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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

MARCOS VINÍCIUS BRITO DIAS

AVALIAÇÃO DA COMPOSTAGEM DOMÉSTICA COM USO DE DIFERENTES


PROPORÇÕES DE RESÍDUOS ALIMENTARES E SERRAGEM

Vitória
2023
MARCOS VINÍCIUS BRITO DIAS

AVALIAÇÃO DA COMPOSTAGEM DOMÉSTICA COM USO DE DIFERENTES


PROPORÇÕES DE RESÍDUOS ALIMENTARES E SERRAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Engenharia Sanitária
e Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo,
Campus Vitória, como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Sanitária e
Ambiental.

Orientador: Profª. Dra. Jacqueline R. Bringhenti.

Vitória
2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

D541a Dias, Marcos Vinícius Brito.


Avaliação da compostagem doméstica com uso de diferentes
proporções de resíduos alimentares e serragem / Marcos Vinícius Brito
Dias. – 2023.
60 f. : il. ; 30 cm

Orientadora: Jacqueline Rogéria Bringhenti.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo,


Coordenadoria de Saneamento Ambiental, Curso Superior de
Engenharia Sanitária e Ambiental, Vitória, 2023.

1. Resíduos sólidos. 2. Compostagem. 3. Compostos orgânicos. 4.


Resíduos de madeira. 5. Engenharia sanitária. 6. Sustentabilidade e
meio ambiente. I. Bringhenti, Jacqueline Rogéria. II. Instituto Federal
do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 628.44
Elaborada por Ronald Aguiar Nascimento – CRB-6/MG – 3.116
MARCOS VINÍCIUS BRITO DIAS

AVAL

SERRAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Engenharia Sanitária e
Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo,
Campus Vitória, como requisito parcial para a obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Sanitária e
Ambiental.

Aprovado em 22 de junho de 2023.

COMISSÃO EXAMINADORA

Dra. Jacqueline Rogeria Bringhenti Instituto


Federal do Espírito Santo Orientadora

Dra. Adriana Marcia Nicolau Korres


Instituto Federal do Espírito Santo Membro
interno

Dr. Eduardo Valentino Tonini Instituto


Federal do Espírito SantoMembro
interno

Esp. Marcia Tonon Central de


Negócios Ambientais
Membro externo
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por caminhar comigo sempre, à minha esposa Mayara e minha
mãe Helena por todo o apoio durante a graduação, e à minha orientadora,
professora Jacqueline Bringhenti pelos ensinamentos e direcionamentos que me
permitiram concluir esta etapa.
RESUMO

O aumento na geração de resíduos sólidos no mundo traz à tona a necessidade


urgente de mudanças de hábitos e relações de consumo, assim como minimização
de resíduos na fonte geradora, destinação e tratamento adequados,
reaproveitamento e reciclagem. No Brasil os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU),
representam 51,4% de todo o resíduo produzido, possuindo alto potencial de
recuperação e uso como fertilizante, todavia, os resíduos orgânicos produzidos são
destinados em sua maioria aos aterros sanitários e também alguns lixões a céu
aberto que ainda existem no país. Como alternativa para minimizar os impactos
negativos da má gestão dos RSU, a compostagem se mostra como um processo
viável de reaproveitamento dos resíduos orgânicos (RO) e produção de adubo
orgânico. Trata-se de um processo de biodegradação de RO baseado em ciclos
naturais, adaptado para uso em ambiente controlado, podendo ser realizado em
diferentes escalas. O seu adequado funcionamento depende da dosagem adequada
de diferentes grupos de resíduos orgânicos (fontes de carbono e de nitrogênio), de
modo a obter o equilíbrio de nutrientes. A compostagem em pequena escala,
realizada no local de geração dos RO com uso de composteira foi selecionado como
objeto do estudo. O experimento teve início com a confecção das composteiras. As
nove composteiras foram preenchidas com as devidas proporções de resíduo e
serragem, três com 6/1(T1); três com 6/0,5(T2); e três com 7/1(T3), sendo instaladas
e operadas no laboratório de Monitoramento Ambiental, do Ifes, Campus Vitória. Os
parâmetros monitorados foram: temperatura, umidade, redução em massa, redução
em volume, presença de mofo, produção de chorume, odor, insetos, pH,
condutividade elétrica e chuvas em 24 horas. A escolha do tratamento T2 se
apresentou como a opção mais indicada, atendendo aos critérios estabelecidos na
matriz de decisão, cumprindo os requisitos normativos referentes aos fertilizantes
orgânicos, representando ainda um parâmetro com viabilidade de aplicação na rotina
dos praticantes da compostagem doméstica. Por fim, a opção de enquadrar os
diferentes tratamentos com base em uma matriz de decisão proporcionou ferramenta
adicional para a seleção da proporção de materiais com melhor desempenho.
Recomenda-se a realização de novos estudos sobre o tema para refinar e confirmar
os resultados obtidos, bem como para contribuir para disseminação da prática da
compostagem doméstica.
Palavras-chave: Resíduo orgânico; Compostagem doméstica; Relação C/N.
ABSTRACT

The increase in solid waste generation worldwide highlights the urgent need for
changes in habits and consumer relationships, as well as waste minimization at the
source, proper disposal and treatment, reuse, and recycling. In Brazil, Urban Solid
Waste (USW) represents 51.4% of all waste produced, with high potential for
recovery and use as fertilizer. However, most of the organic waste generated is
disposed of in landfills and some open dumps that still exist in the country. As an
alternative to minimize the negative impacts of poor USW management, composting
proves to be a viable process for organic waste (OW) reuse and organic fertilizer
production. It is a biodegradation process based on natural cycles, adapted for use in
a controlled environment and can be performed at different scales. Its proper
functioning depends on the appropriate dosage of different groups of organic waste
(carbon and nitrogen sources) to achieve nutrient balance. Small-scale composting,
carried out on-site using compost bins, was selected as the object of study. The
experiment began with the construction of the compost bins. The nine compost bins
were filled with the respective proportions of waste and sawdust: three with 6/1 (T1),
three with 6/0.5 (T2), and three with 7/1 (T3), being installed and operated in the
Environmental Monitoring Laboratory of Ifes, Vitória Campus. The monitored
parameters were temperature, humidity, mass reduction, volume reduction, presence
of mold, leachate production, odor, insects, pH, electrical conductivity, and rainfall in
24 hours. The choice of treatment T2 emerged as the most suitable option, meeting
the criteria established in the decision matrix, complying with the regulatory
requirements for organic fertilizers, and also representing a parameter with viability
for application in the routine of domestic composting practitioners. Lastly, the option
to categorize the different treatments based on a decision matrix provided an
additional tool for selecting the proportion of materials with better performance.
Further studies on the topic are recommended to refine and confirm the obtained
results, as well as to contribute to the dissemination of domestic composting
practices.

Keywords: Organic waste; Domestic composting; C/N ratio.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Curva de variação de temperatura ao longo do processo de compostagem


.................................................................................................................................. 21
Figura 2 - Confecção das composteiras com uso de baldes de plástico ................... 27
Figura 3 - Tela mosquiteira e elástico utilizados nas composteiras artesanais ......... 27
Figura 4 - Preparo e instalação das mini composteiras para o pré-teste .................. 30
Figura 5 - Tratamento 1 - preliminar .......................................................................... 30
Figura 6 - Tratamento 2 - preliminar .......................................................................... 30
Figura 7 - Tratamento 3 - preliminar .......................................................................... 31
Figura 8 - Tratamento 4 - preliminar .......................................................................... 31
Figura 9 - Amostras de cascas de frutas e verduras para o teste preliminar ............ 32
Figura 10 - Coleta da serragem obtida em marcenaria artesanal ............................. 35
Figura 11 - Composteiras sendo preenchidas ........................................................... 35
Figura 12 - Croqui de posicionamento das composteiras no laboratório de
Monitoramento Ambiental.......................................................................................... 37
Figura 13 - Composteiras posicionadas no laboratório de Monitoramento Ambiental
.................................................................................................................................. 37
Figura 14 - Amostras enviadas ao laboratório de Análise de Solos .......................... 39
Figura 15 - Comportamento da temperatura ao longo do experimento principal....... 42
Figura 16 - Comportamento da umidade ao longo do experimento principal ............ 44
Figura 17 - Tratamento T1......................................................................................... 45
Figura 18 - Tratamento T2......................................................................................... 45
Figura 19 - Tratamento T3......................................................................................... 45
Figura 20 - Representação da proporção de resíduos alimentares e serragem
selecionada para uso em compostagem doméstica.................................................. 51
Figura 21 - Amostras do primeiro monitoramento de pH e condutividade elétrica .... 59
Figura 22 - Amostras do segundo monitoramento de pH e condutividade elétrica ... 59
Figura 23 - Condutivímetro utilizado .......................................................................... 60
Figura 24 - pHmetro utilizado .................................................................................... 60
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Proporções de RO e serragem testadas e respectiva relação C/N inicial 29


