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ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS DE ESTRADAS NÃO PAVIMENTADAS COM CINZA


VOLANTE

Conference Paper · January 2020


DOI: 10.4322/cobramseg.2022.0766

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5 authors, including:

Taciano Silva Klaus Rodrigues


Universidade Federal de Viçosa (UFV) Universidade Federal de Viçosa (UFV)
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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica


IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
15 a 18 de Setembro de 2020 – Campinas - SP

Estabilização de Solos de Estradas Não Pavimentadas com Cinza


Volante
Darlane Ilvênia Ferreira
Graduanda em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil,
ferreiradarlane8@gmail.com

Marcos Paulo Martins


Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, marcos.p.martins@ufv.br

Mateus Rodrigues
Mestrando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, mateus.ribeiro@ufv.br

Taciano Oliveira da Silva


Professor, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, taciano.silva@ufv.br

Klaus Henrique de Paula Rodrigues


Professor, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, klaushenrique@hotmail.com

RESUMO: A pesquisa teve como principal objetivo o aproveitamento da cinza volante, uma pozolana artificial
gerada em usinas termelétricas, produzida em larga escala e comumente descartada no meio ambiente. Além
disso, objetivou-se a redução no custo de obras de engenharia com o reaproveitamento de solos inicialmente
impróprios para tais usos. Para isso analisou-se o emprego do resíduo na estabilização química de dois solos
provenientes da região do Alto Paraopeba, estado de Minas Gerais, visando o seu emprego em obras
rodoviárias. As misturas de solo – cinza volante estudadas foram constituídas de 10% e 20% de cinza volante
em termos de massa seca de solo e tiveram seu comportamento mecânico avaliado. A caracterização mecânica
foi feita através dos ensaios de compactação na energia Proctor Normal, resistência a compressão simples
(RCS) e CBR. Os resultados de RCS mostraram que para um dos solos houve aumento da RCS com o aumento
do teor de cinza volante, ao passo que para o outro solo houve redução da RCS. Os resultados de índice e
expansão CBR apontam para uma porcentagem máxima de cinza volante que deve ser incorporada às misturas,
visto que, para ambos os solos, houve melhoria na mistura com 10% de cinza e pioria na mistura com 20%.

PALAVRAS-CHAVE: Cinza volante, estabilização de solos, propriedades mecânicas, pavimentação.

ABSTRACT: The research had as main objective the use of fly ash, an artificial pozzolana generated in
thermoelectric plants, produced on a large scale and commonly discarded in the environment. In addition, the
objective was to reduce the cost of engineering works by reusing soils that were initially unsuitable for such
uses. For this purpose, the use of the residue in the chemical stabilization of two soils from the Alto Paraopeba
region, state of Minas Gerais, was analyzed, with a view to its use in road works. The studied soil - fly ash
mixtures consisted of 10% and 20% fly ash in terms of dry mass and had their mechanical behavior evaluated.
The mechanical characterization was done through the compaction tests in the Proctor Normal energy,
unconfined compressive strength and CBR. The results of unconfined compressive strength showed that for
one soil there was an increase in resistance with the increase of fly ash content, while for the other soil there
was a reduction in resistance. The CBR value and expansion results point to a maximum percentage of fly ash
that should be incorporated into the mixtures, since, for both soils, there was an improvement in the mixture
with 10% ash and worsening in the mixture with 20%.

KEYWORDS: Fly ash, soil stabilization, mechanical properties, paving.

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1 Introdução

1.1 Estabilização de Solos

Segundo Yoder (1957) a estabilização de solos é a alteração de solos considerados insatisfatórios em


seu estado natural para que se tornem adequados ao uso em obras de engenharia. De modo geral, existem dois
tipos de estabilização: estabilização mecânica e estabilização química.
A estabilização mecânica pode ser de dois tipos: compactação do solo, aumentando sua densidade e,
consequentemente, sua resistência ao cisalhamento; ou alteração na granulometria do solo, adicionando ou
removendo partículas para melhor distribuição. (CARPENTER et al., 1992)
Já a estabilização química pode ser definida como a alteração das propriedades índice do solo através
do uso de substancias químicas. Isso pode ocorrer através da cimentação das partículas ou da obtenção de uma
umidade ótima que facilita a compactação (OFFICE OF GEOTECHNICAL ENGINEERING, 2008).
Materiais como cal, cimento, cinzas volantes e betume são comumente utilizados para esse propósito.

