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O ensino de compostagem: uma experiência no viver ciências

Andressa dos Santos Barbosa¹* e Kariny Fernandes da Silva¹

¹Discente da Universidade Federal do Acre, Curso de Licenciatura em Química, Rio Branco, Acre/Brasil.
*andressabarbosa9491@gmail.com

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência sobre o projeto “ Educação ambiental:
Compostagem” realizado pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência(PIBID) de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Acre que foi vinculado ao
programa de extensão Viver Ciências, em dezembro de 2022. O projeto visou instruir os alunos do ensino
médio da Escola Estadual Jornalista Armando Nogueira quanto ao processo de compostagem e sua
realização doméstica, visando também, situar os alunos quanto aos processos bioquímicos e sua
importância no dia a dia. A proposta pedagógica teve como intenção despertar o interesse sobre
biodiversidade e sustentabilidade, sendo assim, foi colocado em prática junto com os bolsistas do PIBID e
os alunos da escola, a construção de uma composteira doméstica na escola, em prol de realizar um
ensino-aprendizagem dinâmico e contextualizado.
Palavras-chave: compostagem. educação ambiental. ensino de ciências.

The teaching of composting: an experience in living sciences

ABSTRACT
This paper aims to report the project “Environmental education: Composting” carried out by
undergraduate students of chemistry PIBID that was linked to the extension program Viver Ciências of
The Federal University of Acre. The project aims to instruct high school students at the Escola Estadual
Jornalista Armando Nogueira (Journalist Armando Nogueira State School) about the composting process
and its domestic implementation. The pedagogical proposal was intended to awaken the interest in
biodiversity and sustainability, thus, it was put into practice together with the PIBID fellows and the
school students, the construction of a home compost bin in the school in order to perform a dynamic and
contextualized teaching-learning.
Keywords: composting. environmental education. science teaching.

