PLÁSTICOS BIODEGRADÁVEIS: CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

ORIUNDOS DE CANETAS DESCARTÁVEIS

Jaqueline Dilly Prof. Dra. Jocelise J. de Prof. Dr. Luis H. A. Cândido

UFRGS Jacques DEG/FA/UFRGS
Porto Alegre, RS, Brasil UFRGS Porto Alegre, RS, Brasil
jaquedilly@hotmail.com Porto Alegre, RS, Brasil candido@ufrgs.br
jocelise.jacques@ufrgs.br

Jorge Eduardo Loro Ramos Prof. Dra. Underléa M.

UFRGS Bruscato
Porto Alegre, RS, Brasil UFRGS
jramos@brazildesign.com.br Porto Alegre, RS, Brasil
underlea.bruscato@ufrgs.br

RESUMO processo ideal de biodegradação devem ser

O presente trabalho investigou a eficiência da
biodegradabilidade dos polímeros com os quais
são fabricadas duas das canetas esferográficas
comercializadas como canetas “eco” no mercado
nacional. Para avaliação quanto a performance
dos materiais, foram escolhidas duas canetas de
marcas diferentes, porém, com as mesmas
características quanto ao uso e manuseio. Para
as análises, foram utilizadas as técnicas da
microscopia eletrônica de varredura (MEV) em
conjunto com EDS (Espectrômetro de Energia
Dispersiva de Raio-X) e o FT-IR (Espectrômetro
por Transformada de Fourier). As amostras foram
enterradas em solo arenoso a um profundidade
de 4 cm, sendo analisadas em períodos de 82
dias e 162 dias. As condições ambientais seguem
levantamentos publicados por órgãos oficiais. Os
resultados de FT-IR apontam que o material da
amostra A é denominado de PLA e o material da
amostra B é fabricado em TPS. A analise via MEV
apontou a existência de fungos e hifas na B, o
que evidencia o inicio da biodegradação, o que
não ocorreu na amostra A, porem, a amostra A
apresenta um menor número de elementos
químicos contaminantes, segundo analise via
EDS. Neste sentido, a presente pesquisa conclui
que as informações do correto descarte para o
colocadas de forma clara e objetiva nas
informações do produto. A não ocorrência desse
fato pode levar o consumidor a executar um
descarte inapropriado, e assim, não realizar a
biodegradação no período proposto.
PALAVRAS CHAVES: POLÍMERO;
BIODEGRADÁVEL; PLA; TPS
ABSTRACT
We address in this paper the quality of
research as biodegradability and technical
characteristics of plastic with which they are
manufactured two of ballpoint pens sold in Brazil
as green products. In this article are described
the procedures adopted for comparative analysis
of samples for durability after disposal in
accordance with the suggestions of the respective
manufacturers. These samples were prepared
from units acquired in the domestic market,
bought in stores and internet, plastics
manufactured sold as biodegradable. For
evaluation of the issues of the quality and
performance of materials, two pens were chosen
from different brands, but with the same
characteristics as the use and handling. The

