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Wairosse Miguel Wairosse

Caracterização Morfométrica da Bacia Hidrográfica do Rio Zambeze:


Uma contribuição na Identificação do Grau de Susceptibilidade à Inundações no
Município de Tete, 2019-2021
(Licenciatura em ensino de Geografia com Habilitação em História)

Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2021
ii

Wairosse Miguel Wairosse

Caracterização Morfométrica da Bacia hidrográfica do Rio Zambeze:


Uma contribuição na Identificação do Grau de Susceptibilidade à Inundações no
Município de Tete, 2019-2021
(Licenciatura em ensino de Geografia com Habilitação em História)

Monografia a ser apresentada na Faculdade de


Geociências e Ambiente, como requisito para obtenção
do grau académico de Licenciatura em ensino de
Geografia com Habilitação em História.

Supervisor: Prof. Dr. Ringo Benjamim Victor

Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2021
iii

Índice

DECLARAÇÃO DE HONRA ........................................................................................ vi

Dedicatória...................................................................................................................... vii

Agradecimento............................................................................................................... viii

Resumo ............................................................................................................................ ix

Abstract ............................................................................................................................. x

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ..................................................................... xi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................... xii

LISTA DE QUADRO .................................................................................................... xii

LISTA DE TABELA ...................................................................................................... xii

Prólogo .......................................................................................................................... xiii

CAPÍTULO I ................................................................................................................ 14

1. Introdução ................................................................................................................... 14

1.1 Delimitação do tema ................................................................................................. 15

1.2 Justificativa ............................................................................................................... 16

1.3 Problematização........................................................................................................ 16

1.4 Objectivos de Pesquisa ............................................................................................. 18

1.4.1 Gerais ..................................................................................................................... 18

1.4.2 Específicos ............................................................................................................. 18

CAPÍTULO II ............................................................................................................... 19

2. Enquadramento geográfico, geológico e caracterização física da cidade de tete ....... 19

2.1 Enquadramento Geográfico ...................................................................................... 19

2.2 Enquadramento Geológico ....................................................................................... 20

2.3 Caracterização edáfica .............................................................................................. 20

2.3.1 Clima e Precipitação .............................................................................................. 20

2.3.2 Morfologia ............................................................................................................. 22

2.3.3 Solos ...................................................................................................................... 22


iv

2.3.4 Recursos Hídricos .................................................................................................. 24

2.4 Caracterização Socioeconómica ............................................................................... 24

1.4.1 Histórico de Inundações e Cheia na Cidade de Tete ............................................. 24

2.4.1 Ocupação do Solo Urbano ..................................................................................... 25

CAPÍTULO III ............................................................................................................. 26

2. Fundamentação teórica ............................................................................................... 26

3.1 Inundações ................................................................................................................ 26

3.2 Risco de Inundação ................................................................................................... 27

3.2.1 Impacto das inundações ......................................................................................... 28

3.3 Urbanização e os problemas de inundação ............................................................... 29

3.4 Bacia Hidrográfica .................................................................................................... 30

2.4.1 Morfometria de uma bacia hidrográfica ................................................................ 31

3.4.2 Propriedades Morfométricas ................................................................................. 32

3.5 Característica Geométricas ....................................................................................... 32

3.5.1 Hierarquia Fluvial .................................................................................................. 32

3.5.2 Área da Drenagem (A) .......................................................................................... 32

3.5.2 Índice de circularidade (Ic) .................................................................................... 33

3.5.3 Índices de forma .................................................................................................... 33

3.5.4 Factor de forma (Ff) .............................................................................................. 34

3.5.5 Coeficiente de Compacidade ................................................................................. 34

3.6 Característica da Rede de Drenagem ........................................................................ 35

3.6.1 Densidade de Drenagem ........................................................................................ 35

CAPITULO IV.............................................................................................................. 37

3. Metodologia de pesquisa ............................................................................................ 37

4.1 Tipo de pesquisa ....................................................................................................... 37

4.1.1 Quanto a natureza .................................................................................................. 37

4.1.2 Quanto a forma de abordagem do problema ......................................................... 37


v

4.1.3 Quanto aos objectivos............................................................................................ 37

4.2 Trabalho de gabinete ................................................................................................ 38

4.2.1 Pesquisa bibliográfica ............................................................................................ 38

4.2.2 Método Cartográfico.............................................................................................. 38

4.2.3 Modelo Digital de Elevação (MDE) ...................................................................... 39

4.2.4 Mapa de Declividade ............................................................................................. 39

4.2.5 Mapa de Precipitação............................................................................................. 40

CAPÍTULO V ............................................................................................................... 41

4. Análise e apresentação dos resultados ........................................................................ 41

5.1 Características Geométricas ..................................................................................... 41

5.2 Característica do Relevo ........................................................................................... 44

5.3 Características da Rede de Drenagem ...................................................................... 46

5.4 Mapeamento das áreas susceptíveis ......................................................................... 48

5.4.1 Compreensão histórica das inundação e definição de zonas de riscos .................. 48

CAPITULO VI.............................................................................................................. 51

Conclusão ....................................................................................................................... 51

Sugestões ........................................................................................................................ 52

Bibliografia ..................................................................................................................... 53

ANEXOS ........................................................................................................................ 57

APÊNDICE .................................................................................................................... 60
vi

DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Wairosse Miguel Wairosse, declaro por minha honra que esta monografia
científica é resultado da minha investigação e das orientações do meu supervisor. Nunca
foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico, o seu conteúdo é original e todas as fontes estão devidamente mencionadas
nas notas bibliográficas.

O trabalho foi publicado como artigo científico, no terceiro número do Boletim


GeoÁfrica, revista de Geografia e Estudos africanos, se encontra disponível no portal
dos periódicos da UFRJ. O dossiê temático deste número é consagrado ao Turismo na
África subsaariana. Link de acesso: https://revistas.ufrj.br/index.php/bg/index
vii

Dedicatória

Dedico ao meu querido pai e querida Mãe, Miguel Wairosse e Rita Jairosse, (In
memory), aos meus irmãos que foram sempre o motivo da minha luta…
viii

Agradecimento
A DEUS pela sua grandeza, misericórdia infinita, pelo DOM DA VIDA, sem Ele nada
na minha vida seria possível, Luz que me guia em momentos sombrios;

Aos meus queridos pais, Miguel Wairosse e Rita Jairosse (in memory) pelos
ensinamentos, são exemplo de vida, apesar de pouco tempo que estivemos juntos, sinto
vossa presença a cada pulsar da minha vida;

Aos docentes da Universidade Púnguè Extensão de Tete que foram grandes mestres e
que moldaram a minha vida ao longo desses quatro anos e em particular o meu
supervisor, Ringo Benjamim Victor que de forma paciente não deixou de acompanhar o
trabalho;

Aos meus amigos: Alexandre Adriano Canguru, Rocha Manuel Chirinza, Luís Gonzaga,
Fulgêncio Pedro Lourenço Gama, Rui Gimo, Eugénio António Remédio e Selmira dos
Santos, que tem sido mais que amigos, mais irmão não biológico nesta longa caminhada
da vida;

Ao pessoal da Empresa Afrox Mozambique, pela prestigiada ajuda, força e


oportunidade que me deram no período que estive a trabalhar, em particular na pessoa
do seu Director Comercial John José Muchava e ao Benedito Novela, pelo incentivo,
vai o meu especial Tathenda;

Os meus colegas no geral que estivemos sempre junto na discussão de vários temas
nesse percurso académico e que de forma particular ajudaram na elaboração deste
trabalho, e formamos uma grande família nesses quatros de formação, vai o nosso
agradecimento;

Ao Victor Benjamin Victor, pela prestigiada ajuda que me deu na elaboração dos
Mapas;

Ao INAM delegação de Tete, na pessoa do Senhor Tónico de Jesus A. Cangolongondo,


pelos dados Termopluviométricos;

A ARA-Zambeze Centro E.P, pelos dados de nível Hidrométricos, na pessoa do senhor


Moisés Paulo Macambaco;

E por fim, aos fotógrafo Sérgio Vinga, pelas imagens.


ix

Resumo
As Geotecnologias são ferramentas básicas e bastante utilizadas no planeamento urbano, na gestão de
recursos hídricos e em estudos de susceptibilidade erosiva como deslizamentos de terra e inundações por
serem capazes de obter informações confiáveis e de baixo custo sejam elas qualitativas e/ou quantitativas.
O presente artigo objectivou avaliar o grau de Susceptibilidade as Inundações no Município de Tete –
Província de Tete e realizar a caracterização morfométrica da Bacia Hidrográfica do Zambeze (BHZ) na
Cidade de Tete. Esta pesquisa teve como base os parâmetros Morfométricos na identificação de áreas
susceptíveis a inundações. Os procedimentos metodológicos cingiram-se em pesquisa bibliográfica,
trabalho de gabinete, aplicação de técnicas de geoprocessamento em ambiente SIG, através do software
ArcMap 10.5. Os resultados da pesquisa mostram que a área de estudo possui uma área de
aproximadamente 287 Km² e um perímetro de 86,08 km, abrangendo nove (9) bairros. Com base no
cálculo dos índices morfométricos, obteve-se os seguintes valores: índice de factor forma (0,54),
coeficiente de compacidade (1,44) e índice de circularidade (0,48) e consoante a sua topografia possui um
relevo predominantemente plano. A soma desses factores permitiu concluir que a BHZ na Cidade Tete
possui uma tendência média a susceptibilidade de gerar grandes inundações ou picos de enchentes,
principalmente no lado Sul da Cidade.

Palavras-chave: riscos; planeamento ambiental; inundações; vulnerabilidade sócio ambiental.


x

Abstract
Geotechnologies are basic and widely used tools in urban planning, water resources management and
erosive susceptibility studies such as landslides and floods, as they are able to obtain reliable and low-cost
information, whether qualitative and/or quantitative. The present article aimed to evaluate the degree of
Susceptibility to Floods in the Municipality of Tete - Province of Tete - and to carry out the
morphometric characterization of the Zambezi River Basin (BHZ) in the City of Tete. This research was
based on Morphometric parameters in the identification of areas susceptible to flooding. The
methodological procedures were limited to bibliographic research, office work and application of
geoprocessing techniques in a GIS environment through ArcMap 10.5 software. The survey results show
that the study area has an area of approximately 287 km² and a perimeter of 86.08 km, covering nine (9)
neighborhoods. Based on the calculation of the morphometric indices, the following values were
obtained: form factor index (0.54), compactness coefficient (1.44) and circularity index (0.48), and in
relation to its topography it has a predominantly flat relief. The sum of these factors allowed us to
conclude that the BHZ in Tete City has an average tendency to susceptibility to generate large floods or
flood peaks, mainly on the south side of the city.

