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Ano 1 , Edição nº4 , Vol. 3 , Nº 2 – 1ª Quinz.(2ªSem.

), Outubro – 2019

USO DE ESCÓRIA SIDERÚRGICA COMO


AGLOMERANTE DE BRIQUETES DE BIOMASSA
CARBONIZADA

Amanda Guilherme Amaral


Engenheira de Agronegócios Formada pela UFF/VR

Isabela Santana de Oliveira


Engenheira Mecânica formada pela EEIMVR/UFF-VR
Mestre em Engenharia Metalúrgica pela EEIMVR/UFF – VR
Doutoranda em Engenharia de Materiais pela EEL-USP
Laboratório de Mecânica Aplicada – EEIMVR/UFF – VR

Nathália Batista Lopes Matias


Técnica em Química
Graduada em Química Bacharelado pelo ICEx/UFF - VR
Pós-graduanda em Formação Pedagógica para Graduandos não Licenciados em Química – Cruzeiro do Sul
Mestranda em Engenharia Metalúrgica pela EEIMVR/UFF – VR
Laboratório de Eletroquímica, Polímeros e Cerâmicos – EEIMVR/UFF – VR

André Luís de Brito Baptísta


Técnico Industrial Metalúrgico
Graduado em Administração de Empresas com Ênfase em Gestão de Ciência e Tecnologia
Pós-Graduado MBA em Gestão de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Mestre em Materiais (Processamento e Reciclagem)
Laboratório de Metalurgia Extrativa (LAMEX) – EEIMVR/UFF - VR

Resumo

O carvão vegetal é um importante subproduto da madeira obtido através de um processo conhecido como
Pirólise. O tipo de madeira tem forte influência na qualidade e nas propriedades que mais se desejam no carvão
de acordo com seu destino, seja ele industrial, doméstico ou comercial.
Durante a sua produção e transporte, há uma grande geração de finos que de chega a 25% da produção,
distribuídos na seguinte forma: 3,7% nas carvoarias, 5,8% no carregamento e transporte, 6,3% na armazenagem
e 9,4% no peneiramento, a melhor forma de aproveitamento destes finos é a briquetagem.
Assim sendo definiu-se que o objetivo principal deste trabalho é avaliar através do ensaio mecânico de
compressão diametral de briquetes cilíndricos de finos de carvão vegetal siderúrgico (biomassa carbonizada), o
uso de diferentes teores de escória de aciaria a oxigênio (resíduo) em substituição a bentonita (produto
industrializado), como aglomerante de pega a úmido de secagem natural, além de avaliar se é permitido o uso
de amido de milho seco direto na mistura sem a necessidade de diluição prévia em água; determinar o limite de
resistência do briquete de biomassa carbonizada (finos de carvão siderúrgico) definindo o seu uso na industria
metalúrgica; definir também a capacidade de estocagem do produto (briquete de biomassa carbonizada, finos de
carvão vegetal siderúrgico), através do calculo da altura de empilhamento.

Palavras-Chaves: Resíduos, Briquetes, Carvão Vegetal, Siderurgia, Biomassa

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1 – INTRODUÇÃO

Com o crescimento populacional e industrial temos a necessidade de melhor utilizar os


