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Santos
2021
João Soares da Costa Vieira
Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre” e aprovada em sua forma final pelo
Programa Pós-Graduação em Biodiversidade e Ecologia Marinha e Costeira.
________________________
Prof. Dr. Ítalo Braga de Castro
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
______________________________________
Prof.ª Dr.ª Monica Ferreira da Costa
Universidade Federal do Pernambuco
________________________
Prof.ª Dr.ª Paula Christine Jimenez
Universidade Federal de São Paulo
________________________
Prof.ª Dr.ª Mônica Regina da Costa Marques
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
________________________
Prof. Dr. Ítalo Braga de Castro
Universidade Federal de São Paulo
(Orientador)
Este trabalho é dedicado à minha família, pelo apoio
incondicional e ao Prof. Dr. Ítalo Braga de Castro, cuja
orientação e dedicação foram fundamentais em todas as etapas
da pesquisa.
RESUMO
Due to global population growth, the generation of solid waste has also increased, presenting
estimate to reach 6 billion tons / day by 2025. Considering that majority part of this waste is
discarded in the environment, the negative effects on biodiversity have been evident. A
significant part of domestic waste is made up by plastic. In this sense, by 2015, approximately
6.3 billion tons of plastic polymers were produced and projections made by the United
Nations Environment Program (United Nations Environment Program) suggest that by the
2050 there will be about 12 billion of tons of plastic waste on the planet. The oceans are the
destination of a expressive part of this waste. These environmental threats resulting from the
disposal of plastic in the environment triggered the implementation of several measures aimed
at tackling this serious environmental problem. Among the measures put in place, the
replacement of ordinary plastic with biodegradable polymers has been standing out
worldwide. In this sense, technical standards for biodegradability have been developed
seeking to regulate the correct labeling of such products. Furthermore, the lack of legal
framework on these standards has also favored false claims of biodegradability
(greenwashing), which consist in advertising strategies based on deceiving consumers and
influencing purchasing decisions regarding the environmental benefits that a product or
service can offer. Considering the above, the present study assessed qualitatively the
incidence of false claims of biodegradability by commercialized plastic (straws) products. In
addition, the international technical standards developed to attest biodegradability were
verified with regard environmental parameters observed in the different marine environments.
For that, samples of plastic straws sold in the Brazilian and USA markets were analyzed
individually, using infrared spectroscopy, with Fourier transform. The result confirmed that
the materials were manufactured with oxy-biodegradable polymers and pure Polypropylene
(PP) which are not biodegradable under environmental conditions, even when associated with
chemical additives. In turn, 35 technical standards for polymer biodegradability were revised
in terms of physical-chemical parameters (temperature, pH, presence or absence of light and
inoculum) and operational aspects (test period and biodegradation rate). This information was
compared and discussed in the light of the biogeochemical parameters that mostly
characterize the marine and coastal environments of the world. The results indicated that the
norms and standards currently in use contemplate only a fraction of the diversity of
environments where plastic waste can reach after disposal and largely disregard the deep sea.
These environments have specific ranges of microbial activity, pH, temperature, salinity and
pressure that are not fully covered by any technical standard. Therefore, ideal standards for
attesting degradation should consider the most challenging conditions in the deep sea which
could provide effective protection for these ecosystems.
Figura 1 - Países entre as 50 maiores economias do mundo que atualmente praticam proibição
total ou parcial de canudos de plásticos descartáveis. .............................................................. 26
Figura 2 - Espectros de FTIR obtidos para as amostras estudadas de plástico que alegaram
biodegradabilidade (S1 a S8) e para um pellet comercial de PP. ............................................. 29
Figura 3 - Visão geral das origens e da ciclagem de resíduos plásticos em ambientes marinhos
e costeiros. ................................................................................................................................ 35
Figura 4 - Média semanal da temperatura global da superfície dos oceanos (jan-jul 2019).
Fonte: Adaptado de NOAA CoastWatch / OceanWatch,
https://psl.noaa.gov/map/clim/sst.shtml, acessado em 03 de abril de 2020. ............................ 47
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO GERAL
80% de todo o lixo produzido pela comunidade global são compostos por polímeros plásticos
(Derraik, 2002). A história do plástico passa pelos antigos povos mesoamericanos. Há
notícias do uso do plástico por estes povos desde 1.600 anos antes de Cristo quando
processavam o látex colhido da planta Castilla elastica, produzindo a borracha natural com a
qual construíam bolas, estatuetas e outros artefatos de borracha (Hosler et al., 1999). Em
1839, a Goodyear desenvolveu a borracha vulcanizada e Eduard Simon, um farmacêutico
alemão, sintetizou o poliestireno, um plástico forte criado a partir de etileno e benzeno
(Andrady, et al., 2009). Posteriormente, em 1862, surgiu um dos primeiros plásticos artificiais
chamado Parkesine (um material orgânico derivado da celulose) criado por Alexander Parkes.