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analysis was comparison in PLA and TPS, in the
laboratory, according with international standards
of biodegradation and composting and analysis of
samples that were discarded in nature. For the
analysis of the microstructure and chemical
components used two electronic equipment
calibration and measurement, being a scanning
electron microscope, SEM, Hitachi TM 3000
together with EDS (Energy Dispersive X-ray
Spectrometer). Both products include the
biodegradability standards, but biodegradation
within 180 days, only happens under controlled
conditions, conditions which most often are not
available to the consumer. For better consumer
information, we suggest working the
biodegradability of plastics in uncontrolled
disposal in order to understand the effect of
these in nature.
KEYWORDS: biodegradable; polymer; PLA; TPS.
1. INTRODUÇÃO
A biodegradação é um processo pelo qual a
decomposição do polímero se faz pela ação de
organismos vivos, como fungos, bactérias,
insetos que podem atacar a celulose, amido ou
demais polissacarídeos adicionados ao plástico na
obtenção de um produto final. [1]
Em estudo realizado pela California State
University e Chico Research Foundation, por
ADAMS [2], a biodegradabilidade de um material
é definida como um processo no qual todos os
fragmentos de materiais são consumidos por
micro-organismos como fonte de alimento e de
energia, num prazo determinado. Esses
polímeros biodegradáveis não podem possuir
nenhum resíduo ou deixar restos de produtos
secundários, sendo que o período de tempo
exigido para biodegradação depende do ambiente
do sistema de descarte.
Observa-se nos produtos atuais, produzidos
com esses materiais, a baixa informação
divulgada ao consumidor final sobre a de microrganismos naturais e deve ter a sua
biodegradabilidade dos materiais e,
principalmente, sobre os nomes e origens dos
chamados plásticos biodegradáveis com os quais
esses produtos são fabricados, podem gerar uma
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ineficiência no processo de descarte desses
produtos.
Dentre os produtos encontrados no mercado,
temos as canetas para brindes de empresas e
instituições, sendo estes, os produtos utilizados
para o desenvolvimento dessa pesquisa.
Foram selecionadas canetas com apelo de
vendas e de funcionalidades semelhantes, ou
seja, na sua promoção para vendas são usados
como diferenciais suas qualidades ecológicas de
biodegradabilidade.
Na figura 1 é retratado um esquema gráfico,
segundo Brito et al [3], com as principais etapas
que são consideradas no ciclo de
biodegradabilidade dos polímeros. Nesta figura,
fica claro que a etapa final desse processo resulta
em água e dióxido de carbono, que volta para a
atmosfera.
Há muitos tipos de polímeros biodegradáveis
que se degradam em uma variedade de
ambientes, incluindo os aterros, exposição à luz
solar, o ambiente marinho ou solo composto. Os
três componentes essenciais de
biodegradabilidade são:
1. Que o material seja utilizado como fonte de
alimento ou de energia para micróbios;
2. Que um certo período de tempo se faça
necessário para a biodegradação completa;
3. Que o material seja completamente consumido
no meio ambiente.
Os polímeros biodegradáveis são materiais
poliméricos classificados estruturalmente como
polissacarídeos, poliésteres ou poliamidas onde a
matéria-prima principal para sua manufatura é
uma fonte de carbono renovável, geralmente um
carboidrato derivado de plantios comerciais em
larga escala como a cana-de-açúcar, o milho, a
batata, o trigo e a beterraba [4].
Para que um plástico seja considerado
biodegradável, este deve ser degrado sob ação
degradação completa em aproximadamente 180
dias [5].

