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RESUMO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Área de estudo
O estudo foi realizado com o resíduo gerado na ETA Engenheiro Rodolfo José da Costa e
Silva, localizada na cidade de Goiânia, capital do Estado de Goiás, Brasil. A água utilizada
no tratamento é captada no rio Meia Ponte, atendendo aproximadamente 50% da população
de Goiânia e região metropolitana. Na Figura 1 pode ser observada sua localização na área
territorial brasileira e na Figura 2 um descarte de RETA diretamente em um curso d’água.
12.º Congresso da Água / 16.º ENASB / XVI SILUBESA
a b
Figura 2 – (a) Localização do Estado de Goiás no território brasileiro, (b) Localização da ETA Eng.
Rodolfo J. Costa e Silva em função da cidade de Goiânia.
Fonte: Google Earth (2014)
Materiais
O RETA utilizado no presente experimento foi obtido na lagoa de secagem número 2
da ETA Eng° Rodolfo J. Costa e Silva, ilustrada na Figura 3, a qual encontra-se em fase de
secagem tendo recebido a água de lavagem dos filtros e das descargas dos decantadores.
O coagulante utilizado no tratamento da água é o sulfato de alumínio, não sendo empregado
outro produto tal como alcalinizante ou carvão ativado.
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Figura 3 – Localização da ETA Eng°. Rodolfo J. Costa e Silva e das lagoas de secagem de RETA.
Fonte: imagem de satélite do Google Earth (2013), editada pelos autores.
a b c
Figura 4 – (a) Fotografia da lagoa de secagem, (b) Foto do triturador do resíduo, (c) RETA triturado.
Fonte: próprios autores.
Corpos de Prova
O piso intertravado, Paver, tipo I, de dimensões regulares e foi produzido conforme
definições da NBR 9781 (ABNT, 2013), com medidas nominais de 60x100x200mm o que
gera um peso de 2,5Kg por peça. Em uma fábrica de produção de artefatos de concreto
(Goiarte Artefatos de Cimento), foi incluído na sua linha de produção a confeccção dos
Pavers, de acordo com a sequência de ilustrada na Figura 5. O RETA foi inserido como
agregado miúdo, em percentuais de 0; 5; 10; 15; 20 e 25%, com variação da granulometria
entre 0,075mm a 2,4mm em substituição à areia da composição dos traços. Como
parâmetros para verificar a qualidade dos Pavers, foram realizados, nos laboratórios da
EEC-UFG, os ensaios de resistência à compressão e o de absorção de água, conforme os
parâmetros estabelecidos na NBR 9781 (ABNT, 2013).
a b
c d
Figura 5 – Sequência da produção dos Pavers. Em (a) o misturador dos insumos com RETA, (b)
carregamento das fôrmas, (c) prensagem dos pavers, (d) pavers prontos.
Fonte: próprios autores.
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A composição dos traços para a produção dos pisos intertravados foi feita com traço 1:5 (1
parte de cimento e 5 de agregados), onde os agregados formados por areia média (3,75),
RETA em substituição à areia e pedrisco (1,25). O RETA possui granulometria compatível
com a areia, sendo que o pedrisco tem granulometria superior.
O consumo dos materiais está relacionado na Tabela 1, que relaciona a quantidade aplicada
de cada elemento de composição no seu respectivo traço.
O consumo de água, para a composição de cada lote, está inserido na Figura 6, onde por
ser observado uma necessidade maior de água para atingir a umidade ótima em função do
aumento do RETA nos traços da sequência. Proporcionalmente o acréscimo de água de lote
para lote foi significativo: do lote 1 para o 2 aumentou-se 33,33% de água; do lote 2 para o 3
a adição foi de 62,5%; do lote 3 para o 4 o acréscimo foi de 23,07%; do lote 4 para o 5
consumiu-se 25% a mais de água e do lote 4 para o 5 o aumento foi de 20%. Observando-
se o consumo do lote 1 para o lote 6, que possui 25% de RETA o aumento foi de 300%.
Figura 6 – Variação do consumo de água em cada um dos lotes produzidos com e sem utilização de
RETA.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Granulometria do RETA
Granulometria da areia
O ensaio granulométrico da areia foi realizado com o método de peneiramento e os
resultados encontram-se na Tabela 3, podendo ser observado que na faixa dos miúdos
existe grande percentual de matéria fina, onde foi encontrado 3,24% de material com
diâmetro menor que 0,075mm e 89,16% de grãos com variação de diâmetro entre 0,075 e
1,20mm. Dessa forma, o módulo de finura foi de 2,69 e diâmetro máximo de 4,80mm.