INTRODUÇÃO
As Ciências da Natureza tem como papel na sociedade de colaborar para a
compreensão do mundo e suas transformações, de acordo com as diretrizes dos
Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs), para uma melhor compreensão do ensino
das ciências é necessário um aprendizado dinâmico e contextualizado ao dia a dia do
aluno, incentivando a formação do pensamento crítico. Pensando assim, o projeto de
extensão, Educação ambiental: Compostagem, visou trabalhar em uma parceria entre
professor e aluno, onde os estudantes puderam colocar em prática o que foi ensinado na
sala de aula sobre sustentabilidade e biodiversidade, entre tantas propostas abordadas na
sala de aula, com o intuito de pensar em uma forma de reciclar o lixo doméstico que era
produzido na própria escola, os alunos construíram uma composteira seca com a ajuda
dos bolsistas do PIBID de Química, onde eles conseguiram compreender e colocar em
prática os processos bioquímicos e sua importância no dia a dia.
A compostagem é um processo de valorização da matéria orgânica realizada há
milênios de anos, feito basicamente com restos de alimentos, cascas de frutas, legumes,
folhas e plantas. O projeto buscou, sobretudo, reforçar a importância dessa prática no
dia a dia dos alunos, pois a compostagem evita o acúmulo de resíduos e a emissão de
gases do efeito estufa, além de ser uma ótima alternativa de sustentabilidade. Conforme
explica o analista de Metodologias do Instituto Akauta “um sistema natural no qual
fungos, bactérias e outros microrganismos transformam os resíduos em compostos
orgânicos ricos em húmus e nutrientes.”(YAMANAKA,2021)
. Apenas 1% do lixo gerado no Brasil não faz mal ao planeta. Segundo a
Associação Brasileira de Empresas de Limpezas e Resíduos Especiais (ABRELPE), o
país produz 37 milhões de toneladas de lixo orgânico anualmente, mas apenas uma
pequena parte é reutilizada de forma inteligente e sustentável. Uma vez que a maior
parte dos resíduos orgânicos não recebe o devido tratamento, eles acabam indo parar em
aterros sanitários. Porém, a decomposição desses materiais em tal ambiente gera o gás
metano (CH4) que é um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global e, por
consequência, pelas mudanças climáticas. De acordo com o diretor da ABRELPE,
Carlos Silva Filho (2018), se os resíduos orgânicos gerados em um ano no Brasil fossem
corretamente descartados, haveria um benefício para o planeta correspondente a tirar 7
milhões de automóveis da rua. A compostagem pode ser usada para evitar que o lixo
orgânico vá para aterros sanitários e cause sérios problemas sociais e ambientais. Nas
produções em larga escala, o uso da compostagem pode significar uma grande
economia, já que o adubo reduz a necessidade de produtos químicos nas plantações.
Conforme o Ministério do Meio Ambiente ( MMA) constata, resíduos orgânicos são “
constituídos basicamente por restos de animais ou vegetais descartados de atividades
humanas” (ABREU,2017). Ou seja , são restos de frutas, verduras, dejetos, folhas,
dentre outros. Explica-se que “ esses materiais , em ambientes naturais equilibrados, se
degradam espontaneamente e reciclam nutrientes. Mas quando derivados às atividades
humanas, podem constituir um sério problema ambiental ”. Tal dano ao planeta – e
também a nossa sociedade está associado ao descarte inadequado desses dejetos. Desse
modo, eles produzem um líquido tóxico aos lençóis freáticos, o chorume, emitem gás
metano e favorecem a proliferação de vetores de doenças.. A produção de resíduos é um
problema mundial e, com o gradativo aumento da população, é preciso achar soluções
cada vez mais capilarizadas para esse problema. Separar e reciclar o que é possível e
reutilizar aquilo que consumimos viraram questões básicas e fazem parte da melhor
solução individual para reduzir os impactos humanos no meio ambiente. Por isso, fazer
a compostagem do material orgânico é uma ótima saída para reduzir a quantidade de
resíduos que produzimos, afinal, trata-se de um processo natural de decomposição que
conta com o auxílio de minhocas para transformar as sobras de comida em adubo de
primeira qualidade. Os resíduos que vão para a composteira são as matérias orgânicas
como resíduos alimentares . Utilizando 70 % de resíduos ricos em carbonos e 30% ricos
em nutrientes, temos uma fórmula equilibrada. As evidências de que uma transformação
química ocorreu são, em geral: a liberação de gases e/ou luz, a mudança de cor ou
temperatura e a formação de precipitado (formação de um sólido insolúvel após
interação de dois reagentes solúveis). Outras reações químicas são identificadas pela
liberação de gás, de calor e de luz. A compostagem é um processo de decomposição
aeróbia controlada e de estabilização da matéria orgânica em condições que permitem o
desenvolvimento de ‘temperaturas termofílicas, resultantes de uma produção calorífica
de origem biológica, com obtenção de um produto final estável, sanitizado, rico em
compostos húmicos e cuja utilização no solo, não oferece riscos ao meio ambiente. A
eficiência do processo de compostagem está diretamente relacionada a fatores que
proporcionam condições ótimas para que os microrganismos aeróbios possam se
multiplicar e atuar na transformação da matéria orgânica. O conjunto de fatores
condicionantes para o bom desenvolvimento de um sistema biologicamente complexo
como a compostagem deve ser balizado por uma série de parâmetros, sendo que cada
tipo de material a ser compostado exige uma combinação ótima de umidade, aeração,
relação C/N, PH, granulometria e altura de leira.
A presente revisão objetiva identificar e analisar os principais fatores que, direta
ou indiretamente, afetam a atividade microbiológica durante a compostagem Pensando
nessa problemática, e com o intuito de proporcionar um ensino de Química interativo e
dinâmico, foi realizado a produção de uma composteira caseira na escola Armando
Nogueira, com a finalidade de abordar junto aos estudantes os conhecimentos
científicos empregados no cotidiano.

