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INSTITUTO DE AGRONOMIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
IA 318-BIOLOGIA DO SOLO
Microrganismos, Compostagem e
Vermicompostagem
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
IA 318-BIOLOGIA DO SOLO
Professores da Disciplina
Andres Calderin Garcia
Ricardo Luiz Louro Berbara
Seropédica, RJ
Junho de 2023
ii
RESUMO
O aumento da população e a geração resíduos impactam cada vez mais o meio ambiente e
elevam os custos financeiros globais para seu gerenciamento apropriado. Dentre as
tecnologias tradicionais de reciclagem de resíduos orgânicos, a compostagem e a
vermicompoostagem se destacam, pois são tecnologias economicamente viáveis e confiáveis
para a reciclagem de resíduos sólidos, aplicáveis nos meios rurais e urbanos. Destarte, este
trabalho consistiu na realização de uma revisão de literatura com o objetivo de melhor
compreender a dinâmica dos microrganismos presentes nos processos de compostagem e
vermicompostagem. Observa-se que as comunidades microbianas exibem grande
versatilidade no decorrer dos processos de transformação dos resíduos orgânicos em matéria
orgânica estável. Embora seja vasta a biodiversidade da comunidade microbiana presente nos
diferentes processos de compostagem e vermicompostaem, percebe-se que em todos os
processos analisados nesta revisão são dominados por quatro filos bacterianos:
Actinobacteria, Bacteroidetes, Firmicutes e Proteobacteria.
iii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 METODOLOGIA .......................................................................................................... 3
3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 4
2.1 Compostagem ............................................................................................................. 4
2.2 Vermicompostagem .................................................................................................... 8
2.3 Microrganismos Presentes nos Processos de Compostagem...................................... 8
2.4 Microrganismos Presentes nos Processos de Vermicompostagem .......................... 14
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 17
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 18
iv
1 INTRODUÇÃO
1
Ante ao exposto, este trabalho consistiu na realização de uma revisão de literatura com
o objetivo de melhor compreender a dinâmica dos microrganismos presentes nos processos de
compostagem e vermicompostagem.
2
2 METODOLOGIA
3
3 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Compostagem
Materiais orgânicos (s) + microrganismos + O2 (g) → composto orgânico (g) + CO2 (g) + H2O
5
aspectos químicos do solo, observa-se aumento na disponibilidade de nutrientes por meio da
mineralização, aumento da capacidade catiônica (CTC) e auxilia na correção do pH de solos.
Já em relação aos aspectos biológicos, a MO atua como fonte de energia para o
desenvolvimento de microrganismos benéficos às plantas (COSTA, 2015).
De acordo com Inácio e Miller (2009), outro ponto importante é que a compostagem
possibilita a reciclagem de uma gama de macronutrientes como: nitrogênio, fósforo e potássio
e, como nutrientes secundários o cálcio, magnésio e enxofre, além dos micronutrientes como:
boro, cloro, cobalto, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco que podem atuar na nutrição
das culturas agrícolas. Segundo o mesmo autor, esses elementos fornecidos para as plantas
por meio da compostagem podem promover a redução ou substituição do uso de fertilizantes
minerais.
Dentre as desvantagens do processo de compostagem podemos destacar o manejo
incorreto, dependendo da técnica empregada, a compostagem pode gerar transtornos, como a
proliferação de insetos e roedores, atraídos pelo mau cheiro do resíduo e ainda produzir o
chorume, que diferente do biofertilizante líquido, é um produto de baixa qualidade podendo
ser um contaminante de solo (MENESES, 2008).
A compostagem realizada de forma correta apresenta uma excelente alternativa a ser
implantada em hortas escolares, que são consideradas agricultura de pequena escala. Já que a
produção de RSO é tema de preocupação para gestores, em função da preparação da merenda
escolar e outros fatores, o adubo orgânico proveniente desse material, depois de passar pelo
processo de compostagem pode ser usado na horta. E a escola ainda se mantém como uma
instituição sustentável ao adotar essa metodologia para reciclar parcialmente o RSO
produzido.
A técnica de compostagem é bem diversificada e pode ser realizada de diferentes
maneiras e escalas, por exemplo: em pequenas escalas como, em domicílios e escolas; em
médias e em grande escala, como em fazendas agrícolas, municípios e indústrias
(ZANNETTE, 2016).
