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Historia do artigo: A alta produção de minério de ferro no Brasil leva necessariamente à geração de grandes quantidades de resíduos
Recebido em 25 de abril de 2019 provenientes da etapa de beneficiamento. O armazenamento desse material em barragens está associado não só
Recebido em formato revisado em 23 de julho de 2019.
aos problemas ambientais, mas também aos riscos relacionados à segurança da população. O objetivo desta
Aceito em 5 de agosto de 2019
pesquisa foi estudar uma nova alternativa de reaproveitamento de rejeitos de minério de ferro com alto teor de
silício, aplicando-os na indústria cerâmica de argila vermelha. Para isso, foi desenvolvido um planejamento de
experimentos de mistura, utilizando três componentes – o rejeito de minério de ferro e dois materiais argilosos –
Palavras-chave:
com as respectivas faixas de incorporação: 0%–40% e 30%–70% (em massa). As matérias-primas foram
Rejeitos de minério de ferro
caracterizadas física, química, mineralógica e morfologicamente. Posteriormente, foram preparadas dez misturas
Tijolos de argila
Projeto de mistura de experimentos obtidas a partir do planejamento experimental e formados corpos de prova cilíndricos por prensagem uniaxial. Após
Sustentabilidade a queima a 850 -C, 950 -C e 1050 -C, foram avaliadas as propriedades de retração linear de queima, densidade
aparente, porosidade aparente, absorção de água, resistência à compressão e comportamento microestrutural dos
corpos de prova. Tanto o desenho da mistura dos experimentos quanto a função de desejabilidade permitiram a
determinação de uma composição ótima que contém 29,1% (em massa) de rejeitos e que atende aos padrões
internacionais. Em seguida, foram produzidos tijolos de construção em pequena escala com base nesta mistura
ideal. Os corpos de prova foram caracterizados física, mecanicamente e ambientalmente. O tijolo apresentou 20,94%
de absorção de água e resistência à compressão igual a 4,27 MPa, comprovando seu potencial para ser utilizado em
alvenarias de vedação. Além disso, seu comportamento ambiental indica que o material pode ser classificado como
não perigoso e não inerte, e não é agressivo ao meio ambiente ou à saúde humana durante e após a vida útil. Este
estudo mostrou que o tijolo proposto apresenta vantagens do ponto de vista ambiental, econômico e técnico,
contribuindo para a sustentabilidade no setor industrial e na construção civil.
- 2019 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.
https://doi.org/10.1016/j.conbuildmat.2019.08.050
0950-0618/- 2019 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.
2 BC Mendes et al. / Construção e Materiais de Construção 227 (2019) 116669
empresas de mineração[3]. A forma mais utilizada de descarte desses materiais incorporou o maior teor de resíduos simultaneamente. Foram
são as barragens. Estas estruturas são reconhecidas como tendo impactos produzidos tijolos em modelo de pequena escala e caracterizados
ambientais significativos. Algumas barragens são mantidas em boas condições de física, mecânica e ambientalmente, comprovando a qualidade técnica
operação, atendendo às mais rigorosas normas de segurança. Outros trabalham do produto e a viabilidade desta alternativa quanto à sustentabilidade.
com sérios riscos, que podem resultar no seu rompimento
[4]. Em novembro de 2015, no Brasil, ocorreu um grave acidente devido
ao rompimento de uma barragem de rejeitos localizada no município 2. Materiais e métodos
de Mariana. Cerca de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos vazaram
da barragem, devastando uma grande área e causando graves 2.1. Recolha e caracterização de matérias-primas
reaproveitar estes resíduos, algumas soluções têm sido propostas. cerâmica localizada no município de Visconde do Rio Branco, MG.
