Você está na página 1de 13

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/323369934

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE COMPÓSITOS SOLO-


CIMENTO-FIBRAS DE SISAL AUTOADENSÁVEIS

Conference Paper · February 2018

CITATIONS READS

2 574

4 authors:

Adriana Martins Lucas Caldas


Federal University of Rio de Janeiro Federal University of Rio de Janeiro
5 PUBLICATIONS   14 CITATIONS    72 PUBLICATIONS   121 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Rayane Paiva Romildo Dias Toledo Filho


Federal University of Rio de Janeiro Federal University of Rio de Janeiro
10 PUBLICATIONS   41 CITATIONS    449 PUBLICATIONS   9,299 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Development polymer composites reinforced with natural fibers. View project

Self-healing View project

All content following this page was uploaded by Lucas Caldas on 23 February 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


CLB-MCS 2018
3º Congresso Luso-Brasileiro
Materiais de Construção Sustentáveis
Coimbra, 14-16 de fevereiro de 2018

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE COMPÓSITOS SOLO –


CIMENTO – FIBRAS DE SISAL AUTOADENSÁVEIS
ADRIANA P. S. MARTINS¹*, LUCAS R. CALDAS¹, RAYANE L. M. PAIVA¹, ROMILDO D. TOLEDO
FILHO1

1*:
Programa de Engenharia Civil, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, CEP 21941-972, Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
E-mail: adriana@coc.ufrj.br

Palavras-chave: Compósitos Solo-Cimento Autoadensáveis, Terra Crua, Fibras de Sisal, ACV,


Indicadores de Desempenho Ambiental.

Resumo O interesse pelo uso de materiais não convencionais cresceu nos últimos anos como uma
estratégia para um desenvolvimento mais sustentável do setor da construção civil. Dentre esses
materiais, a terra crua, matéria-prima local que não requer processamento intensivo para o seu
beneficiamento, estabilizada com cimento e reforçada com fibras de sisal, surge como uma
alternativa vantajosa (baixo custo, boas propriedades higrotérmicas, incombustibilidade,
reciclabilidade, atoxidade) para a redução dos impactos ambientais das habitações. O presente
estudo teve como objetivo avaliar o desempenho ambiental de materiais compósitos constituídos por
uma matriz de solo-cimento autoadensável reforçada com diferentes teores de fibras de sisal (0,5, 1,0
e 1,5%), no comprimento de 20 mm. Para a avaliação do impacto ambiental foi utilizada a
metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), em um estudo do tipo berço ao portão, com base
nas normas ISO 14040 (2006) e EN 15804 (2013). O carbono biogênico das fibras de sisal foi
quantificado através da análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio (CHN), e entrou na
análise como emissão negativa no impacto de potencial de aquecimento global. Foram avaliados os
impactos ambientais de cada mistura produzida e os resultados foram normalizados em relação aos
parâmetros de resistência mecânica (resistência à compressão e à tração) e de durabilidade
(absorção capilar). Os resultados obtidos indicaram que a mistura com teor de fibras de 1,0%
apresentou o melhor desempenho em comparação com uma parede de blocos cerâmicos furados
revestida com argamassa (sistema mais comumente utilizado nas vedações das habitações
brasileiras).

