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REVISTA MIRANTE, Anápolis (GO), v. 8, n. 3, dez. 2015.

ISSN 19814089

ESTUDO TEÓRICO E PRÁTICO DA INFLUÊNCIA DA


SUBSTITUIÇÃO DA CAL POR TERRA INFUSÓRIA EM
ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO ATRAVÉS DOS ENSAIOS DE
RESISTÊNCIA E DURABILIDADE

STUDY THEORY AND PRACTICE OF INFLUENCE OF


REPLACEMENT OF WHITEWASH FOR INFUSORIAL EARTH IN
LAYING MORTAR THROUGH RESISTANCE TESTING AND
DURABILITY

JOSÉ DAFICO ALVES


Docente e Pesquisador da Universidade Estadual de Goiás / Engenharia Civil e
Agrícola / Laboratório de Materiais de Construção - Campus de Anápolis (GO)
jdafico27@gmail.com

ALÉXIA REGINE COSTA SILVA


Aluna bolsista da Universidade Estadual de Goiás / Engenharia Civil / Laboratório de
Materiais de Construção - Campus de Anápolis (GO)
alexiaregine2@gmail.com

GABRIEL DE SOUZA MEIRA


Aluno bolsista da Universidade Estadual de Goiás / Engenharia Civil / Laboratório de
Materiais de Construção - Campus de Anápolis (GO)
gabrieldmeira@gmail.com

HIURY TORQUATO DA SILVA


Aluno bolsista da Universidade Estadual de Goiás / Engenharia Civil / Laboratório de
Materiais de Construção - Campus de Anápolis (GO).
hhiury@outlook.com

LÍDIA ALLA SILVA


Aluno bolsista da Universidade Estadual de Goiás / Engenharia Civil / Laboratório de
Materiais de Construção - Campus de Anápolis (GO)
lidia.alla@hotmail.com

Resumo: A terra diatomácea (ou terra infusória) é uma substância originada de fósseis de algas silícicas,
extraídas do fundo de mares e lagos. A mesma pode ser utilizada no processo de filtração da cerveja, devido sua
característica filtrante. Devido a atual demanda, as indústrias cervejeiras têm utilizado quantidades exorbitantes
de tal substância, que por sua vez não possui um destino adequado, sendo descartada de forma indevida no meio
ambiente. Devido a atual necessidade de se preservar o meio ambiente, é compreensiva a criação de tecnologias
sustentáveis na construção civil e o reaproveitamento de resíduos descartados indevidamente no meio ambiente.
Pesquisas sobre a substituição da cal por terra infusória na argamassa foram realizadas com a finalidade de
descobrir um novo meio de reduzir os impactos ambientais. Para analisar esta proposta, testes de durabilidade e
resistência a compressão diametral foram realizados conforme especificado pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) pela NBR 13554 e NBR 7222, respectivamente, e considerando algumas adaptações.
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Com isto, torna-se viável a substituição da cal pela terra infusória, visto que, com está, a argamassa obteve-se um
aumento de 15,2 % na vida útil, e ainda uma redução de aproximadamente 5,97 % no consumo de água.
Palavras-chave: Terra Infusória. Argamassa. Cal. Sustentabilidade.

Abstract: The diatomaceous wasteland (or infusoria wasteland) is a substance originated from fossil silicic algae
extracted from the bottom of seas and lakes. The same may be used in beer filtration process, because their
filtering characteristic. Due to current demand, breweries industries have used exorbitant amounts of that
substance, which in turn does not have a suitable destination, being disposed of improperly in the environment.
Due to the current need to preserve the environment is understanding the creation of sustainable technologies in
construction and the reuse of waste disposed of improperly in the environment. Research on the replacement of
lime grout on the ground infusoria was carried out in order to discover a new way to reduce the environmental
impacts. To examine this proposal, durability testing and resistance to diametrical compression were performed
as specified by the Brazilian Association of Technical Standards (ABNT) by NBR 13554 and NBR 7222,
respectively, and considering some adjustments. With this, it becomes feasible to replace the whitewash for
infusoria earth, since as is the mortar afforded a 15.2% increase in useful life , and also a reduction of
approximately 5.97% in the consumption of water.
Keywords: Infusorial earth. Grout. Whitewash. Sustentability.