1.2 Cinza Volante

A cinza volante é uma pozolana artificial, produzida geralmente em usinas termelétricas na queima de
carvão mineral ou matéria orgânica. A pozolana é definida como um material silicoso ou sílico-aluminoso que,
por si só, possui pouca ou nenhuma capacidade de cimentação, porém, em forma finamente dividida e na
presença de umidade, reage quimicamente com hidróxidos alcalinos e alcalinos terrosos a temperatura
ambiente para formar compostos possuindo propriedades cimentantes. (ASTM, 2019)
Ainda de acordo com a ASTM (2019) os materiais pozolânicos podem ser classificados em três classes:
Classe N são as pozolanas naturais; Classe F são as cinzas volantes produzida a partir da queima de carvão
antracito ou betuminoso; Classe C são as cinzas produzidas a partir de linhito ou carvão sub-betuminoso.
Segundo Rohde & Machado (2016) as maiores reservas de carvão mineral e produção de cinza volante
do Brasil essão no sul do país e, em 2013, a estimativa era de 1,5 milhões de toneladas produzidas por ano,
desconsiderando a parcela reaproveitada pela indústria cimenteira. Todo esse material é, muitas vezes, retirado
dos locais de produção e depositado em pontos inadequados, podendo gerar contaminação do solo e dos lençóis
freáticos.
A cinza volante é um resíduo de grande potencial para uso na engenharia devido às suas capacidades
cimentantes. Dado o grande volume de materiais que a construção civil necessita e a pauta ambiental envolvida
no descarte desse resíduo, justifica-se o estudo do seu reaproveitamento.

1.3 Estabilização de Solos com Cinza Volante

A busca por opções cada vez mais economicamente vantajosas na engenharia torna necessário o
reaproveitamento de solos que, muitas vezes, não possuem as propriedades necessárias para o uso desejado.
Surge, então, a necessidade da estabilização desses solos.
Pandian (2004) concluiu em seu estudo que a cinza volante pode ser usada em diversas obras
geotécnicas, inclusive estradas. Jain et al. (2019) mostrou que a cinza volante aumentou a densidade seca
máxima, diminuiu o limite de liquidez e variou a densidade relativa. Bose (2012) e Senol et. Al (2005) relatam
melhora no índice e expansão CBR, assim como nos resultados de resistência a compressão simples.

1.4 Objetivos

Esse trabalho abordou a possibilidade de aproveitamento de cinza volante com a finalidade de melhorar
as propriedades de engenharia de dois solos provenientes da região do Alto Paraopeba-MG.
Como objetivos específicos relacionados ao objetivo geral, citam-se:
i. Caracterização geotécnica dos solos regionais e de misturas solo-cinza volante;
ii. Caracterização do comportamento mecânico dos solos e das misturas solo-cinza volante na

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condição compactada, por meio do índice CBR, Resistência à Compressão Simples (RCS);
iii. Comparação dos respectivos desempenhos de engenharia dos solos e das misturas solo-cinza
volante compactados por meio de parâmetros exigíveis em projetos rodoviários convencionais;
iv. Criação de um banco de dados geotécnicos relacionados ao aproveitamento de resíduos
industriais na melhoria de solos para fins de engenharia rodoviária.

2 Materiais e Métodos

Foram utilizados dois solos provenientes de uma empresa siderúrgica da região de Alto Paraopeba-MG,
sendo um solo proveniente do pátio de pelotização (solo marrom - SM) e um solo proveniente das
proximidades de um antigo britador (solo vermelho - SV). As amostras de solo foram coletadas de acordo com
a PRO 003 (DNER, 2015).
A cinza volante utilizada foi proveniente da empresa Comércio de Cinzas Lima Ltda, situada no
município de Capivari de Baixo-SC. Foi produzida pela queima de carvão mineral em usinas termoelétricas,
obedecendo aos requisitos da norma técnica NBR 12653 (ABNT, 2014).
As amostras de solos foram preparadas para os ensaios de acordo com as normas NBR NM 27 (ABNT,
2001) e NBR 6457 (ABNT, 2016a). A cinza volante, por ser um material de granulometria muito fina e com
partículas esféricas, não necessita de tratamento granulométrico e pode ser utilizada em ensaios experimentais
na forma recebida, afirma Tancredi (2010).
A cinza volante substituiu parcialmente os solos na proporção de 10% e 20% em relação à massa seca
dos mesmos. Na tabela 1 constam as misturas utilizadas nos ensaios.

Tabela 1. Composição das misturas utilizadas.