Figura 1: Ciclo de vida ideal dos polímeros
biodegradáveis provenientes de fontes renováveis.
Fonte: Brito et al [3], ilustração dos autores.
Várias organizações mundiais estão
envolvidas no estabelecimento de padrões para
plásticos biodegradáveis e compostáveis,
incluindo a American Society for Testing and
Materials (ASTM), o European Committee for
Standardization (CEN), a International Standards
Organization (ISO), o German Institute for
Standardization (DIN), o Japanese Institute for
Standardization (JIS), e a British Plastics
Federation [2].
Os padrões estabelecidos por essas
organizações ajudam a indústria a criar produtos
biodegradáveis e compostáveis que estejam em
conformidade com a crescente demanda mundial,
e para que os plásticos não sejam prejudiciais ao
meio ambiente.
No Brasil a Norma técnica “Embalagens
Plásticas Degradáveis e/ou Recicláveis” elaborada
pela ABNT, divide-se em duas partes, a NBR
1544-1 (Terminologia) e a NBR 1544-2
(biodegradação e compostagem – Aspectos e
Métodos de Ensaio) que especifica métodos de
ensaio para determinar a biodegradabilidade de
embalagens plásticas.
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Na Europa a norma para de regulamentação
é a EM 12432, esta norma avalia a
biodegradação, a desintegração durante o
tratamento biológico, os efeitos ocorridos durante
o processo biológico e o efeito na qualidade do
composto resultante. A Norma Americana ASTM
D6400, reproduz o ambiente de compostagem
industrial e apresenta 3 fazes:
1. Mineralização/Biodegradação;
2. Desintegração;
3. Segurança.
Essas fases descritas acima relacionam a
qualidade do adubo ou da matéria orgânica onde
não deve haver o impacto no crescimento das
plantas e nem apresentar concentrações de
metais superiores à regulamentação.
O Brasil possui uma das maiores biomassas
do mundo, possui um grande território cultivável
e clima tropical propício para cultivo de várias
espécies. Essa biomassa pode contribuir como a
matéria prima para muitos produtos
biodegradáveis. Na tabela 01, são listados os
cultiváveis com maior utilização para produção de
polímeros biodegradáveis.
Tabela 01 Grau de preferência de matérias-primas
renováveis na produção de bio polímeros.
Fonte: Pradella [4], Ilustração dos autores.
No estudo realizado por ADAMS [2], os
produtos compostáveis são produzidos em maior
volume a cada ano, a fim de atenderem à
crescente demanda mundial para plásticos
realmente biodegradáveis ou compostáveis.
Nesse cenário de crescimento, o PLA é o plástico
biodegradável mais comum, tendo sido utilizado
com sucesso em recipientes rígidos e na 2.2.1 Caracterização das amostras
cutelaria. As amostras são compostas apenas das
Os plásticos à base de amido Mater-Bi™, carcaças das canetas. Segundo as informações
TPS, são também usados em muitas aplicações dos fornecedores, o material das amostras são
em todo o mundo e estão expandindo as descritos na Tabela 2:
capacidades de produção, sendo mais comum o
seu uso para a produção de sacos e filmes [2]. Características Amostra A Amostra B

Bio resina (PLA),

obtida da TPS ( amido vegetal)
Material
2. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO fermentação do
amido de milho.
COMPARATIVO Sem especificação no
Tempo de
6 até meses rotulo/embalagem
2.1 Objetivos decomposição
Comparar os dados técnico-científicos de Decompõe-se em
biodegradabilidade de dois produtos (canetas ambiente natural
em condições Sem especificação no
esferográficas), produzidas em PLA e TPS, com a Ambiente de
ideias de rotulo/embalagem
decomposição
pesquisa sobre o descarte em meio natural, sem compostagem e
ação de micro-
ambiente controlado, proposta nesse trabalho. organismos.
Tabela 2: Informações dos fornecedores [9,10
2.2 Materiais e Métodos e 11].
Os objetos da pesquisa foram o de
caracterizar duas canetas descartáveis A Figura 02 mostra a configuração das
produzidas com materiais biodegradáveis. amostras.
As amostras foram analisadas através do
MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura), antes
e após o descarte no solo.
O processo de identificação dos polímeros foi
realizado através da técnica do FTIR
(Espectrômetro por transformada de Fourier) e
software CES Edupack, que foi empregado para
identificação industrial do material. Analise via
EDX (Espectrômetro de Energia Dispersiva de
Raio-X)

A metodologia de investigação foi dividida em

3 etapas:

1º - levantamento da descrição técnica das

amostras, segundo dados do fabricante do Figura 02: Amostra A e amostra B
produto;
Por meio de análise realizada via FT-IR, foram
2º - identificação e análise dos materiais identificados os nomes comerciais dos materiais
poliméricos das amostras; das amostras.

