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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

UNISA

NOME SOBRENOME SOBRENOME

ESTUDO DE PARÂMETROS AO PROCESSO CORROSIVO NA INTERFACE AÇO


CARBONO VISANDO MELHOR RESISTÊNCIA À CORROSÃO

CIDADE - UF

2024
NOME SOBRENOME SOBRENOME

ESTUDO DE PARÂMETROS AO PROCESSO CORROSIVO NA INTERFACE


AÇO CARBONO VISANDO MELHOR RESISTÊNCIA À CORROSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade de Santo Amaro como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Engenheiro Químico, orientado pelo Prof.
Nome Sobrenome Sobrenome.

CIDADE – UF
2024
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................7

2. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................8

2.1 Corrosão..............................................................................................................8

2.2 Tipologia Dos Problemas Corrosivos..........................................................................9

2.2.1 Problema da corrosão...............................................................................................9

2.2.2 Reações de corrosão no aço carbono......................................................................10

2.3 Tipos de corrosão......................................................................................................10

2.4 Inibidores de corrosão...............................................................................................12

3. METODOLOGIA E MÉTODO DA PESQUISA................................................13

4. RESULTADOS.......................................................................................................17

4.2 Inspeção visual..........................................................................................................18

5. CONCLUSÃO........................................................................................................20

REFERÊNCIAS............................................................................................................22
RESUMO
A sustentabilidade atualmente é uma ciência sólida e abrangente, e por isso tem
integrado vários nichos de evolução da sociedade. O caráter multidisciplinar da
sustentabilidade se associa fortemente com a engenharia, pelo fato de ser uma grande
área que interage com diversos campos de atuação e problemáticas diferentes, como,
por exemplo, o comportamento de peças e materiais em diversas situações e ambientes.
Sob esse aspecto, este trabalho visa propor a investigação de uma atmosfera corrosiva
fruto das emissões dos processos químicos na indústria. No estado do Espirito Santo,
um dos principais setores que movimentam a economia é a produção de celulose,
principalmente na região da cidade de Aracruz. Devido ao processo químico executado
na indústria da região, ter equipamentos e maquinários metálicos pode exigir uma
preocupação maior devido a corrosão por parte da atmosfera local.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Indústria. Economia. Celulose. Corrosão.
ABSTRACT

Sustainability is currently a solid and comprehensive science, and as such, it has


integrated various niches of societal evolution. The multidisciplinary nature of
sustainability strongly associates with engineering, given its broad scope interacting
with diverse fields of operation and different issues, such as the behavior of components
and materials in various situations and environments. From this perspective, this work
aims to propose the investigation of a corrosive atmosphere resulting from chemical
emissions in the industry. In the state of Espirito Santo, one of the main sectors driving
the economy is cellulose production, particularly in the region around the city of
Aracruz. Due to the chemical processes carried out in the industry in the region, having
metallic equipment and machinery may require heightened concern due to corrosion
caused by the local atmosphere.

Keywords: Sustainability. Industry. Economy. Cellulose. Corrosion.

LISTA DE FIGURAS
Imagem 1 - Tipos de Corrosão.......................................................................................11

Imagem 2 – Região de Exposição Das Amostras...........................................................15

Imagem 3 – Corpos de Prova no Pátio B........................................................................15

Imagem 4 – Corpos de Prova na Usina 1.......................................................................15

Imagem 5 - Amostras de aço ASTM A36 expostas por 912 dias na Usina 1................18

Imagem 6 - Amostras de aço ASTM A242 expostas por 912 dias na Usina 1..............19

Imagem 7 - Amostras de aço ASTM A36 expostas por 912 dias no Pátio B.................19

Imagem 8 - Amostras de aço ASTM A242 expostas por 912 dias no Pátio B..............20
1. INTRODUÇÃO

A Química como ciência, pode ser “um instrumento de formação humana”,


quando é capaz de ampliar o conhecimento e a autonomia no exercício do papel da
cidadania. Isto é possível quando esta ciência é entendida e aplicada como um dos
“meios de interpretar o mundo e intervir na realidade”, quando for “relacionada ao
desenvolvimento tecnológico e aos muitos aspectos da vida em sociedade” (BRASIL,
2015, p. 84).

O aço, a metalurgia e a corrosão, são importantes conteúdo a serem abordados


no ensino de Química, já que materiais metálicos se encontram por toda a parte e são
necessários para a vida em sociedade hoje, principalmente sob os aspectos econômicos
e tecnológicos (COSTA et al., 2015, p. 32).