Comparando-se a granulometria da areia com a distribuição granulométrica do RETA
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observa-se que a quantidade de matéria fina é muito maior no RETA, para grãos menores
que 0,075mm em termos percentuais. Para o diâmetro na faixa de 0,075mm a areia possui
quantidade superior ao RETA, bem como com os diâmetros 0,16 e 0,42mm.
Na Figura 8 pode ser observada a quantidade de grãos com diâmetros de 0,42, 0,16 e
0,075mm, percentuais que são verificados em menor quantidade no RETA. Uma análise
comparativas dos resultados apresentados nas Figuras 7 e 8, possibilita visualizar que o
RETA possui granulometria compatível com a areia e percentual elevado de agregados
miúdos, porém o RETA possui quantidade superior de matéria com diâmetro inferior à
0,075mm com relação à areia, sendo que o pedrisco possui granulometria maior que a areia
e o RETA. Provavelmente, essa variação granulométrica e o acréscimo de grãos finos do
resíduo, auxilie para uma melhor coesão, fechando os espaços entre os grãos maiores, de
forma a ajudar o cimento a fixar os grãos de maneira mais eficiente.
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Ensaios à compressão
Nos ensaios à compressão após 7 dias de produção, percebeu-se que a inserção do RETA
nos pisos intertravados diminuiu a resistência mecânica à ruptura em função do aumento da
quantidade de RETA adicionado, com exceção do lote com 5% de RETA, onde a resistência
aumentou quando comparado ao 0%, ou seja, aquele que não recebeu RETA. Essa
evolução pode ser observada na Figura 9, onde evidencia-se o ganho de resistência e
também o declínio da tensão para os lotes com 10, 15, 20 e 25% de RETA em relação aos
lotes com 0 e 5%. Essa mesma tendência foi observada no ensaio com as peças no 14º dia
após sua produção. Quando comparado o aumento da resistência nesse intervalo de tempo,
foi observado um ganho superior nas peças que receberam RETA em relação ao 0%,
valores estes superiores aos relatados por HOPPEN et al. (2005) que encontraram aumento
de resistência superior a 15% nesse mesmo intervalo de tempo, quando empregado o RETA
em matriz de concreto.
Figura 9 – Tensão de ruptura dos Pavers aos 7 e 14 dias de fabricação em função da quantidade de
RETA adicionada em substituição a areia.
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A NBR 9781 (ABNT, 2013) estabelece que as peças de piso intertravado não podem possuir
índice de absorção superior a 6%. Pelo gráfico da Figura 10, pode ser observado que
nenhum dos lotes do experimento atingiu o percentual ideal de absorção. Sendo que a
menor absorção foi obtida no lote com 0 e 5% de RETA, sendo 7,9 e 8,0% de absorção,
respectivamente. Ocorreu o aumento de absorção de água à medida que aumentou-se o
percentual de RETA como agregado, atingindo 13,80% de absorção no lote com 25% de
RETA em substituição da areia. Essa absorção de água pode ser menor após 28 dias de
sua produção.
CONCLUSÕES
O presente trabalho permitiu concluir que o RETA, retirado da lagoa de secagem em estado
seco, e posteriormente triturado e peneirado, possui granulometria compatível com
agregado miúdo, podendo, destarte, ser empregado como agregado para artefatos de
concreto. De maneira geral o RETA influencia negativamente na qualidade do material
produzido, porém, percebeu-se que o lote com 5% de RETA condicionou uma significativa
melhora no ensaio de resistência mecânica, com aumento de 39,92%, em relação ao lote
sem o resíduo, até o 14° dia após a produção. Esse acréscimo se deve, talvez, pela
quantidade de partículas finas do RETA, em relação à areia, que possui 75,72% de
partículas com tamanho menor que 0,075mm. Essas partículas preenchem os espaços
vazios da peça curada, o que promove o aumento da tensão de ruptura. Concluímos ainda
que, nenhuma das composições com RETA atingiram a tensão de ruptura mínima exigida
pela norma até o 14º após sua produção, bem como a taxa máxima de absorção de água
que é de 6%, não podendo ser empregado em pavimentações que tenha tráfego de
veículos. Porém a norma permite o uso de aditivos que possam vir a melhorar a resistência
e a absorção dos pisos. Pode-se afirmar que o paver contendo 5% de RETA, poderia ser
usado para pavimentação de passeios para pedestres, a qual necessita menor resistência à
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compressão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS