens sucessivas (A2 e A1) entre essas duas amostragens; TAA = P2 – P1 / t2-t1 x Ln A2 – Ln A1 /
A2-A1 . Unidade: g/dm2/dia

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E RECOMENDADA


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Dissertação de Mestrado em Fitotecnia. 1994. ESAL, Lavras, MG. 113 p.
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Vegetal. EPU/EDUSP, São Paulo. 1979. v. 1, p. 331-350. (excelente testo sobre a Análise do
Crescimento Vegetal).
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9. RODRIGUES, T.J.D., LEITE, I.C., SANTOS, D.M.M. 1998. Roteiro Para Aulas Práticas De
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11. SHIBLES, R.M., WEBER, C.R. Leaf area, solar radiation interception and dry matter production
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12. TAIZ, L., ZEIGER, E., MØLLER, I. M., MURPHY, A. Plant Physiology and Development, Sixth
Edition by, published by Sinauer Associates. Appendix 2. p. A2-2 a A2-5, 2015. Verificar em
http://6e.plantphys.net/appendices.html. Acesso em junho de 2018
13. WINTER, S.R., OHLROGGE, A.J. Leaf angle, leaf area, and corn (Zea mays L.) yield.
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14. WUTKE, E.B. Caracterização fenológica e avaliação agronômica de genótipos de guandu
(Cajanus cajan (L.) Millsp.). Dissertação de Mestrado. ESALQ, Piracicaba, SP. 1987. 164 p.

Profa. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos Fisiologia Vegetal, FCAV, Unesp, Jaboticabal, SP.

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