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4º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEIS


9-11 de novembro de 2022
Salvador, Bahia, Brasil

FTIR PARA ESTUDO DA HIDRATAÇÃO DO CIMENTO COM ADIÇÕES MINERAIS


– ESTADO DA ARTE

BRUNA L. F BRITO¹*, LEONARDO J. B. M. BARROS², PEDRO H. NASCIMENTO³, CAMILA A. A.


ROCHA4, ROMILDO D. T. FILHO5

1. Engenheira Química, candidata ao doutorado no Programa de Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos -


EPQB/UFRJ
.Email: brunaluizafer@eq.ufrj.br
2. Aluno de graduação em Química Industrial, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Email: leonardojbmb@eq.ufrj.br
3. Engenheiro Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Email: p-mello@poli.ufrj.br
4. Professora Doutora em Engenharia Civil, Universidade Federal Fluminense (UFF)
Email: camilaabelha@id.uff.br
5. Professor Doutor em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Email: toledo@coc.ufrj.br
*Av. Athos da Silveira Ramos 149, CEP 21941-611 – Cidade Universitária, Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Resumo Este artigo de estado da arte apresenta e discute as reações de hidratação do cimento
Portland com quatro adições distintas e por meio de análises empregando a técnica de Espectroscopia
de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) para o acompanhamento da hidratação. Por
meio de uma revisão bibliográfica, foram levantados dados à respeito tanto da composição quanto das
reações de hidratação envolvidas em cinco classes de cimento Portland: puro, com adição de escória
de alto forno, de cinza volante, de metacaulim e de fíler calcário. Os trabalhos da literatura conseguiram
mostrar de forma qualitativa a evolução das reações químicas durante o processo de hidratação das
pastas de cimento em função de sua idade através da técnica de FTIR. Foi identificado o consumo de
alguns reagentes e o surgimento dos principais produtos. Devido à rapidez das análises e ao simples
preparo de amostra, essa técnica apresenta um potencial para ser implementada no escopo de
trabalhos que visam substituir parcialmente o cimento por outros materiais, de modo a conseguir
mapear rapidamente o comportamento dos compostos durante a hidratação.
Palavras-chave: Cimento, Materiais cimentícios suplementares, Hidratação, FTIR

Abstract This state-of-the-art article presents and discusses the hydration reactions of Portland cement
with four different additions through analyses using the Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR)
technique for monitoring hydration. Through a literature review, data were collected regarding both the
composition and the hydration reactions involved in five classes of Portland cement: pure, with addition
of blast furnace slag, fly ash, metakaolin and limestone filler. The works in the literature were able to
show qualitatively the evolution of chemical reactions during the hydration process of cement pastes as
a function of their age through the FTIR technique. The consumption of some reagents and the
emergence of the main products were identified. Due to the speed of the analysis and the simple sample
preparation, this technique presents a potential to be implemented in the scope of works that aim to
partially replace cement by other materials, in order to be able to quickly map the behavior of the
compounds during hydration.
Keywords: Cement, Supplementary cementitious materials, Hydration, FTIR

1. INTRODUÇÃO
O cimento é um material amplamente empregado no mundo, por ser o aglomerante mais utilizado na

ISBN: 978-65-00-55912-5 909


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confecção do concreto. Este fato pode ser ilustrado ao se analisar os números da produção mundial de
cimento no ano de 2021, que chegou a 4,4 bilhões de toneladas [1]. Por conta desta grande quantidade
de material fabricado no mundo, é necessário se atentar para as emissões de gases de efeito estufa.
O processo de fabricação do cimento consiste em basicamente cinco etapas: Moagem, onde a matéria
prima (argila e calcário) é moída, formando a farinha crua; Clinquerização, em que se aquece a farinha
crua a altas temperaturas em fornos rotativos; Moagem do clínquer, após resfriamento; Adições, na
qual é adicionado gesso, podendo haver outras; Ensacamento e expedição. Normalmente, de 30% a
40% das emissões diretas de CO2 provêm da queima de combustíveis e os 60% a 70% restantes
decorrem da reação química envolvida na conversão de calcário em óxido de cálcio (calcinação).
Outros 5% das emissões de CO 2 ocorrem de forma indireta e resultam do consumo elétrico da planta
industrial
Dentre as medidas para mitigar este efeito, uma das mais promissoras é a utilização de adições ou
substitutos do clínquer. Os principais materiais cimentícios suplementares utilizados nas adições são:
escória de alto forno; cinza volante; metacaulim e fíler calcário [2].
No Brasil, a Norma NBR 16697 especifica 8 classes de cimento, são elas: Cimento Portland Comum
(CP I), que se divide em CP I – Cimento Portland Comum e CP I-S – Cimento Portland Comum com
Adição; Cimento Portland Composto (CP II), que se divide em CP II-E – Cimento Portland Composto
com Escória, CP II-Z – Cimento Portland Composto com Pozolana, CP II-F – Cimento Portland
Composto com Fíler, Cimento Portland de Alto-Forno (CP III); Cimento Portland Pozolânico (CP IV);
Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI); Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS);
Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) e Cimento Portland Branco (CPB) [3].
A técnica Espectroscopia de Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) foi abordada neste
artigo por ser uma técnica eficiente na análise qualitativa dos componentes químicos presentes nos
materiais estudados, possibilitando o acompanhamento da hidratação do cimento. Além disso, ela
emite resultados mais rapidamente do que outras técnicas utilizadas no estudo da hidratação do
cimento, como a difratometria de raios X (DRX) e análise termogravimétrica (TGA).