Tabela 2 - Comparativo de redução em massa para os quatro tratamentos
preliminares ............................................................................................................... 31
Tabela 3 - Densidade (kg/l) dos materiais orgânicos utilizados no experimento ....... 33
Tabela 4 - Volume (L) e massa (Kg) total de resíduos alimentares e serragem a
serem adicionados às composteiras ......................................................................... 33
Tabela 5 - Volume de resíduos alimentares e serragem para o experimento por
tratamento ................................................................................................................. 34
Tabela 6 - Quantidade total necessária de resíduo e serragem em cada proporção 36
Tabela 7 - Percentuais de redução em volume e massa segundo os diferentes
tratamentos ............................................................................................................... 44
Tabela 8 - Resultados das análises de pH e condutividade elétrica do experimento
principal ..................................................................................................................... 47
Tabela 9 - Resultados da análise das amostras em laboratório ................................ 49
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Etapas metodológicas da pesquisa ......................................................... 26


Quadro 2 - Parâmetros monitorados e frequência de monitoramento ....................... 38
Quadro 3 - Síntese dos componentes em uma matriz de decisão ............................ 41
Quadro 4 - Comparação entre os critérios operacionais e sanitários para os três
tratamentos ............................................................................................................... 50
Quadro 5 - Matriz elaborada para auxiliar na tomada de decisão ............................. 50
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos


Especiais
C – Carbono
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CD – Conforme declarado
C/N – Relação entre Carbono e Nitrogênio
CO2 – Gás Carbônico
CH4 – Gás Metano
cm – centímetro
E1 – Etapa um
E2 – Etapa dois
E3 – Etapa três
E4 – Etapa quatro
g – grama
°C – graus Celsius
Ifes – Instituto Federal do Espírito Santo
IN – Instrução Normativa
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada
ISWA – International Solid Waste Association
kg – Quilograma
kg/l – Quilograma por litro
L – Litro
mL – mililitro
µS/cm – microSiemens por centrímetro
mS/cm – miliSiemens por centrímetro
N – Nitrogênio
MAPA – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
pH – Potencial Hidrogeniônico
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
% – Porcentagem
RO – Resíduos Orgânicos
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
S – Serragem
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
T1 – Tratamento um
T2 – Tratamento dois
T3 – Tratamento três
T4 – Tratamento quatro
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
2 OBJETIVOS ................................................................................................. 16
2.1 OBJETIVO GERAL....................................................................................... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 16
3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 17
3.1 GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL .................. 17
3.2 GERENCIAMENTO DOS RSU NO BRASIL ................................................ 18
3.3 COMPOSTAGEM ......................................................................................... 19
3.3.1 Etapas e parâmetros de monitoramento na compostagem .................... 20
3.3.2 Relação C/N ................................................................................................ 22
4 DELINEAMENTO METODOLÓGICO .......................................................... 25
4.1 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 25
4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL............................................................. 25
4.2.1 Etapas do experimento .............................................................................. 26
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 42
6 CONCLUSÃO .............................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 54
APÊNDICE A - CÁLCULO DAS PROPORÇÕES DE FONTES DE
CARBONO E NITROGÊNIO INICIAL PARA O TESTE PRELIMINAR ........ 57
APÊNDICE B - IMAGENS DO MONITORAMENTO DE pH E
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ..................................................................... 59
13

1 INTRODUÇÃO

A crescente geração de resíduos sólidos no Brasil e no mundo tem motivado


preocupação e alerta em diversos setores da sociedade, trazendo à tona a urgência
de mudanças na sua gestão e gerenciamento e na participação social, envolvendo
práticas como: minimização da geração de resíduos, tratamento e destinação
adequada, gerenciamento, reciclagem, reaproveitamento (IPEA, 2021).

A partir da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010, os


municípios brasileiros passaram a ser mais responsabilizados e cobrados a dar o
destino correto aos resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados em seu território, assim
como as empresas também precisaram adequar-se ao processo denominado
logística reversa, na qual o produtor é responsável pelo ciclo completo de seu bem
ou insumo, desde a fabricação ao descarte (BRASIL, 2019).

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil, edição de 2021, muitos
municípios brasileiros ainda encontram dificuldades para gerenciar e minimizar os
impactos negativos gerados pelos resíduos descartados de maneira inadequada,
que dificulta ou mesmo inviabiliza o seu reaproveitamento e reciclagem, acarretando
ainda em prejuízos ambientais e para a saúde de toda a população (ABRELPE,
2021).

Estudos mostram que a maior parcela dos RSU produzidos nas cidades tem
potencial para tratamento e recuperação (MASSUKADO, 2016). Neste contexto
destacam-se os resíduos orgânicos (RO), compostos por sobras de alimentos,
folhas, grama, galhos de árvores, dentre outros que podem ser valorizados na fonte
ou em plantas de tratamento centralizadas. No Brasil os RO representam 51,4% dos
RSU gerados nos centros urbanos (MASSUKADO, 2016).
De acordo com a PNRS, os aterros sanitários devem receber exclusivamente a
parcela dos RSU não recuperável, denominada de rejeito. Uma vez que a parcela de
RO possui viabilidade de recuperação não se enquadra na categoria de rejeito.
Os aterros sanitários são considerados como fonte significativa de emissão de
metano (CH4), que é um gás de efeito estufa resultante da decomposição da parcela
de RO, mais prejudicial à atmosfera do que o dióxido de carbono (CO2), conhecido
14

como grande vilão do efeito estufa (LIMA, 2009). Tal aspecto reforça a importância
de se buscar soluções sustentáveis para os RO como contribuição ao combate das
mudanças climáticas.

A compostagem se mostra como uma alternativa viável para minimizar o grande


volume de RO depositado nos aterros sanitários, aterros controlados e até mesmo
lixões a céu aberto, ao mesmo tempo em que produz o composto orgânico,
conhecido como húmus, o qual pode ser utilizado nos mais variados cultivos de
plantas, hortaliças, nutrindo os vegetais e melhorando sua qualidade (LIMA et al,
2017). Trata-se de um processo de biodegradação de RO baseado em ciclos
naturais, adaptado para uso em ambiente controlado, podendo ser realizado em
diferentes escalas. O seu adequado funcionamento depende da dosagem adequada
de diferentes grupos de resíduos orgânicos (fontes de carbono e de nitrogênio), de
modo a obter o equilíbrio de nutrientes, como ocorre em um processo natural de
decomposição, evitando problemas como excesso de chorume e odor (MELO,
ZANTA, 2016).

A compostagem em pequena escala, realizada no local de geração dos RO com uso


de composteira, adquirida no mercado ou fabricada artesanalmente com materiais
recicláveis, doravante denominada compostagem doméstica, foi selecionado como
objeto de estudo. Apesar de seu baixo custo, apelo sustentável e no geral ocupar
pouco espaço, por se tratar de um processo biológico, necessita de operação
periódica. A inclusão da prática cotidiana da compostagem na rotina de uma casa,
escola ou ambiente institucional de pequena escala é um dos seus principais
desafios. Relatos da literatura destacam algumas dificuldades como: restrições de
espaço para acomodar a composteira, preocupações com odores desagradáveis e a
possibilidade de atrair vetores indesejados, além da demanda de tempo para
manuseá-la (COSTA, 2014).

Neste contexto, destaca-se o equilíbrio entre as parcelas de fontes carbono (C) e de


nitrogênio (N), conhecido como relação C/N como fator determinante para o bom
funcionamento da composteira. Segundo Maragno e colaboradores (2007), o
carbono é fonte básica de energia para as atividades vitais dos microrganismos que
atuam no processo. Estudos apontam a relação C/N ideal para o início do processo
15

de compostagem como sendo a de 30/1 (KIEHL, 2002; NETO, 1996; ZHU, 2005).
Em geral, os resíduos palhosos, como os vegetais secos, são fontes de carbono e
os legumes frescos e cascas de vegetais se caracterizam por serem fontes de
nitrogênio.

Observa-se que os praticantes da compostagem doméstica no geral dosam os


quantitativos de restos orgânicos e material estruturante de forma empírica e visual,
geralmente avaliando as proporções em função do volume. A maioria das
publicações sobre o tema utiliza como foco a compostagem em maior escala, onde
as proporções de matérias são calculadas e controladas existindo lacuna a ser
explorada em relação a compostagem doméstica.

Assim o presente estudo teve por objetivo responder ao questionamento: qual é a


proporção entre Carbono e Nitrogênio a ser aplicada à compostagem em pequena
escala para alcançar maior eficiência na produção do composto e minimizar a
geração de maus odores, chorume em excesso e surgimento de insetos?
16

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL


Avaliar os efeitos do uso de diferentes proporções de resíduos alimentares e
serragem em composteiras domésticas com a finalidade de identificar a mistura com
melhor desempenho operacional e sanitário.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Confeccionar e operar composteiras domésticas com uso de diferentes
proporções de resíduos alimentares e serragem;
 Realizar testes de bancada com as composteiras construídas, monitorar
parâmetros físicos, químicos e sanitários e relacionar de forma comparativa
os dados de desempenho dos diferentes tratamentos;
 Avaliar a qualidade do composto final obtido com base em critérios
agronômicos;
 Selecionar o tratamento com melhor desempenho operacional nos testes de
bancada e na qualidade final do composto e relacionar com a proporção de
resíduos alimentares e serragem utilizada.
 Identificar a relação C/N com melhor desempenho em relação aos parâmetros
monitorados.
17

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL


O Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, é um dos países que mais gera
resíduos sólidos, cuja destinação final correta seria receber o tratamento com
soluções ambientalmente adequadas e economicamente viáveis, de acordo com a
legislação e as tecnologias disponíveis, porém, ainda são descartados a céu aberto,
lançados na rede de esgotos ou até mesmo queimados (IPEA, 2021).