Depois desta descoberta, em 1897 foi criado um produto a base de proteína de leite misturado
com formaldeído. Já em 1907, Leo Hendrik Baekeland desenvolveu a primeira resina sintética
(o primeiro plástico moderno), o baquelite. Com a invenção da baquelite, o aumento crescente
do conhecimento sobre técnicas de baixo custo revolucionaram a forma de produzir esses
polímeros (Alimba, et al., 2019).
globais têm mostrado que a abundância de detritos varia de 4 a 48 mil itens por quilômetro de
linha costeira sendo que 16% a 99% desses intens são resíduos compostos por polímeros
plásticos. Mais além, a concentração de fragmentos de plástico atinge frequentemente 500 mil
peças por quilômetro quadrado (Cartraud et al., 2019). Como consequência da disposição
inadequada desses resíduos, diversos efeitos deletérios à biodiversidade global têm sido
descritos na literatura científica especializada (Koelmans, 2019). Há relatos de mais de 700
espécies afetadas pela exposição a detritos marinhos, incluindo 50% de todas as espécies de
aves marinhas, 66% de todas as espécies de mamíferos marinhos e 100% de todas as espécies
de tartarugas marinhas (Rochman et al., 2016).
Embora a maioria dos plásticos sejam resistentes à biodegradação, eles podem sofrer
quebra e fragmentação com o resultado do intemperismo ambiental e/ou resultado da
interação com organismo vivos causando danos ambientais a diversos grupos de organismos
(Thompson et al., 2004). Nesse aspecto o microplástico e os nanoplásticos vêm sendo
amplamente encontrados em matrizes ambientais como águas naturais, sedimentos e mesmo
em tecidos de organismos marinhos. Por exemplo, estudos realizados com tecidos obtidos de
espécies de moluscos bivalves, Mytilus edulis do mar do Norte, e Crassostrea gigas do
Oceano Atlântico, detectaram concentrações de microplásticos de 0,36 e 0,47 µg g-1,
respectivamente. Considerando que pesquisas recentes têm demonstrado a transferência
trófica de micropartículas plásticas através das cadeias alimentares, esses resíduos passaram
também ser encarados com um potencial problema de saúde pública devido a possibilidade de
sua ingestão pelo homem (Wang et al., 2019). Nesse sentido, estima-se que os consumidores
europeus de marisco podem ingerir até 11 mil micropartículas plásticas por ano
(Cauwenberghe, et al., 2014).
Além das várias estratégias que estão sendo implementadas pelos países para
diminuição dos resíduos plásticos, a substituição do plástico comum por plásticos
biodegradáveis vem se destacando mundialmente. Parte desse destaque é resultado das
recentes proibições impostas aos produtos descartáveis de uso único (Schnurr et al., 2018). De
fato, existe consenso na comunidade científica internacional que os plásticos devem ser
evitados na medida do possível. Entretanto, o entendimento de que será difícil substituir os
plásticos convencionais em muitas das aplicações contemporâneas ressalta a importância do
desenvolvimento e da adoção de materiais com propriedades melhoradas em termos de
degradação biológica (Open-Bio, 2015). A biodegradação ambiental é a degradação completa
de um polímero, como resultado da atividade microbiana, convertendo a matriz polimérica em
CO2, H2O, metano e biomassa em certas condições e escalas de tempo razoáveis (UNEP,
2015). Esse processo pode variar muito de acordo com as condições e características do
ambiente onde o material será descartado (Open-Bio, 2015). Sendo assim, a produção de
polímeros biodegradáveis tem crescentemente ganhado atenção, existindo atualmente uma
variedade desses materiais já em utilização pela indústria. Nesse sentido, polímeros, cuja base
biológica foi sintetizada a partir de biomassa de recursos renováveis, tais como Poli (ácido
láctico) (PLA) e e poli-hidroxialcanoato (PHA) ou plásticos produzidos a partir de matéria
prima petroquímica, incluindo plásticos alifáticos como succinato de polibutileno (PBS), tem
recebido grande atenção (Emadian et al., 2017). Além desses, o poli(hidroxibutirato) (PHB), a
poli (caprolactona) (PCL), o Ecoflex® (PBAT – poli (adipato-co-tereftalato de butileno), o
EcobrasTM (combinação do Ecoflex® com amido de milho) e o Ecovio® (combinação do
Ecoflex® com PLA) tem sido também largamente estudados. Muitos desses novos materiais
19
Apesar dos esforços e dificuldades globalmente enfrentadas para redução dos danos
ambientais relacionados ao descarte inadequado de artefatos de plástico, as corporações
resistem em adotar medidas efetivas para combater o problema, ao contrário, na prática, a
adoção de estratégias de marketing verde, rotulando produtos com alegações de
biodegradabilidade e/ou sustentabilidade têm se tornado cada vez mais comum nos últimos
anos. Com base nessas práticas, as empresas têm buscado cada vez mais influenciar as
20
Em uma pesquisa recente, 63% dos consumidores concordaram que fariam compras
