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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas


IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Análise do Comportamento de Misturas Asfálticas Moldadas a


Quente Utilizando Agregado Artificial de Tijolo Cerâmico Britado
Alifer Andrei Veber Beier
Engenheiro Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil, aliferbeier@hotmail.com

Gabriela Fanck dos Santos


Engenheira Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, gabbi1112@hotmail.com

Daiana Frank Bruxel Bohrer


Engenheira Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, Brasil,
daiana.bruxel@unijui.edu.br

Bruna Carolina Jachinski


Acadêmica de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí,
Brasil, brunajachinski@hotmail.com

Jose Antonio Santana Echeverria


Engenheiro Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, Brasil,
jose.echeverria@unijui.edu.br

RESUMO: A escolha do tema parte da busca por melhorias tecnológicas no processo e na utilização de
materiais utilizados tradicionalmente na área de pavimentação. Através do estudo laboratorial, buscou-se
avaliar os principais efeitos da utilização, viabilidade e o comportamento das propriedades mecânicas e
volumétricas de misturas asfálticas moldadas a quente, utilizando CAP 50/70 com incorporação de agregados
artificiais de argila provenientes de tijolo cerâmico maciço para uso em camadas de revestimento. O agregado
artificial foi inserido como forma de substituição total dos agregados naturais (basalto) e a mistura foi
devidamente enquadrada na faixa granulométrica C do DNIT-ES 031/2006. A partir disso, através de 15 corpos
de prova (CPs), realizou-se a dosagem Marshall, para encontrar o teor ótimo de ligante asfáltico, estabelecido
em 18%. Posteriormente às definições prévias, moldou-se amostras para realizar os ensaios de Estabilidade e
Fluência, Módulo de Resiliência, Resistência à Tração por Compressão Diametral e Dano por Umidade
Induzida. Conclui-se que são necessários estudos complementares quanto ao processo de produção, controle
de qualidade e temperatura de queima do agregado argila, visto a alta onerosidade representada na mistura
final, devido ao excesso de ligante, embora, pode ser uma excelente alternativa de aplicação na pavimentação
em regiões deficitárias de agregados minerais.

PALAVRAS-CHAVE: Agregados Sintéticos, Alternativa, Pavimentação, Mistura Asfáltica.

ABSTRACT: The choice of theme starts from the search for technological improvements in the process and
in the use of materials traditionally used in the paving area. Through the laboratory study, we seek to evaluate
the main effects of the use, feasibility and behavior of the mechanical and volumetric properties of hot molded
asphalt mixtures, using CAP 50/70 bitumen with incorporation of artificial clay aggregates from solid ceramic
bricks for use in coating layers. The artificial aggregate was inserted as a form of total replacement of the
natural aggregates (basalt) and the mixture was duly framed in the granulometric range C of DNIT-ES
031/2006. From this, through 15 specimens (CPs), the Marshall dosage was carried out, to find the optimum
content of asphalt binder, established at 18%. After the previous definitions, samples were molded to perform
the Stability and Fluency, Resilience Modulus, Tensile Strength by Diametral Compression and Induced
Moisture Damage tests. It is concluded that further studies are needed regarding the production process, quality
control and burning temperature of the clay aggregate, given the high cost represented in the final mixture, due

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to the excess of binder, although it can be an excellent alternative for application in paving in regions deficient
in mineral aggregates.

KEYWORDS: Synthetic aggregates, Alternative, Paving, Asphalt Mixture.