Segundo Tomas (1995), O estudo do fenômeno da corrosão possui grande


interesse científico, social e industrial, devido ao seu impacto sobre a economia, o meio
ambiente, a segurança das pessoas e a qualidade de vida de todos, se tornando um
importante alvo de estudos.

O aço carbono sofre corrosão em soluções aquosas, como em ácido clorídrico


(GUANNAN, 2016), ácido sulfúrico (SOUZA, 2008), soluções salinas (MODESTO,
2018) e nitratos (TRELA; CHAT; SCENDO, 2015). Devido à relevância comercial
desta liga, é importante estabelecer condições que a protejam do processo corrosivo.
Portanto, para fundamentar a escolha de um método de proteção é necessário elucidar os
mecanismos da corrosão

Objetiva-se neste trabalho analisar o comportamento eletroquímico na interface


aço carbono / polpa de bauxita em condições aproximadas ao encontrado no
mineroduto, utilizando técnicas eletroquímicas de potencial de corrosão, polarização
potenciodinâmica anódica e catódica e, espectroscopia de impedância eletroquímica.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Corrosão
Além das condições climáticas, é sabido que a poluição do ar também
tem influência considerável na corrosão dos metais, e na presença de umidade,
estruturas de aço-carbono sem proteção ou recobrimento não são resistentes
ao processo corrosivo.

Muitos estudos, como os publicados por Vianna e Dutra (2022), Cook et al.
(2018), Zhang et al. (2022), Wang et al. (2015), entre outros, já foram realizados a fim
de determinar a agressividade da atmosfera e avaliar os efeitos da corrosão atmosférica
nos metais usados para aplicações estruturais. Busca-se a obtenção de dados que
melhorem os modelos existentes para a predição do tempo de vida das estruturas
sujeitas à corrosão atmosférica e melhorem as técnicas analíticas usadas para analisar a
corrosão.

Segundo Shreir, Jarman e Burstein (2014) a corrosão pode afetar o metal em


diversas formas que dependem da sua natureza e a certas condições ambientais
predominante, e uma classificação geral das várias formas de corrosão em que cinco
tipos principais foram identificados, são apresentadas:

Quadro 1 – Principais Tipos de Corrosão


Fonte: SHREIR et. al, 2014.

2.2 Tipologia Dos Problemas Corrosivos

2.2.1 Problema da corrosão

Os processos corrosivos geram impactos econômicos principalmente devido à


substituição e reparos de estruturas e equipamentos (CAINES et al., 2017). Gerhardus et
al. (2016) relatam que, no ano de 2013, o custo gerado com corrosão no mundo foi de
aproximadamente 2,5 trilhões de dólares por ano.

Mendes et al. (2018) identificaram que a qualidade da água potável pode ser
prejudicada devido à geração de resíduos metálicos provenientes de processos.

Na indústria petroquímica, o processo corrosivo é preocupante devido às severas


condições de processamento e à natureza inflamável e tóxica dos produtos. Portanto,
vazamentos causados pela corrosão de materiais podem causar danos irreversíveis ao
homem e ao meio ambiente (GROYSMAN, 2017).

Do ponto de vista ambiental, os desdobramentos de acidentes causados por


corrosão são fontes de poluição e ameaçam a integridade da flora e a fauna locais
(Medeiros, 2021).

No geral, metais podem estar sujeitos a ambientes potencialmente corrosivos


cujos efeitos podem comprometer as aplicações (Amorim, 2009). Um exemplo de liga
metálica suscetível à corrosão é o aço carbono.

2.2.2 Reações de corrosão no aço carbono

O processo envolve reações de oxidação e de redução (redox) que convertem o


metal ou o componente metálico em óxido, hidróxido ou sal. Para entender melhor este
processo é necessário iniciar o estudo conhecendo o material e o meio. Os aços-carbono
comuns contêm mais de 97% de Fe, até 2% de C e outros elementos remanescentes do
processo de fabricação. O O2(g) e a H2O(l) constituem o meio no qual os materiais
estão mais frequentemente expostos. Como os potenciais-padrão de redução do Fe2+
(aq)/Fe(s) [E0 = -0,44 V] e do Fe3+(aq)/Fe2+(aq) [E0 = 0,77 V] são menores que
aquele para a redução de O2(g) [E0 = 1,23 V], o Fe(s) pode ser oxidado pelo O2(g).
Para que essas reações ocorram de forma simultânea, a transferência de elétrons tem que
ser através do aço, desde uma região onde acontece a oxidação do Fe(s) (região
anódica) até outra onde acontece a redução do O2(g) (região catódica), como nas pilhas.
O produto de corrosão resultante é a ferrugem, cuja formação pode ser sucintamente
representada pela equação 1 (Gentil, 2011).