2. ADIÇÕES E SUBSTITUIÇÕES DO CLINQUER E SEUS EFEITOS


2.1. Escória de alto forno
A escória de alto forno é um dos subprodutos da indústria metalúrgica gerado durante a fabricação do
ferro gusa. Sua composição química corresponde majoritariamente aos óxidos de alumínio (Al2O3),
silício (SiO2) e cálcio (CaO); podendo apresentar traços dos óxidos de ferro (Fe 2O3), magnésio (MgO)
e manganês (MnO), entretanto, sua composição varia de acordo com a fonte do minério de ferro
utilizada na produção.
De acordo com o Instituto Aço Brasil (IAB), a produção de aço bruto na indústria siderúrgica brasileira
em 2021 chegou a cerca de 36,2 milhões de toneladas [4] e em termos mundiais de acordo com
Worldsteel Association a produção atingiu a marca de 1,95 bilhão de toneladas no mesmo ano [5].
Segundo dados apresentados pelo IAB em 2013, para cada tonelada de ferro gusa produzido foram
gerados cerca de 594 kg de coprodutos e resíduos, em que 37% correspondem a escória de alto forno.
99% deste material foi vendido para a indústria cimenteira e o restante, aplicado internamente pelas
siderúrgicas [6].
Antes da descoberta das propriedades hidráulicas da escória de alto forno, este material era visto como
um resíduo e não como um subproduto, por isso, era destinado aos aterros siderúrgicos e
consequentemente se acumulava ao longo dos anos sem uma utilização prática.
Essa descoberta veio a ser muito agregadora para a sociedade, tanto por um viés econômico quanto

