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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas


IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Aproveitamento Geotécnico de Escória de Aciaria Elétrica


Secundária na Estabilização de Solos para Pavimentação
Mateus Henrique Ribeiro Rodrigues
Mestrando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, mateus.ribeiro@ufv.br

Caio Cesar de Souza Carvalho


Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, caiocca66@gmail.com

Rafael Martins de Almeida


Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, rafael.m.almeida@ufv.br

Klaus Henrique de Paula Rodrigues


Professor Assistente, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, klaushenrique@hotmail.com

Heraldo Nunes Pitanga


Professor Associado, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil, heraldo.pitanga@ufv.br

RESUMO: Esse estudo avaliou a viabilidade técnica da utilização da escória de aciaria elétrica secundária
como agente estabilizante de solos, visando sua aplicação na engenharia rodoviária. O estudo foi realizado
utilizando dois solos lateríticos coletados nas proximidades de uma companhia siderúrgica localizada na regão
do Alto Paraopeba, estado de Minas Gerais, e amostras de escória de aciaria elétrica secundária fornecida por
essa mesma companhia. O estudo foi conduzido através de testes laboratoriais para caracterizar fisicamente os
solos e a escória e avaliar o comportamento mecânico dos solos e das misturas de solo e escória através dos
ensaios de CBR e de resistência à compressão simples. Para as particularidades desse estudo, a adição de
escória de aciaria elétrica secundária aos solos proporcionou ganhos na capacidade de suporte dos solos, na
resistência à compressão simples e proporcionou redução da expansibilidade dos solos. Os resultados permitem
concluir que é viável a utilização da escória de aciaria secundária como agente estabilizante de solos para fins
de pavimentação, tornando-se uma alternativa para a redução do consumo de recursos naturais e a diminuição
de custos durante a construção.

PALAVRAS-CHAVE: Escória de Aciaria; Coprodutos Siderúrgicos; Estabilização de solos; Superestrutura


viária; Pavimentação.

ABSTRACT: This study evaluated the technical application of ladle steel slag, a by-product from steel making
process, in roadways application as chemical stabilizer of soils. This study was performed using two lateritic
soils, which samples were collected nearby a steel making company located at Alto Paraopeba region, state of
Minas Gerais, and a sample of ladle steel slag provided from this same company. The study was performed by
laboratory tests to physically characterize both soil and slag samples and evaluate the mechanical behavior of
compacted soil-slag mixtures through CBR and unconfined compressive strength tests. For the peculiarities of
this research, adding ladle steel slag on soils has increased the soil’s bearing capacity and unconfined
compressive strength and decreased the soil expansiveness. The results allow to conclude that using ladle steel
slag in highways applications, as a chemical stabilizer of soils, can improve the engineering properties of soils
and becoming a suitable solution to save natural resources and reduce costs during construction.

KEYWORDS: Ladle steel slag; Steel by-products; Soil stabilization; Roadway superstructure; Paving.