1. INTRODUÇÃO

Resíduo pode ser definido como a matéria gerada na produção de bens e que não
possuem um valor significativo. Por sua vez os resíduos sólidos industriais são aqueles
advindos da mesma. Sendo este ramo bem diversificado, pode abranger desde lodos até restos
de cerâmica. Vale ressaltar que esta categoria exige um tratamento especial devido elevada
toxidade (RIBEIRO; MORELLI, 2009, p. 4-29).
Todo processamento industrial gera vários problemas ambientais e sociais,
relacionados ao descarte de resíduos feitos de forma indevida. Em geral, fábricas de cerveja
produzem uma quantidade exorbitante de resíduos sólidos, dentre eles a terra infusória que
por sua vez não possui um local adequado para ser descartada.
A terra infusória, também conhecida como terra diatomácea, é um material
inorgânico proveniente de algas silícicas calcinadas extraídas principalmente de lagos e
mares, composta principalmente por dióxido de silício (SiO2). Esse tipo de material é muito
utilizado no meio industrial, destacando-se o meio cervejeiro, como um importante
componente no processo de filtração de substâncias, como cervejas, vinhos e refrigerantes
(CANCELLARA, 2004, p 18-23).
Após ser utilizada como agente filtrante, a terra diatomácea se apresenta como um
resíduo sólido industrial danoso ao meio ambiente. Segundo Cunha (2011), o resíduo gerado
de terra infusória se apresenta com um alto teor de substâncias químicas, dando destaque à
presença de bário e amônia. Quando descartado indevidamente esse resíduo apresenta a
potencialidade de contaminação de cursos d’água, deixando-os impróprios para consumo
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humano, visto que a amônia possui um elevado grau de toxidade (CUNHA et al., 2012, p. 99-
101).
Além do elevado desperdício de materiais, a construção civil causa danos ambientais
durante o processo de extração de recursos minerais, que acaba por provocar a retirada de
toda a cobertura vegetal local para a realização da extração. Outro grande impacto negativo
proveniente da construção civil é a fabricação de materiais convencionais, como por exemplo,
os materiais cerâmicos. Durante o processo de fabricação desses, se tem a utilização de uma
elevada quantidade de combustíveis fósseis, o que acaba por gerar grandes descargas de gás
carbônico (CO2) na atmosfera e geração de resíduos tóxicos, processos esses extremamente
danosos ao meio ambiente (ALVES, 2012, p. 7)
Buscando amenizar os problemas causados pelo descarte feito de forma inadequada
dos resíduos sólidos na natureza, e substituir a cal utilizada na fabricação de argamassa, que
por sua vez é grandemente utilizada nos dias atuais devido ao crescimento do mercado da
construção civil. Estudos sobre a substituição da cal por terra infusória estão sendo realizados
considerando os parâmetros de durabilidade e resistência.
O preparo e manuseio das argamassas seguiram-se recomendações de (ALVES,
2006, p. 177-184).
Os testes foram realizados tendo como referência Normas Brasileira de
Regulamentação (NBRs), normatizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e normas conforme a Organização Internacional para Padronização, como
apresentado na Tabela 1:
Tabela 1: Normas utilizadas
NBR TÍTULO

Solo - Cimento: Ensaio de durabilidade


NBR 13554: 2012 (Adaptada) por molhagem e secagem

Concreto e argamassa — Determinação da


NBR 7222: 2011 resistência à tração por compressão
diametral de corpos de prova cilíndricos
Argamassa para assentamento e
revestimento de paredes e tetos - Preparo
NBR 13276: 2005
da mistura e determinação do índice de
consistência
Buildings and constructed assets- Service
ISO 15686-1: 2011
life planning
Fonte: Autores, 2015.
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2. OBJETIVOS E METAS

O projeto apresentado tem como objetivo avaliar a eficiência da substituição da cal


por terra infusória através de testes de durabilidade e de resistência à compreensão diametral.
Foram realizados ensaios prévios para fazer avaliação prévia das características de
desempenho após sua aplicação e exposição aos agentes agressivos para uma previsão do
tempo de envelhecimento. As exposições de curta duração podem ser aceleradas, com a
finalidade de reproduzir, de forma mais ou menos rápida, as alterações que ocorrem nas
condições de uso do material na construção, onde estarão sujeito as degradações próprias de
uso. Esta avaliação vai estimar a vida útil para o material.