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por um ambiental. A abordagem econômica é simples, antes a escória era descartada, gerando custos
as siderúrgicas para o seu processamento e agora este material é comprado quase que integralmente
pela indústria cimenteira. Partindo para o viés ambiental, sua aplicação no cimento sanou a
problemática da acumulação de um rejeito e ao mesmo tempo contribuiu com a diminuição da emissão
de dióxido de carbono durante a produção de cimento; uma vez que ao utilizar-se a escória de alto
forno no cimento reduz-se consideravelmente a quantidade de clínquer empregada [7].
2.2. Cinza volante
As cinzas volantes são sólidos amorfos que ao serem resfriados nos gases liberados pela combustão
adquirem um formato esférico, elas são essencialmente partículas cuja composição majoritária
corresponde a óxidos de alumínio (Al2O3) e silício (SiO2) com variação de 0,5 μm a 100 μm, produzidas
através da combustão de carvão pulverizado nas usinas termelétricas [8].
Uma das principais aplicações para o carvão mineral atualmente é na geração de energia elétrica; de
acordo com dados levantados pela Internacional Energy Agency (IEA), cerca de 41% da energia
produzida no mundo em 2006 possuiu como origem o carvão mineral. A matriz energética brasileira
possui participação majoritária de hidroelétricas e somente cerca de 1,5% desta corresponde as
termelétricas movidas a carvão mineral [9].
Utilizando o estado do Rio Grande do Sul como base por apresentar 89% das jazidas de carvão mineral
nacionais [10], houve uma geração de 1,7 milhões de toneladas de cinza volante no ano de 2006 onde
apenas 712.000 toneladas foram utilizadas [11].
Após a descoberta das propriedades pozolânicas das cinzas volantes, elas passaram a ser utilizadas
como aditivos no cimento Portland. Sua adição afeta tanto as características mecânicas quando a
durabilidade do material, influenciando a microestrutura de hidratação das matrizes cimentícias e as
propriedades tanto do concreto fresco quando do endurecido.
2.3. Metacaulim
Existem diversos tipos de argilominerais na natureza, sendo os principais a ilita, montmorilonita e a
caulinita. Dentre eles, o mais utilizado como adição no cimento é a caulinita, que após passar pelo
processo de calcinação, recebe o nome de metacaulinita ou metacaulim [12].
Segundo a NBR 12653, argila calcinada é definida como material proveniente de calcinação de certas
argilas submetidas a temperaturas, em geral, entre 500ºC e 900ºC, que adquirem atividade pozolânica.
A calcinação da caulinita provoca a desidroxilação de sua estrutura cristalina. Após esse processo, é
formado o metacaulim, sendo constituído de sílica (SiO 2) e alumina (Al2O3) na fase amorfa [13].
Apesar de passar pelo processo de calcinação, a adição de metacaulim evita cerca de um quarto da
emissão de CO2, pois argilas calcinadas demandam 70% da energia requerida comparado com a
calcinação do clínquer [2]
O metacaulim produzido atualmente no Brasil, em escala industrial, é fabricado em fornos rotativos,
passando pela moagem, após seu resfriamento. O produto final apresenta coloração avermelhada por
conta da contaminação do caulim por óxido de ferro [14]. As reservas de caulim no Brasil são de 4,2
bilhões de toneladas, sendo o Brasil o quinto maior produtor do mundo, segundo o relatório do IBRAM
de 2012 [14].
O controle da quantidade de metacaulim no cimento se vê necessário por conta dos efeitos que a sua
adição causa. São eles: a redução da retração por secagem e redução da fluência; prejuízo em sua
trabalhabilidade [15]. Esses efeitos se dão por conta da alta reatividade do metacaulim, área superficial
específica muito alta e estrutura amorfa [16]. Os produtos da reação de hidratação serão abordados
mais adiante.
2.4. Fíler calcário

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O fíler calcário é um material proveniente da moagem de carbonáceos, principalmente de calcário,


muito abundante no Brasil. De acordo com o último anuário mineral divulgado pela DNPM que engloba
minerais não metálicos, no ano de 2010, as reservas lavráveis brasileiras de calcário são um pouco
mais de 25 bilhões de toneladas [17].
Existem dois tipos principais de calcário, o dolomítico e calcítico. O calcário dolomítico tem em sua
composição mais óxido de magnésio do que o calcítico, que por sua vez tem uma quantidade superior
de óxido de cálcio. Para o uso do calcário como fíler, é mais indicado o calcítico, pois o excesso de
magnésio pode provocar reações expansivas no cimento [7].
A adição de fíler calcário no cimento se torna uma solução viável, visando tornar o cimento um produto
mais sustentável, pois não exige grandes investimentos e não requer calcinação, logo a emissão de
CO2 na sua obtenção fica restrita aos processos de extração, moagem e transporte. Porém deve se
haver um controle rigoroso de sua quantidade por conta de não ter reatividade química tão significante
quanto às outras adições [2].

3. REAÇÃO DE HIDRATAÇÃO DO CIMENTO


O clínquer é o elemento mais importante da composição do cimento, formado majoritariamente pelos
seguintes óxidos e suas abreviações: óxido de cálcio (CaO) (C); óxido de silício (SiO 2) (S); óxido de
alumínio (Al2O3) (A); óxido de ferro (Fe 2O3) (F); óxido de magnésio (MgO) (M).
A composição do clínquer é dada pelos seguintes componentes: silicato tricálcico (C 3S); silicato
bicálcico (C2S); aluminato tricálcico (C3A); ferroaluminato tetracálcico (C4AF). São eles que reagem com
a água, promovendo característica aglomerante ao cimento.
Já a gipsita, ou gesso, tem como composição química: Ca(SO 4).2H2O, faltando explicitar a abreviação
do óxido SO4 (𝑆̅), que será relevante mais adiante. O gesso tem a importante função de retardar o
endurecimento do clínquer e tem grande influência na hidratação dos aluminatos e ferroaluminatos.
As etapas da hidratação e as reações de cada componente do cimento com a água serão descritas
abaixo, de acordo com [18,19].
3.1. Hidratação dos aluminatos
Os aluminatos, junto ao sulfato de cálcio e água, entram em solução que se satura de íons; esses íons
precipitam formando a etringita – que são cristais acirculares de trissulfoaluminio de cálcio hidratado (1
e 4); após alguns dias, a etringita pode se tornar instável e se transformar em monossulfoaluminato
hidratado (2 e 5), que tem forma hexagonal. Essa instabilidade está relacionada com a quantidade
alumina-sulfato no cimento Portland. Após exaustão do sulfato, os aluminatos remanescentes reagem
com a água (3, 6 e 7).
Reações dos aluminatos
Reações do 𝐶 𝐴:
𝐶 𝐴 + 3. (𝐶𝑆̅ 𝐻 )(𝑔𝑒𝑠𝑠𝑜) + 26𝐻 → C6A𝑆̅3H32 (etringita) (1)

