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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

BRUNO ATHAYDE DINIZ


JOSÉ NILSON SANTOS DE CASTRO JÚNIOR

ANÁLISE COMPARATIVA DE MISTURAS


ASFÁLTICAS COM SEIXO ROLADO E SEIXO
ROLADO BRITADO QUANTO AOS PARÂMENTROS
MARSHALL.

BELÉM
2010
BRUNO ATHAYDE DINIZ
JOSÉ NILSON SANTOS DE CASTRO JÚNIOR

ANÁLISE COMPARATIVA DE MISTURAS


ASFÁLTICAS COM SEIXO ROLADO E SEIXO
ROLADO BRITADO QUANTO AOS PARÂMETROS
MARSHALL.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do curso de
Engenharia Civil do Centro de Ciências
Exatas e Tecnologia da Universidade da
Amazônia para obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Profº. Drº. Benedito Coutinho
Neto.

BELÉM
2010
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do
título de Engenheiro Civil, submetido à banca examinadora do Centro de Ciências
Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia. O graduando deverá entregar o
TCC final com as alterações/correções exigidas pela banca no prazo estipulado pela
Instituição, caso contrário será considerado, automaticamente, Reprovados.

BANCA EXAMINADORA:

BENEDITO COUTINHO NETO, Prof. Dr. (Engenharia Civil – Universidade da


Amazônia - UNAMA) (ORIENTADOR)

ALBERTO CARLOS DE MELO LIMA Prof. Dr. (Engenharia Civil – Universidade


da Amazônia - UNAMA)

_______________________________________________________________
PATRICIA BITTENCOURT TAVARES DAS NEVES, Prof. M. Sc. (Departamento
de Engenharia de Transportes - UFPA)

Belém - PA, 17 de junho de 2010


"A única coisa que se coloca entre um homem
e o que ele quer na vida é normalmente
meramente a vontade de tentar e a fé para
acreditar que aquilo é possível."
Richard M. Devos
AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente, por ter nos dado o dom da vida e iluminação para realização
deste trabalho.

Aos nossos pais e irmãos João Pantoja Diniz (in memorian), Júlia Maria Athayde
Diniz e Aron Athayde Diniz, Gabriel Farias Conceição e Telma Cardoso Silva por
todo apoio, amor, carinho, atenção e pela educação concedida ao longo dos anos
até hoje e sempre.

A minha namorada Karla Charone (Bruno Diniz), por todo amor e compreensão
atribuídos mesmos nos momentos de maior ausência sempre dando apoio e força.

Ao nosso orientador, Prof. Dr. Benedito Coutinho Neto, pela oportunidade de sermos
seus orientados, além de toda paciência e dedicação, onde guardaremos profundo
respeito pelo resto de nossas vidas.

As pessoas da SETRAN em especial ao Sr. Jerônimo responsável pelo laboratório


por liberar o espaço para realização de alguns ensaios, além do técnico Mauricio de
Souza com quem guardamos profundo carinho não somente pelo fato de ter nos
ajudado nos ensaios mais pelo coração enorme que o pertence e qual seu nome
tem grande peso neste trabalho.

Ao laboratório de Materiais de Construção, Mecânica dos Solos e Misturas Asfálticas


da Universidade Amazônia, na pessoa do coordenador Prof. M.Sc Wandemyr Mata
S. Filho. Aos técnicos Odirlei (“Binho”) e Beto (Laboratório de Materiais de
Construção, Mecânica dos Solos e Misturas Asfálticas - UNAMA) pelo apoio e ajuda
com os equipamentos durante os ensaios, porém sempre de coração aberto.

