II Simpósio de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Sul Fluminense

(II SEMMat - 2020)

22 e 23 de outubro de 2020

A RESISTÊNCIA MECÂNICA DO CARVÃO VEGETAL

SIDERÚRGICO E SEU EFEITO NA MARCHA DO ALTO-FORNO

André L. B. Baptísta 1
1
EEIMVR / UFF - Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, Av. dos
Trabalhadores,420, Vila Santa Cecília – Volta Redonda - RJ.

Área: (Material Metálico)

Resumo
A matéria prima carregada pelo topo tem grande influência na produção do equipamento e na
qualidade do metal obtido. Assim sendo, este trabalho avaliou a resistência a compressão de carvões
vegetais siderúrgicos e correlacionou a mesma com a marcha do alto-forno.

Palavras-Chave: resistência mecânica, carvão vegetal, alto-forno

madeiras de maior densidade. O fornecedor B
utilizou madeira Clone de eucalipto.
Introdução e objetivos do trabalho
A Tabela I apresenta os valores de análise
O carvão vegetal possui propriedades que são de
imediata dos carvões testados, e a Tabela II a
extrema importância no processo de redução no
densidade.
alto-forno, entre elas se destacam: resistência
mecânica, densidade, friabilidade, composição
Tabela I. Análise Imediata dos Carvões
química. O mecanismo de degradação do carvão
Testados
e sua relação com a friabilidade fazem com que
o carvão ao passar por todas as etapas desde sua
fabricação, estocagem e transporte, geram mais
ou menos finos. [Coutinho e Ferraz, 1988]
Através da análise, de duas variáveis
importantes, que fornecem informações sobre a
Tabela II. Característica Física
carga que abastece o forno, pode-se classificar a
matéria empregada na produção de gusa..
A primeira variável é a variável de descida, ou
seja, o comportamento da carga no
enfornamento, a chamada marcha operacional.
A segunda variável é a permeabilidade do forno, A Tabela III, apresenta os valores de
resistência à passagem de gases. distribuição granulométrica e umidade do
A granulometria, a resistência mecânica e a material.
porosidade do carvão podem interferir na
distribuição de carga ao longo do forno, Tabela III. Avaliação granulométrica e
interferindo no fluxo gasoso. O fluxo gasoso, ou umidade
seja, a distribuição de gases redutores através da
coluna de carga é extremamente importante por
afetar diretamente: Consumo de combustível,
produtividade, desgaste do refratário. [Kurauchi,
2014]
Este trabalho tem como objetivo a avaliação da
resistência a compressão de dois tipos de
carvões vegetais utilizados em siderurgia, e sua De cada uma das amostras (A e B), foram
interferência na marcha do alto-forno. retirados 15 pedaços de carvão seguindo o
mínimo proposto pela estatística. O ensaio de
Materiais e Métodos compressão seguiu a norma NBR 5739, e foi
realizado na direção perpendicular às fibras do
Para o estudo foram utilizados 2 tipos de
carvão. Os parâmetros são definidos, em que a
carvões de fornecedores diferentes.
velocidade utilizada no ensaio foi de 1mm/min e
O carvão fornecido por A utiliza a madeira
a carga aplicada foi de 20 kN. A interrupção do
Eucalyptus Cloeziana e Citriodora, que são
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Universidade Federal Fluminense- Escola de Engenharia
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ensaio ocorre quando o corpo de prova se
rompe, significando perda de resistência da
amostra.
Resultados e Discussão
O gráfico 1 apresenta os resultados médios
obtidos pelo ensaio de compressão.
Gráfico 1. Média da força máxima obtida no
ensaio de compressão de carvão vegetal
siderúrgico
O Gráfico 2, mostra a média das resistências
fluidodinâmicas das amostras, no ensaio da
sonda do alto-forno na descida de carga.
Gráfico 2. Média da resistência fluidodinâmica
das amostras
Como indicado no gráfico, a amostra A
apresenta uma resistência fluidodinâmica menor
do que a amostra B. Dessa forma, pode-se
esperar que a amostra B possua uma descida de
carga ou marcha, mais irregular quando
comparada a amostra A.
Na Figura 1 tem-se os resumos dos resultados
gráficos obtidos pela sonda.
Figura 1. Curvas de descida de carga no alto-
forno com os carvões testados
Para a amostra A não houveram significativos
desvios na resistência fluidodinâmica, e a sonda
se mostrou seguindo os limites de controle.
É possível perceber uma boa marcha do forno,
com intervalos de tempo curtos e curvas bem
uniformes.
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O carvão B apresenta muito engaiolamento e
estes são muito mais recorrentes em relação ao
carvão A. Ocorreu também maior quantidade de
arreamento de carga no carvão B do que no
carvão A. A Tabela V apresenta as quantidades
de insumos utilizadas no carregamento quando
o carvão A foi utilizado e quando o carvão B foi
utilizado, respectivamente.
Tabela V. Relação da média dos insumos
utilizados no carregamento do alto-forno em Kg
Dessa forma, pode-se perceber que a média dos
insumos utilizada no carregamento tanto para
utilização da amostra de carvão A quanto para
utilização da amostra B são muito próximas.
Portanto, pode-se concluir que as divergências
analisadas neste estudo em relação à
performance do forno quando utilizados os
diferentes carvões, deve-se apenas as
propriedades do carvão utilizado visto que os
outros insumos estão em quantidades
equivalentes.
Conclusões
- O ensaio de compressão demonstrou a
friabilidade da amostra B, reforçando sua
inferioridade quando relacionada a qualidade
comparada à amostra A. A força média
suportada pela amostra B foi de 504,6 N
enquanto a amostra A suportou uma força média
de 1331,6 N.
- Observando os gráficos obtidos pela sonda no
topo do forno, é possível confirmar a
friabilidade e degradação granulométrica da
amostra B diante da amostra A. As curvas
obtidas para a amostra B são instáveis, não-
uniformes e com grandes espaçamentos,o que
demonstra engaiolamentos frequentes no forno
prejudicando a produtividade.
____________________
1. COUTINHO, A.R.; FERRAZ, E.S.B. Determinação da
friabilidade do carvão vegetal em função do diâmetro
das árvores e temperatura de carbonização, IPEF, São
Paulo, n.38, p.33-37, abr.1988
2. KURAUCHI, M.; Uma abordagem de ensaio de
resistência mecânica de carvão vegetal. São Paulo,2014