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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

DEPARTAMENTO ENGENHARIA FLORESTAL


FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL
SISTEMAS AGROFLORESTAIS

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
QUINTAIS FLORESTAIS

CAMILA MENDES CAMPOS


GABRIELLI DE ALMEIDA SANTOS
KELBER LUCAS DE ALMEIDA
KELLY CRISTINA B. DA SILVA

CUIABÁ-MT
14 de julho de 2022
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................2
2 OBJETIVOS .................................................................................................................2
2.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 2
2.2 Objetivo específico ................................................................................................... 2
3 METODOLOGIA.........................................................................................................2
4 RESULTADOS E ANÁLISE.......................................................................................3
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................4
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................5
1 INTRODUÇÃO
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) se baseiam na utilização de diferentes formas de
cultivos florestais e agrícola podendo ter a presença de animais de maneira silmultânea ou de
forma gradual ao longo do tempo numa mesma área. Esse sistema representa uma alternativa
de uso sustentável dos recursos, visando principalmente à redução da utilização exarcebada dos
meios naturais. Enquanto a produção agrícola convencional caminha na degradação dos
recursos em detrimento do desenvolvimento, causando efeitos negativos ao meio ambiente,
como, erosão, arenização, desertificação e a salinização dos solos; o aumento da incidência de
pragas e doenças; a poluição do ar e da água e a contaminação dos alimentos.
Por outro lado, a transição para produção agrícola sustentável também conhecido como
agroecologia, oferece um desenvolvimento sustentável que proporciona a manutenção
biodiversidade. Nesse contexto, Menegueli et al. (2015), produziu um estudo que apresenta os
benefícios da transição agrícola, a qual proporciona o entre a produtividade, preservação e
manutenção dos recursos naturais.
Os quintais florestais é um tipo de SAF que possui uma organização complexa
associando espécies florestais, agrícolas, plantas medicinais, ornamentais e a criação de
animais, no entorno das residências dos produtores de médias e pequenas propriedades,
possuindo como objetivo principal buscar o fornecimento de bens e serviços peculiares aos
pequenos produtores, sendo tudo realizado com um objetivo comum, a sustentabilidade. Diante
do quadro do uso insustentável dos recursos naturais, o quintal florestal pode ser uma solução
para tal problemática, tendo em vista que tal sistema pode contribuir para a melhoria das
condições edafoclimáticas da área, ajudam na preservação da vida biótica, na segurança
alimentar e nutricional, ou seja, os quintais agroflorestais contribuem significantemente para
melhoria da qualidade de vida da comunidade ao redor dele (PEREIRA et al. 2015).
Segundo Magalhães et al. (2021) os quintais podem ser planejados no meio rural ou
urbano onde o grupo de produtores tende a explorar e aproveitar todo o espaço que possui em
sua propriedade sendo o quintal uma das possibilidades para tal aproveitamento. Nesse sentido,
o maior desafio na realização desse sistema é unir os conhecimentos tradicionais, transpassados
de pai para filho, em conjunto com a experiência da mão de obra disponível para confecção do
sistema de produção, tais princípios quando elaborados de forma bem sucedida, promovem um
desenvolvimento rural sustentável, onde existe a fusão entre o conhecimento teórico e o prático.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral


Redigir uma revisão bibliográfica acerca do conceito e implicações dos Quintais
Florestais.

2.2 Objetivo específico


 Buscar os resultados, metodologias e todo o processo envolvido em
determinados sistemas agroflorestais, mostrando de forma rápida e clara a sua
vantagem e seu sucesso de implantação e resultados.
 Focar em quintais florestais que foram feitos no Brasil, retratando as espécies
utilizadas, desde frutíferas até espécies para uso madeireiro, e também trazendo
alternativas de uso para as mesmas.

3 METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado em grupo formado por alunos da matéria de Sistemas
Agroflorestais, em pesquisa por artigos científicos em períodicos reconhecidos pela CAPES
que se tratavam do tema “quintais florestais” nas plataformas online de bibliografia.