METODOLOGIA:
Fugindo do ensino tradicional escolar e universitário, a metodologia ativa foi
utilizada neste projeto com o intuito de dar autonomia aos alunos envolvidos, buscando
seu aprimoramento individual e como grupo, bem como seu desenvolvimento
intelectual e transdisciplinar.
Com esse intuito, a pesquisa foi desenvolvida em 3 partes: introdução ao
conhecimento, desenvolvimento da composteira e apresentação para a comunidade. A
primeira parte foi o contato inicial dos alunos com o projeto que seria desenvolvido, as
características bioquímicas da composteira, os tipos de compostagem, os cuidados e os
possíveis resultados; a segunda parte foi desenvolvida com parceria entre o Restaurante
Universitário(RU) da Universidade Federal do Acre(UFAC) e a cantina do Colégio
Estadual Armando Nogueira, e a contribuição dos alunos participantes do projeto, de
forma que os resíduos orgânicos produzidos pela cantina e pelo RU fossem depositados
na composteira construída pelos alunos, ao invés de serem mandados para o aterro
sanitário, dessa forma, os alunos ficaram responsáveis pela alimentação da composteira
e supervisionamento da mesma; a terceira parte foi desenvolvida no Centro de
Convenções da UFAC, onde ocorre anualmente a Mostra Acreana de Educação Ciência
e Tecnologia e Inovação (Viver Ciência), onde os alunos fizeram a exposição de uma
composteira caseira feita com garrafas pet, juntamente com fotos do projeto que estava
sendo desenvolvido no colégio, a fim de compartilhar o conhecimento que eles
adquiriram durante o projeto e mostrar a comunidade que a compostagem pode e deve
ser aplicada em suas realidades.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apresentados e discutidos a seguir, são referentes às análises em
relação à composteira e à relação dos alunos participantes: Lucas de Souza Cardoso
Cavalcante, Welisson Bruno Ferreira e Marcos Ivan Braga Nascimento, que cursam o
3º, 2º e 1º ano do Ensino Médio, respectivamente, no Colégio Estadual Armando
Nogueira, com o projeto desenvolvido.
A priori, o primeiro contato dos alunos referidos com o conteúdo abordado foi
por meio de uma apresentação, com slides, sobre a compostagem, suas propriedades e o
que seria desenvolvido com eles, abrindo espaço para a discussão e esclarecimento de
quaisquer dúvidas que eles pudessem ter. A apresentação ocorreu de forma tranquila,
todos os questionamentos foram debatidos e os alunos aceitaram a proposta do projeto
com entusiasmo.
A execução da composteira ocorreu com ajuda dos alunos, da coordenação e dos
funcionários da instituição, a estrutura foi formada dentro da propriedade, de forma que
os professores e alunos pudessem depositar os resíduos orgânicos em seu interior,
contribuindo para o projeto. Além disso, o Restaurante Universitário da UFAC teve uma
participação especial disponibilizando restos de alimentos durante o processo, dessa
forma, semanalmente a composteira era alimentada pelos alunos e o processo de
decomposição era observado e estudado pelos mesmos.
Ademais, foram realizadas 5 reuniões dos alunos envolvidos no projeto e a
Orientadora do projeto, Cláudia Alves Simoura Soares, a fim de discutir a apresentação
do projeto no Viver Ciência, preparar os palestrantes e registrar o processo de
compostagem. A mostra ocorreu no dia 7 de Dezembro de 2022, contando com as fotos
de registro da composteira seca produzida na instituição e uma composteira totalmente
ecológica em miniatura, feita de garrafas pet para uso doméstico. Os alunos ficaram
responsáveis pela apresentação, que concluíram com êxito, denotando seu compromisso
e dedicação com o projeto.

CONCLUSÃO:
Neste projeto, buscou-se ressaltar a importância da educação ambiental para a
comunidade, dentro e fora das escolas, de forma que a sustentabilidade acabe por se
tornar uma prevenção, e não remediação. É evidente que a química ambiental precisa se
tornar cada vez mais ativa no cotidiano dos alunos, com alternativas que eles possam
reproduzir em ambiente doméstico, criando assim uma consciência ecológica.
Vale ressaltar que, quanto à prática pedagógica, os alunos se mostraram bastante
interessados no assunto e em sua execução, pois também eram responsáveis pelos
resultados, o que os levou a demonstrar uma autonomia e senso de liderança. Isso
denota que é importante envolver os alunos em práticas científicas a fim de estimular
suas habilidades e curiosidade, fora de sala de aula, pois eles têm mais interesse em
pautas cotidianas, que podem ser usadas futuramente em outros ambientes. Ademais, a
execução da composteira abre caminho para criação posterior de um projeto de horta
escolar, que também será benéfica para a instituição e alunos envolvidos.
REFERÊNCIAS

Ministério do Meio Ambiente Biblioteca B823c Brasil. Ministério do Meio Ambiente Compostagem
doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos:
Manual de orientação / Ministério do Meio Ambiente, Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de
Grupo, Serviço Social do Comércio. – Brasília, DF: MMA, 201

“O que é Compostagem?”. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/compostagem/amp/. Acesso em


09 de Março de 2023.

OLIVEIRA, AQUINO. Compostagem Caseira de Lixo Orgânico Doméstico. 2005. Embrapa.BA.

CORRÊA CHAGAS, SILVA, DARÉ. Compostagem de resíduos orgânicos domésticos. 2012.


IFSULDEMINAS – Campus de Muzambinho – MG.

SANTOS, ARAUJO. Isolamento e caracterização morfológica de microrganismos presentes no


processo de compostagem de resíduos de origem vegetal. 2020. Revista AIDIS.

OLIVEIRA SOMBRA, LIMA MORREIRA. Uso da Compostagem em Sistemas Agrícolas Orgânicos.


2014. Embrapa.

VALENTE, XAVIER, SILVA. Fatores que afetam o desenvolvimento da compostagem de resíduos


orgânicos. 2011. Pelotas. RS

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