3. METODOLOGIA UTILIZADA

Primeiramente, separaram-se os compostos a serem utilizados experimentalmente


sendo eles: água, areia, cimento portland, cal hidratada e terra infusória, onde essa foi
fornecida pela indústria de bebidas Ambev. A terra infusória foi previamente tratada com
intuito de retirar todo material orgânico, sendo submetida a um período de secagem natural
(exposto ao sol por uma semana) e em estufa [por 24h (vinte quatro horas) à 200º C].
Seguindo a ordem (cimento: cal/terra infusória: areia) as proporções volumétricas
utilizadas foram: 1:1:6 e 1:2:9 para cada traço e ainda 1:1:8 apenas para o traço de terra
infusória. Vale ressaltar que a quantidade de água foi determinada conforme necessário para
homogeneização da massa da argamassa.
Com isto preparou-se a argamassa conforme NBR 13276 (2005) misturando o
cimento, a cal/terra infusória e a areia nas proporções citadas anteriormente. Para
homogeneizar a massa, a água foi adicionada aos poucos até que se atingisse a textura
apropriada. Feito isto, moldou-se três corpos de prova (C.P.) em potes de margarina e quatro
em formas cilíndricas (Figura 1), para cada traço.
Em seguida, os corpos de prova foram deixados em repouso por vinte oito dias,
sendo que no sétimo dia todos eles foram desenformados. Após o período de repouso iniciou-
se os testes de durabilidade e de resistência à compressão diametral conforme NBR 13554
(2012) e NBR 7222 (2011), respectivamente. Sendo que aquela foi adaptada de modo que
fosse aplicada em argamassas.
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Figura 1: Corpos de prova do traço 1:1:6 de terra infusória.


Fonte: Autores, 2015.

Os testes de resistência à compressão diametral, feitos com os C.P.s cilíndricos,


foram realizados aplicando-se uma carga, com o auxílio de uma prensa sobre o comprimento
do corpo de prova. Vale ressaltar que para uma melhor distribuição da força aplicada,
utilizaram-se filetes de bambu nas laterais dos C.P.s conforme Figura 2.

Figura 2: Realização do teste de resistência à compressão diametral.


Fonte: Autores, 2015.

Já o teste de durabilidade submeteu-se as pequenas amostras de argamassa a


processos de molhagem e secagem com o intuito de simular aceleradamente a reação da
mesma quando exposta ao meio. Sendo assim, os corpos de prova feitos em potes de
margarina foram submetidos seis vezes ao ciclo de: imersão em água por 5h (cinco horas)
(Figura 3), secagem em estufa por 48h (quarenta e oito horas) à 71ºC (Figura 4), e raspagem
(Figura 5), com escova de cerdas de aço. Sendo que em cada etapa os C.P.s foram pesados
para análise.
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Figura 3: C.P.s submersos em água.


Fonte: Autores, 2015.

Figura 4: C.P.s em estufa.


Fonte: Autores, 2015.

Figura 5: Processo de raspagem.


Fonte: Autores, 2015.

Após a realização dos testes de durabilidade determinou-se a vida útil da argamassa


com Terra infusória utilizando os parâmetros apresentados pela ISO 15686-1 (2011), que por
sua vez propõem múltiplos fatores que ao final dos cálculos determina o tempo, em anos, de
duração da argamassa até que seja necessária uma reforma.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos durante os experimentos realizados permitiram algumas análises,


tais como: consumo dos componentes da argamassa, resistência á compressão diametral,
durabilidade e vida útil. Na produção dos traços de argamassa foi observado o consumo de
cada material que compõe a argamassa.
Com relação à comparação do consumo de água em argamassas de mesmo traços
com cal e a com terra infusória (T.I) o traço 1:1:6 (com T.I.) apresentou uma redução de
8,33% no referente ao consumo de água. No traço de 1:2:9, a redução foi de 3,61%. Isso
significa que a argamassa com terra infusória necessita de menos água para obter a
plasticidade desejada. Como numa obra sua produção é em grande escala, a redução seria
considerável, tornando-a mais sustentável.
O consumo de cimento e areia foi mais elevado nas argamassas com terra infusória.
Apresentando nos traços 1:1:6 e 1:2:9 valores de 4,31% e 8,65% a mais de cimento e 4,31% e
8,65% a mais de areia, respectivamente. Assim, a mistura contendo o agregado alternativo
consome mais cimento e areia que o traço convencional. O aumento no consumo do cimento
não apresenta benefício, pelo contrário, apresenta um aumento considerando o custo geral de
uma construção. Quanto à areia, sua maior quantidade traz melhor rendimento para a
argamassa.
Quanto à resistência, pode-se analisar a partir dos dados da Tabela 2 e do Gráfico 4.
Considerando que quanto maior a relação água cimento menor a resistência, os traços 1:1:6 e
1:2:9 com cal apresentaram melhor desempenho. Utilizando a terra infusória, houve um
aumento de 2,99% (1:1:6) e uma queda de 9,75% (1:2:9). Em relação à compressão diametral,
observa-se uma queda de 29,53% (1:1:6) e 22,35% (1:2:9).