resíduos. Os resíduos e os finos da indústria metalúrgica podem originar energia sustentáveis que
agridem menos o meio ambiente. Com isso utilizamos a biomassa carbonizada com destaque para o
carvão vegetal. [1,2,3,4]
O aproveitamento dos resíduos ou subprodutos é importante tanto para reduzir os impactos
negativos no ambiente quanto para reduzir os custos de produção e aumentar as receitas. O
aproveitamento mais racional de subproduto poderá favorecer ainda mais o balanço energético [5]
A produção de carvão vegetal a partir da biomassa proveniente da madeira faz com que essa
matéria prima assuma a quarta posição entre as fontes primárias de energia mais utilizada na matriz
energética brasileira [6]
Em 2005, cerca de 42,8% da produção de lenha equivalente a 136,6 milhões de m³ foram
destinados à produção de carvão vegetal no Brasil, o que o condiciona a ser o maior produtor mundial,
além de ser o maior consumidor. O destino do carvão vegetal produzido é o mercado interno. O País é
praticamente auto suficiente no produto. Em 2008, 8,5% foi destinado ao setor residencial e quase 90%
à indústria [6]
Este insumo energético, além de ser amplamente utilizado pela siderurgia brasileira como
termo redutor, é consumido nas indústrias cerâmicas, cimenteira, alimentícia e também no setor
doméstico [6]
O carvão vegetal, é um combustível sólido de baixa densidade e elevada friabilidade o que
proporciona grande quantidade de finos na produção, durante o transporte e na estocagem [7,8]
A esses resíduos pode ser dado um melhor aproveitamento da energia presente através do
processo físico da briquetagem. A briquetagem é um processo que se baseia na homogeneização e
compactação desses resíduos, com um auxílio de um material aglutinante a elevadas pressões. [1,9]
O briquete compete com a lenha, contudo devido as suas características apresenta a
vantagem de combustão mais rápida e temperatura estável durante a sua queima. Apresenta uma
característica positiva no quesito ambiental pois é produzido a partir dos resíduos. [10]
Os briquetes aqui no Brasil ainda são poucos utilizados, pois os benefícios dessa fonte
energética são poucos apresentados o que prejudica a sua introdução no mercado. Com isso devemos
estudar mais alternativas para a fabricação, de forma a destacar as suas vantagens de utilização
visando aumentar assim a sua participação no mercado, já que representa um bicombustível
sustentável que atende assim as exigências em relação ao meio ambiente. [10]
A utilização de aglutinantes para a fabricação de briquetes é indispensável, várias substâncias
são utilizadas em diversas proporções de acordo com cada matéria prima. Os aglutinantes devem
possuir características desejáveis bem como fácil disponibilidade no mercado. Assim sendo busca se a
quantidade ótima dessa substância de forma que os briquetes apresentem uma maior resistência
mecânica. [1,9]

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A escolha do aglutinante foi em relação a grande disponibilidade do produto e seu baixo custo,
já que é um resíduo da siderurgia. A escória de aciaria é resultado da interação do aço líquido com
refratário do forno, com a atmosfera, com as adições de ligas, fundentes e fluxantes,com o oxigênio
injetado e da combinação dos elementos que fazem parte de sua composição química [1]

Figura 1 – Fluxograma do Processo de Produção de Carvão Vegetal e de Briquetagem

2 – OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é avaliar através do ensaio mecânico de compressão


diametral de briquetes cilíndricos de biomassa carbonizada, o uso de escória de aciaria a oxigênio

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(resíduo) em substituição a bentonita (produto industrializado), como aglomerante de pega a úmido de


secagem natural.
E como objetivos específicos : 1 - Avaliar a variação da percentagem do aglomerante (escoria
siderúrgica de produção de aço) sobre a resistência mecânica do briquete de carvão siderúrgico
(biomassa carbonizada); 2 - Avaliar se é permitido o uso de amido de milho seco direto na mistura sem
a necessidade de diluição prévia em água; 3 - Determinar o limite de resistência do briquete de
biomassa carbonizada (finos de carvão siderúrgico) definindo o seu uso na industria metalúrgica. 4 -
Definir a capacidade de estocagem do produto (briquete de biomassa carbonizada, finos de carvão
vegetal siderúrgico), através do calculo da altura de empilhamento.