KEYWORDS: risks; environmental planning; floodings; socio-environmental vulnerability.


xi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BHZ – Bacia Hidrográfica do Zambeze

SIG – Sistema de Informação Geográfica

MDE – Modelo de Elevação Digital

CT – Cidade de Tete

RJGC – Regime Jurídico de Gestação de Calamidade

IIAM – Instituto de Investigação Agraria de Moçambique

DNG – Direcção Nacional de Geologia

INAM – Instituto Nacional de Mateologia

ARA-Zambeze Centro E.P – Administração Regional das Águas do Zambeze

FIPAG – Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água

INE – Instituto Nacional de Estatística

Hab – Habitantes

MOPHRH – Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos


xii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Mapa 1: Localização geográfica da área de Estudo. ...................................................... 19
Mapa 2: Enquadramento Geológico. .............................................................................. 20
Mapa 3: Precipitação anual da Cidade de Tete............................................................... 21
Mapa 4: Solos da Cidade de Tete. .................................................................................. 23
Mapa 5: Uso actual da Terra e padrões de uso e ocupação. ........................................... 25
Mapa 6: Hierarquia Fluvial............................................................................................. 41
Mapa 7: Hipsometria e Declividade ............................................................................... 45
Mapa 8: Risco a inundações ........................................................................................... 48

LISTA DE QUADRO
Quadro 1: Atributos de Factor Forma ............................................................................ 34
Quadro 2: Atributos de valores de coeficiente de compacidade. ................................... 35
Quadro 3: Atributos de Valores de Densidade de Drenagem. ........................................ 36
Quadro 4: Resultados dos atributos Morfométricos da Cidade de Tete ......................... 47

LISTA DE TABELA
Tabela 1: Conceitos utilizados para definir as inundações. ............................................ 26
Tabela 2: Causas e impactos da urbanização sobre as inundações dos rios urbanos. .... 29
Tabela 3: Atributos Sócioambientais. ............................................................................. 38
Tabela 4: Características geométricas ............................................................................ 42
Tabela 5: Valores e interpretação de factor de forma (Ff), índice de circularidade (Ic) e,
coeficiente de compacidade (Kc). .................................................................................. 43
Tabela 6: Classes de Declividade ................................................................................... 45
Tabela 7: Dados históricos da BHZ ................................................................................ 49

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Elevação do nível de um rio provocada pelas chuvas e a diferença entre
inundações e enchente. ................................................................................................... 27
Figura 2: Narra as consequências das inundações na CT nos anos 2007 e 2018 ........... 28

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Termopluviométrico da Cidade de Tete 2020 ............................................... 21
Gráfico 1:Tendência dos últimos dez anos das temperaturas e a precipitação na Cidade
de Tete…………………………………………………………………………………22
xiii

Prólogo

A formação superior de qualidade é levar os


conhecimentos que mundo mete a disposição para
dar solução aos problemas locais, do país e
regionais… (Severino Nguenha)
14

CAPÍTULO I
1. Introdução

Moçambique é um país que dada a sua localização é frequentemente afectado


por eventos climáticos extremos, notadamente: ciclones, cheias e secas que
consubstancia, por um lado, as alterações climáticas. Estima-se que em Moçambique
cerca de 60% da população vive ou habitam nas costas e margens dos rios, estando
assim expostos aos eventos climáticos e hidrológicos, o que lhes propícia, portanto,
maior vulnerável à tempestades tropicais, cheias e inundações, só para citar alguns
exemplos.
A Cidade de Tete1 encontra-se entre as margens do rio Zambeze2 estando assim
a maior susceptibilidade a eventos hidrológicos como tais. A esse respeito, PADCT
(2015) afirma que a “Cidade de Tete é uma Cidade de alto risco por ser afectada por
cheias”. Este fato é exacerbado pelo armazenamento da Albufeira de Cahora Bassa que
é afectado pela capacidade de armazenamento das grandes Albufeiras de Kariba e
Itezhi-Tezhi que se encontram à montante.
O fenómeno das inundações é um evento natural, que se caracteriza pelo
extravasamento da água do leito normal do rio, facto propiciado por precipitações
intensas fazendo com que a quantidade de água que chega simultaneamente para um
ponto do rio seja maior do que sua capacidade de escoamento, (DEFESA CIVIL, 1996
apud PROCHMAN, 2014).
Segundo mesmo autor, diz que: “As inundações nas áreas urbanas acarretam
transtornos e prejuízos para a população, e muitas vezes resultam em vítimas, se
agravando em função do aumento da urbanização, o uso indevido da terra, assoreamento
dos rios, (…) e principalmente a ocupação das áreas susceptíveis à inundação”.

1
Cidade de Tete é cidade capital da província do mesmo nome na região central de Moçambique. Em
termos históricos, a cidade de Tete era um centro comercial Swail quando se estabeleceu o domínio
português por volta 1530 (SILVA, 2013 apud MACUVEIA: 2019).
2
Zambeze é um dos maiores rios e um dos mais importantes que atravessa o território nacional, com
cerca de 2.600 km de comprimento, é o 26º rio mais comprido do Mundo e o 4º em África, depois do Nilo
(6.700 km); Zaire (4.600 km) e Níger (4.200 km). A bacia hidrográfica é cerca de 1.330.000 km2, dos
quais só 3.000 km2 em território moçambicano, (MUCHANGO, 1999).
15

Por outro lado, é de deveras importantes caracterizar a morfometria3 da Cidade


de Tete, de modo a compreender a dinâmica hidrológica. Este estudo constitui como
ferramenta de grande importância para a compreensão de ocorrência de eventos como
tais. O objecto de estudo deste trabalho é: Caracterizar a morfometria da CT e assim
compreender a vulnerabilidade da mesma às inundações, tendo como base, os
parâmetros Morfométricas.
Para a prossecução dos objectivos do trabalho, aplicou – se as Geotecnologias
(Sistema de Informação Geográfica SIG) como ferramentas de análise espacial e
simulação. Usou-se o Software ArcGIS 10.5 ®, versão ARCMap10.5, que permitiu na
representação de fenómenos naturais e artificiais/antrópicas e ainda ajudou na análise e
interpretação dos dados obtidos e os respectivos resultado.
O presente trabalho está estruturado da seguinte, maneira, no primeiro capítulo
consta uma breve contextualização do trabalho, onde temos a introdução, os objectivos,
a problematização, justificativa e a delimitação do tema, já no segundo capitulo, temos a
caracterização física da área de estudo, onde consta a localização da área, a
caracterização edáfica e o uso do solo.
No terceiro capitula temos o embasamento teórico, onde consta os conceitos
principais que nos facilitaram na compreensão do tema e na interpretação de dados,
seguidamente temos o quarto capítulo, onde temos o rol das metodologias, o quinto,
consta a análise e interpretação de dados e finalmente, temos o sexto capitulo, onde
conclusões e sugestões.

1.1 Delimitação do tema


A pesquisa teve como área de estudo a Cidade de Tete, especificamente a área
urbana no período compreendido entre 2019 a 2021. Vale a pena ainda referir que o
tema em estudo enquadra-se na linha de pesquisa: Sociedade e Território.

3
A palavra morfometria vem do Grego-Morphe que significa: a Forma, e associado a outro radical
metrikós do grego ou do latim metricu, que significa: acto de medir ou estabelecer medições. Portanto,
pode se afirmar que a morfometria é entendida como: análise qualitativa dos elementos do relevo, ou seja
a modelagem do relevo (expressão e configuração espacial). Disponível em:
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/01/principios-basicos-e-aplicacoes-da-
morfometria, visitado em 22.12. 2020
16

1.2 Justificativa
De acordo com Mendes e Cirilo (2001) apud Prochman (2014), diz que “é
essencial a existência de informações sistematizadas (…) sobre inundações numa área
urbana (…) para subsidiar, por exemplo, a previsão e o controle de processos naturais
ou induzidos pelo homem nas bacias (…) hidrográficas”.
A Cidade de Tete é considerada como uma Cidade de alto risco de ser afectada
por cheias por esta se localizar a jusante de três barragens hidroeléctricas. À luz do
Artigo 7º da Lei nº 15/2014 de 20 de Junho, que estabelece o Regime Jurídico da Gestão
das Calamidades (RJGC), refere que:
Compete aos governos provinciais e ao representante do Estado na autarquia
definir, no prazo de 180 dias após a entrada em vigor da Lei, as zonas de risco
de calamidades nas respectivas áreas de jurisdição, onde é interdita a
construção de habitações, mercados e outras infra-estruturas, excepto mediante
aplicação de tecnologias de construção adequadas.

Porem, apesar disso, até então constata-se que não existe um estudo exaustivo
que possa responder a problemática acima levantada, apesar de, o Município de Tete ter
identificado alguns pontos, como é o caso do Vale do Nhartanda4. É diante disso que o
estudo se propõe a dissertar, pela necessidade de mapear as áreas susceptíveis á
inundações na Cidade de Tete, por meio de cálculos dos parâmetros morfométricos e,
deste modo, apresentar a importância do estudo numa área urbana como subsídio ao
processo de tomada de decisões no planeamento físico no que tange a implantação de
infra-estruturas sociais e económicas, principalmente.

1.3 Problematização
A bacia hidrográfica do Zambeze localizada na parte central de Moçambique, é
um dos maiores rios e um dos mais importantes que atravessa o território nacional, ela
compreende três (3) sub-bacias: Bacia do Zambeze 1 e 2, e Bacia do Maué.
Segundo Teixeira, (S/d, Pág. 24) diz que, as províncias centrais têm sido as mais
propensas a cheias e ciclones tropicais (…). Segundo o mesmo autor diz que “as bacias
hidrográficas com maiores riscos de inundações de impactos sociais e económicos
severos são as do (…) Búzi, Pùngué, Zambeze e Licungo (…), e só na bacia do
Zambeze, nos últimos anos (…) registaram-se 20 eventos que resultaram na morte de

4
Vale de Nhartanda é uma área de protecção determinado pelo Município de Tete, por considerar – a,
susceptível a inundações periódicos além de ser uma área de captação de água subterrânea pela Empresa
pública FIPAG e do mesmo modo, fica protegido a contaminação do aquífero ali existente.
17

1080 pessoas e mais de 7.6 milhões de afectados5, (Jornal Notícias, de 17 de Agosto de


2011 apud Teixeira, Pág. 24, S/d). As características Geomorfológicas da região do
médio e alto Zambeze fazem na, de modo geral, uma região com menor grau de
susceptibilidade à inundações, assim como as zonas altas dos Distritos de Zumbo e
Cahora Bassa, diferentemente do Baixo Zambeze nos Distritos de Mutarara, Doa e Caia,
nas províncias de Tete e Sofala respectivamente.
Portanto, apesar de alguns autores afirmarem que a possibilidade de haver
inundações na Cidade de Tete é remota devido a sua altimetria. O estudo feito por
Bande, (2019, Pág. 38), indicam que: “em média, há ocorrência de uma cheia em cada 5
anos, com o caudal máximo de 8 800 m3/s, em cada 10 anos”. Diante dos pressuposto
acima apresentados, levantou-se as seguintes questões orientadores da pesquisa:
 Qual é o grau de vulnerabilidades que a Cidade de Tete apresenta relativamente
à inundações?
 Que Característica Morfométricas a Cidade de Tete apresenta para que esteja
susceptível a inundações?
 De que maneira o estudo morfométrico ajudará na tomada de decisões e
consequentemente a minimização e controle das inundações urbanas na Cidade
de Tete?