Aos meus amigos (Bruno) ex-alunos da UNAMA, Eduardo Virgolino, Giovanna


Claude, os quais me sempre motivaram para a conclusão deste trabalho, além de
amigos não muito diferentes mais que sempre me deram apoio nesse momento,
Ricardo Lair, Karim Mendes, Pedro Paulo Soares, Diogo Lobo, Jorge “Bochecha” e
Nicolau.
RESUMO

DINIZ, Bruno Athayde, DE CASTRO JUNIOR, José Nilson santos (2010). Análise
comparativa de misturas asfáltica com seixo rolado e seixo rolado britado
quanto aos parâmetros Marshall. –52p. TCC – Centro de ciências exatas e
tecnologia, universidade da Amazônia, Belém, PA, 2010.

Este trabalho apresenta resultados de um estudo laboratorial com objetivo de


comparar as misturas aos parâmetros Marshall, utilizando os agregados de seixo
rolado e de seixo rolado britados do Estado do Pará este último adquirido através da
inserção do seixo rolado na abrasão “Los Angeles”, para que desta forma o seixo
antes rolado torna se o seixo rolado britado necessário para o comparativo deste
trabalho. Analisou-se comparativamente as misturas produzidas através da
formulação de curvas granulométricas e outros parâmetros utilizados no Brasil, como
as faixas granulométricas do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transporte (DNIT), mais especificadamente a Faixa “C”. Os resultados obtidos
mostraram que as misturas asfálticas do seixo rolado britado consumiram maiores
teores de asfalto, 7,0 %, em relação ao seixo rolado, 5,62 %, logo, não sendo viável
economicamente visto que o asfalto é o material nobre da mistura.

Palavra-chave: Seixo rolado. Rolado britado. Dosagem Marshall. Misturas


asfalticas.
ABSTRACT

DINIZ, Athayde Bruno, DE CASTRO JUNIOR, José Nilson Santos (2010). Comparative
analysis of asphalt mixes with gravel and crushed gravel on the Marshall
parameters. -52P. TCC - Center for Exact Sciences and Technology, University of
Amazonia, Belém, PA, 2010.

This paper presents results of a laboratory study in order to compare the parameters
Marshall mixtures using aggregates of gravel and crushed gravel of Pará latter
acquired through the insertion of the pebbles in abrasion "Los Angeles" to that this
way before the boulder rolled becomes the crushed gravel necessary for this
comparative work. It examines comparatively the mixtures produced by the
formulation of granulometric curves and other parameters used in Brazil, as the
particle sizes of the National Department of Transport Infrastructure (DNIT), more
specifically the Band "C". The results showed that the asphalt mixtures of crushed
gravel consumed higher levels of asphalt, 7,0 % over the pebbles, 5,62 %, so it is not
economically viable because the asphalt is the noble material of the mixture.

Keyword: Crushed gravel. Rolled gravel. Dosage Marshall. Asphalt


mix.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Penetrômetro Elétrico. 19


Figura 2 - Equipamento Anel e Bola, Universidade da Amazônia. 20
Figura 3.a – Recepiente do Viscosímetro Saybolt – Furol da UNAMA. 20
Figura 3.b - Viscosímetro Saybolt – Furol da UNAMA. 20
Figura 4 - Equipamento para determinação do Ponto de Fulgor,
do Laboratório da UNAMA. 21
Figura 5.a – Amostra coberta com CAP. 25
Figura 5.b –Amostra no copo de Becker. 25
Figura 5.c - Métodos utilizados durante o Ensaio de Adesividade (estufa) 25
Figura 6 - Aparelho abrasão "Los Angeles" 27
Figura 7 – Gráfico Representativo do Ensaio Saybolt - furol. 32
Figura 8 – Gráfico da Granulometria do Seixo Rolado. 34
Figura 9 – Gráfica da Granulometria do Seixo rolado britado. 35
Figura 10 - Curva Granulometrica da Areia. 36
Figura 11 – Curva granulometrica do CAl (filer). 37
Figura 12 - Gráfico de composição da mistura para seixo rolado britado. 38
Figura 13 - Gráfico de composição da mistura para seixo rolado. 39
Figura 14 – Compactador Marshall. 40
Figura 15 - Amostras do Ensaio de Adesividade de Seixo Rolado. 42
Figura 16 - Amostras do Ensaio de Adesividade de Seixo Rolado Britado. 42
Figura 17.a - Aplicativo EXCEL, com formulações da norma NBR 12891/93. 47
Figura 17.b - Gráficos gerados pelo Aplicativo EXCEL, para Fluência, % Rbv,
Estabilidade (kgf), % Vv e % VAM. 47
Figura 18.a - Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas
considerando os quatro valores médios, para seixo rolado. 49
Figura 18.b - Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas
considerando os quatro valores médios, para seixo rolado britado. 50
LISTA DE EQUAÇÕES

