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Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2021
ii
Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2021
iii
Índice
Dedicatória...................................................................................................................... vii
Agradecimento............................................................................................................... viii
Resumo ............................................................................................................................ ix
Abstract ............................................................................................................................. x
CAPÍTULO I ................................................................................................................ 14
1. Introdução ................................................................................................................... 14
1.3 Problematização........................................................................................................ 16
CAPÍTULO II ............................................................................................................... 19
CAPITULO IV.............................................................................................................. 37
CAPÍTULO V ............................................................................................................... 41
CAPITULO VI.............................................................................................................. 51
Conclusão ....................................................................................................................... 51
Sugestões ........................................................................................................................ 52
Bibliografia ..................................................................................................................... 53
ANEXOS ........................................................................................................................ 57
APÊNDICE .................................................................................................................... 60
vi
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Wairosse Miguel Wairosse, declaro por minha honra que esta monografia
científica é resultado da minha investigação e das orientações do meu supervisor. Nunca
foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico, o seu conteúdo é original e todas as fontes estão devidamente mencionadas
nas notas bibliográficas.
Dedicatória
Dedico ao meu querido pai e querida Mãe, Miguel Wairosse e Rita Jairosse, (In
memory), aos meus irmãos que foram sempre o motivo da minha luta…
viii
Agradecimento
A DEUS pela sua grandeza, misericórdia infinita, pelo DOM DA VIDA, sem Ele nada
na minha vida seria possível, Luz que me guia em momentos sombrios;
Aos meus queridos pais, Miguel Wairosse e Rita Jairosse (in memory) pelos
ensinamentos, são exemplo de vida, apesar de pouco tempo que estivemos juntos, sinto
vossa presença a cada pulsar da minha vida;
Aos docentes da Universidade Púnguè Extensão de Tete que foram grandes mestres e
que moldaram a minha vida ao longo desses quatro anos e em particular o meu
supervisor, Ringo Benjamim Victor que de forma paciente não deixou de acompanhar o
trabalho;
Aos meus amigos: Alexandre Adriano Canguru, Rocha Manuel Chirinza, Luís Gonzaga,
Fulgêncio Pedro Lourenço Gama, Rui Gimo, Eugénio António Remédio e Selmira dos
Santos, que tem sido mais que amigos, mais irmão não biológico nesta longa caminhada
da vida;
Os meus colegas no geral que estivemos sempre junto na discussão de vários temas
nesse percurso académico e que de forma particular ajudaram na elaboração deste
trabalho, e formamos uma grande família nesses quatros de formação, vai o nosso
agradecimento;
Ao Victor Benjamin Victor, pela prestigiada ajuda que me deu na elaboração dos
Mapas;
Resumo
As Geotecnologias são ferramentas básicas e bastante utilizadas no planeamento urbano, na gestão de
recursos hídricos e em estudos de susceptibilidade erosiva como deslizamentos de terra e inundações por
serem capazes de obter informações confiáveis e de baixo custo sejam elas qualitativas e/ou quantitativas.
O presente artigo objectivou avaliar o grau de Susceptibilidade as Inundações no Município de Tete –
Província de Tete e realizar a caracterização morfométrica da Bacia Hidrográfica do Zambeze (BHZ) na
Cidade de Tete. Esta pesquisa teve como base os parâmetros Morfométricos na identificação de áreas
susceptíveis a inundações. Os procedimentos metodológicos cingiram-se em pesquisa bibliográfica,
trabalho de gabinete, aplicação de técnicas de geoprocessamento em ambiente SIG, através do software
ArcMap 10.5. Os resultados da pesquisa mostram que a área de estudo possui uma área de
aproximadamente 287 Km² e um perímetro de 86,08 km, abrangendo nove (9) bairros. Com base no
cálculo dos índices morfométricos, obteve-se os seguintes valores: índice de factor forma (0,54),
coeficiente de compacidade (1,44) e índice de circularidade (0,48) e consoante a sua topografia possui um
relevo predominantemente plano. A soma desses factores permitiu concluir que a BHZ na Cidade Tete
possui uma tendência média a susceptibilidade de gerar grandes inundações ou picos de enchentes,
principalmente no lado Sul da Cidade.