4 Fe (s) + 3 O2 (g) + 2n H2O (l) → 2 Fe2O3.nH2O (s) n = 1, 2, 3


(1)

2.3 Tipos de corrosão

Segundo Gentil (2017), a corrosão pode ocorrer sob diferentes formas, e o


conhecimento das mesmas é muito importante no estudo dos processos corrosivos. As
formas (ou tipos) de corrosão podem ser apresentadas considerando-se a aparência ou
forma de ataque causas de corrosão e seus mecanismos.

As formas em que a corrosão pode aparecer são: Corrosão uniforme; por placas;
alveolar; puntiformes ou por pites; intergranular; intragranular; filiforme; por
esfoliação; grafítica; dezincificação; empolamento pelo hidrogênio; em torno do cordão
de solda; em frestas; sob tensão; e galvânica (ARRUDA, 2019).

Imagem 1 - Tipos de Corrosão

Fonte: Gentil (2007)

Corrosão Eletroquímica

Segundo Gentil (2017), a corrosão eletroquímica é o tipo de corrosão mais


comum, pois é a que ocorre com os metais, geralmente na presença de água. Ela pode se
dar de duas formas principais: Quando o metal está em contato com um eletrólito
(solução condutora ou condutor iônico que envolve áreas anódicas e catódicas ao
mesmo tempo), formando uma pilha de corrosão. E quando dois metais são ligados por
um eletrólito, formando uma pilha galvânica.
Corrosão Química

No mecanismo químico de um processo corrosivo, ocorrem reações químicas


diretas entre o material metálico, ou não metálico, com o meio corrosivo, podendo ou
não haver transferência de cargas ou de elétrons e, portanto, não havendo a formação de
uma corrente elétrica. A corrosão química pode ocorrer em um material metálico, em
temperaturas elevadas, por gases ou vapores e em ausência de umidade ou em materiais
metálicos onde ocorre o ataque de metais por solventes orgânicos isentos de água. A
corrosão química pode também ocorrer em materiais não-metálicos (GENTIL, 2017).

Corrosão Eletrolítica

É um processo eletroquímico que ocorre com a aplicação externa de uma


corrente elétrica. Esse processo não é espontâneo, ao contrário dos outros tipos de
corrosão mencionados acima. Quando não há isolamento ou aterramento, ou estes estão
com alguma deficiência, formam-se correntes de fuga, e quando elas escapam para o
solo formam-se pequenos furos nas instalações (MAINIER, 2021).

2.4 Inibidores de corrosão

Inibidores são substâncias orgânicas ou inorgânicas, que quando adicionadas ao


meio corrosivo, evitam ou diminuem o desenvolvimento das reações de corrosão. Esses
inibidores normalmente são adsorvidos, fazendo um filme muito fino e persistente, o
qual leva a uma diminuição na taxa de corrosão, devido ao abrandamento das reações
anódicas, catódicas ou ambas. Inibidores de corrosão são compostos químicos
normalmente utilizados em pequenas concentrações, sempre que um metal se encontra
em contato com um meio agressivo. A presença de tais compostos retarda o processo de
corrosão, e mantém a sua taxa em um mínimo e, assim, evita perdas econômicas devido
à corrosão metálica. (FRAUCHES-SANTOS et al., 2013).

A eficiência de proteção oferecida pelos inibidores depende dos metais e ligas


bem como da severidade do meio. Embora o termo inibidor de corrosão seja mais
abrangente, em alguns casos também são chamados de aditivos, protetivos e
anticorrosivos. (MAINIER, 2016)
Os inibidores de corrosão podem ser classificados, quanto à composição, que são
os inibidores orgânicos e inorgânicos; e quanto ao comportamento que são os inibidores
oxidantes, não oxidantes, anódicos, catódicos e mistos (SILVA, 2016).

Os inibidores anódicos atuam reprimindo as reações anódicas, ou seja, retardam


ou impedem a ação do anodo. Funcionam, geralmente, reagindo com o produto de
corrosão inicialmente formado, ocasionando um filme aderente e extremamente
insolúvel, na superfície do material, ocorrendo a polarização anódica (SILVA, 2016).