01 – Equação da superfície específica do agregado, em m/kg. 45


02 – Equação do teor de asfalto (Tca). 45
03 – Equação do teor de asfalto corrigido (T’ca). 46
04 – Equação da porcentagem de asfalto 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Graduação de peneiras usualmente utilizadas. 24


Tabela 2 – Ensaio de Viscosidade Saybolt – Furol. 32
Tabela 3 - Caracteristica obtida dos ensaios de caracterização do CAP. 33
Tabela 4 - Granulometria do Seixo Rolado. 33
Tabela 5 - Granulometria do Seixo Rolado Britado. 34
Tabela 6 - Granulometria da areia. 35
Tabela 7 - Granulometria do Cal (filer). 36
Tabela 8 - Composição dos Agregados da Mistura Betuminosa, para Seixo Rolado Britado. 38
Tabela 9 - Composição dos Agregados da Mistura Betuminosa, para Seixo Rolado . 38
Tabela 10 - Densidade Real do Seixo Rolado. 43
Tabela 11 - Densidade Real do Seixo Rolado Britado. 43
Tabela 12 - Comparativo de densidades do agregado graúdo. 43
Tabela 13 - Densidade da areia. 44
Tabela 14 - Resultado de Desgaste a Abrasão "Los Angeles". 46
Tabela 15 - Especificações das misturas asfálticas para a camada de rolamento,
Segundo a norma DNIT-ES 031/06. 48
Tabela 16.a - Resultados dos ensaios aos parâmetros Marshall para Seixa Rolado. 48
Tabela 16.b - Resultados dos ensaios aos parâmetros Marshall para Seixa Rolado Britado. 48
Tabela 17 - Parâmetros Marshall para o volume de vazios de 5,0 % para as duas
amostras com seixo rolado e seixo rolado britado. 52
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

CAN – Cimento Asfáltico Natural

CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo

DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte

Drm – Densidade Real Média

Dt – Densidade Teórica

ES – Especificação de Serviço

ME– Método de Ensaio

NBR – Norma Brasileira

RBV – Relação Betume Vazios

SSS – Superfície Saturada Seca

UNAMA – Universidade da Amazônia

VAM - Vazios de Agregados Minerais

Vb – Volume de Betume

Vv – Volume de Vazios
SUMÁRIO

RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE EQUAÇÕES
LISTA DE SÍMBOLOS

1. INTRODUÇÃO 13
1.1. Problematização 13
1.2. Objetivos 13
1.2.1. Objetivo específico 14
1.3. Justificativa 14
1.4. Metodologia 15
1.5. Hipóteses 15
1.6. Fundamentação Teórica 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
2.1. Ligante Asfáltico 17
2.2. Caracterização do Cimento Asfáltico 18
2.2.1. Penetração 18
2.2.2. Ponto de amolecimento 19
2.2.3. Viscosidade Saybolt - Furol 20
2.2.4. Densidade 21
2.2.5. Ponto de fulgor 21
2.3. Agregados 21
2.3.1. Classificação quanto à origem 22
2.3.2. Classificação quanto às dimensões 22
2.3.3. Classificação quanto ao peso unitário 23
2.3.4. Caracterização dos Agregados 23
2.3.4.1. Adesividade 24
2.3.4.2. Absorção e Densidade 25
2.3.4.3. Abrasão “Los Angeles” 26
2.4. Misturas asfálticas 27
2.4.1. Propriedades mecânicas 27
2.4.2. Considerações sobre a dosagem 29
3. MATERIAIS E MÉTODOS 31
3.1. Introdução 31
3.2. Natureza e procedência 31
3.2.1. Cimento asfáltico 31
3.2.2. Agregados 33
3.3. Descrição dos ensaios 39
3.3.1. Moldagem dos corpos de prova por dosagem Marshall 39
4. APRESENTAÇÃO E ÁNALISE DOS RESULTADOS 41
4.1. Introdução 41
4.2. Adesividade 41
4.3. Determinação da absorção, densidade dos agregados
(dner-me 081/98 e dner-me 084/95) 42
4.4. Método da superfície específica 44
4.5. Abrasão “Los Angeles” 46
4.6. Método de dosagem Marshall 46
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 51
5.1.Dosagem Marshall 51
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
13