Tabela 2: Relação água cimento.

Traço das argamassas em volume Relação água cimento


1:1:6 (cal) 1,67
1:2:9 (cal) 2,77
1:1:6 (terra infusória) 1,72
1:1:8 (terra infusória) 2,09
1:2:9 (terra infusória) 2,5
Fonte: Autores, 2015.
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Média das resistências


1,6
1,4
1,2
Resistência (MPa)

1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
01:01:06 01:01:08 01:02:09
Traços

Cal Terra Infusória

Gráfico 4: Média das resistências á compressão diametral de cada traço.


Fonte: Autores, 2015.

A tabela 3 apresenta os resultados das resistências médias das argamassas e os


respectivos intervalos de confiança para probabilidade de 90%.

Tabela 3 – Resultados das resistências médias das argamassas e os respectivos intervalos de


confiança.
Traço das argamassas em Resistência média (MPa) Intervalo de confiança
volume (90%) em MPa
1:1:6 (cal) 1,49 ±0,23
1:2:9 (cal) 0,85 ±0,27
1:1:6 (terra infusória) 1,05 ±0,08
1:1:8 (terra infusória) 0,42 ±0,02
!:2:9 (terra infusória) 0,66 ±0,10
Fonte: Autores, 2015.

Analisando os dados de relação água cimento e resistência à compressão diametral


em conjunto, os corpos de prova feitos com cal obtiveram melhores resultados dos que os
realizados com a terra infusória, quanto à resistência. Sendo assim, a utilização da argamassa
com essa nova composição seria mais adequada para finalidades não estruturais, como para
assentamento e revestimento.
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De acordo com a Tabela 4, os traços 1:1:6 e 1:2:9 com terra infusória são cerca de
3% mais leves que os com cal. Usando esse agregado o peso da argamassa diminui, deixando
a alvenaria da construção mais leve.

Tabela 4: Peso da argamassa.


Traço de argamassa Massa da mistura (Kg)
1:1:6 (cal) 3,300
1:2:9 (cal) 4,900
1:1:6 (T.I.) 3,180
1:1:8 (T.I.) 4,280
1:2:9 (T.I.) 4,740
Fonte: Autores, 2015.

Quanto aos dados do teste de durabilidade, o desgaste (Gráficos 1 e 2) em relação à


massa inicial foi de 4,99% para o traço 1:1:6 e de 5,57% para o traço 1:2:9 com cal, enquanto
nos com terra infusória o desgaste foi de 2,96% (1:1:6) e 5,78% (1:2:9). Comparando-se a
quantidade de massa desgastada, no traço 1:1:6, o traço contendo terra infusória desgastou
45,28% a menos que o de cal. Quanto ao traço 1:2:9, aqueles feitos com terra infusória
apresentaram uma redução de 4,9% no desgaste, quando comparado com os produzidos com
cal. O traço o mais eficiente dentre os produzidos é o de 1:1:6 com terra infusória, sendo o
mais viável para a construção civil em relação à durabilidade.

Gráfico 1: Dados do teste de raspagem para o traço 1:1:6.


Fonte: Autores, 2015.
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Gráfico 2: Dados do teste de raspagem para o traço 1:2:9.


Fonte: Autores, 2015.

Para a determinação da vida útil do material utilizou-se a adaptação da norma técnica


(ISO 15686-1, 2011) (Tabelas 5 e 6). Para referência da durabilidade solicitada aos produtos
da construção civil utilizou-se como base o Principal Guide for Service Life Planning of
Japan, que estabelece um tempo de vida útil para habitação, no sistema adotado, de 48 anos.
Para o cálculo de desvio em relação à referência utilizou-se a tabela presente na referida
norma calculando-se assim a vida útil do material.