Abstract
Geotechnologies are basic and widely used tools in urban planning, water resources management and
erosive susceptibility studies such as landslides and floods, as they are able to obtain reliable and low-cost
information, whether qualitative and/or quantitative. The present article aimed to evaluate the degree of
Susceptibility to Floods in the Municipality of Tete - Province of Tete - and to carry out the
morphometric characterization of the Zambezi River Basin (BHZ) in the City of Tete. This research was
based on Morphometric parameters in the identification of areas susceptible to flooding. The
methodological procedures were limited to bibliographic research, office work and application of
geoprocessing techniques in a GIS environment through ArcMap 10.5 software. The survey results show
that the study area has an area of approximately 287 km² and a perimeter of 86.08 km, covering nine (9)
neighborhoods. Based on the calculation of the morphometric indices, the following values were
obtained: form factor index (0.54), compactness coefficient (1.44) and circularity index (0.48), and in
relation to its topography it has a predominantly flat relief. The sum of these factors allowed us to
conclude that the BHZ in Tete City has an average tendency to susceptibility to generate large floods or
flood peaks, mainly on the south side of the city.
CT – Cidade de Tete
Hab – Habitantes
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Mapa 1: Localização geográfica da área de Estudo. ...................................................... 19
Mapa 2: Enquadramento Geológico. .............................................................................. 20
Mapa 3: Precipitação anual da Cidade de Tete............................................................... 21
Mapa 4: Solos da Cidade de Tete. .................................................................................. 23
Mapa 5: Uso actual da Terra e padrões de uso e ocupação. ........................................... 25
Mapa 6: Hierarquia Fluvial............................................................................................. 41
Mapa 7: Hipsometria e Declividade ............................................................................... 45
Mapa 8: Risco a inundações ........................................................................................... 48
LISTA DE QUADRO
Quadro 1: Atributos de Factor Forma ............................................................................ 34
Quadro 2: Atributos de valores de coeficiente de compacidade. ................................... 35
Quadro 3: Atributos de Valores de Densidade de Drenagem. ........................................ 36
Quadro 4: Resultados dos atributos Morfométricos da Cidade de Tete ......................... 47
LISTA DE TABELA
Tabela 1: Conceitos utilizados para definir as inundações. ............................................ 26
Tabela 2: Causas e impactos da urbanização sobre as inundações dos rios urbanos. .... 29
Tabela 3: Atributos Sócioambientais. ............................................................................. 38
Tabela 4: Características geométricas ............................................................................ 42
Tabela 5: Valores e interpretação de factor de forma (Ff), índice de circularidade (Ic) e,
coeficiente de compacidade (Kc). .................................................................................. 43
Tabela 6: Classes de Declividade ................................................................................... 45
Tabela 7: Dados históricos da BHZ ................................................................................ 49
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Elevação do nível de um rio provocada pelas chuvas e a diferença entre
inundações e enchente. ................................................................................................... 27
Figura 2: Narra as consequências das inundações na CT nos anos 2007 e 2018 ........... 28
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Termopluviométrico da Cidade de Tete 2020 ............................................... 21
Gráfico 1:Tendência dos últimos dez anos das temperaturas e a precipitação na Cidade
de Tete…………………………………………………………………………………22
xiii
Prólogo
CAPÍTULO I
1. Introdução
1
Cidade de Tete é cidade capital da província do mesmo nome na região central de Moçambique. Em
termos históricos, a cidade de Tete era um centro comercial Swail quando se estabeleceu o domínio
português por volta 1530 (SILVA, 2013 apud MACUVEIA: 2019).
2
Zambeze é um dos maiores rios e um dos mais importantes que atravessa o território nacional, com
cerca de 2.600 km de comprimento, é o 26º rio mais comprido do Mundo e o 4º em África, depois do Nilo
(6.700 km); Zaire (4.600 km) e Níger (4.200 km). A bacia hidrográfica é cerca de 1.330.000 km2, dos
quais só 3.000 km2 em território moçambicano, (MUCHANGO, 1999).