3º - análise dos materiais em meio natural 2.2.2 – Amostra A

(sem controle do ambiente), durante o período
de 82 dias e 160 dias.
A amostra A, foi identificada como PLA. A
polilactida (PLA), é um termoplástico
biodegradável derivado do ácido lático natural do
milho, trigo ou leite, que são fontes renováveis
anualmente e pode ser reciclado no final da sua
vida útil. O poli(ácido lático) (PLA), que é

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constituído de moléculas de ácido lático
produzidos a partir da fermentação de açúcares
ou resíduos agroindustriais, sendo ao mesmo
tempo um material biodegradável e derivado de
fontes renováveis. [12,13]
2.2.3 – Amostra B
Amostra B foi identificada como TPS
(Thermoplastic Starch). O amido é um
carboidrato composto por moléculas lineares
(amilose) e ramificadas (amilopectina), que
devido às fortes ligações intermoleculares, não
pode ser processado como um material
termoplástico, contudo, na presença de um
plastificante, como o glicerol em combinação com
altas temperaturas e força de cisalhamento, pode
se obter um material termoplástico deformável,
que é conhecido por amido termoplástico e, pela
signa em inglês, TPS. [14]
Os nomes comerciais dos materiais
identificados através do banco de dados do FTIR,
foram compatibilizados com informações no
software Cambridge Engineering Selector – CES
para obter informações sobre os materiais das
amostras.
A tabela 03 descreve as características das
amostras analisadas.
Tabela 03: Propriedades comparativas das amostras.
Fonte: Dados obtidos no software CES. Ilustração dos
autores.
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2.2.4 Condições ambientais de
biodegradação
Sob condições de alta temperatura e elevada
umidade, o PLA se degradará rapidamente e se
desintegrará dentro de semanas ou meses, sendo
a hidrólise o principal mecanismo de degradação,
seguido pelo ataque de bactérias, sobre os
resíduos fragmentados [3].
A taxa de hidrólise é acelerada por ácidos ou
bases e depende do teor de umidade e
temperatura. Dimensões da peça, cristalinidade e
misturas (blendas, compósitos, nano compósitos)
também afetarão a taxa de degradação. Produtos
de PLA se degradam rapidamente tanto em
condições aeróbicas como em condições
anaeróbicas de compostagem.
Sob condições normais de uso, o PLA é muito
estável e mantém a sua massa molecular e
propriedades físicas durante anos. Segundo
ADAMS [2] os seguintes processos de
biodegradação podem ocorrer com o PLA e o
TPS:
1º-amostras em PLA degradaram completamente
em sete semanas;
2º-as amostras em TPS degradaram de 80 a 90
por cento após 20 semanas;
3º-Polímeros biodegradáveis – como o PLA – se
degradarão muito pouco quando não estiverem
em um ambiente de composto quente;
4º-o TPS é um polímero completamente
compostável, quando composto de uma mistura
de ao menos 50 por cento de amido e poliéster
degradável hidrofílico sintético.
Estudos em ambientes controlados
mostram que a incidência de fungos, no material,
é um dos fatores mais importantes para que
ocorra a degradação e a biodegradação em
polímeros [15]. A biodegradação de polímeros
em ambientes controlados ocorre de acordo com
as normas nacionais e internacionais em um
período de no máximo 180 dias. Neste sentido, a
pesquisa buscou evidencias do aparecimento de
fungos e hifas nas amostras analisadas.
2.2.5 Procedimento experimental 3. RESULTADOS
A primeira amostra de canetas foi enterrada Após o descarte, as mostras foram
em solo arenoso (cobertura de solo de 4 cm) desenterradas para registrar as alterações
durante um período de 82 dias, entre os dias 09 ocorridas no período.
de novembro de 2014 até o dia 30 de janeiro de
2015. A segunda amostra, oriunda da primeira, A
foi recolocada no mesmo solo, somando-se um
período total de exposição de 162 dias, sob ação
de intempéries litorâneas [16] no Estado do Rio
Grande do Sul, em ambiente não controlado.
De acordo com o Instituto Nacional de
Meteorologia [16], a temperatura ambiente no
período de novembro a janeiro teve máxima de
B
33,7C°, e mínima de 16,3C°, e no período de
fevereiro a abril teve máxima de 30,9C°, e Figura 04: Amostras após 14 dias
mínima de 17,1C° e nível pluviométrico de
acordo com a tabela 05 e 06. A Figura 04, em análise visual, demonstrou
que somente a amostra B, apresentou
modificações em sua coloração, passando de
amarelo escuro para claro.
Em 27 dias amostras foram desenterradas e
fotografadas novamente.