mais sustentáveis se tivessem uma compreensão mais clara do que torna um produto
ambiental ou socialmente responsável (Kareiva et al., 2015). Por outro lado, a percepção dos
consumidores pode variar, por exemplo, entre países. Uma pesquisa sobre embalagens
ecologicamente corretas, conduzida na Alemanha, França e Estaduos Unidos, concluiu que
materiais renováveis, bem como biodegradáveis são preferidos pelos consumidores em
comparação com materiais não renováveis (Herbes et al., 2018). Similarmente, um estudo
realizado pela The UN Global Compact no Brasil, China, Alemanha, Índia, Estados Unidos e
Reino Unido revelou que os consumidores de países emergentes estavam significativamente
mais sensíveis para comprar produtos que beneficiem o ambiente e a sociedade em
comparação aos países desenvolvidos (82% e 49%, respectivamente). Esse estudo também
21
demonstrou que nos países emergentes o consumidor está disposto a pagar mais por produtos
sustentáveis em comparação aos consumidores dos países desenvolvidos (60% a 26%,
respectivamente) (Gassler et al., 2016). No Brasil, um estudo recente realizado pelo Instituto
de Defesa do Consumidor (IDEC) conduziu pesquisa sobre Greenwashing. Os resultados
mostraram que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo
para reduzir seu impacto ambiental e 30% dos entrevistados estão atentos à composição dos
produtos, bem como 71% dos consumidores davam preferência a produtos de marcas
comprometidas com ações ambientais e sociais (IDEC, 2019).
2 OBJETIVO GERAL
CAPÍTULO 1
3.1 Introdução
(Rambonnet et al., 2019). Os esforços globais apoiados por esses atores contribuíram para a
conscientização do público por meio de programas de limpeza (Zielinski et al., 2019) e outras
ações. De fato, essas iniciativas tiveram um papel importante no fornecimento de informações
quantitativas e qualitativas sobre o lixo marinho, que são armazenadas em bancos de dados
abrangentes e podem ser usadas para orientar os programas de gerenciamento. De acordo com
o Ocean Conservancy Report (2018), durante o último evento internacional de limpeza
realizado em 2017, os canudos de plástico estavam entre os dez itens mais comuns
encontrados nas zonas costeiras, representando cerca de 5 a 7,5% de todos os materiais
coletados. No entanto, esses resíduos foram menos prevalentes que bitucas de cigarro,
embalagens de alimentos, garrafas, tampas de garrafas, bolsas e outros itens de plástico.
Portanto, os canudos não podem ser considerados uma importante fonte de contaminação no
contexto do lixo plástico global, mas eles definitivamente são um dispositivo altamente
visível e bastante evitável (Wagner and Toews, 2018). Além disso, um vídeo lançado em 2015
com mais de 37 milhões de visualizações, atualmente
(https://www.youtube.com/watch?v=4wH878t78bw&t=2s, acessado em 04 de setembro de
2020) mostrando a agonizante remoção de um canudo de plástico descartável da narina
esquerda de uma tartaruga marinha criou ainda mais comoção global (Figgener, 2018). Nesse
cenário, foram desencadeados movimentos mundiais impulsionados pelas redes sociais,
levando agências ambientais e governos ao redor do mundo a propor ações que proibissem os
canudos de plástico de uso único (Schnurr et al., 2018).
Figura 1 - Países entre as 50 maiores economias do mundo que atualmente praticam proibição total ou parcial de
canudos de plásticos descartáveis.
foram identificadas no espectro: 1.750cm-1 (vibração do grupo C = O), 1.452 cm-1 (vibração
assimétrica do grupo CH3), 870 cm-1 (vibração do O-CH2- Grupo CH3), 1.265 cm-1 (vibração
de alongamento de OC = OC) e alongamento de CCO (1.083 cm-1, 1183 cm-1). Todas essas
bandas são geralmente detectadas em amostras de PLA (Janczak et al., 2018).
Figura 2 - Espectros de FTIR obtidos para as amostras estudadas de plástico que alegaram biodegradabilidade
(S1 a S8) e para um pellet comercial de PP.
no Reino Unido não mostrou degradação substancial, mesmo após três anos de exposição ao
ar livre, enterradas no solo ou submersas na água do mar (Napper et al., 2019).
S5 Biodegradável Brasil na PP na na
S6 Biodegradável Brasil na PP na na
S7 Biodegradável Brasil na PP na na
* Informações obtidas a partir dos rótulos; PP = polietileno; PLA = Poli ácido láctico; na = informação não
fornecida
O canudo plástico obtido nos EUA, única amostra não composta por PP, demonstrou
ser feito de ácido polilático (PLA), um polímero considerado biodegradável para o qual
existem resultados conflitantes sobre sua capacidade de degradação na água do mar (Castro-
Aguirre et al., 2017; Martin et al., 2014; Nazareth et al., 2019). Adicionalmente, o rótulo deste
produto alega que o mesmo é compostável (degradável depois de integrado aos sistemas de
compostagem, usando altas temperaturas e consórcios de micro-organismos), afastando-se do
termo "biodegradável" por exemplo, degradável em condições ambientais naturais.