O método de compostagem pode se diferenciar pelo tempo do processo de
decomposição e capacidade de estabilidade e maturidade do composto (IQBAL et al., 2012).
Portanto, a técnica da compostagem pode ser usada em ambiente aberto ou fechado. O
sistema aberto é aquele no qual a massa a ser composta alocada em leiras, em pátios de
compostagem. Já o sistema fechado ocorre em digestores em forma de tambores rotativos ou
células, com revolvedores mecânicos para movimentar a massa orgânica.
6
O processo ainda pode ser estático ou lento, que é a compostagem natural, que
acontece de forma passiva e o tempo de obtenção do composto chega os 100 dias; ou rápida
ou dinâmica, que corresponde no processo acelerado de compostagem a qual são dadas
condições especiais como a adição de enzimas e aeração forçada (PIRES, 2011).
Os principais métodos de compostagem são classificados em: método de leiras
revolvidas ou sistema “windrow”, leiras estáticas aeradas ou “static piles”, leiras estáticas
com aeração passiva ou “método UFSC”, sistema fechado ou “in-vessel”, vermicompostagem
e gongocompostagem.
O método com revolvimento de leiras ou natural representa baixo custo de
implantação e é um dos mais divulgados no Brasil. Nesse método a MO é disposta em pilhas
ou leiras em formato variável. Exige grandes pátios de compostagem a céu aberto, o que
aumenta a produção de chorume e emissão de odores. Dessa forma, se obtém um melhor
desempenho na compostagem de material vegetal o que torna a implantação desse método
mais simples. Além disso, exige o revolvimento periódico da leira para realizar a aeração, o
que torna uma técnica ineficiente a longo prazo, já que o oxigênio fornecido se esgota em
poucos minutos (INÁCIO; MILLER, 2009).
No método de leiras estáticas aeradas o ar é insuflado para o interior da leira através de
tubulações com perfurações usualmente dispostas na base. Esse método foi criado com o
objetivo de solucionar um problema comum na compostagem: a falta de oxigênio no interior
da leira, causado pela alta atividade biológica nos primeiros dias de processo (INÁCIO;
MILLER, 2009). No Brasil ainda existem poucos pátios desse tipo, por exigirem instalações
específicas ele apresenta altos custos de implantação.
O método UFSC é uma variação do método das leiras estáticas com aeração passiva
para a realidade brasileira. Nesse sistema, a leira não é revolvida e nem aerada forçadamente,
o destaque é para a arquitetura da leira, uma vez que ela garantirá a aeração adequada para o
processo de decomposição da matéria orgânica. Dessa forma, a aeração é feita por convecção
natural. As paredes das leiras são construídas retas e com uma camada grossa de grama
cortada, permitindo uma ventilação natural, onde o ar quente sai pelo topo da leira enquanto o
ar frio é sugado pela sua base permeável (PEIXE; HACK, 2014).
O método é feito em reatores biológicos, ocorre dentro de um reator fechado, no qual
se confinam os resíduos. Permitem um maior controle sobres as condições ambientais. Exige
um alto investimento de operação e manutenção dos equipamentos, além do sistema ser
patenteado, o que exige a compra de licença. Esse sistema é mais indicado para resíduo
7
animal, por permitir o controle de odores. Dentre os reatores biológicos, encontramos três
categorias: reatores de fluxo vertical, reatores de fluxo horizontal e reatores de batelada
(INÁCIO; MILLER, 2009).
2.2 Vermicompostagem
9
Pseudomonas, mas estes foram substituídos por gêneros como Bacillus e Thermobifida ao
final da compostagem. Bacillus é um gênero amplamente difundido de Firmicutes em
sistemas de compostagem de resíduos lignocelulósicos devido à sua termotolerância na fase
termofílica.
Além disso, as atividades antifúngica e protease do Bacillus podem fornecer a esse
gênero a capacidade competitiva contra outros microrganismos. Thermobifida é amplamente
identificado em compostos lignocelulósicos e é bem conhecido como um degradador de
celulose (ZHANG et al., 2015). A dominância desses gêneros indicava uma comunidade
seleta caracterizada pela termoestabilidade e a capacidade de degradar a lignocelulose que
havia se formado no final do processo de compostagem (ZHANG et al.,2016).
