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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Augusto Drumond de Menezes


Pedro Victor Cruz e Zica
Raphael Alvaro Melo de Aquino
Vitor Paolucci Xavier

GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA
Dimensionamento de Um Gaseificador Concorrente

Belo Horizonte
2013.2
Augusto Drumond de Menezes
Pedro Victor Cruz e Zica
Raphael Alvaro Melo de Aquino
Vitor Paolucci Xavier

GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA
Dimensionamento de Um Gaseificador Concorrente

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Centro Universitário Newton Paiva, 9º período,
como requisito parcial para a obtenção do grau em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Handerson Correa Gomes

Belo Horizonte
2013.2
GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA
Dimensionamento de Um Gaseificador Concorrente

Aprovada em _____/______/2013.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
Presidente

_______________________________________
1º Examinador.

_____________________________________
2º Examinador.

_____________________________________
3º Examinador.
AGRADECIMENTOS

EPÍGRAFE
RESUMO

O principal objetivo deste estudo foi o dimensionamento e construção um


Gaseificador de fluxo concorrente capaz de gaseificar até 60kg de biomassa por
hora. Para isso utilizou-se de ferramentas da mecânica para os cálculos da
espessura do vaso de pressão e da solda. O estudo também se preocupou com o
poder calorífico e com a detecção da composição química dos gases gerados pelo
gaseificador. Utilizou-se para coleta de dados da composição química dos gases um
medidor de gases para detecção do percentual volumétrica dos produtos da
gaseificação, além do poder calorífico inferior dos gases em kcal/Nm³. Para melhor
entendimento da estrutura química dos gases, utilizou-se o balaço de massa para se
calcular as concentrações de cada elemento químico. O uso de energias renováveis
vem se destacando após o levantamento da hipótese de escassez dos combustíveis
fósseis. Neste ramo, tem-se a biomassa como umas das mais importantes fontes
renováveis. No processo de gaseificação da biomassa o principal objetivo é sua
conversão em combustível e em outros produtos químicos variados através de sua
oxidação parcial a elevadas temperaturas, resultando misturas gasosas ricas em
CO, H2 e CH4. Observou-se que ....., concluiu-se......

Palavras-chave: Gaseificador de fluxo concorrente, biomassa, balanço de massa,


combustível.
ABSTRACT

Keywords:
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processos de conversão energética da biomassa PÁGINA

Figura 2: Tipos de gaseficadores para biomassa PÁGINA

Figura 3: Fluxo de massa e energia em um gaseificador concorrente PÁGINA


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dependência entre o tipo de agente de gaseificação utilizado, pressão do


gaseificador, poder calorífico e sua possível aplicação PÁGINA

Tabela 2: Composição média e poder calorífico do gás pobre de madeira obtido em


diferentes tipos de gaseificadores e com agentes de gaseificação PÁGINA

Tabela 3: relação ar/combustível para alguns elementos encontrados nos principais


combustíveis PÁGINA
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASTM - American Society for Testing and Materials


CO - monóxido de carbono
H2 - Hidrogenio
CH4 - Metano
CO2 - Dióxido De Carbono
H2O - Água
C - Carbono
Pu - Quantidade de massa de uma amostra de combustível na base úmida
Ps - Quantidade de massa de uma amostra de combustível na base seca
Hs - Umidade base seca
Hu - Umidade base úmida
PCI - Poder calorífico inferior
PCS - Poder calorífico superior
mb - Fluxo de biomassa que entra no gaseificador, kg/s;
PCIb - Poder calorífico da biomassa, kJ/kg;
mg - Fluxo de gás produzido na gaseificação, kg/s;
PCIg - Poder calorífico do gás, MJ/Nm³;
PCIgi - Poder calorífico do gás i, MJ/Nm³;
tg - Temperatura do gás, ºC;
ma - Fluxo de ar introduzido no gaseificador, kg/s;
mcen - Fluxo de cinzas, kg/s;
Qma - Calor perdido no meio ambiente, kW;
Ci - Concentração volumétrica ou molar do gás i;
t - Espessura da parede

COLOCAR UMA CÓPIA DAS ABREVIAÇÕES NOS LUGARES DE ORIGEM


Sumário
INTRODUÇÃO

Durante anos, nossos antepassados mostram claramente como foram habilidosos


em fazer e usar o fogo utilizando a biomassa. A evolução dos tempos, conduziu
estes indivíduos a usar tal elemento em outras atividades como, por exemplo,
cerâmica e metalúrgica e, gradativamente, as técnicas para a conversão de
biomassa em biocombustível ou diretamente em energia por meio da combustão
direta foram sendo desenvolvidas e modernizadas em processos que hoje são úteis
e eficientes. Desde a revolução industrial, houve um crescimento acelerado da
necessidade de energias térmicas que abastecem as indústrias. No mesmo ritmo,
começou a exploração dos recursos fósseis e o desmatamento de matas nativas.
Durante as duas grandes guerras mundiais, os trabalhos e pesquisas relacionados à
conversão térmica utilizando a biomassa foram muito estimulados devido à escassez
do petróleo. Porém até o início dos anos noventa, ainda se falava pouco sobre
escassez dos combustíveis e da preocupação com o meio ambiente, a partir desse
momento, a sociedade econômica passou a se preocupar com a questão da
preservação do meio ambiente e com soluções que diminuem o consumo de
combustíveis fósseis não renováveis.

Uma solução encontrada foi justamente o uso dos recursos dendroenergéticos.


Dendroenergia é a energia a partir da madeira. A madeira é a biomassa mais
utilizada como combustível, uma das possibilidades de utilização da biomassa é
através da sua transformação da estrutura sólida em gás combustível. Os processos
de gaseificação da biomassa são originados em decorrência das transformações de
suas propriedades químicas e físicas a que é submetida. As reações químicas que
ocorrem durante a gaseificação são reações de oxidação envolvendo fases sólidas,
líquidas e gasosas. As reações físicas estão relacionadas aos processos de
transferência de calor e de massa. Os gases gerados podem substituir combustíveis
derivados do petróleo em veículos utilitários, motobombas para irrigação agrícola,
máquinas agrícolas, barcos para transporte fluvial, geradores de energia elétrica em
zonas rurais, fogões residenciais, etc. Essa elevada importância da energia
proveniente da biomassa, em especial os gases combustíveis, é consequência da
principal vantagem que esse tipo de combustível apresenta, ou seja, ser fonte
renovável de energia.

TEMA

Dimensionamento de um Gaseificador de Biomassa concorrente.

PROBLEMATIZAÇÃO

Como o dimensionamento de um gaseificador concorrente pode ser realizado de


acordo com os pressupostos teóricos da Termodinâmica e da Mecânica dos fluidos?
Que elementos químicos estão presentes no gás de biomassa produzido e em que
níveis percentuais?

OBJETIVOS

Objetivo Geral

 Dimensionar e construir um Gaseificador modelo Concorrente com


capacidade de gaseificar 60 kg de biomassa por hora.

Objetivos Específicos

 Gerar o balanço de massa e energia do sistema de gaseificação concorrente;


 Demonstrar memória de cálculo do vaso de pressão;
 Determinar quantitativamente os elementos químicos combustíveis formados
no processo através de medições dos gases;
 Mensurar o poder calorífico dos gases da biomassa utilizada na unidade
energia em kcal/Nm³ de gás gerado.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO
Atualmente o Brasil reúne condições técnicas e econômicas ideais para desenvolver
e aproveitar as tecnologias de utilização de biomassas para fins energéticos. O
território nacional possui privilégios em termos de extensão e por reunir condições
favoráveis de insolação e água, fatores essenciais para a produção de biomassa em
grande escala. A biomassa é, sem dúvida, importante fonte de energia para o Brasil,
constituindo alternativa inteligente ao petróleo, que é caro e deve ser utilizado para
fabricação de produtos químicos nobres, nunca para produção de calor.

JUSTIFICATIVA

O uso de novas fontes de energia é uma solução para se diminuir a dependência


dos combustíveis fósseis, cujas reservas são finitas e tendem a ficar cada vez mais
escassas nas próximas décadas. Várias formas de energias alternativas estão
sendo desenvolvidas com a finalidade de sanar esse futuro problema.

A biomassa vem se tornando uma das mais importantes fontes de energia devido ao
seu potencial energético baixo custo, além de ser renovável. Os profissionais que
atua na área de pesquisa, comercialização e serviços referentes à biomassa são
cada vez mais valorizados, porque geram redução de custos as empresa e
consequentemente maiores ganhos financeiros.

A definição de biomassa tem um sentido amplo englobando todos os tipos vegetais


e seres orgânicos encontrados na natureza.

O termo biomassa engloba a matéria vegetal gerada através da


fotossíntese e os seus derivados, tais como: resíduos florestais
e agrícolas, resíduos animais e a matéria orgânica contida nos
resíduos industriais, domésticos e municipais etc. Estes
materiais contêm energia química provinda da transformação
energética da radiação solar. Essa energia química pode ser
liberada diretamente por combustão, ou covertida através de
algum processo em outras fontes energéticas mais adequadas,
para um fim qualquer desejado, tal como o álcool e o carvão.
(NOGUEIRA, LORA, 2003, p.1)

Para este trabalho, o termo biomassa será usado com referência aos
biocombustíveis. Os biocombustíveis são, geralmente, resíduos de biomassa
utilizados em processos industriais. A utilização de resíduos de biomassa para
geração de energia térmica se justifica por terem baixo custo financeiro, serem
menos poluentes que os combustíveis fósseis e pela eventual redução das áreas de
acúmulo de resíduos. Tudo isso justifica a relevância socioambiental deste estudo.

O estudo se propõe a compreender as variáveis predominantes no processo de


gaseificação da biomassa como, as reações químicas, características do fluido e
dimensionamento do vaso de pressão. A compreensão de todo o processo é
importante para definição do melhor dimensionamento do equipamento, sua
estrutura e produção dos gases combustíveis. Assim, academicamente este estudo
se torna relevante, pois no meio acadêmico pouco se encontram dados sobre
dimensionamento estrutural, especificamente, em gaseificadores concorrentes.

Este estudo se limita apenas ao dimensionamento e construção de um gaseificador


concorrente com capacidade de 60 kg de biomassa por hora e na detecção da
composição e características químicas dos gases.

REFERENCIAL TEÓRICO

Biomassa

A biomassa em geral pode ser utilizada para vários fins, como para adubos
orgânicos, alimentação seres vivos, fabricação de estruturas de madeira, além de
outras aplicações. Além disso, a biomassa possui características químicas
importantes que determinam um combustível, principalmente por ser formada por
uma cadeia de carbono somada a átomos de hidrogênio.

Segundo Nogueira e Lora (2003), a biomassa abrange toda a matéria vegetal


gerada a partir da fotossíntese e os seus derivados como podem ser citados os
resíduos florestais, agrícolas, resíduos animais e a matéria orgânica contida nos
resíduos industriais, domésticos, municipais. A energia química que se encontra na
biomassa é gerada da transformação energética da radiação solar, ela é liberada
diretamente por combustão, ou convertida através de algum processo em outras
fontes energéticas mais adequadas, para um fim qualquer desejado, tal como para a
produção de álcool e do carvão vegetal.

Garlipp (1982) citado pela Companhia Energética de Minas Gerais e Universidade


Federal de Viçosa (2003) também define por Biomassa toda matéria orgânica de
origem vegetal ou animal que pode se converter a energia.

Observa-se que toda biomassa é formada por matéria orgânica, ou seja, é composta
por carbono e hidrogênio, portanto podem ser convertidas em energia química ou
térmica através de processos químicos ou a partir de reações térmicas oxidantes que
aceleram a sua deterioração.

A crise do petróleo na década de 70 trouxe a tona uma realidade incontestável de


que a energia concentrada como fonte farta e barata estava se extinguindo e que as
energias renováveis era uma solução viável. O aproveitamento das fontes de energia
renováveis cria um novo modelo de desenvolvimento, sustentado no retorno da
energia dispersa, que tem por base os recursos e a cultura do lugar. Por usar uma
energia limpa, é também comprometido com a qualidade de vida das futuras
gerações. (Mello, 2001).

Segundo Branco (1995), a acusação que pesa contra os combustíveis fósseis (não
renováveis) não é a geração de gás carbono, pois os combustíveis renováveis como
álcool ou a biomassa também são responsáveis pela emissão de gases poluentes. A
diferença essencial está na sustentabilidade, enquanto a biomassa, o álcool e o
biodiesel são fontes energéticas renováveis, os produtos oriundos de fontes
energéticas fósseis, como os derivados de petróleo, são considerados não
renováveis e por tanto esgotáveis.

Mello (2001), apresentado pela Companhia Energética de Minas Gerais e


Universidade Federal de Viçosa (2003), aponta que o domínio do uso de
combustíveis fósseis em relação aos recursos renováveis ocorre devido à escassez
de insumos renováveis nos países de região com áreas temperadas, a grande
concentração de recursos não renováveis e a facilidade de extração destes recursos.
Os recursos energéticos não renováveis, segundo Dias (2000), são indispensáveis no
apoio à adequação dos sistemas para utilização dos recursos renováveis, ou seja,
uso de combustíveis fósseis continuaram, mas em menor escala, de acordo que
garanta energia suficiente em potencial para o momento e gerações futuras.

A iminente pobreza energética das nações denominadas ricas deve-se ao


fato de elas não estarem localizadas nos trópicos, onde se concentram as
fontes renováveis e limpas, oriundas da abundância em água e radiação
solar, grande e eterna fonte primaria de energia do planeta. Isso obriga as
nações do mundo temperado e frio a buscar fontes energéticas alhures,
criando dependência insuperável, além de inexorável limitação temporal
das reservas de petróleo e limitação de possibilidades de uso do carvão
mineral, imposta pelos nocivos efeitos ambientais que provoca. (MELLO,
2001, p.9)

As fontes de energia renováveis são praticamente inesgotáveis, entretanto a


quantidade de energia gerada pode ser limitada, em muitos casos fontes de
energias não renováveis são utilizadas simultaneamente para a obtenção de uma
quantidade maior de energia.

Nogueira e Lora (2003) classificam os recursos energéticos da biomassa de varias


formas, os biocombustíveis são selecionados de acordo com os fluxos de energia da
biomassa que podem ser apresentados em três grupos principais, de acordo com a
origem da matéria que os constitui. Dessa forma, existem os biocombustíveis da
madeira (dendrocombustíveis), os combustíveis de plantação não florestal
(agrocombustíveis) e os resíduos urbanos.

Vale resaltar que os combustíveis renováveis não são apenas os extraídos das
sobras da indústria da madeira ou a lenha, há muitos outros resíduos que também
são considerados energéticos. Alguns exemplos de agrocombustíveis são as cascas
de algodão utilizadas nas fornalhas para secagem do próprio algodão, a casca de
café que são utilizadas como combustíveis nos fornos de cal e evidentemente o
bagaço de cana residual que são utilizados nas caldeiras das empresas
sucroalcooleiras para geração de vapor e energia elétrica.

Dendroenergia
O termo dendroenergia se corresponde à biomassa energética lignocelulósica que
geralmente estão associados aos seus derivados de bases renováveis. Ainda são
considerados como temas dendroenergéticos os aspectos técnicos, sócio-
econômicos e ambientais relacionados com a produção florestal, o pré-
processamento dos recursos florestais, as conversões em outras formas energéticas
e sua aplicação. O dendrocombustível é o combustível proveniente da madeira, seu
principal derivado é a lenha que pode ser plantada e colida de maneira sustentável a
partir de florestas plantadas ou nativas, de forma que o manejo das áreas de cultivo
respeitem o tempo regeneração natural das florestas. Estes combustíveis também
são encontrados, na forma de resíduos, em serrarias, marcenarias, indústrias
moveleiras ou indústrias de papel, cujas atividades econômicas não têm como
principal produto a utilização da madeira para fins energéticos. (NOGUEIRA; LORA,
2003)

Os materiais lignocelulósicos são provenientes da madeira, “ligno” vem do termo


lignina e “celulósicos” do termo celulose. Todos os recursos dendroenregéticos são
provenientes de materiais formados de lignocelulose, ou seja, da madeira, porém
nem toda madeira é considerada um recurso dendroenergético. Para que um
combustível seja considerado dendroenergético todos os fatores envolvidos na sua
produção até a sua combustão deve atender os princípios da sustentabilidade.

Composição Química dos Recursos Dendroenergéticos

Para Nogueira e Lora (2003), a composição da biomassa em geral é composta de


carbono e hidrogênio, variando muito pouco de um tipo de madeira para outro. A
maioria contém um conteúdo de cinzas baixo, com exceção da casca de arroz e do
bagaço que possuem índices acima dos 5%. O conteúdo de carbono nos recursos
dendroenergéticos é menor que no carvão mineral ou nos combustíveis derivados
de petróleo. As principais características técnicas da biomassa quando utilizada
como fonte de energia, são a composição química elementar, a composição química
imediata, a umidade e o poder calorífico. O poder calorífico pode ser determinado
quanto para o combustível tanto para a mistura ar-combustível.
A composição química elementar apresenta o conteúdo percentual em massa dos
principais elementos que constituem a biomassa, quase sempre referenciados a
base seca. Os principais elementos apresentados são geralmente o carbono (C),
hidrogênio (H), enxofre (S), oxigênio (O), nitrogênio (N) e cinzas (A). A composição
química elementar constitui a base dos cálculos da combustão. Para determinação
desta composição devem ser utilizados os procedimentos apresentados na norma
americana ASTM E870-82( aprovada em1992) Standard test methods for analysis of
wood fuel. (NOGUEIRA; LORA, 2003)

Segundo Corder (1973); Brito & Barrichelo (1979); Brito (1994); Quirino et al. (2005),
citados por Santana (2009), a composição química elementar da madeira de
eucalipto é de 50% de carbono, 44% de oxigênio, 6% de hidrogênio e 0,4% de
nitrogênio. Também há enxofre, porém em nível muito baixo, podem ser desprezível,
com isto a uma redução quanto aos problemas de emissão de gases e problemas de
poluição com compostos sulfurosos, quando comparado aos combustíveis fósseis.
(Corder, 1973; Brito & Barrichelo, 1979; Brito, 1994; Quirino et al., 2005)

Já a composição química imediata condiz com o percentual do carbono fixo (F),


materiais voláteis (V), cinzas (A) e eventualmente umidade (W), baseados na massa
do combustível. Para a avaliação desta composição aplica-se a norma americana
ASTM D 1102-84 (aprovada em 1995) Standard test method for ash in wood.
(NOGUEIRA; LORA, 2003)

A composição química, seja da biomassa ou de qualquer outro combustível, é quem


determina de quanto um combustível é capaz de gerar de energia. Através da
análise elementar define-se o percentual de cada elemento químico que compõem o
combustível. O percentual dos elementos químicos é utilizado para os cálculos do
balanço de massa, do poder calorífico, da massa e do volume de ar além da massa
e do volume de gases gerados.

Umidade

Ainda Nogueira e Lora (2003), definem que a quantidade mássica de água na


biomassa e pode ser mensurada através da diferença entre as massas de uma
amostra pesada antes e depois do processo de secagem do material. A umidade
pode ser apresentada em base seca ou úmida, variado de acordo com as condições
de referência utilizadas. Nas equações 1 e 2 a variável Pu caracteriza a quantidade
de massa de uma amostra de combustível nas condição de queima úmida e a
variável Ps corresponde a mesma análise anterior pórem com condições de queima
a base seca. A queima corresponde à secagem da biomassa em estufa a 150°C, o
produto deve ser mantido na estufa até apresente peso constante.

Abaixo são expressas as razões para cada situação citada:

 Umidade base seca:

Hs = Pu - Ps , avaliada como (kg água / kg material seco) (1)


Ps

 Umidade base úmida:

Hu = Pu - Ps , avaliada como (kg água / kg material nas condições de trabalho) (2)


Pu

Poder calorífico do combustível

Segundo Bazzo (1995), combustíveis são todos os compostos na forma gasosa,


líquida ou sólida capazes de reagir com o oxigênio e liberar energia térmica, são
caracterizados pelas suas propriedades físico-químicas.

Poder calorífico é a quantidade de calor liberado durante uma combustão completa


por uma unidade de massa ou volume de combustão, geralmente, mensuradas nas
unidades (kJ/kg ou kcal/kg) para o calor desprendido por unidade de massa e (kJ/m 3
ou kcal/m³) para o calor desprendido por unidade de volume. Quando o calor latente
de condensação da umidade presente nos produtos de combustão é
desconsiderado, obtém-se o poder calorífico inferior (PCI) e quando esse calor
latente é considerado, tem-se o poder calorífico superior (PCS). O PCI representa o
calor efetivo possível de ser utilizado nos combustíveis, enquanto o PCS é em torno
de 10 a 20% maior que o resultado de sua avaliação em laboratório. Para cálculos
de rendimento em sistemas de combustão podem adotar ambos os tipos de poder
calorífico, lembrando que a eficiência referente ao PCI é superior ao valor
determinado segundo o PCS. Como o calor de condensação da umidade dos gases
é tecnicamente irrecuperável, parece ser preferível o uso do PCI. (NOGUEIRA;
LORA, 2003)

Para Martins (2011), o poder calorífico dos combustíveis sólidos é compreendido


como sendo a quantidade de energia interna contida no combustível podendo ser
medido com um calorímetro. Entende-se por calorímetro sendo um recipiente em
que a mistura ar-combustível reage a volume constante, sendo que quanto maior o
poder calorífico, maior será a capacidade do combustível de liberar energia. Para
calcular o poder calorífico do combustível é necessário determinar a entalpia dos
reagentes e dos produtos da combustão. Todos os combustíveis que são compostos
a base de hidrogênio produzem água após a combustão, e pode aparecer no estado
liquido ou em vapor e são considerados no cálculo do poder calorífico.

Borsato, Galão e Moreira (2009), definem por poder calorífico a quantidade de calor
liberado, por unidade de massa do material combustível, comumente expresso em
kJ/KG ou kcal/kg. Os combustíveis que possui hidrogênio resulta em vapor d’água
durante a combustão. O poder calorífico superior, resultado destas reações, é o
calor produzido pela combustão completa de certa quantidade do combustível,
assim toda a água produzida, mais a massa de água presente no combustível
anteriormente, são condensadas no estado líquido. Para está situação considera-se
a entalpia de vaporização da água. O poder calorífico inferior é definido pelo valor
obtido quando se considera que o vapor d’água não condensa e todo o produto
resultante da combustão do hidrogênio permanece no estado de vapor.

Portanto a principal forma de se mensurar a capacidade de geração de energia


térmica de um combustível ou mistura ar-combustível em unidade de energia por
massa ou volume de combustível é através do calculo do poder calorífico. O poder
calorífico pode ser definido pelo somatório das energias térmicas liberadas nas
reações de oxidação formadas no produto final da combustão.
O poder calorífico inferior pode ser calculado, com um erro geralmente inferior a 5%,
através da fórmula (Martins, 2011):

(3)

Borsato, Galão e Moreira (2009), apontam que o poder calorífico inferior para
sólidos, baseado nas reações de combustão dos componentes puros, pode ser
calculado através da expressão abaixo:

(4)

Onde:
A expressão acima é energia térmica liberada pela combustão do carbono,
hidrogênio e enxofre. Deve considerar que o oxigênio, presente também na
composição do combustível, esteja totalmente ligado ao hidrogênio, de tal forma que
o hidrogênio livre para a combustão seja (H – O/8). A expressão (4) garante
resultados aceitáveis e confiáveis, mas não são reais. Para que haja a determinação
exata do poder calorífico dos combustíveis sólidos é necessário o auxilio de um
calorímetro. (BORSATO, GALÃO e MOREIRA, 2009)

Conversões dendroenergéticas

Conforme Nogueira, Lora(2003), a energia dos recursos dendroenergéticos


apresenta-se sempre na forma de energia química, impondo reações para sua
liberação. Além disso, há várias situações em que a biomassa no estado sólido deve
se transformar em outra forma energética mais homogênea ou que apresente
melhor adequação para um uso final desejado. Assim, por exemplo, a sua
conversão num combustível gasoso ou líquido permite a geração de energia
mecânica em motores de combustão interna. Os processos de conversão energética
da biomassa podem ser classificados em três grupos: processos físicos,
termoquímicos e biológicos.