1
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil é um dos setores mais ativos da economia global, contribuindo de
forma significativa para suprir as crescentes demandas de novas edificações e infraestruturas, assim
como as demandas de manutenção de todo o patrimônio construído existente. Fatores como o
crescimento populacional, a globalização, os investimentos públicos e privados, a descarbonização
da economia, a necessidade de fontes energéticas limpas, dentre outros, tem alavancado essa
indústria, que se manterá em franco crescimento nos próximos anos [1].
Apesar das contribuições positivas, a construção civil também se destaca por relevantes impactos
ambientais negativos relacionados às emissões de CO 2, ao consumo intensivo de energia, à
depleção de recursos naturais não renováveis e à geração de resíduos.
Visando a mitigação desses impactos ambientais, pesquisas vêm sendo desenvolvidas em vários
países no sentido de buscar novos materiais mais ecoeficientes, com propriedades tecnológicas e
durabilidade compatíveis com as aplicações de engenharia pretendidas [2]. A construção com terra
crua é uma alternativa promissora, tendo em vista as inúmeras credenciais de sustentabilidade desse
material: (1) boas propriedades higrotérmicas, (2) processamento tecnológico não intensivo em
energia, (3) não poluente e não tóxico, (4) incombustível e (5) possibilidade de reciclagem ao final da
vida útil [2-5].
A quantificação dos atributos de sustentabilidade dos materiais de construção deve se basear em
métodos robustos que contemplem toda a vida útil desses materiais. A metodologia da Avaliação do
Ciclo de Vida (ACV) é uma das ferramentas mais usadas para essa avaliação [6]. As principais
vantagens dessa metodologia são a inclusão de uma ampla gama de quesitos ambientais (mudanças
climáticas, efeitos tóxicos, depleção de recursos, dentre outros) e a abordagem holística que impede
a transferência do problema ambiental para outras fases do ciclo de vida. Nesse contexto, a ACV
possibilita a comparação do desempenho ambiental de diferentes materiais, evidenciando os
aspectos mais impactantes nas diversas fases incluídas na fronteira do sistema [4].
Galán-Marín et al. [7] mostraram que as paredes portantes de blocos de terra estabilizada com
polímero natural apresentaram piores resultados de energia incorporada e emissões de CO2 em
relação à alvenaria de blocos de concreto. Christoforou et al. [8] verificaram por meio da ACV o
melhor desempenho ambiental de tijolos de adobe em comparação com materiais convencionais.
Ouellet-Plamondon e Habert [3] quantificaram as emissões de CO2-eq para 1 m2 de alvenaria em
concreto autoadensável baseado em terra crua e obtiveram valores similares para blocos de
concreto. Arrigoni et al. [9] avaliaram o desempenho ambiental e a durabilidade de diferentes misturas
de terra estabilizada e concluíram que a redução do teor de cimento resultou em considerável
economia de energia e a substituição de cimento por carbeto de cálcio e cinza volante melhorou o
desempenho ambiental do material. Eles verificaram que é possível obter misturas estabilizadas e
duráveis com menores impactos ambientais. Marcelino-Sadaba et al. [4] aplicaram a ACV para avaliar
sete tijolos não cozidos à base de terra crua e estabilizados com diferentes ligantes, produzidos no
Reino Unido e na Espanha, e verificaram que o aspecto mais crítico nos estudos de ACV foi a
disponibilidade de dados de entrada confiáveis. Eles também concluíram que os materiais à base de
terra crua apresentaram melhores resultados em comparação com blocos de concreto.
Apesar de existirem inúmeros estudos na literatura de avaliação de impactos de materiais à base de
terra crua, quando se trata de materiais autoadensáveis os estudos são escassos. Esses materiais
emergentes, baseados em matéria prima local, se apresentam como uma alternativa bastante
atraente, necessitando de avaliações quantitativas de desempenho ambiental para uma
caracterização mais ampla e sistemática, contribuindo para reforçar suas credenciais de
sustentabilidade. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo utilizar a metodologia da ACV (do
berço ao portão) para comparar o desempenho ambiental de um material de construção baseado em
terra crua e fibras vegetais, desenvolvido para aplicações em alvenaria de vedação, com um sistema
industrializado comumente utilizado nas construções correntes – composto de blocos cerâmicos
furados com revestimento de argamassa.

2
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

2. METODOLOGIA

2.1. Desenvolvimento e caracterização dos compósitos solo-cimento-fibras de sisal


autoadensáveis (CSCA)

2.1.1 Seleção de materiais e dosagem das misturas


Os materiais e fabricantes selecionados para a composição da matriz foram: (1) cimento CP II F-32
(Lafarge), (2) cinza volante (Pozofly Comércio de Cinzas Lima Ltda), (3) metacaulinita (Metacaulim do
Brasil Indústria e Comércio Ltda), (4) superplastificante Glenium 51 (BASF) e (5) água. O solo
escolhido foi do tipo residual granítico-gnáissico, classificado como “SC – areia argilosa” [10]. Na
Figura 1 são apresentadas as curvas granulométricas dos materiais utilizados.

(a) (b) (c)


Figura 1 – (a) Curvas granulométricas dos materiais utilizados, (b) amostra usada nos ensaios de
compressão uniaxial, (c) amostra usada nos ensaios de absorção capilar [12].

A matriz foi dosada através de um método científico, baseado no Modelo de Empacotamento


Compressível (MEC) [11]. A sua reologia foi ajustada para a condição autoadensável, com valores de
abatimento e espalhamento mínimos de 250 e 600 mm, respectivamente. Apresentou resistências de
3,3 e 0,64 MPa, à compressão e à tração, respectivamente, aos 28 dias. As fibras de sisal foram
incorporadas nos teores de 0,5; 1,0 e 1,5% (em relação à massa de solo seco) e no comprimento de
20 mm. A incorporação de fibras reduziu a trabalhabilidade da matriz, exigindo ajustes no teor de
superplastificante de forma a manter a condição autoadensável [12]. A relação água/cimento foi de
2,4. Na Tabela 1 podem ser visualizados os resultados de dosagem dos compósitos.