Nakasaki et al. (2019) buscaram identificar quais eram os microrganismos comuns no
estágio final da fermentação de uma composteira contendo resíduos de cozinha ricos em
carboidratos, restos de ração de coelho e arroz cozido. Na compostagem inoculou-se levedura
mesofílica capaz de degradar ácidos orgânicos e manteve-se a temperatura da pilha de
compostagem a 40 °C por diferentes períodos de tempo e depois à uma temperatura
termofílica de 60 °C. As análises de DNA revelaram a presença de três filos durante a
compostagem: Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria. Ademais, os autores supracitados
verificaram que a ordem Bacillales foi dominante durante o processo de compostagem; no
entanto, os tipos de bactérias pertencentes à ordem Bacillales mudaram significativamente à
medida que a degradação da matéria orgânica avançou. Além disso, o número de um
determinado grupo de Bacillales aumentou em conjunto com Symbiobacterium, uma bactéria
comensal.
Muitos tipos de espécies de Bacillus aparecem no processo de compostagem nas fases
mesofílica e termofílica. Geobacillus foi originalmente incluído dentro do gênero Bacillus,
mas foi reclassificado como um gênero separado. Uma das famosas espécies pertencentes a
esse gênero e frequentemente observada em compostos é a Geobacillus stearothermophiles.
Esta espécie cresce dentro de uma ampla faixa de temperatura de 30 a 75 ºC. O gênero
Geobacillus tornou-se dominante quando a temperatura da compostagem do lodo de
aquacultura foi mantida à 70 ºC, embora a abundância relativa deste grupo de bactérias não
fosse tão elevada no composto mantido entre 50 - 60 ºC indicando que o gênero Geobacillus
se beneficia em temperaturas mais elevadas, apesar de crescer dentro de uma ampla faixa de
temperatura (KOYAMA et al., 2018).
Outros grupos de bactérias da ordem Bacillaceae, Ureibacillus e Paenibacillaceae
10
apareceram em experimentos de compostagem presentes em alta abundância relativa. Esses
dois grupos de bactérias foram relatados anteriormente (AKHTAR et al., 2016; JIA et al.,
2017). Jia et al. (2017) encontraram uma nova catalase da bactéria termofílica U.
thermosphaericus isolada de um composto oriundo da compostagem contendo fase
termofílica. Akhtar et al. (2016) investigaram a biodiversidade de bactérias produtoras de
celulase e sua aplicação e descobriram que a família Paenibacillaceae ocorre primariamente
no solo, no esterco bovino e nos compostos orgânicos. A existência destes dois grupos de
bactérias no composto é assim esperada.
As bactérias mais interessantes identificadas por Nakasaki et al. (2019) são aquelas
pertencentes ao gênero Symbiobacterium. S. thermophilum foi encontrada em uma cultura
submersa comensal derivada de composto (UEDA et al., 2004) e é conhecida por depender do
comensalismo microbiano com um Bacillus sp. específico. É provável que esta bactéria só
possa crescer em um ambiente misto com espécies comensais ou em meio misturado com
filtrado de cultura desta espécie. A descoberta desta bactéria no presente estudo ilustra o
benefício da aplicação de métodos biológicos moleculares para estudar as comunidades
bacterianas em compostos orgânicos. É provável que os microrganismos presentes no
composto compartilhem relações comensais e simbióticas com microrganismos coexistentes.
