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PRINCÍPIOS DE FISIOLOGIA VEGETAL APLICADA AO MANEJO DE PASTO:

REVISÃO DE LITERATURA
Manejo de pastagem, desenvolvimento vegetal, forragens.

PRINCIPLES OF PLANT PHYSIOLOGY APPLIED PASTURE


MANAGEMENT
Pasture management, plant development, forage.

Ari Renato Ramos de Souza¹


Karla Priscila de Oliveira²

Resumo: A aplicação dos princípios da fisiologia vegetal no manejo de


pastagens visa melhorar a produção de forragem, melhorar a saúde das plantas e
aumentar a eficiência dos sistemas agrícolas. Alguns pontos-chave incluem:
Fotossíntese e produção de forragem, Respostas ao estresse ambiental, Nutrição
mineral e manejo do solo, Fisiologia do pastejo e manejo animal e Interação planta-
ambiente esses são os 5 pontos principais que são aplicados no manejo de
pastagem. Ao aplicar esses princípios da fisiologia vegetal, os agricultores e
pecuaristas podem melhorar a produtividade das pastagens, a qualidade da
forragem e a sustentabilidade do sistema, promovendo assim o sucesso em longo
prazo na criação de gado e na gestão de áreas de pastagem.

Palavras-chave: Fisiologia vegetal, manejo de pastagem, Produção de


forragem.
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Abstract: Applying the principles of plant physiology to pasture management


aims to improve forage production, improve plant health and increase the
efficiency of agricultural systems. Some key points include: Photosynthesis
and forage production, Responses to environmental stress, Mineral nutrition
and soil management, Grazing physiology and animal management and Plant-
environment interaction these are the 5 main points that are applied in pasture
management. By applying these principles of plant physiology, farmers and
ranchers can improve pasture productivity, forage quality, and system
sustainability, thereby promoting long-term success in livestock raising and
rangeland management.

Keywords: Plant physiology, pasture management.

1. INTRODUÇÃO

O uso de pastagens como principal fonte de alimento para ruminantes é


comprovadamente a alternativa mais barata de alimentação dos rebanhos. O
potencial das pastagens tropicais para a produção de carne e leite tem sido bastante
discutido nos últimos 30 anos (DE FARIA, 1997). Estudos sobre a morfologia de
plantas forrageiras evidenciam que a recuperação de uma pastagem após desfolha,
por corte ou pastejo, é influenciada por suas características morfológicas intrínsecas,
que são a área foliar remanescente, os teores de carboidratos não estruturais de
reserva, bem como o número de pontos de crescimento capazes de promover a
rebrota (WARD & BLASER, 1961; GOMIDE, 1973; JACQUES, 1973; RODRIGUES &
RODRIGUES, 1987). É consenso na literatura que o manejo da pastagem deve ser
realizado tendo como um dos objetivos principais a obtenção de uma rebrota
vigorosa após a utilização do pasto (HODGSON, 1990; CORSI, 1988).
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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 FOTOSSÍNTESE E PRODUÇÃO DE FORRAGEM

A importância relativa das taxas de fotossíntese de folhas individuais na


formação da produção tem sido objeto de controvérsia ao longo dos anos (DA SILVA
& PEDREIRA, 1997). Segundo BERNARDES (1987), vários aspectos
morfofisiológicos estão envolvidos na interceptação da luz pelas plantas em
comunidade. Uns correspondem a aspectos relacionados com a organização
espacial das folhas, podendo ser analisada pela densidade de cobertura foliar,
distribuição horizontal e vertical entre as folhas e pelo ângulo foliar. Outros
correspondem àqueles relacionados com aspectos funcionais que dependem de
fatores da planta e do ambiente como: idade, tipo e tamanho das folhas, saturação
lumínica, flutuações na intensidade e na qualidade de luz.
VERHAGEN (1963) verificaram que a produção de matéria seca depende
fundamentalmente da eficiência das folhas em utilizar a luz incidente e de como
essa luz é distribuída ao longo do dossel do pasto.

2.2 RESPOSTAS AO ESTRESSE AMBIENTAL

Em condições naturais e agriculturáveis, as plantas estão frequentemente


expostas ao estresse ambiental. Alguns fatores dessa natureza, como a temperatura
do ar, por exemplo, podem se tornar estressantes em poucos minutos; enquanto
outro como conteúdo de água no solo pode levar dias ou até semanas. Além disso,
o estresse desempenha um papel importante na determinação de como o solo limita
a distribuição de espécies vegetais (TAIZ e ZEIGER, 2009). Na produção vegetal a
água é um fator fundamental, pois qualquer cultura durante o ciclo de
desenvolvimento consume grande volume de água, já que cerca de 98% deste
volume apenas passa através da planta, sendo perdido pelo processo de
transpiração, o qual tem como principal objetivo absorver CO2 do ar em troca do
H2O (TAIZ e ZEIGER, 2009).
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Diante do fato a disponibilidade hídrica é um fator limitante a produção, em


especial nas regiões tropicais, notadamente no semiárido, uma vez que, sob o
aspecto térmico, as plantas não têm sofrido restrições acentuadas nas épocas
normais de semeadura (GOMES, 1982).

2.3 NUTRIÇÕES MINERAIS E MANEJO DO SOLO

A presença de nutrientes essenciais no solo em quantidades equilibradas,


aliados às características biológicas (microfauna), são fundamentais para o
desenvolvimento dos agroecossistemas. Entretanto, além da química e biologia, as
características físicas que indicam o grau de compactação devem ser levadas em
consideração para que um solo seja considerado produtivo (HAYNES; GRAHAM,
2004). Além das respostas distintas entre as plantas forrageiras, o manejo do pasto
pode alterar a taxa de lotação com reflexo direto no pisoteio exercido pelos animais
(SARMENTO, 2008).