15
3
A palavra morfometria vem do Grego-Morphe que significa: a Forma, e associado a outro radical
metrikós do grego ou do latim metricu, que significa: acto de medir ou estabelecer medições. Portanto,
pode se afirmar que a morfometria é entendida como: análise qualitativa dos elementos do relevo, ou seja
a modelagem do relevo (expressão e configuração espacial). Disponível em:
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/01/principios-basicos-e-aplicacoes-da-
morfometria, visitado em 22.12. 2020
16
1.2 Justificativa
De acordo com Mendes e Cirilo (2001) apud Prochman (2014), diz que “é
essencial a existência de informações sistematizadas (…) sobre inundações numa área
urbana (…) para subsidiar, por exemplo, a previsão e o controle de processos naturais
ou induzidos pelo homem nas bacias (…) hidrográficas”.
A Cidade de Tete é considerada como uma Cidade de alto risco de ser afectada
por cheias por esta se localizar a jusante de três barragens hidroeléctricas. À luz do
Artigo 7º da Lei nº 15/2014 de 20 de Junho, que estabelece o Regime Jurídico da Gestão
das Calamidades (RJGC), refere que:
Compete aos governos provinciais e ao representante do Estado na autarquia
definir, no prazo de 180 dias após a entrada em vigor da Lei, as zonas de risco
de calamidades nas respectivas áreas de jurisdição, onde é interdita a
construção de habitações, mercados e outras infra-estruturas, excepto mediante
aplicação de tecnologias de construção adequadas.
Porem, apesar disso, até então constata-se que não existe um estudo exaustivo
que possa responder a problemática acima levantada, apesar de, o Município de Tete ter
identificado alguns pontos, como é o caso do Vale do Nhartanda4. É diante disso que o
estudo se propõe a dissertar, pela necessidade de mapear as áreas susceptíveis á
inundações na Cidade de Tete, por meio de cálculos dos parâmetros morfométricos e,
deste modo, apresentar a importância do estudo numa área urbana como subsídio ao
processo de tomada de decisões no planeamento físico no que tange a implantação de
infra-estruturas sociais e económicas, principalmente.
1.3 Problematização
A bacia hidrográfica do Zambeze localizada na parte central de Moçambique, é
um dos maiores rios e um dos mais importantes que atravessa o território nacional, ela
compreende três (3) sub-bacias: Bacia do Zambeze 1 e 2, e Bacia do Maué.
Segundo Teixeira, (S/d, Pág. 24) diz que, as províncias centrais têm sido as mais
propensas a cheias e ciclones tropicais (…). Segundo o mesmo autor diz que “as bacias
hidrográficas com maiores riscos de inundações de impactos sociais e económicos
severos são as do (…) Búzi, Pùngué, Zambeze e Licungo (…), e só na bacia do
Zambeze, nos últimos anos (…) registaram-se 20 eventos que resultaram na morte de
4
Vale de Nhartanda é uma área de protecção determinado pelo Município de Tete, por considerar – a,
susceptível a inundações periódicos além de ser uma área de captação de água subterrânea pela Empresa
pública FIPAG e do mesmo modo, fica protegido a contaminação do aquífero ali existente.
17
5
Dados referentes ao período dos anos 1979 a 2009, com uma média aproximada a um (01) evento a cada
ano, ou seja, a cada ano pelo menos acontece inundações ou cheias nos distritos a jusante do rio, por
exemplo nos Distritos de Mutarara, Doa, Caia, Maromeu, as águas chegam a nível de alerta em média
5.5m acima do nível, já nos distritos de Tete e Zumbo em que o leito é estreito, a média é de 5m acima do
nível, segundo os dados hidrométrico de 2017 da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos
DNGRH apud TEIXEIRA, S/d, Pág. 24).
18
1.4.1 Gerais
Avaliar o grau de Susceptibilidade as Inundações no Município de Tete –
Província de Tete, 2019-2021.
1.4.2 Específicos
Caracterizar a morfometria da Cidade de Tete;
Apresentar os factores Sócioambientais da área de estudo;
Calcular os parâmetros morfométricos;
Classificar gradualmente e mapear as áreas susceptíveis há inundações na
Cidade de Tete;
Apresentar a importância do estudo morfométrico numa área urbano como
subsidio no processo de tomada de decisões no planeamento físico-urbano e
implantação de infra-estruturas sócias e económicos.