Embora ainda não seja possível estimar o quanto a lavagem verde contribui para a
poluição plástica global, níveis crescentes dessas práticas podem representar uma parcela
relevante nessa questão ambiental contemporânea. Atualmente, existem padrões técnicos que
estabelecem critérios de biodegradabilidade e compostabilidade para produtos comerciais, que
foram desenvolvidos para supostamente evitar controvérsias decorrentes do uso indevido
acidental ou intencional dos termos (Philp et al., 2013). No entanto, ao verificar os relatórios
de biodegradabilidade disponíveis nos sites dos fabricantes de canudos, verificou-se dois
problemas diferentes relacionados à lavagem verde que podem ter sérias implicações
ambientais: não há evidências sobre a aplicação dos padrões de certificação (S3, S4, S5, S6 ,
S7 e S8) e o uso de padrões inadequados para avaliar a degradabilidade (S1, S2). Essas
descobertas revelam que a indústria do plástico tem dificultado aplicação de novas
regulamentações que podem afetar seu desempenho financeiro, como já foi apontado por
Dauvergne (2018). Assim, apesar dos esforços globais para evitar a poluição do plástico
proibindo produtos plásticos de uso único, a falta de regulamentação nacional, especialmente
nos países em desenvolvimento, pode levar essas iniciativas ao amplo fracasso.
Esse tipo de atitude também é muito importante quando ponderado sob uma
perspectiva existencial, considerando que o consumo de produtos ambietalmente amigáveis é
32
CAPÍTULO 2
4.1 Introdução
Figura 3 - Visão geral das origens e da ciclagem de resíduos plásticos em ambientes marinhos e
costeiros.
produtos plásticos comerciais (Tabela 2). Embora a maioria destes institutos trabalhem
voluntariamente com a iniciativa da indústria, frequentemente as normas produzidas passam a
integrar o arcabouço jurídico de governos, como acontece na União Europeia (UNE, 2017).
Instituto de
Produtos ASTM D6400 e
EUA https://bpiworld.org/
Biodegradáveis D6868
(BPI)
EN 13432 https://www.tuv-at.be/green-
Bélgica TUV Austria
EN 14995 marks/certifications/ok-biodegradable/
Associação de
Bioplásticos
Austrália https://bioplastics.org.au/certification/
Australiana
AS 4736
(ABA)
https://www.dincertco.de/din-certco/en/main-
Alemanha DIN Geprüft navigation/products-and-services/certification-
DIN EN 17033
of-products/overview-product-certification/
2018). Como resultado, poucas normas técnicas foram desenvolvidas visando avaliar a
degradação nesses ambientes e as existentes empregam condições experimentais que tentam
simular ambientes de água doce, solo e condições de compostagem, extrapolando as
condições de degradabilidade para ambientes reais (Haider et al., 2019).
Os testes empregados para analisar a biodegradabilidade de polímeros em condições
controladas de laboratório frequentemente avaliam, em uma determinada escala de tempo, a
ação de microrganismos (ASTMD6400, 2019) que convertem o material em dióxido de
carbono, água e biomassa (EN 13432, 2000; EN 14046, 2003). Assim, as especificações das
normas e padrões técnicos estabelecem requisitos mínimos, medindo as emissões de CO2 ou
são baseadas em evidências visuais de degradação e perda de massa do polímero (Chinaglia et
al., 2018). Durantes esses experimentos, corpos de prova são expostos a um meio inoculado
artificialmente, que pode ser enriquecido com nutrientes, em uma faixa de temperatura e
potencial hidrogeniônico (pH) específicos. Dessa forma, as condições são projetadas para
avaliar a biodegradabilidade em condições ótimas ou próximas do ideal, embora o objetivo
seja, na realidade, a simulação das condições em ambientes naturais (Krzan et al., 2006).
Considerando a variedade de ambientes naturais experimentados, sazonal e geograficamente,
por materiais poliméricos após o descarte irregular no ambiente, a cinética da degradação
dependerá de uma complexa combinação de fatores bióticos e abióticos sobre os quais
persistem dúvidas se os testes estabelecidos pelas normas são capazes de reproduzir (Harrison
et al., 2018; Laycock et al., 2017a). Tal situação é preocupante visto que, com base nas
certificações obtidas, os produtos comerciais recebem rotulagens que sugerem uma
biodegradabilidade em condições reais (Philp et al., 2013). Nesse contexto, não existem
normas técnicas que estabeleçam a quais testes de degradabilidade um determinado produto
plástico comercial deve se submeter em função do seu destino provável no ambiente (Open-
Bio, 2015). Com base nesses cenários, o presente estudo visou avaliar qualitativamente se as
normas técnicas de biodegradabilidade estão em conformidade com parâmetros ambientais
majoritariamente observados em ecossistemas marinhos e costeiros do mundo.