Material Solo (%) Cinza (%) Material Solo (%) Cinza (%)
SV 100 0 SM 100 0
SV-10 90 10 SM-10 90 10
SV-20 80 20 SM-20 80 20

Os seguintes ensaios de caracterização física foram realizados para as amostras de solo:


i. Granulometria conjunta – NBR 7181 (ABNT, 2016b);
ii. Limite de liquidez – NBR 6459 (ABNT, 2016c);
iii. Limite de plasticidade – NBR 7180 (ABNT, 2016d);
iv. Massa específica dos grãos - NBR 6508 (ABNT, 1984).
A cinza volante foi caracterizada através dos seguintes ensaios:
i. Massa específica dos sólidos - NBR 16605 (ABNT, 2017);
ii. Finura por peneiramento - NBR 11579 (ABNT, 2013);
iii. Finura pelo método de Blaine - NBR 16372 (ABNT, 2015).
Os solos puros e as misturas foram submetidos aos seguintes ensaios:
i. Compactação na energia Proctor Normal – NBR 7182 (ABNT, 2016e) e NBR 12023 (ABNT,
2012a);
ii. Resistência à compressão não confinada – NBR 12025 (ABNT, 2012b) e NBR 12770 (ABNT,
1992);
iii. Ensaios de Índice de Suporte Califórnia (CBR – California Bearing Ratio) – NBR 9895 (ABNT,
2016f).

3 Resultados

3.1 Caracterização física dos materiais

Dos ensaios de caracterização física dos solos foram obtidas as curvas granulométricas que constam na
figura 1, e na tabela 2 encontram-se os dados resultantes dos ensaios de granulometria, limites de Atterberg e
massa específica dos grãos.

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100

80
% que passa

60

40

20

0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetros (mm)
Solo vermelho Solo marrom
Figura 1. Curvas granulométricas.

Tabela 2. Resultados dos ensaios de caracterização: granulometria, limites de Atterberg e massa específica
dos grãos.
Propriedade analisada SV SM
% argila (φ < 0,002 mm) 8 10
% silte (0,002 mm < φ < 0,06 mm) 22 23
% areia (0,06 mm < φ < 2 mm) 26 27
% pedregulho (2 mm < φ < 60 mm) 44 40
LL (%) 67 34
LP (%) 36 27
IP (%) 31 7
ρs (g/cm³) 2,69 2,78

A partir dos dados de caracterização foi possível classificar os solos de acordo com o TRB
(Transportation Research Board), o USCS (Unified Soil Classification System) e o MCT (Miniatura
Compactado Tropical). O solo vermelho pode ser classificado como A-7-5 e o solo marrom como A-4 de
acordo com o sistema TRB. Através do sistema USCS classificam-se ambos os solos como SC. Segundo o
sistema de classificação MCT o solo vermelho foi classificado como LA’ e o solo marrom foi classificado
como LA.
Os resultados dos ensaios de caracterização da cinza volante são apresentados na tabela 3. A importância
em se conhecer a finura da cinza volante está relacionada com a sua atividade pozolânica, dado que uma maior
finura aumenta a velocidade das reações químicas de endurecimento.

Tabela 3. Resultados dos ensaios de caracterização da cinza volante.


Propriedades físicas Valor
Finura por peneiramento (%) 23,71
Finura por Blaine (cm²/g) 1788,24
Massa específica (g/cm³) 2,08
3.2 Compactação

Do ensaio de compactação na energia Proctor Normal foi possível obter a massa específica aparente
seca máxima, assim como a correspondente umidade ótima para cada mistura trabalhada. Tais parâmetros são
mostrados na tabela 4.

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Tabela 4. Parâmetros obtidos no ensaio de compactação.


Propriedade SV SV-10 SV-20 SM SM-10 SM-20
Wótimo (%) 31,1% 28,9% 26,6% 16,1% 17,0% 17,8%
d (g/cm³) 1,40 1,44 1,46 2,08 1,98 1,89

Os resultados mostram que à medida que a porcentagem de cinza volante aumenta nas misturas do solo
vermelho, a massa específica aparente seca também aumenta, e a umidade ótima diminui. Por outro lado,
analisando as misturas de solo marrom esse comportamento se inverte, e a massa específica aparente seca
tende a diminuir com o aumento da cinza volante nas misturas.
É comum associar a maior massa específica aparente seca com melhores respostas dos solos aos esforços
aos quais eles serão submetidos, nesse sentido, a adição de cinza volante ao solo vermelho é benéfica.

3.3 Resistência à compressão não confinada

Os valores médios de resistência a compressão simples para os corpos de prova compactados na energia
Proctor Normal são mostrados na figura 2. Os ensaios foram realizados em triplicada e os corpos de prova
foram levados à ruptura logo após a compactação, não havendo período de cura.

250,00 220,00 206,56


226,94
230,00 200,00 189,16
RCS (KPa)

RCS (KPa)

210,00 198,47 180,00


195,47
190,00 160,00 146,96
170,00 140,00

150,00 120,00

SV SV-10 SV-20 SM SM-10 SM-20

(a) Solo vermelho – cinza volante. (b) Solo marrom – cinza volante.
Figura 2. Valores de resistência à compressão simples para misturas solo - cinza volante.