Tabela 1 – Resultados de dosagem [12].


3
Constituinte Consumo (kg/m )
Solo 1338,40
Cimento CP II-F-32 192
Cinza volante 19
Metacaulinita 19
Superplastificante Glenium 51 12,39
Água 461,35
Fibras
0,5% 1,0% 1,5% 6,69 13,38 20,08
Sisal

3
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

2.1.2 Comportamento físico e mecânico dos compósitos


Na Figura 2 são apresentados os resultados dos ensaios de compressão uniaxial e tração direta para
os compósitos reforçados com fibras de 20 mm.

(a) (b)
Figura 2 – Compósitos reforçados com fibras de 20 mm: (a) curvas típicas sob compressão uniaxial,
(b) curvas típicas sob tração direta. Adaptado de [12].

De posse dos resultados desses parâmetros, foi calculado o indicador de desempenho mecânico-
durabilidade (Imd), conforme Equação 1. Ao final da ACV, os resultados dos impactos ambientais
serão multiplicados pelo Imd.

Ab (1)
Im d 
RcxRt
Imd = indicador de desempenho mecânico-durabilidade (MPa-2.g/cm²);
Ab = absorção capilar (g/cm2).
Rc = resistência à compressão (MPa)
Rt = resistência à tração (MPa)

Na Tabela 2 são apresentados os valores de resistência à compressão, à tração, absorção capilar e


do indicador para as misturas avaliadas.

Tabela 2 – Parâmetros mecânicos e de durabilidade dos compósitos solo-cimento autoadensáveis


(CSCA).
Indicador de
Resistência à Resistência à Absorção desempenho
Compósito compressão Tração capilar* mecânico-
(MPa) [12] (MPa) [12] (g/cm2) [12] durabilidade
-2
(MPa .g/cm²)
CSCA-0,0% 3,33 0,64 3,68 1,73
CSCA-0,5% 2,82 0,73 3,65 1,77
CSCA-1,0% 3,32 1,02 3,69 1,09
CSCA-1,5% 3.13 0,92 3,72 1,29
*Obs.: valores de absorção capilar na idade de 130 dias, após a estabilização do fenômeno.

4
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

2.2. Avaliação do ciclo de vida


De acordo com ISO 14040 [13], a ACV é dividida em quatro etapas: (1) definição de objetivo e
escopo, (2) inventário do ciclo de vida, (3) avaliação do impacto do ciclo de vida e (4) interpretação
dos resultados.

2.2.1 Definição de objetivo e escopo


O objetivo deste estudo foi avaliar os impactos ambientais de compósitos solo-cimento
autoadensáveis reforçados com fibras de sisal nos teores de 0,5; 1,0 e 1,5% e comparar os
resultados da mistura de melhor desempenho (normalizados em relação aos parâmetros de
resistência e de durabilidade) com uma vedação em blocos cerâmicos furados de 9 x 19 x 19 cm,
assentados em pé e revestidos em ambas as faces com argamassa (chapisco, emboço e reboco).
Optou-se por fazer esta comparação pois este é o sistema mais utilizado para vedações verticais
no Brasil. Em relação aos compósitos solo-cimento-fibras de sisal ressalta-se que uma das
principais vantagens dos materiais autoadensáveis é o bom acabamento superficial,
consequentemente dispensando qualquer tipo de revestimento para regularização da superfície.
Foi utilizada a abordagem do tipo "berço a portão" com base nas diretrizes da EN 15804 [14]. As
etapas do ciclo de vida analisadas foram a extração de matéria-prima (A1), transporte (A2) e
fabricação (A3).

2.2.2 Unidade funcional


Foi adotada como unidade funcional 1 m2 de vedação vertical. Para o compósito solo-cimento, foi
considerada uma espessura de parede de 10 cm (espessura mínima normalmente utilizada no
Brasil para vedações monolíticas e suficientemente estável para o tipo de aplicação pretendida).
Para a parede de blocos cerâmicos (sistema convencional), admitiu-se revestimento com
espessura de 2,5 cm em ambos os lados (cimento, cal e areia no traço em volume 1:2:9) e
assentamento com argamassa (juntas de 1 cm), resultando numa espessura total de 14 cm.