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4 RESULTADOS E ANÁLISE
A ocorrência de espécies frutíferas em quintais agroflorestais, foi observada por Lunz
(2007) em todas propriedades estudadas em comunidade amazônica, com uma média de 14
espécies/quintal. Identificaram-se 50 espécies de frutíferas, pertencentes a 24 famílias. Duas
famílias, Myrtaceae e Arecaceae, destacaram-se em número de espécies. Sendo as de porte
arbóreo predominantes (78%) e nas nativas compreendendo 36%. Florentino (et al., 2007)
registrou 25 quintais agroflorestais, no município de Caruaru-PE, nos quais foram relacionadas
84 espécies, pertencentes a 68 gêneros e 35 famílias, destacando-se as famílias Euphorbiaceae
(10 spp.), Anacardiaceae (7 spp.), Caesalpiniaceae (6 spp.), Mimosaceae (6 spp.) e Myrtaceae
(6 spp.). Numa comunidade do município de Santarém, Pará, Brasil, em um estudo atingindo
seis quintais agroflorestais, verificou-se o total de 522 indivíduos compreendendo 90 espécies
e 53 famílias botânicas. Sendo a Asteraceae a família com maior número de espécies. As
espécies destinadas à alimentação (32%) dominaram a área e as mais frequentes foram Persea
americana, Psidium guajava, Carica papaya e Allium fistulosum. A maioria das espécies foi
introduzida (78%), com predominância dos subarbustos (40%) e árvores (22%) (ALMEIDA;
GAMA, 2014).
Muitas das espécies encontradas em quintais florestais, além de servirem como
alimentação humana, fornece também outros bens e serviços para fins medicinais, ração animal,
madeira de construção, lenha, entre outros (LUNZ, 2007). Além de abordar questões básicas
de saúde, os alimentos-condimentares e medicinais podem fazer parte da dieta de uma
comunidade e são um fator de promoção da segurança alimentar local. Cabe destacar que, em
nível internacional, organizações e entidades lideradas pela Organização das Nações Unidas
para a Agricultura (FAO) defendem a segurança alimentar (ALMEIDA, GAMA, 2014).
Conforme a Lei 11.346 de 2006, a segurança alimentar e nutricional consiste na realização do
direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade
suficiente.
Segundo Lunz (2007), as frutíferas têm um grande potencial no tratamento de muitas
doenças é de suma importância para a comunidade, devido à baixa assistência médica no local
e altos preços dos medicamentos industrializados.
Os quintais agroflorestais são normalmente manejados para subsistência, no entanto,
algum excedente é comercializado, permitindo uma renda suplementar a essas famílias (LUNZ,
2007). Além disso, Kumar (2011) afirma que os quintais são fundamentais na manutenção do
microclima local, fazendo com que haja temperaturas agradáveis na propriedade e com reflexos
positivos na cidade e têm grande potencial para o sequestro de carbono.
No quis diz respeito implantação de espécies nos quintais, geralmente não há um
planejamento, sendo o uso destes espaços de acordo com o que convenha às mantenedoras. A
disposição das espécies nos quintais não segue um padrão definido, embora algumas espécies
de grande porte sejam mantidas distantes da residência (GERVAZIO et al., 2022; ALMEIDA,
GAMA, 2014). Considerando que os quintais florestais são planejados, em sua maioria, por
pequenos produtores, os quais, utilizam os produtos provenientes da agricultura para a própria
sobrevivência, ou seja, agricultura de subsistência. Nesse contexto Magalhães et al. (2021),
afirma que o manejo dos quintais florestais é realizado por meio do conhecimento local e são
ajustados conforme disponibilidade dos recursos e pretensão de consumo, bem como, produção
de alimento e plantas medicinais, além de agregarem valores estéticos, paisagísticos e sociais
(MAGALHÃES et al., 2021).
É nítido o quão grande é a produção da nossa agricultura, principalmente em grande
escala e alto nível tecnológico, em contramão a isso temos a produção em pequena escala dos
pequenos produtores, muitas vezes com uma produção familiar, onde o produtor tira sua
alimentação e até mesmo uma renda extra, um exemplo claro são os quintais agroflorestais. Em
seu estudo Gervazio et al. (2022) traz uma análise do tamanho desses quintais, que possuem