É perceptível a melhora na resistência do solo vermelho com o aumento da porcentagem de cinza


volante na mistura. Com 20% de cinza, o solo apresentou um aumento de 16,10% na RCS em relação ao solo
puro. Esses resultados indicam que o desempenho do solo pode ser ainda melhor para maiores teores de cinza
volante.
O comportamento oposto foi observado no solo marrom. Com o aumento da proporção de cinza volante
o solo apenas reduziu sua RCS. Com 20% de cinza essa redução chegou a ser de 28,85%.

3.4 CBR

Com os parâmetros de ótimo da compactação foram moldados corpos de prova para realização dos
ensaios CBR. A figura 3 apresenta os valores de índice CBR e a figura 4 apresenta os valores de expansão
obtidos após 4 dias de imersão.

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14% 14%
12,19% 12,01%
12% 12%
10% 10%
CBR (%)

8% 6,96% 8%

CBR (%)
6,47% 5,88%
6% 6% 5,19%

4% 4%

2% 2%

0% 0%
SV SV-10 SV-20 SM SM-10 SM-20
(a) CBR do solo vermelho - cinza volante. (b) CBR do Solo marrom- cinza volante.
Figura 3. Índice CBR médio para as misturas solo - cinza volante.

As misturas dos dois solos apresentaram corportamento semelhante nos resultados de índice CBR. As
misturas com 10% de cinza volante apresentaram um maior valor CBR em comparação com os solos puros e
as misturas de 20%.

0,20% 0,19% 1,51%


0,18% 1,50%

0,15%
Expansão (%)
Expansão (%)

1,00%
0,10% 0,09%
0,64%

0,50% 0,43%
0,05%

0,00% 0,00%
SV SV-10 SV-20 SM SM-10 SM-20
(a) Expansão do solo vermelho – cinza volante. (b) Expansão do Solo marrom – cinza volante.
Figura 4. Expansão CBR para as misturas solo - cinza volante.

Assim como no índice CBR, os valores de expansão foram melhores para as misturas com 10% de cinza
volante e os solos tiveram comportamento semelhante no ensaio. O valor da expansão reduziu com 10% de
cinza, mas aumentou novamente com 20% tanto no solo vermelho, quanto no solo marrom.
O comportamento do solo vermelho e do solo marrom nos ensaios de CBR indicam uma proporção ideal
de cinza volante que deve ser adicionada na mistura, menor que 20%.
De acordo com Manual de Pavimentação (DNIT, 2006) as misturas de solo vermelho e solo marrom
com 10% de cinza volante são adequadas para o uso em reforço de subleito. Como as reações pozolânicas
presentes nas cinzas volantes são acontecem com períodos de cura mais elevados, possivelmente os valores de
índice CBR aumentariam. Os autores sugerem que estudos mais detalhados com períodos de cura para as
misturas de solo e cinza volante sejam realizados para verificar esta possibilidade.

4 Conclusões

Analisando o solo vermelho, a cinza volante foi responsável por um incremento significativo nas suas
propriedades mecânicas. Com 10% de cinza volante o solo apresentou uma melhora na RCS e significativas
melhoras no índice e expansão CBR. Apesar do aumento nas capacidades, o solo não pode ser usado como
sub-base pelo seu CBR inferior a 20%, apesar da expansão ser menor que 1%, valor recomendado para camada
de sub-base pelo Manual de Pavimentação (DNIT, 2006).
O solo marrom apresentou redução em sua RCS com o aumento no teor de cinza volante. Tais resultados
precisam ser avaliados com cura de 7 e 28 dias, entre outros, pois a expectativa é de aumento na resistência

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com o passar dos dias de cura devido ao desenvolvimento das reações cimentantes da cinza volante. No ensaio
de índice CBR o solo marrom mostrou melhora no desempenho com 10% de cinza em sua composição, mas,
assim como o solo vermelho, não se tornou adequado para o uso como sub-base, pelos mesmos motivos do
solo anterior.
A partir dos ensaios realizados pode-se concluir que a cinza volante foi responsável por algumas
melhorias no comportamento dos solos estudados, sobretudo no ensaio de índice e de expansão CBR para 10%
de cinza em ambos os solos. Esses resultados evidenciam um potencial de utilização da cinza volante em
estabilização de solos para fins de pavimentação. Os autores ressaltam que ensaios considerando variados
períodos de cura seriam importantes, pois a cinza volante ganha resistência com o passar do tempo devido às
suas propriedades pozolânicas.

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