19
CAPÍTULO II
2. Enquadramento geográfico, geológico e caracterização física da cidade de tete
2.1 Enquadramento Geográfico
O Distrito da Cidade de Tete6 localiza-se na região do Baixo Zambeze, Província
de Tete, tendo como seguintes limites geográficos: a Norte e Este, é limitado pelo
Distrito de Moatize, a Sul pelo Distrito de Changara, e por fim, a Oeste pelos Distrito de
Marara e Changara, respectivamente. Astronomicamente, localiza-se entre os paralelos
16º 03’ 20’’ e 16º 13’ 20’’ S e 33º 26’30’’ e 33’37’00’’ E. segundo o mapa 1 a seguir:
6
Segundo a PADCT (2015), diz que a “área total do Distrito de Cidade de Tete é de aproximadamente
287 km2”. Na administração municipal actual, a cidade de Tete é composta por 9 (nove) Bairros,
nomeadamente: Bairro Degue; B. Chingozi; B. Filipe Samuel Magaia; B. Francisco Manyanga; B. Josina
Machel; B. Mateus Sansão Muthemba; B. Matundo; Samora Machel e Bairro M’padué, sendo no entanto,
os Bairros Chingozi e Matundo, são um dos maiores e o primeiro, um dos melhores em termos de
arruamento e ocupação físico do solo, e já o segundo, um dos piores em termos de urbanização,
ordenamento territorial e saneamento do meio.
20
140
Precipitação
120 60
100
80 40
60
40 20
20
0 0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Meses
PMM TMM
Gráfico 3:Tendência dos últimos dez anos das temperaturas e a precipitação na Cidade
de Tete
Gráfico Termopluviométrico da Gráfico de Tendências das
Cd'T 2011/2020 Temperaturas e pluvisiodidade
da Cd'T
140 70 140 70
120 60 120 60
100 50 100 50
80 40 80 40
Temperatura
Temperatura
Precipitação
Precipitação
60 30 60 30
40 20 40 20
20 10 20 10
0 0 0 0
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Anos Anos
PMA TMA PMA TMA
2.3.2 Morfologia
A superfície da Cidade de Tete é heterogénea, variando entre as altitudes 100 m
e os 300m, segundo PADCT (2015), diz que toda a área do Distrito de Tete é
caracterizada pela predominância de Planícies (altitudes até aos 200 m), excepção feita
para os extremos norte e sudoeste do Distrito, que chega a alcançar altitudes de 300m, o
ponto mais alto do município é o Caloeira com 468 metro de altitude, de modo geral, a
cidade de Tete encontra-se a 147m acima do nível do mar.
2.3.3 Solos
No que se refere a pedologia, a Cidade de Tete apresenta os seguintes solos:
cambisols, calsisols e vertisols com os seguintes subgrupos: Eutri-Leptic Cambisols,
Petric Calcisols e Eutri-Pellic Vertisols, respectivamente.
Cambisols: Solos jovens e pouco desenvolvidos, geralmente sem horizontes
definidos ou apresentando ligeiros indícios de processos geoquímicos como ligeiras
variações de cor ou de acumulação de minerais argilosos.
Calcisols: Solos normalmente encontrados em regiões áridas e semiáridas,
apresentam uma elevada acumulação de carbonato de cálcio.
Vertisols: Solos com alto teor de argila, do tipo montmorilonite, que lhes confere
uma cor cinza escura – preta. Caracterizam-se pela sua elevada expansividade,
23
7
O Rio Révubuè, nasce junto à fronteira do Malawi, tem vário subafluente como: Condedzi e Ponfi,
Moatize e Mulongodzi, só para citar alguns. O rio percorre cercas de 302,48 quilómetros até desaguar por
foz no rio Zambeze, a sudeste da Cidade de Tete, no povoado de Benga. Cosmicamente, localiza-se nas
seguintes coordenadas: 16°10′44″S 33°37′07″E, disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Rev%C3%BAbo%C3%A9_River, acesso: 02.04.2020.
8
Na cidade de Tete, Rio o Zambeze inundou 3 quintas com culturas na zona verde da urbe, onde cerca de
50 casas se encontram submersas, Jornal Notícias Maputo, Sexta-Feira, 16 de Fevereiro de 2007,
disponível em: https://www.open.ac.uk. acesso: 16.06.2021.