Tabela 05: Chuvas registradas no período de 09

novembro a 30 janeiro.
Fonte: Dados do Instituto Nacional de Meteorologia
[16], adaptados pelos autores.

Figura 05: Amostras após 27 dias.

Após 27 dias, visualmente somente a

amostra B, apresentou modificações em sua
estrutura e coloração, apresentando manchas
escuras.
Novos registros fotográficos foram
realizados 60 dias após as amostras serem
enterradas.
Tabela 06: Chuvas registradas no período de 31 de
janeiro a 20 de abril.
Fonte: Dados do Instituto Nacional de Meteorologia
[16], adaptados pelos autores.

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 estrutura. A Figura 7B, com 162 dias, apresentou
A uma leve perda de brilho.
A Figura 08 apresenta as amostras após
processo de degradação.

B
Figura 06: Amostras após 60 dias

Após 60 dias a amostra A, aparentemente

não sofreu alterações visíveis a olho nu.
Enquanto na amostra B ocorreu um aumento
perceptível nas manchas de coloração escura.
Para a execução das análises em laboratório, A
parte das amostras (Figura 07A e 07B) foram
retiradas do solo após 82 dias e o restante após
162 dias de descarte no solo, para análise no
MEV e EDS.

Figura 08: Amostra no processo de descarte

A Figura 08 A apresenta a amostra com 82

B
Figura 07: Amostra no processo de descarte.
A Figura 07 A apresenta a amostra com 82
dias após descartes, que através da análise
visual, não apresentou modificações em sua
dias após descarte. Observa-se visualmente,
manchas escuras ao longo de toda a amostra, e a
Figura 8B, com 162 dias após descarte, percebe-
se o aumento da coloração escura e rugosidade
sensível ao toque.
A seguir é apresentada a analise via MEV e
EDS das amostras.
3.1 Análise de MEV e EDS
As análises no MEV e EDS foram realizadas
anteriormente ao descarte, visando a verificação
de incidência de metais pesados nas amostras.
Essa informação pode ser verificada nas
Figuras a seguir:

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 Imagens com maior aproximação foram
registradas com o objetivo de identificar
microrganismos na amostra.

Figura 09: Amostra A anterior ao descarte

Como mostra a figura 08, a Amostra A,

mostrou-se lisa e homogênea sem inclusões
aparentes. Figura 11: Amostra A, imagem MEV.
O EDS indicou basicamente a predominância
de carbono e hidrogênio em sua composição, As figuras 10 e 11 são imagens da análise no
com traços de alumínio, que podem ser MEV, de parte da amostra A, que retratam
decorrentes de mau manuseio e contaminação da alteração em sua estrutura, porém não foi
matéria prima. possível identificar a presença de fungos ou hifas.
Durante os primeiros dois meses foram
realizados registros fotográficos das amostras,
nesses registros não foram identificadas
alterações visuais na estrutura da amostra A.
Esses registros foram executados 82 dias após o
descarte em solo, seguidos de análise no MEV.

Figura 12: Amostra A, imagem MEV, 162 dias no solo.

A Figura 12 retratou uma imagem com

pequenas alterações na superfície da amostra A.

Figura 10: Amostra A, após os 82 dias no solo.

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 Inclusões
Buraco

Figura 13: Amostra A, imagem MEV, 162 dias Figura 14: Amostra B

Com a aproximação da imagem na Figura 13, A Figura 14 apresenta a amostra B, anterior