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMATIZAÇÃO

Os agregados são importantes neste trabalho, podemos dizer que a extração


destes agregados já é um grande enfrentamento. Na jazida, a rocha é fragmentada
por meio de explosivos, cuja função é produzir blocos a dimensões não superiores à
boca do britador primário, o seixo rolado obtido por dragagem do leito de rios,
procedimentos estes que suscitam acerbas críticas de ambientalistas, tendo-se em
vista o profundo impacto causado aos ecossistemas terrestres ou fluviais. Interessa
observar, ainda, que o seixo, sendo agregado de forma esférica e textura superficial
lisa, provoca redução no atrito entre suas partículas e, por conseguinte, diminui a
resistência ao cisalhamento da mistura. Os agregados que têm uma grande
deficiência ou excesso de qualquer tamanho de artícula (granulometria contínua)
produzem as misturas de concreto menos trabalháveis e econômicas.

1.2. OBJETIVO

Este trabalho pretende comparar a partir de um teor de 5,0 % de volume de


vazios uma mistura asfáltica densa tipo CAUQ confeccionadas com seixo rolado e
14

seixo rolado britado com porcentagens variadas de teor de asfalto, e desta forma
comparar os parâmetros Marshall tradicionais.

1.2.1 Objetivo específico

 Caracterização do cimento asfáltico de petróleo (CAP) da mistura


betuminosa em estudo;
 Caracterização dos agregados (Absorção, Densidade e Absorção,
abrasão “Los Angeles”);
 Confecção dos corpos-de-prova Marshall;
 Composição granulometrica das misturas;
 Analise dos resultados e conclusões.

1.3. JUSTIFICATIVA

A precária situação rodoviária no país em geral, e na região Norte, em


particular, é um obstáculo na busca do desenvolvimento sócio-econômico. A
qualidade das rodovias passa pelo projeto e execução de um revestimento durável
e, portanto, por um conhecimento aprofundado das misturas asfálticas, seus
componentes e das técnicas de dosagem, com vistas à previsão do comportamento
quando em serviço.
O estudo de misturas asfálticas no país, relativos à dosagem, tem
apresentado com freqüência uma inconsistência, refletida em resultados distintos
entre os parâmetros volumétricos de dosagem obtidos em campo e em laboratório,
bem como diferenças também observadas quando se consideram os mesmos
materiais caracterizados em laboratórios diferentes.
Permanece, pois, em aberto a escolha do método de dosagem mais
adequado, entre estes adotados no respectivo trabalho, que provavelmente é função
dos materiais utilizados, bem como da melhor forma de caracterização mecânica. Na
região Norte encontra-se alguns tipos de agregados, condições climáticas e de
tráfego, que devem ser considerados quando do estudo de misturas asfálticas, seja
na dosagem, seja na caracterização mecânica.
15