Tabela 3 - Lista de normas técnicas utilizadas para avaliação da biodegradabilidade de polímeros plásticos.
Norma Técnica Descrição
ASTM D5511-18 Método de teste padrão para determinar a biodegradação anaeróbia de materiais plásticos sob condições de digestão anaeróbia de alto teor de sólidos
ASTM D5338-98 Métodos de teste-padrão para determinar a biodegração aeróbica de materias plásticos sob condições controladas de compostagem
ASTM D5526-94 Métodos de teste-padrão para determinar a biodegração aeróbica de materias plásticos em condições de aterro acelerado
ASTM D5988-03 Método de teste-padrão para determinar a biodegradação aeróbica no solo de materiais plásticos ou material plástico residual após a compostagem
ASTM D6400-19 Especificações-padrão para plásticos compostáveis
ASTM D6691-17 Método de teste padrão para determinação da biodegradação aeróbica de materiais plásticos no ambiente marinho por um consórcio microbiano definido ou inóculo natural de água do mar
ASTM D6868-19 Especificação padrão para rotulagem de itens finais que incorporam plásticos e polímeros projetados para serem compostos aerobicamente em instalações municipais ou industriais
ASTM D6954-04 Guia-padrão para exposição e teste de plásticos que se degradam no ambiente por uma combinação de oxidação e biodegradação
ASTM D7473/12 Método de teste padrão para atrito de peso de materiais plásticos no ambiente marinho por incubações de aquário de sistema aberto
ASTM D7475-20 Método de teste padrão para determinar a degradação aeróbia e a biodegradação anaeróbia de materiais plásticos em condições de aterro de biorreator acelerado
ASTM D7991-15 Método de teste padrão para determinação da biodegradação aeróbica de plásticos enterrados em sedimentos marinhos arenosos em condições laboratoriais controladas
AS 5810 2010 Plásticos biodegradáveis adequados para compostagem domiciliar.
AS 4736-2006 Plásticos biodegradáveis adequado para compostagem e outros tratamentos microbianos
EN 13432:2000 Requisitos para embalagens recuperáveis através de compostagem e biodegradação – esquema de teste e critérios de avaliação para aceitação final da embalagem
EN 14045:2003 Embalagem – avaliação da desintegração de materiais de embalagem em testes orientados práticos sob condições de compostagem definidas
EN 14046:2003 Embalagem – avaliação da biodegradabilidade aeróbica final dos materiais de embalagem sob condições controladas de compostagem – método por análise de dióxido de carbono liberado
EN 14047:2002 Embalagem – determinação da biodegradabilidade aeróbica final dos materiais de embalagem em meio aquoso – método pela análise do dióxido de carbono
EN 14048:2002 Embalagem – determinação do método de biodegradabilidade aeróbica final de materiais de embalagem em meio aquoso – medindo a demanda de oxigênio em um respirômetro fechado
EN 14806:2005 Embalagem - avaliação preliminar da desintegração de materiais de embalagem sob condições simuladas de compostagem em teste de escala laboratorial
EN 17033:2018 Plásticos - Películas de cobertura morta biodegradáveis para uso na agricultura e horticultura - Requisitos e métodos de teste
ISO 13975:2019 Plásticos - Determinação da biodegradação anaeróbica final de materiais plásticos em sistemas de digestão de lama controlada - Método por medição da produção de biogás
ISO 14851:1999 Determinação da biodegradabilidade aeróbica final de materiais plásticos em meio aquoso – método através da medição da demanda de oxigênio em um respirômetro fechado
ISO 14852:2018 Determinação da biodegradabilidade aeróbia final de materiais plásticos em meio aquoso – método por análise de dióxido de carbono
ISO 14853:2016 Plásticos - Determinação da biodegradação anaeróbica final de materiais plásticos em um sistema aquoso - Método por medição da produção de biogás
ISO 14855:1999 Determinação da biodegradabilidade aeróbica final e desintegração de materiais plásticos sob condições controladas de compostagem – método por análise de dióxido de carbono
ISO 16929:2002 Plásticos – determinação do grau de desintegração de materiais plásticos sob condições de compostagem definidas em um teste em escala piloto
ISO 17556:2003 Pláticos – determinação do grau de desintegração de materiais sob condições de compostagem em um teste de escala piloto
ISO 17088:2008 Especificações para plásticos compostáveis
ISO 16221:2001 Qualidade da água – orientação para determinação da biodegradabilidade no ambiente marinho
ISO 18830: 2016 Determinação da biodegradação aeróbica de materiais plásticos não flutuantes em uma interface água do mar / sedimentos arenosos
ISO 19679: 2020 Determinação da biodegradação aeróbica de materiais plásticos não flutuantes em uma interface água do mar / sedimentos - Método por análise de dióxido de carbono evoluído
ISO 22404:2019 Plásticos - Determinação da biodegradação aeróbica de materiais não flutuantes expostos a sedimentos marinhos - Método por análise de dióxido de carbono evoluído
AFNOR NF U52-001 Materiais biodegradáveis
OCDE 306 Biodegradabilidade em água do mar
ABNT BR15448-1 2008 Embalagens plásticas degradáveis e/ou de fontes renováveis - Parte 1: Terminologia
ABNT BR15448-2 2008 Embalagens plásticas degradáveis e/ou de fontes renováveis Parte 2: Biodegradação e compostagem - Requisitos e métodos de ensaio
40
4.3 Resultados
Tabela 4 - Principais parâmetros para biodegradabilidade de materiais plásticos, de acordo com a organização responsável pela publicação da norma.
