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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

Antonio Dellaretti Neto

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL OBTIDA


POR FRESAMENTO EM AÇO REFRATÁRIO AUSTENÍTICO LIGADO AO
NIÓBIO

Belo Horizonte
2023
Antonio Dellaretti Neto

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL OBTIDA


POR FRESAMENTO EM AÇO REFRATÁRIO AUSTENÍTICO LIGADO AO
NIÓBIO

Anteprojeto de tese a ser apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Mecânica da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. José Rubens Gonçalves


Carneiro.

Belo Horizonte
2023
Sumário

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 11

1.1 JUSTIFICATIVA..........................................................................................................................15
1.2 1.1 OBJETIVOS.........................................................................................................................16
1.2.1 1.1.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................................16
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................................................16
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1 INTRODUÇÃO

A engenharia é solicitada cada vez mais para aperfeiçoar materiais e suas


propriedades, e estabelecer combinações que resultem em produtos inovadores e
geração de conhecimento, auxiliando a indústria de base a se tornar mais competitiva
dentro de uma cadeia de valores globalizada. A constante solicitação por produtividade,
redução de custos e maior performance de materiais e processos provoca a
necessidade de estudos científicos por materiais inovadores, estimulando toda a cadeia
produtiva. Observa-se que a qualidade de vida, segurança econômica e militar
dependem da capacidade de sintetizar, processar, descobrir e integrar novos materiais
em tecnologias de manufatura economicamente eficientes e ecologicamente corretas.
Dentre os vários tipos de materiais aplicados aos processos de manufatura,
produtos e equipamentos, destaca-se os materiais metálicos pela sua vasta
aplicabilidade, e sua disponibilidade de matérias primas, além do elevado domínio
tecnológico e “know-how” sobre os processos de fabricação e processamento destes
materiais. O setor de fundição tem participação no desenvolvimento econômico e social,
e de novos materiais metálicos.
Após realizadas as pesquisas sobre fundição, pôde-se confirmar que se trata de
um processo de manufatura importante, com relevância em todo o mundo, por diversas
razões, das quais podem ser citadas duas: (a) competitividade quando comparado a
outro processo de manufatura e (b) a presença de produtos fabricados pelo processo de
fundição em mais de 90% dos componentes e equipamentos em uso no mundo. O
processo de fundição é complexo, requer profissionais com conhecimentos técnicos
específicos, possui uma quantidade de variáveis significativa, o que o torna incerto, do
ponto de vista da robustez da qualidade das peças e sugere-se implantar sistemas que
controlem esta variabilidade, além da demanda pelo uso de tecnologia (OLIVEIRA,
2020). O processo de fundição por gravidade em moldes rígidos não permanentes, se
destaca como mais flexível e adaptado dentre os vários processos de fabricação em
razão do baixo custo, possibilidade de obtenção de geometrias complexas e produção
de variedade de ligas metálicas (ASM; INTERNATIONAL, 2009) (FERREIRA, 1999).
Dentre os vários tipos de ligas metálicas processadas no processo de fundição,
os aços refratários são ligas ferrosas com elevado teor de cromo e níquel, que alia
resistência mecânica, resistência à corrosão ou oxidação em temperaturas elevadas.
Estes aços normalmente são agrupados em categorias baseadas em sua
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microestrutura, sendo martensíticos, ferríticos, austeníticos, duplex e endurecidos por