1.4. METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho adotado envolve as etapas relacionadas abaixo:


 Revisão bibliográfica: levantamento dos principais estudos realizados
sobre metodologias de dosagem e ensaios em laboratório de caracterização das
partes integrantes da misturas asfálticas e ensaios mecânicos para determinação
das propriedades laboratoriais das misturas;
 Ensaios de caracterização dos agregados: selecionar e caracterizar
agregados seixo rolado ou seixo britado (abrasão “Los Angeles”), ensaios:
granulometria; abrasão “Los Angeles”; densidade; número de vazios, adesividade,
 Ensaios de caracterização das misturas asfálticas: os ensaios iniciais
de caracterização (resistência à tração). Os demais procedimentos de avaliação de
misturas realizar-se-ão em princípio no laboratório da Universidade da Amazônia, o
qual possui os equipamentos e pessoal treinado necessário à execução de tais
ensaios.
 Análise das metodologias: avaliação das diferentes metodologias de
dosagem de misturas asfálticas existentes utilizando-se agregados para confecção
de diferentes tipos de misturas. A partir dos resultados obtidos nesta fase serão
orientados os procedimentos de dosagem a serem seguidos para as misturas
asfálticas;
 Dosagem, confecção e ensaio de misturas asfálticas;
 Trabalho final: serão apresentados resultados finais que descreverão o
andamento do trabalho com a descrição de todas as etapas, resultados (incluindo
comparativos) e conclusões.

1.5. HIPÓTESES

Embora o seixo rolado possua uma resistência mecânica a abrasão “Los


Angeles” superior ao britado, sua forma e sua textura afetam de forma negativa o
conjunto da mistura. Sua forma arredondada e a superfície lisa das partículas
reduzem significativamente a resistência ao cisalhamento interno no esqueleto
estrutural da mistura. O seixo britado, em contrapartida, possui forma irregular, com
cantos angulosos, o que contribui para um melhor intertravamento das partículas na
16

mistura, logo, espera-se e que os ensaios realizados com o seixo britado levem
certa vantagem sobre os seixos rolados.

1.6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O pavimento asfáltico é formado pela mistura entre um conjunto de agregados


minerais, que correspondem a 94 - 95%, com a função de manter a estabilidade
mecânica dos revestimentos e suportar o peso do tráfego, e 5 - 6% de cimento
asfáltico de petróleo (CAP), que é utilizado como ligante dos agregados minerais
(Curtis, 1999). Segundo o DNIT, os agregados minerais constituem um dos
principais componentes da pavimentação rodoviária, tendo como principais
finalidades manter a estabilidade mecânica dos revestimentos e suportar o peso do
tráfego. Dessa forma, problemas em pavimentação asfáltica são encontrados em
boa parte do mundo, e muito se tem estudado a fim de entender as principais
causas de tais problemas, bem como maneiras para solucioná-los. Segundo Pauli et
al. (2005), um bom entendimento da adesão do asfalto à superfície do agregado
permitirá a geração de pavimentos com maior resistência e durabilidade.
Baseado nisto, o objetivo deste trabalho é verificar o processo de interação química
entre diferentes agregados (seixo rolado e seixo britado) e CAP, relacionando tais
resultados com sua resistência mecânica, contribuindo assim, na melhoria das
condições dos pavimentos asfálticos produzidos no país.
17

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. LIGANTE ASFÁLTICO

O cimento asfáltico, destilado do petróleo, é o asfalto obtido especialmente


para apresentar características adequadas para o uso na construção de pavimentos,
podendo ser obtido ainda em jazidas, o asfalto natural. O cimento asfáltico de
petróleo recebe o símbolo CAP e o cimento asfáltico natural recebe o símbolo CAN.
São semi-sólidos à temperatura ambiente, para isso é necessário o aquecimento
para terem consistência apropriada ao envolvimento de agregados, possuem
características de flexibilidade, durabilidade, aglutinação, impermeabilização e
elevada resistência à ação da maioria dos ácidos, sais e álcalis.

Os cimentos asfálticos de petróleo são classificados pelo seu “grau de


dureza” retratado no ensaio de penetração ou pela sua viscosidade. A penetração
de um CAP é definida como a distância em décimos de milímetro que uma agulha
padronizada penetra verticalmente em uma amostra de cimento asfáltico, sob
condições especificadas de carga, tempo e temperatura. Quanto menor a
penetração, “mais duro” é o cimento asfáltico.