As matérias-primas foram expostas à secagem ao ar e trituradas. Posteriormente,
Uma delas é utilizá-los para a produção de materiais para a construção
foram peneirados em peneira ASTM 50 mesh. Para a caracterização física foi
civil, já que encontrar fontes sustentáveis de matéria-prima para o determinada a curva de distribuição granulométrica conforme exigências da NBR 7181
setor tornou-se um tema de grande importância[5]. [33]; a massa específica de grãos conforme NBR 6508[34]; e os limites de Atterberg, pelo
Pesquisas anteriores sobre a incorporação de rejeitos de minério de método de Casagrande, com base na NBR 6459[35]e NBR 7180[36]padrões. Os materiais
foram caracterizados quimicamente através da técnica de fluorescência de raios X (FRX),
ferro em materiais de construção, como concretos, argamassas e
utilizando equipamento Shimadzu EDS-720. Para a caracterização morfológica foi
pastas, mostraram a viabilidade técnica na fabricação de produtos com utilizada a técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV), por meio do
desempenho satisfatório[6–12]. Os rejeitos também têm potencial equipamento Leo 1430VP. A composição mineralógica das frações argila, silte e areia de
aplicação na produção de produtos cerâmicos, conforme demonstrado cada material foi determinada por difratometria de raios X (DRX) pelo difratômetro X'Pert
em alguns estudos[13–17]. Uma das diferenças entre esta pesquisa e Pro MPD com Co-Ka
(k =1,789 Å) de radiação e 2hângulo variando de 3 a 70. O comportamento térmico foi
os estudos acima é a composição do resíduo, que apresenta maior teor
avaliado através de análise termogravimétrica e térmica diferencial (TG/DTA), com
de sílica e menor percentual de óxido de ferro (Fe2Ó3). Esta equipamento Shimadzu DTG-60H. Cada amostra foi aquecida de 25 -C a 1100 -C, com
característica torna-o mais interessante para ser utilizado como redutor uma taxa de aquecimento constante de 10 -C/min sob atmosfera de nitrogênio.
de plasticidade, melhorando a trabalhabilidade de massas cerâmicas
muito plásticas e diminuindo a retração após secagem e queima.[18].
A incorporação de rejeitos de minério de ferro deve ser avaliada do 2.2. Modelo experimental
Figura 1.Triângulo pseudo-componente restrito e pontos simplex para o planejamento de mistura de experimentos.
2.4. Produção e caracterização de tijolos para construção em pequena escala maior quantidade de grãos maiores que 2eum, apresentando
considerável fração de areia (23,45%).
Para o processo de extrusão, a mistura ideal foi preparada e seca em estufa. Após
A massa específica dos grãos dos rejeitos de minério de ferro é superior
esse procedimento, foi adicionada água suficiente para conferir plasticidade à massa e
permitir que ela fosse bem processada na etapa de conformação. A umidade adequada à das argilas, provavelmente devido ao alto teor de ferro e sílica. As massas
foi de 29,77%. Após o preparo da massa cerâmica, esta foi extrusada por meio de específicas dos materiais argilosos são compatíveis com aquelas geralmente
extrusora a vácuo para laboratório. Foram produzidos tijolos para construção em observadas para argilas ilítico-cauliníticas (2,40–2,74 g/cm3)
pequena escala, com dimensões de (3,4 - 7,2 - 11,0) cm (Figura 2). As amostras foram
[47]. A adequação dos materiais argilosos para a fabricação de produtos
secas após o processo de produção. Foram determinados a massa e o comprimento dos
corpos de prova no estado seco. A rotina de sinterização foi a mesma descrita na Seção cerâmicos pode ser verificada pelos limites de consistência ou limites de
2.3, com pico de temperatura de 950 -C. Após a queima foi realizada a caracterização Atterberg. Ambas as argilas podem ser consideradas muito plásticas, pois os
física e mecânica dos tijolos, obtendo as mesmas propriedades avaliadas no índices de plasticidade foram superiores a 15%. Os valores dos limites de liquidez
planejamento experimental. foram de 60% e 56% para as argilas cinza e amarela, respectivamente, o que está
A caracterização ambiental, em termos de solubilização e lixiviação, foi realizada em
de acordo com a literatura (30%–60%) para produção cerâmica
amostras de tijolos cozidos confeccionados com a composição ótima, conforme descrito
acima, e tijolos comerciais provenientes da indústria cerâmica onde foram coletadas as [48]. Os limites plásticos observados foram de 44% para argila cinza e 35% para
matérias-primas argilosas. Os extratos solubilizados das amostras de tijolos foram argila amarela. Valores elevados indicam maior dificuldade na secagem dos
obtidos conforme procedimento da NBR 10.006[44]padrão. A lixiviação de metais corpos de prova, o que pode causar problemas nas etapas de secagem e queima.