precipitação (BLAIR; COPYRIGHT, 2001), sendo normalmente especificados com base
na composição química usando o sistema de designação da liga estabelecido pelo Alloy
Casting Institue (ACI). As designações ACI, por exemplo,HH, foram adotadas pela
ASTM (American Society for Testing and Materials), sendo tratadas através da norma
ASTM A297/297M (Standard Specification for Steel Castings, Iron-Chromium and Iron-
Chromium-Nickel, Heat Resistant, for General Application, para aços resistentes a
temperatura; e a norma ASTM A743/743M - Standard Specification for Castings, Iron-
Chromium, Iron-Chromium-Nickel, Corrosion Resistant, for General Application,
referenciadas para aços resistentes a corrosão; ambas estruturadas com base na
composição química das ligas. (ASTM, I. A297/A297M – 10 Standard Specification for
Steel Castings , Iron-Chromium and Iron-Chromium-Nickel , Heat Resistant , for General
Application. Annual Book of ASTM Standards, v. i, p. 4, 2010) (ASTM, I. A743/A743M −
13a Standard Specification for Castings, Iron-Chromium, Iron-Chromium-Nickel,
Corrosion Resistant, for General Application. Book of ASTM Standards, v. i, p. 1–8,
2014.
Os aços refratários austeníticos podem ser encontrados em equipamentos
aeronáuticos, componentes de fornos para trabalho em altas temperaturas, tendo cromo
entre 17% a 25% na sua composição química. Para estabilizar a austenita em sua
matriz, há necessidade de adição de níquel ou manganês, sendo este último menos
eficaz como estabilizador da austenita, mas com custo menor. Os teores de níquel e
cromo devem ser selecionados para que se obtenha um aço com elevada resistência
mecânica e à corrosão a alta temperatura. Esses aços devem possuir matriz austenítica
e uma rede de carbonetos de cromo o que exige teor de carbono elevado permitindo
assim a precipitação de carbonetos de cromo. A precipitação de carbonetos de cromo
favorece o fenômeno da sensitização (sensibilidade à corrosão intergranular), quando
expostos por longo tempo a temperaturas relativamente altas. (SCHWEITZER, 2006).
Existem vários estudos dos aços inoxidáveis austeníticos com a adição do nióbio
em sua composição. O nióbio forma carbonetos finos estáveis o que aumenta a
resistência à fluência, inibe a sensitização, e permite maiores teores de carbono nas
ligas. A presença desses carbonetos de nióbio dificultam movimentos de discordância,
ancoram os contornos dos grãos o que aumenta a resistência à tração (ALEXANDRE;
BARBOSA, 2013; SOURMAIL, 2001).
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Nos aços refratários austeníticos, pode ocorrer a precipitação de quatro fases