Com o avanço da pandemia da Covid-19, entre os anos de 2020 e 2021, houve


acréscimo de cerca de 4% na quantidade de resíduos sólidos urbanos produzidos
nas residências brasileiras, atingindo média de 1,07 kg/hab/dia (ABRELPE, 2021).
Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2021, divulgados pela
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais –
ABRELPE, mudanças nos padrões das atividades sociais, como educação e
trabalho, para ambientes residenciais, provocaram aumento na produção de
Resíduos Sólidos Urbanos, doravante denominado RSU, que atingiu valor de 82,5
milhões de toneladas por ano (ABRELPE, 2021).

Os novos padrões de comportamento social, concentrados no ambiente residencial e


marcados pela substituição de consumo em restaurantes por pedidos via aplicativos
de entrega de alimentos, ocasionaram crescimento relevante na produção anual
média de RSU, acima de 1%, observado nos últimos 5 anos (ABRELPE, 2021).

Segundo Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE e presidente da


“International Solid Waste Association – ISWA”, a maior permanência das pessoas
nas residências, levaram ao aumento na produção de resíduos nestes locais,
atendidos pelos serviços de limpeza e conservação urbanos (ABRELPE, 2021).

A região Sudeste é responsável por quase 50% do total de resíduos produzidos no


Brasil, com 1,261 kg/hab/dia, enquanto a Norte acumula 7,4 % do total, com 0,898
k/hab/dia (ABRELPE, 2021).

A convivência com determinados padrões de consumo e uso de produtos com ciclos


de vida mais curtos e embalagens descartáveis gera maior produção de resíduos
sólidos urbanos, e ao mesmo tempo, detecta-se que a capacidade de captação dos
18

resíduos pelos sistemas convencionais de disposição está chegando ao limite, e


necessita que, para minimizar tal impacto ao meio ambiente, proponham-se
alternativas para a destinação final dos bens após o consumo (GONÇALVES;
TANAKA; AMEDOMAR, 2013).

3.2 GERENCIAMENTO DOS RSU NO BRASIL

Cerca de 16,5 milhões de pessoas, um em cada 12 brasileiros não possui coleta


regular de lixo em suas casas, serviço básico e essencial, aponta Carlos Silva Filho,
presidente da International Solid Waste Association - ISWA. Segundo o Panorama
da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais -
ABRELPE, as regiões Norte e Nordeste não coletaram cerca de 20% dos resíduos
gerados nos municípios de sua região, enquanto Sudeste e Centro-Oeste já
atingiram cobertura de coleta acima da média nacional (ABRELPE, 2021).

Já com relação ao destino dos resíduos, foi destacado no documento que a


destinação final ambientalmente apropriada superou os 60%, com aproximadamente
46,0 milhões de toneladas depositadas em aterros sanitários, obras de engenharia
licenciadas para essa finalidade (ABRELPE, 2021). Tal fato indica uma tendência de
evolução em relação à destinação adequada dos resíduos em aterros controlados e
lixões, que recebem 30,3 milhões de toneladas por ano, prejudicando a saúde de
77,5 milhões de pessoas (ABRELPE, 2021).

O Brasil passou a contar com um marco regulatório no que diz respeito a resíduos
sólidos em 2010, com o advento da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. A lei
estabeleceu a interligação dos municípios no gerenciamento dos RSU,
responsabilizou as empresas pela captação dos produtos descartáveis, instituindo a
logística reversa, e responsabilizou a sociedade como um todo pela produção
desses resíduos. Ainda foi além, com a garantia da inclusão dos catadores,
contribuindo para a formalização e consequente valorização da profissão, e
responsabilização dos gestores públicos para o fim dos chamados lixões
(GONÇALVES; TANAKA; AMEDOMAR, 2013).
19

Um dos maiores desafios da sociedade moderna sem dúvidas é o processo de


coleta e destinação final dos resíduos sólidos urbanos. Três fatores importantes
interferem nesse cenário: quantidade expressiva de resíduo produzido, custos
relativos ao gerenciamento e impactos à saúde da população e ao meio ambiente
(GONÇALVES; TANAKA; AMEDOMAR, 2013).

Com o passar dos anos, a crescente disposição inadequada de RSU vem


provocando a contaminação dos lençóis freáticos, solos, mananciais, e causando
doenças como leishmaniose, esquistossomose, leptospirose, dengue, dentre outras,
cujos vetores encontram em aterros controlados e lixões ambientes ideais para
proliferação (IPEA, 2021). O alto custo de armazenagem, assim como a alta geração
de resíduos e as más práticas de descarte nas cidades brasileiras, acarretam em
volumes cada vez maiores de RSU produzidos e sérios problemas de saúde pública
e prejuízos ao meio ambiente (IPEA, 2021).

3.3 COMPOSTAGEM
O processo de compostagem dos resíduos sólidos orgânicos tem sido considerado
como principal forma de retirada de grande parte desse material dos resíduos
coletados nos municípios, observando que o Brasil dispõe de fração orgânica em
seus resíduos de cerca de 50% (EMBRAPA, 2021).

A compostagem é um processo intuitivo e simples praticado há milênios pela


humanidade; não é uma forma nova de lidar com os resíduos. Como motivação para
a emergência da introdução da compostagem no dia-a-dia da sociedade destaca-se:
propor uma alternativa de destinação ambientalmente adequada para os resíduos
orgânicos, que seja de baixo custo e compreendida facilmente pela população; em
segundo lugar, contribuir para o aumento da biodiversidade, segurança alimentar,
surgimento de cidade mais saudáveis, ampliação de áreas verdes, por meio da
obtenção de composto orgânico de qualidade para uso como fertilizante
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2017).

Usar matéria orgânica humificada pode trazer benefícios para o solo, como a
prevenção da erosão e a correção dos nutrientes do solo. É importante, no entanto,
20

destacar a necessidade de realizar análises adequadas do composto final, levando


em consideração a origem do material utilizado na compostagem (LIMA et al., 2017).

3.3.1 Etapas e parâmetros de monitoramento na compostagem

A base para obter o equilíbrio de nutrientes é controlar as quantidades de fontes de


nitrogênio, como cascas de frutas, restos de verduras e legumes crus, borra de café,
cascas de ovos, que são produzidos nas residências e em locais onde existe o
preparo da alimentação, com as fontes de carbono, serragem, folhas secas, que
muitas vezes precisam ser buscados em outros locais ou comprados (INÁCIO;
MILLER, 2009).

O desenvolvimento da compostagem consiste em duas etapas diferentes:


biodegradação do resíduo orgânico e maturação, cura ou humificação do composto
final (DIAZ, 1999; JAHNEL, 1999; BUDZIAK et al, 2004, apud MARAGNO;
TROMBIN; VIANA, 2007). Alguns fatores contribuem para esse processo, podendo
ser monitorados caso sejam utilizadas técnicas apropriadas (DIAZ, 1999; JAHNEL,
1999; BUDZIAK et al, 2004, apud MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007).

O processo de compostagem é dividido em duas fases distintas com base na


temperatura alcançada: a fase termófila e a fase mesófila. A fase termófila ocorre
quando a temperatura do material em compostagem é maior que 45 ºC, sendo essa
a fase em que ocorre a eliminação dos microrganismos patogênicos. Já a fase
mesófila ocorre quando a temperatura está entre 20 ºC e 45 ºC, e é nessa fase que
ocorre a decomposição dos materiais orgânicos em compostos mais simples e
estabilizados. O controle da temperatura durante o processo de compostagem,
portanto, é fundamental para garantir a eficácia do processo e obter um composto de
qualidade que possa ser utilizado na fertilização de solos e em outros fins agrícolas
(MASSUKADO, 2016). A figura 1 ilustra as fases da compostagem citadas acima.
21

Figura 1 - Curva de variação de temperatura ao longo do processo de compostagem

Fonte: elaborada por Kiehl (2004)

Diversos parâmetros são monitorados durante a compostagem, por exemplo,


umidade, temperatura, pH, relação Carbono/Nitrogênio, odores, presença de insetos,
porém o presente estudo se propôs a avaliar diferentes proporções da relação C/N
aplicadas a compostagem doméstica, com o objetivo de identificar a melhor
proporção dos dois elementos que possibilitará uma compostagem mais eficiente
(COTTA, et al, 2015).

Fatores como umidade, oxigenação e temperatura, cruciais na primeira etapa, são


controlados com o revolvimento periódico do material compostado, introduzindo
novo ar, rico em oxigênio, ao passo que o ar contido na composteira, o qual está
saturado com gás carbônico produzido pela respiração dos microrganismos é
liberado para a atmosfera (NETO, 1996).