5
Dados referentes ao período dos anos 1979 a 2009, com uma média aproximada a um (01) evento a cada
ano, ou seja, a cada ano pelo menos acontece inundações ou cheias nos distritos a jusante do rio, por
exemplo nos Distritos de Mutarara, Doa, Caia, Maromeu, as águas chegam a nível de alerta em média
5.5m acima do nível, já nos distritos de Tete e Zumbo em que o leito é estreito, a média é de 5m acima do
nível, segundo os dados hidrométrico de 2017 da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos
DNGRH apud TEIXEIRA, S/d, Pág. 24).
18

1.4 Objectivos de Pesquisa


Os objectivos que orientaram o desenvolvimento da pesquisa e, a posterior
materialização dos resultados esperados são abaixo citados:

1.4.1 Gerais
 Avaliar o grau de Susceptibilidade as Inundações no Município de Tete –
Província de Tete, 2019-2021.

1.4.2 Específicos
 Caracterizar a morfometria da Cidade de Tete;
 Apresentar os factores Sócioambientais da área de estudo;
 Calcular os parâmetros morfométricos;
 Classificar gradualmente e mapear as áreas susceptíveis há inundações na
Cidade de Tete;
 Apresentar a importância do estudo morfométrico numa área urbano como
subsidio no processo de tomada de decisões no planeamento físico-urbano e
implantação de infra-estruturas sócias e económicos.
19

CAPÍTULO II
2. Enquadramento geográfico, geológico e caracterização física da cidade de tete
2.1 Enquadramento Geográfico
O Distrito da Cidade de Tete6 localiza-se na região do Baixo Zambeze, Província
de Tete, tendo como seguintes limites geográficos: a Norte e Este, é limitado pelo
Distrito de Moatize, a Sul pelo Distrito de Changara, e por fim, a Oeste pelos Distrito de
Marara e Changara, respectivamente. Astronomicamente, localiza-se entre os paralelos
16º 03’ 20’’ e 16º 13’ 20’’ S e 33º 26’30’’ e 33’37’00’’ E. segundo o mapa 1 a seguir:

Mapa 1: Localização geográfica da área de Estudo.

Fonte: Autor, (2021).

6
Segundo a PADCT (2015), diz que a “área total do Distrito de Cidade de Tete é de aproximadamente
287 km2”. Na administração municipal actual, a cidade de Tete é composta por 9 (nove) Bairros,
nomeadamente: Bairro Degue; B. Chingozi; B. Filipe Samuel Magaia; B. Francisco Manyanga; B. Josina
Machel; B. Mateus Sansão Muthemba; B. Matundo; Samora Machel e Bairro M’padué, sendo no entanto,
os Bairros Chingozi e Matundo, são um dos maiores e o primeiro, um dos melhores em termos de
arruamento e ocupação físico do solo, e já o segundo, um dos piores em termos de urbanização,
ordenamento territorial e saneamento do meio.
20

2.2 Enquadramento Geológico


Geologicamente a Cidade de Tete encontra-se na unidade Geológica do Pré-
câmbrico que corresponde a cerca de 4% da área do Município e que inclui a era
geológica: Mesoproterozóico (1600 M.a.-600 M.a.) e moçambicano (1100 M.a.-900
M.a.) e a unidade Fanerozóica que corresponde a 96% da área do Município, e que
inclui a era geológica Paleozóica e contempla o período Permiano/Triássico, a era
Paleo-Mesozóica e integra o período Permiano/Triásico e a era Cenozóica e respectivo
período Quaternário, (PDACT:2015). Como ilustra o mapa 2 a baixo.

Mapa 2: Enquadramento Geológico.

Elaborado pelo Autor, (2021)

2.3 Caracterização edáfica


2.3.1 Clima e Precipitação
Segundo a PDACT: (2015), diz que a temperatura média anual da Cidade de
Tete é de 26,5ºC, observando-se uma amplitude térmica anual relativa inferior a cerca
de 8ºC. O mês de Novembro é o mais quente do ano (30,0ºC). Em Julho regista-se a
temperatura mais baixa de todo o ano (21,7 °C).
21

Já as precipitações segundo a mesma fonte, diz que a precipitação média anual é


de cerca de 648 mm, com 99% desta a ocorrer entre os meses de Novembro a Abril.
Janeiro apresenta-se como o mês mais chuvoso, com precipitação mensal de cerca de
170 mm. O período seco ocorre tipicamente entre Maio e Outubro, com médias mensais
de precipitação inferiores a 5 mm., como ilustra o mapa 3 a seguir.

Mapa 3: Precipitação anual da Cidade de Tete.

Elaborado pelo autor, (2021).

Gráfico 2: Termopluviométrico da Cidade de Tete 2020


200 100
180
160 80
Temperaturas

140
Precipitação

120 60
100
80 40
60
40 20
20
0 0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Meses

PMM TMM

Elaborado pelo autor, (2021)


22

Gráfico 3:Tendência dos últimos dez anos das temperaturas e a precipitação na Cidade
de Tete
Gráfico Termopluviométrico da Gráfico de Tendências das
Cd'T 2011/2020 Temperaturas e pluvisiodidade
da Cd'T

140 70 140 70
120 60 120 60
100 50 100 50
80 40 80 40

Temperatura
Temperatura
Precipitação

Precipitação
60 30 60 30
40 20 40 20
20 10 20 10
0 0 0 0
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020

2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Anos Anos
PMA TMA PMA TMA

Elaborado pelo autor, (2021)

2.3.2 Morfologia
A superfície da Cidade de Tete é heterogénea, variando entre as altitudes 100 m
e os 300m, segundo PADCT (2015), diz que toda a área do Distrito de Tete é
caracterizada pela predominância de Planícies (altitudes até aos 200 m), excepção feita
para os extremos norte e sudoeste do Distrito, que chega a alcançar altitudes de 300m, o
ponto mais alto do município é o Caloeira com 468 metro de altitude, de modo geral, a
cidade de Tete encontra-se a 147m acima do nível do mar.

2.3.3 Solos
No que se refere a pedologia, a Cidade de Tete apresenta os seguintes solos:
cambisols, calsisols e vertisols com os seguintes subgrupos: Eutri-Leptic Cambisols,
Petric Calcisols e Eutri-Pellic Vertisols, respectivamente.
Cambisols: Solos jovens e pouco desenvolvidos, geralmente sem horizontes
definidos ou apresentando ligeiros indícios de processos geoquímicos como ligeiras
variações de cor ou de acumulação de minerais argilosos.
Calcisols: Solos normalmente encontrados em regiões áridas e semiáridas,
apresentam uma elevada acumulação de carbonato de cálcio.
Vertisols: Solos com alto teor de argila, do tipo montmorilonite, que lhes confere
uma cor cinza escura – preta. Caracterizam-se pela sua elevada expansividade,
23

conferindo-lhes um pronunciado fendilhamento quando secos e grande plasticidade


e adesividade, quando em estado húmido.
Segundo PADCT, (2015) diz que, análise dos solos do Vale do Zambeze teve
como referência três cartas de solos do território moçambicano, a referir: à escala 1:1
000 000, a base publicada pelo INAM; à escala 1:2 000 000, a base publicada pelo Soil
and Terrain Database for Southern Africa – International Soil Reference and
Information Center (SOTERSAF, 2003); e à escala 1:3 000 000, a base do Atlas de
Solos de África (Soil Atlas of África, 2013). As três referências utilizam classificação da
Base de Referência para os Solos do Mundo – World Reference Base for Soil Resouces
(WRB) (FAO, 2006). Como elucida o mapa a seguir de solos.

Mapa 4: Solos da Cidade de Tete.

Elaborado pelo autor, (2021).


24

2.3.4 Recursos Hídricos


A rede hidrográfica da Cidade de Tete é composta pelos rios Zambeze e
7
Révubuè, de regime permanente e o rio Mufa de regime periódico. O Rio Révubuè
constitui um dos principais afluentes do rio Zambeze nessa parcela e é considerado um
rio perene, não obstante a isso, aos escoamentos superficiais serem baixos no período de
estiagem. Além desses rios, a cidade de Tete possui outros rios, como é o caso de: rio
Quiro, Pote-Pote, Nhamularo e Mufa. O aluvião (como o vale de Nhartanda) tem um
potencial como reserva de água para a instalação de furos, ainda que dependente das
oscilações do próprio rio e das variações interanulais entre a época seca e a época
chuvosa. No entanto esta reserva que abastece a cidade de Tete está em risco de se
esgotar devido a várias agressões humanas.

2.4 Caracterização Socioeconómica


1.4.1 Histórico de Inundações e Cheia na Cidade de Tete
Historicamente as cheias no Vale do Zambeze remota ao ano de 1830 e sempre
fizeram parte da história da população local. A população resguarda nas suas memorias
os impactos negativos desses eventos, porem, com a construção da Barragem de Cahora
Bassa em 1976, “as cheias são descritas como sendo muito irregulares em termos de
periodicidade, magnitude, duração, frequência, e dos níveis de subida e descida da água,
(…), (DOLORES & RIBEIRO, 2011, pag.7)”.
Em consequência disso, as comunidades locais, perderam na sua memória
periodicidade e épocas dos eventos hídricos, e é por isso que os mesmos autores
afirmam que: “as Cheias BRZ são imprevisíveis, porque apenas as de magnitude
elevadas não são contidas pela Barragem de Cahora Bassa”.
As Inundações mais graves que estão gravados nas memórias dos munícipes da
Cidade de Tete são as de 2000-2001 que resultaram em perdas humanas, económicas e
caos social significativas, de 2007 – 20088 e finalmente, as 20199 que resultaram no
desalojamento de dezenas de munícipes do Bairro Chingozi e vítimas humanas.