1 Introdução

1.1 Contextualização do Tema

https://proceedings.science/p/149094?lang=pt-br
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Para a utilização de solos como materiais de engenharia pode ser necessário submetê-los a processos de
estabilização para melhorar sua estabilidade mecânica, sua durabilidade ou para diminuir sua variação
volumétrica (LITTLE, 1995). A estabilização de solos consiste em processos, naturais ou artificais, que
modificam as características do sistema solo-água-ar, de forma a melhorar as propriedades de engenharia do
material, como capacidade de suporte, compressibilidade, expansibilidade, dentre outras propriedades
(HOUBEN e GUILLAUD, 1994). A estabilização de solos pode ser realizada mecanicamente,
granulometricamente ou quimicamente, a depender do tipo de solo a ser estabilizado (Rodrigues, 2018). O
procedimento básico e convencional para promover a estabilização de solos é o da compactação, cujo principal
objetivo é reduzir o seu índice de vazios, aumentanto o contato entre os grãos e tornando-os assim mais
homogêneos.
Entretanto, em alguns casos, a compactação isoladamente não é suficiente para promover a estabilização
do solo, situação frequentemente encontrada quando é necessário estabilizar solos coesivos (LITTLE, 1995).
Diante disso, utilizam-se outros procedimentos de estabilização, como a estabilização química. Nesse
procedimento, são adicionados materiais ao solo (estabilizadores) que permitem e/ou favorecem a ocorrência
de reações químicas que promovem a melhoria das propriedades de engenharia do material (MAKUSA, 2013).
Os estabilizantes usualmente adicionados aos solos para promover a estabilização química são o cimento
Portland e a cal. Porém, a utilização do cimento Portland e da cal como agentes estabilizantes de solos vem
sendo questionada devido a questões ambientais e econômicas (GHADIR e RANJBAR, 2018). Esse
questionamento resultou em diversos estudos que buscam estudar materiais alternativos para a substituição
dos materiais convencionais, que sejam menos agressivos ao meio ambiente e que apresentem boa relação
custo-benefício (JAFER et al., 2018). Nesse contexto, os coprodutos e resíduos de diversas atividades
industriais, como as escórias de aciaria, surgem como alternativas por apresentarem certas propriedades
pozolânicas e cimentícias (GHADIR e RANJBAR, 2018; JAFER et al., 2018).
Considerando que a indústria siderúrgica nacional atualmente é responsável pela produção de mais de
34 milhões de toneladas de aço por ano e que, para cada tonelada de aço produzida, são gerados 607 kg de
resíduos, dos quais 106 kg são escória (IAB, 2018), a reutilização desses materiais passa a ser uma alternativa
viável tanto economicamente quanto ambientalmente.

1.2 Escória de aciaria elétrica secundária

As escórias de aciaria são geradas como parte do processo de produção do aço. Há diversos tipos de
escórias que se originam a partir de diferentes tipos de fornos, sendo o Forno de Conversor à Oxigênio (Basic
Oxygen Furnace - BOF) e o Forno à Arco Elétrico (Electric Arc Furnace - EAF) os convencionalmente usados
na produção de aço (ROHDE, 2003).
Os EAF têm como característica a utilização de sucata para a produção de aço e a utilização de
eletricidade através de eletrodos (arcos elétricos) para derreter a sucata para a produção do aço. As escórias
geradas a partir dos fornos EAF são chamadas de escória de aciaria elétrica e são resultantes da combinação
de CaO e MgO com as impurezas a serem retiradas por oxidação da sucata metálica (ROHDE, 2003).
Eventualmente, há a necessidade de refino adicional do aço para a retirada de outras impurezas e para
conferir ao produto final determinadas propriedades. Desse processo de refino secundário resulta a escória de
aciaria elétrica secundária. Ao longo dos anos, o potencial desse tipo de escória foi subutilizado (PREZZI,
2017), principalmente devido ao baixo potencial para reciclagem decorrente de sua granulação muito fina e do
problema de expansão volumétrica (BOCCI, 2018).
Devido às particularidades de cada tipo de escória e dos solos em que ela é incorporada, toda aplicação
desse material como agente estabilizante deve ser estudada de forma a garantir que o material atenda aos
parâmetros de engenharia desejáveis. Diante disso, esse trabalho tem como objetivo a avaliação da melhoria
das propriedades de engenharia de dois tipos de solos proporcionada pela adição de escória de aciaria elétrica
secundária. As propriedades avaliadas foram as que ainda regem oficialmente os critérios nacionais de
dimensionamento de camadas de pavimentos: índice de suporte Califórnia (CBR) e resistência à compressão
simples.

2 Materiais e Métodos

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As amostras de solos utilizadas nesse trabalho foram coletadas em duas jazidas de empréstimos
localizados dentro das dependências de uma empresa siderúrgica localizada no município de Jaceaba/MG,
região do Alto Paraopeba, Minas Gerais. Os solos foram denominados SAB (Solo do Antigo Britador) e SPP
(Solo do Pátio de Pelotização), os quais foram preparados segundo a norma técnica NBR 6457 (ABNT, 2016a).
A escória de aciaria elétrica secundária foi fornecida por uma empresa que atua no setor de fabricação de tubos
metálicos, também localizada na região do Alto Paraopeba.
As amostras de escória de aciaria foram submetidas ao processo de moagem em um moinho de bolas e
ao processo de peneiramento utilizando a peneira com malha de abertura de 0,6mm (#30). As amostras de
solos e das misturas solo-escória foram submetidas aos ensaios de compactação em miniatura (Mini-MCV),
ao ensaio de perda de massa por imersão e foram classificados de acordo com a metodologia MCT. As normas
técnicas utilizadas para a realização da caracterização física dos materiais e para a classificação dos solos são
apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Normas técnicas utilizadas para caracterização dos materiais.