A falta de oxigênio nas composteiras fará com que se forme e acumule dióxido de
carbono e metano, gases presentes na fermentação anaeróbia, por isso tal
renovação é essencial, uma vez que a concentração de gás carbônico no interior da
composteira pode ser até cem vezes maior do que normalmente se encontra no ar
atmosférico (KIEHL, 2002; GOMEZ & FERRER, 2006).
22

A fase termófila é considerada a mais intensa em termos de atividade


microbiológica. Nessa fase, a temperatura pode atingir mais de 45ºC, o que resulta
na decomposição acelerada da matéria orgânica, especialmente os carboidratos. É
importante ressaltar que o composto produzido nessa fase ainda não está maturado
e não deve ser utilizado, pois diversos ácidos minerais e orgânicos são gerados
(MASSUKADO, 2016).

Após a fase termófila, inicia-se a fase mesófila, na qual ocorre o processo de


maturação e humificação da matéria orgânica. Nessa fase, a demanda por oxigênio
é reduzida, e novos grupos de microrganismos aparecem para biodegradar
principalmente a celulose e a lignina. A fase mesófila é mais longa que a termófila,
podendo durar meses, de acordo com a massa e material inicial. Ao final dessa fase,
o composto orgânico alcança a maturação adequada para ser utilizado como adubo,
contribuindo para a fertilização de hortas, jardins e áreas verdes, além de reduzir a
quantidade de resíduos orgânicos descartados inadequadamente no meio ambiente
(MASSUKADO, 2016).

O pH é considerado um parâmetro de influência nos sistemas de compostagem


(MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007). As matérias orgânicas tanto animais quanto
vegetais são geralmente ácidas (MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007). No início da
decomposição ocorre formação de ácidos orgânicos, na fase fitotóxica, acidificando
mais o meio, no entanto, as reações entre tais ácidos e os traços de ácidos minerais
formados, reagem com as bases liberadas pela matéria orgânica, gerando
compostos alcalinos (MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007).

3.3.2 Relação C/N


A relação C/N é um dos principais parâmetros de referência para o processo de
compostagem e interfere na qualidade do composto final. Seu equilíbrio é de
fundamental relevância, uma vez que a meta é possibilitar a fixação de nutrientes no
produto final, para serem utilizados como adubo posteriormente (ZHU, 2005).

Para desempenhar suas atividades metabólicas os microrganismos precisam de


macro e micronutrientes, e dentre os mais utilizados por eles, carbono e nitrogênio
23

são extremamente importantes (NETO, 1996). Suas concentrações e


disponibilidades no ambiente influenciam o andamento do processo (NETO, 1996).

O carbono atua como fonte primordial de energia para as atividades essenciais dos
microrganismos, e o nitrogênio é fundamental para a reprodução celular.
Normalmente os resíduos palhosos, vegetais secos, por exemplo, são fonte de
carbono. Por sua vez, legumes frescos e restos fecais são fonte de nitrogênio.
Carbono em excesso prolonga o processo de compostagem, e o nitrogênio
necessário é capturado das células mortas dos microrganismos (NETO, 1996).

A relação C/N inicial mais vantajosa para a compostagem é de cerca de 30 partes de


carbono para 1 de nitrogênio (KIEHL, 2002; NETO, 1996; ZHU, 2005). É um
parâmetro confiável até chegar ao produto final humificado, cuja relação ideal deve
estar entre 10 e 12/1 (KIEHL, 2002; NETO, 1996). Ao longo do processo, a
decomposição da matéria orgânica reduz o carbono orgânico, ao passo que o
nitrogênio total, formado por nitrogênio orgânico, nítrico e amoniacal aumenta devido
à mineralização, acarretando a diminuição da relação C/N (KIEHL, 1985).

Na prática, valores entre 26/1 e 35/1 são considerados mais favoráveis para uma
compostagem mais rápida e eficiente. Durante o processo de decomposição, os
microrganismos absorvem carbono e nitrogênio da matéria orgânica mantendo a
relação 30/1. Das 30 partes de carbono assimiladas, 20 partes são liberadas na
atmosfera na forma de dióxido de carbono, enquanto as 10 partes restantes são
imobilizadas e convertidas da forma mineral para a forma orgânica, sendo
incorporadas ao protoplasma dos microrganismos e posteriormente contribuindo
para a formação do húmus (KIEHL, 1998).

Na fase de maturação, a degradação ainda ocorre, com diminuição dos


microrganismos patógenos e humificação dos intermediários com maior estabilidade.
Primordialmente os actinomicetos e também os fungos tornam-se dominantes, e
assim continua a degradação das substâncias mais resistentes, como celulose e
lignina, ocorrendo complexas reações enzimáticas, resultando na produção do
húmus, por meio da condensação das ligninas e proteínas, principalmente (Pereira
Neto, 1996).
24

Utilizar somente resíduo orgânico ou palhoso, conhecido também como material de


enchimento ou fonte de carbono, dificilmente fornecerá um equilíbrio de nutrientes
que torne viável o processo de compostagem, sendo indicado o uso de ambos,
misturados em proporção ideal (MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007).

A compostagem em pequena escala possui a vantagem de atuar na fonte geradora


de resíduos, ou seja, nas residências, sem ocupar grandes espaços, dispensando a
necessidade de transporte até uma unidade de compostagem, e ainda permite aos
domiciliados o cultivo de plantas medicinais e ornamentais utilizando o composto
produzido como adubo orgânico (MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007).

Por conta disso, é uma ferramenta de educação ambiental, ao passo que o próprio
gerador acompanha todo o processo de produção e uso do adubo gerado a partir de
seus resíduos, sendo uma prática com grande potencial de disseminação em meio à
população, complementar à técnica de compostagem em grande escala
(MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007).
25

4 DELINEAMENTO METODOLÓGICO

4.1 REVISÃO DE LITERATURA

O estudo foi desenvolvido a partir da confecção e operação de composteiras


artesanais.
Quando analisada quanto à sua natureza, considerou-se como pesquisa aplicada,
pois possui o objetivo de construir aplicações práticas dirigidas a soluções de
problemas específicos. Considerando a abordagem da problemática, pode ser
entendida como quantitativa, visto que quantifica as variáveis abordadas (GIL, 2008).

O Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível


Superior (CAPES) foi uma ferramenta fundamental para realizar as pesquisas
bibliográficas necessárias para o desenvolvimento deste trabalho. Utilizando as
palavras-chave compostagem doméstica, serragem, compostagem em pequena
escala e relação Carbono-Nitrogênio, foi possível encontrar algumas fontes
relevantes, além dos artigos publicados em periódicos digitais, livros, dissertações
de mestrado e trabalhos de conclusão de curso, ampliando a abrangência das
referências utilizadas.

4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

A presença do objeto de estudo, variáveis, condições controladas e conhecidas pelo


investigador, com a finalidade de observar resultados decorrentes das variáveis,
classifica a pesquisa como constituída por um experimento (GIL, 2008).
O delineamento experimental para a avaliação dos efeitos do uso de diferentes
proporções de resíduos alimentares e serragem na compostagem doméstica
considerou a construção, partida e operação de composteiras artesanais em um
mesmo ambiente controlado, de modo a permitir a comparação do desempenho dos
tratamentos utilizados.
Foram selecionados e testados três diferentes tratamentos, variando as proporções
de carbono e nitrogênio.
26

A parte experimental foi desenvolvida no Laboratório de Monitoramento Ambiental


do Instituto Federal do Espírito Santo – campus Vitória, que, sendo um ambiente
fechado, simula as características e limitações da realização da compostagem em
ambientes domésticos e institucionais.

4.2.1 Etapas do experimento

O estudo foi desenvolvido em quatro etapas, como mostrado no Quadro 1.

Quadro 1 - Etapas metodológicas da pesquisa


Etapa Descrição
Confecção das composteiras e definição das proporções de resíduos alimentares e
Primeira - E1
serragem (pré-teste).
Segunda - E2 Coleta, preparo dos RO, partida do experimento e operação.
Terceira - E3 Sistematização e análise de resultados.
Quarta - E4 Seleção do tratamento com melhor desempenho e a relação C/N correspondente.
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

E1 - Confecção das composteiras e definição das proporções de resíduos alimentares


e serragem (pré-teste)

Para realizar o experimento foram utilizadas nove composteiras artesanais de modo


a ter duas réplicas por tratamento avaliado. Como estratégias metodológicas foram
utilizadas diferentes proporções das mesmas fontes de nitrogênio (resíduos
alimentares) e de carbono (serragem), definidos com base em um teste preliminar.

Também na etapa (E1), foi definido o modelo da composteira a ser confeccionada e


utilizada, a partir de materiais recicláveis de fácil aquisição. Em função de limitação
de espaço no laboratório que abrigou o experimento e para assemelhar-se à
compostagem em pequena escala, foram utilizados baldes de 12,0 l para construção
das composteiras. Estes baldes originalmente continham cloro granulado/sólido para
tratamento de piscina, sendo higienizados com água e sabão, visando garantir que
não apresentassem substâncias que pudessem contaminar ou dificultar o processo
de compostagem. Na confecção das composteiras artesanais foram feitos furos no
fundo dos baldes e as tampas foram retiradas. A figura 2 demonstra o procedimento.
27

Figura 2 - Confecção das composteiras com uso de baldes de plástico

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Optou-se por utilizar tela mosquiteira ao invés da própria tampa, para favorecer a
aeração e evitar a entrada de insetos. A tela foi cortada em partes iguais (40x40
cm), fixados na parte superior dos baldes com elásticos, como ilustrado na figura 3.

Figura 3 - Tela mosquiteira e elástico utilizados nas composteiras artesanais

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Visando conferir mais segurança ao experimento, as composteiras montadas foram


posicionadas abaixo de uma das bancadas, acondicionadas acima de bandejas
plásticas, as quais serviram para reter o chorume eventualmente produzido durante
o experimento. Os baldes foram identificados de três em três (1.1, 1.2, 1.3; 2.1, 2.2,
2.3; 3.1, 3.2, 3.3) em função dos diferentes tratamentos avaliados.
28

Considerando a premissa de que na compostagem doméstica os praticantes


alimentam as composteiras de modo empírico, geralmente por proporções em
volume de resíduos orgânicos disponíveis, também conhecidos como resíduos
verdes (restos alimentares) e resíduos castanhos (aparas de grama, folhas, secas,
serragem, dentre outros), buscou-se um critério que melhor reproduzisse tal rotina.

Assim, para definição das proporções de resíduos alimentares e serragem a serem


testados no experimento, foram avaliadas proporções das misturas de resíduos
alimentares e serragem em volume a partir de um pré-teste com duração de três
semanas, no qual foi observado o desempenho em termos da capacidade de regular
o grau de umidade da massa a ser compostada e também da redução de volume.

Como critério para definir as proporções a serem testadas para calibrar o


experimento foram utilizadas informações da revisão de literatura, sendo o estudo
brasileiro sobre o uso da serragem no processo de minicompostagem de Maragno et
al. (2007) selecionado como referencial teórico. Os autores identificaram como
sendo a relação resíduo orgânico/serragem de 6:1 como ideal, e utilizaram como
critério para alimentar as composteiras, seis partes de resíduo orgânico e uma parte
de serragem.

Assim, partindo-se da premissa de testar proporções em partes ou volumes com um


mínimo de fracionamento e que pudessem ser replicados na rotina operacional de
um praticante de compostagem doméstica, foram definidas as proporções da Tabela
1. Os cálculos das relações C/N iniciais indicadas na tabela 1 estão presentes no
Apêndice A.
29

Tabela 1 - Proporções de RO e serragem testadas e respectiva relação C/N inicial


SIMULAÇÃO 1 SIMULAÇÃO 2 SIMULAÇÃO 3 SIMULAÇÃO 4
6 partes de restos 6 partes de restos 5 partes de restos 7 partes de restos
vegetais/ frutas vegetais/ frutas vegetais/ frutas vegetais/ frutas

1 parte de serragem 1/2 parte de serragem 1 parte de serragem 1 parte de serragem

C/N 40,54 :1 C/N 33,51:1 C/N 43,08:1 C/N 38,63:1

NOTA: cálculo da relação C/N inicial segundo equação proposta por Massukado (2016)
*C/N inicial mistura de vegetais e frutas (25,3/1); Fonte: Colon (2010).
*C/N inicial serragem (132/1); Fonte: Carry on Composting (2019).
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
Como referencial utilizou-se que a relação C/N ideal para o início do processo é de
30:1, proposta por Kiehl, 2002; Neto, 1996 e Zhu, 2005.

O teste preliminar teve início em 20/09/2022 e o monitoramento foi feito cinco vezes.
Os parâmetros monitorados foram: redução em massa, variação de temperatura,
variação de umidade, presença de mofo, produção de chorume, odores e insetos,
sendo registrada a ocorrência de chuvas nas últimas 24 horas.

Foram montadas quatro mini composteiras em duplicata obedecendo às seguintes


proporções de resíduo e serragem, como pode ser observado na Figura 4: 5/1, 6/0,5,
6/1 e 7/1, dosadas com uso de copo graduado sendo que cada parte correspondia
ao volume de 50,0 ml. Foram usados potes de sorvete com capacidade para 1,5 l
devidamente identificados de acordo com os tratamentos testados, cobertos com
telas mosquiteiras fixadas com elásticos. Não foram feitos furos no fundo para
drenagem, uma vez que a quantidade de resíduo seria pequena, e o revolvimento
periódico seria suficiente para controlar eventual geração de chorume. O
experimento foi instalado no mesmo local que seria realizado o experimento
principal.
30

Figura 4 - Preparo e instalação das mini composteiras para o pré-teste

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Conforme previsto, não foi observada a presença de chorume ao longo do teste. Na


primeira semana houve odores desagradáveis e poucos insetos pequenos. Por sua
vez foi observada a presença de mofo nas duas primeiras semanas, diminuindo
consideravelmente na terceira semana.
Figura 5 - Tratamento 1 - preliminar

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 6 - Tratamento 2 - preliminar

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


31

Figura 7 - Tratamento 3 - preliminar

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 8 - Tratamento 4 - preliminar

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O acompanhamento da redução de massa foi feito com uso de balança eletrônica de


precisão, sendo o parâmetro utilizado para selecionar as proporções a serem
testadas no experimento.

Tabela 2 - Comparativo de redução em massa para os quatro tratamentos


preliminares
Redução em massa
Redução em
Amostra Proporção média por tratamento
massa (%)
(%)
T 1.1 6/1 87,1
86,9
T 1.2 6/1 86,7
T 2.1 6/0,5 90,8
90,3
T 2.2 6/0,5 89,9
T 3.1 5/1 85,3
85,1
T 3.2 5/1 85
T 4.1 7/1 85,9
86,3
T 4.2 7/1 86,7
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
32

As proporções 6/1 (T1), 6/0,5 (T2) e 7/1 (T4) obtiveram maior percentual de redução
em massa, e esse foi o principal critério de seleção das proporções de C/N, por isso
elas foram escolhidas para o experimento principal. Todos os tratamentos
demonstraram comportamento semelhante em termos de controle da umidade e
odores.

De forma complementar, foram levantados dados sobre a densidade dos materiais a


serem utilizados no experimento visando balizar a definição do tamanho da amostra
a ser coletada bem como os resultados finais do estudo quanto à relação entre
massa e volume. Visando padronizar as medidas foi utilizado um copo medidor
graduado em intervalos de 50 ml e com capacidade de 600 ml e preenchido até o
volume de 500 ml, sendo os testes repetidos duas vezes. Assim, pesaram-se três
amostras de 500 ml de cascas de frutas e legumes crus, picados em tamanhos de
1,0 cm, sendo o procedimento repetido para a serragem e os valores registrados em
planilha.

Figura 9 - Amostras de cascas de frutas e verduras para o teste preliminar

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

As densidades dos resíduos e serragem a serem usados no experimento foram


obtidas com uso da Equação de densidade (HALLIDAY, RESNICK e WALKER,
2013):

(2)
Onde:
- D é a densidade (kg/l)
- m é a massa (kg)
- v é o volume (l)
33

Tabela 3 - Densidade (kg/l) dos materiais orgânicos utilizados no experimento

Massa (kg) Volume


Massa Desvio amostras
Material Tipo Amostra Amostra média padrão Densidade
(l)
1 Amostra 2 3 (kg) massa (kg/l)
Cascas
de Fonte
0,2 0,22 0,22 0,21 0,01 0,42
legumes e
frutas crus N 0,5
Fonte
Serragem 0,57 0,5 0,47 0,5 0,04 0,5 1
C
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Com base nos valores obtidos foi possível dimensionar os quantitativos de resíduo
alimentar e serragem necessários para dar partida no experimento para as
proporções em volume de resíduos alimentares e serragem selecionadas (6/1, 6/0,5
e 7/1), as quais possuem relação C/N inicial que consta na tabela 1.

Para o cálculo do volume considerou-se que cada composteira teria 50,0% da sua
capacidade preenchida, ou seja, 6,0 litros de material (mistura de resíduo e
serragem) de modo a viabilizar a coleta de materiais e a realização da partida do
experimento em um mesmo dia, além de evitar derramamento de resíduos no
laboratório no momento do revolvimento.

Tabela 4 - Volume (L) e massa (Kg) total de resíduos alimentares e serragem a


serem adicionados às composteiras
Material Volume (L) Massa (Kg)
Resíduo 48 20
Serragem 6 6
Total 54 26
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
34

Também foi dimensionada a quantidade de resíduo e serragem para cada


composteira, de acordo com a proporção (Tabela 5).