Tabela 5: Valores de desvio em relação à condição de referência


Valor Desvio em relação à condição de referência
0,8 Quando o fator tem uma influência negativa sobre o elemento de
estudo
1,0 Quando o fator não apresenta desvio em relação à condição de
referência
1,2 Quando o fator tem influência positiva sobre o elemento de estudo
Fonte: ISO 15686-1, 2011
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Tabela 6: Fatores modificadores.

Fator Condições
Fator A Qualidade do produto de construção: Representa a quantidade dos materiais ou
componentes, nas condições em que são fornecidas à obra, segundo as
especificações do projetista.
Fator B Nível de qualidade do projeto: Exprime o nível de qualidade do projeto. Este fator
tem a ver com a adequação da escolha de uma solução construtiva específica, das
medidas de proteção previstas, etc.
Fator C Nível de qualidade da execução: Refere-se à execução. A avaliação desse fator
deverá refletir o grau de confiança da mão de obra, mas também a existência ou
não de uma fiscalização rigorosa.
Fator D Refere-se às características do ambiente interior
Fator E Refere-se às características do ambiente exterior
Fator F Reflete o efeito do uso na degradação do material ou componente
Fator G Nível de manutenção: Refere-se à manutenção e deve dar conta da probabilidade
da existência de uma manutenção adequada.
Fonte: ISO 15686-1, 2011

A partir dos fatores modificadores também presentes na norma, chegou-se a 55 anos


de vida útil, tendo-se um aumento de 15,2%. O que o enquadra como um material que
apresenta vida longa (vida útil entre 50 e 99 anos).
A construção que substituir a terra infusória pela cal nas argamassas teria um gasto
maior com cimento e areia enquanto economiza água. Por um lado, perde em resistência e
ganha em durabilidade e, consequentemente, em vida útil. Dessa forma este estudo mostra
que a troca proposta pela pesquisa será mais conveniente para argamassas com cuja função
exige mais durabilidade que resistência. A substituição será mais adequada para finalidades
que fiquem mais expostas aos intemperes que submetido a grandes cargas, como por
exemplo, para revestimento.

5. CONCLUSÃO

Dentre os diversos benefícios apresentados, destaca-se o aumento de 15,2% na vida


útil do material, devido à necessidade de uma boa durabilidade em argamassas para
assentamento. Vale ainda ressaltar a significante redução no consumo de água, tornando o
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produto ainda mais sustentável. Sendo assim, para devidos fins, a substituição da cal pela
terra infusória possui uma considerável viabilidade, visto que, realizados os testes
apresentados obteve-se resultados satisfatórios.

6. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13554:2012, Solo


- Cimento: ensaio de durabilidade por molhagem e secagem. Disponível em:
<http://www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em: 19/12/2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7222:2011,


Concreto e argamassa - determinação da resistência à tração por compressão diametral de
corpos de prova cilíndricos. Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em:
19/12/2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13276:2005,


Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - preparo da mistura e
determinação do índice de consistência. Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/>.
Acesso em: 19/12/2015.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO 15686-


1:2011, Buildings and constructed assets- service life planning. Disponível em:
<http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/catalogue_tc/catalogue_detail.htm?csnumber=45798>.
Acesso em: 19/12/2015.

ALVES, J. D. Materiais de construção. Goiânia: UFG, 2006.

ALVES, J. D. Construção civil e sustentabilidade. Goiânia: PUC – Goiás, 2012.

CANCELLARA, W. R. Introdução à filtração de cervejas - os auxiliares filtrantes. Revista e


Portal Meio Filtrante, São Paulo, ano 3, n. 10, set. 2004, p. 18-23. Disponível em:
<http://www.meiofiltrante.com.br/materias.asp?action=detalhe&id=17>. Acesso em:
31/05/2015.

CUNHA, A. H. N., VIEIRA, J. A., LEÃO, J. O., ALVES, J. D. Atributos químicos


inorgânicos de resíduo sólido gerado no processo de fabricação de cerveja. Revista
Agrotecnologia, Anápolis, v. 2, n. 2, 2011, p. 99-111.

RIBEIRO, D. V.; MORELLI, M. R. Resíduos Sólidos: Problema ou Oportunidade? Rio de


Janeiro: Interciência, 2009.

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