25
9
“A 8 de Março de 2019, o bairro Chingodzi, na cidade de Tete, acordou sob alerta máximo devido às
cheias do rio Révubuè”, disponível em: https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-a-vida-em-
tete-um-ano-depois-das-cheias-do-rovubwe/a-52720445, acesso: 16.06.2021
26
CAPÍTULO III
2. Fundamentação teórica
Nesta secção, apresentamos conceitos básicos que permitiram a compreensão e
elaboração do trabalho e ajudaram também na análise e interpretação de dados. Destaca-
se conceitos como: morfometria de uma bacia hidrográfica, riscos a inundações,
inundações urbanas, bacia hidrográfica e parâmetros morfométricos de uma bacia
hidrográficas.
3.1 Inundações
As inundações é fenómeno natural extremo e temporário provocado por
precipitações moderadas por longos períodos ou por precipitações curtas, mas de
elevada intensidade, (INGC, 2016 apud RIBEIRO, 2019). Existem certas distinções
para os termos enchentes e inundações, que podem ser observadas na Tabela a seguir.
ocorreu inundações, quando o leito não consegue escoar tal volume de tal sorte que, as
águas extravasam o leito normal, como ilustra a figura a seguir:
1 2
Fonte:https://twitter.com/LigaTete/status/1103959006417244165/photo/2,
https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-cheias-em-tete-deixam-rasto-de-
destrui%C3%A7%C3%A3o/g-47850906, acesso, 20.07.2021
10
As cheias de 2007 inundaram grande parte do mercado Kuachena Ku Nhartanda, desalojou dezena de
vendedores, causando prejuízos enormes, aliás, foi um dos motivos pelos quais o mercado foi transferido
para Bairro Mateus Sansão Muthemba(grifo do autor, 2020).
29
11
As cheias que ocorreram em 2019 com transbordo do rio Révubuè, desalojou centena de munícipes,
destruição de habitações e até mesmo infra-estruturam como é o caso da Ponte sobre o Rio Révubuè que
liga a Cidade de Moatize a Cidade de Tete que ficou um (1) ano intransitável. (grifo do autor, 2020).
31
Quanto maior for área da bacia, maior será o volume de água que passará pelo
seu exutório, incitando o efeito das enchentes no interior dessa. A área da bacia é toda
área plana (projectada sobre o plano horizontal) limitada pelos divisores topográficos
da bacia ou, simplesmente, a área drenada pelo conjunto do sistema fluvial (BARBOSA
e JUNIOR, 2004).
Onde:
Ic: índice de circularidade;
A: Área total de Drenagem;
P2: Perímetro.
A susceptibilidade a enchente/inundações varia directamente em função da
circularidade da área de drenagem, quanto mais circular, mais água será retida e mais
sujeita a enchente ela será. O Ic=0,51 representa um nível moderado de escoamento,
não contribuindo na concentração de água, que desta forma possibilitam cheias rápidas.
Valores menores que 0,51 indicam uma tendência mais circular, favorecendo desta
forma os processos de inundações (cheias rápidas). Já os valores maiores tendem a ser
mais alongada favorecendo desta forma o processo de escoamento, (MULLER, 1953 &
SCHUMM, 1956).
percorrer um caminho mais longo até o exutório. Assim, tendem a apresentar cheias
mais distribuídas com menor vazão de pico, (VILLELA & MATTOS, 1975 pág. 13).
A avaliação da forma é efectuada a partir do cálculo de índices que procuram
relações com formas geométricas conhecidas. Dentre os método destaca-se factor de
forma e o índice de compacidade:
Onde:
Ff: Factor forma
A: área da bacia/drenagem
L2: comprimento do rio
√
35
Onde:
Kc = Coeficiente de compacidade;
P = Perímetro da bacia em km;
A = Área da bacia/drenagem em km².
CAPITULO IV
3. Metodologia de pesquisa
Neste capítulo, faz-se apresentação da metodologia utilizada para a elaboração
deste trabalho, desde a colecta de dados até a apresentação dos resultados esperados.
CAPÍTULO V
4. Análise e apresentação dos resultados
As ferramentas computacionais utilizadas no desenvolvimento deste trabalho
mostraram-se eficazes na manipulação dos dados e na simulação do espaço físico da
Cidade de Tete, porem, nessa secção procuramos responder as questões invocado logo
no início desse trabalho em consonância com os objectivos delineados.