2.4 FISIOLOGIAS DO PASTEJO E MANEJO ANIMAL

O manejo de pastagens e do pastejo, juntamente com a introdução e


avaliação de novos cultivarem de gramíneas e leguminosas, têm sido alvos
prioritários da experimentação com plantas forrageiras tropicais no Brasil há muito
tempo. Tradicionalmente, a grande maioria dos trabalhos de pesquisa,
principalmente no que se refere ao manejo do pastejo, possuía um enfoque
extremamente simplista e pragmático do processo produtivo. Os resultados colhidos
apresentavam, invariavelmente, um caráter muito regional, dificultando a
extrapolação para diferentes ecossistemas uma vez que na maioria das vezes não
se fornecia informações que permitissem o entendimento e a compreensão das
relações de causa e efeito determinantes das respostas de plantas e animais em
pastagens, premissa básica para a elaboração e planejamento de práticas de
manejo sustentáveis (DA SILVA & CARVALHO, 2005; DA SILVA & NASCIMENTO
JR., 2006).
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A definição de estratégias de manejo do pastejo passa obrigatoriamente pelo


conhecimento de toda a base produtiva (recursos físicos, vegetais e animais), do
perfil do sistema de produção, das respostas de plantas e animais ao pastejo e da
contextualização específica da unidade de produção (DA SILVA & CORSI, 2003). O
planejamento dessas práticas de manejo deve ser feito com base numa ordenação
lógica das informações, respeitando um padrão hierárquico de agrupamento do
conhecimento, para que o número e a ordem de grandeza das variáveis-controle do
processo de pastejo (e.g. taxa de lotação, oferta de forragem, período de descanso,
resíduo pós-pastejo, massa de forragem, época, tipo e taxas de fertilização, uso de
práticas de conservação de forragem e suplementação etc.) possam ser definidos de
forma consistente, objetiva e coerente com as metas de produção idealizadas (DA
SILVA, 2004).

2.4 INTERAÇÕES PLANTA-AMBIENTE

As plantas não estão sozinhas no ambiente: interagem com diferentes


organismos. E também entre si, o que ocorre por meio da liberação de compostos
químicos – fenômeno conhecido como alelopatia (PASTORINI 2023). Por alterar a
relação competitiva entre as plantas, o pastejo é o principal modulador da
heterogeneidade e da diversidade botânica das pastagens (KEMP; KING, 2001).
Como as relações competitivas entre as plantas dependem da disponibilidade
de recursos, em ambientes com maior disponibilidade de recursos e maior
produtividade, as plantas competiriam, mais provavelmente, por luz (recursos do
dossel). Já em ambientes menos produtivos, o que limitaria o crescimento e a
diversidade vegetal seriam os recursos do solo (água e minerais) (TILMAN, 1988).
Assim, a disputa entre as espécies e os impactos do pastoreio na configuração da
vegetação seria definida principalmente pela variação na oferta proporcional de
recursos disponíveis no dossel ou no solo, conforme a produtividade do ambiente.
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3.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a abordagens dos princípios da fisiologia podemos abordar esses 5


pontos chaves citado anteriormente e chegar a conclusão que eles são
fundamentais na produção de forragens. As comunidades de plantas forrageiras são
entidades dinâmicas e altamente interativas com o ambiente ao seu redor. Fatores
abióticos (clima e seus componentes, bem como composição do solo) e fatores
bióticos (relações entre plantas e animais em vários níveis hierárquicos, juntamente
com os efeitos de pragas e patógenos) contribuem para tornar os ecossistemas de
pastagens extremamente complexos. A produção de forragem, definida como o
equilíbrio líquido entre a síntese de novos tecidos e a perda devido à senescência ou
mortalidade, pode ser influenciada positiva ou negativamente por um único fator,
dependendo da combinação espécie-ambiente.
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4.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE FARIA, V.P.; PEDREIRA, C.G.S.; SANTOS, F.A.P. Evolução do uso de


pastagens para bovinos. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 13,
Piracicaba, 1996. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1997. p.1-14.
WARD, C. Y.; BLASER, R. E. Carboydrate Food Reserves and Leaf Area in
Regrowht of Orchardgrass. Crop Science, v. 1, p. 366-370. 1961.
Da SILVA, S.C.; PEDREIRA, C.G.S. Princípios de ecologia aplicados ao manejo da
pastagem. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3.,
Jaboticabal,. 1997.
VERHAGEN, A. M. W.; WILSON, J. H., BRITTEN, E. J. Plant production in relation to
foliage illumination. Annal of Botany, N. S., v. 27, n. 108, p. 626- 640. 1963
DA SILVA, SILA CARNEIRO. Fundamentos para o manejo do pastejo de plantas
forrageiras dos gêneros Brachiaria e Panicum. Simpósio sobre manejo estratégico
da pastagem, v. 2, p. 347-385, 2004.
PASTORINI, Interação e competição entre plantas. Ciência Hoje, 2023.
Disponível em: < https://cienciahoje.org.br/artigo/interacao-e-competicao-entre-
plantas/#:~:text=As%20plantas%20n%C3%A3o%20est%C3%A3o%20sozinhas,qu%
C3%ADmicos%20%E2%80%93%20fen%C3%B4meno%20conhecido%20como%20
alelopatia.> Acesso em 26 nov. de 2023.

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