7
O Rio Révubuè, nasce junto à fronteira do Malawi, tem vário subafluente como: Condedzi e Ponfi,
Moatize e Mulongodzi, só para citar alguns. O rio percorre cercas de 302,48 quilómetros até desaguar por
foz no rio Zambeze, a sudeste da Cidade de Tete, no povoado de Benga. Cosmicamente, localiza-se nas
seguintes coordenadas: 16°10′44″S 33°37′07″E, disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Rev%C3%BAbo%C3%A9_River, acesso: 02.04.2020.
8
Na cidade de Tete, Rio o Zambeze inundou 3 quintas com culturas na zona verde da urbe, onde cerca de
50 casas se encontram submersas, Jornal Notícias Maputo, Sexta-Feira, 16 de Fevereiro de 2007,
disponível em: https://www.open.ac.uk. acesso: 16.06.2021.
25

2.4.1 Ocupação do Solo Urbano


Segundo Mucuvela: (2019) diz que “Tete é uma das Cidades mais antigas de
Moçambique e da África Austral, conhecida por Nyaacolo em meados do século XVI
(…)”, ela passou a categoria de Câmara Municipal em Agosto de 1956, depois, em 21
de Março de 1959 foi levada à categoria de cidade através da portaria nº 13043 do
Boletim Oficial nº 12/1959 (LOURENÇO, 2010 apud MUCUVELA: 2019).
O crescimento urbano da Cidade entre os anos 2007 à 2017 foi de 457 mil
habitantes, o que levou Ministério da Administração Estatal (MAE) em 2013 a eleva-la
a categoria da Cidade do nível “C” pela resolução nº7/87 de 25 de Abril do Conselho de
Ministros. Actualmente a CT ocupa uma superfície de 314 Km², no entanto, o
crescimento urbano da CT não é acompanhado com implantação de infra- estruturas de
base como afirma Mucuvela, (2019, Pág.123;4) que:
“A cidade de Tete se expandiu de forma precária e desordenada desprovida de infra-
estruturas básicas e de serviços, com sistemas de saneamento exíguos, ocupação do
solo urbano de forma irregular, com vários assentamentos informais desordenados e
outras consequências da pressão sobre o uso do solo urbano”, (…).

Mapa 5: Uso actual da Terra e padrões de uso e ocupação.

Elaborado pelo autor, (2021).

9
“A 8 de Março de 2019, o bairro Chingodzi, na cidade de Tete, acordou sob alerta máximo devido às
cheias do rio Révubuè”, disponível em: https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-a-vida-em-
tete-um-ano-depois-das-cheias-do-rovubwe/a-52720445, acesso: 16.06.2021
26

CAPÍTULO III
2. Fundamentação teórica
Nesta secção, apresentamos conceitos básicos que permitiram a compreensão e
elaboração do trabalho e ajudaram também na análise e interpretação de dados. Destaca-
se conceitos como: morfometria de uma bacia hidrográfica, riscos a inundações,
inundações urbanas, bacia hidrográfica e parâmetros morfométricos de uma bacia
hidrográficas.

3.1 Inundações
As inundações é fenómeno natural extremo e temporário provocado por
precipitações moderadas por longos períodos ou por precipitações curtas, mas de
elevada intensidade, (INGC, 2016 apud RIBEIRO, 2019). Existem certas distinções
para os termos enchentes e inundações, que podem ser observadas na Tabela a seguir.

Tabela 1: Conceitos utilizados para definir as inundações.


Termo Autor Definição
Flood NFIP (2005) Uma Condição geral ou temporária de parcial ou completa
inundação de dois ou mais acres de uma terra normalmente
ou duas ou mais propriedades (uma das quais é a sua
propriedade), proveniente da inundação de água continental
ou oceânicas.
Flood NATIONAL Inundações ocorrem nas chamadas planícies de inundações,
DISASTER quando prolongada precipitação por vários dias, intensa
EDUCATION chuva em curto período de tempo ou entulhamento de gelo
COALTION ou de resto, faz com que o rio ou com córrego transbordem
(2004) e inundem a área circunvizinha.
Flood NWS/NOAA A inundação de uma área normalmente seca causado pelo
(2005) aumento do nível das águas em curso de água estabelecido,
como um rio, um córrego ou um canal de drenagem ou um
dique, perto ou no local onde a chuvas precipitaram.
Fonte: GOERL; KOBIYAM, (2017) apud RIBEIRO, (2018), adaptado pelo autor.

No entanto, as enchentes caracterizam-se por um aumento do caudal de um rio,


mantendo-se dentro dos limites do seu leito normal e isso ocorre quando o rio recebe
um grande volume de água, ocasionado pelas chuvas. Por outro lado, diz-se que
27

ocorreu inundações, quando o leito não consegue escoar tal volume de tal sorte que, as
águas extravasam o leito normal, como ilustra a figura a seguir:

Figura 1: Elevação do nível de um rio provocada pelas chuvas e a diferença entre


inundações e enchente.

Fonte: NWS/NOAA, (2005) apud RIBEIRO (2018).

Entretanto, as inundações ocorrem quando há extravasamento das águas do canal


de drenagem principal de um rio e correm para as áreas adjacentes, tais como várzeas e
planície de inundação ou leito maior. A diferença fundamental entre o termos enchentes
e inundações é que as enchentes se referem a evento natural, já as inundações são
decorrentes de modificações no uso do solo e podem provocar danos de grandes
proporções (INFOBIBOS, 2010 apud RIBEIRO 2018, Pag:18, PROCHMAN, 2014,
Pag:34).

3.2 Risco de Inundação


Antes de nos debruçar sobre risco a inundações é de deveras importantes saber o
que é risco. Define-se como risco uma combinação da probabilidade de ocorrência de
um acontecimento ou exposição perigosas e da gravidade sobre uma determinada área
que possa causar prejuízo/danos humanos, económicos e sociais.
Risco à inundação é a combinação da probabilidade de ocorrência, tendo em
conta a sua magnitude, e as potenciais consequências prejudiciais para a saúde humana,
28

do ambiente, do património cultural, das infra-estruturas e as actividades económicas,


sendo as suas consequências prejudiciais avaliadas através da identificação do número e
tipo de actividade afectada, podendo por vezes ser apoiada numa análise quantitativa,
(BRASIL, 2010, apud RIBEIRO 2018).
As características morfométricas de uma Bacia Hidrográfica estão intimamente
ligadas ao risco de inundação. O relevo de uma bacia tem forte influência sobre os
factores hidrológicos, pois a velocidade do escoamento superficial e consequentemente
o tempo de concentração são determinados pela inclinação do terreno, (NETO, 2017).
Assim a Cidade de Tete pode ser classificada como de risco moderado devido a sua
declividade que é maioritariamente plana que perfaz cerca de 44.80% do total.

3.2.1 Impacto das inundações


As consequências das inundações são diversas, desde a perda de vidas humanas,
à destruição de bens materiais, patrimoniais e infra-estruturas sociais e económicas,
como pode se observar nas figuras a seguir que narra as inundações de 200710 e 2018 na
Cidade de Tete.

Figura 2: Narra as consequências das inundações na CT nos anos 2007 e 2018

1 2

Fonte:https://twitter.com/LigaTete/status/1103959006417244165/photo/2,
https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-cheias-em-tete-deixam-rasto-de-
destrui%C3%A7%C3%A3o/g-47850906, acesso, 20.07.2021

10
As cheias de 2007 inundaram grande parte do mercado Kuachena Ku Nhartanda, desalojou dezena de
vendedores, causando prejuízos enormes, aliás, foi um dos motivos pelos quais o mercado foi transferido
para Bairro Mateus Sansão Muthemba(grifo do autor, 2020).
29

Apesar de existirem meios tecnológicos que podem minimizar os efeitos das


inundações, as consequências destas são ainda, em alguns casos, bastante prejudiciais
para o Homem e, diversas vezes, para a Natureza (BANCO MUNDIAL, 2007 apud
RIBEIRO, 2018).
Segundo o mesmo autor diz que: as principais consequências das inundações são
a evacuação e desalojamento de pessoas, danificação de propriedades, interrupção de
fornecimento de bens às populações, perda da produção e de produtividade, ocorrência
de movimentos e deslizamentos de terrenos, destruição de habitações e infra-estruturas,
poluição de rios, mares, propagação de doenças, destruição de culturas, áreas de cultivo
e materiais agrícolas.

3.3 Urbanização e os problemas de inundação


Invoca-se o processo de urbanização como um agente causador das inundações
principalmente nos países subdesenvolvidos. Trata-se de um conjunto de acções que
têm consequências preocupantes, tanto sociais quanto ambientais (OLIVEIRA, 2004
apud RIBEIRO, 2018).
O crescimento urbano nos países em desenvolvimento tem sido realizado de
forma insustentável com deterioração da qualidade de vida e do meio ambiente.
(BANCO MUNDIAL, 2007 apud RIBEIRO, 2018). A urbanização da Cidade de Tete é
espontânea. O planeamento urbano encontra-se apenas no centro da cidade que é
ocupada pela população de média e alta renda, enquanto para as áreas per-urbanas de
população de baixa renda o processo se dá de forma irregular ou clandestina, com
gravíssimos irregularidades em termos de vias de acesso, que dificulta por exemplo: o
fornecimento de serviços básicos. A tabela 2 apresenta as causas e impactos das
inundações nas áreas urbanas.

Tabela 2: Causas e impactos da urbanização sobre as inundações dos rios urbanos.


Causas Impactos
Impermeabilidade Maiores picos de cheias e vazões em rios
Rede de drenagem Maior pico de cheias a jusante
Lixo Degradação da qualidade da água
Entupimento de bueiros e galerias pluviais
Rede de esgoto sanitário deficiente Degradação da qualidade de água
Doenças de veiculação hídrica
30

Desmatamento e desenvolvimento Maiores picos de cheias e volumes


indisciplinado escoados
Maiores erosões
Assoreamento em canais e galerias
Ocupação de várzeas Maiores prejuízos ao património por
enchente
Maiores picos de cheias
Maiores custos de utilidade pública

Fonte: RIBEIRO 2018, adaptado pelo autor, (2021).

Considerando a área em estudo, é fundamental dizer que as inundações são


influenciadas pelas seguintes condições: exiguidade da rede de drenagem que apenas
existe na zona cimento da cidade; lixões que são depositados nas calhas dos rios e
finalmente a ocupação das várzeas ou nas margens ou nas áreas cultiváveis ou ainda
planícies inundáveis, como é o caso do Bairro Chingozi11, Matundo, Francisco
Manyanga, Filipe Samuel Magaia, Mateus Sansão Muthemba. Na mesma senda,
destaca-se ainda a falta de planeamento urbano que desemboca na urbanização
espontâneas.

3.4 Bacia Hidrográfica


Defina-se bacia hidrográfica como sendo uma área natural onde a precipitação é
colectada e direccionada através de divisores topográficos para um único ponto de
saída, denominado ponto exutório (KARMANN et al 2000 apud BOLOTARI JÚNIOR
2019).
Por sua vez Garcez; Alvarez (1988) apud Prochman (2014) diz que “bacia
hidrográfica é uma área definida e fechada topograficamente num ponto do curso de
água, de forma que toda a vazão afluente possa ser medida ou descarregada através
desse ponto”. As bacias hidrográficas caracterizam-se pelas suas características
fisiográficas, geologia, tipo de solo, clima, cobertura vegetal, tipo de ocupação,
geomorfologia, regime pluviométrico e fluviométrico, e disponibilidade hídrica (DA
PAZ, 2004 apud JÚNIOR, 2019).

11
As cheias que ocorreram em 2019 com transbordo do rio Révubuè, desalojou centena de munícipes,
destruição de habitações e até mesmo infra-estruturam como é o caso da Ponte sobre o Rio Révubuè que
liga a Cidade de Moatize a Cidade de Tete que ficou um (1) ano intransitável. (grifo do autor, 2020).
31

No entanto, entende-se por bacia hidrográfica como sendo um conjunto de


corpos hídricos de pequena dimensão que vão descarregar num rio principal dentro de
uma área definida.