Tabela 5 - Volume de resíduos alimentares e serragem para o experimento por


tratamento

Tratamento Proporção Volume de resíduo (L) Volume de serragem (L)

T1 6/1 5,14 0,86

T2 6/0,5 5,54 0,46

T3 7/1 5,25 0,75

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

E2 - Coleta, preparo dos RO, partida do experimento e operação

Os RO foram coletados em uma feira livre, em dois dias diferentes, no intervalo de


uma semana, e acondicionados na geladeira da casa do estudante até atingir
quantidade suficiente para dar partida no experimento. A composição dos RO
consistiu em frutas, como manga, mamão, melancia, abacate, e verduras e legumes,
como cenoura, batata, repolho, couve, coentro, abóbora, dentre outros. Os resíduos
foram então picados com o auxílio de uma faca e tábua, no tamanho aproximado de
1,0 cm, e acondicionados em sacolas de lixo de 50 l. A serragem foi obtida por
doação em marcenaria artesanal local, como pode ser observado na figura a seguir.
35

Figura 10 - Coleta da serragem obtida em marcenaria artesanal

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O experimento teve início no dia 07/11/2022. As nove composteiras foram


preenchidas com as devidas proporções de resíduo e serragem, três com 6/1(T1);
três com 6/0,5(T2); e três com 7/1(T3), de acordo com a Figura 11.

Figura 11 - Composteiras sendo preenchidas

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


36

Inicialmente as nove composteiras seriam preenchidas com 20 kg de resíduo e 6 kg


de serragem ao todo, contudo, ao se considerar a medida da proporção em 400 ml,
a quantidade de material orgânico e serragem necessários seria bem menor,
facilitando o processo de coleta, armazenamento do resíduo coletado e início do
experimento. Portanto, foram necessários 9,6 kg de resíduo orgânico e 3 kg de
serragem para dar a partida.

O parâmetro de medida usado foi um copo medidor graduado, na medida de 400 ml.
A quantidade total necessária de resíduo e serragem em cada proporção pode ser
conferida na Tabela 6.

Tabela 6 - Quantidade total necessária de resíduo e serragem em cada proporção


proporção
Amostra - volume (RO:S) RO (kg) S (kg) Massa total (kg)
T1. 1 1,01 0,4 1,41
T1. 2 1,01 0,4 1,41
T1. 3 6/1 1,01 0,4 1,41
T2. 1 1,01 0,2 1,21
T2. 2 1,01 0,2 1,21
T2. 3 6/0,5 1,01 0,2 1,21
T3. 1 1,18 0,4 1,58
T3. 2 1,18 0,4 1,58
T3. 3 7/1 1,18 0,4 1,58
Nota: RO = resíduos orgânicos alimentares (fonte N) S = serragem (fonte C)
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

As composteiras foram instaladas e operadas no laboratório de Monitoramento


Ambiental, do Ifes, Campus Vitória, e preenchidas totalmente no momento da partida
do experimento (por batelada) para os diferentes tratamentos, e identificadas de
acordo com cada proporção. Como critério para o posicionamento das composteiras
no espaço considerou-se que todos os tratamentos deveriam ter pelo menos um
representante locado nas diferentes posições existentes (organização randômica),
como se observa na Figura 12.
37

Figura 12 - Croqui de posicionamento das composteiras no laboratório de


Monitoramento Ambiental

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 13 - Composteiras posicionadas no laboratório de Monitoramento Ambiental

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O monitoramento durou oito semanas, sendo finalizado no dia 28/12/2022, feito em


média duas a três vezes por semana, salvo em ocasiões de feriados, nas quais
houve apenas um monitoramento por semana. Os parâmetros monitorados foram:
temperatura, umidade, redução em massa, redução em volume, presença de mofo,
produção de chorume, odor, insetos, pH, condutividade elétrica e chuvas em 24
horas. Sua frequência pode ser vista no Quadro 2.
38

Quadro 2 - Parâmetros monitorados e frequência de monitoramento


Monitoramento Frequência Método/ equipamento utilizado
Temperatura Semanal Termo-higrômetro- IncoTerm
Umidade Semanal Termo-higrômetro- IncoTerm
Redução em massa Semanal Balança eletrônica de precisão – SF 400
Redução em volume Semanal Régua graduada
Mofo Semanal Visual
Produção de chorume Semanal Visual
Odor Semanal Olfativo
Insetos Semanal Visual
pHâmetro microprocessado de bancada
pH Mensal – Bel Engeneering
Condutivímetro MS TECNOPON – LUCA
Condutividade elétrica Mensal 150
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Para registrar a redução em volume foi utilizada uma régua graduada. O pH e a


condutividade elétrica foram monitorados em dois momentos: início e fim do
experimento. Para determinar o pH foi utilizado um pHmetro do laboratório de
Química do IFES Campus Vitória, e para medir a condutividade elétrica foi usado um
condutivímetro, também no laboratório de Química do IFES Campus Vitória. No
primeiro monitoramento, feito em 21 de novembro de 2022, duas semanas após o
início do experimento, em copos plásticos de 100 mL, colocou-se 10 g das amostras
de cada uma das nove composteiras, adicionou-se 25 mL de água destilada com o
auxílio de uma proveta, homogeneizou-se as amostras e deixou-se em repouso por
1 hora. Após o repouso, homogeneizaram-se todas as amostras novamente e
mediu-se os valores no pHmetro e condutivímetro (EMBRAPA, 2007).

No segundo monitoramento, realizado dia 15 de dezembro de 2022, 38 dias após a


partida do experimento, o procedimento foi o mesmo, porém, optou-se por utilizar
três amostras compostas, uma em função da significativa redução do volume da
massa de resíduos colocada na composteira e visando garantir que ao final do ciclo
de compostagem houvesse uma quantidade mínima de composto para o envio ao
laboratório.

O monitoramento de odores foi feito através do olfato, e a ocorrência de chorume,


presença de insetos e mofo acompanhados de forma visual.
39

Ao final do experimento, após 51 dias de operação, as três amostras compostas do


produto orgânico obtido, representativas dos tratamentos avaliados foram coletadas,
armazenadas seguindo as orientações técnicas do laboratório e enviadas para
análise qualitativa quanto ao cumprimento dos requisitos da Instrução Normativa do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, n° 61, de 08 de julho
de 2020, a qual delimita as diretrizes referentes a definições, requisitos,
características, garantias, limites, cadastro, acondicionamento e identificação dos
adubos orgânicos e dos biofertilizantes destinados à agricultura, a fim de comprovar
a eficácia ou ineficácia do procedimento de decomposição pelo qual foram
submetidos (MAPA, 2020). Os equipamentos usados nos testes de pH e
condutividade elétrica podem ser observados no Apêndice B.

Figura 14 - Amostras enviadas ao laboratório de Análise de Solos

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


40

E3 - Sistematização e análise de resultados

Na etapa E3, os resultados do monitoramento dos diferentes tratamentos foram


sistematizados e avaliados individualmente e em conjunto e discutidos com base na
literatura e na legislação pertinente, visando identificar qual a proporção de resíduos
alimentares e serragem em composteiras domésticas apresentou melhor
desempenho operacional e sanitário em relação aos parâmetros monitorados e
respectiva relação C/N.

E4 - Seleção do tratamento segundo desempenho e relação C/N

Como critério para embasar a tomada de decisão acerca da relação C/N que melhor
se adequou ao objetivo pretendido, utilizou-se ferramenta analítica auxiliar
denominada matriz de decisão para avaliação comparativa de opções com base em
critérios estabelecidos previamente.

Segundo Saaty (1991), a matriz de decisão proporciona uma base objetiva para a
tomada de decisões em diversos cenários, incluindo negócios, projetos e
planejamento estratégico. O autor propõe como etapas: definição do problema e os
respectivos critérios, seguidos da construção da estrutura de decisão hierárquica,
como pode ser observado no Quadro 3.
41

Quadro 3 - Síntese dos componentes em uma matriz de decisão


PROBLEMA
Selecionar tratamento com melhor desempenho operacional nos testes de bancada e na
qualidade final do composto.

CRITÉRIOS DE DECISÃO
Critério Operacional (Ocorrência de chorume, redução de volume da massa de RO
tratada).
Critérios Sanitários (Ocorrência de odor, presença de insetos)
Qualidade do composto obtido (atendimento às recomendações técnicas (relação C/N
inicial) e as normas legais (resolução IN DAS/MAPA 61/2020))
Custo (compra de insumos, como a serragem)
ESCALA
Chorume:
não+++ = ausência;
sim++ = pequena quantidade;
sim+ = média a grande quantidade;

Redução em massa / volume:


sim+ = até 50,0 %;
sim++ = entre 50,0 e 75,0 %;
sim+++ = acima 75,0%;

Odor:
não+++ = ausência;
sim++ = fraco/ aceitável;
sim+ = forte e desagradável;

Vetores:
não+++ = ausência;
sim++ = pequena quantidade e esporádica;
sim+ = frequente;
Qualidade do composto:
+++ = atende totalmente;
++ = atende parcialmente;
+ = não atende;

Custo:
+ = menos vantajoso;
42

++ = vantajoso;
+++ = mais vantajoso;
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas três primeiras semanas, principalmente na segunda, houve significativa


produção de chorume e odor desagradável em todos os tratamentos, além do
surgimento de insetos, como moscas pequenas e grandes. A presença de mofo foi
mais discreta e notada apenas nas três semanas iniciais.