Material Ensaio geotécnico Norma
Análise granulométrica NBR 7181 (ABNT, 2016b)
Massa específica dos sólidos (ρs) NBR 6508 (ABNT, 1984)
Limite de liquidez (LL) NBR 6459 (ABNT, 2016c)
Limite de plasticidade (LP) NBR 7180 (ABNT, 2016d)
Solos
Resistência à Compressão Simples NBR 12770 (ABNT, 1992)
Perda de massa por imersão ME 256 (DNER, 1994a)
Mini-MCV ME 258 (DNER, 1994b)
Classificação de solos tropicais CLA 259 (DNER, 1996)
Índice de finura por peneiramento na
NBR 11579 (ABNT, 2013)
peneira de 75 μm
Escória Índice de finura pelo método de
permeabilidade ao ar (Método de NBR 16372 (ABNT, 2015)
Blaine)
Determinação da massa específica NBR 16605 (ABNT, 2017)

As porcentagens em massa de escória utilizadas em relação à massa seca dos solos foram definidas utilizando-
se como referência as porcentagens utilizadas em outros trabalhos, como o realizado por Silva et al. (2019).
Dessa forma, as misturas solo-escória foram realizadas utilizando porcentagens de escória de 10 e 20% em
relação à massa seca de solo na mistura, como é apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Composição das Misturas Solo-Escória Utilizadas (valores em porcentagem em relação à massa
seca de solo).
Misturas Solo (%) Escória (%)
Mistura A 90 10
Mistura B 80 20
O ensaio de compactação dos solos naturais foi realizado seguindo as especificações da NBR 7182
(ABNT, 2016e), enquanto os ensaios das mistura seguiram as especificações da NBR 12023 (ABNT, 2016g),
ambos na energia Proctor normal. Os valores de umidade ótima de compactação e massa específica aparente
seca máxima de cada mistura foram utilizados como referência para a confecção de corpos de prova destinados
aos ensaios de resistência à compressão simples e de índice e expansão CBR, seguindo as recomendações
estabelecidas na NBR 12025 (ABNT, 2012) e NBR 9895 (ABNT, 2016f), respectivamente.

3 Resultados e discussão

3.1 Caracterização física

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A Figura 1 apresenta as curvas granulométricas dos dois solos utilizados nessa pesquisa. Nota-se que as
curvas granulométricas dos solos são muito parecidas, evidenciando a similiariadade textural entre eles. A
maior diferença entre os solos é verificada na fração pedregulho, conforme pode ser verificada na Tabela 3. A
Tabela 3 também condensa os resultados obtidos a partir dos ensaios de caracterização dos solos e a
classificação destes de acordo com os sistemas TRB (AASHTO), USCS e MCT.
100
90
80
70
60
% que passa

50
40
30 SAB
20
10 SPP
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)
Figura 1. Curvas granulométrica dos solos analisados.

Tabela 3. Resumo dos resultados da caracterização e classificação dos solos analisados.


Parâmetro SAB SPP
% argila (φ < 0,002 mm) 8,00 10,00
% silte (0,002 mm < φ < 0,06 mm) 22,00 23,00
% areia (0,06 mm < φ < 2 mm) 26,00 27,00
% pedregulho (2 mm < φ < 60 mm) 44,00 40,00
LL (%) 67,00 34,00
LP (%) 36,00 27,00
IP (%) 31,00 7,00
ρs (g/cm³) 2,69 2,78
AASHTO A-7-5 (5) A-4 (0)
SUCS SC SC
MCT LA’ LA
Os resultados da caracterização da amostra de escória utilizada nessa pesquisa são apresentados na
Tabela 4. Em relação ao índice de finura e à superfície específica, espera-se que, quanto maior forem esses
valores, maior será o potencial de estabilização da escória. Os resultados obtidos a partir do ensaio de
compactação do solo e das misturas solo-escória [umidade ótima de compactação (Wótimo) e massa específica
aparente seca máxima (γdmáx)] são apresentados na Tabela 5.

