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All content following this page was uploaded by Antonio Carlos Gama-Rodrigues on 08 January 2016.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica tem sua extensão compreendida entre os Estados do Ceará e do Rio Grande do
Sul, cobrindo uma área de 100 a 120 milhões de ha. Atualmente, existe apenas 1% a 5% da cobertura
original, resultando não apenas na drástica redução do maciço florestal, mas também num elevado
grau de degradação dos solos e o aumento da emissão de CO2 para atmosfera. A maioria dos
fragmentos florestais remanescentes é, de maneira geral, pobre em espécies de alto valor comercial,
caracterizando ecossistemas bastante degradados quanto ao solo e sua biodiversidade. Além disso, os
agrossistemas baseados no uso indiscriminado de agroquímicos, no manejo intensivo e na perda da
vegetação (biodiversidade) têm como conseqüências a redução da qualidade do solo e o decréscimo da
contribuição dos processos biológicos do solo para a nutrição das plantas. Este problema é mais
agravante em solos das regiões tropicais de avançado estádio de intemperismo.
Neste caso, torna-se imperativo a adoção de um novo paradigma de produção vegetal, que é
sustentado na integração dos recursos e fatores de produção (Sanchez, 1997), e nas interações entre os
processos do sistema solo-planta (Siqueira et al., 1999). Nesse segundo paradigma, é relevante,
portanto, o papel dos processos biológicos na otimização da ciclagem de nutrientes em minimizar as
necessidades do ingresso de insumos através de fertilizantes e maximizar a eficiência deles,
possibilitando com isso uma acentuada redução dos custos de produção e do seu potencial de poluição
do solo.
O reflorestamento, desse modo, pode atender a diversos objetivos, tais como a produção de
madeira e seus derivados; formação de sistemas agroflorestais; acumulação de carbono e de
nitrogênio; proteção, conservação, recuperação e manutenção do potencial produtivo e regulação
hídrica do solo; aumentar o potencial de regeneração natural; interligar os fragmentos florestais
remanescentes; proteção de efeito de borda; aumentar o estoque de água; ou uma combinação desses
objetivos.
Os sistemas agroflorestais (SAF’s), no contexto do segundo paradigma, por enfatizar as funções
ecológicas do sistema solo-planta para a manutenção ou melhoria da fertilidade do solo, seriam os
mais viáveis para as condições dos trópicos úmidos e subúmidos, porque são sistemas de uso
sustentável da terra que combinam, de maneira simultânea ou em seqüência, a produção de cultivos
agrícolas com plantações de árvores frutíferas ou florestais e, ou, animais, utilizando à mesma unidade
de terra e aplicando técnicas de manejo que são compatíveis com as práticas culturais da população
local (Alvim, 1989).
Para o monitoramento dos SAF’s é necessário à abordagem holística, ou seja, uma combinação
de atributos que servirão de base para o estudo da sustentabilidade. Nesse sentido, a qualidade do solo,
constitui-se o mais importante elo entre as práticas agrícolas e a agricultura sustentável (Santana &
Bahia Filho, 1998). A qualidade do solo pode ser definida como a capacidade ou especificidade do
solo de exercer várias funções, dentro dos limites do uso da terra e do ecossistema, para sustentar a
produtividade biológica, manter ou melhorar a qualidade ambiental e contribuir para a saúde das
plantas, dos animais e humana (Doran & Parkin, 1994). A matéria orgânica é o atributo que melhor
representa a qualidade do solo, pois tem influência sobre vários atributos do solo – biota,
disponibilidade de nutrientes, estrutura do solo, disponibilidade de água, erosão, etc. (Swift &
Woomer, 1993).
A biomassa microbiana é um compartimento da matéria orgânica do solo que representa
proporcionalmente a menor fração do C orgânico do solo e constitui uma parte significativa e
potencialmente mineralizável do nitrogênio que estará disponível para as plantas. Apresenta rápida
ciclagem, responde intensamente as flutuações sazonais de umidade e temperatura, ao cultivo e ao
manejo de resíduos. A variação das condições macroclimáticas tem efeito sobre a atividade e a
biomassa microbiana do solo e, subseqüentemente, no ciclo global do carbono e nitrogênio (White &
Gosz, 1987; Gama-Rodrigues et al., 2005). Desta maneira, é possível utilizar a estimativa da biomassa
ou atividade microbiana como um indicador biológico dos níveis da matéria orgânica do solo, ou
como índice de qualidade do solo (Mele & Carter, 1993; Gama-Rodrigues, 1999).
Além disso, a fauna do solo por ser também um componente ativo nos processos de
decomposição e ciclagem de nutrientes, sensível às práticas de manejo do solo; bem como, as
propriedades inerentes do próprio ecossistema, tais como o clima, o solo e a vegetação. Tem sido
também considerada como um bioindicador da qualidade do solo. Desse modo, alterações na
densidade e diversidade da fauna do solo em ecossistemas ou agrossistemas que sofreram algum tipo
de intervenção na sua cobertura vegetal constituem-se, portanto, num bom indicador de mudanças
ocorridas nesses sistemas (Curry & Good, 1992; Giller et al. 1997; Moço et al., 2005).
Neste capítulo será abordado um estudo de caso em que se avaliou a fauna edáfica e os atributos
microbiológicos em solos sob diferentes sistemas agroflorestais de cacau no sul da Bahia.
O cacau, por se caracterizar como uma cultura de sub-bosque, seja sob floresta natural, seja sob
floresta homogênea, constitui um agrossistema adequado para os estudos de ciclagem de nutrientes.
Existem basicamente dois sistemas de cultivo de cacau: o cacau cabruca, que é um sistema de cultivo
do cacau em consórcio com as florestas nativas que são parcialmente derrubadas. E o sistema de
cultivo em que a floresta é totalmente derrubada e inseri-se uma outra espécie como sombreamento do
cacau. Neste sistema utiliza-se o sombreamento provisório com uma espécie não lenhosa e uma
espécie lenhosa no sombreamento definitivo.
A combinação do cacaueiro com espécies não lenhosas (banana, mandioca, etc.) e espécies
lenhosas (eritrina, gliricídia, etc.), é uma excelente comprovação da compatibilidade e
complementaridade de diferentes espécies e ao mesmo tempo sustentabilidade de sistemas de
produção multiestratificados (Müller et al., 2004). Sistemas de cultivo de cacau são considerados
como os mais eficientes na proteção dos solos contra agentes de degradação (Müller et al, 2004;
Duguma et al., 2001). Em termos de seqüestro de carbono e biodiversidade, a agrofloresta de cacau é
superior a sistemas de produção agrícola (Duguma et al., 2001; Somarriba & Harvey, 2004). Alguns
trabalhos têm sido realizados procurando dar ênfase no ciclo da matéria orgânica e à sua contribuição
no fornecimento de nutrientes (Alpizar et al., 1986; Fassbender et al., 1988; Heuveldop et al., 1988).
A expansão de sistemas agroflorestais de cacau dá-se, normalmente, em solos ácidos e de baixa
fertilidade. A capacidade produtiva desses solos decresce acentuadamente a cada safra, devido à taxa
de exportação de nutrientes via sementes do cacau e de outros produtos das plantas associadas
(seringueira, pupunha, coco, madeira, etc). Nesta situação, para manter a capacidade produtiva do
sistema é necessário o emprego de altas doses de fertilizantes. Entretanto, isso elevaria os custos de
produção, reduzindo, por sua vez, a rentabilidade econômica. Assim, para reduzir a necessidade e
maximizar o uso de fertilizantes é preciso otimizar a ciclagem de nutrientes no sistema solo-planta.
Estudos desse tipo poderiam fornecer subsídios para o desenvolvimento de técnicas de manejo que
sejam ecológica e economicamente viáveis.
Para a adoção de um manejo racional do carbono e dos nutrientes em SAF’s de cacau, que leve
em conta não só o aumento da produtividade, mas também à manutenção desses nutrientes no sistema,
é necessária a avaliação da disponibilidade desses elementos nos diferentes compartimentos do
ecossistema: solo-planta-atmosfera.
Dentro deste contexto, a quantificação da biomassa e da atividade microbiana do solo, associada
aos atributos químicos e físicos do solo, a qualidade nutricional, orgânica e biológica (fauna) da
serapilheira, permite o monitoramento do carbono e dos nutrientes e, conseqüentemente, uma
avaliação sistêmica do manejo adotado para a obtenção de indicadores de qualidade desses
agrossistemas.
BIOMASSA MICROBIANA
A biomassa microbiana é definida como a parte viva da matéria orgânica do solo incluindo
bactérias, actinomicetos, fungos, protozoários, algas e microfauna. Mas excluindo-se raízes de plantas
e animais do solo maiores do que 5 x 103 m3. A biomassa microbiana contém em média de 2 a 5% do
C orgânico do solo (Jenkinson & Ladd, 1981) e de 1 a 5% do N total do solo (Smith & Paul, 1990);
representa o compartimento ativo da matéria orgânica do solo no qual a ciclagem de carbono orgânico
é mais rápida e sua estimativa tem sido utilizada em estudos do fluxo de C e N, ciclagem de nutrientes
e produtividade das plantas em vários ecossistemas terrestres (Salamanca et al., 2002; Dinesh et al.,
2003; Monteiro et al., 2004; Gama-Rodrigues et al., 2005). A quantificação da biomassa microbiana,
além de estimar a biomassa viva presente no solo em um determinado tempo, possibilita a associação
da quantidade de nutrientes imobilizados com a fertilidade e o potencial de produtividade do solo.
A atividade dos microrganismos é geralmente medida em termos metabólicos, através de
indicadores como CO2 evoluído, O2 absorvido, atividades enzimáticas e caloríficas, N, P, S
mineralizados (Grisi, 1995). O termo respiração do solo é definido como a absorção de O2 e, ou,
liberação de CO2 pelas entidades vivas e metabolizantes do solo. Já a respiração microbiana é definida
como a absorção de O2 ou liberação de CO2 pelas bactérias, fungos, algas e protozoários no solo e,
incluindo as trocas gasosas que resultam de ambos os metabolismos aeróbio e anaeróbio (Anderson,
1982). A vantagem de se medir CO2, ao invés de O2, está no fato do CO2 refletir a atividade, tanto de
microrganismos aeróbios quanto de anaeróbios.
Neste contexto, a biomassa e a atividade microbiana têm sido consideradas como atributos
microbiológicos sensíveis a impactos causados pelo manejo dos solos (Gama-Rodrigues et al., 2005).
E, portanto, suas estimativas têm sido propostas como bioindicadores dos níveis de matéria orgânica e
da qualidade do solo, auxiliando na orientação de mudanças das técnicas de manejo do solo (Mele &
Carter, 1993). Contudo, mais importante que o valor absoluto da biomassa microbiana é o estudo das
relações entre a biomassa e atividade microbiana e atributos químicos para o melhor entendimento
sobre a funcionalidade do sistema solo.
Em estudo conduzido por Gama-Rodrigues et al. (2006) avaliou-se a influência de diferentes
sistemas de cacau em alguns atributos microbiológicos do solo. As áreas experimentais estudadas
foram: mata natural, cacau com renovação de copa em sistema com Erythrina, cacau com renovação
de copa em sistema cabruca, cacau sem renovação de copa em sistema cabruca, cacau sem renovação
de copa em sistema com Erythrina e jardim clonal adensado. As amostras de solo foram coletadas em
duas épocas do ano (inverno de 2003 e verão de 2004) na profundidade de 0-10 cm. Determinou-se o
C orgânico, N total, C e N da biomassa microbiana, respiração do solo e o potencial de mineralização
de N.
Os solos amostrados neste estudo são de média fertilidade, com acidez variando de muito
elevada à média e teor de argila de 204,7 a 518,7 g kg–1 (Tabela 1). O C orgânico variou
significativamente entre as coberturas, com os maiores valores para mata natural, tanto no inverno
quanto no verão. O N total no verão também foi 32,96% maior na mata natural. Entretanto, no
inverno, o N total não variou entre as coberturas. O carbono da biomassa microbiana do solo no
inverno quase não variou entre as coberturas vegetais. Porém, no verão a mata natural apresentou
valor 61,56% maior do que a média dos SAF’s. O nitrogênio da biomassa microbiana do solo e a
respiração acumulada também foram 48,27% e 24,80% maiores na mata natural no verão,
respectivamente (Tabela 2). A substituição da cobertura florestal nativa por sistemas de produção
resultou em decréscimo nos níveis de C orgânico e N total e na biomassa e atividade biológica dos
solos. Esta redução somente foi significativa no verão. Provavelmente, pelas mudanças ocorridas nos
processos biológicos e físicos do solo (Sharma et al., 2004). No verão, as temperaturas mais altas
associadas a precipitações pluviométricas elevadas promovem um aumento nas taxas dos processos
químicos e bioquímicos do solo. Entretanto, os valores de carbono da biomassa microbiana nos solos
sob SAF’s foram, em média, próximos e os de nitrogênio da biomassa microbiana maior do que
aqueles observados em sistemas florestais no sul da Bahia (Gama-Rodrigues et al., prelo) e em
cultivos agrícolas consorciados com adubos verdes (Brito, 2003).
O carbono da biomassa microbiana representou de 1,13% do C orgânico e o nitrogênio da
biomassa microbiana 6,19% do N total nestes solos. Estes resultados quando comparados com os
obtidos em outros tipos de SAF’s (Sharma et al., 2004; Kaur et al., 2000), sugerem que nos solos sob
SAF’s de cacau existiria uma reserva significativa de N microbiano potencialmente disponível para a
cultura.
Tabela 1 - Caracterização química e física do solo sob diferentes sistemas agroflorestais de cacau
O qCO2 variou de 10,64 a 62,04 mg g dia-1 (Tabela 3), com os menores valores observados para
o cacau cabruca sem renovação de copa, sugerindo que este solo foi mais eficiente na imobilização de
C do que os demais solos. Provavelmente, por se tratar de uma área que não foi alterada pela
derrubada total da mata e, também, pela renovação da copa. Anderson & Domsch (1993) e Wardle
(1993) propõem a utilização do qCO2 como um índice metabólico para avaliar o efeito das condições
de estresse (diminuição da quantidade de matéria orgânica, diminuição do pH, redução dos níveis de
nutrientes e aumento nos teores de C orgânico recalcitrante) sobre a atividade e a biomassa
microbiana.
De modo geral, houve diferença significativa entre as coberturas quanto às quantidades totais de
N mineralizado nas 11 semanas de incubação, mostrando que, para todos os solos, a queda na
inclinação da curva foi regular e progressiva, até uma possível estabilização a partir da oitava semana.
A mata apresentou maior taxa de produção de N, com uma diferença de 29% da produção do jardim
clonal, este apresentando uma menor produção de nitrogênio mineralizável, entre as coberturas
estudadas (Figura 1).
As maiores taxas de mineralização de N nas primeiras semanas de incubação, independente da
cobertura, permitem constatar que a velocidade de mineralização foi maior no período inicial,
diminuindo até atingir uma estabilização. Mais de 50% do N mineralizado foi obtido até a quarta
semana, atingindo cerca de 90% na sétima semana Esse comportamento pode ser explicado pelo
rápido esgotamento da fração da matéria orgânica facilmente mineralizável. A partir daí, o processo
atingiu valores mais estáveis, com menores acréscimos da quantidade de N mineralizado em função do
tempo.
A diferença entre o maior potencial de mineralização no CAE e o menor no JCA foi de 33%
(Tabela 4). O maior potencial de mineralização de N no CAE deve-se, provavelmente, às folhas e
outros resíduos que caem dos cacaueiros e das árvores de sombra, formando uma densa camada de
serapilheira sob o solo, representando uma relevante fonte de nitrogênio. A queda anual dos resíduos
dessa leguminosa, que apresenta teores de nitrogênio mais elevados que os resíduos do cacaueiro
contribuem ainda mais para elevar a quantidade desse elemento que se torna disponível para as plantas
em um prazo relativamente curto, comprovando que essa espécie beneficia o solo.
O carbono da biomassa microbiana relacionou-se num modelo quadrático com o nitrogênio da
biomassa microbiana, indicando que o C e o N estão sendo quantificados no mesmo compartimento do
solo (Tabela 5). As regressões lineares positivas do C orgânico, N mineralizado, carbono e nitrogênio
da biomassa microbiana com o teor de argila representam modelos preditivos que explicam a variação
destes atributos. O teor de C orgânico foi mais influenciado pelo teor de argila do que a própria
biomassa microbiana. A argila dá maior proteção e estabilidade à matéria orgânica do solo
preservando-a da biodegradação. Isto promoveria um efeito indireto na biomassa microbiana pelo
aumento da quantidade de substrato para o metabolismo dos microrganismos.
Assim, os solos mais argilosos, além de apresentarem maior estoque de C, apresentariam maior
potencial de fornecimento de N para o cacau e uma biomassa microbiana mais ativa. Além do teor de
argila, outros atributos de solo que regulam a atividade dos microrganismos são o C orgânico e N
total. O C orgânico explicou 86% e o N total 89% da variação do carbono da biomassa microbiana.