1 Introdução

Cabral (2011) explica que a inovação tecnológica do emprego de agregado de argila calcinada atinge
resultados de resistências mecânicas similares aos agregados de rochas. Além disso, há estudos que auxiliam
no conhecimento técnico-científico desta alternativa. Embora exista a carência de normas técnicas e estudos
detalhados que viabilizem seu emprego em camadas de revestimentos no Brasil, sua utilização na
pavimentação dependendo da região a ser empregada é muito bem vista.
Ao avaliar a influência da variação de temperatura em comportamento mecânico de misturas asfálticas
com o uso de agregado sinterizado de argila calcinada (ASAC), o qual foi utilizado como substituto ao seixo,
em razão da escassez de material pétreo em território amazonense de acordo com o exposto por Cunha et al.
(2018), os resultados dos ensaios mecânicos evidenciaram desempenho satisfatório das misturas asfálticas com
ASAC. Tal conclusão contribui para ratificar que a utilização de agregados de argila calcinada podem ser uma
alternativa ao seixo para a produção de misturas asfálticas.
Os resultados foram embasados através de ensaios de Resistência à tração (RT), Módulo de Resiliência
(MR) e vida de fadiga. Tais resultados mostraram que o desempenho das misturas asfálticas com agregados
de argila foram superiores, quando comparados com os agregados naturais, dentro de um intervalo de
temperatura de 25 a 60ºC (CUNHA et al., 2018). Contudo há diversas lacunas no âmbito acadêmico que
precisam ser analisadas, como a carência de normas técnicas que delimitam os ensaios e os parâmetros de
fabricação do mesmo.
Desta forma, a escolha do tema em questão exterioriza-se a partir da necessidade de encontrar melhorias
tecnológicas no processo e na utilização de materiais usualmente empregados na pavimentação. Para tentar
abreviar as referidas lacunas, propõem-se com este estudo avaliar o emprego e o comportamento das misturas
asfálticas moldadas a quente utilizando agregados artificiais de tijolo ceramico macico britado, aplicáveis em
camadas de revestimentos. Buscando assim certa viabilidade de utilização, além de ampliar a base de
resultados que já é abordada por outros pesquisadores. Desta forma, reforçando o elo de inovação tecnológica
e a questão ambiental na área da pavimentação, contribuindo nas camadas de revestimento asfáltico.

2 Metodologia

A presente pesquisa evidencia a incorporação do agregado proveniente do tijolo cerâmico maciço. Esse
agregado artificial, é utilizado como substituição total do agregado natural (basalto), realizando-se a dosagem
Marshall para definição do teor ideal de ligante asfáltico. Ao todo, foram moldados aproximadamente 50 CP’s,
porém apenas 30, efetivamente, foram aproveitados pela dosagem Marshall e ensaios mecânicos devido às
adaptações necessárias para efetivação desse estudo dentro das normativas vigentes.

2.1 Materiais

Os materiais empregados na composição da mistura asfáltica para realização dos ensaios em laboratório
nesta pesquisa consistem em: agregados artificiais de tijolo cerâmico maciço e ligante asfáltico. O material de
maior quantidade utilizado nas misturas asfálticas foi o agregado artificial. Para confecção das amostras,
utilizou-se agregados artificiais do tijolo cerâmico maciço, ilustrado na Figura 1, servindo como um
comparativo entre os ensaios realizados ao emprego de argila calcinada na pavimentação feita por autores da
bibliografia.

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Figura 1. Tijolo cerâmico maciço utilizado.

Foram adquiridos cerca de 220 tijolos para elaboração desta pesquisa, oriundos da empresa Central da
Construção da cidade de Ijuí (RS). Após a compra, foram submetidos ao processo de britagem empírica através
do britador do tipo Mandíbula derivado do Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) da UFSM
(Figuras 2 - A e B), havendo o cuidado de propor uma abertura ideal da boca do britador para que os agregados
não se tornassem muito lamelares, o que de certo modo, é prejudicial à mistura asfáltica.

Figura 2. Britagem do tijolo cerâmico maciço e aparência após o processo.

O ligante asfáltico utilizado no estudo foi classificado como CAP 50/70, sendo proveniente da Refinaria
Alberto Pasqualini (REFAP) da cidade de Canoas (RS).