12
Quer dizer que tem a forma ovular, com tendência de reter/acumular águas pluviais nos momentos de
precipitações intensas e que pode provocar inundações.
44
O mapa acima, evidência que cerca de 39,9 a 40,45% da cidade de Tete está
exposto o alto e médio risco a inundações, segundo Sá et al, (2016), afirma que o grau
de vulnerabilidade é determinado pelo tipo de ocupação que existe no local onde irá
incidir o evento. Há também aspectos de índole social importantes no aumento da
vulnerabilidade, tais como a idade das pessoas que poderão ser afectadas, o seu estado
de saúde, a possibilidade de fuga ou abrigo durante a ocorrência do evento, entre
outros”.
mesmo antes do perigo as afectar, (SÁ et al, 2016, Pag.17). O histórial das inundações
na Cidade Tete remota para o ano 1830, com uma frequência de uma cheia em cada 5
anos, como demostra a tabela a seguir.
13
O período de retorno é uma medida estatística que define o intervalo entre eventos, neste caso cheias
nos rios. O número de anos associado pode supor uma ocorrência regular de eventos, mas deve ser
realçado que é apenas um valor probabilístico. O inverso do período de retorno em anos representa a
probabilidade de ocorrência num ano apenas. Por exemplo, uma cheia com um período de retorno de
cheias de 20 anos ocorre com uma probabilidade de 0.05 em qualquer ano, (PETERSON, G. 2012, pág.
129).
50
CAPITULO VI
Conclusão
Do estudo efectuado conclui-se que:
Os resultados alcançados demonstram que, do ponto de vista de relevo, a Cidade
de Tete comporta-se como uma área de baixa fragilidade ambiental,
evidentemente desconsiderando-se os factores antropogênicos relacionados com
a ampla e extensiva ocupação humana em áreas susceptíveis.
A análise das características morfométricas permitiu verificar que a mesma, em
condições naturais, apresenta média susceptibilidade a enchentes, corroborada
pelos valores de coeficiente de compacidade, coeficiente de forma, densidade de
drenagem e índice de circularidade obtidos, bem como, pelas características
Hipsométrica e de declividade observadas.
A partir das características da rede de drenagem, pôde-se também concluir
claramente que: a área apresenta uma baixa densidade de drenagem, sugerindo
haver em momentos de precipitação, um moderado escoamento superficial e têm
uma área suficiente pequena para manter perenes os cursos de água.
As formas de construções informais que perfazem a maior parte da Cidade de
Tete, estão de certo modo em risco, devido a fragilidade técnica e resiliência a
eventos climáticos.
O uso de Geotecnologias foi de fundamental importância por permitir que as
análises morfométricas e de susceptibilidade da bacia fossem realizadas com
celeridade. As avaliações realizadas neste trabalho propiciaram embasamento
para elaboração preliminar do planeamento e gestão do uso do solo na Cidade de
Tete.
Os locais com pouca susceptibilidade à inundações são os bairros de expansão
como a Chimbonde, Chimadzi e Canongola, esses dois ultimo com alta
susceptibilidade de deslizamento de terra;
Bairros Chingozi, a Norte e a Sudeste dos Bairros Filipe Samuel Magaia,
Francisco Manyanga e Josina Machel, no vale do Nhartanda, mostraram que são
áreas propensas a inundações periódicas.
52
Sugestões
A aplicação do Geoprocessamento na análise das inundações foi útil e eficiente
para a determinação, quali-quantificação das classes de susceptibilidade em tempo hábil
e menor custos, permitindo, seu mapeamento e entendimento da organização do espaço
físico da área de estudo, permitindo deste modo a possível melhoria da qualidade de
vida da população. No entanto, a forma como ocupamos e planeamos o espaço físico
interfere certamente na nossa qualidade de vida e do ambiente. Deste modo, este estudo
permitirá orientar uma ocupação mais consciente e sustentável dos espaços, em forma
de sugestões o autor propõe:
Capacitação do pessoal responsável pelo ordenamento territorial na Cidade de
Tete, em matérias de uso, utilização e aplicações dos Sistemas de Informação
Geográficas e Sensoriamento Remoto nas diversas áreas de estudo e,
particularmente, no que concerne a análise mais profundos sobre o processo de
enchentes;
Promover o mapeamento da Cidade de Tete, em várias temáticas e escalas,
especialmente em escalas mais detalhadas para, o provimento de informações,
aos tomadores de decisão para que estes detenham de informações credíveis.