2𝐶 𝐴 + C6A𝑆̅3H32 + 4𝐻 → 3.C4A𝑆̅H12 (monossulfoaluminato) (2)

𝐶 𝐴 + 6𝐻 → 𝐶 𝐴𝐻 (3)

Reações do 𝐶 𝐴𝐹:
3𝐶 𝐴𝐹 + 12(𝐶𝑆̅ 𝐻 )(𝑔𝑒𝑠𝑠𝑜) + 110𝐻 → 4[C6(A,F)𝑆̅H32] (etringita) + 2(A,F)H3 (4)

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3𝐶 𝐴𝐹 + 2[C6(A,F)𝑆̅H32] + 12𝐻 → 6[C4A𝑆̅H12 ] (monossulfoaluminato) + 2(A,F)H3 (5)

𝐶 𝐴𝐹 + 16𝐻 → 2𝐶 (𝐴, 𝐹)𝐻 (6)

𝐶 𝐴𝐹 + 16𝐻 → 𝐶 (𝐴, 𝐹)𝐻 + (𝐴, 𝐹)𝐻 (7)

3.2. Hidratação dos silicatos


A hidratação dos silicatos produz silicato de cálcio hidratado (C-S-H) e hidróxido de cálcio (CH) (8 e 9)
e inicia um pouco depois da hidratação dos aluminatos; após algumas horas, grandes cristais
prismáticos de CH e pequenos cristais fibrosos de C-S-H ocupam os vazios da água e do cimento
diluído.
Reações dos silicatos
Reação do 𝐶 𝑆: 2𝐶 𝑆 + 6𝐻 → 𝐶 𝑆 𝐻 + 3𝐶𝐻 (8)

Reação do 𝐶 𝑆: 2𝐶 𝑆 + 4𝐻 → 𝐶 𝑆 𝐻 + 𝐶𝐻 (9)

Tendo visto a reação de hidratação do cimento, serão expostos a seguir os diferentes produtos que
são formados com as seguintes adições: escória de alto forno; cinza volante; metacaulim; fíler calcário.
3.3. Adição de cinza volante
A composição química das cinzas volantes é muito semelhante à do cimento Portland convencional
(CP) de modo que esses dois materiais apresentam diferenças sutis devido aos traços de alguns
compostos provenientes da natureza do carvão mineral. Dessa forma, os produtos das reações
químicas durante o processo de hidratação são equivalentes as do CP.
Os teores dos silicatos e aluminatos na cinza volante tendem a serem maiores do que os presentes no
CP enquanto os óxidos de cálcio de magnésio são mais concentrados no CP. Esse teor de compostos
alcalinos (CaO e MgO) no cimento com carga de cinza volante torna-se menor quando comparado ao
CP puro e consequentemente as reações de hidratação tornam-se mais lentas. também havendo o
aperfeiçoamento dos poros da pasta [8]
Com a diminuição do calor de hidratação, esta cinética mais lenta promove um empacotamento refinado
das partículas, garantindo menor fissuração em idades precoces e um ganho de resistência por volta
dos 28 dias. O material apresenta baixa resistência em curto prazo [20], entretanto a longo prazo essa
resistência pode ser equiparada ao cimento convencional ou, em alguns casos, superá-la [21].
3.4. Adição de escória de alto forno
A reação de hidratação da escória granulada de alto forno é lenta ao ponto de para que se tenha uma
utilização comercial seja necessário empregar medidas para auxiliar nesse processo; essas medidas
são denominadas ativadores, que podem ter caráter físico ou químico.
Os ativadores físicos estão relacionados a granulometria e temperatura, enquanto os ativadores
químicos consistem em alguns compostos que podem ser adicionados a massa que favorecem a
reação de hidratação, como o hidróxido de sódio (NaOH), o hidróxido de cálcio (Ca(OH) 2) e os sulfatos
(SO42-). Esses ativadores favorecem a reação e participam dela formando novos compostos com
exceção do NaOH, que atua como um catalisador.
O próprio cimento Portland possui alguns compostos que atuam como ativadores para a escória de alto
forno que seriam o sulfato de cálcio, comumente empregado como retardador de pega e o hidróxido de
cálcio liberado ao longo da hidratação do clínquer sendo este, o principal ativador dos cimentos de alto
forno.
O teor de C3S é essencial para a reação de hidratação porque quanto maior o seu teor, maior será a