3 – MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório de Metalurgia Extrativa da Escola de Engenharia


Metalúrgica e Industrial da Universidade Federal Fluminense na cidade de Volta Redonda, por meio de
adaptações de metodologias apresentadas na literatura.
As matérias primas selecionadas foram : aditivos (calcário e cal), material combustível (carvão
vegetal/ biomassa carbonizada), aglomerante (escória de aciaria LD e bentonita) e amido de milho.
1) Coleta e Seleção da Biomassa
A mistura de biomassa carbonizada (dois tipos de carvões vegetais) já constava do estoque de
matérias primas do LAMEX (Laboratório de Metalurgia Extrativa da EEIMVR/UFF), com a ficha técnica
de suas características, cabendo apenas a classificação da distribuição granulométrica.
Para o processo de produção de briquetes definiu se um fluxograma onde foram identificadas as
seguintes etapas abaixo de acordo com a Figura 2.

Figura 2 – Fluxograma do Processo de Produção

2) Composição química das Matérias Primas


As Tabelas 1, 2, 3, mostram a composição das matérias primas utilizadas para confecção dos
briquetes.

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Tabela 1- Composição química dos aditivos utilizados

Tabela 2- Composição quimica da escória de aciaria LD utilizada

Tabela 3 – Composição química da bentonita utilizada

3) Composição da mistura de carvão vegetal

1) Carvão vegetal produzido da madeira de Eucalyptus spp., carbonizada em um forno de


alvenaria de superfície
2) Carvão vegetal da bateria de fornos industriais, derivado da madeira de Eucalyptus urophylla
S.T.Blake, proveniente de um povoamento florestal instalado na cidade de Seropédica- RJ;

As Tabelas 4,5,6, mostram a característica química dos carvões vegetais testados.

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Tabela 4 - Teores médios de materiais voláteis da cinzas e de carbono fixo, com base na analise química
imediata dos carvões

Tabela 5 - Valores médios observados a partir da análise dos principais componentes das cinzas dos
carvões

Tabela 6 - Valores médios das análise química elementar, dos teores de umidade e dos poderes caloríficos
superiores dos carvões.

4) Classificação Granulométrica
A análise granulométrica para determinar a distribuição do tamanho das partículas da biomassa e
das demais matérias primas foi obtida pelo método de análises em peneiras padronizadas, ilustrado na
Figura 2, conforme a norma ABNT NBR NM 248.
Para cada ensaio foram utilizados uma determinada quantidade de matéria prima em (g) com
tempo de agitação manual de 10 minutos. O conjunto de peneiras formado tinha abertura de 0,59; 0,42;
0,297; 0,210; 0,149; 0,074 e 0,053 mm e o fundo de <0,044 mm cujo mostrado na Figura 3.

Figura 3 - Conjunto de Peneiras utilizado

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5) Mistura dos Componentes


As misturas para a confecção dos briquetes cilíndricos, foram executadas manualmente, com
tempo fixo de 5 minutos. Os materiais foram misturados a seco primeiramente em seguida adicionava-
se a água em partes,deixando a mistura homogeneizar-se antes. Os briquetes foram confeccionados
com 400 g de carvão vegetal, 20g de calcário, 20g de amido, 160 ml de água e diferentes proporções
da mistura ligante, conforme a Tabela 7. Para comparação fabricou-se também briquetes com uma
mistura padrão comercial com 400 g carvão, 8% de ligante-32g (50% bentonita-20g e 50% amido-20g),
170 ml água (45%), como mostrado na literatura [11, 12].
O ligante reciclado é composto por escória de aciaria e cal na proporção respectivamente de 66 e
33% e a mistura ligante padrão composta por bentonita e amido na proporção de 50% de seus
componentes. Foram realizadas 4 tratamentos e uma mistura ligante padrão.

Tabela 7 – Misturas ligantes testadas

6) Briquetagem
A compactação de briquetagem foi feita a frio em prensa mecânica de acionamento manual do
tipo macaco hidráulico, variando a pressão de 6 a 3 toneladas durante 3 minutos. Na Figura 4 tem se o
conjunto de briquetagem e a prensa utilizada. O briquete gerado é do tipo compactado cilíndrico com 30
mm de diâmetro e 30 mm de altura, mantendo relação geométrica 1:1.[1,7]. Avaliou-se a resistência
mecânica através do ensaio de compressão diametral dos briquetes e também se mediu a força de
fratura. Na Figura 5 abaixo segue a amostra dos briquetes confeccionados.