pesados e demais elementos dos tijolos cerâmicos foi determinada conforme
[49].
procedimento estabelecido pela norma NBR 10.005[45]para lixiviação de não voláteis em
amostras com teor de sólidos de 100%. Os resultados da caracterização química são mostrados emmesa 2. Os
rejeitos de minério de ferro são compostos basicamente por sílica, óxido de
ferro e alumina com menores teores de óxidos de cálcio, magnésio,
3. Resultados potássio, titânio e fósforo. As argilas cinza e amarela são constituídas
principalmente por sílica e alumina, acompanhadas de uma quantidade
3.1. Caracterização de matérias-primas significativa de óxido de ferro, que chega a 12,4% na argila amarela. Fé2Ó3é
responsável pela cor avermelhada dos corpos cerâmicos queimados[50]. Os
Os teores correspondentes às frações granulométricas - argila, silte e óxidos de cálcio, magnésio e potássio, presentes em menores teores, atuam
areia - para cada matéria-prima utilizada nesta pesquisa estão apresentados como fundentes na massa cerâmica. O óxido de titânio, cujos percentuais
emtabela 1. O rejeito de minério de ferro é um material com alto teor de foram superiores aos demais óxidos menores, é considerado um agente
silte (49,50%) e considerável quantidade de areia fina (38,60%), podendo ser nucleante que pode modificar a matriz vítrea e afetar a cristalização de
classificado como silte arenoso. Essa característica está relacionada à sua novas fases[49,51,52].
não plasticidade, pois a fração argila, responsável pela plasticidade do solo, As proporções entre sílica e alumina (SiO2/Al2Ó3) para argilas cinza e
é muito pequena[46]. Verificou-se predominância da fração argila nos amarela são 1,361 e 1,583, respectivamente. Esta relação indica a
demais materiais. A argila cinza possui alto teor de granulometria inferior a quantidade de quartzo (sílica livre) presente nestes materiais. Pode-se
2eum (62,40%). A argila amarela contém um notar que o teor de sílica livre é menor na argila cinza, o que sugere
maior presença de compostos formados pela combinação de SiO2e Al2
Ó3, como minerais argilosos.
A perda de ignição do IOT está relacionada com a combustão da
matéria orgânica, e é significativamente inferior aos valores obtidos
para as argilas. Este resultado, associado às propriedades físicas,
mineralógicas e térmicas dos resíduos, indica que o material pode ser
considerado inerte. Os altos percentuais de LoI para os materiais
argilosos, especialmente a argila cinzenta, estão relacionados
principalmente à presença de uma alta fração de argilominerais[53].
Figura 3mostra os difratogramas obtidos para os rejeitos de argilas
e minério de ferro. No padrão XRD dos rejeitos de minério de ferro, há
picos intensos de quartzo em d = 4,25, 3,34, 2,45, 2,28, 1,98 e 1,82 Å e
hematita em d = 3,69, 2,70 e 2,52 Å na fração areia. Na fração silte,
além do quartzo e da hematita, observa-se a presença de goethita (d =
2,70 Å). A fração argila apresenta as fases minerais gibbsita (d = 4,89 Å),
hematita (d = 2,70 Å), goethita (d = 4,21 e 2,70 Å) e caulinita (d = 7,28 e
Figura 2.Tijolos de construção de pequena escala (perfurados) antes da queima. 3,60 Å). O
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tabela 1
Características físicas das argilas cinzentas e amarelas e dos rejeitos de minério de ferro.
Material Granulometria Massa específica de grãos (g/cm3) Limite de liquidez (%) Limite de plasticidade (%) Índice de Plasticidade (%)
mesa 2
Composição química obtida pelo FRX a partir de matérias-primas.
existência de minerais como quartzo e hematita influencia na baixa de reações envolvendo metacaulinita[58]. Na curva DTA da argila
plasticidade do material. amarela, observa-se um evento endotérmico (4) a uma temperatura de
Em relação à argila cinzenta, verifica-se a predominância das fases aproximadamente 1000 -C, que pode estar relacionado à oxidação e
quartzo e caulinita nas frações areia e silte. A presença de caulinita (d = formação de novas fases cristalinas. As perdas totais de massa
7,19, 4,46, 3,57 e 2,34 Å) pode ser identificada na fração argila. O verificadas para as argilas cinza e amarela foram de 12,81% e 7,93%,
difratograma também mostra picos em d = 4,46; 2,57; 2,50 e 2,38 Å respectivamente.