2.4.1 Morfometria de uma bacia hidrográfica


A morfometria de bacias hidrográficas é uma metodologia útil por caracterizar
matematicamente aspectos geométricos das bacias, que por sua vez, possuem
implicações sobre a hidrologia das bacias. Morfometria de uma bacia hidrográfica visa
compreender as inter-relações existentes entre os processos hidrológicos de uma bacia
hidrográfica, torna-se necessário expressar as características da bacia em termos
quantitativos, (FRANCO e SANTO 2015, Pag.160; LEITE, ALMEIDA e SILVA 2012,
pág. 678).
Assim, pela morfometria é possível identificar determinadas tendências de
comportamentos hidrológicos, sendo especialmente útil para aquelas áreas onde há
escassez deste tipo de dados.
A análise Morfométrica de bacias hidrográficas configura-se em uma
abordagem quantificada da rede de drenagem. Através de procedimento sistemático e
racional as formas de relevo da bacia hidrográfica podem ser mensuradas
(CRISTOFOLETTI, 1980 apud LEITE, ALMEIDA e SILVA 2012, pág. 678).
De acordo com Lana; Castro (2006) apud Leite, Almeida e Silva (2012,
pág.678), dizem que, “as especificidades morfométricas revelam parâmetros
morfológicos que expressam os indicadores físicos da bacia, caracterizando suas
homogeneidades”. Neste estudo, são usado os seguintes parâmetros: área, perímetro e
comprimento da bacia; extensão dos canais fluviais; comprimento vectorial
(comprimento do vale) dos canais fluviais; número de canais fluviais; declividade da
bacia (mínima, média e máxima); declividade dos canais e altimetria (mínima, média e
máxima).
Segundo os mesmos autores cintando Cristofoletti (1980), diz que, é necessário
agrupar os parâmetros morfométricos em de seguinte maneira: lineares, zonais e
Hipsométrico. Os lineares, envolvem os atributos da rede de drenagem e seu arranjo
espacial dentro (da unidade de medida em km). Os zonais tratam dos atributos da rede
de drenagem e das áreas não hidrográficas do relevo. Já os Hipsométrico, associados à
tridimensionalidade da bacia, tratam do relevo correlacionando-a à rede de drenagem.
32

Para análise da susceptibilidade ou não de inundações da Cidade de Tete, foram


usados os parâmetros morfométricos a cimas descritos e que são a seguir de forma
minuciosa abordadas. Importante ressaltar que, não serão utilizados todos aqueles
referidos na literatura e, sim, os mais condizentes com o tipo de análise aqui proposta.

3.4.2 Propriedades Morfométricas


São indicadores físicos da área que representa uma rápida avaliação das
correntes pertencentes à bacia e seus respectivos potenciais de degradação, onde essa
caracterização tem uma grande utilização como indicadores para previsão do grau de
vulnerabilidade da bacia a fenómenos como enchentes, inundações, erodibilidades entre
outros, (VILLELA & MATTOS, 1975; CARDOSO et al, 2006).
O conhecimento dessas características físicas permite numa determinação do
desenvolvimento do escoamento superficial numa determinada localidade, a formulação
de medidas preventivas no controle de enchentes, caso a bacia seja susceptível a esse
tipo de evento, (FONTES et al, 2008 e CARDOSO et al, 2006).

3.5 Característica Geométricas


3.5.1 Hierarquia Fluvial
A rede hidrográfica se divide em segmentos individuais do rio, estando cada
segmento situado entre duas confluências. O ordenamento dos rios é realizado a partir
da atribuição da ordem 1 aos rios que não possuem tributários, ou seja, são nascentes
(são os menores identificáveis caracterizados por drenagens intermitentes.); a ordem 2
é atribuída ao rio formado pelo encontro de dois rios de primeira ordem; este rio, por
sua vez, só se torna de terceira ordem ao encontrar outro segmento de segunda ordem. A
confluência de rios de ordens diferentes não altera o grau de ordenamento. A hierarquia
fluvial indica o grau de ramificação da área sendo importante na determinação da
velocidade com que a água escoa até o exutório, (SOUZA, 2005).

3.5.2 Área da Drenagem (A)


É a projecção horizontal limitada pelos divisores topográficos. É um elemento
fundamental para a obtenção dos demais parâmetros físicos e definir o potencial hídrico
da mesma, uma vez que define de modo geral o volume de água que será escoado pela
bacia.
33

Quanto maior for área da bacia, maior será o volume de água que passará pelo
seu exutório, incitando o efeito das enchentes no interior dessa. A área da bacia é toda
área plana (projectada sobre o plano horizontal) limitada pelos divisores topográficos
da bacia ou, simplesmente, a área drenada pelo conjunto do sistema fluvial (BARBOSA
e JUNIOR, 2004).

3.5.2 Índice de circularidade (Ic)


Foi proposto por Müller (1953) apud BRUBACHER et al, (2011), relaciona a
área de drenagem com a área de um círculo de mesmo perímetro e pode ser obtido pela
equação:

Onde:
 Ic: índice de circularidade;
 A: Área total de Drenagem;
 P2: Perímetro.
A susceptibilidade a enchente/inundações varia directamente em função da
circularidade da área de drenagem, quanto mais circular, mais água será retida e mais
sujeita a enchente ela será. O Ic=0,51 representa um nível moderado de escoamento,
não contribuindo na concentração de água, que desta forma possibilitam cheias rápidas.
Valores menores que 0,51 indicam uma tendência mais circular, favorecendo desta
forma os processos de inundações (cheias rápidas). Já os valores maiores tendem a ser
mais alongada favorecendo desta forma o processo de escoamento, (MULLER, 1953 &
SCHUMM, 1956).

3.5.3 Índices de forma


A forma também tem um papel importante no seu comportamento hidrológico.
A partir do comparativo, identifica-se que as áreas de drenagem com forma mais
circular apresentam uma tendência de gerar picos de enchentes mais elevados em
relação as bacias/áreas alongadas (VILLELA & MATTOS, 1975, pág. 13).
Se as áreas circulares apresentarem diversas drenagens com comprimentos
semelhantes, o percurso dos escoamentos é mais curto, gerando respostas mais rápidas e
concentradas a eventos de chuva. Já as bacias/áreas mais alongadas, em geral
apresentam um rio principal com diversos tributários menores, onde as águas têm que
34

percorrer um caminho mais longo até o exutório. Assim, tendem a apresentar cheias
mais distribuídas com menor vazão de pico, (VILLELA & MATTOS, 1975 pág. 13).
A avaliação da forma é efectuada a partir do cálculo de índices que procuram
relações com formas geométricas conhecidas. Dentre os método destaca-se factor de
forma e o índice de compacidade:

3.5.4 Factor de forma (Ff)


Corresponde a razão entre a área de bacia/drenagem e o quadrado de seu
comprimento axial medido ao longo do curso de água principal do exutório a cabeceira
mais distante, (VILLELA & MATTOS, 1975, pág., 14).

Onde:
 Ff: Factor forma
 A: área da bacia/drenagem
 L2: comprimento do rio

Quadro 1: Atributos de Factor Forma


Valores Descrição
1,00 – 0,75 Áreas sujeitadas a enchente
0,75 – 0,50 Áreas com tendência mediana a enchentes
< 0,50 Áreas com menor tendência a enchentes
Fonte: VILLELA & MATTOS, (1975).

3.5.5 Coeficiente de Compacidade


Relaciona a forma da área de drenagem com um círculo, é um número
dimensional que varia com a forma, independente de seu tamanho. De modo que quanto
maior a irregularidade a área maior será o coeficiente de compacidade. Como o
coeficiente de compacidade igual à unidade (1) corresponde a uma área circular, ele
possibilita a indicação de maior ou menor ocorrência de cheias à medida que se
aproxima ou afasta da unidade (1), (VILLELA & MATTOS, 1975). A determinação do
Kc pode ser feita por meio da Equação:


35

Onde:
 Kc = Coeficiente de compacidade;
 P = Perímetro da bacia em km;
 A = Área da bacia/drenagem em km².

Quadro 2: Atributos de valores de coeficiente de compacidade.


Valores Descrição
1,00 – 1,25 Área com alta propensão a grandes enchentes;
1,25 – 1,50 Áreas com tendência mediana a grandes enchentes;
> 1,50 Áreas não sujeitadas a grandes enchentes.
Fonte: VILLELA & MATTOS, (1975).

3.6 Característica da Rede de Drenagem


3.6.1 Densidade de Drenagem
É a relação entre o comprimento total de canais e a área da bacia e para seu
cálculo, deve-se considerar todos os rios tanto os perenes como os temporários
(HORTON, 1945). Para caracterização da rede de drenagem, foram determinados o
comprimento do canal principal, o comprimento total dos canais, o comprimento
vectorial do canal principal, a densidade de drenagem e a ordem da bacia. Segundo
Christofoletti (1969), valores elevados de Dd indicam áreas com pouca infiltração e
melhor estruturação dos canais.

 Dd: densidade de drenagem;


 Lt: comprimento total dos canais de escoamento.
 A: Área de Drenagem.
Segundo Christofoletti (1980), o cálculo da densidade é importante para o estudo
das bacias hidrográficas porque apresenta relação inversa com o comprimento dos rios,
ou seja, há diminuição quase proporcional do tamanho das componentes fluviais das
bacias de drenagem à medida que aumenta o valor numérico da densidade.
Na visão do mesmo autor, a baixa densidade de drenagem permite comparar a
susceptibilidade de ocorrer erosão em uma bacia. Neste sentido, um baixo valor de Dd
torna a bacia menos susceptível à erosão dos solos, o que torna essa variável (Dd) um
importante factor na indicação do grau de desenvolvimento do sistema de drenagem de
36

uma bacia. Em suma a densidade de drenagem reflecte a influência da geologia,


topografia e solo da bacia hidrográfica.

Quadro 3: Atributos de Valores de Densidade de Drenagem.


Dd (Km/Km2) Denominação Interpretação
˂ 0,50 Baixa Baixo escoamento superficial e maior
infiltração
0,50 – 2,0 Mediana Tendência mediana de escoamento superficial.
2,01 – 3,50 Alta Alta tendência ao escoamento superficial e
enxurradas.
˃ 3,50 Muito Alta Alta tendência ao escoamento superficial,
enxurradas e erosão.
Fonte: HORTON 1945), STRAHLER (1957), FRANÇA (1968), adaptado pelo autor,
(2021)
37

CAPITULO IV
3. Metodologia de pesquisa
Neste capítulo, faz-se apresentação da metodologia utilizada para a elaboração
deste trabalho, desde a colecta de dados até a apresentação dos resultados esperados.