Porém, as regressões quadráticas do C orgânico e o N total com o nitrogênio da biomassa microbiana
apresentaram baixa capacidade preditiva. Quando se conjugou o C orgânico e o N total, por meio da
regressão múltipla, aumentou-se a capacidade preditiva da imobilização do N em 75%. As regressões
lineares múltiplas do N mineralizado com o N total e o nitrogênio da biomassa microbiana, e do N
mineralizado com o C orgânico e carbono da biomassa microbiana, aumentaram a capacidade
preditiva da mineralização de N em 72%. Assim como, a regressão múltipla do N mineralizado com o
nitrogênio da biomassa microbiana e o C orgânico explicou 78% (Tabela 5). O aumento na quantidade
de C e N, indispensáveis ao metabolismo microbiano, favoreceu o processo de imobilização de C e N
e a mineralização do nitrogênio.
Tabela 2 - Atributos microbiológicos de solos sob diferentes sistemas agroflorestais de cacau
CBM NBM RA N Total (ns) C orgânico CBM (ns) NBM RA (ns) N Total C orgânico
-1 -1 -1 -1
------------------mg kg ------------------- ---------------g kg --------- --------------------mg kg ------------------- ------------g kg ------------
CAE 230,57 a 159,83 a AB 48,46 a AB 2,25 a 19,08 a BC 147,03 a 115,11 a C 60,60a 2,55 a B 17,35 a C
CRE 207,70 a 163,35 a AB 60,92 a AB 2,03 a 18,42 a BC 303,05 a 129,93 b BC 66,29 a 2,19 a B 24,50 a B
CAC 273,19 a 216,90 a A 36,55 a B 2,51a 21,29 b BC 299,14 a 153,68 a B 76,10 a 2,72 a AB 27,12 a B
CRC 270,34 a 152,08 a AB 22,28 b B 2,45 a 23,07 a B 242,66 a 141,32 a BC 49,30 a 2,41 a B 26,35 a B
JCA 201,00 a 123,22 a B 99,16 a A 2,21 a 16,59 a C 148,06 a 77,29 a D 75,54 a 2,12 a B 13,82 a D
MN 254,37 a 174,39 a AB 51,72 a AB 2,69 a 30,30 b A 593,11a 238,70 a A 87,30 a 3,58 a A 38,85 a A
CAE - cacau sem renovação de copa com eritrina; CRE - cacau com renovação de copa com eritrina; CAC - cacau cabruca sem renovação de copa; CRC - cacau cabruca com
renovação de copa; JCA - jardim clonal adensado; MN – mata natural. CBM – carbono da biomassa microbiana do solo; NBM – nitrogênio da biomassa microbiana do solo;
RA – respiração acumulada do solo. Médias seguidas das mesmas letras minúsculas na linha, entre épocas, por variável, não diferem entre si pelo Teste-F, 5% de
probabilidade. Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey, 5% de probabilidade. (ns) Não houve diferença significativa
entre as coberturas.
Tabela 3 - Índices microbiológicos de solos sob diferentes sistemas agroflorestais de cacau
Estes resultados indicam que a biomassa microbiana funcionaria como um compartimento fonte
para a mineralização do nitrogênio e a inter-relação da quantidade de C e N com a biomassa
microbiana seria refletida na disponibilidade de nitrogênio para a cultura do cacau durante o ano.
Portanto, a inter-relação dos atributos analisados, ao invés da análise dos valores isolados e
absolutos das medidas de biomassa e de atividade microbiana, C orgânico, N total e teor de argila,
seria a maneira mais adequada para a compreensão dos processos de imobilização e mineralização de
C e N em sistemas agroflorestais de cacau.
100
de solo seco
80
60
-1
N mineralizado mg kg
40
Cacau antigo
Caucau reforma
Eritrina 25 anos
20 Eritrina reforma
Mata
Jardim clonal
0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)
Figura 1 - Curvas de N mineralizado acumulado durante período de incubação de solos sob diferentes
sistemas agroflorestais de cacau, ajustadas ao modelo exponencial simples para obtenção do N 0 e da
constante K.