devido à provável existência de ilita e/ou caulinita. A fração areia da
argila amarela é composta basicamente por quartzo. O padrão de DRX
da fração silte, por sua vez, também apresenta picos associados à 3.2. Caracterização de corpos de prova cerâmicos
caulinita. Na fração argila podem ser identificados picos
correspondentes à caulinita (d = 7,16, 4,44, 3,57 e 2,33 Å) e goethita (d = A determinação dos limites de Atterberg permite a classificação dos
4,17 e 2,49 Å), sendo predominante a fase cristalina da caulinita. Este materiais como adequados ou não para o processo de extrusão por
mineral contribui para a boa conformação e melhoria das propriedades meio do diagrama prognóstico de extrusão[59]. As argilas cinza e
de secagem dos produtos[54]. amarela, bem como as misturas foram caracterizadas para limites de
Atterberg e localizadas no diagrama prognóstico de extrusão (Figura 5).
O comportamento térmico dos rejeitos de minério de ferro foi analisado Mostra-se que as duas argilas puras não apresentam condições
de acordo com as curvas TGA/DTA obtidas (Figura 4.a). Foi possível definir satisfatórias para extrusão devido à elevada plasticidade. Isto justifica a
quatro eventos endotérmicos, um exotérmico e as variações de massa utilização de um material não plástico, como rejeitos de minério de
associadas. O aquecimento de 25 -C para 225 -C resultou em ganho de ferro, que melhora tais características e proporciona extrusão aceitável.
massa de 0,39%, possivelmente devido ao processo de estabilização após Verifica-se que cinco misturas (M3, M4, M5, M9 e M10) estão fora da
evaporação da água livre, representado pelo primeiro pico endotérmico (1). área considerada aceitável para extrusão. As misturas M2 e M7 estão
O segundo pico endotérmico (2), a 305 -C, corresponde à desidroxilação da localizadas dentro dos limites da zona apropriada. As misturas M1, M8
goethita pouco cristalizada, transformando-se em hematita[55]. O primeiro e M6, que apresentam os maiores teores de rejeitos de minério de
pico exotérmico (3), a 347 -C, está relacionado com a combustão de matéria ferro (40%, 26,7% e 20%, respectivamente), enquadram-se na região de
orgânica. A perda de massa associada a estes eventos foi de 1,06%. O extrusão aceitável. Isto sugere que, para a conformação por extrusão,
terceiro pico endotérmico (4), em 573 -C, é atribuído à transição do quartzoa o teor ótimo de resíduos deve estar entre 20% e 40%.
para quartzob A seguir, os resultados obtidos para as propriedades físico-mecânicas
[56]. Entre as temperaturas de 400 -C e 600 -C foi observada uma perda avaliadas são apresentados e discutidos a seguir. Os valores e sinais dos
de massa de 0,48% devido à eliminação da água constitucional e coeficientes nas equações indicam a influência de cada componente, bem
decomposição de certos cristais[16]. O quarto pico endotérmico (5), em como eventuais sinergismos e antagonismos entre eles.Figos. 6 e 7mostram
1054 -C, refere-se a transformações envolvendo oxidação e as superfícies de resposta para as propriedades de densidade aparente
recristalização de novas fases. O ganho de massa destas reações foi de seca, retração linear de queima, densidade aparente, porosidade aparente,
1,16%. absorção de água e resistência à compressão axial.Tabela 3 apresenta as
As curvas TGA/DTA para argilas amarelas e cinzas são mostradas em equações de regressão resultantes da análise estatística e seus respectivos
Figura 4(bec). Os três primeiros picos detectados estão relacionados à perda coeficientes de determinação (R2).
