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PRÁTICAS DE AGROECOLOGIA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

Olga Alcântara Barros1; Roberto Oliveira Barros2; Deyvid Dennys Silveira Brito1;
Ismael Gandhi Alcântara Barros³;
1
Estudante do curso de Ciências Biológicas – URCA; olguinhaalcantara@hotmail.com
1
Estudante do curso de Ciências Biológicas – URCA; deyvid_bodoco@yahoo.com.br
² Graduado em CiênciasBiológicas–URCA - Professor do ProCampo;
robertoducrato@gmail.com
³ Estudante do Curso de Agronomia – UFC - Campos do Pici – Fortaleza;
ismaelgandhi@hotmail.com

Resumo

A agroecologia se propõe a pensar e a trabalhar a integração entre a maneira de fazer


agricultura e relação do ser humano com a natureza e as formas das pessoas organizarem suas
vidas e suas inter-relações com sustentabilidade dentro de um processo organizacional. O
objetivo do presente trabalho foi identificar a forma de produção dos agricultores da
Associação dos Produtores Agrícolas do Sítio Cáras do município de Farias Brito – Ceará,
identificando o modelo de agricultura utilizada, analisando se a prática da Agricultura familiar
é de base ecológica ou não e se as práticas utilizadas por eles acarretam danos ao meio
ambiente. O estudo encontra-se em andamento, sendo desenvolvida em duas etapas, a
primeira constatou na aplicação de questionários e entrevistas, com os agricultores, cuja
intenção foi à realização de um levantamento no qual foi avaliado o método de plantio
utilizado. A segunda etapa será a produção de uma cartilha, contendo dicas que proporciona
melhores condições econômicas, fortalecendo a agricultura familiar em relação à ocupação e
renda, assegurando assim sua permanência no campo, dando-lhe condições de conhecimento
para se ter acesso aos créditos agrícolas e programas de políticas públicas, como acesso a terra
e os programas do PRONAF. O presente trabalho tem como proposta a transição do
“convencional” para o “agroecológico”, mostrando aos pequenos agricultores a conhecer as
razões do processo de transição, procurando esclarecer os motivos, as razões, as vantagens e
desvantagens da organização da agroecologia, deixando de fazer o uso de queimadas e
adotando essa nova medida ecológica.