%
Meio Órgão Norma pH Dur. Teste Inóculo Medição Temperatura
Biodegradação
D6954-04, D5338-98, D5526-94,
ASTM D6400-99, D7475-20, D6868-19, 7 a 8,5 1 a 6 meses Solo e lodo conversão de CO em CO2 20 - 70ºC 70 a 90%
D5511-18
Compostagem
AS 4736-2006, 5810-2010 N/C 3 a 24 meses N/C conversão de CO em CO2 até 30ºC 90%
13432:00, 14045:03 14046:03, 12 semanas a 6 Composto aerado/resíduo
EN 5a9 consumo de O2 e produção de CO2 20 - 60ºC 70 a 90%
14806:05 meses sólido
12 semanas a 6 Composto aerado/resíduo razão: CO2 produzido e a quantidade teórica
5 40 - 75ºC 70%
ISO 14855:99, 16929:02. 17088:08 meses sólido urbano máxima de CO2 que pode ser produzido
Composto aerado/resíduo
ABNT 15448-1 e 15448-2/08 5a9 6 meses consumo de oxigênio e produção de CO2 58ºC 90%
sólido
evolução teórica do CO2 e perda de peso e
ASTM D5988-18 4,5 a 8 2 semanas-4meses Bactéria/fungos/solo 20 - 37ºC 70%
resistência
Solo
ISO 17556:03 6a8 6 a 24 meses Solo de campos/florestas consumo de O2 e produção de CO2 20 - 28ºC 60%
AFNOR NF U52-001 6a8 12 meses N/C evolução do dióxido de carbono 28ºC 60%
EN 17033-12 N/C 24 meses Solo de campos/florestas evolução do dióxido de carbono 20–28 ° C 90%
20 - 58ºC
Aquoso
14851-99, 14852-99, 13975-12 6a8 3 a 6 meses Lodo/solo/adubo comparação DBO com DTO* 20 - 25º C 60 a 70%,
ISO
14853-16
7a8 3 meses a 2 anos Sedimentos/água do mar conversão de CO em CO2 /perda de peso 15 - 30ºC 60 a 70%
ASTM D6691-17, D7991-15, D7473-12
Marinho
18830:16, 19679:01, 16221:01, 7 a 8,5 60 dias a 24 meses Sedimentos/água do mar demanda de O2 e CO2 15–28º C 60 a 70%
ISO
22404:19
>70% remoção do
N/C 60 dias Água do mar tratada carbônico orgânico dissolvido - COD 15-20°C
OCDE 306:92 COD e >60% DTO**
ASTM D7475, 2020; ASTMD5526, 2018; EN 14046, 2003) são as únicas que recomendam
que os testes sejam realizados sob condições de escuro ou luz difusa. Com relação ao período
de biodegradação, a maioria dos procedimentos recomenda prazos entre 30 dias a 6 meses
como aceitáveis. A norma (ABNT 15448-2, 2008) segue os padrões das normas ISO 14855,
EN 14045 e 13432. Entre as normas de compostagem, a composição dos inóculos é oriunda
de amostras de lodo ativado de estações de tratamento de esgoto, resíduos sólidos urbanos,
fração orgânica de material oriundo de plantas de compostagem a fim de conseguir suficiente
atividade microbiana.
documentos analisados faz menção a níveis de exposição a luz, durante a realização dos
testes.