de água adsorvida (1), combustão de matéria orgânica (2) e desidroxilação Através do gráfico emFigura 8, é possível avaliar a influência de cada
da caulinita (3), transformando-se em metacaulinita[57]. As temperaturas e componente na densidade aparente seca. A análise desta propriedade é
perdas de massa correspondentes a esses eventos foram, respectivamente: relevante pois afeta o comportamento das peças cerâmicas durante o
60 -C (2,02%), 316 -C (0,87%) e 493 -C (11,66%) para argila cinzenta; e 67 -C processo de queima.[60]. A adição de IOF tende a aumentar os valores de
(0,49%), 308 -C (2,06%) e 489 -C (7,24%) para a argila amarela. Há também densidade aparente seco. Isso pode ser explicado pela sua elevada massa
um pequeno pico exotérmico (4) na curva DTA para argila cinza a 947 -C. específica e pela presença de partículas grossas, o que pode favorecer o
Este pico está associado à formação de espinélio e/ou mulita primária, que empacotamento do sistema até certo nível de adição.
são formados [53]. Em relação à interação entre os resíduos e o cinza
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Figura 4.Análise térmica de: a) rejeitos de minério de ferro; b) argila cinza; c) argila amarela (TGA - termogravimétrica; DTA - termodiferencial).
Figura 6.Superfície de resposta para a propriedade de densidade aparente seca (antes da queima)
(Unidade: g/cm3).
Figura 7.Superfícies de resposta para as propriedades das amostras após a queima (Unidades: LS (%); BD (g/cm3); PA (%); WA (%); CS (MPa)).
Tabela 3
Equações de regressão para as propriedades analisadas e os respectivos coeficientes de determinação (R2).
Nota: IOT: Rejeitos de minério de ferro; GC: argila cinzenta; YC: argila amarela.
O limite máximo é de 22%, o que só foi atendido por todas as misturas a 950
-C e 1050 -C.
Outra propriedade importante para avaliação da qualidade dos
produtos cerâmicos é a resistência mecânica. Em relação à construção
de tijolos cerâmicos, a resistência à compressão deve ser avaliada. A
adição de rejeitos de minério de ferro tende a reduzir a resistência
mecânica. Esse comportamento está relacionado ao aumento da
porosidade, fato já percebido por outros autores[58,73]. Quanto maior
o número de poros na matriz cerâmica, mais pontos ficam suscetíveis à
concentração de tensões, causando diminuição da resistência[74]. Além
disso, o alto teor de quartzo no IOT também influencia na perda de
resistência. Em temperaturas em torno de 573 -C ocorre a
transformação alótropa do quartzo, o que induz uma variação
volumétrica. Esta variação resulta em tensões de tração na matriz
circundante antes da densificação completa. Assim acontece o
“descolamento” entre os grãos de quartzo e a matriz vítrea, o que leva
à diminuição da resistência mecânica[75]. Este efeito pode ser visto em
Figura 8, correspondente a uma amostra da mistura M1 queimada a
1050 -C, obtida por microscopia óptica. É visível a fissuração presente
no entorno dos grãos de quartzo, destacada na imagem.
Figura 9.Regiões que atendem ao critério de resistência definido pela ASTM C62.
Avaliando as equações, percebe-se que a argila cinza é a
responsável pelo desenvolvimento da resistência até 850 -C.
Considerando a temperatura de 950 -C, a interação entre os
componentes passou a apresentar efeito preponderante, levando ao a 1050 -C, principalmente nas misturas M1 e M10, observou-se aspecto
aumento da resistência em relação à temperatura anterior. A 1050 -C de desagregação e aparecimento de trincas. Isto está relacionado com
esperava-se que o ganho de resistência fosse ainda maior, como já foi a diminuição da resistência mecânica mencionada anteriormente. Nas
observado por alguns autores em massas cerâmicas comuns[58,76]. No amostras de mistura M4, com grande quantidade de argila cinza, as
entanto, a presença de argila cinzenta levou a um aumento significativo superfícies são mais lisas e menos porosas que as demais. A amostra
na retração linear, induzindo deformações diferenciais e microfissuras contendo maior percentual de rejeito de minério de ferro (M1)
que afetaram a resistência à compressão[77]. Além disso, nesta apresenta superfícies mais irregulares devido à elevada quantidade de
temperatura de queima, a incorporação do IOT teve influência ainda quartzo e óxido de ferro presentes na mistura. Durante o processo de
mais negativa nesta propriedade. Isto pode estar associado ao sinterização, as partículas de hematita apresentam-se como grãos finos
aumento de partículas de quartzo e hematita, que dificultam o dispersos na matriz cerâmica, dificultando a sinterização completa[79].