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normalmente de 0,05 ha e chegando em alguns casos a 7 ha. Isso mostra a tamanha disparidade
com a produção “convencional” e a necessidade de mais incentivo e orientação para chegar
numa maior escala, levando isso em consideração, Lunz (2007) e vários outros autores citados,
destacam a necessidade da participação da população e principalmente a criação de associações
e cooperativas para a orientação e ajuda desses moradores, o fato desses quintais serem,
normalmente, implantadas em vilas e distritos rurais, onde a população é carente e necessita de
maior apoio, reforça a importância da participação e criação de grupos e cooperativas de apoio.
Um resultado interessante observado em diversos artigos analisados é a não existência de uma
“receita” pronta para a implantação de um quintal agroflorestal, isso se dá pelo fato de muitos
quintais não começarem totalmente do zero, e sim sendo criados com o tempo, de geração pra
geração e depois são apenas aperfeiçoados aproveitando o que já se encontra na área e também
divido a diferentes climas que levam a cada região ter espécies que melhor se adaptam.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, é possível concluir que os quintais florestais tem caráter essencialmente de
subsistência, com função de assegurar a segurança alimentar dos pequenos produtores rurais.
Ademais, por ser construída nos arredores da moradia, preza pelo conforto, facilidade,
segurança e valorização do trabalho e da propriedade, permitindo o cultivo de espécies tanto
ornamentais, quanto medicinais, hortaliças e florestais, com ou sem a criação de pequenos
animais.
Através dessa revisão bibliográfica ficou claro, também, a necessidade de uma maior
disseminação da ideia de um quintal agroflorestal em outros biomas, fugindo um pouco de
apenas a região da Amazonia, a qual se destaca na maioria das vezes, chegando em diversas
regiões e sendo alternativas para alimentação e de renda.

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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L. S.; GAMA, J. R. V. Quintais agroflorestais: estrutura, composição florística e
aspectos socioambientais em área de assentamento rural na Amazônia brasileira. Ciência
Florestal, Santa Maria, v. 24, n. 4, p. 1041-1053, 2014.

BRASIL. LEI Nº 11.346, DE 15 DE SETEMBRO DE 2006. Cria o Sistema Nacional de


Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à
alimentação adequada e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm. Acesso em: 07
jul. 2022.

DE MAGALHÃES, M. V. D., Xavier, S. A. B., Santos, G. S., Netto, R. T., Gama, A. J. C., de
Oliveira Peluzio, T. M., & do Amaral, A. A. Quintais agroflorestais como alternativa
sustentável e de segurança alimentar na agricultura familiar. Editora científica digital, ed. 1,
v. 1, p. 600-617, 2021.
GERVAZIO, W. et al. Quintais agroflorestais urbanos no sul da Amazônia: os guardiões da
agrobiodiversidade. 2022. Ciência Florestal, 32(1), 163–186.

FLORENTINO, A. T. N. et al. Contribuição de quintais agroflorestais na conservação de


plantas da Caatinga, Município de Caruaru, PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Porto
Alegre, v. 21, n. 1, p. 37-47, 2007.

KUMAR, B. M. Species richness and aboveground carbon stocks in the homegardens of


central Kerala, India. Agriculture Ecosystem Environment, [s. l.], v. 140, p. 430-440, 2011.

LUNZ, A. M. P. Quintais agroflorestais e o cultivo de espécies frutíferas na Amazônia.


Revista Brasileira de Agroecologia, v. 2, n. 2, p. 1255-1258, 2007.

MENEGUELI, Hélio et al. Agroecologia brasileira no marco do plano nacional de


agroecologia e produção orgânica: Cenário atual, Perspectivas e desafios. Enciclopédia
Biosfera, v. 11, n. 22, 2015.
PEREIRA, Paulo Vinícius Miranda; NETO, Leonardo Francisco Figueiredo. Conservação de
espécies florestais: um estudo em quintais agroflorestais no município de Cáceres–
MT. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental , p. 783-793, 2015.

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