2.2.3 Análise do inventário do ciclo de vida


No Brasil, as bases de dados do ciclo de vida do setor de construção são praticamente inexistentes.
A Declaração Ambiental de Produto (DAP) do Cimento da Votorantim Cimentos foi publicada somente
em 2016. Para superar essa limitação utilizou-se no presente estudo, além da DAP do cimento [15], o
banco de dados Ecoinvent, com substituição da energia elétrica original para o mix energético
brasileiro, utilizando o software SimaPro v. 8.2. Parte do inventário foi obtido com base na literatura
científica.
O processo de produção, na fábrica, dos materiais utilizados no compósito (solo, cimento, cinza
volante, metacaulinita, aditivo superplastificante e fibras de sisal) foi considerado incluindo: (i) as
distâncias de transporte interno entre a extração de matérias-primas e as fábricas (foram mantidas as
distâncias dos bancos de dados) e (ii) a distância das fábricas ao laboratório. Essas últimas
distâncias foram estimadas com base no menor valor fornecido pelo Google Maps, sendo que o
Laboratório NUMATS, localizado na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, Brasil, foi considerado como o
local de produção do compósito. Foram consideradas distâncias de transporte de 50, 350, 800, 630,
650 e 1500 km, para solo, cimento, cinza volante, metacaulinita, superplastificante e fibras de sisal,
respectivamente.
Para o solo, foi considerado o processo de extração em termos de consumo de diesel (obtido em
(Christoforou et al. [8]) e o transporte para o Laboratório. Para a metacaulinita foi considerada a argila
como matéria-prima e o carvão vegetal como combustível, a partir de dados obtidos por Borges et al.
[16], que desenvolveram um estudo para o Brasil, e o transporte para o laboratório. Para a cinza
volante foi considerado o estudo de Chen et al. [17], com dados do Ecoinvent. Embora haja uma
grande discussão na literatura em relação ao tipo de alocação dada para coprodutos, como a cinza
volante e a escória de aciaria, foi adotado neste estudo somente as etapas de tratamento da cinza

5
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

volante, neste caso a secagem e estocagem. Para o aditivo plastificante foi utilizado a DAP da
Deutsche Bauchemie [18].
Para as fibras de sisal, o processo de manejo florestal incluindo fertilização, desbaste e poda não foi
considerado. Não há dados disponíveis para fibras de sisal em EPDs ou no Ecoinvent, portanto foram
adotados dados extraídos de Broeren et al. [19]. Esses autores quantificaram o consumo energético e
as emissões de gases de efeito estufa associados à produção de fibra de sisal na Tanzânia e no
Brasil usando ACV, com base em dados de inventário específicos da região. Considerou-se a
preparação da terra, o cultivo, o processamento de fibras para o laboratório e o carbono biogênico. O
transporte de materiais de origem local para o laboratório foi considerado em termos de consumo de
diesel. Finalmente, o consumo de eletricidade no laboratório foi quantificado considerando os
processos de mistura para a produção dos compósitos e a eletricidade utilizada no processo foi
assumida como gerada no Brasil. Na Tabela 3 podem ser visualizadas as fontes de dados utilizadas
para a elaboração do inventário do ciclo de vida desta pesquisa.

Tabela 3 – Dados discriminados por atividade produtiva utilizados para o inventário do ciclo de vida
para a produção de compósitos solo-cimento-fibras de sisal autoadensáveis e alvenaria de blocos
cerâmicos.
Materiais Fonte de Dados
Compósitos solo-cimento-fibras de sisal autoadensáveis
Solo Christoforou et al.a [8] e Ecoinvent v.3.3
Cimento EPD CPII - Cement EPD, Votorantim [15]
Metacaulinita Borges et al. [16] e Ecoinvent v.3.3
Cinza Volante Adaptado de Chen et al. [17]b, Ecoinvent v.3.3.
Produção de plastificante, para concreto, à base de Éter policarboxílico,
Aditivo plastificante
Processo modificado b, Deutsche Bauchemie [18]
Sisal Produção brasileira de sisal, a partir de Broeren et al.c [19] e Ecoinvent v.3.3
Parede de vedação de alvenaria de blocos cerâmicos
Bloco cerâmico Clay brickb {RoW}, Ecoinvent v3.3
b
Argamassa Cement mortar {CH}, Ecoinvent v3.3
Dados comuns aos dois sistemas
Matriz energética Electricity, medium voltage, production BR, at grid/BR, Ecoinvent v 3.3
Transporte Transport, lorry 3.5-7.5t, EURO3/RER, Ecoinvent v 3.3
Obs: Consumo de combustível diesel para extração de solo. b Matriz energética de eletricidade do Brasil.
a
c
Não foi considerado o transporte de fibra de sisal embalada para o vendedor.