O cimento asfáltico pode ser considerado um material visco-elástico, por


apresentar comportamento elástico e viscoso simultaneamente, quando submetido a
temperaturas intermediárias (BERTOLLO, 2002). Em altas temperaturas (acima de
18

100ºC), o cimento asfáltico atua como um fluído viscoso. Em baixas temperaturas


(abaixo de 0ºC), o cimento asfáltico torna-se um sólido elástico, atuando como uma
borracha: quando recebe um carregamento, o material se deforma; quando o
carregamento é retirado, o material volta ao estado original.

Durante os serviços de pavimentação, os cimentos asfálticos devem


apresentar as seguintes características:

 Devem tornar-se suficientemente líquidos para facilitar a misturação com


os agregados pétreos e o lançamento na pista;
 Após o lançamento, devem tornar-se suficientemente sólidos para
permitir que as camadas asfálticas de pavimentação resistam às ações
das cargas do tráfego, mesmo sob altas temperaturas, sem sofrerem
deformações excessivas ou prematuras;
 Sob baixas temperaturas, devem possuir flexibilidade suficiente para
impedir a desintegração e/ou o aparecimento de trincas nas camadas
asfálticas.

2.2. CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO (CAP)

Os ensaios realizados para a caracterização do Cimento Asfáltico de


Petróleo ou CAP há ser utilizado na mistura, foram os seguintes:

 Penetração
 Ponto de Amolecimento
 Viscosidade Saybolt-Furol (4 Pontos)
 Densidade
 Ponto de Fulgor

2.2.1. Penetração (ABNT/NBR 6576)

Para a classificação dos asfaltos por penetração utiliza-se o método descrito


na ABNT/NBR 6576 dividindo-os em CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100. Este
método avalia a consistência dos materiais betuminosos onde consiste na
penetração vertical de uma agulha padrão em uma das amostras do material, onde a
19

distância entre a amostra e a agulha é medida em décimos de milímetros isto


realizado em equipamento conhecido como penetrômetro elétrico (Figura 1), para
isso é necessário que a amostra esteja em sob condições específicas de
temperatura, carga e tempo (25°C, 100 g, 5 s).

Figura 2 - Penetrômetro Elétrico.

A amostra fundida deve ser colocada em recipiente apropriado para a


amostra, a temperatura ambiente será utilizada inicialmente para resfriá-lo e após
banho de água com temperatura controlada.

2.2.2. Ponto de amolecimento (ABNT/MB–164 / NBR–6560/00)

Como já é conhecido os asfaltos amolecem à temperaturas relativamente


baixas e há necessidade de conhecer este ponto para utilização e preparo. A
temperatura a qual o CAP passa de material em estado plástico ou semi-sólido para
o estado líquido é conhecido como Ponto de Amolecimento.
O método que descreve o ponto de amolecimento é conhecido por Método
do Anel e Bola (ABNT/MB–164 / NBR–6560/00), o qual informa o procedimento de
determinação do ponto de amolecimento do CAP na faixa de temperatura entre 30°
a 175°, para o preparo do ensaio precisa antes amolecê-lo por meio de temperatura,
no qual, varia de 36 a 62°. No ensaio Anel e Bola é a ser lida no momento em que a
esfera metálica, está padronizada (=3/8”, aproximadamente 9,5 mm), atravessa o
anel (interno=5/8” – 15,88 mm e h = 1/4” – 6,35 mm) cheio com material
betuminoso, na Figura 2 visualisa se a esfera e o anel do ensaio.
20

Figura 3 - Equipamento Anel e Bola, Universidade da Amazônia.