Figura 4 – Conjunto de briquetagem Figura 5 – Briquetes de finos de carvão vegetal


e prensa mecânica siderurgico

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Os ensaios foram conduzidos de acordo com ABNT 12654 e ISO 17025. A seleção de
materiais e amostragem foi de acordo com a ABNT 10007. Os corpos de prova foram confeccionados
de acordo com a norma ABNT 7680, 5738 e 13729.
Foram executados inicialmente teste preliminares com as misturas com escória de aciaria LD,
calcário + cal + amido como aglomerantes para todas as combinações mostradas na Tabela 8, com o
objetivo de determinar o tempo de mistura, % de água ótima e tempo de prensa.

Escória Amido Cal Calcário

5 5 2,5 5

10 5 5 5

15 5 7,5 5

20 5 10 5

Tabela 8 - Composição em Peso (%)

A base foi em média de 500g de carvão vegetal (biomassa carbonizada), composta de


diferentes concentrações de escória uma variação de 5,10,15 e 20%.
Avaliou-se a resistência mecânica através do ensaio de compressão diametral dos briquetes e
também mediu-se a força de fratura. Foram executados 10 ensaios para cada mistura briquetada.

7) Avaliação da Qualidade
Os valores obtidos foram avaliados estatisticamente. O delineamento estatístico adotado foi o
DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado) composto por quatro tratamentos e uma testemunha
(Padrão) com 10 repetições cada um. Os valores obtidos foram submetidos a uma análise de variância
e como positiva aplicou-se o teste de média denominado teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

8) Resistência Mecânica (Força de Fratura)


O ensaio seguiu a norma ABNT NBR 7222. A resistência dos briquetes foi avaliada
mecanicamente em função da carga máxima de ruptura e da resistência tração por compressão
diametral, aplicando-se uma velocidade de carregamento da carga. O ensaio de compressão diametral
foi executado em máquina de compressão modelo Emic PC – 150C. O ensaio é demonstrado na Figura
4 abaixo.

Figura 6 - Ensaio de compressão diametral

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Através dos valores obtidos é possível determinar a resistência à tração por compressão
diametral pelo uso da Equação 1, seguinte:

Equação 1

Onde:
RTDC = resistência à tração por compressão diametral (kgf/cm²);
P = carga máxima de ruptura do briquete (kgf);
D = diâmetro do briquete (cm);
L = comprimento do briquete (cm).

9) Densidade Relativa Aparente


De acordo com Marozzi (2012), a densidade relativa aparente foi determinada na obtenção do
volume do briquete a partir de medições feitas utilizando-se um paquímetro, bem como a determinação
da massa foi medida através de balança de precisão de 0,001g. Da relação entre massa e volume é
possível determinar a densidade aparente.

10) Empilhamento
De acordo com Silva et al. (2015), através dos resultados obtidos nos ensaios de compressão
diametral, foi possível calcular o número de amostras empilhadas e a altura máxima atingida no
empilhamento.
O número de briquetes empilhados verticalmente (Nemp) foi obtido por meio da relação entre a
força máxima de ruptura, fornecida pelo ensaio de compressão, o fator de segurança (fs) e a massa
média (M) das amostras, conforme as equações abaixo:

Através do resultado de Nemp foi possível determinar a altura máxima de empilhamento (H )


atingida pelos tratamentos, segundo a Equação 2.

Equação 2

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3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Quadro 1 , abaixo mostra a classificação granulométrica das matérias primas utilizadas para
confecção dos briquetes de finos de carvões vegetais siderúrgicos.