intermetálicas diferentes: Sigma, chi, G e Laves. A presença do nióbio pode inibir a
formação de algumas dessas fases intermetálicas (BUCHANAN; KRAL, 2012) (ANNAN;
SIYASIYA; STUMPF, 2015). (BUCHANAN; KRAL; BISHOP, 2014) (ZHANG; TERASAKI;
KOMIZO, 2012). Alguns trabalhos estudam a influência da morfologia do carbeto de
nióbio na formação das fases intermetálicas nos aços austeníticos, e suas
consequências nas propriedades mecânicas, tendo como base para estes estudos a liga
25Cr-35Ni HP (BUCHANAN; KRAL, 2012) (ANNAN; SIYASIYA; STUMPF, 2015). Além
de outros trabalhos onde se apresentam estudos da morfologia do carbeto de nióbio
com a presença de titânio, ou seja (NbTi)C (BUCHANAN; KRAL; BISHOP, 2014) .
Existem também trabalhos que apresentam estudos dos efeitos das adições de nióbio a
uma liga de cromo, com e sem presença de níquel, onde os resultados apresentam a
influência do nióbio nas fases intermetálicas e resistência a fluência do material
(RIBEIRO; PAPALÉO; GUIMARÃES, 1986) (ZHANG; TERASAKI; KOMIZO, 2012).
A rugosidade é um parâmetro importante para avaliação da qualidade da
superfície e da usinabilidade do material (MAHER et al., 2014). Atingir a qualidade da
superfície desejada é fundamental para o comportamento funcional de um componente,
especialmente quanto a sua vida útil em função da fadiga do material em serviço
(MAKADIA; NANAVATI, 2013; SARNOBAT; RAVAL, 2019). A precisão dimensional e o
desempenho em serviço de produtos usinados são diretamente afetados pela
rugosidade da superfície (RAZAVYKIA; FARAHANY; YUSOF, 2015). O avanço e a
velocidade de corte da ferramenta de usinagem são fatores que influenciam mais
significativamente na rugosidade da superfície do aço AISI 304 em função da sua
elevada ductilidade (BERKANI et al., 2015). A rugosidade da superfície também
influencia as características tribológicas, a resistência à fadiga, a resistência à corrosão
e a aparência estética das peças usinadas (TANIKIĆ; MARINKOVIĆ, 2012).
As transformações ocorridas na superfície do material pelo processo de usinagem
podem promover modificações nas propriedades desta superfície, modificando o
comportamento da ferramenta, assim como sua vida útil e rugosidade nessas regiões
(KUMAR et al., 2017; LU et al., 2016). A natureza e a extensão das modificações das
camadas próximas da superfície dependem dos tipos de interações ferramenta-peça
(BEN MOUSSA; SIDHOM; BRAHAM, 2012). De acordo com Pereira Mendonça et al.
(2018), o ponto chave para assegurar a qualidade de um produto usinado é a seleção
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adequada dos parâmetros de corte (DO; HSU, 2016). O avanço e a velocidade de corte
da ferramenta de usinagem são fatores que influenciam mais significativamente na
rugosidade da superfície do aço AISI 304 em função da sua elevada ductilidade
(BERKANI et al., 2015).
O estudo e definição prévia dos fatores velocidade de corte, profundidade de
corte e avanço são fundamentais para se avaliar o desempenho de uma operação de
usinagem (Pereira Mendonça et al. (2018); DO; HSU, 2016).
Várias ferramentas matemáticas, numéricas e técnicas estatísticas podem ser
utilizadas para o estudo e comportamento de parâmetros e processos de fabricação e na
evolução da rugosidade do produto usinado. Sendo assim, percebe-se a necessidade de
pesquisas mais aprofundadas a respeito da influência do nióbio nas microestruturas e
propriedades mecânicas de ligas de aço refratário austenítico de alto carbono, e sua
influência na rugosidade da superfície usinada.
Vários modelos numéricos e técnicas DOE podem ser utilizados para o estudo e
análise de parâmetros e processos de fabricação, assim como o estudo do
comportamento da rugosidade desse novo material, e alguns parâmetros fundamentais
do processo de usinagem.
Para estudo do comportamento da rugosidade obtido em processo de usinagem,
modelos estatísticos são desenvolvidos para representar esta relação entre parâmetros
de usinagem como variáveis independentes, e a rugosidade superficial ou força de corte
como variáveis resposta (RAZAVYKIA; FARAHANY; YUSOF, 2015). Os ensaios
experimentais são projetados usando o modelo fatorial multinível - DOE, e seus
resultados são analisados através da Análise de Variância - ANOVA (RAZAVYKIA;
FARAHANY; YUSOF, 2015). Para DAS et al. (2016), as ferramentas estatísticas de
ANOVA aplicadas na otimização dos parâmetros de corte do fresamento apoiam os
estudos neste processo de fabricação.
A presente pesquisa apresenta a metodologia de produção e estudo de uma liga
de aço refratário austenítico de composição química similar ao aço ASTM A 297
HH(25Cr-12Ni), com adições dos elementos C, W, Co e Mo; enriquecido com teores
próximos a 1,0% Nb; e também a investigação experimental dos efeitos causados pelo
processo de usinagem por fresamento frontal com fresa de topo, na rugosidade
superficial, e influencia do nióbio na deformação superficial deste material em elevadas
velocidades de corte. O trabalho de pesquisa é composto pela fabricação de liga de aço
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refratário austenítico ligado, técnicas de caracterização e estudo desta liga; e técnicas