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quantidade hidróxido de cálcio liberada no meio. O principal produto da hidratação dos cimentos de alto
forno são os C-S-H; o C-S-H é encontrado regularmente na forma de gel, esse composto é responsável
pelo aumento da resistência mecânica.
Além do apresentado, ainda se pode encontrar o aluminato tetracálcio hidratado (C 4AH13) proveniente
tanto da hidratação do clínquer como da escória e este composto ainda pode reagir com o
monosulfoaluminato de cálcio, proveniente da transformação da etringita em idades avançadas,
formando soluções sólidas [22].
3.5. Adição de metacaulim
Conforme visto anteriormente, a caulinita (AS2H2) passa pelo processo de calcinação para a formação
da metacaulim (AS2). Essa reação está representada abaixo [12]:
𝐴𝑆 𝐻 → 𝐴𝑆 + 𝐻 (10)

Na hidratação do cimento com adição de metacaulim, há um aumento na formação do silicato de cálcio


hidratado (CSH), por conta da reação pozolânica. Além disso, também existe a formação de aluminatos
de cálcio (11 e 12) e sílico-aluminatos de cálcio (13) [12]:
𝐴𝑆 + 6 𝐶𝐻 + 9 𝐻 → 𝐶 𝐴𝐻 + 2 𝐶 − 𝑆 − 𝐻 (11)

𝐴𝑆 + 5 𝐶𝐻 + 3 𝐻 → 𝐶 𝐴𝐻 + 2 𝐶 − 𝑆 − 𝐻 (12)

𝐴𝑆 + 3 𝐶𝐻 + 6 𝐻 → 𝐶 𝐴𝑆𝐻 + 𝐶 − 𝑆 − 𝐻 (13)

3.6. Adição de fíler calcário


O fíler calcário é considerado um material inerte, por conta de sua baixa reatividade na reação de
hidratação do cimento, se comparado com materiais pozolânicos. Porém, isso não significa que não
haja a formação de novos produtos decorrentes de sua adição. Conhecido como efeito químico do fíler
calcário, ele reage majoritariamente com o C3A resultando em formas altas e baixas de carboaluminatos
de cálcio (14 e 15). Os carboaluminatos formados são muito semelhantes à etringita e ao
monossulfoaluminatos das equações (1) e (2). Nas reações abaixo o CaCO 3 está abreviado como 𝐶̅ .
𝐶 𝐴 + 3𝐶̅ + 32𝐻 → C3A𝐶̅ 3H32 (14)

𝐶 𝐴 + 𝐶̅ + 12𝐻 → C3A𝐶̅ H12 (15)

4. ANÁLISE POR FTIR


As ligações químicas das substâncias apresentam frequências de vibrações específicas que estão
relacionadas com os níveis energéticos dos compostos; essa frequência vibracional varia de acordo
com as particularidades dos átomos envolvidos nas ligações.
O FTIR utiliza o interferômetro de Michelson, que emite ondas eletromagnéticas de diferentes
frequências sobrepostas, ou seja, a amostra é bombardeada com inúmeros comprimentos de ondas
distintos simultaneamente, tornando a análise precisa e rápida porque informações de todas as
frequências são colhidas simultaneamente.
Após a radiação passar pela amostra, o sinal medido é denominado interferograma, que ao ser
submetido a uma transformada de Fourier (operação matemática), ele é transformado em um espectro
idêntico ao da espectroscopia dispersiva; nesta técnica a amostra é submetida a um feixe de radiação
com comprimento de onda único. Quando comparada ao FTIR, ela se mostra lenta e a probabilidade
de se obter erros analíticos durante o experimento aumenta porque o processo deverá ser repetido
várias vezes para uma única amostra, enquanto no FTIR em uma única análise é possível obter

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informações da amostra sob inúmeros comprimentos de onda [23].