Akyol et al. (2019) avaliaram a degradação da matéria orgânica e a diversidade
microbiana durante a compostagem de resíduos oriundos de restos culturais ricos em
lignocelulose. A pilha de compostagem foi constituída de esterco bovino, resíduos da cultura
de cevada, triticale, trigo e centeio. A diversidade bacteriana foi determinada pelo
sequenciamento do gene 16S rRNA, coletando amostras em triplicatas de todas a pilhas de
compostagem: composto de cevada (BC), composto de triticale (TC), composto de trigo (WC)
e composto de centeio (RC)
Uma comunidade bacteriana muito diversa foi detectada em amostras (BC, RC, TC e
WC), sendo que o maior número de OTUs pertencia principalmente a quatro filos:
Actinobacteria, Bacteroidetes, Firmicutes e Proteobacteria. Claramente, Luteimonas (filo
Actinobacteria) foi de longe o gênero bacteriano mais abundante em todas as amostras, pois a
abundância relativa de Luteimonas foi de 15%, 20%, 12% e 13% nos compostos BC, RC, CT
e WC, respectivamente. Foi seguido por Bacillus (7-12%, filo Proteobacteria), Ochrobactrum
(5-13%, filo Proteobacteria) e Thermobifida (2-7%, filo Actinobacteria). Apesar de algumas
pequenas variações em relação às abundâncias relativas, todas as quatro amostras de
composto foram representadas pelos mesmos grupos filogenéticos de bactérias e não houve
11
diferença significativa entre as amostras. Outros gêneros bacterianos predominantes foram os
seguintes: Cellvibrio (filo Proteobacteria), Taibaiella (filo Bacteroidetes), Bordetella (filo
Proteobacteria), Pseudomonas (filo Proteobacteria), Olivibacter (filo Bacteroidetes),
Gelidibacter (filo Bacteroidetes) e Acidovorax (filo Proteobacteria). Os resultados estão de
acordo com os dados apresentados anteriormente, pois Firmicutes, Proteobacteria,
Bacteroidetes e Actinobacteria são comumente relatados como os filos bacterianos mais
dominantes nos processos de compostagem (GALITSKAYA et al., 2017; WEI et al., 2018).
As bactérias do filo Firmicutes são conhecidas por crescerem em altas temperaturas e
são amplamente distribuídas, especialmente na fase termofílica da compostagem da biomassa
agrícola (ZHANG et al., 2016). Enquanto isso, Actinobacteria também é considerada
termofílica / termotolerante e também desempenha um papel importante em termos de
decomposição de materiais orgânicos (JURADO et al., 2014). No nível do gênero, a
Luteimonas é tipicamente encontrada nos resíduos de alimentos e / ou processos de
compostagem em ambientes de solo (MAEDA et al., 2010; WU et al., 2016).
O gênero Bacillus é frequentemente detectado em sistemas de compostagem
lignocelulósica como bactérias termotolerantes (DE GANNES et al., 2013), onde contribui
para a degradação de resíduos durante o processo de compostagem (WEI et al., 2018). As
espécies pertencem ao gênero Cellvibrio, por outro lado, são bactérias mesofílicas e crescem
de forma semelhante nas fibras de celulose, sendo, portanto, uma adaptação importante em
tais ambientes devido à capacidade de degradar polissacarídeos (ZHANG et al., 2017).
As bactérias do gênero Pseudomonas têm sido notoriamente relatadas como bactérias
supressoras de doenças em plantas, o que pode melhorar a qualidade da compostagem durante
a fase de maturação (WEI et al., 2018). Já o gênero Thermobifida foi revelado como eficaz na
degradação de celulose e hemicelulose, secretando hemicelulases e celulases (ZHANG et al.,
2015).
Diferente das bactérias típicas de compostagem acima mencionadas, os gêneros
Luteolibacter, Olivibacter, Taibaiella e Ochrobactrum também foram detectados nas
amostras juntamente com Luteimonas, que são bactérias comumente encontradas em
ambientes de solo e mais provavelmente introduzidas nas pilhas de compostagem com a
adição da palhada de trigo como agente volumoso (AKYOL et al., 2019).
Xu et al. (2019) realizaram um consórcio de microrganismos termofílicos
enzimaticamente multifuncionais isolados a partir de amostras de compostagem, o qual fora
purificado e inoculado em esterco bovino e folhas de cana compostada em duas etapas. As
12
diferenças entre a pilha sem adição de microrganismos e a pilha inoculada foram monitoradas
durante todo o processo de compostagem (0, 3, 9, 18, 30 e 45 dias), de modo a investigar a
evolução da estrutura e funcionalidade da comunidade microbiana. Cepas de B. licheniformis
(TA65 A. nidulans (GXU-1) e A. oryzae (GXU-11) foram inoculadas nas pilhas de composto.
Uma das principais razões para utilizar estes microrganismos como inoculantes reside na sua
atividade enzimática por eles desempenhada: lacase (Lac), xilanase (Xyn) e
carboximetilcelulose (CMC). Além disso, esses microrganismos mostraram a alta atividade
celulósica enzimática e a tolerância à altas temperaturas (50 ºC).