2.2 Métodos Laboratoriais

A caracterização iniciou-se pela análise granulométrica dos agregados britados do tijolo, onde através
de seu peneiramento separou-se em agregado do tipo 3/4”, 3/8” e pó, cujas densidades e massas específicas
foram encontradas. A norma DNIT 412/2019 – ME deve ser seguida para determinação da análise
granulométrica. Já os ensaios mecânicos foram compostos de: Resistência à Tração por Compressão Diametral
(RT), Abrasão Los Angeles, Módulo de Resiliência (MR), ensaio de Adesividade (Metodologia Lottman
Modificado) ou ainda, Dano por Umidade Induzida, e Estabilidade e Fluência.
O ensaio que determina a Estabilidade e Fluência pelo método Marshall foi realizado segundo os
procedimentos indicados pela norma DNER-ME 043/1995. Para o ensaio de Resistência à Tração por
Compressão Diametral seguiu-se os preceitos da norma DNIT 136/2018 – ME. Já o ensaio de Módulo de
Resiliência, é abordado através da norma DNIT 135/2010 – ME, a qual prescreve o modo pelo qual se
determina o Módulo de Resiliência de misturas asfálticas, a 25 ºC, utilizando o equipamento de compressão
diametral de carga repetida. A norma DNER-ME 223/1994 estabelece os critérios para a realização do ensaio
de Ensaio de Abrasão Los Angeles com agregados sintéticos produzidos com argila. Ainda assim, não exclui-
se a normativa DNER-ME 035/98 onde dita critérios técnicos do respectivo ensaio e seus equipamentos.
Segundo a norma DNIT 180/2018 – ME, para a realização do ensaio de Dano por Umidade Induzida, há de se
fazer a divisão em dois grupos com 3 CP´s cada um, onde o primeiro grupo é submetido ao ensaio para a
determinação da resistência à tração por compressão diametral, e o segundo submetido ao condicionamento
antes da realização do ensaio de resistência.

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3 Resultados e Discussões

3.1 Caracterização dos materiais

Considerando o prescrito da norma DNIT 412/2019–ME, formulou-se uma curva granulométrica de


cada um dos componentes da mistura REF, composto pelos agregados sintéticos de argila (Figura 3).

Figura 3. Curva granulométrica.

Através dos dados acima, percebe-se que foram aproximadamente 70% de material passante do AG-A
(Agregado artificial) 3/4" na peneira 1”. Já o AG-A 3/8” constatou-se maior relevância (em torno de 57%) de
material passante na peneira 3/8”, enquanto que o pó foi maior que 65% na peneira de nº 10.
Foram também determinadas as densidades e massas específicas reais dos AG-A graúdos, AG-A miúdos
e ligante asfáltico que incorporaram a mistura. Para os agregados com granulometria graúda destacou-se uma
massa específica média de 2,372 g/cm³ e uma absorção relativa a 19,03%. Em contrapartida, para o ensaio de
massa específica dos AG-A miúdos obteve-se um valor de 2,802 g/cm³. As quantidades foram adaptadas à
capacidade dos picnômetros, que obedeceram a granulometria do pó. Ainda, para o CAP 50/70, alcançou um
valor de 1,005 g/cm³. Ligantes em geral possuem massa específica entre 1 e 1,02g/cm³, estando o resultado
encontrado dentro do especificado (BERNUCCI et al., 2008).

3.2 Caracterização da mistura

Determinou-se como parâmetro comparativo em relação à outras pesquisas desta área apenas uma
mistura chamada de referência (REF), constituída de brita AG-A 3/4", AG-A 3/8”, pó de argila e ligante
asfáltico CAP 50/70, moldadas com o mesmo teor de ligante atendendo a dosagem Marshall, a fim de obter-
se resultados quanto à aceitabilidade do emprego de tijolos cerâmicos maciços na camada de revestimento. Na
mistura REF utilizou-se 100% da composição por agregados sintéticos de argila provenientes da produção e
britagem do tijolo cerâmico maciço, além do CAP 50/70. Para a composição da mistura realizou-se a escolha
do percentual de cada material (10%, 35% e 55% para AG-A 3/4", AG-A 3/8" e AG-A PÓ, respectivamente)
de forma que a mistura fosse enquadrada mais próxima possível do centro da faixa C do DNIT, permitindo a
definição da quantia de material por peso de fração da mistura, para posteriores moldagens.
O teor ideal de ligante para a mistura foi outro fator importante a se determinar, concluiu-se que seria
necessário um alto teor de betume para que os agregados fossem totalmente envoltos. Assim, constatou-se a
elevada absorção do agregado para com o ligante e, portanto, definindo a partir do volume de vazios, a faixa
de teores entre 14 a 16% de CAP. Todavia, o volume de vazios (Vv) não seguiu em concordância com a
normativa, e para resolver esta questão, determinou-se uma extrapolação dos teores em 18%, sendo este o teor
adequado para tal mistura. A Tabela 1 ilustra os parâmetros de dosagem e características volumétricas.