pode-se verificar irregularidades onduladas na ao descarte em solo. Pode-se identificar através
amostra, e não foram identificados da análise do MEV pequenas inclusões
microrganismos. identificadas pelas setas.
Conforme Figuras 10,11 e 13. As alterações
observadas a partir das imagens obtidas no MEV,
apresentaram evidências da evolução da
deterioração na superfície da amostra através
das rugosidades, cavidades / sulcos mais
Hifas
pronunciados quando comparadas com a imagem
antes do envelhecimento.
Mesmo que nesse ensaio não tenha existido
controle total do ambiente, a amostra A, sofreu
ação do meio e sofreu degradação, porém não
Fungo
podemos afirmar que entrou em estado de
biodegradação, pois segundo Pradella [4], o PLA
é altamente resistente ao ataque de
microrganismos no solo ou esgoto em condições
ambientes, necessitando aquecimento a
temperaturas superiores a 58 C° para reduzir seu
peso molecular e ser biodegradado. Figura 15: Amostra B, após os 82 dias no solo
Como mostra a Figura 14, a Amostra B,
analisada por meio da microscopia eletrônica de A Figura 15 apresenta a análise da amostra B
varredura (MEV) anterior ao descarte, mostra no MEV, após 82 dias de descarte em solo. Pode-
uma estrutura um pouco rugosa e com algumas se identificar alterações na superfície da amostra.
inclusões que analisadas no EDS, constatou
presença de elementos químicos não degradáveis
e prejudiciais à saúde, tais como enxofre,
alumínio, cloro e outros.

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 Hifas

Hifa

Fungos
Fungo

Figura 16: Amostra B Figura 18: Amostra B

A Figura 16 apresenta uma imagem da A partir das imagens da Figura 18 pode-se

amostra B no MEV, após 82 dias de descarte em
solo. Pode-se identificar através dessa análise a
presença de fungos e Hifas na superfície da
amostra.
Após o período de 162 dias, o restante da
amostra B foi retirado do solo para dar sequência
às análises.
observar a incidência de fundos e Hifas.
Os ensaios de microscopia eletrônica de
varredura (MEV) para visualização da amostra B
antes (figura 14) e após (figuras 15,16,17 e 18)
seu descarte em solo, retratam as alterações
observadas a partir nas imagens obtidas no MEV,
evidenciam modificação da estrutura da amostra,
com incidência de fungos, Hifas e buracos.

4. CONCLUSÃO
O presente trabalho demonstra a importância
da divulgação técnico/cientifica dos materiais ao
usuário final, principalmente, quando trata-se de
materiais biodegradáveis.
Fissuras
A importância dos materiais dos quais são
feitos os produtos de consumo, se não forem
adequadamente especificados e selecionados,
pode levar o consumidor a ser um agente de
Buraco contaminação do meio ambiente.
Buscando reduzir esse impacto, podemos
apontar como uma alternativa viável, a utilização
dos polímeros biodegradáveis obtidos a partir de
fontes renováveis.
Figura 17: Amostra B
Nesta pesquisa, estudamos duas alternativas
de polímeros apresentados por seus fabricantes
Pode-se observar conforme a Figura 17,
como materiais biodegradáveis.
mudança na superfície da amostra, com fissuras
Porém, as análises realizadas apontam nas
e pequenos buracos na superfície da amostra.
duas amostras, a ocorrência de elementos
químicos não biodegradáveis como o alumínio, o
enxofre e o cloro, ficando mais evidente na
Amostra B.