Na primeira semana houve maior aumento de temperatura nos três tratamentos,


estabilizando-se nas semanas seguintes.

Figura 15 - Comportamento da temperatura ao longo do experimento principal

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O tratamento T3 iniciou com temperatura mais elevada que os demais, acima dos
40° C, contudo aproximou-se do comportamento dos demais tratamentos ao longo
do experimento.
43

Em experimento de pequena escala feito por Maragno, Trombin e Viana (2007), com
uso de quatro minicomposteiras, os pesquisadores concluíram que as flutuações na
temperatura ambiente não exerceram uma influência significativa no processo de
compostagem em estudo e que as temperaturas registradas em todos os
tratamentos foram similares do início ao fim do processo.

Por sua vez a umidade aumentou na primeira semana, e depois se estabilizou,


sendo que o tratamento T1 apresentou comportamento levemente discrepante dos
demais nas cinco semanas iniciais, variando de 43 a 99%, passando a se comportar
de modo semelhante entre si nas três semanas finais, nas quais variou entre 34 e
64%.

Maragno, Trombin e Viana (2007), também observaram flutuações significativas na


umidade, as quais atribuíram a fatores como a elevação da temperatura durante o
processo, que provoca a evaporação da água presente nos resíduos.

A partir do quarto e até aproximadamente o sexto dia do experimento de Maragno,


Trombin e Viana (2007), o monitoramento identificou uma queda acentuada na
umidade, próxima de 57%. Esse episódio foi relacionado à entrada do processo de
bioestabilização na fase termofílica, quando as temperaturas ultrapassaram 45°C.
Durante essa fase, foi esperada uma maior liberação de vapor de água, mesmo
considerando que as minicomposteiras foram regadas com chorume e/ou água
nesse mesmo período.
44

Figura 16 - Comportamento da umidade ao longo do experimento principal

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

De modo geral, entre o décimo sétimo e o décimo oitavo dia, a umidade se


estabilizou em torno de níveis próximos a 60%.

Quanto às reduções em massa e volume foram registradas respectivamente


variações entre 85,2 e 90,2 % e entre 50,0 e 73,1% no comparativo entre os três
tratamentos, sendo mais significativo para os reatores com as proporções T3
(Tabela 7).

Tabela 7 - Percentuais de redução em volume e massa segundo os diferentes


tratamentos

Amostra Redução em massa (%) Redução em volume (%)

T1 (6/1) 87,9 54,2


T2 (6/0,5) 85,2 50
T3 (7/1) 90,2 73,1
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A decomposição aeróbica da matéria orgânica resulta na redução da massa dos


resíduos, convertendo-os em compostos voláteis, dióxido de carbono (CO 2) e água
(PIMENTA et al., 2016). De acordo com Kiehl (2004), para que a compostagem seja
considerada eficiente em um período de 90 a 120 dias, é esperada uma redução
superior a 50% da massa em relação ao seu valor inicial.
45

A seguir podem ser observados nas figuras 17, 18 e 19 os aspectos visuais dos três
tratamentos ao longo do início, meio e final do experimento. Observa-se que os três
tratamentos obtiveram o composto final com características semelhantes ao solo,
com algumas partes de serragem ainda visíveis e misturadas.

Figura 17 - Tratamento T1

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 18 - Tratamento T2

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

Figura 19 - Tratamento T3

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)


46

O odor podre permaneceu durante as três primeiras semanas em todos os


tratamentos, entretanto, assim que a produção de chorume diminuiu, tornou-se
suave, e da quarta semana em diante, o composto já apresentava odor, aparência e
características de solo.
Valores de umidade acima de 65% provocam maus odores, devido ao
preenchimento dos espaços livres com água, diminuindo a quantidade de oxigênio
no sistema e favorecendo a decomposição anaeróbia (MASSUKADO, 2016).

A presença de insetos foi notada durante boa parte do experimento em todos os


tratamentos, desaparecendo nas últimas duas semanas. Possivelmente os ovos das
moscas já estavam presentes no resíduo antes do início do experimento, por terem
ficado expostos na feira livre. Os ovos eclodiram e muitas larvas surgiram durante o
processo.

No primeiro monitoramento o pH variou entre 9,38 e 9,94, enquanto no segundo, os


valores oscilaram entre 9,3 e 9,4, situações consideradas dentro dos limites normais
para Kiehl (1985), segundo o qual o pH varia inicialmente na faixa de 4,5 a 9,0.
Apenas no primeiro momento houve leve extrapolação do valor considerado limite
por Kiehl (1985). É possível afirmar que o nível de acidez do experimento em
discussão seguiu a descrição feita por Kiehl (2002). Segundo o autor, em
compostagens de grande escala, o pH inicial é ácido e se torna alcalino quando
atinge valores próximos a 9,0. O pH permanece nesse nível enquanto houver
presença de nitrogênio amoniacal e, em seguida, diminui ligeiramente quando esse
nitrogênio é convertido em nitrato (KIEHL, 2002).

Em relação à condutividade elétrica, os valores iniciais variaram entre 1242 e 1793


µS/cm; apenas no tratamento 3.1 houve valor discrepante dos demais, atribuído a
possível falha na medição do equipamento, sendo o dado descartado. Por sua vez
no segundo monitoramento o indicador oscilou entre 2,3 e 3,7 mS/cm. De acordo
Kiehl (1998) e Lasaridi et al. (2006), o valor aceitável para a condutividade elétrica
em plantas moderadamente sensíveis é de 4 mS/cm. Conforme Farrel e Jones
(2009), a compostagem de resíduos sólidos municipais pode resultar em níveis
relativamente altos de sais inorgânicos em comparação com outros materiais de
base, como lodos e resíduos agrícolas. Isso ocorre devido à intensa decomposição
47

de materiais orgânicos, especialmente aqueles ricos em proteínas, o que resulta no


acúmulo de vários sais solúveis em água. A condutividade elétrica reflete na
qualidade do composto para uso como fertilizante, com relação à quantidade total de
sais, por consequência, a salinidade (ONWOSI. et al, 2017). A condutividade elétrica
é alterada durante a compostagem, na qual, em razão da decomposição da matéria
orgânica, sofre aumento da concentração salina no meio (ONWOSI. et al, 2017).
Formam-se sais como fosfatos, íons e amônio, ocasionando aumento da quantidade
ao decorrer do tempo (ONWOSI. et al, 2017). Os resultados das análises de pH e
condutividade elétrica estão presentes na Tabela 8.

Tabela 8 - Resultados das análises de pH e condutividade elétrica do experimento


principal
Data Amostra pH Condutividade
1.1 9,45 1242 µS/cm

1.2 9,42 1326 µS/cm

1.3 9,64 1716 µS/cm


21/11/2022
2.1 9,6 1675 µS/cm
(amostras
2.2 9,38 1758 µS/cm
individuais)
2.3 9,7 1781 µS/cm
3.1 9,94 2,41 mS/cm
3.2 9,56 1793 µS/cm
3.3 9,68 1771 µS/cm
15/12/2022 1 9,3 2,329 mS/cm
(amostras 2 9,34 3,700 mS/cm
compostas) 3 9,4 2,355 mS/cm
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O tratamento 1 apresentou maior valor de umidade (16,49%), e a segunda menor


redução em massa (87,9%), ao passo que o tratamento 3 chegou a 12,08% de
umidade e teve o maior percentual de redução em massa (90,2%). Segundo Onwosi
et al., 2017, a redução de massa está relacionada com a diminuição do teor de
umidade e decomposição da matéria orgânica e quanto maior a redução de massa,
melhor é a eficiência do processo de decomposição dos resíduos orgânicos. Os
valores de umidade dos três tratamentos ficaram dentro do permitido pela IN
DAS/MAPA 61/2020, de no máximo 50%.
48

O pH se apresentou alcalino nas três amostras, e segundo a IN DAS/MAPA 61/2020,


o valor de referência para esse parâmetro é aquele declarado no processo de
registro pelo fabricante ou importador do fertilizante. O pH é considerado um
parâmetro de influência nos sistemas de compostagem (MARAGNO; TROMBIN;
VIANA, 2007). As matérias orgânicas tanto animais quanto vegetais são geralmente
ácidas (MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007). No início da decomposição ocorre
formação de ácidos orgânicos, na fase fitotóxica, acidificando mais o meio, no
entanto, as reações entre tais ácidos e os traços de ácidos minerais formados,
reagem com as bases liberadas pela matéria orgânica, gerando compostos alcalinos
(MARAGNO; TROMBIN; VIANA, 2007).

Em relação aos valores de Carbono Orgânico, os três tratamentos obtiveram índices


acima do mínimo preconizado pela IN DAS/MAPA 61/2020, de 15%, da mesma
forma, para o Nitrogênio Total, alcançou-se valores acima de 0,5%, índice mínimo
indicado pela instrução normativa citada anteriormente.

Os valores da relação Carbono/Nitrogênio se mantiveram abaixo do máximo


recomendado pela IN DAS/MAPA 61/2020, de 20%. A relação C/N inicial mais
vantajosa para a compostagem é de cerca de 30 partes de carbono para 1 de
nitrogênio (KIEHL, 2002; NETO, 1996; ZHU, 2005). É um parâmetro confiável até
chegar ao produto final humificado, cuja relação ideal deve estar entre 10 /1 e 12/1
(KIEHL, 2002; NETO, 1996).
49

Os resultados da análise das amostras estão dispostos na Tabela 9.