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Tabela 1. Propriedades da mistura REF.


Resumo das características das misturas 18% Betume= valores extrapolados
Teor de Betume (%)
Propriedade
14,0 14,5 15,0 15,5 16,0 18,0
Volume de Vazios (%) 15,1 11,3 10,0 8,5 6,6 5,6
Relação Betume Vazios (%) 59 68 71 75 80 97
Vazios do Agregado Mineral (%) 36,98 34,87 34,62 34,23 33,61 33,52
Massa Esp. Máx. Teórica (g/cm³) 1,851 1,842 1,833 1,825 1,82 1,782
Massa Esp. Aparente (g/cm³) 1,572 1,634 1,650 1,670 1,696 2,285
Estabilidade (1/100 in) 1323 1610 1533 1405 1700 1758
Fluência (kgf) 12 15 15 14 16 15

Costa et al. (2000) demonstram que o teor mínimo aceitável de ligante encontrado numa mistura
asfáltica contendo 70% de agregados de argila calcinada, 24% de areia e 6% de filer de cimento portland foi
alto, cerca de 8,8%. Ainda, revelam que numa mistura contendo 95% desse agregado de argila e 5% de filer
de cimento portland o primeiro ponto da dosagem Marshall dessa mistura possuía 16% de CAP. De acordo
com os autores, seria praticamente inviável utilizar apenas o agregado sintético em misturas asfálticas em
regiões onde há oferta de agregados pétreos. Comparando com os dados obtidos com agregado artificial de
tijolo cerâmico nesta pesquisa, mostrou-se muito semelhante os teores empregados, visto a alta absorção dos
agregados, até mesmo da água, onde para Costa et al. (2000) girou em torno de 20%, um acréscimo de 1% em
relação à absorção deste trabalho. Esse emprego alto de betume pode ser amenizado, agregando à mistura,
materiais naturais que se caracterizam pela menor absorção que o agregado sintético de argila e que possam
ser encontrados com maior facilidade em regiões próximas, tornando a logística de obtenção e transporte, bem
como seus processos mais atrativos financeiramente (NASCIMENTO, 2005).

3.3 Ensaios mecânicos

3.3.1 Estabilidade e fluência

A Tabela 2 apresenta os valores obtidos para a estabilidade, fluência e a relação estabilidade/fluência.

Tabela 2. Estabilidade e fluência Marshall.


Estabilidade Fluência
Mistura Média Média Relação Est/Flu Média
(Kgf) (0,01in)
1598 18,80 85,00
REF 1815 1752,11 15,70 15,14 115,61 122,72
1843 11,00 167,55

Conforme os dados, os CP’s apresentaram valores de estabilidade muito superiores a 500 kgf (mínimo)
estipulado para agregados pétreos naturais. Para agregados sintéticos, de argila por exemplo, o mínimo
estabelecido pelos estudos do LDH (1969) é 544 kgf, onde a estabilidade Marshall da mistura foi de 725 kgf
para 7,0% de ligante, passando para 780 kgf com 8,0% de ligante asfáltico, para uma mistura de 35% de argila
expandida. Assim, há uma tendência de quanto maior o teor de ligante, teoricamente maior será sua
estabilidade, porém, faz-se necessário um estudo aprofundado na análise desta relação. Para a fluência, a faixa
recomendada deve ser de 8 a 16/0.01 in. Dois CP´s permaneceram na faixa, mesmo com o alto teor de ligante
devido a elevada absorção do agregado.
Estudos divulgados em relação a estabilidade/fluência pela Dirección Nacional de Vialidad (1998)
demonstram que os valores devem ficar entre 53,37 a 101,6 kgf/0,01 in. Deste modo o comportamento da
relação estabilidade/fluência mostrou-se, no geral, bem superior ao que a faixa delimita, inclusive a média dos
CP´s com aproximadamente 21% de aumento em comparação à linha superior. Este resultado é corroborado
pelos altos valores de estabilidade.