Tabela 4 - Parâmetros cinéticos de mineralização do nitrogênio de solos sob diferentes sistemas
agroflorestais de cacau
Tabela 5 - Regressões entre atributos microbiológicos e químicos dos solos e teor de argila, em solos
sob diferentes sistemas agroflorestais de cacau
Regressões R2
CBM = 271,49 – 2,499 NBM + 0,0142 NBM2 0,734**
CBM= 37,46 + 6,0408 ARGILA 0,359*
NBM = 63,11 + 2,507 ARGILA 0,442**
C = 0,520 + 0,0493 ARGILA 0,669**
NM = 47,19 + 0,667 ARGILA 0,577**
CBM = 354,68 – 216,71 C + 69,60C 2
0,856**
CBM = 823,98 – 6317,12 N + 15846 N2 0,886**
NBM = 366,84 + 183,36 C – 150,53 C2 – 4009,78 N + 2063,10 CN 0,753**
NM = 26,24 + 0,107NBM + 115,49 N 0,725**
NM = 42,64 – 0,002 CBM + 12,74 C 0,719**
NM = 38,55 + 8,365 NBM + 8,636 C 0,783**
* significativo ao nível de 5% de probabilidade.; ** significativo ao nível de 1% de probabilidade; CBM: carbono da
biomassa microbiana; NBM: nitrogênio da biomassa microbiana; C: C orgânico; NM: nitrogênio mineralizado; N: N total.
FAUNA DO SOLO
4000
3500
3000 a
2500
Ind./m 2
a a
2000
a
1500 a
1000 a
b a
500 b b a b
0
MN CRE CRC CAC CAE JCA
Solo Serapilheira
4000 4000 a
a
3500 a 3500
a
3000 a 3000 a
a
2500 a 2500
Ind./m 2
Ind./m 2
a
2000 2000
a a
1500 a 1500
a a
1000 b a 1000 b b a a
a b
500 a 500
b
0 0
MN CRE CRC CAC CAE JCA MN CRE CRC CAC CAE JCA
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas, entre os compartimentos, dentro de cada área, não diferem entre
si pelo Teste-T a 5 %. Ind. m-2 - indivíduos m-2; MN - mata natural; CRE - cacau com renovação de copa com
eritrina; CRC - cacau cabruca com renovação de copa; CAC - cacau cabruca sem renovação de copa; CAE -
cacau sem renovação de copa com eritrina; JCA - jardim clonal adensado.
Inverno de 2003
18
16
14
Nº de grupos
a a
12 a a a
10 a
8 a b
b b b
6
b
4
2
0
MN CRE CRC CAC CAE JCA
Solo Serapilheira
Nº de grupos
12 a 12
10 a a a a 10 b a b a
a b
8 8
6 b 6 b
4 4
2 2
0 0
MN CRE CRC CAC CAE JCA MN CRE CRC CAC CAE JCA
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas, entre os compartimentos, dentro de cada área, não diferem entre
si pelo Teste-T a 5 %. Riqueza - Número de grupos encontrados. MN - mata natural; CRE - cacau com
renovação de copa com eritrina; CRC - cacau cabruca com renovação de copa; CAC - cacau cabruca sem
renovação de copa; CAE - cacau sem renovação de copa com eritrina; JCA - jardim clonal adensado.
CONCLUSÕES
O grande desafio da ciência do solo é demonstrar a relação entre indicadores biológicos do solo,
como as estimativas da biomassa e da atividade microbiana e da fauna edáfica, e o funcionamento
sustentável do ecossistema. Isto porque, estes indicadores são sensíveis às mudanças ocorridas no
sistema, devido a sua rápida ciclagem. Neste sentido, a medida do “status biológico” permitiria avaliar
as alterações na qualidade do solo provocadas por mudanças de uso da terra.
Nos agrossistemas de cacau do sul da Bahia, a biomassa microbiana funcionaria como um
compartimento fonte para a mineralização do nitrogênio, e a inter-relação da quantidade de C e N com
a biomassa microbiana seria refletida na disponibilidade de nitrogênio para a cultura do cacau durante
o ano.
Assim, a inter-relação dos atributos biológicos seria a forma mais adequada para a compreensão
dos processos de imobilização e mineralização de C e N em sistemas agroflorestais de cacau. Desse
modo, a biomassa, a atividade microbiana e a fauna edáfica devem fazer parte dos estudos de ciclagem
de matéria orgânica e de nutrientes, tendo como enfoque a sua contribuição na decomposição e
mineralização da matéria orgânica e, consequentemente, na fertilidade do solo.
LITERATURA CITADA
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