Tabela 9 - Resultados da análise das amostras em laboratório


Parâmetros

Amostra Carbono Nitrogênio


Umidade pH Relação C/N
orgânico (%) total (%)

T1 – (6/1) 16,49 9,55 39,75 12/1 3,21


T2 – (6/0,5) 13,4 9,4 38,63 10/1 3,7
T3 – (7/1) 12,08 9,15 42,38 13/1 3,39
Padrão de
referência
(IN 50% (máx.) C.D 15 (mín.) 20 (máx.) 0,5 (mín.)
DAS/MAPA
61/2020)
C.D: conforme declarado.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A partir dos dados obtidos no experimento principal, bem como as análises do


composto final realizadas por laboratório credenciado, foi observado que em todos
os tratamentos o composto apresentou comportamentos condizentes com um
processo de decomposição e compostagem, como surgimento de maus odores,
mofo e insetos no início do processo, produção de chorume, aumento de
temperatura e umidade, seguidos de estabilização, redução em massa e volume e
incrementos de pH e condutividade elétrica.
Quanto aos parâmetros monitorados, os que receberam maior destaque por
diferenciarem-se mais entre os tratamentos foram: redução em massa e volume. O
tratamento T3, com proporção de resíduo e serragem de 7/1, obteve a maior
redução em massa e volume, respectivamente 90% e 73%. Sua caracterização
visual foi também a que mais se assemelhou a um composto formado em relação
aos outros.

Os resultados das análises em laboratório indicaram que as três amostras estão de


acordo com o que preconiza a IN DAS/MAPA 61/2020 referente ao uso como
fertilizantes orgânicos, com valores de pH, umidade, Carbono Orgânico, Nitrogênio
Total e Relação C/N em concordância com a norma. Isso demonstra que qualquer
uma das três proporções de resíduos orgânicos e serragem testados resultaram em
adubos orgânicos viáveis.
50

Quadro 4 - Comparação entre os critérios operacionais e sanitários para os três


tratamentos
Parâmetros
Qualidade do
composto Operacionais Sanitários
Custo
C/N C/N Redução em Redução em
Amostra inicial Final massa (%) volume (%) Chorume Odor Insetos
40,54/1 12/1 87,9 54,2 Sim Sim Sim
(+)
T1 (++) (+++) Sim(+++) Sim(++) (+) (+) (+)
33,51/1 10/1 85,2 50 Sim Sim Sim
(+++)
T2 (++) (+++) Sim(+++) Sim(++) (+) (+) (+)
38,63/1 13/1 90,2 73,1 Sim Sim Sim
(++)
T3 (++) (+++) Sim(+++) Sim(++) (+) (+) (+)
Critérios:
Chorume: não+++ = ausência; sim++ = pequena quantidade; sim+ = média a grande quantidade;
Redução massa / volume: sim+ = até 50,0 %; sim++ = entre 50,0 e 75,0 %; sim+++ = acima 75,0%;
Odor: não+++ = ausência; sim++ = fraco/ aceitável; sim+ = forte e desagradável;
Insetos: não+++ = ausência; sim++ = pequena quantidade e esporádica; sim+ = frequente;
Qualidade do composto: +++ = atende totalmente; ++ = atende parcialmente; + = não atende;
Custo: +++ = mais vantajoso; ++ = vantajoso; + = menos vantajoso.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

A matriz de decisão pode ser visualizada a seguir no Quadro 5.


Quadro 5 - Matriz elaborada para auxiliar na tomada de decisão
CRITÉRIOS DE DECISÃO
QUALIDADE
Amostra SANITÁRIO OPERACIONAL CUSTO
COMPOSTO
+++ ++ + +++ ++ + +++ ++ + +++ ++ +

T1 (6/1) 1 1 - - - 2 1 1 1 - - 1

T2 (6/0,5) 2 1 - - - 2 1 1 1 1 - -

T3 (7/1) 1 1 - - - 2 1 1 1 - 1 -
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

O tratamento T2 obteve o melhor desempenho por atingir quatro vezes a maior


pontuação (+++); os demais tratamentos obtiveram pontuação semelhante nos
aspectos de qualidade do composto, sanitário e operacional, divergindo no custo.

Assim, ao final o tratamento T2 (6/0,5) apresentou valores mais satisfatórios, com


relação C/N inicial de 33,51/1, o que, segundo a literatura, é favorável para uma
rápida e eficiente compostagem. A relação C/N final do composto obtida de 10/1,
também indicou que o composto estava maturado. A figura 20 representa as
proporções de resíduos e serragem para o tratamento selecionado.
51

Figura 20 - Representação da proporção de resíduos alimentares e serragem


selecionada para uso em compostagem doméstica

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)


52

6 CONCLUSÃO

O estudo sobre o uso de diferentes proporções de resíduos alimentares e serragem


em composteiras domésticas foi realizado com uso de composteiras artesanais em
ambiente fechado simulando uma residência ou escritório e foi operado e monitorado
por 51 dias, apresentando ao final do processo aspecto visual de solo, indicativo da
degradação dos diferentes materiais orgânicos utilizados nos tratamentos.

Os dados de desempenho dos diferentes tratamentos foram comparados e o


tratamento T2, com a proporção de resíduos alimentares e serragem em volume de
6/0,5, foi selecionado por apresentar melhor desempenho operacional, sanitário, de
qualidade do composto e custo vantajoso em relação aos demais.

Em termos de parâmetros físicos monitorados, destacaram-se a redução em massa


e volume, os quais atingiram valores satisfatórios, mostrando-se coerentes com a
literatura. Apesar da relação C/N inicial e final observada nos tratamentos avaliados
ter atingido valores condizentes com a literatura, não foi fator decisivo na escolha da
proporção de resíduo orgânico e serragem mais indicada, sendo considerados ainda
aspectos sanitários e de custo.

Os parâmetros sanitários de maior destaque foram: presença de insetos e produção


de chorume, com frequência e quantidades semelhantes em todos os tratamentos.
Não foi possível identificar formas de se reduzir a incidência de insetos a partir dos
testes feitos, pois não se obteve um padrão, já que todos se comportaram da mesma
forma independentemente da proporção, o que também pode estar associado à
insuficiência de ventilação natural no local do experimento.

Por fim, a opção de enquadrar os diferentes tratamentos com base em uma matriz
de decisão proporcionou ferramenta adicional para a seleção da proporção de
materiais com melhor desempenho.

A escolha do tratamento T2 cumpriu os requisitos normativos referentes aos


fertilizantes orgânicos, sendo o custo de aquisição da serragem o fator de decisão
final.
53

Acredita-se que este resultado representa uma contribuição importante para tornar a
compostagem doméstica um processo mais prático. Cabe registrar que os outros
tratamentos avaliados também demonstraram viabilidade de uso.
Recomenda-se a realização de novos estudos sobre o tema para refinar e confirmar
os resultados obtidos, bem como para contribuir na disseminação da prática de
compostagem doméstica.
54

REFERÊNCIAS

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57

APÊNDICE A - CÁLCULO DAS PROPORÇÕES DE FONTES DE


CARBONO E NITROGÊNIO INICIAL PARA O TESTE PRELIMINAR

A relação de C/N inicial da mistura foi calculada utilizando a equação 1, que faz uma
média ponderada entre a quantidade de partes de cada resíduo e a respectiva
relação C/N, como proposto por Massukado (2016).

(1)

Onde:
- C/N é a relação de carbono e nitrogênio da mistura
- P¹ é a quantidade de partes de resíduos alimentares
- RCN¹ é a relação de C/N dos resíduos alimentares
- P² é a quantidade de partes de serragem
- RCN² é a relação de C/N da serragem

SIMULAÇÃO 1

Relação C:N = (6 x 25,3 + 1X132) / (6 + 1) = 40,54


a) 6 partes de restos de vegetais e frutas;
b) 1 parte de serragem;

SIMULAÇÃO 2

Relação C:N = (6 x 25,3 + 0,5X132) / (6 + 0,5) = 33,51


a) 6 partes de restos de vegetais e frutas;
b) 0,5 parte de serragem;

SIMULAÇÃO 3

Relação C:N = (5 x 25,3 + 1X132) / (5 + 1) = 43,08


a) 5 partes de restos de vegetais e frutas;
b) 1 parte de serragem;
58

SIMULAÇÃO 4

Relação C:N = (7 x 25,3 + 1X132) / (7 + 1) = 38,63


a) 7 partes de restos de vegetais e frutas;
b) 1 parte de serragem;
59

APÊNDICE B - IMAGENS DO MONITORAMENTO DE pH E


CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

Figura 21 - Amostras do primeiro monitoramento de pH e condutividade elétrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 22 - Amostras do segundo monitoramento de pH e condutividade elétrica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)


60

Figura 23 - Condutivímetro utilizado

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Figura 24 - pHmetro utilizado

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

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