Xu et al. (2019) verificaram que a sucessão de comunidades microbianas durante as
diversas fases de compostagem tem grande influência na transformação da matéria orgânica e
na formação de substâncias húmicas devido a sua versatilidade metabólica. Durante a
compostagem, a comunidade bacteriana mudou dramaticamente ao nível do gênero. Os 20
principais gêneros bacterianos na pilha de compostagem com a adição de microrganismos
termofílicos no dia 0 foram aproximadamente os mesmos que os CP. Os gêneros dominantes
na pilha inoculada no dia 0 foram representados por Clostridium Ⅳ (4,03%), Romboutsia
(2,55%), Clostridium sensu stricto (2,53%), Desemzia (2,24%) e Corynebacterium (2,1%),
enquanto na pilha de compostagem sem microrganismos inoculados os gêneros dominantes
constituíram-se de Clostridium Ⅳ (4,67%), Barnesiella (2,19%), Clostridium sensu stricto
(1,87%), Intestinimonas (1,85%) e Romboutsia (1,84%). Notavelmente, a abundância relativa
desses gêneros diminuiu drasticamente e foi removida da lista dos 20 principais gêneros
bacterianos a partir do dia 3. Na fase termofílica, Acinetobacter obteve a maior proporção
(20,63%) nos 20 principais gêneros bacterianos na pilha de compostagem inoculada e
Luteimonas levou a maior proporção na PC (6,16%). Além disso, a Luteimonas desempenha
um papel essencial na promoção da decomposição de polissacarídeos (MARTIN et al., 2015).
Na fase inicial de compostagem, XU et al. (2019) observaram que as bactérias do filo
Firmicutes foram as bactérias mais abundantes (67,78% e 64,82%), seguidas por
Bacteroidetes (20,83% e 18,84%) e Proteobacteria (5,78% e 8,87%) na compostagem com
inoculação das cepas e sem a inoculação, respectivamente. Adicionalmente, a abundância de
Firmicutes foi drasticamente diminuída com o aumento da temperatura e sua menor
abundância foi registrada no dia 45 nos dois tratamentos. As bactérias do filo Firmicutes
desempenham um papel importante na absorção de carboidratos e na degradação da celulose
(DEES; GHIORSE, 2001), assim a maior abundância de Firmicutes na pilha inoculada
indicou a limitação da diversidade microbiana na degradação da lignocelulose e a necessidade
13
de inoculação para a melhoria no processo da compostagem. Além disso, a abundância
relativa de Actinobacteria na pilha inoculada foi significativamente maior do que na pilha sem
inoculantes, na fase inicial da compostagem.
XU et al. (2019) registraram a dominância do filo Bacteroidetes na fase de
resfriamento (no dia 18) e a sua abundância relativa atingiu 27,61% e 27,04% na pilha de
compostagem sem inoculantes e com inoculantes, respectivamente. Por outro lado, a
abundância de Bacteroidetes foi significativamente maior na pilha inoculada (21,91%) do que
na pilha de composto sem inoculação (18,98%) no dia 45. A abundância relativa de
Proteobacteria aumentou de 8,78% no dia 0 para 60,35% no dia 3 e finalmente diminuiu para
35,75% no dia 45 na pilha de compostagem inoculada. Já a abundância na pilha sem
inoculação das cepas apresentou a mesma tendência. É amplamente reconhecido que as
bactérias do filo Proteobacteria desempenham um papel fundamental na degradação da
glicose, propionato, butirato e outras pequenas moléculas, as quais podem efetivamente
promover a decomposição da lignocelulose (LI et al., 2012; WANG et al., 2013). Assim, a
maior abundância de Proteobacteria e Firmicutes na pilha inoculada indicou que a inoculação
foi benéfica para a despolimerização da lignocelulose. E além disso, as bactérias do filo
Acidobacteria representaram 6,92% e 6,88% durante a fase de maturação (no dia 45) na pilha
sem inoculação e com inoculação, respectivamente. Ainda, a abundância do filo
Acidobacteria foi considerada como um marcador da maturidade do composto (WANG et al.,
2014) e as principais famílias de Acidobacteria foram Aridibacter e Gp6. (XU et al., 2019)
sugerem que os inoculantes adicionados contribuíram para uma comunidade bacteriana
diversa que converteu a celobiose em glucose durante a fase final de degradação da celulose.
