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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

ESCOLA SUPERIOR POLITÉCINCA


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM AGRONOMIA

LIDIANE TEIXEIRA SOAVE


955319

Forragicultura e Pastagem

BRASIL
2023
1 INTRODUÇÃO

O manejo de pastagem é um conjunto de práticas que garantem a saúde e


produtividade de um rebanho, utilizando estratégias que visam o uso eficiente dos
recursos naturais, como solo, água e a biota, além de promover a regeneração das
plantas.
Alguns aspectos importantes devem ser levados em consideração, como as
características e necessidades nutricionais do solo realizando a análise do solo,
garantindo assim uma correção adequada do PH e dos nutrientes dele, para um
ambiente propício ao crescimento das plantas forrageiras.
Outra perspectiva no adequado controle e manejo da pastagem é estabelecer a
carga animal que promova o equilíbrio entre quantidade de plantas, animais e o
rebrote dessas, evitando o superpastejo ou mesmo o subpastejo, adotando práticas de
rotacionamento de pastejo.
A conservação do solo e o controle de pragas são preocupações que devem
estar sempre no radar dos produtores para que sejam evitadas a degradação do solo
e sua capacidade produtiva e no monitoramento e prevenção às pragas e doenças
que podem acometer plantas e animais.

2 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS NO MANEJO DE PASTAGEM TROPICAL E


TEMPERADA

A pastagem temperada é um tipo de vegetação composta por gramíneas e


outras plantas forrageiras adaptadas às condições climáticas de regiões temperadas,
com estações distintas de calor e frio. Essas pastagens são comuns em áreas de
clima temperado, como partes da Europa, América do Norte e no extremo sul da
América do Sul. De modo geral, em boa parte dessas áreas há condições climáticas
favoráveis ao cultivo de espécies forrageiras estivais e hibernais, possibilitando a
utilização de pastagens como o principal recurso alimentar para os rebanhos durante
boa parte do ano (SBRISSIA, André Fischer et al., 2017).
Em ambientes tropicais da América do Sul o sistema de produção animal em
pasto é definido basicamente por meio do monocultivo de gramíneas perenes estivais,
principalmente dos gêneros Urochloa, Panicum e Cynodon, sendo que, praticamente
toda a produção de forragem concentra-se no período chuvoso (estações de
primavera e verão), uma vez que nas demais épocas do ano a produção de forragem
é limitada pela redução na disponibilidade de fatores de crescimento como água,
radiação, temperatura e fotoperíodo. Por outro lado, áreas geográficas sob influência
de clima temperado apresentam condições favoráveis para a produção animal em
pasto ao longo de praticamente todo o ano, uma vez que os fatores abióticos
presentes nessas latitudes possibilitam o cultivo de espécies forrageiras estivais da
primavera ao outono e também o cultivo de espécies forrageiras hibernais do outono à
primavera. Dessa forma, um possível modelo de sistema de produção nessas regiões
consiste basicamente na produção de espécies forrageiras estivais nos meses mais
quentes do ano e hibernais durante o período mais frio, reduzindo, propriedades que
utilizam apenas um dos grupos supracitados (SBRISSIA, André Fischer et al., 2017).