2.2.4 Carbono biogênico


As fibras de sisal utilizadas na matriz de terra armazenam carbono biogênico durante a fase de
crescimento da planta, através do processo de fotossíntese. A quantidade de dióxido de carbono
(CO2) em um quilograma de material seco foi calculada pela Equação 2, presente nos estudos de
Demertzi et al. [20], Caldas et al. [21], dentre outros, sendo contabilizada como emissões negativas
de CO2 [20-21].

mmCO2
M CO2  mdry  C  (2)
mmC

MCO2 = massa de CO2 sequestrada (kg) - carbono biogênico;


mdry = massa seca de sisal (kg);
C = percentagem de carbono na matéria seca (%);
mmCO2 = massa molecular de CO2 (igual a 44);
mmC = massa molecular de carbono (C) (igual a 12).
A porcentagem de carbono no valor da matéria seca (C) foi obtida na análise elementar CHN

6
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

(determinação de carbono, hidrogênio e nitrogênio, conteúdo do material) no Laboratório


Xistoquímica / UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. Verificou-se que 43,98% da matéria seca do sisal é
composta por carbono (C).
Para a quantificação de carbono biogênico, o pressuposto de fim de vida é muito importante. Nesse
sentido, no presente estudo, o processo de aterro foi considerado no estágio de fim de vida, uma vez
que esta alternativa é a mais utilizada no Brasil e essa forma de destinação será mantida nos
próximos anos para os materiais de construção. O transporte para o aterro não foi considerado, uma
vez que é praticamente insignificante. A incineração, a queima e a recuperação de energia não são
aplicadas aos materiais de construção baseados em terra crua. Neste caso, com base em Garcia e
Freire [22] e Demertzi et al. [20], assumiu-se que 98% do carbono biogênico permanece
permanentemente nos compósitos.

2.2.5 Avaliação do impacto do ciclo de vida


O método de avaliação do impacto do ciclo de vida (AICV) CML (do Instituto de Ciências Ambientais
da Universidade de Leiden, Países Baixos), linha de base IA, versão 3.03, foi escolhido neste estudo.
Foram consideradas as seguintes categorias de impacto ambiental: potencial de aquecimento global
(GWP), redução da camada de ozônio (ODP), acidificação (AP), eutrofização (EP), potencial de
oxidação fotoquímica (POCP), depleção abiótica (elementos (ADP-e) e combustíveis fósseis (ADP-ff),
de acordo com a EN 15804 [14].

2.2.6 Desempenho - indicadores ambientais


Com base nos resultados da ACV e os resultados mecânicos e de durabilidade, foram propostos
indicadores de desempenho-meio ambiente para análise, com foco no potencial de aquecimento
global (GWP). A intensidade de CO2-eq é usualmente utilizada como um bom indicador do impacto
para materiais de concreto, porque permite a consideração de desempenho (por exemplo, resistência
à compressão) e a avaliação da contribuição de misturas de concreto para GWP por unidade de
volume e resistência [23-25].

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Avaliação do ciclo de vida


A partir do traço das misturas avaliadas e das premissas adotadas neste estudo de ACV, chegou-se
aos resultados apresentados nas Figuras 3 e 4.

120%
100%
80%
CSCA-0,0%
60%
CSCA-0,5%
40%
CSCA-1,0%
20%
CSCA-1,5%
0%
AP
ODP
GWP100

EP

ADP-e
POCP

ADP-ff

Figura 3 – Comparação dos impactos ambientais dos compósitos.

7
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

100% Fibra de sisal


90%
80% Carbono biogênico
70%
60% Electricity
50% Aditivo plastificante
40%
30% Metacaulinita
20%
10% Cinza volante
0%
Cimento

ADP-ff
ODP

POCP

ADP-e
AP

EP
GWP100

Solo

Figura 4 – Perfil ambiental da produção do compósito CSCA-1,0%.