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3.3.2 Abrasão Los Angeles

Esse ensaio visa simular, na prática, o desgaste dos agregados quando submetidos à ação do tráfego. De
forma conclusiva, a abrasividade destacada foi de 38,29%, um pouco maior do que o recomendado pela norma
(35%). Uma possível causa é a composição do tijolo utilizado, bem como seu processo de produção e
temperatura de queima, fator determinante para garantir com que a superfície do agregado se torne mais
resistente.

3.3.3 Resistência à tração por compressão diametral

Diante do que impõe a norma e em conformidade com Bernucci et al. (2008), valores para RT devem
ser entre 0,5 e 2,0 MPa, para misturas asfálticas a moldadas à quente. Portanto, pode-se destacar que os valores
de RT se enquadraram dentro da faixa estipulada, embora o aumento pode acabar não sendo vantajoso, uma
vez que as misturas perdem sua flexibilidade.

Figura 4. Resistência à tração.

Nascimento (2005) divulga que os corpos de prova submetidos ao ensaio de resistência à tração com
percentagens de betume entre 7,5% a 9,5% para agregados de argila calcinada, correspondem a uma RT de
1,09 e 1,22 Mpa, respectivamente. Ou seja, é notório que com o aumento da percentagem de ligante asfáltico,
haja uma tendência diretamente proporcional no aumento de sua RT.

3.3.5 Módulo de Resiliência

Reitera-se que valores aceitáveis para o módulo de resiliência, segundo Bernucci et al. (2008), são na
faixa de 2.000 a 8.000 MPa para misturas de concreto asfáltico. Desta forma, Batista (2004) enfatiza que CP´s
com 100% de agregados de argila calcinada juntamente com emulsão asfáltica do tipo RM-1C nas tentativas
de 12%, 14%, 16% e 18% de emulsão, obteve-se resultados médios de MR na faixa de 2086 MPa,
representando em torno de 50% da média geral encontrada na presente pesquisa, como ilustra a Figura 5.

Figura 5. Média dos resultados de módulo de resiliência.

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Além disso, outro parâmetro a se considerar é a relação MR/RT, essencial no critério da determinação
da vida de fadiga de um pavimento. Para a mesma ordem de CP´s, obtiveram-se valores de 4,623; 5,410; 2,298;
2,462 Mpa, e uma média de 3,698 Mpa. Mediante isto, é notório a disparidade dos resultados, onde os dois
primeiros apresentaram uma consistência mais rígida do que os demais, provocado teoricamente pelo processo
de moldagem.
De acordo com Magalhães (2004) quanto menor esta relação, maior será a garantia da combinação de
boa flexibilidade para uma certa resistência à tração, isto é, melhor será o comportamento mecânico da mistura.
Conforme Costa et al. (2000) nos traz, a média da relação MR x RT da sua mistura composta por agregado
sintético de argila calcinada, se apresentou muito semelhante ao que foi encontrado neste estudo, com cerca
de 3637 Mpa, porém com uma percentagem de ligante muito inferior (8,8%). O agregado utilizado pelo mesmo
autor, foi produzido à uma temperatura superior ao tijolo cerâmico empregado nesta pesquisa, acima de
1000ºC, garantindo uma absorção menor perante ao ligante e à água e também tornando o agregado mais vítreo
e impermeável.