4.1 Tipo de pesquisa


4.1.1 Quanto a natureza
Quanto a natureza, tratou-se de uma Pesquisa básica pois, conforme aponta
Freitas & Pradanov (2013, pág.51), a pesquisa básica tem por objectivo gerar novos
conhecimentos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve
verdades e interesses universais’’. Por outro lado, segundo Gil (2002), diz que, a
pesquisa básica é a busca de conhecimentos e de respostas para os questionamentos,
dentro de um embasamento teórico conciso e coerente, de modo que o conteúdo esteja
dentro das normas científicas. Neste tipo de pesquisa, o investigador acumula
conhecimentos e informações que podem, eventualmente, levar a resultados académicos
ou aplicados importantes.

4.1.2 Quanto a forma de abordagem do problema


Quanto a forma de abordagem do problema trata-se de uma pesquisa
quantitativa. Ao empregar o método quantitativa na análise da paisagem consiste em
atribuir uma dimensão as variáveis, expressar comparativamente a significância das
variações, na forma paramétrica ou não paramétrica dependendo da variável.
Deste modo, vale ressaltar que foi empregue o método quantitativo porque este
método consiste na aplicação de modelos matemáticos e estatísticos para descrever a
forma do relevo terrestre, onde está incluso a vegetação, o comportamento das variáveis
e os processos que intervêm na formação e manutenção da paisagem natural.

4.1.3 Quanto aos objectivos


Sob ponto de vista dos objectivos a pesquisa foi descritiva. De acordo com
Freitas & Pradanov (2013, pág. 52), essa pesquisa visa descrever as características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação
sistemática.
A razão de empregar a pesquisa descritiva é pelo simples motivo, é que este tipo
de pesquisa que tem por objectivo descrever as características especificas de um
38

determinado fenómeno estabelecendo as relações entre as variáveis no objecto a ser


analisado, variáveis relacionadas a classificação, medida e/ou a quantidade que podem
se alterar mediante o processo realizado.

4.2 Trabalho de gabinete


4.2.1 Pesquisa bibliográfica
Inicialmente foi empregue, por meio de leituras e consultas de diversas obras
literárias útil a pesquisa, tais obras consistentes do âmbito nacional e internacional que
retratam de ponto de vista da análise do tema, e foi com bases nessas literaturas que o
autor se familiarizou como a temática. Deste modo, as obras que foram consultadas para
a aquisição de dados referentes ao objecto da pesquisa, podem ser encontradas citadas
na fundamentação teórica deste trabalho e constam nas referências bibliográficas, onde
serviram de bases para o avanço da pesquisa.

4.2.2 Método Cartográfico


Baseou-se na consulta e na produção de diversos mapas temáticos da área de
estudo, com auxílio das técnicas de Geoprocessamento, a título de exemplo do Sistema
de Informação Geográfica (SIG). Cruzaram-se, também, informações sobre a área e
paralelamente, foram usadas a princípio a base pedológica, geológica, já existente
(mapa de solos, geologia) nas escalas 1:1.000.000 e 1:250.000, respectivamente,
adquiridas nos seguintes órgãos: Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), Direcção Nacional de Geologia (DNG). Com base nelas obtiveram-se os mapas
subsequentes que constam neste trabalho: localização geográfica da área de estudo,
geologia, modelo digital de elevação (MDE), declividade, e mapa de uso do Solo.

Tabela 3: Atributos Sócioambientais.


ATRUBTOS FONTE ESCALA⁄ RESOLUÇÃO
Modelo digital de elevação (Raster) USGS 30m
Declividade (Raster) USGS 30m
Precipitação (raster) USGS 10m
Geologia, solo, precipitação (shap) CENACARTA 1:1.000.000
Mapa de uso do solo (Shap) CENACARTA 1:250.000
Fonte: autor, (2021).
39

4.2.3 Modelo Digital de Elevação (MDE)


O Modelo Digital de Elevação é uma representação tridimensional, ou seja, uma
representação com três dimensões elaborada a partir de grades triangulares ou regulares,
permitindo melhor representação da forma do relevo existente. Adquiriu-se um SRTM
no site da USGS, com a resolução espacial de 30m e de seguida foi feito a sua correcção
(fill) para preencher os vazios que supostamente foi tido na hora do processo da
varredura do satélite; seguiu-se a selecção do contorno geral da área de estudo, o seu
Shapefile (shp), onde foi sobreposta ao modelo digital de elevação (MDE) e feito o
processo de extracção da mascara "Extract by Mask" para se ter apenas o recorte do
MDE da área de estudo, e de seguida foi seleccionado o seu datum original WGS_84
Zona 36S.
Posteriormente extraiu-se as curvas de níveis automaticamente no ArcGIS 10.5,
com a equidistância de 30m registadas automaticamente na tabela de atributos, com a
finalidade de criar a base planialtimétrica, possibilitando à geração de redes de
triângulos irregulares (TIN) para dar lugar à elaboração do modelo digital de elevação
(MDE), com a ferramenta: "Contour", que se localiza em Spatial Analyst Tools →
Surface. Para a elaboração do TIN foi utilizada uma base de dados de curvas de níveis
no formato Shapefiles (shp) obtidas automaticamente, como anteriormente referenciada.
Este formato permitiu o cruzamento de informações referente à hipsometria e
geomorfologia do terreno na ferramenta Arc Toolbox → 3D Analyst Tool → TIN
Management → Creat TIN no software ArcGIS 10.5. Gerado o TIN, seguiu-se o
processo de criação do MDE o qual foi convertido do formato raster para Shapefiles
obedecendo aos passos de sua transformação a partir da ferramenta ArcToolbox →
Spatial Analyst Tool → Reclass → Reclassify → Convertion Tool → From Raster →
Raster to Polygon em ambiente ArcMap 10.5.

4.2.4 Mapa de Declividade


A declividade representa a inclinação da superfície do terreno em relação ao
plano horizontal. A partir do layer do limite da área recortada do local da pesquisa e,
diante dos dados já extraídos automaticamente para a tabela de atributos (curvas de
níveis) gerou-se o TIN e MDE que transformados em Raster já criados, permitiu a
geração do mapa de declividade da área de estudo através da ferramenta Arc ToolBox →
3D Analyst Tools → Spatial Analyst → Tools → Surfce → Slope no ambiente ArcGis
10.5.
40

Para tanto, foi seleccionada a ferramenta Reclassify, seguindo-se a classificação


manual e o estabelecimento dos intervalos das classes de declividade em percentagem
(%) obedecendo a sua respectiva tonalidade (cores), o que culminou com a elaboração
do mapa final de declividade em conformidade com Santos et al, (2013).

4.2.5 Mapa de Precipitação


Com o banco de dados constituídos foi possível elaborar o mapa da distribuição
espacial das estacões existentes na área de estudo para compor a rede específica com
auxílio do programa ArcGIS 10.5. Os dados foram obtidos através da Tropical Rainfall
Measuring Mission (TRMM), que é uma missão espacial conjunta entre a NASA e a
Agência Nacional de Desenvolvimento Espacial do Japão, projectada para monitorar e
estudar a precipitação tropical e subtropical e a liberação de energia associada. Após a
aquisição dos dados, foram trabalhados no software ArcGIS, fazendo previamente a
extracção da área de estudo e de seguida a criação de um Shapefiles de ponto no
Catalog, com a projecção WGS 84, ponto esse que foi submetido a várias picagem em
cada célula existentes no Raster, com vista a extrair automaticamente os valores de
precipitação da área de estudo, criando assim automaticamente uma tabela de atributos
(Count) com os respectivos valores de precipitação do contorno da área de estudo, em
Spatial Analisy Tools → Extraction → Extract Value to Points.
De seguida usou-se um interpolador, IDW (Método do inverso da distância ao
quadrado), considerado um interpolador determinístico, que se caracteriza por
estabelecer uma média ponderada das séries estatísticas em cada ponto, associada aos
pesos correspondente dos valores dos inversos da distância desses pontos aos pontos
circunvizinhos mais próximos, seguindo o roteiro Arc Toolsbox → 3D Analyst Tools →
Raster Interpolation → IDW, de seguida foi devido as classes.
41

CAPÍTULO V
4. Análise e apresentação dos resultados
As ferramentas computacionais utilizadas no desenvolvimento deste trabalho
mostraram-se eficazes na manipulação dos dados e na simulação do espaço físico da
Cidade de Tete, porem, nessa secção procuramos responder as questões invocado logo
no início desse trabalho em consonância com os objectivos delineados.

5.1 Características Geométricas


As características geométricas são factores determinantes na resposta a
inundações de uma dada área. De acordo com as análises das características
morfométricas geométricas calculadas em conjunto com os mapas temáticos elaborados
na plataforma do software ArcGIS, versão ArcMap10.5, foi possível caracterizar a
Cidade de Tete quantitativamente como será apresentado em síntese a seguir.
Com as técnicas de geoprocessamento aplicadas neste trabalho, foi possível
estimar a Cidade de Tete, apresentando uma área de drenagem de 278km2 e um
perímetro de 86,80 km.

Mapa 6: Hierarquia Fluvial

Elaborado pelo autor, (2021)


42

Quanto ao comprimento do rio, foi obtido em um segmento de linha recta no


mapa, entre os pontos da foz e determinado ponto situado ao longo do perímetro,
obtendo o comprimento desta forma de 23 km.
O resultado da ordem dos rios de acordo com a hierarquia de Strahler (1957), a
sua área de drenagem é de ordem 4 (quatro) ou quarta ordem, assim resulta numa área
de baixa drenagem, isto é, com poucas ramificações (a junção dos rios da primeira,
segunda e terceira ordem). Desta observação, quanto menor a ordem dos rios, menor
também a tendência de enchentes nas áreas, pois ao serem modificadas antropicamente,
tendem a gerar enchentes locais.
Para a avaliação das características geométricas assim como as susceptibilidades
da Cidade de Tete em questões de ocorrência de enchentes foram analisados os
seguintes parâmetros: Ff (Factor de Forma), Kc (Coeficiente de compacidade) e Ic
(Índice de circularidade). A análise destes parâmetros resultou nos seguintes valores na
tabela a seguir:

Tabela 4: Características geométricas


Parâmetro Valor
O factor de forma Kf 0,54
Coeficiente de compacidade Kc 1,44
Índice de circularidade Ic 0,48
Fonte: autor, (2021)

Estes parâmetros constituem ferramentas indispensáveis na interpretação da


tendência da bacia hidrográficas a inundações assim como na determinação da sua
forma.
43

Tabela 5: Valores e interpretação de factor de forma (Ff), índice de circularidade (Ic) e,


coeficiente de compacidade (Kc).
Factor Índice De Coeficiente Formato da Interpretação
Forma Circularida de Área
(Ff) de (Ic) Compacidad
e (Kc)
1,00 - 0,75 1,00 - 0,8 1,00 - 1,24 Redonda Alta tendência à enchentes
0,75 - 0,50 0,8 - 0,6 1,25 - 1,50 Ovalada Tendência mediana à
enchentes
0,50 - 0,30 0,6 - 0,40 1,50 - 1,70 Oblonga Baixa tendência à enchentes
< 30 < 0,40 > 1,70 Comprida Áreas com tendência a
conservação
Fonte: Autor, (2021), adaptado de Villela & Mattos (1975)

De acordo com a tabela acima, onde os valores de coeficiente de compacidade


(1,44) e factor de forma (0,54), evidenciam que a Bacia Hidrográfica do Zambeze na
Cidade de Tete possui uma forma ovalada/oblonga12, o que caracteriza uma taxa média
ou mediana a tendência a enchentes devido a predominância de seu formato alongado.
“Isso porque quanto menor o factor de forma, mais comprida é a bacia e
consequentemente menos sujeita a picos de enchente, pois o tempo de concentração é
maior, além do baixo índice de probabilidade em atingir toda a extensão da bacia
hidrográfica”, (CARVALHO E SILVA, 2003 apud BOLOTARI JÚNIOR, 2019).
O Coeficiente de Compacidade (Kc), também relaciona a forma da bacia com
um círculo. De acordo com Vilella & Mattos (1975) apud Loo & Machado (2019,
Pag.8), consideram que esse coeficiente é um número adimensional que varia com a
forma da bacia independente do seu tamanho. Quanto mais irregular a sua forma, maior
será o coeficiente de compacidade. Desse modo, um coeficiente mínimo igual à unidade
(1) corresponderia a uma bacia circular e, para uma bacia alongada, seu valor é
significativamente superior a 1. Uma bacia é mais susceptível à ocorrência de enchentes
mais acentuadas quando seu coeficiente for mais próximo da unidade.