A categoria de impacto ADP-e e POCP foram as que tiveram menor variação dentre as quatro
misturas avaliadas. A categoria de GWP100 foi a que teve maior diferença nos resultados (destacada
com a seta), em consequência da contabilização do carbono biogênico estocado nas fibras de sisal. A
mistura com maior volume de fibras (CSCA-1,5%) apresentou menores resultados de emissões de
CO2-eq. Para as outras categorias de impacto ambiental ocorreu o oposto, pois o maior volume de
fibras leva ao aumento dos impactos totais devido à contabilização dos impactos para a produção
dessas fibras.
Para a maioria das categorias de impacto ambiental, o cimento foi o material que apresentou a maior
contribuição (principalmente para categoria de potencial de aquecimento global - GWP100 e depleção
de combustíveis fósseis – ADP-ff), seguido da eletricidade, superplastificante, solo e carbono
biogênico. Especificamente para as categorias de potencial de oxidação fotoquímica (POCP) e
depleção abiótica de elementos (ADP-e), a participação da metacaulinita e da cinza volante chamam
a atenção, devido à influência dos combustíveis utilizados na calcinação da argila (neste estudo foi
considerado o carvão vegetal).
Os impactos ambientais para a produção de cimento estão relacionados principalmente à calcinação
do carbonato de cálcio (principalmente emissões de CO 2) e queima dos combustíveis fósseis
utilizados no processo.
Embora o solo seja o material de maior participação em massa na formulação dos compósitos
(aproximadamente 65%), os impactos ambientais por massa de solo são bastante inferiores aos dos
demais materiais, tendo em vista que somente o processo de extração foi considerado, resultando em
baixa participação na maioria das categorias de impacto avaliadas.
O oposto ocorre para o aditivo superplastificante, que embora tenha uma participação em massa
mínima (menor que 1%), é responsável por parcelas significativas das categorias avaliadas. A partir
destes resultados, nota-se que uma possível alternativa para a redução dos impactos ambientais
destes compósitos está na diminuição do teor de aditivo superplastificante. Uma possível solução
para a redução do consumo deste aditivo seria a seleção de um solo com menor teor de argila, que
demandaria menor consumo de superplastificante para uma dada trabalhabilidade e uma dada
relação água/cimento.
Os impactos da eletricidade também se mostraram pouco significativos. Foi considerado o consumo
de eletricidade para a mistura dos constituintes do compósito em betoneira. Vale ressaltar que o
Brasil possui uma matriz considerada limpa, devido à grande participação de fontes renováveis

8
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

(principalmente de fonte hídrica), e que se fosse considerada a matriz de outro país, mais poluente,
esses impactos seriam maiores.
A cinza volante apresentou pequena contribuição, tendo em vista que foi considerado somente o
processo de secagem para o seu uso no compósito. Caso algum processo de alocação fosse
considerado, os impactos desse material seriam maiores.
Para a metacaulinita, foi considerada a extração da argila e sua calcinação utilizando-se carvão
vegetal. Desta forma, o tipo de combustível utilizado para a obtenção de metacaulinita exerce uma
grande influência nos impactos desse material, já que a extração da argila não é uma atividade muito
impactante. Por exemplo, se algum combustível fóssil fosse utilizado, provavelmente os impactos da
metacaulinita seriam maiores.
Em relação ao carbono biogênico armazenado nas fibras de sisal, observa-se que ele não exerce
grande influência no potencial de aquecimento global (GWP100), com participação inferior a 10%, em
consequência dos baixos teores utilizados na mistura (variando de 0,5 a 1,5%). Isso vale também
para os impactos ambientais para a produção das fibras de sisal, que mostrou participação
desprezível (menor que 2%) para todas as categorias de impacto ambiental avaliadas.

3.2. Avaliação considerando o indicador de desempenho mecânico-durabilidade


Na Figura 5 são apresentados os resultados quando o indicador de desempenho mecânico-
durabilidade é considerado.

120%
100%
80%
CSCA-0,0%
60%
CSCA-0,5%
40%
CSCA-1,0%
20%
CSCA-1,5%
0%
ADP-ff
ODP

POCP
GWP100

AP

ADP-e
EP

Figura 5 – Comparação das misturas considerando o indicador de desempenho mecânico-


durabilidade.

Quando o desempenho mecânico e durabilidade são avaliados em conjunto com o desempenho


ambiental, percebe-se que a mistura CSCA-1,0% é a que apresentou melhores resultados para todas
as categorias de impacto ambiental, com uma diferença em relação à mistura de referência de cerca
de 34% para a categoria GWP100 e aproximadamente 23% em relação às demais categorias de
impacto. Neste sentido observou-se que embora as fibras de sisal não tenham apresentado grandes
diferenças em relação aos impactos ambientais, elas interferiram de forma significativa no
desempenho mecânico e durabilidade, de acordo com parâmetros adotados neste estudo. Conclui-se
que é importante utilizar indicadores deste tipo para materiais inovadores. O desempenho ambiental
da mistura de CSCA-1,0% foi comparado com a alvenaria de blocos cerâmicos revestida por
argamassa.

9
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

3.3. Comparação ambiental do compósito e com sistema convencional


Na Figura 6 são comparados os impactos ambientais (nas categorias avaliadas) entre o compósito
CSCA–1,0% e a parede de alvenaria de blocos cerâmicos com revestimento de argamassa.