Quadro 1 – Resultado do ensaio de classificação granulométrica


Nota-se que a granulométrica representativa da mistura de carvões vegetais, é a de 0,21 mm,
com 78,88% de porcentagem retida (102,52g). A granulometria representativa dos finos de escória de
produção de aço em conversor a oxigênio (Processo LD), é a de 0,074 mm, com 25,65% de
porcentagem retida (42,12g). A granulometria representativa do amido industrial, é a de 0,59 mm, com
70,37% de porcentagem retida (105,88g). A granulometria representativa da cal hidratada para massas,
é a de 0,59 mm, com 34,85% de porcentagem retida (52,4g).
Em relação a densidade aparente, é um dos parâmetros mais importante na compactação de
resíduos como medidor de qualidade, quanto maior a densidade maior a relação entre energia e
volume. Dado que produtos de alta densidade são desejáveis, pois possibilita a viabilidade para a
estocagem, o armazenamento e o transporte de briquetes [15]

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Foi realizado análise de variância para a densidade e como houve diferença significativa (tabela
6) aplicou se o teste de Tukey à 5% de significância conforme a Tabela 9

Tabela 9 – Resultados da densidade aparente de briquetes de finos de carvão siderúrgico

De acordo com os resultados estatísticos é possível analisar que os tratamentos 03, 04 e padrão
são iguais estatisticamente, os quais apresentaram densidade igual a 1,33, 1,26 e 130 g/cm³
respectivamente. Todos os valores foram superiores aos encontrados por outros autores {15, 16, 17, 18,
19, 20, 21} que obtiveram uma densidade mínima de 0,69 g/cm³ e máxima de 0,99 g/cm³, para
briquetes comercializados no Brasil, Argentina e Estados Unidos.
O tratamento 01 apresentou maior densidade com 1,50 g/cm³ contendo em sua composição
20% de escória de aciaria e 10% de cal.
Dias Júnior (2013) ao produzir briquetes de carvão vegetal com aglomerantes obteve como
resultado uma densidade aparente variando entre 0,247 g/cm³ e 0,684 g/cm³, percebe se que nesse
estudo a variação de densidade foi de 1,26 à 1,50 g/cm³. Os valores relativamente altos se dá,
possivelmente, pela compactação por prensagem e utilização da escória de aciaria como aglomerante,
conforme afirma Baptísta (2016).
No tocante a força de fratura e altura máxima de empilhamento, houve uma diferença
significante entre os valores obtidos pela análise de variância para a força de fratura e altura de
empilhamento, assim sendo, aplicou se o teste de Tukey com 5% de significância de acordo com a
Tabela 10.

Tabela 10 – Resultados da força de fratura e da altura de empilhamento de briquetes


de finos de carvão vegetal siderúrgico

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Os tratamentos 01,02 e 03 apresentaram valores de empilhamento satisfatórios, uma vez que os


galpões possuem em média 10 a 15 metros de altura de piso reto (PARQUE TORINO, 2016).
E o tratamento 04 apresentou 5,36 m de altura de empilhamento, estaticamente igual ao
tratamento padrão.
Observa-se com isso, que todos os tratamentos foram iguais ou superiores ao padrão o que
qualifica a escória como substituta da bentonita.
Os Grafico 1 reune os resultados de força de fratura, de densidade, numero de briquetes
empilhados e altura de pilha, obtidos com as diferentes misturas.

Gráfico 1 – Resultados dos testes com briquetes de carvões siderúrgicos

Como detalhado na dissertação de Baptísta (2016), e nos seus artigos técnicos [3,4]. Os valores
médios de resistência alcançados, nos briquetes de finos de mistura carvões siderúrgicos (biomassa
carbonizada), pode ser fruto:
(i) Compactação mecânica (prensagem);
(ii) Fenômeno denominado poder de aglomeração a frio (p. a. f.);
(iii) Fenômeno denominado sensibilidade a compactação;
(iv) Efeito cimentício da escória;
(v) Fenômeno efeito Filler;
(vi) Distribuição granulométrica natural das matérias primas que eleva a compactabilidade;
(vii) Teor ótimo de água de adição;
(viii) Relação água/cal,
(ix) Interação sinergística entre os materiais da mistura (regra das misturas clássica)
(x) Adição de materiais pozolânicos finamente moídos. (Cal e Calcário)