Os inibidores catódicos atuam reprimindo as reações catódicas. São substâncias


que fornecem íons metálicos capazes de reagir com a alcalinidade catódica, produzindo
compostos insolúveis. Esses compostos insolúveis envolvem a área catódica, impedindo
a difusão do oxigênio e a condução de elétrons, inibindo assim o processo catódico. Os
inibidores agem, portanto, fazendo uma polarização catódica, e como o metal, no
catodo, não entra em solução, mesmo que este não esteja totalmente coberto, não haverá
corrosão localizada nessas áreas. Logo, esses inibidores, quaisquer que sejam as suas
concentrações, são considerados mais seguros, o que não ocorre com os anódicos
(SILVA, 2016).

3. METODOLOGIA E MÉTODO DA PESQUISA

A metodologia do projeto torna-se qualitativa e de método exploratório, com


procedimento de estudo de caso. O pressuposto deste projeto tem como base detalhar
algumas das hipóteses de coibir o problema da corrosão por meio de inibidores. A
aparência de um material pode ser importante de forma que a corrosão do mesmo se
torna indesejável.

Nesse contexto, torna-se importante o estudo da corrosão a fim de contribuir


com a compreensão de seus mecanismos de forma a permitir a difusão do conhecimento
acerca do tema em questão para que, à luz do conceito de desenvolvimento, possam ser
estudados e aperfeiçoados métodos de inibição dos processos corrosivos impactando
positivamente na diminuição do consumo das reservas minerais.

Metodologia experimental

A possibilidade de predição da perda de massa do aço sujeita à corrosão


atmosférica é fundamental para a determinação da vida útil das construções em aço,
bem como para o conhecimento dos custos relacionados à manutenção. A perda de
massa ao longo do tempo de exposição do metal à atmosfera segue uma simples lei
potencial, representada pela equação:

P = Atn

Onde P é a perda de massa, t é o tempo de exposição e A e n são constantes que,


de acordo com Feliu, Morcillo e Feliu Júnior (1993), dependem do tipo de metal e dos
parâmetros relacionados ao ambiente.

Wang et al. (2017) afirmam que o expoente n reflete a mudança na perda de


massa com o tempo de exposição. Leuenberger-Minger et al. (2015) sugerem que este
expoente seja uma medida para o grau de passivação. Kucera e Mattsson (1987, p. 241)
explicam que o transporte de reagentes através da camada de óxido determina a taxa do
processo corrosivo. Se a formação do produto de corrosão for controlada por difusão em
regime estacionário, o coeficiente de difusão será constante e o produto de corrosão
formado permanecerá sobre a superfície, n terá o valor de 0,5. Em casos onde o
coeficiente de difusão diminui, devido, por exemplo, à diminuição da porosidade do
produto de corrosão, o valor de n será menor que 0,5. A remoção do produto de
corrosão da superfície devido à dissolução, descamação ou erosão, entretanto, levará a
valores mais altos de n.

A constante A representa a corrosão para a primeira unidade de tempo.


Baseando-se nesta condição, Wang et al. (2017) consideram a constante A como uma
medida da resistência à corrosão inicial do metal.

A taxa de corrosão do aço depende da interação de diversos parâmetros


ambientais tais como pluviosidade, temperatura, umidade, insolação, incidência dos
ventos, precipitação de poluentes.

Seleção das amostras

Os materiais avaliados neste campo de trabalho, foram dois tipos diferentes de


estrutura do aço. O aço ASTM A36 foi selecionado como recomenda a norma ASTM
G92– 86, para estudos de caracterização da corrosão atmosférica. O segundo tipo de aço
escolhido foi o aço estrutural ASTM A242. A seguir apresenta-se a composição química
dos dois tipos de aço selecionados para o estudo.
Tabela 2 - Composição química dos tipos de aço selecionados.
Elemento/%
massa
Aço Fe CMÁX MnMÁX PMÁX SMÁ Si NiM Cr Cu
X ÁX
ASTM A36 Balanç 0,25 0,73 0,007 0,05 0,01 0,01 0,02 0,0
o 15
ASTM Balanç 0,20 0,50 0,15 0,05 0,25- 0,65 0,30-1,25 0,2
A242 o 0,75 5-
0,5
5
Seleção do local de exposição

Foram escolhidos dois locais para expor os corpos-de-prova, ambos na unidade


industrial da Samarco Mineração S/A em Ponta Ubu no município de Anchieta. Um
dos locais situa-se na área externa da Usina 1 de pelotização, sendo um local com
considerável precipitação de material particulado e de concentração de SO 2 resultante
da queima de combustível na usina. O outro local de exposição localiza-se no Pátio de
Estocagem B.