Tabela 4. Caracterização Física da Escória de Aciaria Secundária.


Propriedades Físicas Unid. Valor
Índice de Finura (%) 55,8
Superfície Específica (cm²/g) 1906,4
Massa Específica (g/cm³) 2,91

Tabela 5. Propriedades físicas resultantes dos ensaios de compactação dos solos e das misturas solo-escória.
Solo Propriedade Solo Natural Mistura A Mistura B
Wótimo (%) 31,1 27,5 26,8
SAB
γdmáx (g/cm³) 1,405 1,466 1,483
Wótimo (%) 16,1 16,8 18,9
SPP
γdmáx (g/cm³) 2,078 2,084 1,983

3.2 Caracterização Mecânica

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Para a resistência à compressão simples (RCS), não foi considerado o período de cura das misturas. A
Figura 2 mostra a RCS média, obtida a partir de ensaios em triplicata.

250 250 233


222
RCS (kPa)

RCS (kPa)
207
195 198 200
200 200

150 150
Solo Natural Mistura A Mistura B Solo Natural Mistura A Mistura B
(a) Resistência à compressão simples (RCS) do SAB. (b) Resistência à compressão simples (RCS) do SPP.
Figura 2. Resultados dos ensaios de resistência à compressão simples para as misturas solo-escória.

Os resultados dos ensaios de resistência à compressão simples mostraram que a adição de 10% de escória
ao solo SAB proporcionou um aumento de 13,85% nessa propriedade. Nota-se que o ganho de resistência é
maior para a mistura composta por 10% de escória quando comparada à mistura com 20% de escória. Esse
comportamento indica que há uma porcentagem máxima de escória que deve ser usada para a maximização da
resistência à compressão simples
O mesmo comportamento foi verificado para o solo SPP. Houve um aumento de 12,56% na resistência
à compressão simples após a adição de 10% de escória ao solo. De forma similar, os maiores valores de
resistência foram verificados para a mistura composta por 10% de escória. Também houve redução da
resistência à compressão simples com o aumento do teor de escória (20%).
Como não houve cura dos corpos de prova, é pouco provável que o ganho de resistência tenha relação
direta com as reações cimentantes provocadas pela adição da escória. Entretanto, a substituição de parte da
massa de solo por um material mais fino (escória) promove, pelo efeito filer, a formação de misturas mais
densas, com menor volume de vazios e, consequentemente, maior número de contatos interpartículas na
estrutura interna do material compactado, criando, assim, uma mistura mais resistente ao esforço de
compactação.
Os valores médios dos resultados dos ensaios de CBR (índice CBR e expansão CBR) são mostrados na
Figura 3. Todos os ensaios foram realizados em triplicata.

20.00 40.00
17
30
15.00 13 30.00

10.00 20.00 16
7
CBR (%)
CBR (%)

5.00 10.00 6

0.00 0.00
Solo Natural Mistura A Mistura B Solo Natural Mistura A Mistura B
(a) Índice CBR do SAB e respectivas misturas. (b) Índice CBR do SPP e respectivas misturas.

A partir dos resultados, pode-se verificar que a adição da escória ao solo aumentou a capacidade de
suporte dos solos (índice CBR). Para o solo SAB, verificou-se incremento significativo, de mais de 150% no
valor do índice de suporte CBR com a adição de 20% de escória em relação à massa seca do solo.
Embora não tenha havido cura especificamente, o processo de imersão de CBR durante 4 dias pode
fornecer o tempo necessário para que que se inicie a ocorrência de reações cimentícias que tendem a aumentar
a resistência da mistura e, consequentemente, aumentar o seu índice de suporte. Adicionalmente, quanto maior
o teor de escória, maior número de reações tende a ocorrer e, consequentemente, mais rígida a mistura tende a
se tornar, aumentando o valor do CBR.

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0.4 0.35 1.5 1.27


0.27
Expansão CBR (%)

Expansão CBR (%)


1
0.2
0.08 0.5 0.25
0,10
0 0
Solo Natural Mistura A Mistura B Solo Natural Mistura A Mistura B
(c) Expansão CBR do SAB e respectivas misturas. (d) Expansão CBR do SPP e respectivas misturas.
Figura 3. Resultados dos ensaios de índice CBR e expansão CBR para os solos (SAB e SPP) e respectivas misturas
solo-escória.