Alta abundância de microplásticos tem sido reportada para ambientes de água doce e
em estuários (Fu e Wang, 2019) apesar disso, não foram estabelecidos testes específicos de
biodegradabilidade com critérios de aprovação ou reprovação para itens plásticos depositados
em ecossistemas de água doce abertos (Harrison et al., 2018). Em contraste, várias normas e
métodos de testes foram desenvolvidos para medir o grau e a taxa de biodegradação aeróbica
de materiais plásticos oriundos de águas residuais. Estes resíduos são expostos ao lodo
ativado de estação de tratamento de esgotos e em sistemas de digestão controlada de chorume,
e podem ser aplicado a todos os materiais plásticos, desde que não sejam inibidores das
bactérias. As seis normas analisadas, publicadas pelo CEN e pela ISO para o meio aquoso
apresentaram faixas de temperatura recomendadas variando entre 20 e 58ºC. Taxas de
biodegradabilidade são determinadas pela comparação das demandas bioquímicas de oxigênio
(DBO), com as demandas teóricas de oxigênio (DTO), sendo aceitáveis valores de 60% a
70%. A duração dos experimentos de avaliação variam de 45 dias a 6 meses e somente as
normas (ISO 14851, 2019; ISO 14852, 2018) indicam que o teste deve ser realizado em
ambiente escuro ou sob luz difusa. O pH indicado para os testes é entre 6 e 8. O inóculo
utilizado deve ter origem em amostras de lodo ativado de uma estação de tratamento de
esgoto doméstico ou preparado em laboratório, podendo ser ainda solo, adubo, fezes de gado
ou outros resíduos orgânicos.
4.4. Discussão.
Figura 4 - Média semanal da temperatura global da superfície dos oceanos (jan-jul 2019). Fonte: Adaptado
de NOAA CoastWatch / OceanWatch, https://psl.noaa.gov/map/clim/sst.shtml, acessado em 03 de abril de
2020.
experimentados após a revolução industrial têm também contribuído para redução gradativas
no pH de sistemas aquáticos globais (Hönisch and Ridgwell, 2012). Principalmente em zonas
costeiras, o pH está sujeito as oscilações diárias e sazonais. Assim, é frequente a observação
de valores mais altos durante o verão, devido às mudanças na temperatura da água e aumento
nas taxas de fotossíntese. Portanto, águas costeiras variam rotineiramente entre 7,5 e 8,5
(Kerrison et al., 2011), enquanto valores mais baixos são normalmente observados nos
substratos do eulitoral (5,5 a 6,8) e sublitoral (7,8 e 7,9). Em contraste, nas águas superficiais
do oceano aberto valores de pH estão geralmente entre 7,9 e 8,3 (Dickson, 1993). No oceano
profundo, os perfis verticais de pH indicam valores médios entre 7,5 e 7,6 a partir da
profundidade de 4 mil metros (Dickson, 1993). Quando comparados aos indicadores das
normas, verifica-se que são exigidos valores de pH entre 5 e 9 para ambiente de
compostagem, valores ajustados em 7 para meio aquoso, valores entre 6 e 8 para solo e 7 e 8,5
para ambientes marinhos. Sabe-se que os microrganismos de diferentes grupos demandam
condições particulares para atuar em processos de degradação, de modo que fungos costumam
tolerar faixas mais amplas de pH e temperatura em comparação às bactérias (Flemming,
1998). Estudos realizados com Poli-adipato-co-tereftalato de butileno (PBAT) e seus
biocompósitos em composto de lodo ativado e em água do mar natural (in situ) demonstraram
melhor performance de degradação em lodo. Esse estudo também mostrou que a baixa
temperatura e o pH alcalino da água do mar estimularam a atividade de bactérias
psicrotróficas, enquanto no lodo (com pH mais baixo) os fungos foram mais atuantes
(Krasowska et al., 2010). Contraditoriamente, o poliácido láctico (PLA), um conhecido
polímero biodegradável, sofre degradação mais rápida em soluções alcalinas influenciada pela
alta concentração de íons hidróxido (Karamanlioglu et al., 2017).
A penetração e distribuição da radiação luminosa nos corpos d’água é dependente da
profundidade e da turbidez. Nas regiões costeiras, onde a quantidade de material particulado
em suspensão é alta, a zona fótica, pode variar de poucos até 60 m de profundidade. Por outro
lado, em ambientes pelágicos, a disponibilidade de luz pode atingir os 200m. Abaixo desta,
as zonas disfótica e afótica apresentam um decréscimo evidente na quantidade de luz (Mitra e
Zaman, 2016). Adicionalmente, as porções mais profundas do oceano, que compreendem
90% do volume, permanecem diuturnamente na mais completa escuridão. É sabido que as
taxas de degradação de plásticos são mais intensas em ambientes superficiais (Bergmann et
al., 2015; Biber et al., 2019). A radiação luminosa exerce influência direta através de
mecanismos de fotodegradação (Laycock et al., 2017b) e a redução da luz ultravioleta pode
resultar em degradação mais lenta, pois ela pode iniciar o processo oxidativo, produzindo
50
hidroperóxidos que levam à deterioração dos plásticos (O’Brine e Thompson, 2010). Por sua
vez, a luz exerce papel essencial na distribuição vertical da diversidade microbiana (Rich e
Maier, 2015). Nesse quesito merecem destaque espécies fúngicas e bacterianas que agem
como fonte de enzimas responsáveis pela biodegradação de bioplásticos e que são direta ou
indiretamente dependentes da radiação luminosa (Emadian et al., 2017; Jacquin et al., 2019).
