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Relatório Ecologia Florestal - Serapilheira e Ciclagem de Nutrientes

Gabriela Moraes da Silva, Joyce F. Viana dos Santos e Scheila T. S. Paes

INTRODUÇÃO

O estudo da ciclagem de nutrientes, oriundo da serapilheira, é essencial para a


compreensão da estrutura e funcionamento de ecossistemas florestais. O processo de retorno
da matéria orgânica e dos nutrientes para o solo das florestas, é dado em parte por meio da
produção de serapilheira, o qual é considerado o meio de maior importância de transferência
de componentes essenciais da vegetação para o solo (VITAL et al., 2004).
As árvores desempenham um papel de grande importância nos sistemas em que estão
inseridas. Durante o crescimento e desenvolvimento, a vegetação arbórea agrega matéria
orgânica ao solo por meio da deposição de serapilheira e renovação do sistema radicular, o
que exerce influência nas propriedades físicas do solo como densidade, porosidade, aeração,
capacidade de infiltração e capacidade de retenção de água, além da formação e estabilização
de agregados (NETO et al., 2013).
A concentração de serapilheira e o conteúdo de nutrientes, oriundos da mesma, variam
de acordo com o tipo de solo, vegetação, densidade populacional, capacidade das espécies de
absorver, utilizar e distribuir os nutrientes, habitat natural e idade das árvores. Os materiais
depositados variam por fatores como espécies de árvores, idade das árvores e tipo de floresta
(artificial ou natural), além de outros fatores (NEVES et al., 2001). A serapilheira que se
acumula no solo acaba sendo um indicador de qualidade ambiental, pois representa uma
reserva de nutrientes para futura mineralização e ciclagem (SILVA, 2006).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do devido estudo os alunos da disciplina de ecologia florestal


deslocaram-se até a Área Experimental Florestal da Universidade Federal de Santa Catarina,
onde a turma dividiu-se em grupos e escolheu-se dentre as espécies plantadas na área, um
talhão com uma espécie diferente para cada grupo. Para o trabalho em questão, a espécie
escolhida foi o Eucalyptus dunni, onde com o auxílio de uma moldura coletou-se cinco
amostras de serrapilheira acumulada no talhão. Para tal a coleta foi realizada em zigue-zague
com o objetivo de coletar amostras que representassem toda a área.
Após a coleta das 5 amostras realizou-se a mistura das mesmas, formando uma
amostra composta, que foram levadas para o laboratório de Recursos Florestais, no CEDUP,
onde realizou-se a etapa chamada de triagem, separando-se apenas as folhas do restante do
material coletado. As folhas foram pesadas e colocadas em estufa a 65° C para desidratação
do material, após a retirada da estufa, as amostras foram pesadas novamente, para obter o
valor da massa seca.. Passada uma semana, o material foi reidratado e pesado novamente,
para a determinação da capacidade de retenção hídrica (CRH%), utilizou-se a seguinte
equação 1:

(𝑀𝑢 − 𝑀𝑠)
𝐶𝑅𝐻 (%) = [ 𝑀𝑆
] * 100

Sendo CRH (%): Capacidade de retenção hídrica; Mu: massa úmida (g); Ms: massa seca (g).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Não houveram diferenças significativas entre as amostras submetidas ao cálculo de


capacidade de retenção hídrica (CRH%). A amostra número 4, destacou-se por apresentar a
maior capacidade de retenção entre as demais análises, 171,06%, e a amostra número 5
apresentou os valores de menor destaque, 122,43% como pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1. Comparação entre as cinco amostras submetidas a avaliação da capacidade
de retenção hídrica a partir da aplicação da equação 1.
Peso (g) Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

PU1 165,17 222,56 264,24 283,83 147,18

MS 7131 96,66 109,12 110,92 69,82

PU2 162,81 224,27 260,85 300,67 155,30

CRH(%) 128,31 132,10 139,05 171,06 122,43

Média 138,58%
Fonte: Os Autores, 2022.
A capacidade de retenção hídrica total da serrapilheira (CRH) dos indivíduos de
Eucalyptus dunni foi, em média, 138,58%. Na literatura, foram encontrados valores similares
ao realizado pelo presente estudo, Blow (1955), em seu estudo, determinou o intervalo de
capacidade de retenção hídrica de 200% a 250% em florestas de carvalho. Melo et al. (2010),
num plantio com híbrido de E. urophylla x E. grandis obteve o valor de 230%, e Mateus et
al. (2013), para pastagens perturbadas e abandonada obtiveram, respectivamente 230% e
206%, em fragmento de floresta nativa (SANTOS et al., 2017).
O valor obtido a partir do presente estudo foi menor comparado aos estudos citados,
podendo ser explicado pela diferença de idade dos plantios na coleta e submissão da
serrapilheira aos processos já descritos, estágio sucessional do plantio, condições
edafoclimáticas e de relevo do local (SANTOS et al., 2017).
Vale ressaltar, que o CRH não depende somente da quantidade de material vegetal
depositado, mas também, do grau de decomposição. Camadas de serrapilheira que se
encontram num grau de decomposição avançado, apresentam maior superfície específica,
logo, o potencial de retenção será muito maior, comparado ao cenário contrário, um grau
baixo de decomposição e de camadas mais superficiais, dessa forma, pode-se explicar os
valores de CRH máximos e mínimos entrados no presente estudo (SANTOS et al., 2017).

REFERÊNCIAS

NETO, F. V. C. et. al. Acúmulo e deposição da serapilheira em quatro formações


florestais. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 23, n. 3, p. 379-387, jul.-set., 2013. Disponível
em:
<https://www.scielo.br/j/cflo/a/QBkLBDNYCgpF88GhxMTwJWx/?format=pdf&lang=pt>.
Acesso em: 06 de jun. 2022.

NEVES, E. J. M.; MARTINS, E. G.; REISSMANN, C. B. Deposição de serapilheira e de


nutrientes de duas espécies da Amazônia. Boletim de Pesquisa Florestal, v. 7, n. 43, p.
47-60, 2001.

SANTOS, A. F. A; CARNEIRO, A. C.P; MARTINEZ, D. T; CALDEIRA, S. F. Capacidade


de retenção hídrica do estoque de serralheira de eucalipto. Floresta e Ambiente, n. 24, 9 p.
2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/floram/a/zKScTxXJ9SDsfKKJW4P5FWn/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 09 jun. 2022.

SILVA, M. S. C. DA. Indicadores de qualidade do solo em sistemas agroflorestais em


Paraty, RJ. 2006, 54 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia – Ciência do Solo) –
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2006.
VITAL, A. R. T. Produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes de uma floresta
estacional semidecidual em zona ripária. R. Árvore, Viçosa-MG, v.28, n.6, p.793-800,
2004. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rarv/a/4cFKKcWnFt5vdXVtw3z5GQQ/?format=pdf&lang=pt>
Acesso em: 06 de jun. 2022.

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