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Eduardo Gasparin1, José Airton Azevedo dos Santos2, Rafael Luis Bartz3, Alfredo Eduardo Melo Meneses Ferro4 & Silvana Ligia
Vincenzi5
1-Engenheiro do Produção, Mestrando em Tecnologias Computacionais para o Agronegócio, UTFPR, Medianeira-PR, eduardogaspparin@gmail.com
2-Engenheiro Eletricista, Professor Titular do Departamento de Elétrica, UTFPR, Medianeira-PR, professorjairton@gmail.com
3-Tecnólogo em Analise e Desenvolvimento de Sistemas, Mestrando em Tecnologias Computacionais para o Agronegócio, UTFPR, Medianeira-
PR; infobartz@gmail.com
4-Técnico em Agroecologia e Sustentabilidade na Agricultura, Graduando de Agronomia, PUC, Toledo-PR; infobartz@gmail.com
5-Matematica, Professora Titular da UTFPR, Medianeira-PR; sligie@globo.com
Palavras-chave: RESUMO
dejetos animais O uso de fertilizantes no cultivo do trigo constitui uma das técnicas de manejo mais conhecidas
perfilhos e praticadas no cenário agrícola brasileiro para aumentar a produtividade, com diversas fontes
produtividade bibliográficas destacando as vantagens do emprego de dejetos animais em complementação
Triticum aestivum a tradicional adubação mineral. Este trabalho objetivou avaliar oito formulações distintas de
fertilizantes baseadas em dejetos animais e complementos minerais, e seus efeitos sobre as
variáveis: altura das plantas, número de folhas e de perfilhos. O experimento foi realizado no
município de Assis Chateaubriand. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com
oito tratamentos e cinco repetições cada, com as variáveis mensuradas em quatro oportunidades
distintas, aos 15, 30, 45 e 60 dias após a semeadura. Os resultados obtidos foram submetidos a
análises de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância.
Por meio da análise estatística, obteve-se que os tratamentos com adubo organomineral e esterco
bovino associado a complementos minerais resultaram nos maiores valores para a altura. para o
número de folhas e número de perfilhos por plantas, os tratamentos baseados em cama de frango
associado a complementos minerais apresentaram resultados superiores aos demais. concluiu-se
que a utilização da cama de frango na adubação de lavouras de trigo, atua positivamente em
variáveis ligadas ao desempenho produtivo desta cultura, principalmente quando associada à
complementação mineral.
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deste material, foram determinados os seguintes plantas, realizando irrigação quando necessário,
atributos, Tabela 1. por aspersão. As temperaturas e umidade relativa
O delineamento experimental foi em blocos do local não puderam ser controladas, variando
ao acaso, com oito tratamentos e cinco repetições conforme os valores ambientes, Figura 1. Não
cada. Foram utilizados vasos com 8 dm³ de houve necessidade da aplicação de produto para o
capacidade como unidades experimentais. Em controle de pragas e doenças durante o período de
cada vaso foram semeadas 20 sementes na data realização do experimento, realizando-se quando
de 04 de abril de 2016, conforme a recomendação necessário o controle manual das plantas invasoras.
de IAPAR (2016). Cinco dias após a emergência Foram testados oito tratamentos, com a
realizou-se o desbaste, mantendo-se cinco plantas determinação das doses de adubo sendo realizada
por vaso. O experimento foi finalizado aos 60 dias, de acordo com a recomendação de IAPAR (2013),
em 04 de junho de 2016. para a cultura de trigo no estado do Paraná. A Tabela
Durante a realização do experimento, 2 apresenta as doses aplicadas no experimento,
mantiveram-se as plantas em local protegido e bem como a quantidade média de matéria orgânica
com iluminação natural, conservando o solo com (MO), nitrogênio (N), pentóxido de fósforo (P2O5)
a umidade adequada para o desenvolvimento das e óxido de potássio (K2O) de cada tratamento.
Tabela 1. Atributos químicos do solo coletado para o experimento na camada de 0 - 0,2 m de profundidade
pH
MO P Ca2+ Mg2+ K+ Al3+ H+Al SB CTC V
CaCl2
g.dm-3 mg.dm-3 cmolc.dm-3 %
5,56 21,87 4,61 4,44 1,32 0,38 0,0 2,36 6,14 8,5 72,24.