Imagem 2 – Região de Exposição Das Amostras

Fonte: Samarco S.A

Imagem 3 – Corpos de Prova no Pátio B


Fonte: Samarco S.A

Imagem 4 – Corpos de Prova na Usina 1

Fonte: Samarco S.A

Condições ambientais dos locais de exposição

Características como temperatura, umidade relativa, pluviosidade e


concentrações de poluentes têm grande influência na avaliação da perda de massa e das
taxas de corrosão do aço. Nesta seção serão apresentados os resultados das análises dos
parâmetros atmosféricos nos locais de estudo.

Tabela 3 - Características Meteorológicos Para o Local de Exposição


Estação 2001 2002 2003 2004
Parâmetro
Meteorológica
Média S Médi S Médi S Médi S
a a a
Temperatura (°C) 22,50 1,77 23,73 1,95 23,6 3,29 24,12 5,19
0
Anchieta
Precipitação (mm) 11,44 6,75 9,57 6,93 11,5 9,68 17,19 10,26
6
Velocidade ventos (m/s) 2,47 1,54 2,84 1,62 2,70 1,54 2,57 1,53

Umidade Relativa (%) 90,40 7,44 75,36 5,96 63,5 7,81 72,66 12,99
0

O clima da região de estudo pode ser classificado como tropical úmido. Durante
o período de experimento observou-se estabilidade entre os parâmetros monitorados. As
determinadas temperaturas médias manteve próximas dos 23,5ºC, apresentando valores
mais significativos no último ano de exposição. Portanto, as amostras de aço foram
expostas em um período relativamente úmido, que provavelmente favoreceu a formação
dos eletrólitos sobre as amostras de aço.

4. RESULTADOS

4.1 Análise dos produtos de corrosão

As análises dos produtos de corrosão para os corpos-de-provas expostos por um


período de 35 meses foram realizadas por espectroscopia Mössbauer e são apresentadas
na tabela 4. Estas análises visam acompanhar se houve mudança na constituição dos
produtos de corrosão ou na fração destes para os sítios avaliados.

A partir dos resultados de Oliveira (2002), foram verificadas algumas diferenças


em relação à presença das fases. Como era esperado, foram observadas novas fases,
comuns para o período de exposição, ambiente e temperatura dos quais os corpos-de-
prova foram expostos.

O processo corrosivo em sua fase inicial, conforme abordado por Oliveira (2002,
p. 55), citando entre outros, Kucera e Mattson (1987, p. 230; 249), determinam que os
constituintes dos produtos de corrosão formados a partir do aço-carbono e do aço
patinável são praticamente os mesmos. Nos estágios iniciais, vários autores, entre eles
Wang et al (1997), atestam para formação da lepidocrocita (γ-FeOOH) como
constituinte principal das primeiras camadas de óxido. Entretanto, para curtos períodos
de exposição, a detecção das fases separadamente, seja por espectroscopia Mössbauer,
Difração de Raios-X, entre outras técnicas, fica severamente comprometida. Para
períodos de exposição longos, esta separação se faz possível, favorecendo assim sua
identificação e análise.

Em presença de SO2, Wang et al (1997) relata que após um período prolongado


de exposição nesta atmosfera, há um predomínio da goetita (α-FeOOH), que, de acordo
com Mendoza e Corvo (1999), é resultado da transformação de lepidocrocita em goetita,
caracterizando uma maior intensidade do processo corrosivo.

Tabela 4 - Resultados da espectroscopia Mössbauer


1,5 mês 2 meses 3 meses 4 meses 35 meses
ASTM A36 L/G L/G L/G L/G/GS
Pátio H - H H H
MH
ASTM A36 L/G L/G L/G L/G L
Usina G G G G G
H H H H H
ASTM A242 L/G L/G L/G L/G
Pátio H - H H MH
M
ASTM A242 L/G L/G
Usina G - - G G
H H H
Fonte: OLIVEIRA, 2002.

4.2 Inspeção visual

Para o aço ASTM A-242, não foram observados fenômenos de descamação dos
produtos de corrosão. Há uma formação mais acentuada de pites em ambos os aços, que
se deve provavelmente à precipitação de cloretos através das chuvas, já que o local
apresentá-se próximo ao mar e livre de obstáculos, sofrendo incidência direta dos ventos
salinos. As figuras 3.3 e 3.4 mostram, respectivamente, amostras de aço ASTM A36 e
ASTM A242, com 912 dias de exposição no Pátio B da Samarco.