de planejamento experimental, análise de variância - ANOVA, e ensaios na superfície do
aço usinado. O processo de fabricação da liga de aço foi obtido por fundição em forno
elétrico, e vazamento por gravidade em molde rígido. Os parâmetros de corte ensaiados
foram velocidade de corte (Vc), variando entre 300 e 650m/min; o avanço por dente (fz),
na faixa de variação de 0,04 e 0,18mm/dente; e a profundidade de corte (ap) afixada em
1,0mm. Os parâmetros analisados na pesquisa foram rugosidade Ra (µm) e Rt (µm), por
meio da análise de variância - ANOVA.

1.1 Justificativa

Atualmente, o Brasil é responsável por 98% do nióbio no mundo, sendo a


CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração o maior produtor de ferro-
nióbio. O nióbio representa para a balança comercial brasileira 43% do faturamento
externo de toda a indústria nacional de ferroligas (SOUSA, 2001).
A descoberta que a adição de nióbio ao aço microligado melhora as
propriedades mecânicas oferecem vantagens econômicas para a engenharia
estrutural, exploração de óleo e gás, e, também, indústria automotiva. Atualmente, os
denominados aços microligados respondem por 75% do consumo de nióbio (ALVES;
COUTINHO, 2015). Há estudos que relatam que a adição de nióbio melhora as
propriedades mecânicas e resistência à fadiga térmica, tanto em ligas inoxidáveis
constituídas somente com cromo, bem como em ligas inoxidáveis ligadas com níquel
e molibdênio (RIBEIRO; PAPALÉO; GUIMARÃES, 1986.KONDRAT’EV et al., 2015).
A partir dos estudos já realizados a respeito da adição de nióbio em ligas
metálicas ferrosas de aço e ferro fundido, pode-se apresentar como uma vantajosa
alternativa, a adição também de nióbio nas ligas de aços resistentes ao calor. Desta
forma, justifica-se a realização desse trabalho de pesquisa e estudo do processo de
fabricação de ligas de aço refratário com adição de nióbio, e suas respectivas
características microestruturais e mecânicas.
Este trabalho tem como base, o estudo da adição de Nb em liga de aço
refratário modificada, referenciada pela norma ASTM A297, tipo HH, destinada a
aplicação de elementos estruturais em equipamentos de conformação a quente para
laminação de tubos.
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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo a determinação da relação otimizada entre os


parâmetros de entrada do DOE, Vc e fz, e as respostas de rugosidades (Ra) e (Rt) do
procedimento experimental, com base na verificação dos efeitos provocados pelas altas
velocidades de corte na microestrutura do aço refratário austenítico ASTM A 297
HH(25Cr-12Ni), com adições de C, W, Co e Mo; enriquecido com Nb, e o seu efeito nas
microestruturas obtidas, e rugosidade superficial após fresamento com utilização de
ferramentas de corte com inserto metálico WC na matriz de cobalto com revestimento de
TiNAl.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Avaliar a incorporação do nióbio no aço refratário austenítico através da


adição de ferro nióbio no processo de fundição em forno elétrico a indução
b) Avaliar a influência do teor de nióbio entre 0,08 a 1,30 % na microestrutura
do aço refratário austenítico ASTM A 297 HH (25Cr-12Ni), com adições de C, W, Co e
Mo;
c) Modelar matematicamente a rugosidade superficial em fresamento frontal
da liga ASTM A 297 HH (25Cr-12Ni), com adições de C, W, Co e Mo; com teores
entre 0,08 a 1,30 % de nióbio e o comportamento da ferramenta de TiNAl sob o ponto
de vista de desgaste;
d) Avaliar o efeito do nióbio no comportamento da rugosidade da superfície na
liga de aço refratário austenítico ASTM A 297 HH(25Cr-12Ni), com adições de C, W,
Co e Mo, através de estudo da microestrutura

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