Para o solo SPP, verificou-se aumento nos valores de CBR para as duas misturas quando comparadas
ao solo natural, entretanto, o aumento do teor de escória de 10% para 20% provocou uma redução da ordem
de 50% do valor de CBR. Esse comportamento indica haver, para tal ensaio, um teor máximo de escória que
se pode adicionar ao solo de forma a otimizar a resistência ao puncionamento do material, traduzida pelo índice
CBR.
Avaliando o índice de expansão CBR apresentado na Figura 3 (c e d), nota-se que a adição da escória,
em ambos os solos, fez com que as misturas se tornassem significativamente menos expansivas em comparação
com o solo natural. Nota-se que, para o solo SPP, a expansão reduziu cerca de 60% com o aumento do teor de
escória na mistura de 10% para 20% e mais de 80% com a adição de 10% de escória em relação à massa de
solo. A redução nos valores de expansão também foi verificada para as misturas realizadas com o solo SAB,
apresentando redução de 22% e de 77% para as misturas com 10% e 20% de escória, respectivamente, em
relação aos valores obtidos para o solo puro.
Embora um dos maiores problemas da utilização das escórias de aciaria seja a expansão volumétrica
decorrente das reações de hidratação de seus compostos, esse comportamento não foi verificado nas misturas
analisadas. Atribui-se a redução da expansão dos solos às reações cimentantes que acontecem nas misturas
durante o período de imersão característico do ensaio CBR.
Através dos ensaios de CBR realizados com as misturas com o solo SPP, verificou-se que este atendeu,
para a Mistura A, aos parâmetros estipulados pelo Manual de Pavimentação (DNIT, 2006) para a utilização
como material de sub-base de pavimentos, ou seja, índice CBR mínimo de 20% e índice de expansão CBR
máximo de 1%. O mesmo não ocorreu para a Mistura B desse solo, a qual, porém, em conjunto com as misturas
do solo SAB, pode ser aproveitada como material de reforço de subleito.

4 Conclusões

Os objetivos desta pesquisa foram plenamente atingidos, obtendo-se a influência da escória de aciaria
elétrica secundária na resistência à compressão simples, no índice CBR e sua respectiva expansão. Observou-
se, para ambas as amostras de solos analisadas, que houve um ganho de resistência à compressão simples para
as misturas contendo 10% de escória de aciaria elétrica secundária e que com o teor de 20% desse material a
resistência sofreu uma diminuição ficando com valores próximos à resistência do solo na sua condição natural.
Isso indica que há um teor de escória que gera uma otimização dessa propriedade próximo aos 10%. Verificou-
se que para as misturas de SAB com escória, houve uma tendência de aumento nos valores de CBR com o
aumento de escória, alcançando um valor de 17% (mistura B), muito próximo aos 20% que são exigidos para
que um material possa ser utilizado como camada de sub-base, o que torna a mistura B da amostra de SAB
uma excelente opção para compor uma camada de reforço de subleito. As misturas A e B para a amostra de
SPP apresentaram valores de CBR maiores do que a amostra de solo na condição natural, sendo que o maior
valor de CBR foi alcançado pela mistura com 10% de escória, a qual poderia ser utilizada como camada de
sub-base de pavimentos devido ao seu valor ser maior do que 20%. A expansão CBR apresentou a tendência
de diminuição com o aumento do teor de escória para ambas as amostras de solos analisadas. Observou-se que
a expansibilidade ficou abaixo de 0,5%, valor máximo exigido em camada de base de pavimentos, em todas
as misturas considerando as duas amostras de solos, com destaque para as misturas referentes à amostra de
SPP, que obtiveram uma redução de expansão significativa. A pesquisa mostrou o potencial técnico de

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aproveitamento desse material como agente estabilizante de solos. O potencial de utilização desse material vai
além da perspectiva técnica, tornando-se uma alternativa que representaria uma possível redução de custos
relacionados ao transporte e extração de materiais de jazidas de empréstimo de solos, além de permitir a
utilização de um co-produto de atividades industriais, reduzindo os impactos ambientais decorrentes da sua
disposição no meio físico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 8p.
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https://proceedings.science/p/149094?lang=pt-br
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