14
diminuiu no 105º dia, quando o vermicomposto já estava maduro. O aumento da população
microbiana está correlacionado com o aumento do conteúdo de N e P, que é provavelmente
contribuído pela maior mineralização da biomassa para disponibilizando estes nutrientes,
além das altas concentrações de substrato e altos níveis de umidade. À medida que o
vermicomposto começa a amadurecer, ocorre uma redução no nível da umidade, levando à
redução da população e atividade microbiana.
As comparações da diversidade beta mostraram a formação de comunidades distintas,
específicas de cada estágio da vermicompostagem. Em termos de abundância relativa, os filos
Acidobacteria, Actinobacteria, Chloroflexi, Gemmatimonadetes, Nitrospirae, Planctomycetes,
TM7 e WS3 aumentaram até o estágio de vermicompostagem de 50-70%. Durante o mesmo
período, a abundância de Bacteroidetes e Proteobacteria diminuiu. Em contrapartida, os níveis
de Firmicutes aumentaram a partir dos 75 dias de vermicompostagem até o estágio final de
105 dias. O potencial de degradação da lignina persistiu durante todo o processo de
vermicompostagem. A presença de propriedades de promoção do crescimento de plantas no
vermicomposto maduro, que é uma das principais razões para a sua popularidade com os
agricultores, foram encontradas quanto à fixação de carbono em organismos fotossintéticos,
vias de fixação de carbono em procariotos e a biossíntese de alcalóides indólicos (todas nas
amostras do 75º dia). A maior abundância de fixação de carbono em organismos
fotossintéticos foi muito provavelmente contribuída pelas cianobactérias, que foram
ligeiramente mais abundantes nas amostras do 75º dia. Da mesma forma, o caminho para a
biossíntese de alcalóides indólicos foi observada no 75º dia ((GOPAL et al., 2017).
Hormônios do crescimento em plantas, como o ácido 1-naftalenoacético e o ácido
indol-3-acético, inibem o acúmulo de alcalóides pela regulação negativa do gene triptofano
descarboxilase envolvido na via da biossíntese de alcalóides indólicos (ZHU et al. 2015).
Concomitantemente, as amostras de 45 dias provavelmente possuíam uma capacidade de
degradação elevada para o geraniol, que está envolvido no acúmulo de alcalóides (PAPON et
al. 2005). Ambos os atributos funcionais reduziriam os níveis de alcalóides no
vermicomposto maduro, sugerindo um mecanismo indireto para o aumento do crescimento
das plantas pelo microbioma do vermicomposto. Da mesma forma, a aplicação combinada do
vermicomposto de folhas de coco e biofertilizantes também aumentou o índice de clorofila
nas folhas de coqueiros, em comparação com a aplicação de fertilizantes químicos (HEBBAR
et al. 2016), apoiando ainda mais o uso de vermicomposto para melhorar a produtividade das
plantas.
15
As minhocas levam a uma maior população microbiana fragmentando e comendo
resíduos orgânicos frescos, enquanto os microrganismos contribuem para a degradação
bioquímica da matéria orgânica produzindo enzimas. As interações entre minhocas e outras
espécies no solo podem ter um impacto em uma variedade de populações da microbiota
(HUDA et al., 2023).
Vermicompostos coletados por Raimi et al. (2022) em diferentes fazendas de
produção foram analisados pela tecnologia de sequenciamento 16S rRNA. A análise também
revelou que Firmicutes, Proteobacteria, Planctomycetes e Bacteroidetes foram os filos mais
dominantes, enquanto Lysinibacillus, Escherichia-Shigella, Bacillus, Pseudomonas,
Clostridium sensu stricto 1, Morganella, Vibrio e Aeromonas foram os gêneros
predominantes. Os autores destacam que a presença dos gêneros Clostridium sensu stricto 1,
Escherichia-Shigella e Vibrio, que são potencialmente patogênicas, da necessidade de
melhorar a eficiência e segurança da vermicompostagem. Lysinibacillus, Bacillus,
Paenibacillus e Pseudomonas foram as principais comunidades bacterianas com potencial
para promover o crescimento de plantas e podem servir como recursos na produção de
inóculo bacteriano.
16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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