3 SISTEMAS DE PASTEJO

As estratégias utilizadas em pastagens e a criação de animais que faz uso


dela, que objetiva a máxima produtividade dos recursos forrageiros, chama-se sistema
de pastejo. Dentre estes podemos citar o pastejo contínuo, rotacionado e o diferido.
Cada sistema tem suas características e benefícios específicos em termos de
produtividade, qualidade da pastagem e sustentabilidade do sistema de produção
pecuária. Os Sistemas de pastejo (entendidos como a combinação integrada dos
componentes animal, planta, solo, clima, manejo, e mercado) têm sido concebidos e
testados na tentativa de se chegar a receitas ótimas, mas logo se percebe que as
individualidades de cada sistema, definem obrigatoriamente individualidades filosóficas
na sua condução (Pedreira, C. G. S., Silva, S. D., Braga, G. J., Neto, J. D. S., &
Sbrissia, A. F., 2002).
Segundo Rehagro (2018), o método de pastoreio é a técnica ou procedimento
de manejo de pastagem. Existem vários métodos de pastoreio, do mais simples ao
mais complexo, sendo eles, respectivamente: pastoreio contínuo, pastoreio diferido,
pastoreio rotacionado, pastoreio desponte/repasse (Castro, B. A., ROMEIRO, C. S. V.,
SILVA, F. J. C., & VISOTO, E. D. A., 2021).
A produção animal realizada nos diferentes sistemas de pastejo deve ser muito
bem planejada para que sejam evitadas perdas por comprometimento de desempenho
em função da capacidade de suporte da pastagem, além da qualidade e quantidade
desta. O desempenho animal, isto é, a produção de leite ou lã ou o ganho de peso
vivo por animal, reflete o valor nutritivo da forragem consumida (Gomide, J. A., &
GOMIDE, C. D. M., 2001).
Conforme Andrade (2008) o pastejo rotacionado é um método de pastejo em
que o pasto é dividido em 3 ou mais piquetes em que são pastejados em sequência
por um ou mais lotes de animais. Diferente do pastejo contínuo que o animal fica no
mesmo pasto por longos meses, ou seja, uma única pastagem durante um bom tempo
para o animal (Castro, B. A., ROMEIRO, C. S. V., SILVA, F. J. C., & VISOTO, E. D. A.,
2021).
Para Moura (2019, p.1), o pastejo contínuo consiste de uma única área na
propriedade para o animal pastejar, ou seja, com poucas subdivisões ou sem
nenhuma divisão da área, causando o forçamento da planta sem nenhum descanso
para sua reposição. Isso significa que a presença constante dos animais na área tem
um caráter de desfolha específico. Nesse caso, o ajuste de carga é muito importante
para que a oferta de pasto esteja atrelada à demanda dos animais. Sendo assim mais
difícil de ter um bom manejo de pastagem, podendo causar deformidade nela (Castro,
B. A., ROMEIRO, C. S. V., SILVA, F. J. C., & VISOTO, E. D. A., 2021).
Em Paulino et. al. (2002), pastejo diferido é um manejo estratégico de
pastagens que consiste, basicamente, em selecionar determinadas áreas e vedá-las à
entrada de animais no final da estação de crescimento. A utilização do método de
pastejo diferido, também denominado protelado, tem sido sugerido como alternativa
para corrigir a defasagem de produção de forragem durante a época seca do ano.
Desta forma, é possível promover um acúmulo de forragem na forma de "feno-em-pé"
para pastejo direto durante o período crítico de disponibilidade de alimentos
(HOFFMANN, Alvair, et al. 2014).
A capacidade de suporte da pastagem, fundamentalmente determinada pelo
genótipo da espécie forrageira cultivada, é dependente de condições de ambiente –
solo e clima – que podem ser melhoradas por práticas de manejo: adubação, irrigação,
suplementação. Também, decisões sobre a taxa de lotação, joga papel preponderante
(Gomide, J. A., & GOMIDE, C. D. M., 2001).
O subpastejo propicia grandes perdas de forragem, caracterizadas por acúmulo
de material morto, de inflorescência, e baixa relação folha/colmo, conferindo ao
relvado uma estrutura incompatível com o eficiente comportamento ingestivo do
ruminante. Tal condição induz o animal ao pastejo seletivo que lhe garanta dieta mais
rica que a forragem disponível, mas pode comprometer o consumo diário de forragem
(Adjei et al., 1980; Burns et al., 1991).
Já o superpastejo é o oposto do subpastejo, pois caracteriza-se pela elevada
pressão aplicada ao sistema levando a sua completa degradação (Euclides et al.,
1999; Hodgson, 1981; Mott, 1980, 1981, 1984).
O conceito de pressão ótima de pastejo carrega consigo certo grau de
subjetividade que o torna variável de pessoa para pessoa. Felizmente, a pesquisa tem
estabelecido certos parâmetros práticos e úteis ao balizamento da pressão ótima de
pastejo; tais são: IAF, altura do relvado, biomassa disponível, relação folha/colmo,
disponibilidade de biomassa verde total ou de folhas, oferta de forragem. A relevância
da oferta de forragem para a produção animal em pastagem já foi especificamente
abordada (Euclides et al., 1999; Hodgson, 1981; Mott, 1980, 1981, 1984).