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4 – CONCLUSÔES

- O presente produto fruto deste estudo tem um grande apelo ecológico, social e econômico.
- Estes briquetes podem ser utilizados como elementos de aquecimento, geração de energia e como
veículo de adição de carbono na fabricação de aços e ferros fundidos.
- A escória de aciaria pode substituir a bentonita como aglomerante na briquetagem de resíduos finos
de carvões vegetais siderúrgicos.
- Pode-se utilizar o amido de milho seco diretamente na mistura, sem a necessidade de uma prévia
diluição em água.
- A resistência máxima dos briquetes se deu a uma força de fratura equivalente à 324,0 N, quando se
utilizou 20% da escória como aglomerante.
- Todos os tratamentos permitiram um empilhamento igual ou superior ao padrão comercial com
bentonita e amido.
- Maiores proporções de escórias apresentaram maior densidade, portanto maior altura de
empilhamento.
- A escória de aciaria pode ser usada como aglomerante de pega a úmido de cura natural, também para
briquetes de outras biomassas carbonizada.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] BAPTÍSTA, A. L. B. e GONÇALVES, I. S. - A logística como ferramenta estratégica e de vantagem competitiva para fabricação de produtos
ecologicamente corretos e sustentáveis "verdes": o caso da produção de tubos de aço empregados na industria de óleo e gás. Trabalho de
Conclusão de Curso de Pós Graduação Lato Senso. MBA com ênfase em Logística Empresarial, como requisito parcial da obtenção do título de
especialista. Volta Redonda, 2013

[2] BAPTÍSTA, A. L. B. - Desenvolvimento de um briquete auto-fundente, multiconstituido de rejeitos, resíduos e descartes recicláveis gerados na
planta integrada de produção de aço, aplicado como componente da carga de fornos de redução de ferro. 2016. 195f. Dissertação (Mestrado
Profissional em Materiais) – Fundação Oswaldo Aranha – Campus Três Poços, Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda

[3] BAPTÍSTA, A. L. B. - Desenvolvimento de Produto Sustentável e Ecológico na Área de Metalurgia Extrativa para uso em Fornos de Fundição –
Contribuição Técnica Apresentada ao 46º Seminário de Redução de Minério de Ferro e Matérias-Primas, 17º Simpósio Brasileiro de Minério de
Ferro e 4° Simpósio Brasileiro de Aglomeração de Minério de Ferro, parte integrante da ABM Week, realizada de 26 a 30 de Setembro de 2016,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

[4] BAPTISTA, A. L. B. – Desenvolvimento de Produto Ecológico na Área de Metalurgia Extrativa para Uso Como Componente da Carga de Altos-
Fornos. Trabalho Apresentado ao Xº Encontro de Ciência, Tecnologia e Inovação. Curitiba/PR – 2017

[5] MENEZES, T J. B. Etanol, o combustível do Brasil. São Paulo: Agronômica Ceres, 1980.229 p

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[6] UHLIG, A. ; GOLDEMBERG, J. ; COELHO, S. T. – O uso de carvão vegetal na industria siderúrgica brasileira e o impacto sobre as mudanças
climáticas. Revista Brasileira de Energia, Vol.14, nº. 2, 2º Sem. 2008, PP. 67 – 85.

[7] PAULA, J. C. M. de. Aproveitamento de Resíduos de Madeira para Confecção de Briquetes. 37 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Engenharia Florestal) –Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2006

[8] PAULA, L. E. R.; TRUGILHO, P. F.; REZENDE, R. N.; ASSIS, C. O.; BALIZA, A. E. R. Produção e avaliação de briquetes de resíduos
lignocelulósicos. Pesquisa Florestal Brasileira, Minas Gerais, p. 103-112. 01 jun. 2011.