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Tabela 2: Dose e composição média dos tratamentos, com base em sua massa seca
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A partir do número de folhas de cada planta entre os tratamentos (p<0,05), utilizando-se então
presente no experimento, buscou-se avaliar o efeito do Teste de Tukey para classificar e comparar estes.
dos diferentes tratamentos sobre esta variável. Nota-se que aos 30 DAS, no tratamento 6, o
A análise de variância evidenciou por meio do número de folhas foi superior aos demais. Nos 45
Teste F, que aos 15 DAS, que não houve diferença DAS e aos 60 DAS os tratamentos 5 e 6, baseados
significativa (p>0,05) no desempenho dos na aplicação de cama de frango juntamente com a
tratamentos. Porem aos 30, 45 e 60 DAS, constatou- complementação mineral, apresentaram resultados
se por meio do Teste F, diferenças significativas superiores aos demais tratamentos, semelhante aos
Tabela 3. Avaliação da altura de plantas aos 15, 30, 45 e 60 dias após a semeadura (DAS) de acordo com
os diferentes tratamentos (média ± desvio-padrão)
Tratamento 15 DAS 30 DAS 45 DAS 60 DAS
1 15,92 ± 2,3 b 21,7 ± 3,1 d 36,8 ± 2,6 ab 53,5 ± 6,3 ab
2 16,28 ± 2,2 b 22,0 ± 3,0 cd 34,0 ± 2,3 cd 55,8 ± 5,5 ab
3 17,76 ± 3,2 ab 23,6 ± 2,3 abc 33,5 ± 2,7 c 53,1 ± 5,0 ab
4 17,24 ± 3,1 ab 23,4 ± 1,7 bcd 34,6 ± 3,5 bcd 55,8 ± 5,7 ab
5 19,16 ± 2,1 a 25,2 ± 1,8 ab 36,7 ± 2,8 ab 55,9 ± 6,1 ab
6 17,52 ± 2,8 ab 25,5 ± 1,8 a 37,2 ± 1,9 a 55,4 ± 5,5 ab
7 15,68 ± 2,7 b 24,9 ± 1,6 ab 33,6 ± 2,5 c 51,2 ± 4,4 a
8 17,85 ± 3,2 ab 19,8 ± 2,5 d 29,1 ± 2,5 d 45,5 ± 9,1 b
Média 17,18 23,26 34,45 53,27
C.V. (%) 6,34% 8,02% 7,17% 6,24%
Onde 1: Cama de frango + Mineral; 2: Esterco Bovino + Organomineral; 3: Mineral; 4: Esterco Bovino + Mineral; 5: Organomineral; 6: Cama de
Frango + Organomineral; 7: Esterco Bovino; 8: Cama de Frango. Médias seguidas por letras iguais, na coluna e para cada variável, não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Tabela 4. Avaliação do número de folhas de plantas aos 15, 30, 45 e 60 dias após a semeadura (DAS) de
acordo com os diferentes tratamentos (média ±desvio-padrão)
Tratamento 15 DAS 30 DAS 45 DAS 60 DAS
1 2,9 ± 0,3 a 6,5 ± 1,0 b 20,2 ± 2,0 a 24,4 ± 4,6 b
2 3,0 ± 0,2 a 6,9 ± 1,5 ab 15,3 ± 1,6 d 18,8 ± 5,2 cd
3 3,0 ± 0,2 a 6,2 ± 1,0 b 13,4 ± 2,5 e 12,1 ± 4,2 e
4 3,0 ± 0,2 a 6,6 ± 1,0 b 16,0 ± 2,0 cd 20,4 ± 3,6 c
5 3,1 ± 0,3 a 7,2 ± 1,4 ab 17,8 ± 2,5 bc 19,1 ± 4,5 cd
6 3,0 ± 0,0 a 7,7 ± 1,4 a 19,5 ± 2,1 ab 29,8 ± 3,8 a
7 3,0 ± 0,0 a 6,5 ± 1,1 b 12,8 ± 2,2 e 16,4 ± 4,6 d
8 3,0 ± 0,0 a 5,3 ± 1,1 b 14,8 ± 1,9 de 19,9 ± 4,8 b
Média 3,02 6,60 16,22 20,11
C.V. (%) 1,47% 9,91% 15,69% 24,42%
Onde 1: Cama de frango + Mineral; 2: Esterco Bovino + Organomineral; 3: Mineral; 4: Esterco Bovino + Mineral; 5: Organomineral; 6: Cama de
Frango + Organomineral; 7: Esterco Bovino; 8: Cama de Frango. Médias seguidas por letras iguais, na coluna e para cada variável, não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
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Tabela 5. Avaliação do número de perfilhos aos 15, 30, 45 e 60 dias após a semeadura (DAS) de acordo
com os diferentes tratamentos (média ±desvio-padrão)
Tratamento 15 DAS 30 DAS 45 DAS 60 DAS
1 0,0 ± 0,0 e 3,8 ± 0,7 cd 8,9 ± 0,6 a 8,1 ± 1,7 a
2 0,0 ± 0,2 de 4,0 ± 0,6 c 5,8 ± 1,1 b 4,4 ± 1,4 c
3 0,4 ± 0,5 cd 3,3 ± 0,7 d 4,2 ± 0,5 d 3,0 ± 0,9 d
4 0,3 ± 0,5 cde 4,1 ± 0,6 bc 5,8 ± 0,7 b 3,7 ± 1,1 cd