A seguir serão apresentados os trabalhos resultantes da pesquisa bibliográfica utilizando as principais
bases de dados de artigos científicos, priorizando as publicações datadas a partir do ano de 2000, em
que tenham sido realizadas análises de FTIR realizadas do cimento Portland convencional e do mesmo
com adição dos materiais cimentícios suplementares mais utilizados.
4.1. Cimento puro
Os componentes do cimento e os produtos formados pela reação de hidratação na pasta de cimento
puro podem ser notados de forma qualitativa pelos espectros de FTIR. Os números de onda, em cm -1,
dos componentes do cimento anidro podem ser vistos nas faixas: C 2A e C3A – entre 800 e 1100; C3A
e C4AF – entre 300 e 900. Por conta desses comprimentos de ondas baixos, não é possível vê-los de
forma clara nos espectrogramas, sendo necessário a utilização de técnicas, geralmente pastilhas de
KBr, para auxiliar na visualização [24].
Já os principais produtos da reação de hidratação do cimento têm seus números de onda nas faixas:
C-S-H – mais forte entre 700 e 1000 e mais fraco por volta de 1650 e 3400; Portlandita – entre 300 e
400, e em torno de 3650; Etringita – bandas mais fortes entre 300 e 400, 850, 1100 e 3400;
Monossulfato – bandas fortes entre 1100 e 1200, e mais forte entre 3100 e 3500 [24,25].
Um exemplo de espectro FTIR do cimento anidro e da pasta de cimento pode ser visto abaixo, onde
podem ser identificados os principais números de onda das fases anidras e das fases hidratadas:

Figura 145 - Espectros de absorção na região do infravermelho do cimento anidro e de pasta de


cimento nas idades 15 s, 180 min d, 3d e 28d. [26]

Estes dados fazem parte do trabalho de Ylmén et. al. (2007) em que foi utilizado FTIR com reflectância
difusa para monitorar a transformação química dos produtos de hidratação do cimento durante as seis
primeiras horas de hidratação. Usando o espectro do cimento não hidratado como referência, pequenas
bandas foram vistas na região de 900 a 1200 cm-1 a partir de 15s, que estão relacionados ao processo
de hidratação. Devido à presença de água absorvida pelos sulfatos, duas bandas apareceram no
espectro do cimento anidro (1623 e 1684 cm -1). A água é absorvida principalmente em gesso, o que
também gerou uma banda de 3550 cm-1. No cimento anidro a faixa 3661 cm -1 corresponde à água
absorvida de outros componentes. Puderam ser observados bandas no cimento anidro a 1100-1200
cm-1, devido à presença de sulfatos amorfos. Após 15 segundos de hidratação, transformaram-se nas
bandas encontradas às 1100, 1200 e 3320 cm -1 indicando rápida dissolução do sulfato seguida por sua