Elaborar um zoneamento geoambiental da área que permitirá planeamento
ambiental e políticas públicas para tomada de decisão dos recursos hídricos
desta área;
Fazer um ordenamento territorial com vista a distanciar os moradores das áreas
de risco;
Realizar a monitoria e avaliação no perímetro estudado sistematicamente;
A ARA – Zambeze Centro EP, deve promover uma comunicação mais
participativa de forma que a população que vive nas áreas ribeirinha tomem
conhecimento antecipadamente, uma vez que, este perderam a periodicidade e
épocas das cheias com a construção da Barragem de Cahora Bassa;
Sugere-se ainda que se realize mais estudos nas outras temáticas, principalmente
na área geoambiental e analise edáficos para a consistência da informação ora
produzida.
53
Bibliografia
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SÁ, Luís. Gestão do risco de inundação documento de apoio a boas práticas. 2016.
SANTOS, Raphael David dos et al. Manual de Descrição e Colecta de Solo no
Campo. 6ª Edição, Revista e Ampliada, Aviços, Editora SBCS, 2013.
ANEXOS
58
ANEXO: A
Mes JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2010 31.5 29.0 28.8 27.4 28.7 29.6 23.6 23.8 27.6 31.5 32.2 28.4
2011 28.7 29.5 29.7 28.1 26.2 24.7 22.3 23.3 27.3 29.3 30.0 30.0
2012 27.9 28.7 28.0 26.1 25.5 23.5 23.2 25.5 29.3 30.4 30.1 28.4
2013 27.3 27.7 29.6 27.2 28.0 24.6 24.2 26.1 28.6 29.8 30.4 29.3
2014 27.4 26.0 29.5 27.0 26.7 24.0 23.4 25.3 26.7 29.0 31.1 29.3
2015 26.7 27.6 28.3 25.8 25.5 24.2 25.2 26.1 27.1 30.5 31.0 29.9
2016 30.2 31.1 31.2 28.4 25.3 23.4 23.1 24.8 28.2 30.3 31.2 28.3
2017 28.1 29.3 27.2 26.7 25.4 23.6 23.6 24.9 27.9 30.7 28.7 29.5
2018 30.9 30.3 29.2 28.4 26.8 24.0 24.1 25.8 27.8 30.5 29.5 29.9
2019 27.9 28.2 28.1 27.9 25.4 28.5 24.4 25.7 27.0 30.6 31.2 30.4
2020 28.4 28.8 29.1 29.2 25.9 23.6 23.1 25.7 27.9 29.7 33.2 29.7
2021 29.3 30.2 28.6 27.5 25.6 24.0
Precipitações/ medias mensais/ Janeiro a Dezembro
Mes JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2011 195.6 38.5 28.6 67.0 6.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.6 46.0 263.9
2012 158,0 214,4 99,0 33,1 7,2 2,8 0,0 3,2 0,0 0,5 4,6 282,7
2013 196,3 172,4 12.5 0,0 0.0 0,0 5.9 0.0 0,0 19,6 107,3 166.7
2014 357,9 656,0 77.6 171.9 11.1 6.5 19.2 0.0 0,0 2.5 0.0 397,3
2015 968,2 567,4 175,6 7,2 6,5 1,7 0,0 0,0 0,0 0,0 105,4 282,7
2016 274,1 29.4 60.9 7,3 2,6 4,9 3.2 0,9 0.0 0.0 116,8 256,5
2017 152.0 267.1 135.4 1.1 0.0 0.0 0.0 0.9 0.0 0.4 125.1 130.3
2018 30,5 221,6 76,8 22,7 10,5 0,0 21,0 0.0 0.0 1.2 154.2 187.5
2019 345.3 305.6 124.5 10.7 0.1 8.4 2.4 2.5 0.0 0.8 85.5 26.1
2020 164.6 104.3 8.0 4.4 0.0 0.2 6.9 0.0 0.0 0.0 0.0 185.0
2021 141.2 78.4 2.4 0.1 0.0 0.2
Chefe de DOR
ANEXO: B
APÊNDICE
61
APÊNDICE: A
3 4
5 6