350%
300%
250%
200%
150%
100%
50%
0%

ADP-ff
ODP

POCP
AP

EP

ADP-e
GWP100

CSCA-1,0%/CSCA-1,0% Alvenaria/CSCA-1,0%

Figura 6 – Comparação dos impactos ambientais normalizados pelo compósito CSCA-1,0%.

É possível observar que o compósito de solo-cimento apresentou melhor desempenho ambiental para
todas as categorias de impacto ambiental avaliadas, sendo maior esta diferença principalmente para
as categorias de potencial de aquecimento global – GWP100 (com aproximadamente 100% de
diferença) e depleção de elementos naturais – ADP-e (aproximadamente 200%). Desta forma, dentro
das premissas adotadas neste estudo, o compósito solo-cimento avaliado mostrou-se bem mais
vantajoso ambientalmente, em comparação com o sistema convencional mais utilizado no país,
podendo ser uma possível alternativa para o desenvolvimento comercial em larga escala e a
aplicação nas edificações. Cabe ressaltar que para uma avaliação mais precisa seria necessário a
realização de uma análise de incertezas, a fim de quantificar principalmente as incertezas presentes
na análise de inventário realizada.
É importante destacar que neste estudo a distância de transporte do solo foi mantida fixa, com valor
de 50 km, fato que também contribuiu para os menores impactos desse material. Tendo em vista que
a massa em conjunto com as distâncias constituem os fatores que mais influenciam no consumo de
combustível e consequentemente nos impactos de transporte, e que o solo é o material de maior
participação em massa, um aumento nestas distâncias pode resultar num aumento significativo da
participação do solo. Neste sentido uma análise de sensibilidade carece ser realizada em estudos
futuros, a fim de saber até quais distâncias o compósito permanece com maior vantagem ambiental.

4. CONCLUSÕES
Neste estudo foi realizado a avaliação do desempenho ambiental, utilizando a Avaliação do Ciclo de
Vida (ACV), de compósitos solo-cimento autoadensáveis (CSCA) reforçados com fibras de sisal
(teores 0%; 0,5%; 1,0% e 1,5%) produzidos em laboratório. A modificação dos teores das fibras de
sisal não influenciou de forma significativa nos impactos ambientais. No entanto, quando foi avaliado
o desempenho mecânico (em termos de resistência à compressão e à tração direta) e a durabilidade
(absorção capilar), na forma de indicadores, os resultados foram consideravelmente diferentes, com o
CSCA-1,0% apresentando melhores resultados, e sendo, portanto, o compósito mais vantajoso.
Ao final o CSCA-1,0% foi comparado com uma parede de blocos cerâmicos revestida de argamassa
(sistema convencional mais utilizado no Brasil), verificando-se ganhos ambientais para a maioria das
categorias de impacto avaliadas, chegando a uma diferença de 100% em termos de emissões de
CO2-eq.

10
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

Esta pesquisa traz como principal contribuição a discussão sobre a importância de se utilizar
materiais não convencionais baseados em terra crua, mostrando que são materiais de menor impacto
ambiental e com grande potencial de uso na construção civil brasileira, em aplicações que não
requeiram desempenho estrutural elevado. Ressalta-se também a importância de se utilizar em
estudos de ACV indicadores de desempenho mecânico e durabilidade, para uma avaliação mais
sistêmica.
Para estudos futuros, os autores pretendem realizar análise de sensibilidade para diferentes
distâncias de transporte do solo e diferentes espessuras de parede de compósito. De forma
complementar, pretende-se também avaliar como o desempenho térmico das alvenarias pode afetar
o consumo de energia operacional das edificações, a partir de simulações termo-energéticas.