5 1,0 ± 0,2 a 4,3 ± 0,7 ac 6,1 ± 0,9 b 4,2 ± 1,4 cd
6 0,7 ± 0,5 ab 4,8 ± 0,6 ab 9,2 ± 1,2 a 7,7 ± 1,5 ab
7 0,4 ± 0,5 cd 4,0 ± 0,7 c 5,0 ± 0,9 c 3,4 ± 1,0 cd
8 0,6 ± 0,5 bc 3,2 ± 0,8 d 7,3 ± 1,0 a 5,2 ± 1,9 b
Média 0,41 3,95 6,54 4,96
C.V. (%) 73,32% 11,97% 25,60% 36,40%
Onde 1: Cama de frango + Mineral; 2: Esterco Bovino + Organomineral; 3: Mineral; 4: Esterco Bovino + Mineral; 5: Organomineral; 6: Cama de
Frango + Organomineral; 7: Esterco Bovino; 8: Cama de Frango. Médias seguidas por letras iguais, na coluna e para cada variável, não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
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relacionado com a quantidade de nutrientes Brasileira de Grãos, Colombo, v.2, n.9, p.5-5,
presentes na cama de frango, que além de ser rica 2008.
em nitrogênio, tem níveis de potássio e fósforo
elevados quando combinada com adubo mineral BENITES, V.D.M.; MOUTTA, R.D.O.;
e adubo organomineral, Tabela 2. Também é COUTINHO, H.L.D.C.; BALIEIRO, F.D.C.
importante destacar que esta combinação de Análise discriminante de solos sob diferentes usos
fertilizantes propicia constante liberação de em área de Mata Atlântica a partir de atributos da
nutrientes para a cultura, inicialmente devido à matéria orgânica. Revista Árvore, v.34, n.4, 2010.
rápida liberação de nutrientes dos adubos minerais
no início do ciclo de vida e do fluxo constante de BORGES, R.E.; MENEZES, J.F.S.; SIMON,
nutrientes devido a decomposição dos elementos G.A.; BENITES, V. Eficiência da adubação com
orgânicos (PITTA et al., 2012; KUMMER et al., organomineral na produtividade de soja e milho.
2016). Global Science and Technology, v.8, n.1, 2015.
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GASPARIN, E. et al.
Informações técnicas para trigo e triticale, safra Comportamento da cultura do trigo sob efeito de
2013. VI Reunião da Comissão Brasileira de fontes e doses de nitrogênio. Revista do Centro
Pesquisa de Trigo e Triticale. Londrina, 2013. Universitário de Patos de Minas. ISSN, v.2178,
220p. p.7662, 2014.
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a diferentes doses de irrigação. Anais do Salão M.M.; BENETT, C.G.S. Doses, fontes e épocas
Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, de aplicação de nitrogênio influenciando teores de
v.6, n.2, 2014. clorofila e produtividade do trigo. Revista Brasileira
de Ciência do Solo, v.38, n.6, 2014, 38(6).
SILVA, J.A., ARENHARDT, E.G., KRÜGER,
C.A., LUCCHESE, O.A., METZ, M., MAROLLI, ULSENHEIMER, A.; SORDI, A.;CERICATO,
A. A expressão dos componentes de produtividade A.; LAJÚS, C. Formulação de fertilizantes
do trigo pela s classe tecnológica e aproveitamento organominerais e ensaio de produtividade. Unoesc
do nitrogénio. Revista Brasileira de Engenharia & Ciência-ACET, v.7, n.2, p.195-202, 2016.
Agricola e Ambiental, v.19, n.1, 2015.
VIEIRA, S. Estatística experimental. 2.ed. São
TEIXEIRA FILHO, M.C.M.; BUZETTI, S.; Paulo: Atlas, 1999. 185p.
ANDREOTTI, M., ARF, O.; BENETT, C.G.S.
Doses, fontes e épocas de aplicação de nitrogênio ZUCHI, J.; BEVILAQUA, G.A.P.; ZANUNCIO,
em trigo irrigado em plantio direto. Pesquisa J.C.; MARQUES, R.L.L.; TEMPERADO, E.C.
agropecuária brasileira, p.797-804, 2010. Rendimento de Grãos de Trigo e Tricale com
Utilização de Torta de Mamona. Embrapa
THEAGO, E.Q.; BUZETTI, S.; TEIXEIRA Clima Temperado. Boletim de Pesquisa e
FILHO, M.C.M.; ANDREOTTI, M.; MEGDA, Desenvolvimento, v.128, 2010.
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