2001). Neste sentido, as normas técnicas devem incluir avaliações da toxicidade potencial
derivada do processo de biodegradação dos materiais testados. Entre as normas analisadas, a
certificação OK Biodegradável da TUV inclui um padrão para testes de ecotoxicidade usando
Daphnia sp. (OECD 202, 2004). O esquema de certificação recomendado por essa norma,
sugere ainda a utilização de outros organismos modelo, como algas, peixes e cianobactérias.
Entretanto, não indica a necessidade dessas análises para obtenção da certificação. Cabe
ressaltar que a toxicidade induzida durante o processo de biodegradação pode estar
relacionada à formação de microplásticos, os quais podem ser a parte mais prejudicial dos
resíduos de plástico. Devido ao tamanho reduzido (<5 mm), podem ser ingeridos e induzindo
distúrbios imunológicos e neurotóxicos em organismos de diferentes níveis tróficos (Ma et al.,
2020). Microplásticos podem ainda atuar também como vetores de substancias químicas
perigosas adsorvidas em sua superfície e ou aditivos, que podem se tornar biodisponíveis
durante a degradação (Smith et al., 2018). No entanto, até onde foi possível verificar, não
existem normas técnicas para certificação de biodegradabilidade de polímeros plásticos que
consideram a formação de microplásticos.
nenhum padrão técnico. Até mesmo as normas projetadas para simular ambientes marinhos
estabeleceram condições experimentais que estão longe das condições ambientais reais.
O uso de polímeros supostamente biodegradáveis tem sido reconhecido como uma
estratégia global de combate à poluição por plásticos. Para influenciar a decisão de compra
dos consumidores, os rótulos que clamam biodegradabilidade são atualmente baseados em
testes realizados empregando norma técnicas que não são capazes de garantir a degradação
em ambientes naturais. Na verdade, de uma perspectiva estritamente científica, essas normas
se assemelham a uma enganação ambiental. Com base nos mecanismos de transporte e
ciclagem a que os resíduos plásticos são submetidos após o descarte, parcelas significativas
do plástico gerado chegam aos oceanos e mares da Terra. Portanto, os padrões técnicos ideais
para atestar degradabilidade de polímeros devem considerar as condições ambientais mais
desafiadoras possíveis, tais como as do mar fundo. Considerando o acima exposto, propomos
postos-chave que devem ser considerados pelos novos esquemas de certificação: (1) simular
as condições ambientais do mar profundo, tanto quanto possível, levando em consideração
temperaturas próximas a 0ºC e ausência de luz, entre outros fatores; (2) usar testes de
toxicidade para avaliar a toxicidade potencial do meio da degradação e (3) monitorar a
formação de microplásticos. Além disso, é importante que as normas técnicas deixem
realmente claro para os usuários o significado da certificação, fornecendo informações sobre a
escala de tempo e as taxas de degradação. Finalmente, enquanto os resíduos de plástico estão
sujeitos a movimentos transfronteiriços incontroláveis, esquemas de certificação
harmonizados entre muitos países são uma necessidade real no mundo globalizado.
54
5. CONCLUSÃO GERAL
Embora o uso de polímeros biodegradáveis venha sendo adotado como uma das
estratégias promissoras no combate a poluição global por plástico, o presente estudo revelou
três graves problemáticas que precisam ser enfrentadas antes que esses materiais sejam
universalmente aceitos como alternativas ambientalmente seguras. Do ponto de vista da
regulação e da rotulagem, a prática de greenwashing vem se estabelecendo entre produtos
comercializados no mundo. Nossos resultados demonstraram, com base em um estudo
investigando canudos de plástico (Capítulo 1), que essa prática é também amplamente
utilizada no Brasil. Nesse sentido, a adoção de regulamentações específicas em esferas locais,
regionais e idealmente globais devem ser implementadas visando coibir essa prática.
Adicionalmente, as normas técnicas utilizadas globalmente para certificar a degradabilidade
de produtos plásticos comerciais desconsideram amplamente os parâmetros ambientais sob os
quais resíduos plásticos serão expostos após descarte (Capítulo 2). Portanto, mesmo quando o
material é submetido a testes prévios de certificação, não há garantias de que ele sofra
degradação em uma vasta gama de condições vigentes nos oceanos e mares da Terra. As
discrepâncias observadas são ainda mais evidentes quando consideradas as condições do mar
profundo, onde parcela significativa desses resíduos tem destino. Mais além, entre as normas
técnicas analisadas, apenas uma considera toxicidade potencial e nenhuma avalia a formação
de microplásticos durante etapas de degradação. Considerando a disponibilidade atual de
tecnologias, é fundamental que tais protocolos sejam urgentemente revistos e passem a
contemplar os parâmetros descritos. Tais modificações são essenciais antes que a tecnologia
dos polímeros biodegradáveis possa ser encarada seriamente como uma alternativa viável.
55
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