12
Quer dizer que tem a forma ovular, com tendência de reter/acumular águas pluviais nos momentos de
precipitações intensas e que pode provocar inundações.
44

Já para o índice de circularidade (Ic), o parâmetro revela quão é circular ou


alongada uma bacia hidrográfica, segundo Alves e Castro (2003) apud Bolotari Júnior,
(2019), uma bacia com índice abaixo de 0,51, considerada alongada, favorece o
escoamento, e se estiver acima de 0,51, considera-se uma bacia mais circular com
escoamento reduzido e alta probabilidade de cheias, contrariamente a em diapasão.

5.2 Característica do Relevo


Em relação às características de relevo, Villela & Mattos (1975), apud Loo &
Machado (2019), referem que, o conhecimento das informações sobre altitude são
importantes devido a influência que exercem sobre a precipitação, sobre as perdas de
água por evaporação e transpiração e, consequentemente, sobre o escoamento
superficial das massas liquidas.
A despeito das características de relevo, observou-se na Cidade de Tete altitude
mínima de 100m e altitude máxima de 480m. com base nesses valor, determinou-se a
Amplitude altimétrica (Hm), a que estabelece a diferença entre a maior e a menor cota
de altitude da área, neste caso particular foi de 380m, indicando a expressão na área do
relevo plano (nos quais predominam os processos de sedimentação), com tendências
semi-montanhoso, (podem ocorrer eventos de enchentes apenas de curta duração à
jusante) pois tende a ultrapassar os 200m, o que influência directamente na quantidade
de radiação que a Cidade recebe e, consequentemente, na evapotranspiração, na
temperatura e na precipitação, pois, quanto maior a altitude, menor a quantidade de
energia solar que o ambiente recebe e, portanto, menos energia estará disponível para
esse fenómeno”. Além do balanço de energia, a temperatura também varia em função da
altitude; grandes variações na altitude ocasionam diferenças significativas na
temperatura, que, por sua vez, também causa variações na evapotranspiração.
Trentin e Robaina (2005) afirmam que o mapa Hipsométrico/altitude tem
fundamental importância na análise da energia do relevo. Ele indica condições mais
propícias à dissecação para áreas de maior altitude e à acumulação para áreas de menor
altitude, factores observados na bacia em estudo.
A declividade indica essencialmente a tendência de baixa velocidade no
escoamento superficial, aumentando a possibilidade da infiltração de água no solo.
Desta forma, segundo Borsato e Martoni (2004) a área é considerada com baixa
declividade, pois está no intervalo de de 0 a 3%, como ilustra. O Mapa7 a seguir de
hipsometria e declividade.
45

Mapa 7: Hipsometria e Declividade

Elaborado pelo autor, (2021).

Segundo Neto (2012), amplitude altimétrica e declividade, definem, em parte, a


velocidade de escoamento. Quanto menores forem os valores, mais lento é o
escoamento, aumentando o acúmulo de água. No entanto, ao mesmo tempo em que
baixos declives permitem uma prevalência maior das quantidades das águas, também
favorece, consequentemente, a infiltração e evaporação. Assim sendo, a Cidade de Tete,
pode ser considerada como de escoamento lento e a evaporação. A partir da análise da
declividade foi possível identificar as inclinações das vertentes da Cidade de Tete como
mostra a tabela a baixo.

Tabela 6: Classes de Declividade


Classes Área (Km2) Área (%)
Plano 128,6 44,80
Suave Ondulado 124,3 43,10
Ondulado 28,3 9,75
Forte Ondulado 4,2 1,46
Montanhoso 1,0 0,35
Total 287,0 100%
Fonte: autor, (2021).
46

A classe plana (0 a 3%) encontra-se em ambientes de planície actual da Cidade


de Tete, representa 44,80% da cobertura da área e, é equivalente a (128,6 km2) da área
total da Cidade que coincide com grande maioria da parte mais baixa da bacia
hidrográfica. Por sua vez, a classe Suave Ondulado (3 a 8%) distribui-se ao longo da
Cidade, representando, 43,71% (124,3 km2) da área total e coincide com a área mais
habitada da cidade de Tete.
A classe ondulada (8 a 20%) representando 9,75% (28,3 km2) do total da área.
Ao passo que a classe fortemente ondulada (20 a 45%), representa 1,46% (4,2 km2). Por
último a classe montanhosa (> 45%) com 0.35% e corresponde a 1,0km2.
As inclinações de relevo podem influenciar a velocidade de escoamento,
humidade do solo e a contribuição de água subterrânea ao escoamento do curso de água.
Segundo Sá et al (2016) enfatizam a importância de considerar a declividade como
controladora de boa parte da velocidade do escoamento interferindo no tempo que a
água da chuva leva para chegar até os leitos das drenagens. A baixa amplitude
altimétrica resulta em baixos valores de razão de relevo, sugere uma área com relevo
relativamente plano (44%). Considerado com uma área de ligeira susceptibilidade à
erosão, podendo-se, portanto, considerar como de baixa fragilidade ambiental aos
processos denudacionais em maior parte da sua extensão.

5.3 Características da Rede de Drenagem


As características da Rede de Drenagem fornece uma referência sólida da
geologia de qualquer área de estudo, pois em terrenos duros, há uma ligeira dificuldade
da penetração de água e de não formar novos cursos de água. Neste caso por exemplo,
os valores podem variar de 0,5 km2 á 3 km2 em áreas com drenagem pobre, de 3 km2 á
7km2 em áreas com drenagem médias e 7 km2 ou mais, em áreas suficientemente bem
drenadas, mas apresentam pouca infiltração e melhor estruturação dos canais. Para a
realidade da área de estudo, a área apresentou-se 0,52 km/km2 para a análise da
densidade de drenagem, indicando que esta região apresenta baixa relação entre o
comprimento de rios que é de 23Km e a área da bacia que é de 278 Km2, indicando um
eficiente escoamento de fluxo de água e boa infiltração para o lençol freático, o baixo
valor para esse parâmetro segundo Christofoletti (1980), classifica essa região como
sendo pouco susceptível a processos erosivos naturais.
47

Desta maneira é possível inferir que a densidade de drenagem verificada para


área de estudo é essencialmente o reflexo da presença de um relevo predominantemente
plana, visto no mapa 7 (declividade e hipsometria).
O comprimento do rio principal é um índice que compreende a distância que se
estende ao longo do canal fluvial desde a desembocadura até uma determinada nascente
no outro extremo. O critério utilizado para a determinação do comprimento do rio
Zambeze foi o estabelecido por Horton (1985), no qual o canal de ordem mais elevada
corresponde ao rio principal, que neste caso é um canal de 4ª ordem.

Quadro 4: Resultados dos atributos Morfométricos da Cidade de Tete

Características Morfométricas Unidades Valores Obtidos


Área km² 287,08
Perímetro Km 86,80
Número de Canais da primeira __ 627
ordem
Característica Coeficiente de Compacidade __ 1,44
s Geométricas (Kc)
Factor Forma (Ff) __ 0,54
Índice de Circularidade (Ic) __ 0,48
Altitude Máxima m 480
Amplitude Altimétrica (Hm) m 280
Característica Altitude Mínima m 100
s do Relevo
Comprimento do canal Principal Km 529
(L)
Comprimento total dos Canais Km 322,45
Característica Comprimento Vectorial do Km 23
s da Rede de Canal Principal
Drenagem Densidade de Drenagem (Dd) Km/km2 1,12
Ordem da Bacia 4
Fonte: autor, (2021).
48

5.4 Mapeamento das áreas susceptíveis


O mapa de áreas susceptíveis à inundações foi dividido em cinco classes. A
Figura 8 apresenta o mapa de susceptibilidade à inundações da bacia hidrográfica do
Zambeze.
Mapa 8: Risco a inundações

Elaborado pelo autor, (2021)

O mapa acima, evidência que cerca de 39,9 a 40,45% da cidade de Tete está
exposto o alto e médio risco a inundações, segundo Sá et al, (2016), afirma que o grau
de vulnerabilidade é determinado pelo tipo de ocupação que existe no local onde irá
incidir o evento. Há também aspectos de índole social importantes no aumento da
vulnerabilidade, tais como a idade das pessoas que poderão ser afectadas, o seu estado
de saúde, a possibilidade de fuga ou abrigo durante a ocorrência do evento, entre
outros”.

5.4.1 Compreensão histórica das inundação e definição de zonas de riscos


Para estimar ou prever as inundações usa-se probabilidades estatísticas e é uma
ferramenta essencial que possibilita a antecipação dos efeitos que possam resultar,
ajudando a população e as autoridades a tomar decisões sobre as medidas a implementar
49

mesmo antes do perigo as afectar, (SÁ et al, 2016, Pag.17). O histórial das inundações
na Cidade Tete remota para o ano 1830, com uma frequência de uma cheia em cada 5
anos, como demostra a tabela a seguir.

Tabela 7: Dados históricos da BHZ


Ano Rios Nomes dados pela população segundo o nível de danos
1952 Zambeze Sena Cheia M'bomane (a enchente que destruiu tudo).
N'sasira Cheia (o dilúvio que obrigou as pessoas a viver
1958 Zambeze
em cima de formigueiros).
Nabwariri Cheia (água que vem do chão), duraram 222
1969 Zambeze
dias.
Madeya Cheia, mais de 45 pessoas morreram e mais de
1978 Zambeze
100.000 pessoas foram deslocadas.
Cassussa Cheia, as cheias repentinas causaram prejuízos
1989 Zambeze
consideráveis para os assentamentos
2000-2001 Zambeze Mais de 500.000 deslocados e mais de 700 pessoas mortas
2007-2008 Zambeze ----------------------------------------------------------------------
2018 Révubuè -----------------------------------------------------------------------

Fonte: autor, adaptado de Dólares e Ribeiro, (2011).