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 Pelas análises da estrutura química das Paulo: Centro de Estudos Estratégicos, 2006.
amostras A e B, aponta que o tipo de polímero Disponível em:
PLA se aproxima mais das normas de www.ambio.org.br/pdf/2/tr06_biopolimeros.pdf.
regulamentação internacionais como polímero Acesso em 11 de fevereiro de 2015.
biodegradável, devido à maior pureza [5] SANTOS, Andrelina Maria Pinheiro,
apresentada na caracterização via EDS. YOSCHIDA, Maria Pedrosa. “Embalagens” –
Pode-se concluir, através das imagens Recife: EDUFRPE, 2011. 152p.:il.
analisadas no MEV, que na amostra B, ocorreram [6] CUNNINGHAN, Andrew. “Ecodesign, the
proliferações de fungos e hifas, comportamento Pen and I”. Disponível em
não observado na amostra A. Essa observação, http://www.edcw.org/node/761. Acesso em 27
orientada por referencias bibliográficas, indica de janeiro de 2015.
uma degradação mais rápida da amostra B, [7] CANEVAROLO JR., Sebastião V. Técnicas
quando o descarte e realizado em solo de de Caracterização dos Polímeros. São Paulo,
ambiente não controlado. Editora Artiber: 2007
É importante lembrar que os dois produtos [8] Granta Design. Disponível em
contemplam as normas de biodegradabilidade, http://www.grantadesign.com/products/ces/,
porém estas normas consideram somente as acesso em novembro de 2014.
condições controladas, e que na maioria das [9] Ekobio. Disponível em
vezes o usuário final desconhece ou não tem http://www.ekobio.com.br/ekobio.html, acesso
acesso. Assim sendo, o usuário incorre em em novembro de 2014.
descartá-los na maioria das vezes de forma [10] Novamont. Disponível em
inadequada. http://www.novamont.com/. Acesso em
Neste sentido, é preciso que fabricantes novembro de 2014/fevereiro de 2015.
deixem claro que seus produtos são [11] Green Pen. Disponível em
biodegradáveis em determinadas circunstancias e http://greenpen.ca/en/details.html. Acesso em
que fora desses parâmetros a biodegradação outubro de 2014.
poderá não correr da forma prevista. [12] ASHBY, M. F. “Materiais e design: arte e
ciência da seleção de materiais no design de
produto”. / Michael Ashby e Kara Johnson;
5. REFERÊNCIAS tradução de Arlete Simille Marques; revisão
[1] ANTUNES, ADELAIDE DE SOUZA. técnica de Mara Martha Roberto e Ágata Tinoco. –
“SETORES DA INDÚSTRIA QUÍMICA ORGÂNICA”. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. il.
ORGANIZADORA. – RIO DE JANEIRO: E-PAPERS, [13] SHIRAI, Marianne Ayumi, ZANELA,
2007. 242 P.: IL.; Juliano, YAMASHITA, Fábio. “Propriedades
[2] ADAMS, L. S. et al. “Avaliação do Mecânicas de Laminados Biodegradáveis de
Desempenho de Embalagens Plásticas Amido e Poli(Ácido Lático) Adicionados de Ácidos
Ambientalmente Degradáveis e de Utensílios Carboxílicos”;. Paraná 2014, Revista REBRAPA.
Plásticos Descartáveis para Alimentos”. [14] Martins A. B; G. Z. Lorenzet; R. M. C.
Califórnia: Conselho Integrado de Gerenciamento Santana. “BLENDAS BIODEGRADÁVEIS DE
do Lixo, 2007. 74 p. Relatório do Contratante AMIDO DE MILHO E POLIETILENO: EFEITO DO
para o Conselho Administrativo. AGENTE COMPATIBILIZANTE ORGÂNICO NAS
[3] BRITO G. F. “Biopolímeros, Polímeros CARACTERÍSTICAS FÍSICAS”.
Biodegradáveis e Polímeros Verdes”. G. F. Brito, P. [15] Houlden Ashley, Karamanlioglu Mehlika,
Agrawal, E. M. Araújo, T. J. A. Mélo. Revista Robson Geoffrey. “Isolation and characterisation
Eletrônica de Materiais e Processos, v.6.2 (2011) of fungal communities associated with
127-139. Disponível em degradation and growth on the surface of
www.dema.ufcg.edu.br/revista. Acesso em 17 de poly(lactic) acid (PLA) in soiland compost”.
dezembro de 2014. International Biodeterioration & Biodegradation
[4] PRADELLA, José Geraldo da Cruz. 95 (2014) pag 301 a 310.
“Biopolímeros e Intermediários Químicos”. São

11
Fourth International Conference on Integration of Design, Engineering and Management for innovation.
Florianópolis, SC, Brazil, October 07-10, 2015.
 [16] Instituto Nacional de Meteorologia –
dados pluviométricos. Disponível em:
http://www.inmet.gov.br. Acesso em 18 de
fevereiro de 2015.

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