processo de sinterização dos argilominerais[78], especialmente em
altas temperaturas. Figura 11mostra os resultados de XRD para a mistura M7 queimada
As normas brasileiras e internacionais não estabelecem valor mínimo de a 850 -C, 950 -C e 1050 -C. Os difratogramas confirmam os mecanismos
resistência mecânica para corpos de prova de pequeno porte, mas apenas de sinterização citados acima. A 850 -C foram observadas as fases
para tijolos de construção fabricados em tamanho real. NBR 15270-1 cristalinas quartzo, hematita e metacaulinita. A 950 -C iniciou-se a
[71]especifica que a resistência mínima à compressão deve ser formação de novas fases, com presença de espinélio. Indica que a
1,5 MPa para tijolos de construção perfurados. Todas as misturas em todas sinterização em fase líquida inicia por volta de 950 -C, confirmando a
as três temperaturas atendem a este critério e seriam consideradas análise DTA das matérias-primas. A 1050 -C foram encontrados picos de
satisfatórias em termos de resistência. Porém, o comportamento mecânico cristobalita, espinélio e mulita. A formação destas fases está
observado em corpos de prova maciços é diferente daquele observado em relacionada com a densificação e redução da porosidade das peças
tijolos perfurados, o que desencoraja a utilização deste valor como cerâmicas nesta temperatura.
referência. O valor mínimo de 17,2 MPa especificado pela ASTM C62[72]para
tijolos maciços foi então selecionado. Com base neste valor, foram definidas 3.3 Determinação da composição ideal
as regiões das superfícies de resposta que atendem a este limite para cada
temperatura de sinterização (Figura 9). Para determinar a composição que melhor atendeu aos critérios
Para atestar o bom ajuste de cada modelo de regressão foram exigidos pelas normas (NBR 15270-1[71]e ASTM C62[72]), foi utilizada a
analisados os gráficos de “resíduos” versus “valores previstos” e de função de desejabilidade (DS). O valor máximo adotado para a
probabilidade normal. Pode-se inferir que os erros apresentam absorção de água foi de 22%; o valor mínimo considerado para
distribuição aleatória em torno da média igual a zero; portanto, podem resistência à compressão axial foi de 17,2 MPa. A intenção foi atender
ser considerados independentes, sugerindo homogeneidade de essas especificações, visando incorporar o máximo possível de rejeito
variâncias. Os gráficos de probabilidade normal indicaram que os de minério de ferro.
resíduos, ou erros, estão normalmente distribuídos em todas as Por meio dos gráficos de desejabilidade (Figura 12), pode-se verificar a
propriedades. Por estas observações pode-se concluir que a análise de influência de cada matéria-prima nesta função. Os valores de desejabilidade
regressão realizada é válida para as três temperaturas avaliadas. mais próximos de 1 ocorrem nas proximidades do limite superior do
Imagens SEM do M1 (40% IOT, 30% GC, 30% YC), M4 (70% GC, 30% componente “argila cinzenta”, exceto para a temperatura de 1050 -C. Além
YC), M7 (13,33% IOT, 43,33% GC, 43,33% YC) e M10 (30% GC , 70% YC) disso, nota-se que a interação entre a argila amarela e o rejeito de minério
são mostrados emFigura 10. Analisando o efeito da temperatura, pode- de ferro é negativa, de forma que um fator limita a aplicação do outro.
se observar a evolução do processo de sinterização que ocorreu entre Outro fato marcante é que uma grande variedade de composições
850 -C e 950 -C para as quatro misturas. Pode-se notar a redução da apresentam desejabilidade relativamente alta (acima de 0,70). Isso significa
porosidade e rugosidade da superfície, devido à aproximação das que o conteúdo adicionado de cada componente pode variar amplamente,
partículas por difusão no estado sólido e início da sinterização em fase mantendo o desempenho do produto próximo aos níveis recomendados.
líquida. Nas amostras disparadas
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Figura 10.Imagens obtidas por MEV de amostras das misturas M1, M4, M7 e M10 (aproximação: 500-).