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cristalização. Foram observadas mudanças até 30 minutos consistentes com a formação de etringita,
e depois não foram observadas mudanças significativas. Após 2 horas de hidratação, foram observadas
novas intensidades nos espectros de 900 a 1000-1100 cm-1, que puderam ser associadas à dissolução
do C3S e à reação simultânea da sílica para formar o C-S-H. O crescimento monotônico da C-S-H foi
associado com as intensidades 970-1100 cm-1. O ombro ocorrido em 800-970 cm-1 se moveu em função
do tempo e é devido à dissolução do C 3S. A banda em 3643 cm-1 corresponde ao CH, que se forma à
medida da dissolução das fases silicatos. As bandas em 1796, 2513, 2875, 2983 e 1350-1550 cm-1 são
devidas ao CaCO3 presente no cimento, que pareceu diminuir com o progresso da hidratação[26].
Choudhary et al (2015) estudaram três amostras de cimento que foram coletadas de três diferentes
regiões da Índia. Os espectros FTIR mostraram bandas de absorção intensas após a hidratação, que
correspondem à formação de mais redes de silicatos. Foi observada uma perda de intensidade para
todas as amostras à medida que a hidratação avança. Isto se deve à diminuição da área superficial (o
FTIR sonda principalmente as superfícies das partículas), devido às grandes partículas de cimento que
são difíceis de moer após a hidratação. Os modos de vibração correspondes ao carbonato foram
encontrados nas pastas hidratadas e se devem a reação do CO 2 atmosférico com hidróxido de cálcio.
Em todas as amostras hidratadas a ampla banda em torno de 3410 cm-1 é devido à vibração de H2O
no cimento hidratado [25]. A intensidade desta banda logo após a hidratação foi alta, mas esta diminuiu
à medida que a duração da hidratação aumentou, que pode ser devido à evaporação do excesso de
água da amostra. Em todas as amostras, pode-se observar que com o avanço da hidratação, a área
das faixas de transmissão de 650 a 1650 cm-1 diminuiu progressivamente, sugerindo a formação de
fases mais amorfas durante a hidratação do cimento [27].
4.2. Com adição de escória de alto forno
Murmu e Singh (2014) estudaram as ligações químicas formadas ao longo do processo de hidratação
através do FTIR, a amostra submetida à análise consiste em uma pasta hidratada contendo 80% de
escória, 20% de cal e 10% de gesso; foram feitos 4 espectros com a mesma amostra, onde cada um
corresponde a um período de tempo de hidratação diferente. Os resultados da análise apresentaram
as bandas de O-H nos comprimentos de onda 1780 e na faixa 3345-3500 cm-1, esta segunda zona
apresentada corresponderia ao CH; a faixa de banda presente no intervalo de 570 – 715 cm-1 indicam
uma pequena quantidade de silicatos; a banda presente em 1410 cm-1 é oriunda dos íons carbonato,
indicando fortemente a presença de minerais carbonatados; bandas encontradas em 1.650 cm -1
indicam a formação das ligações S-O, sinalizando a presença de sulfato de cálcio hidratado. Foi
possível notar que com o aumento do tempo de cura, as bandas correspondentes aos grupos S-O e O-
H se deslocaram para a direita indicando que o processo de hidratação continua ao longo de tempo e
que ainda mais sulfato de cálcio de hidratado é formado na pasta [28].
Angulo-Ramírez, et al. (2017) avaliaram o efeito do tipo de ativador alcalino (hidróxido de sódio, silicato
de sódio) e sua concentração nos produtos de reação em diferentes idades em cimentos com 80% de
escória de alto forno. As faixas largas localizadas entre 3450 e 3300 cm -1e entre 1640 e 1650 cm-1 nos
espectros tanto do cimento de referência como do cimento misturado correspondem ao O-H da água.
A faixa que corresponde à mais forte vibração da ligação Si-O do C-S-H ou C-A-S-H pôde ser observada
no espectro. Isto é característico de geopolímeros ou cimentos híbridos ativados alcalinizados e ocorre
em números de onda entre 960 e 980 cm-1, mas pode ser localizado em números de onda mais altos
(1050 cm-1), dependendo do precursor. A vibração da mais fraca ligação Si-O-Si aparece a 620-680
cm-1 nas misturas de referência e NaOH. A faixa que corresponde à ligação Si-O-Si 470- 520 cm-1,
aproximadamente, também está presente. As vibrações da ligação C-O podem ser observadas em
diferentes misturas em diferentes números de onda. A presença de carbonato de cálcio é atribuída ao
o carbonato adicionado ao cimento e à carbonatação das amostras pelo meio ambiente [29].
4.3. Com adição de cinza volante
Wang et al. (2011) avaliaram pastas com mistura de cimento Portland e cinza volante, com 30% de

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cinza volante em massa, hidratadas a 3 dias e 120 dias para analisar o progresso da reação de
hidratação. Nas pastas hidratadas a 3 dias foi possível constatar que a cinza volante começou a se
decompor devido ao estreitamento da banda situada na faixa de 900 a 1.100 cm -1 quando comparada
ao resultado da análise da cinza volante pura. Existem dois fatores relacionados a esse
comportamento: o primeiro seria vinculado a hidratação do cimento com a ligação presente em 925 cm-
1, uma alteração para valores mais elevados pode ser visualizada, indicando a formação de C-S-H,