As amostras do aço ASTM A-36 expostas no Pátio B apresentaram descamação


dos produtos de corrosão menos acentuada e as faces voltadas para o solo apresentaram
camadas de produtos de corrosão menos desenvolvidas que as faces voltadas para o Sol.

Imagem 5 - Amostras de aço ASTM A36 expostas por 912 dias na Usina 1.

Fonte: Samarco S.A


Imagem 6 - Amostras de aço ASTM A242 expostas por 912 dias na Usina 1

Fonte: Samarco S.A

Imagem 7 - Amostras de aço ASTM A36 expostas por 912 dias no Pátio B.

Fonte: Samarco S.A

Imagem 8 - Amostras de aço ASTM A242 expostas por 912 dias no Pátio B.
Fonte: Samarco S.A

As diferenças nos processos corrosivos em função dos pontos de exposição


puderam ser distinguidas visualmente e a agressividade do ambiente da Usina 1 pôde
ser observada pela aparência dos corpos-de-prova. As amostras do ASTM A-36
expostas neste local apresentaram descamação dos produtos de corrosão nas faces
voltadas para o solo, com tal efeito sendo observado logo após os primeiros meses de
exposição. Após 39 meses foi observada nos cupons ASTM A-36 a presença de
camadas soltas dos produtos de corrosão nas faces voltadas para o solo; para as
amostras de aço ASTM A-242, o aspecto era mais homogêneo entre as faces, com
pequenos sinais de descamação na face voltada para o solo. Após este período, nas faces
voltadas para o Sol, não foram observados tais efeitos, fato atribuído à provável
dissolução e remoção dos produtos de corrosão pelas chuvas.

5. CONCLUSÃO

Os resultados desta bibliografia de estudo comprovam a fundamentação teórica


de algumas condições adotadas anteriormente e também a forte interação dos resultados
encontrados em condições ambientais de cada local, principalmente com relação aos
poluentes presentes.

Fica comprovado que o aço patinável apresenta características diferenciadas


quanto à cinética da corrosão para ambos os ambientes. Sendo mais claro sua
capacidade quando exposto em atmosferas pouco concentradas de SO 2. Sua utilização
em atmosferas ricas em SO2 pode ser inoportuno, pelo menos em aplicações com
material sem proteção, recobrimento, etc.

Economicamente, o A242, com custo duas vezes maior que o aço-carbono


comum, apresentou-se viável para realizações em projetos industriais da Samarco
Mineração S/A para regiões de baixa concentração de SO 2, já que apresentou uma perda
de massa de 1/6 ao apresentado pelo A36.

Como a variação de possibilidades de seleção dos aços para as mais variadas


aplicações de engenharia vai além das conclusões deste estudo, a seguir são sugeridas
outras linhas de pesquisa para o mesmo sítio:
- Avaliação do comportamento do aço patinável para tempos superiores a 5 anos
em atmosfera rica em SO2 para constatação de provável redução dos coeficientes n
(<0,5)

- Avaliação econômica da utilização do A242 em relação ao uso do aço-carbono


protegido (pintura) e galvanização por eletro-deposição para longos períodos de
exposição.

Em suma, os resultados destacam a importância de considerar não apenas as


propriedades intrínsecas dos materiais, mas também as condições ambientais específicas
em que serão utilizados. A interação complexa entre o tipo de aço e o ambiente
circundante demonstra a necessidade de uma abordagem holística ao selecionar
materiais para projetos industriais, levando em conta não apenas o desempenho técnico,
mas também os aspectos econômicos envolvidos.

Por fim, sugere-se que pesquisas futuras se concentrem em períodos de


exposição mais longos, especialmente em ambientes ricos em SO2, para entender
melhor o comportamento a longo prazo do aço patinável. Além disso, uma análise mais
aprofundada da viabilidade econômica do uso do A242 em comparação com métodos de
proteção alternativos, como pintura ou galvanização, poderia fornecer insights valiosos
para a tomada de decisões em projetos de engenharia a longo prazo. Essas investigações
adicionais contribuirão para um entendimento mais abrangente e informado das
melhores práticas na seleção e aplicação de materiais em ambientes industriais
desafiadores.

REFERÊNCIAS

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carbono e aço patinável submetidos a ensaio acelerado de corrosão e ensaio de
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