Para cada temperatura de queima foi definida a composição ótima ( materiais (TGA/DTA) mostrados na Seção 3.1, e a avaliação das
Tabela 4). Também foram previstos o índice de absorção de água e os superfícies de ruptura apresentadas naFigura 12, a temperatura de 950
valores de resistência à compressão associados a esta mistura. Para -C é recomendada. Comparando a queima a 850 -C com a de 950 -C,
incorporar o maior teor de resíduos, a composição recomendada é de observou-se a redução da porosidade e da absorção de água, o que é
29,1% de rejeito de minério de ferro, 40,9% de argila cinza e 30,0% de benéfico do ponto de vista da durabilidade do material. Além disso o
argila amarela. Considerando a análise térmica do comportamento térmico da argila cinzenta
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Figura 11.Difratograma das amostras da mistura M7, queimadas a 850 -C, 950 -C e 1050 A diferença percentual observada para a retração linear de queima
-C (Q – quartzo; Hm – hematita; K – metacaulinita; S – espinélio; M – mulita; C – também pode ser atribuída ao fato dos valores medidos serem muito
cristobalita).
baixos. Desta forma, os erros absolutos, embora pequenos, são mais
significativos quando expressos em percentagem. Coronado, Segadães e
Andrés[80], que utilizou o planejamento de mistura experimental em peças
cerâmicas prismáticas, obteve uma diferença percentual para esta
propriedade igual a 22,73%, valor próximo ao calculado nesta pesquisa. As
demais propriedades dependem fundamentalmente das características do
material cerâmico e têm pequena influência na alteração da forma dos
corpos de prova. Pode-se observar que os valores estimados foram
próximos aos obtidos experimentalmente. Destaca-se a propriedade de
absorção de água, com variação inferior a 0,5%.
Os resultados mostrados acima demonstram a eficácia do planejamento de
misturas de experimentos para a previsão de propriedades cerâmicas, apesar da
variabilidade e heterogeneidade associadas ao material[81,82]. Assim, a
metodologia pode ser aplicada de forma confiável, e os modelos obtidos podem
ser usados para selecionar qualquer combinação de componentes que atenda a
propriedades finais específicas.
Tabela 6apresenta os resultados obtidos na análise dos extratos
solubilizados e lixiviados de amostras com rejeito de minério de ferro
(mistura ótima) e amostras de tijolos comerciais. Apresenta também os
limites máximos de concentração dos elementos para classificação dos
resíduos como “não inertes” (solubilização) e “não perigosos” (lixiviação)
conforme NBR 10.004[32]e US EPA - Código de Regulamentações
Figura 12.Gráficos de desejabilidade para temperaturas de 850 -C, 950 -C e 1050 -C. Federais[83].
Em relação aos extratos solubilizados, em ambas as amostras as
concentrações foram inferiores aos limites máximos especificados pela
que é o principal componente da mistura, sugere que a formação de NBR 10.004[32], exceto para o elemento arsênico (As). Isso sugere que
novas fases cristalinas durante o processo de sinterização inicia-se por as reservas de água em contato direto com esses dois materiais não
volta de 950 -C. podem ser utilizadas para consumo humano, conforme padrão de
consumo definido pela Funasa[84]. Ambos os materiais podem ser
3.4. Caracterização física, mecânica e ambiental dos tijolos de classificados como não inertes. Ressalta-se que embora esteja acima do
pequena escala limite, a solubilização do arsênio foi menor nos tijolos com IOT, aspecto
vantajoso para o produto. Considerando os elementos cromo (Cr), ferro
Tabela 5apresenta os resultados para as propriedades de retração linear (Fe) e alumínio (Al), as concentrações obtidas para a amostra de tijolo
de queima, absorção de água, porosidade aparente, massa específica com rejeito de minério de ferro foram inferiores às da amostra de tijolo
aparente e resistência à compressão, correspondentes aos corpos de prova comercial. A solubilização do alumínio neste último ficou acima do
extrusados. Considerando os percentuais de argila cinza (GC), argila amarela máximo permitido pela norma, em torno de 129%
Tabela 4
Composições ótimas considerando as três temperaturas de queima.
Temperatura de queima Rejeitos de minério de ferro Argila cinza Argila amarela Predição
Tabela 5
Comparação entre os valores estimados e obtidos experimentalmente para os corpos de prova extrusados.