Palavras Chaves: Agroecologia, Educação no Campo e a Sustentabilidade


Introdução

Considera-se Agroecologia como Ciência ou campo de conhecimentos de natureza


multidisciplinar, cujos ensinamentos pretendem contribuir na construção de estilos de
agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural, tendo-
se como referência os ideais da sustentabilidade numa perspectiva multidimensional.
O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a forma de produção dos agricultores
da Associação dos Produtores Agrícolas do Sítio Cáras do município de Farias Brito – Ceará,
identificando o modelo de agricultura utilizada, analisando se a prática da Agricultura familiar
é de base ecológica ou não, se acarreta danos ao meio ambiente.
O estudo encontra-se em andamento, pois será desenvolvida em duas etapas, a
primeira constatou na aplicação de questionários e entrevistas, com os agricultores, cuja
intenção foi à realização de um levantamento no qual foi avaliado o método de plantio
utilizado.
A segunda etapa será realizada com a produção de uma cartilha ilustrativa que está em
andamento, sendo distribuída aos agricultores, mostrando o modo certo de plantio
agroecológico, abordando desde assuntos introdutórios, esclarecendo sobre os objetivos desta
prática, até temas como agricultura familiar de base ecológica no que se refere à
sustentabilidade e qualidade de vida.
De acordo com a pesquisa com os agricultores constatou-se que o método de
plantio é de forma inadequada, muitos agricultores fazem o uso de queimadas e agrotóxicos,
ou seja, muitos afirmaram que esta prática de plantio era passada de pai para filho.
O presente trabalho tem como proposta a transição do “convencional” para o
“agroecológico” em forma de uma cartilha, mostrando aos pequenos agricultores a conhecer
as razões do processo de transição, mostrando as expectativas com relação ao ecológico,
esclarecendo os motivos, e as vantagens da organização da agroecologia, deixando de fazer o
uso de queimadas e adotando essas novas medidas ecológicas.
Hoje, a maioria dos produtores rurais brasileiros desenvolve atividades econômicas em
pequenas e médias propriedades e a mão-de-obra é realizada pelos componentes da família
que quase sempre, são desprovidos de recursos tecnológicos como implementos agrícolas,
suporte técnico e acesso a educação. Utilizam técnicas ultrapassadas e agressivas ao meio
ambiente, como as queimadas e uso de agrotóxicos, contaminando alimentos e os ciclos
d’água.
Essas medidas são utilizadas em limpeza de áreas, renovação de pastagens, queima de
resíduos, sendo uma ação totalmente negativa, pois o solo empobrece, perde nutriente
agravando e resultado na infertilidade da terra.
Durante a conversa com os produtores da associação, constatamos a veracidade desta
realidade, a comunidade possui apenas um trator agrícola para beneficiar toda a comunidade,
(recurso captado pelo Projeto São José), o trabalho rural na agricultura é realizado, pelos
membros da família, muitos ainda fazem utilização de queimadas, agrotóxicos, inclusive nas
áreas de rios e barragens, contaminando assim os lençóis freáticos.
Uma saída para essa situação é o uso do plantio direto, que é um conjunto de técnicas
que visa melhorar as condições ambientais, explorando o potencial genético da produção,
realizando rotação de culturas, associada ao manejo integrado de pragas, doenças e plantas
daninhas, dando ênfase à produção orgânica.
O Plantio Direto não deve ser visto na cartilha como uma receita universal, mas como
um sistema que exige adaptações, proporcionando a redução da erosão do solo, melhorando as
condições físicas e de fertilidade do solo, viabilizando a redução dos impactos ambientais e a
extinção de queimadas e uso de agrotóxicos, apresentando alternativas de defensivos agrícolas
da própria natureza.
Esta cartilha por ser ilustrativa irá facilitar a compreensão de muitos agricultores que
são leigos na área ou são analfabetos, com as ilustrações demonstrativas, muitos agricultores
irão associar a ilustração à realidade, sabendo o jeito certo de cultivar, adotando assim esse
método em suas plantações.
Hoje sabemos que a educação no Campo há limites e desafios, a realidade do campo é
uma tarefa desafiadora para os trabalhadores e trabalhadoras em todo o Brasil, muitos não têm
a oportunidade necessária para se ter um bom estudo ou não existem escolas públicas de
qualidade para estudarem.
Segundo VEIGA (1994), são vários os objetivos a serem alcançados pelo
desenvolvimento sustentável quanto a práticas agrícolas, destacando-se: “A manutenção por
longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola; O mínimo de impactos
adversos ao ambiente; Retornos adequados aos produtores, Otimização da produção com
mínimo de insumos externos; Satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda;
Atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais”.
Com base nos estudos bibliográficos e pesquisadores nesta área, muitos são os autores
que contribuem para a construção do paradigma da Agroecologia, como Altieri (2001),
Canuto (2003), Costabeber e Caporal (2003), Altieri e Nichols (2003), Gliessman (2000) e
Guzmán (1999). Sendo assim acreditamos que a interação entre ecologia e agronomia pode
dar sustentação técnica e científica e assim, proporcionar a transição da agricultura
convencional para a agricultura sustentável configurando o redesenho dos agroecossistemas.
Segundo Guzmán (2001), na agroecologia se estuda e analisa o agroecossistema, como
se relacionam os sistemas agrários com o ambiente,o autor cita que há duas formas de
intervenção do homem na natureza do ponto de vista agrário. Uma delas é a típica de caçador
e extrativista feita de maneira controlada sem causar danos ao ecossistema natural e a outra é
a praticada pela ação do homem com as práticas agrícolas, as quais muitas vezes provocam
grandes danos ao meio ambiente e aos estoques dos recursos naturais.
Em essência, o enfoque Agroecológico corresponde à aplicação de conceitos e
princípios da Ecologia, da Agronomia, da Biologia e de tantas outras áreas do conhecimento,
no manejo de Agroecossistema que queremos que sejam mais sustentáveis através do tempo.
A cartilha irá tratar de uma orientação cujas pretensões e contribuições vão mais além
de aspectos meramente ilustrativos, tendo dicas de agrônomos em relação ao perfil do solo e
da produção agrícola, baseando-se em uma agricultura orgânica, buscam um equilíbrio entre o
homem e o meio ambiente.
Tendo como visão a ser adotada um sistema orgânico de produção através de técnicas
especifica, incorporando um processo de transição do modelo de agricultura convencional
para estilos de agriculturas de base ecológica e sustentáveis.
MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi feita com dez agricultores representativos da Associação dos
Produtores Agrícolas do Sítio Cáras do município de Farias Brito – CE, que foram
selecionados como sujeitos da pesquisa, aos quais foram aplicados questionários de pesquisa e
entrevistas, com a intenção da realização de um levantamento no qual foi feita uma avaliação
no método de plantio utilizado.
As entrevistas com os agricultores foram realizadas entre os meses de julho e agosto
de 2010, onde foi utilizado um roteiro para servir de base para as perguntas, sendo que cada
agricultor contou suas formas de plantio.
De acordo com a análise dos dados foi observado que o método de plantio é de forma
incorreta, muitos agricultores fazem o uso de queimadas, sendo que muitos afirmaram que
esta forma de plantio foi passada de pai para filho.
O enfoque realizado foi o agroecológico que corresponde à aplicação dos conceitos e
princípios da Ecologia no manejo dando enfoque ao agroecossistema sustentável.
O estudo encontra-se em andamento, pois será desenvolvida em duas etapas, a
primeira constatou na aplicação de questionários, formulários e entrevistas, com os
agricultores, cuja intenção foi à realização de um levantamento no qual foi avaliado plantio
utilizado.
A segunda etapa irá constar na produção de uma cartilha ilustrativa que está em
andamento, mostrando o modo certo de plantio agroecológico, ou seja, abordando desde
assuntos introdutórios, que esclarecem sobre os objetivos desta prática, até temas como
agricultura familiar de base ecológica, agroecologia e desenvolvimento da agricultura familiar
com sustentabilidade.
A presente pesquisa apontará os problemas existentes na comunidade, o uso indevido
do solo, dos agrotóxicos, abordando em forma de cartilha aos pequenos agricultores, as razões
do processo de transição, procurando esclarecer as vantagens da organização da agroecologia,
orientando a não fazer o uso de queimadas e de agrotóxicos, adotando essa nova técnica
ecológica.
Sendo apresentada uma saída para essa situação é a utilização do plantio direto,
compreendo em um conjunto de técnicas integradas que visa melhorar as condições
ambientais da água do solo e do clima.
Iremos demonstrar também que o Plantio Direto é visto como um sistema que exige
adaptações locais. A adoção deste plantio expressa à perfeita harmonia do homem com a
natureza e proporciona economias significativas para a sociedade como um todo,
minimizando os custos por unidade produzida a partir da maximização da produtividade de
insumos e de mão-de-obra e da escoação da produção.
Ou seja, explorando o potencial genético de produção das culturas, abordando formas
como a rotação de culturas e uso de culturas de cobertura para formação de palhada, associada
ao manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com a pesquisa feita com os agricultores da Associação dos Produtores