REFERÊNCIAS
[1] Cimento Itambé – disponível em http://www.cimentoitambe.com.br/fora-do-brasil-construcao-
civil-esta-otimista/. Acesso em dezembro de 2017.
[2] Pacheco-Torgal, F., Jalali, S., 2012. Earth construction: Lessons from the past for future eco-
efficient construction. Conc. Build. Mat. 29, 512 – 519.
[3] Ouellet-Plamondon, C. M., Habert, G., 2016. Self-Compacted Clay based Concrete (SCCC):
proof-of-concept. J. Clean. Prod. 117, 160 – 168.
[4] Marcelino-Sadabaa, S., Kinuthia, J., Oti, J., Meneses, A. S., 2017. Challenges in Life Cycle
Assessment (LCA) of stabilised clay-based construction materials. App. Clay. Sci. 144, 121–
130.
[5] Van Damme H., Houben H., 2017. Earth concrete. Stabilization revisited. Cement and
Concrete Research,10.1016/j.cemconres.2017.02.035 inpress.
[6] Joint Research Center (JRC), 2011. Annual Report, EUR 25231 EM. ISBN 978927923652-5.
2011.
[7] Galán-Marín, C., Rivera-Gómez, C., García-Martínez, A. 2015, Embodied energy of
conventional load-bearing walls versus natural stabilized earth blocks. Energ. Build. 66, 199 –
209.
[8] Christoforou, E., Kylili, A., Fokaides, P.A., Ioannou, I., 2016. Cradle to site life cycle
assessment (LCA) of adobe bricks. J. Clean. Prod. 112, 443-452.
[9] Arrigoni, A., Beckett, C., Ciancio, D., Dotelli, G., 2017. Life cycle analysis of environmental
impact vs. durability of stabilized rammed earth. Conc. Build. Mat. 142, 128 – 136.
[10] ASTM D2487 American Society for Testing and Materials, 2011. Standard practice for
classification of soils for engineering purposes (Unified soil classification system), ASTM
International, West Conshohocken, PA.
[11] De Larrard, F., 1999, Concrete Mixture Proportioning. London, E&FN SPON.
[12] Martins, A. P. S., 2014. Desenvolvimento, Caracterização Mecânica e Durabilidade de
Compósitos Solo-Cimento Autoadensáveis Reforçados com Fibras de Sisal. Tese (doutorado)
UFRJ/COPPE/Programa de Engenharia Civil.
[13] Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT). NBR ISO 14040: Gestão ambiental –
Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
[14] European Committee for Standardization. CEN EN 15804: sustainability of construction works:
environmental product declarations: core rules for the product category of construction
products. Brussels, 2013.
[15] Votorantim Cimentos. EPD – Environmental Product Declaration CP II E 40, CP III-40 RS and

11
Adriana P. S. Martins, Lucas R. Caldas, Rayane L. M. Paiva, Romildo D. Toledo Filho

CP V-ARI (bulk form) by Votorantim Cimentos. 2016.


[16] Borges, P. H. R., Lourenço, T. M. F., Foureaux, A. F. S., Pacheco, L. S., 2014. Estudo
comparativo da análise de ciclo de vida de concretos geopoliméricos e de concretos à base
de cimento Portland composto (CP II). Ambiente Construído,14 (2), 153-168.
[17] Chen, Habert, G., Bouzidi, Y., Jullien, A., Ventura. A., 2010. LCA Allocation procedure used as
an inciative method for waste recycling: an application to mineral additions in concrete. Res.
Cons. Rec. 54, 12, 1231-1240.
[18] V Deutsche Bauchemie e.V. (DBC), 2014. Concrete admixtures – Plasticizer and
superplasticizer. 2014.
[19] Broeren, M. L. M, Dellaert, S. N. C., Cok, B., Patel, M. K., Worrell, E., Shen, L., 2017. Life
cycle assessment of sisal fibre e Exploring how local practices can influence environmental
performance. J. Clean. Prod. 149, 818-827.
[20] Demertzi, M., Sierra-Pérez, J., Paulo, J. A., Arroja, L., Dias, A. C., 2017. Environmental
performance of expanded cork slab and granules through life cycle assessment. J. Clean.
Prod. 145, 294 – 302.
[21] Caldas, L. R., Da Gloria., M. Y., Santos, D. J., Andreola, V., Pepe, M., Toledo Filho, R. D.,
2017. Carbon footprint of bamboo particles, rice husk and wood shavings-cement composites.
2nd International Conference on Bio-Based Building Materials & 1st Conference on Ecological
Valorisation of Granular and Fibrous Materials. June 21th - 23th 2017 Clermont-Ferrand,
France.
[22] Garcia, R., Freire, F., 2014. Carbon footprint of particleboard: a comparison between ISO/TS
14067, GHG Protocol, PAS 2050 and Climate Declaration. J. Clean. Prod. 66, 199 – 209.
[23] Damineli B.L., Kemeid F.M., Aguiar P.S., John V.M., 2010. Measuring the eco-efficiency of
cement use. Cem. Con. Comp. 32 (5), 55–62.
[24] Van Den Heede, P., De Belie, N., 2012. Environmental impact and life cycle assessment
(LCA) of traditional and “green” concretes: Literature review and theoretical calculations. Cem.
Conc. Comp. 34, 4, 431–442.
[25] Celik, K., Meral, C., Gursel, A. P., Mehta, P. K., Horvath, A., Monteiro, P. J. M., 2015.
Mechanical properties, durability, and life-cycle assessment of self-consolidating concrete
mixtures made with blended Portland cements containing fly ash and limestone powder. Cem.
Conc. Comp. 56, 59–72.

12

View publication stats

Você também pode gostar