[9] BAPTÍSTA, A. L. B. – O processo de briquetagem. Caderno Técnico. Laboratório de Metalurgia Extrativa. Escola de Engenharia Industrial
Metalúrgica de Volta Redonda. Universidade Federal Fluminense. 2015

[10] FERRAGUTTI, A.C. et al. A resistência dos briquetes. Revista Biomassa e Bioenergia, Sorocaba, v. 6, n. 4, p. 16-22, 2012

[11] ROBETTI, L. Uso de bentonita como aglutinante para a fabricação de briquetes com finos de carvão vegetal. 12 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Tecnologia em Cerâmica) – Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, Universidade do Extremo Sul
Catarinense, Criciúma, 2012.

[12] FONTES, P. J. P. ; QUIRINO, W. F. ; JÚNIOR, F. P. - Aglutinantes para Briquetagem de Carvão Vegetal - Laboratório de Produtos Florestais,
em 1984

[13] MAROZZI, C. R. B. Caracterização de resíduos agroindustriais e florestais visando a briquetagem. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Industrial Madeireira) – Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Universidade Federal do Espirito Santo,
Espírito Santo, 2012

[14] SILVA, D. A. da. et al. - Caracterização de biomassas para a briquetagem. Rev. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 45, n. 4, p. 713 - 722 , out. / dez.
2015. ISSN eletrônico 1982-4688 / ISSN impresso 0015-3826. DOI: 10.5380/rf.v45i4.39700

[15] DIAS, M. C. O. et al. Manual de Impactos Ambientais: Orientações Básicas Sobre Aspectos de Atividades Produtivas. Fortaleza:
Banco do Nordeste, 1999. 297p. Disponível em:< http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/manual_bnb.pdf>.
Acesso em: 28 nov 2018.

[16] QUIRINO, W. F. Características de briquetes de carvão vegetal e seu comportamento na combustão. 1991.80 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais ) – Escola Superior Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo,
Piracicaba. 1991.

[17] QUIRINO, W. F. Utilização energética de resíduos vegetais. [s.l]: LPF/IBAMA, 2003.

[18] QUIRINO, W. F.; VALE, A. T.; ANDRADE, A. P. A.; ABREU, V. L.; AZEVEDO, A. C. S. Poder calorífico da madeira e de resíduos
lignocelulósicos. Biomassa & Energia, Viçosa, MG, v. 1, n. 2, p. 173 – 182, 2004.

[19] QUIRINO, W. F. Briquetagem de carvão vegetal e resíduos agrícolas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA, 4., 1987, Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro: CBE, 1987. p. 36-41.

[20] QUIRINO, W. F. ; BRITO, J. O. - Características e índice de combustão de briquetes de carvão vegetal. Secretaria do Meio Ambiente , Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação, Laboratório de Produtos
Florestais, Brasília, 1991

[21] CRUZ, F. M. Propriedades de briquetes fabricados com finos de carvão de Eucalyptus sp. e Schizolobium amazonicum (Paricá).
(Monografia). Viçosa, MG. UFV. 50 p. 2008.

[22] SALEME, J. E. F. Estudo básico para briquetagem do carvão vegetal. Ouro Preto, Escola de Minas e Metalurgia, s.d. 19p

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Ano 1 , Edição nº4 , Vol. 3 , Nº 2 – 1ª Quinz.(2ªSem.), Outubro – 2019

[23] DIAS JÚNIOR, A. F. Caracterização de briquetes produzidos com resíduos agroflorestais. 36 f. Seropédica, 2013. Monografia
(Graduação em Engenharia Florestal) – Instituto De Florestas, Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro, 2013. Disponível
em: <http://www.if.ufrrj.br/inst/monografia/2013I/ananiasjunior.pdf>. Acesso em:27 out. 2018.

[24] PARQUE TORINO. Características essenciais de um galpão de armazenamento. Galpão Eficiente. Disponível em:
<http://galpaoeficiente.parquetorino.com.br/7 - caracteristicas-essenciais-de-um-galpao-de-armazenamento/>. Acesso em: 26 nov. 2018.

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