4 CONSERVAÇÃO DE PASTAGEM

A conservação de forragem é prática fundamental quando se adota o manejo


intensivo das pastagens. A manutenção da oferta de forragem de alta qualidade
durante todo o ano, garante o atendimento do requerimento animal e permite
aumentar a eficiência da utilização das pastagens diminuindo o risco de degradação
das mesmas em decorrência do superpastejo, muitas vezes registrado durante o
período de crescimento restrito das forrageiras de clima tropical (REIS, Ricardo
Andrade; MOREIRA, Andréia Luciane, 2017).
No processo de ensilagem a forragem é fermentada anaeróbicamente por
bactérias produtoras de ácidos láticos presentes na forragem (REIS, Ricardo Andrade;
MOREIRA, Andréia Luciane, 2017).
Na fenação, a forragem é desidratada de tal forma que permanece
biologicamente inativa com respeito a atividade enzimática da planta e dos
microrganismos. O baixo conteúdo de umidade dos fenos permite que este seja
transportado e comercializado em função do reduzido peso em relação a unidade de
matéria seca (REIS, Ricardo Andrade; MOREIRA, Andréia Luciane, 2017).
No método pré-secado temos a remoção parcial de água da planta, através do
seu emurchecimento, também denominada pré-secagem, que tem como finalidade
restringir a extensão da fermentação durante o processo de conservação de forragens
através da ensilagem e reduzir a incidência de fermentações secundárias indesejáveis
(PEREIRA, João Ricardo Alves; REIS, Ricardo Andrade., 2001). Esta técnica é uma
alternativa as anteriores em locais onde são observadas dificuldades na aplicação
dessas outras seja por fermentação secundária no caso da ensilagem ou a perda
excessiva de água no processo de fenação, esta vem como uma alternativa
interessante para que sejam evitadas perdas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, a adoção de técnicas sustentáveis, como o uso de adubos orgânicos,


integração com outras atividades agropecuárias e a preservação de áreas de mata
nativa, contribuem para a conservação do meio ambiente e a sustentabilidade
agropecuária, além de conciliar conservação do solo e a preservação do meio
ambiente.

REFERÊNCIAS

Adjei, M.B., Mislevy, P., Ward, C.Y. Response of tropical grasses to stocking rate.
Agron. J., 72: 863-868, 1980.

Euclides, V.P.B., Thiago, L.R.L., Marcelo, M.C.M. et al. Consumo voluntário de


forragem de três cultivares de Panicum maximum sob pastejo. Rev. Soc. Bras. Zoot.,
28(6): 1177-1185, 1999.

Burns, J.C., Pond, K.R., Fisher, D.S. Effects of grass species on grazing steers: II. Dry
matter intake and digest kinetics. J. Anim. Sci., 69(3): 1199-1204, 1991.

PEDREIRA, Carlos Guilherme Silveira et al. Sistemas de pastejo na exploração


pecuária brasileira. Departamento de Zootecnia, USP-ESALQ, Piracicaba, SP, 2002.

CASTRO, Bruno Alves et al. Manejo de pastagem: Pastejo rotacionado. 2021.

Hodgson, J. The influence of grazing pressure and stocking rate and herbage intake
and animal performance. In: Hodgson, J., Jackson, R.K. (Eds.) Pasture utilization by
the grazing animal. Occasional Symposium, n.8, p.93-103, 1981.

HOFFMANN, Alvair et al. Produção de bovinos de corte no sistema de pasto-


suplemento no período da seca. Nativa, v. 2, n. 2, p. 119-130, 2014.

GOMIDE, José Alberto; GOMIDE, CA de M. Utilização e manejo de


pastagens. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 38, p. 808-825,
2001.

Mott, G.O. Measuring forage quality and quantity in grazing trials. In: 37th Southern
Pasture and Forage Crop Improvement Conference, p.3-9, 1980.
Mott, G.O. Potential productivity of temperate and tropical systems. Proceedings XIV
Int. Grassld. Congress, p.35-41, 1981.

Mott, G.O. Relationship of available forage and animal performance. in tropical grazing
systems in forage system leading US agriculture into the future. Proceedings of the
1984 Forage Grassland Conference, 1984, p.373-377, 1984.

PEREIRA, João Ricardo Alves; REIS, Ricardo Andrade. Produção de silagem pré-
secada com forrageiras temperadas e tropicais. Simpósio sobre produção e utilização
de forragens conservadas, v. 1, p. 64-86, 2001.

REIS, Ricardo Andrade; MOREIRA, Andréia Luciane. Conservação de forragem como


estratégia para otimizar o manejo das pastagens. FCAV/UNESP, Jaboticabal.
Disponível em:< http://www. fcav. unesp. br/>, Acesso em: out, 2017.

SBRISSIA, André Fischer et al. Produção animal em pastagens cultivadas em regiões


de clima temperado da América Latina. Archivos Latinoamericanos de Producción
Animal, v. 25, n. 1-2, p. 47-60, 2017.

WADT, Paulo Guilherme Salvador et al. Práticas de conservação do solo e


recuperação de áreas degradadas. 2003.

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