3.3.6 Dano por umidade induzida (Metodologia Lottman Modificado)

A norma indica que o volume de vazios deve ficar entre 6 e 8% para este ensaio que avalia o dano da
umidade no revestimento, uma vez que relaciona a interferência da adesividade entre os agregados e o ligante
utilizado em condições extremas de temperatura (BERNUCCI et al., 2008). Assim, os mesmos autores
recomendam um valor de RRT mínimo de 70%, para sua aprovação em campo. Desta forma, a mistura REF
necessitou apenas de 15 golpes em cada uma das faces para que o Vv estivesse entre os limites.
Três CP´s foram submetidos ao ensaio de resistência à tração retida sem condicionamento (Rt1) e os
demais sujeitos ao condicionamento (Rt2), cujos valores médios destinaram-se a 0,76 e 0,67 Mpa,
respectivamente.
O valor médio RRT composto pelas resistências com e sem condicionamento pela Metodologia Lottman
foi de 88%, o que garante uma adesividade agregado-ligante satisfatória em comparação ao estipulado pela
normativa. É observado que não houve grandes diferenças entre os resultados de Rt1 e Rt2, uma vez que o
agregado por ser muito poroso (19% de absorção), mesmo a mistura submetida à sem condicionamento, acabou
por absorver muita umidade entre seus vazios. Portanto, conclui-se que a adesividade agregado-ligante foi
convincente em relação ao que preconiza a norma, a alta porosidade aliada à alta absorção do ligante, fez jus
ao alto teor do CAP, concretizando esses resultados.

4 Considerações finais

Com base na pesquisa realizada, foi possível constatar que o teor de CAP 50/70 de 18% é relativamente
elevado. A justificativa para tal teor, é o alto índice de porosidade do agregado utilizado, onde influencia
diretamente na taxa de absorção (19%) perante à umidade. Em relação a sua resistência à tração, se o índice
de uma mistura for alta, o seu comportamento mecânico é afetado, entretanto os resultados encontrados
atenderam ao que prescreve a normativa respeitando o limite de 2 MPa.
Para o módulo de resiliência, constata-se que os resultados foram coerentes para a mistura REF, ou
seja, com um valor médio de 4203 MPa. A deformação específica resiliente ou recuperável, é um importante
critério para se avaliar o comportamento da mistura na região onde ocorrem as deformações específicas de
tração, responsáveis pela fadiga da camada, demonstrando um valor que enquadra-se praticamente no centro
da faixa estipulada.
São necessários mais estudos para complementar e avaliar os demais parâmetros relativos aos agregados
sintéticos de argila, visto a alta onerosidade que a mistura representará no seu custo final perante o consumo
do ligante. Para tanto, é essencial definir seu processo técnico de produção, isto é, relacionado ao controle de
qualidade do agregado, processo de extrusão do material e temperatura de queima junto aos fornos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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com solos finos da BR-163/PA. Dissertação de mestrado, Instituto Militar de Engenharia, Rio de
Janeiro, 159 p.

Bernucci, L. B., Motta, L. M. G. da, Ceratti, J. A . P., Soares, J. B. (2008) Pavimentação Asfáltica: formação
básica para engenheiros. Rio de Janeiro, Petrobras; Abeda, 504p. II.

Cabral, G. L. L. (2011) Utilização do agregado artificial de argila calcinada em obras de pavimentação e


aperfeiçoamento da tecnologia. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia, Rio de Janeiro.

Costa, F. W. A, Silva M. A. V, Mello, M. A. (2000) Agregado de argila calcinada da Amazônia:


análise dos parâmetros de fadiga e resiliência em misturas asfálticas. Projeto de Fim de Curso,
Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Cunha, M. J. A., Silva, C. L., Lima, C. A. P., Frota, C. A. (2018) Efeito da temperatura no comportamento
mecânico de misturas asfálticas com agregados sinterizados de argila calcinada (ASAC). Revista
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sintético de argila calcinada - seleção expedita pelo processo de fervura. DNIT, Rio de Janeiro (1994)

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Método de ensaio. Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Rio de Janeiro, 2010.

DNIT 136/2018. Pavimentação asfáltica - Misturas asfálticas –Determinação da Resistência à Tração por
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DNIT 180/2018. Pavimentação asfáltica - Misturas asfálticas –Determinação do Dano por Umidade
Induzida– Método de ensaio. Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Rio de Janeiro, 2018.

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Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ.

Nascimento, R. R. (2005) Utilização de Agregados de Argila Calcinada em Pavimentação; Uma Alternativa


para o Estado do Acre. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Engenharia Civil, Rio de Janeiro,
XIV, 171p.

https://proceedings.science/p/149159?lang=pt-br
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