As conversões termoquímicas são aquelas em que a biomassa sofre alterações em


sua estrutura química, causada pela elevação acentuada de sua temperatura. Essas
conversões térmicas são realizadas com a finalidade de transformar a biomassa em
um biocombustível adequado ao consumo nos equipamentos existentes ou facilitar o
manuseio, transporte e armazenamento.
FIGURA 1: Processos de conversão energética da biomassa
Fonte: NOGUEIRA E LORA, 2003

A figura 1, acima, demonstra um esquema destes processos indicando os reagentes


e produtos principais, que podem ser combustíveis intermediários ou energia final
para consumo. Os processos termoquímicos de dissociação se caracterizam por
reações que ocorrem em temperaturas elevadas e incluem, por exemplo, o processo
de gaseifacação da biomassa.
Gaseificação da Biomassa

O processo de gaseificação da biomassa é composto de complexas reações em que


de tal maneira algumas etapas não são totalmente compreendidas. Contudo, pode
ser separadas em algumas etapas. A primeira etapa é a da pirólise ou da
decomposição térmica (volatilização), que se desenvolve a temperaturas próximas
de 600ºC, em seguida ocorre à oxidação de parte do carbono fixo do combustível,
processo que constitui a fonte de energia térmica para a volatilização e gaseificação.
A partir de então ocorre à gaseificação propriamente dita, que inclui reações
heterogêneas entre os gases e o coque residual, assim como reações homogêneas
entre os produtos já formados. A quarta reação é o Craqueamento do alcatrão que é
o processo de destruição térmica das moléculas dos compostos que formam o
alcatrão com a obtenção de CO, CO2, CH4 e outros gases como produtos. E por fim
a oxidação parcial dos produtos da pirólise. (NOGUEIRA; LORA, 2003)

A gaseificação da biomassa é um processo termoquímico composto por algumas


etapas de reações, onde um material sólido é convertido em um gás combustível, a
partir da oxidação parcial e da utilização de um agente de gaseificação para a
combustão em altas temperaturas.

Estes processos de dissociação só ocorrem, segundo Martins (2011), numa


combustão que se dá a temperatura elevada (>1500K) quando nem todo o
combustível se converte em CO2 e H2O, pois a essas temperaturas dá-se uma
reação inversa, de dissociação destes compostos em CO, H2 e CH4. Esta reação de
dissociação existe porque o equilíbrio químico altera-se com a temperatura. Uma
forma de calcular os valores das propriedades do equilíbrio químico em reações de
combustão é usar as constantes de dissociação. Para cada reação há uma
constante que permite calcular a taxa de reação. Da mesma forma que com a
elevação da temperatura se dá a dissociação, com o seu abaixamento dever-se-ia
dar uma nova reação (oxidação) de formação do CO2 e H2O.

Os gases proveniente da gaseificação da biomassa sólida possuem em média de


CO entre 9 e 21%, de H2 entre 6 e 19% e de CH4 entre 3 e 7%, todos elementos
combustíveis. Embora o gás produzido possua um poder calorífico relativamente
baixo, por volta de 5 MJ/Nm³, e também existam perdas energéticas na
gaseificação, em diversas situações a gaseificação a apresenta vantagens em
relação a outros processos de conversão termoquímicos de biomassa. Uma destas
vantagens é a possibilidade da combustão dos gases em fornalhas, caldeiras e
motores de combustão interna, sem a necessidade de grandes alterações nos
equipamentos. Além disso, a eficiência térmica do processo reduz em níveis pouco
significativos. A relevância de se converter um sistema convencional a base de
combustíveis não renováveis por sistema a biomassa garantem as empresas
redução dos custos de produção. (NOGUEIRA; LORA, 2003)

Segundo Borsato, Galão, Moreira (2009), a gaseificação da biomassa ocorre quando


se em ambiente rico em oxigênio e em temperatura elevada, de tal maneira que haja
oxidação total das moléculas orgânicas, produzindo-se misturas gasosas ricas em
CO, H2 e CH4 que podem ser usadas como combustíveis ou como insumos para a
síntese de combustíveis líquidos e produtos químicos variados.

O gás gerado pela gaseificação da biomassa tem poder calorífico menor que outros
combustíveis como, por exemplo, o gás natural e o diesel. O gás da biomassa só se
torna viável pelo fato de que sua unidade de energia gerada tem o custo menor que
todos os outros combustíveis fósseis.

Nogueira e Lora (2003) destacam as principais reações químicas que ocorrem em


cada uma das etapas apresentadas no processo de gaseificação. As reações estão
demonstradas abaixo:

A primeira delas, a Pirólise, está representada na reação 5:

Biomassa + calor → coque + gases + alcatrão + condensáveis (5)

Na etapa de oxidação do carbono, os átomos de carbono em contato o oxigênio a


temperaturas elevadas reagem e forma moléculas de monóxido de carbono e
dióxido de carbono, conforme as reações 6 e 7.

C + ½ O2 ↔ CO (6)
C + O2 ↔ CO2 (7)

A fase da gaseificação é representada pelas reações 8, 9, 10, 11 e 12 e estão


classificadas em relação à homogeneidade das reações.

 Reações heterogêneas

C + CO2 ↔ 2CO (Reação de Bouduard) (8)


C + H2O ↔ CO + H2 (Reação de gás de água ou reação carbono-vapor) (9)
C + 2H2 ↔ CH4
(10)
 Reações homogêneas

CO + H2O ↔ CO2 + H2 (Reação de "deslocamento" da água) (11)


CH4 + H2O ↔ CO + 3H2 (12)

O Craqueamento do alcatrão está representado pela equação 13, logo abaixo, e é a


fase onde o vapor e materiais líquidos como o alcatrão em alta temperatura reagem
e mudando para o estado gasoso.

Alcatrão + vapor + calor ↔ CO + CO2 + CH4 (13)

Na última fase, ocorre à oxidação parcial dos produtos da pirólise, parte do produto
da pirólise reage também com o oxigênio que formam dióxido de carbono e
hidrogênio na forma gasosa. A reação está demonstrada na equação 14.

(CO + H2 + CH4) + O2 ↔ CO2 + H2 (14)

A partir destas reações químicas, Nogueira e Lora (2003), concluíram que se houver
a adição de 30% de vapor de água no ar de gaseificação, a massa de hidrogênio e
de monóxido de carbono aumenta no gás obtido, como mostram as equações 7, 9 e
10. Além disso, o aumento da pressão favorece a formação de metano, segundo a
equação 8, por causa da redução do número de moles ao se passar dos reagentes
aos produtos.
Nogueira e Lora (2003) apontam que ao gaseificar um combustível sólido utilizando
oxigênio puro ou ar enriquecido com este gás,reduz as perdas de energia, aumenta
o poder calorífico volumétrico devido a isenção do nitrogênio que constitui 79% em
volume do ar atmosférico. Portanto o gás gerado com o oxigênio puro apresenta alto
poder calorífico, porém o que dificulta o seu uso são os custos de produção do
oxigênio e se torna um entrave econômico, dificultando a difusão do seu uso.

Quando se utiliza outros tipos de agente de gaseificação, que não o ar, o poder
calorífico geralmente e maior, mas o custo se torna inviável. Quimicamente seria
perfeita a utilização de oxigênio puro, pois o ar atmosférico é composto por apenas
21% de oxigênio. O uso do oxigênio puro reduz a concentração de nitrogênio no gás
final produzido, o que aumenta a quantidade de energia por volume de gás gerado.
O uso do vapor d’água aumenta a concentração de hidrogênio e oxigênio no volume
de gás gaseificado, isso porque o vapor d’água é representado pela molécula H2O. A
inserção de vapor d’água também reduz a concentração de nitrogênio no gás gerado
e consequentemente aumenta o poder calorífico do gás por unidade de volume.

Tipos de Gaseificadores

Existe uma grande variedade tecnológica de gaseificadores de biomassa que


permitem converter a biomassa sólida em um gás combustível. Podem ser
caracterizados pelo poder calorífico do gás produzido, pelo tipo de agente de
gaseificação, pela pressão de trabalho e pela direção do movimento relativo da
biomassa e do agente gaseificação. O poder calorífico do gás produzido é
considerado um gás de baixo poder calorífico aquele apresenta até 5 MJ/Nm³. Já os
que apresentam de 5 a 10 MJ/Nm³ são classificados como um gás de médio poder
calorífico. Os gases de alto poder calorífico são caracterizados por apresentarem
valores de 10 a 40 MJ/Nm³. Os tipos de agente de gaseificação são o ar, o vapor
d’água e o oxigênio. Todos obviamente têm como principal elemento químico o
oxigênio. Na tabela 1 pode se notar as variações que ocorrem com o poder calorífico
em relação ao agente de gaseificação. Os gaseificadores são classificados em
relação às pressões de trabalho como de baixa pressão quando atua a pressão
atmosférica e pressurizado em pressões acima da atmosférica e até 3MPa. A
influência das variações nas pressões dos gaseificadores pode ser notada na tabela
2. (NOGUEIRA; LORA, 2003)

TABELA 1: Dependência entre o tipo de agente de gaseificação utilizado, pressão do gaseificador,


poder calorífico e sua possível aplicação

Fonte: NOGUEIRA E LORA, 2003

A principal característica que diferenciam os gaseificadores é a direção do


movimento relativo da biomassa e do agente de gaseificação. Os 04 modelos estão
demonstrados na figura 2 e são eles: contracorrente, concorrente, fluxo cruzado e o
de leito fluidizado. O gaseificador de fluxo contracorrente tem o leito em movimento
a contrafluxo com o gás, ou seja, a direção do fluxo de saída dos gases é oposta a
direção de entrada da biomassa. O gaseificador concorrente tem leito em movimento
a fluxo direto com o gás, os saem na mesma direção do fluxo de entrada de
biomassa. O gaseificador de fluxo cruzado tem leito em movimento perpendicular ao
fluxo de gás. O gaseificador de leito fluidizado tem alimentação mecânica e a saída
no mesmo sentido do fluxo de entrada do agente oxidante. (NOGUEIRA e LORA,
2003)

TABELA 2: Composição média e poder calorífico do gás pobre de madeira obtido em diferentes tipos
de gaseificadores e com agentes de gaseificação

Fonte: NOGUEIRA E LORA, 2003


Segundo Nogueira e Lora (2003), a gaseificação onde o ar atua como agente
oxidante é a mais comum e permite produzir gás com custo menor. Contudo, nesta
alternativa o gás apresenta um baixo poder calorífico. Quando o gás de gaseificação
constitui a matéria-prima para a produção de líquidos derivados de biomassa, devem
ser empregados vapor ou oxigênio como agentes de gaseificação. Outro fator que
afeta o poder calorífico do gás é a umidade da biomassa, que se recomenda seja
menos que 20%.

FIGURA 2: Tipos de gaseficadores para biomassa


Fonte: NOGUEIRA E LORA, 2003

Normalmente, os gaseificadores de leito em movimento (contracorrente e


concorrente) são unidades mais simples e baratas do que os de leito
fluidizado. Além disso, os gaseificadores de leito a contracorrente
apresentam elevada eficiência térmica, apesar do conteúdo relativamente
alto de alcatrão no gás, em especial quando a biomassa gaseificada é
úmida. Já nos gaseificadores de leito concorrente, o conteúdo de alcatrão é
baixo, consequência do craqueamento do alcatrão presente no gás na zona
de oxidação. Isto faz com que os gaseificadores de leito concorrente sejam
os mais utilizados para biomassa "in natura", como lenha. Como principais
desvantagens dos gaseificadores de leito em movimento destacam-se a
necessidade de uniformidade granulométrica da biomassa e a limitação na
capacidade. Nestes equipamentos, as dimensões das partículas de
combustível devem ser relativamente homogêneas e inferiores a 100 mm, a
fim de garantir o movimento descendente da biomassa no interior do reator,
ao mesmo tempo que permite a passagem do ar e dos gases. (NOGUEIRA
E LORA, 2003, p.94).

No gaseificador de fluxo concorrente o ar e o combustível se deslocam na mesma


direção. Foi projetado com o objetivo de eliminar do gás, os alcatrões e os óleos. O
ar é introduzido através de um conjunto de bocais e os produtos de combustão são
reduzidos a CO, H2 e CH4 à medida que atravessam o leito de carvão a alta
temperatura, sendo os óleos e alcatrões craqueados a gases simples ou a carbono.
Nestes gaseificadores a zona de oxidação vem logo após a zona de pirólise e a
zona de redução antecede a zona de remoção de cinzas. Essa disposição deixa o
gaseificador concorrente sensível à umidade da matéria-prima, o que influencia o
rendimento e o poder calorífico do gás.

A capacidade de gaseificação está limitada às dificuldades de dimensões nos


gaseificadores, especialmente nos do tipo concorrente. O diâmetro da garganta na
região de oxidação está limitado pela necessidade de atingir, em toda a seção
transversal, temperaturas homogêneas da ordem de 1.400ºC, para que haja a
garantia de uma alta eficiência no craqueamento do alcatrão. O gaseificador de fluxo
contracorrente produz um gás de qualidade inferior, um pouco mais sujo, em
relação ao modelo concorrente, porém sua dimensões podem ser maiores, já que
não possuem a restrição em relação ao diâmetro da garganta. Por estas razões os
gaseificadores a contracorrente são mais utilizados para o fornecimento de energia
térmica, seja para aquecimento doméstico ou para aplicações industriais. Os
gaseificadores de leito fluidizado tem capacidade para gaseificar biomassas de
granulometria fina e baixa densidade que é o caso de várias biomassas volumosas
como o bagaço de cana, além disso não tem restrições quanto ao seu
dimensionamento. Os sistemas pressurizados permitem dispor de instalações mais
compactas, embora o sistema de alimentação da biomassa seja mais complicado.
(NOGUEIRA; LORA, 2003)
Balanço de Massa dos Gaseificadores

O balanço de massa tem a função de igualar as concentrações químicas dos


reagentes com a concentração dos produtos. Toda a massa que entra no sistema
deve ser igual à de saída mesmo que com estruturas químicas ou estados químicos
diferentes.

Segundo Nogueira, Lora (2003), o balanço de energia de um gaseificador é feito


através da contabilização da energia que entra na forma de biomassa sólida e da
massa de regente oxidante, que deve ser igual à massa de saída na forma de gases
e cinzas. O balanço de massa é expresso pela seguinte equação:

mb + ma = mg + mcen (15)

Ainda Nogueira e Lora (2003) dizem que para está situação, a entalpia é a medida
da energia térmica por unidade de massa de ar, gás e cinzas:

mg • PCIb + ma • ha = mg • PCIg + mg • hg + mcen • hcen + Qma (16)

A figura 3, abaixo, mostra os elementos necessários para estabelecer o balanço de


massa e energia em um gaseificador e para a determinação da sua eficiência.

FIGURA 3: Fluxo de massa e energia em um gaseificador concorrente


Fonte: NOGUEIRA E LORA, 2003

Onde:
mb - fluxo de biomassa que entra no gaseificador, kg/s;
PCIb - poder calorífico da biomassa, kJ/kg;
mg - fluxo de gás produzido na gaseificação, kg/s;
PCIg - poder calorífico do gás, MJ/Nm³;
PCIgi - poder calorífico do gás i, MJ/Nm³;
tg - temperatura do gás, ºC;
ma - fluxo de ar introduzido no gaseificador, kg/s;
mcen - fluxo de cinzas, kg/s;
Qma - calor perdido no meio ambiente, kW;
Ci - concentração volumétrica ou molar do gás i;

O poder calorífico do gás biomassa pode ser calculado a partir de sua composição
volumétrica, pela seguinte equação (NOGUEIRA e LORA, 2003):

(17)

Onde:

Segundo Bazzo (1995) na combustão de combustíveis gasosos, a energia é


desprendida pelas reações químicas com o hidrogênio, monóxido de carbono,
metano e outros hidrocarbonetos. Conforme os exemplos de reações abaixo:
(18)

(19)

Observa-se que em cada reação que ocorre na combustão há o desprendimento de


energia especifico por cada unidade de massa do produto.

Para a determinação e controle do processo de combustão é de extrema


importância conhecer bem a composição química do combustível que será utilizado.
Os combustíveis sólidos têm sua composição química definida em termos de
carbono, hidrogênio, enxofre, nitrogênio, oxigênio, nitrogênio, umidade e cinzas.
Carbono, hidrogênio e enxofre são os elementos que ao reagir com oxigênio liberam
energia em forma de calor. Em condições ideais, a combustão total desses
elementos químicos deve envolver uma quantidade mínima de oxigênio, que deve
ser calculada a partir das reações químicas de combustão. A massa estequiométrica
de oxigênio para queimar cada kg de combustível será (BAZZO, 1995):

(20)

Considerando que a massa de oxigênio equivale a 23,15% da massa total do ar,


então (BAZZO, 1995):

Onde:
Agora Bazzo (1995) associa a massa ao volume, como 21% do volume do ar é
composto de oxigênio, então se relacionar o volume molecular do oxigênio
(22,4Nm³/kmol) com a massa molecular de cada elemento combustível envolvido
nas reações químicas, o volume estequiométrico de ar pode ser obtido por:

Consequentemente, o mesmo processo pode ser realizado para o cálculo de massa


e volume dos gases produzidos (BAZZO,1995):

(23)

(24)

Então,
A massa e o volume de gás definidos pelas equações 25 e 26 são gases gerados
por queima completa, ou seja, são valores estequiométricos. Para que essas
expressões sejam utilizadas nos cálculos dos gases de biomassa as expressões
devem sofre alterações, pois os gases finais formados são diferentes já que ocorre a
dissociação das moléculas.

Fator de Ar

O fator de ar relaciona a quantidade de ar necessária para a combustão completa


por cada unidade de combustível.

Segundo Borsato, Galão, Moreira (2009) o fator de ar em processos de combustão


podem ser realizado através do consumo teórico de oxigênio no processo e a
relação percentual de oxigênio no ar atmosférico. Considerando a existência de
23,2%, em massa, de oxigênio no ar atmosférico, temos a seguinte relação:
100/23,2 = 4,31/1 e, a partir dela, elaborou-se a Tabela 3, fundamentada no que
segue:

Portanto, para o hidrogênio,

Com as respectivas reações de combustão e o raciocínio análogo, teremos a


quantidade de ar por kg de combustível para o carbono e para o enxofre.

TABELA 3: relação ar/combustível para alguns elementos encontrados nos principais combustíveis

Kg de ar/kg
Combustível Transformação Massa molar
combust.
Hidrogênio (H2) H2O 2,016 34,21

Carbono CO2 12,011 11,48

Enxofre SO2 32,066 4,30

Fonte: BORSATO, GALÃO E MOREIRA (2009)

A partir dos dados da Tabela 3, Borsato, Galão, Moreira (2009) obtiveram a


expressão a seguir, que fornece uma estimativa do consumo de ar no processo de
combustão completa de alguns combustíveis.

Nos processos de combustão total, a massa de ar utilizada deve ser maior que a
calculada teoricamente e também deve ser considerada a conversão total do
carbono em gás carbônico. Porém, em alguns casos, como nos gaseificadores de
biomassa, o ar alimentado é inferior ao calculado teoricamente. Essa prática
justifica-se sempre que a finalidade da combustão seja produzir gases parcialmente
oxidados, como o monóxido de carbono obtido num gerador de gases. A combustão
incompleta do carvão mineral ou vegetal produz, além de outros gases, o monóxido
de carbono. (BORSATO, GALÃO e MOREIRA, 2009)

Nogueira, Lora (2003) afirmam que a relação ar/combustível é um parâmetro


importante de operação para os gaseificadores e pode ser expresso como fator de
ar. O fator de ar é a relação entre a quantidade de ar fornecido ao gaseificador por
kg de combustível e seu valor estequiométrico. A eficiência a frio, a temperatura do
leito e o poder calorífico do gás dependem do valor do fator de ar. O valor ideal do
fator ar se encontra entre 0,20 e 0,35, então, em um processo de gaseificação, para
cada kg de combustível gaseificado será necessário de 20 a 35% da quantidade de
ar de uma análise estequiométrica da combustão total do combustível.

Diferentemente da combustão completa que considera a oxidação total dos


reagentes, a gaseificação pode ser classificada como uma reação de oxidação
incompleta ou de combustão parcial. É importante lembrar que o que ocorre na
gaseificação não é exatamente a combustão parcial, mas a dissociação química
molecular que provem das reações dos elementos combustíveis com os agentes
oxidantes a altas temperaturas.

Vasos de pressão de paredes finas

Segundo Hibbeler (2010), os vasos cilíndricos ou esféricos são muito usados na


indústria como caldeiras, tanques ou reservatórios. Quando submetidos à pressão, o
material utilizado na fabricação do vaso de pressão é solicitado por cargas em todas
as direções. Normalmente, um vaso é considerado como paredes finas quando à
relação do raio interno e a espessura da parede tem valor igual ou superior a 10 (r/t
≥ 10). Especificamente, quando a razão entre o raio e a espessura do material é
igual a dez (r/t = 10), os resultados de uma análise de parede fina preverão uma
tensão aproximadamente 4% menor que a tensão máxima real no vaso. Quando
determina-se que a parede do vaso é “fina”, considera-se que a variação da
distribuição de tensão pela sua espessura não será significativa, portanto
consideraremos que ela é uniforme ou constante.

Devido à uniformidade da carga interna, um elemento do vaso que esteja


afastado o suficiente das extremidades é submetido a tensões normais σ 1
na direção do arco e σ2 no sentido axial. (HIBBELER,2010,p.300)

As tensões normais internas atuantes são geradas por gases ou fluidos líquidos e
geralmente em cilindros confinados.

As tensões normais podem ser calculadas a partir das equações (HIBBELER,2010):

(30)

(31)
Comparando as equações acima nota-se que a tensão normal no sentido axial é
duas vezes menor que a tensão normal circunferencial. Consequentemente, a junta
soldada longitudinal deve ser dimensionadas para suportar o dobro das tensões das
juntas circunferenciais. (HIBBELER,2010)

Dimensionamento de Solda

A solda é um tipo de união por coalesência do material, obtida por fusão das partes
adjacentes. As soldas ocorrem através do fornecimento de energia ao material até
que ocorra a fusão, as fontes de energia são de origem elétrica, química, óptica ou
mecânica. Normalmente a fusão do aço ocorre através da absorção do calor
produzido por um arco voltaico. Nos tipos mais comuns, o arco voltaico se dá entre
um eletrodo metálico e o aço a ser soldado, havendo deposição do material do
eletrodo. (PFEIL, 2012).

Segundo Shigley (2010) sempre que partes tiverem de serem montadas ou


fabricadas, existe usualmente um bom motivo para uso da união com solda. Quando
as seções a serem unidas são finas, um desses métodos pode levar a uma
economia significativa. A eliminação de fixadores individuais, com seus orifícios e
custos de montagem, é um fator importante. Dessa forma alguns desses métodos
permitem também rápida montagem em máquina, promovendo a atratividade deles.

Para carregamentos de tração ou de compressão, isolados, a tensão norma média


pode ser descrita sendo a força que atua sobre a peça, dividido pela área da
garganta da solda. Portanto (SHIGLEY, 2010):

𝐹
𝜎= (32)
ℎ𝑙
𝐹: força atuante de tração ou compressão;
ℎ: garganta da solda;
𝑙: o comprimento de solda.

REFERÊNCIAS

BORSATO, Dionísio; GALÃO, Olívio Fernandes; MOREIRA, Ivanira. Combustíveis


fósseis - carvão e petróleo. Londrina: EDUEL, 2009.

NOGUEIRA, Luiz Augusto Horta; LORA, Electo Eduardo Silva. Dendroenergia -


fundamentos e aplicação. 2ªed. Rio de janeiro: Interciência, 2003.

MARTINS, Jorge. Motores de combustão interna. 3ª ed. Porto: Publindústria, 2011

CEMIG, Companhia Energética de Minas Gerais Gaseificadores de biomassa, Belo


Horizonte, MG, 1986. 111p.

Mello, Marcello Guimarães – Biomassa, Energia dos trópicos em Minas Gerais,


Belo Horizonte: LabMídia/FAFICH, 2001.

BRANCO, Samuel Murgel - Poluição do ar, São Paulo: Moderna, 1995

DIAS, Genebaldo Freire - Educação Ambiental: princípios e práticas, 6a.ed., São


Paulo: Guaia, 2000
PFEIL, Walter; PFEIL, Michèle – Estruturas de aço: dimensionamento prático, 8ª ed.
– [Reimpr.] – Rio de Janeiro: LTC, 2012

HIBBELER, Russell Charles – Resistência dos materiais – tradução Arlete Simille


Marques; revisão técnica Sebastião Simões da Cunha Jr. – 7ª ed. – São Paulo:
Perason Prentice Hall, 2010

COMPANHIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS, Universidade Federal de Viçosa,


Sociedade de Investigações Florestais - Análise da geração de energia a partir da
Biomassa, Belo Horizonte: Cemig, 2003

BAZZO, Edson – Geração de Vapor – 2ª ed. – Florianópolis: Editora da UFSC, 1995

SANTANA, Wilma Michele Santos - Crescimento, produção e propriedades da


madeira de um clone de Eucalyptus grandis e E. urophylla com enfoque
energético – Lavras : UFLA, 2009. (Dissertação de mestrado)

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