As cheias mais catastróficas na Cidade de Tete foram as de 1952, 1978 e as de


2001. Os padrões actuais das inundações/cheias indicam que ao longo da história dessa
bacia hidrografia as cheias de grande magnitude acontece a cada vinte (20) anos, o que
consubstancia que a Zona de Inundação (ZI) é de ordem “A”. Nesse diapasão, Sá et al,
(2016, Pag.17), refere que, a probabilidade de inundação é mais elevada, considerando o
período de retorno 13, como diz Peterson, (2012, pág. 129) que, Tete no Zambeze parece
não (ser) afectado pelos fluxos de cheia com 2 anos de período de retorno. É provável
que fluxos de cheias de 20 anos possam inundar a parte baixa ao sudoeste do centro da
cidade.

13
O período de retorno é uma medida estatística que define o intervalo entre eventos, neste caso cheias
nos rios. O número de anos associado pode supor uma ocorrência regular de eventos, mas deve ser
realçado que é apenas um valor probabilístico. O inverso do período de retorno em anos representa a
probabilidade de ocorrência num ano apenas. Por exemplo, uma cheia com um período de retorno de
cheias de 20 anos ocorre com uma probabilidade de 0.05 em qualquer ano, (PETERSON, G. 2012, pág.
129).
50

O esforço para prever a ocorrência de inundações deriva da compreensão de


vários factores Sócioambientais e climáticos de uma dada região, porem, a cidade Tete
não possui dados histórico suficientemente plausíveis, que no entender de Peterson,
(2012, pág. 129), diz que no “mínimo seriam 100 anos” para se categorizar o período de
retorno. O mesmo autor diz que, “quanto mais longo for o tempo histórico de colheita
de dados melhor será a qualidade dos dados hidrológicos e mais exacta será a definição
de período de retorno de caudal de cheias”.
51

CAPITULO VI
Conclusão
Do estudo efectuado conclui-se que:
 Os resultados alcançados demonstram que, do ponto de vista de relevo, a Cidade
de Tete comporta-se como uma área de baixa fragilidade ambiental,
evidentemente desconsiderando-se os factores antropogênicos relacionados com
a ampla e extensiva ocupação humana em áreas susceptíveis.
 A análise das características morfométricas permitiu verificar que a mesma, em
condições naturais, apresenta média susceptibilidade a enchentes, corroborada
pelos valores de coeficiente de compacidade, coeficiente de forma, densidade de
drenagem e índice de circularidade obtidos, bem como, pelas características
Hipsométrica e de declividade observadas.
 A partir das características da rede de drenagem, pôde-se também concluir
claramente que: a área apresenta uma baixa densidade de drenagem, sugerindo
haver em momentos de precipitação, um moderado escoamento superficial e têm
uma área suficiente pequena para manter perenes os cursos de água.
 As formas de construções informais que perfazem a maior parte da Cidade de
Tete, estão de certo modo em risco, devido a fragilidade técnica e resiliência a
eventos climáticos.
 O uso de Geotecnologias foi de fundamental importância por permitir que as
análises morfométricas e de susceptibilidade da bacia fossem realizadas com
celeridade. As avaliações realizadas neste trabalho propiciaram embasamento
para elaboração preliminar do planeamento e gestão do uso do solo na Cidade de
Tete.
 Os locais com pouca susceptibilidade à inundações são os bairros de expansão
como a Chimbonde, Chimadzi e Canongola, esses dois ultimo com alta
susceptibilidade de deslizamento de terra;
 Bairros Chingozi, a Norte e a Sudeste dos Bairros Filipe Samuel Magaia,
Francisco Manyanga e Josina Machel, no vale do Nhartanda, mostraram que são
áreas propensas a inundações periódicas.
52

Sugestões
A aplicação do Geoprocessamento na análise das inundações foi útil e eficiente
para a determinação, quali-quantificação das classes de susceptibilidade em tempo hábil
e menor custos, permitindo, seu mapeamento e entendimento da organização do espaço
físico da área de estudo, permitindo deste modo a possível melhoria da qualidade de
vida da população. No entanto, a forma como ocupamos e planeamos o espaço físico
interfere certamente na nossa qualidade de vida e do ambiente. Deste modo, este estudo
permitirá orientar uma ocupação mais consciente e sustentável dos espaços, em forma
de sugestões o autor propõe:
 Capacitação do pessoal responsável pelo ordenamento territorial na Cidade de
Tete, em matérias de uso, utilização e aplicações dos Sistemas de Informação
Geográficas e Sensoriamento Remoto nas diversas áreas de estudo e,
particularmente, no que concerne a análise mais profundos sobre o processo de
enchentes;
 Promover o mapeamento da Cidade de Tete, em várias temáticas e escalas,
especialmente em escalas mais detalhadas para, o provimento de informações,
aos tomadores de decisão para que estes detenham de informações credíveis.
 Elaborar um zoneamento geoambiental da área que permitirá planeamento
ambiental e políticas públicas para tomada de decisão dos recursos hídricos
desta área;
 Fazer um ordenamento territorial com vista a distanciar os moradores das áreas
de risco;
 Realizar a monitoria e avaliação no perímetro estudado sistematicamente;
 A ARA – Zambeze Centro EP, deve promover uma comunicação mais
participativa de forma que a população que vive nas áreas ribeirinha tomem
conhecimento antecipadamente, uma vez que, este perderam a periodicidade e
épocas das cheias com a construção da Barragem de Cahora Bassa;
 Sugere-se ainda que se realize mais estudos nas outras temáticas, principalmente
na área geoambiental e analise edáficos para a consistência da informação ora
produzida.
53

Bibliografia
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57

ANEXOS
58

ANEXO: A

DELEGAÇÃO PROVINCIAL DE TETE


Temperaturas médias mensais/ Janeiro a Dezembro
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA
Temperaturas médias mensais/ Janeiro a Dezembro

Mes JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2010 31.5 29.0 28.8 27.4 28.7 29.6 23.6 23.8 27.6 31.5 32.2 28.4
2011 28.7 29.5 29.7 28.1 26.2 24.7 22.3 23.3 27.3 29.3 30.0 30.0
2012 27.9 28.7 28.0 26.1 25.5 23.5 23.2 25.5 29.3 30.4 30.1 28.4
2013 27.3 27.7 29.6 27.2 28.0 24.6 24.2 26.1 28.6 29.8 30.4 29.3
2014 27.4 26.0 29.5 27.0 26.7 24.0 23.4 25.3 26.7 29.0 31.1 29.3
2015 26.7 27.6 28.3 25.8 25.5 24.2 25.2 26.1 27.1 30.5 31.0 29.9
2016 30.2 31.1 31.2 28.4 25.3 23.4 23.1 24.8 28.2 30.3 31.2 28.3
2017 28.1 29.3 27.2 26.7 25.4 23.6 23.6 24.9 27.9 30.7 28.7 29.5
2018 30.9 30.3 29.2 28.4 26.8 24.0 24.1 25.8 27.8 30.5 29.5 29.9
2019 27.9 28.2 28.1 27.9 25.4 28.5 24.4 25.7 27.0 30.6 31.2 30.4
2020 28.4 28.8 29.1 29.2 25.9 23.6 23.1 25.7 27.9 29.7 33.2 29.7
2021 29.3 30.2 28.6 27.5 25.6 24.0
Precipitações/ medias mensais/ Janeiro a Dezembro

Mes JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2011 195.6 38.5 28.6 67.0 6.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.6 46.0 263.9
2012 158,0 214,4 99,0 33,1 7,2 2,8 0,0 3,2 0,0 0,5 4,6 282,7
2013 196,3 172,4 12.5 0,0 0.0 0,0 5.9 0.0 0,0 19,6 107,3 166.7
2014 357,9 656,0 77.6 171.9 11.1 6.5 19.2 0.0 0,0 2.5 0.0 397,3
2015 968,2 567,4 175,6 7,2 6,5 1,7 0,0 0,0 0,0 0,0 105,4 282,7
2016 274,1 29.4 60.9 7,3 2,6 4,9 3.2 0,9 0.0 0.0 116,8 256,5
2017 152.0 267.1 135.4 1.1 0.0 0.0 0.0 0.9 0.0 0.4 125.1 130.3
2018 30,5 221,6 76,8 22,7 10,5 0,0 21,0 0.0 0.0 1.2 154.2 187.5
2019 345.3 305.6 124.5 10.7 0.1 8.4 2.4 2.5 0.0 0.8 85.5 26.1
2020 164.6 104.3 8.0 4.4 0.0 0.2 6.9 0.0 0.0 0.0 0.0 185.0
2021 141.2 78.4 2.4 0.1 0.0 0.2

Chefe de DOR

Tónico de Jesus A. Cangolongondo

/Tec Sup TIC N1/


59

ANEXO: B

Estação Hidrométrica de Tete E-320 (Níveis Hidrométrico)


Níveis e Caudais de Tete – E 320
ARA – Zambeze Centro E.P
Estação Hidrométrica de Tete E-320 Coordenadas
Data Nível(m) Caudal (m3/s) Lat -16,1114
01-out-00 2,173333 1327,53782 Long 33,65181
02-out-00 2,453333 1587,45012
03-out-00 2,526667 1657,709938
04-out-00 2,566667 1696,403593
05-out-00 2,41 1546,351081
06-out-00 2,193333 1345,650889
07-out-00 2,37 1508,692858
08-out-00 2,533333 1664,140855
09-out-00 2,55 1680,249735
10-out-00 2,583333 1712,602247
11-out-00 2,54 1670,578999
12-out-00 2,54 1670,578999
13-out-00 2,566667 1696,403593
14-out-00 2,45 1584,277557
15-out-00 2,526667 1657,709938
16-out-00 2,473333 1606,524133
17-out-00 2,52 1651,286257
18-out-00 2,513333 1644,869826
19-out-00 2,57 1699,639746
20-out-00 2,61 1738,61283
21-out-00 2,723333 1850,415641
22-out-00 2,576667 1706,117421
23-out-00 2,77 1897,035605
24-out-00 2,67 1797,550571
25-out-00 2,996667 2128,181336
26-out-00 2,996667 2128,181336
27-out-00 3,086667 2222,069744
28-out-00 3,056667 2190,642952
60

APÊNDICE
61

APÊNDICE: A

Imagem ilustra o momento da


construcao da ponte Samora Machel

A imagem ilustra as cheias


de 2019 1 2

Vista aeria da Cidade de


Vista aeria do Rio Zambeze na
Tete
Cidade de Tete

3 4

Cheias de 2019 no rio


Chimadzi Vista aeria do Vale do
Nhartanda

5 6

Imagens 3;4;5 3 foram cedidas


pelo Fotógrafo Sérgio Vinga,
imagem 1;2 e 4, obtidas em
Cheias de 2019 no Bairro Chingodzi
fontes livre, (Internet).

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