Agrícolas do sítio Cáras, constatou-se que os elementos constituintes do sistema de produção
utilizado pelos agricultores, caracterizavam pelo uso das seguintes práticas e procedimentos:
mau uso do solo, emprego de mão de obra familiar principalmente com crianças, utilização de
queimadas para limpeza do solo, uso de agrotóxicos, e desconhecimentos das técnicas
corretas de uso do solo e da plantação.
Como o estudo encontra-se em andamento, o principal objetivo é o despertar da
consciência ambientalista da comunidade a qual a associação está inserida, despertar dentro
de cada um o ato de defesa da natureza e do planeta terra.
Essa decisão da implementação da proposta para os agricultores em trabalhar neste
sistema de base ecológica, se deu por uma alternativa de um aproveitamento maior da mão-
de-obra familiar, que geralmente é composta pela esposa e um casal de filhos, obtendo assim
uma maior rentabilidade, preservação do meio ambiente e mantendo uma vida mais saudável.
Faz-se necessário essas medidas para que se tenha um melhor aproveitamento do solo
e do meio ambiente, para fluir o debate contra as queimadas e o uso indiscriminado de
defensivos agrícolas que destrói a natureza e compromete a saúde daqueles que se alimentam
da agricultura familiar.

CONCLUSÕES

Após a análise detalhada da pesquisa, através dos questionários e dos processos de


produção, verificou-se que muitas famílias de agricultores adotam um manejo errado, fazendo
uso de práticas como as queimadas para limpar o solo e de pesticidas e total
desconhecimentos dos métodos ecologicamente corretos.
Como a cartilha encontra-se em andamento, o objetivo principal é a elaboração de uma
metodolgia que vá de encontro aos conhecimentos já acumulados dos agricultores, em forma
de um guia explicativo, mostrando de maneira sucinta as formas corretas de plantios,
abordando uma transição dos costumes tradicionais incorretos para uma prática agroecológica
sustentável, mostrando razões do processo de transição corretamente.
Abordando assim, expectativas com relação ao método correto de utilização do solo e
a forma de plantios, nos passa uma esperança de está dando um passo correto para nossa
grande contribuição como militante ecológico e procurando esclarecer os motivos e razões, as
vantagens da organização do movimento social, e o envolvimento da Associação dos
Produtores Agrícolas do Sítio Cáras, no Município de Farias Brito-CE, nesta empreitada
agroecológica, para construir juntamente com a associação uma consciência ambiental através
da cartilha, que será o resultado desta pesquisa.
BIBLIOGRAFIA

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