aparecendo em cerca de 970 cm-1; o outro motivo seria associado a banda correspondente ao Si-O da
cinza volante situada em 1099 cm-1, ela se tornou mais fraca e se deslocou para 1090 cm -1, estando
essa mudança vinculada a decomposição da cinza volante; as bandas do Si-O e C-S-H não reagidos
da cinza volante estão sobrepostos e centralizados em 983 cm -1. Nas pastas após o período de 120
dias foi possível constatar que as reações perduraram ao longo do tempo de cura, a intensidade relativa
da banda correspondente ao Si-O em 1099 cm-1 se tornou menor, também foi possível notar que a
banda O-H localizada em 3.640 cm-1se tornou mais fraca do que a da pasta de 3 dias, devido às reações
pozolânicas entre a cinza volante e o hidróxido de cálcio [30].
Kokak et al. (2014) estudaram pastas com 5 teores de adição de cinza volante curadas por 28 dias e
comprovaram que o aumento da cinza volante leva a diminuição da banda relacionada ao CH nas
pastas, devido à maior atividade pozolânica [31].
4.4. Com adição de metacaulim
Na reação de hidratação do cimento com metacaulinita há, além do C-S-H, a formação de sílico-
aluminatos de cálcio. Com isso, é esperado num espectro FTIR números de onda em cm -1 nas faixas:
C-S-H – mais forte entre 700 e 1000 e mais fraco por volta de 1650 e 3400; Sílico-aluminatos de cálcio
– bandas mais fortes entre 850 e 1100 [24].
No estudo de Cai et. al. (2018) foram preparadas pastas com substituição de cimento por metacaulim
em porcentagem de massa de 0%, 5%, 10%, 15% e 20%, com relação água/cimento de 0,4. Para cada
uma dessas pastas foram gerados espectros FTIR nas seguintes idades: 6, 10, 17 e 24 horas. Como
esperado, foram encontradas bandas por volta de: 520 cm-1, devido ao C-S-H; 940 cm-1 em função do
sílico-aluminato de cálcio; 1430 cm-1, proveniente do carbonato de cálcio, pois essa é a faixa da
vibração característica da ligação C-O; 3640 cm-1, oriunda do hidróxido de cálcio, pois é a faixa de
vibração característica da ligação O-H [32].
Já Kokak (2020) estudou quatro teores de substituição de compósito de cimento Porland por
metacaulinita. O compósito de cimento Porland é composto por 65-79% de clínquer, e por 21-35% de
cinza volante e calcário. Ele observou uma banda forte para o C-S-H próxima a 955-963 cm-1, em 1420
cm-1 observou a banda relacionada ao CaCO 3, que foi diminuindo com a hidratação. As duas pequenas
bandas vistas em 955-963 cm-1 indicam a presença de C2S não hidratado, as bandas associadas ao
CH também foram observadas em 3639-3645 cm-1 [33].
4.5. Com adição de fíler calcário
O íon carbonato (CO 3 2-) tem quatro modos de vibrações características na região mid-IR. Existem três
polimorfos comuns de CaCO3 anidro; calcita, aragonita e vaterita [34,35]. Estes modos de vibração dos
polimorfos ocorrem aproximadamente a cerca de 698, 745, 875, 1070-1085, 1425-1590 e 2352 cm-1.
A principal diferença na reação de hidratação do cimento com adição de fíler calcário é a formação dos
carboaluminatos, que são bem parecidos com os sulfoaluminatos gerados da reação de hidratação do
cimento sem o fíler. Os números de onda, em cm-1, nas quais são encontrados os carboaluminatos são
em torno de 1400 e 900 [24].
He et al. (2019) estudaram pastas com substituição de cimento por fíler em porcentagem de massa de
0%, 50%, 60%, 70% e 80%. Para cada uma dessas pastas foram gerados espectros FTIR nas
seguintes idades: 6, 12, 19 e 24 horas. Como esperado, foram encontradas bandas por volta de: 876 e
715 cm-1, devido à vibração do carbonato; 1430 cm-1 mais forte, devido ao carbonato de cálcio; 3430

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cm-1 devido ao sulfo-aluminato; 3640 cm-1, devido ao hidróxido de cálcio, pois é a faixa de vibração
característica da ligação O-H [36].
Dos Santos et al. (2021) usaram FTIR e calibração multivariada como uma solução rápida, de baixo
custo e confiável para obter modelos quantitativos para analisar o conteúdo de CaCO 3 no cimento. As
análises foram realizadas empregando reflectância total atenuada (ATR). O cimento API classe G foi
utilizado como referência e o material foi submetido ao processo de carbonatação com CO2 supercrítico.
Eles observaram que o consumo de CH, o aumento do teor de CaCO 3 e a descalcificação-
polimerização do C-S-H são as transformações químicas mais relevantes do cimento durante todo o
processo de carbonatação. E concluíram que foi possível obter modelos rápidos, de baixo custo e
confiáveis para quantificar o CaCO3 pela FTIR e que o método é aplicável ao estudo de materiais
cimentícios com carbonato [37].

5. CONCLUSÕES
Como visto, o FTIR é uma importante técnica utilizada na identificação dos compostos do cimento e
dos seus produtos de hidratação. Tornou-se ainda mais significativo, devido à crescente utilização de
materiais cimentícios suplementares como substitutos do clínquer, pois é possível por FTIR avaliar as
alterações na hidratação do cimento causadas por essas adições. Além disso, sua aplicação na área
de materiais cimentícios tem crescido, por ser uma técnica de baixo custo, versátil, rápida e de simples
preparo da amostra.

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