Designação de amostras Encolhimento linear (%) Absorção de água (%) Porosidade aparente (%) Massa específica aparente (%) Resistência à compressão (MPa)
Tabela 6
Concentrações dos elementos nos extratos solubilizados e lixiviados (todas as concentrações em mg/L).
Elemento Limite definido pela NBR 10.004[35] Limite definido pela US EPA[79] Amostras
e não perigoso, tanto durante como após a vida útil do edifício, quando [20]SL Correia, APN Oliveira, D. Hotza, AM Segadães, Propriedades de corpos triaxiais de
porcelana: interpretação de modelação estatística, J. Am. Cer. Soc. 89 (2006) 3356–
retorna ao meio ambiente como resíduo de construção. Houve também
3365.
maior imobilização dos elementos na amostra de tijolo IOT em relação [21]SL Correia, D. Hotza, AM Segadães, Previsão do teor de porosidade em corpos
ao tijolo comercial. triaxiais de porcelana em função do teor de matérias-primas, J. Mater. Ciência. 43
(2008) 696–701.
Este estudo demonstrou a viabilidade técnica e ambiental da
[22]RR Menezes, HGM Neto, LNL Santana, HL Lira, HS Ferreira, GA Neves, Otimização do teor de
incorporação de rejeitos de minério de ferro em misturas cerâmicas resíduos em revestimentos cerâmicos utilizando planejamento estatístico de experimentos
para produção de tijolos cerâmicos para construção civil. Por meio da de mistura, J. Eur. Cer. Soc. 28 (2008) 3027–3039.
alternativa proposta, pode-se agregar valor a um material [23]SL Correia, G. Dienstmann, MV Folgueras, AM Segadães, Efeito da substituição da
areia de quartzo por rejeitos de ágata em porcelana triaxial, J. Hazar. Matéria. 163
anteriormente descartado, devolvendo-o à cadeia produtiva sem (2009) 315–322.
causar danos humanos ou ambientais. [24]AA Guzmán, SM Gordillo, AS Delvasto, VMF Quereda, VE Sánchez, Otimização das
propriedades tecnológicas de corpos de porcelanato contendo cinza de palha de
arroz utilizando a metodologia de planejamento de experimentos, Cer. Inter. 42
(2016) 15383–15396.
Declaração de interesse concorrente
[25]A. Ukwatta, A. Mohajerani, Análise de lixiviados de tijolos verdes e de argila cozida
incorporados com biossólidos, Waste Manage. 66 (2017) 134–144.
Os autores declaram que não têm interesses financeiros [26]HA van der Sloot, DS Kosson, Uso de testes de lixiviação de caracterização e
concorrentes ou relações pessoais conhecidas que possam ter ferramentas de modelagem associadas na avaliação da natureza perigosa de
resíduos, J. Hazard. Matéria. 207 (2012) 36–43.
influenciado o trabalho relatado neste artigo. [27]R. Alonso-Santurde, A. Andrés, JR Viguri, M. Raimondo, G. Guarini, C. Zanelli,
M. Dondi, Comportamento tecnológico e potencial de reciclagem de areias de fundição
gastas em tijolos de argila, J. Environ. Gerenciar. 92 (2011) 994–1002.
Agradecimentos [28]T. Basegio, F. Berutti, A. Bernardes, CP Bergmann, Aspectos ambientais e técnicos da
utilização de lamas de curtume como matéria-prima para produtos argilosos, J. Eur.
Cer. Soc. 22 (2002) 2251–2259.
Este estudo foi financiado em parte pela Coordenação de [29]M. Dondi, G. Guarini, M. Raimondo, A. Ruffini, Cinzas volantes de Orimulsão em tijolos de
Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código argila - parte 3: estabilidade química de produtos contendo cinzas, J. Eur. Cer. Soc. 22 (2002)
1749–1758.
Financeiro 001. Os autores também desejam agradecer à agência FAPEMIG
[30]A. Filibeli, N. Buyukkamaci, H. Senol, Solidificação de resíduos de curtume, Res. Vigarista.
pelo apoio financeiro fornecido (projeto número APQ-01546-16). Gravando. 29 (2000) 251–261.
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