2.2.3. Viscosidade saybolt-furol (DNIT – ME 004/94)

O ensaio Saybolt-Furol, procedimento este descrito pela DNIT – ME 004/94,


é uma das formas de classificar a viscosidade do CAP que até meados da década
de 60 eram classificados com base na Penetração a 25°, de forma empírica,
substituído pelo ensaio de Viscosidade Saybolt-Furol (científico).
No ensaio Saybolt-Furol encontra-se as temperaturas de misturação e compactação
das misturas. O método consta em escoar 60 ml de material, em recipiente próprio
como ilustra a Figura 3.a, no viscosímetro de Saybolt-Furol da Figura 3.b, sob
determinadas condições de temperatura em tempo (segundos) necessário para tal
escoamento.

Figura 3.a – Recepiente do Viscosimetro. Figura 3.b - Viscosímetro Saybolt – Furol.


Figura 3 – Equipamento de Viscosidade Saybolt – furol, Universidade da Amazônia
21

2.2.4. Densidade (DNER ME - 193/96)

Segundo a Norma (DNER ME - 193/96), a densidade dos asfaltos varia entre


0,9 e 1,4, ainda que o mais comum encontrado seja entre 1,0 e 1,1. O ensaio
consiste apenas em colocar o material ensaiado a 25° C e mantê-lo, até
posteriormente levá-lo à água onde será imerso, no qual, deverá estar a mesma
temperatura. Os resultados da densidade determina se a uniformidade do material e
também seu teor de impurezas.

2.2.5. Ponto de fulgor (ABNT/NBR 11341)

Como já é de conhecimento o ligante asfáltico é extraído do petróleo e nele


são contidas substâncias químicas inflamáveis, logo, perigosas de manuseio. O
ponto de fulgor de um ligante asfáltico indica a que temperatura o ligante torna-se
inflamável, além de permitir, também, verificar contaminações do asfalto por
solventes cujos pontos de fulgor são mais baixos. Valores de pontos de fulgor do
CAP são normalmente superiores a 230ºC Para encontrar o ponto de fulgor dos
ligantes asfálticos temos como base o método descrito na ABNT/NBR 11341.

Figura 4 - Equipamento para determinação do Ponto de Fulgor, Laboratório da UNAMA.

2.3. AGREGADOS

Basicamente agregados são materiais granulares inertes que compões a


mistura que se deseja, cujas partículas são ligadas por um aglutinante. Bauer (1985)
nos diz que eles desempenham uma função econômica da máxima importância, pois
22

geralmente é o elemento de custo mais baixo por unidade de volume, além de atuar
de forma decisiva no incremento de certas propriedades como o aumento da
resistência ao desgaste e outras.
Segundo Bauer (1985), podemos classificar os agregados quanto à sua
origem, às dimensões e ao peso unitário. Bertollo (2002) os classifica de maneira
mais simples, subdividindo-os em naturais, aqueles encontrados em depósitos
naturais superficiais; e agregados artificiais, aqueles obtidos por meio de britagem
de rocha (basalto, granito etc.) ou de seixos rolados. Na engenharia de pavimentos
os materiais granulares, além de comporem a mistura asfaltica, também servem
para execução de outras etapas do processo de pavimentação como a composição
da base, que antecede a capa de asfalto. A escolha dos agregados também é de
suma importância tendo em vista que o teor de agregado na mistura está na faixa de
91 a 95,5%, haja vista as especificações contidas no DNIT–ES 031/04 determinam
teores máximo e mínimo de asfalto, respectivamente, 9 e 4,5% para a faixa “C”
(referente à camada de rolamento).

2.3.1. Classificação quanto à origem

Quanto a essa classificação, os agregados podem ser naturais, aqueles que


já são encontrados na natureza sob a forma na qual serão utilizados: areia de mina,
areia de rios, seixos rolados, pedregulhos etc. Podendo ser também artificiais,
aqueles agregados que necessitam de um trabalho ou um processo especial de
fabricação para poder chegar à condição apropriada para uso. São exemplos a
escória de alto-forno, argila expandida, areais artificiais, brita, etc.

2.3.2. Classificação quanto às dimensões

Para essa classificação os agregados são subdivididos em miúdos e graúdos.


Recebem, entretanto, denominações especiais que caracterizam certos grupos,
como, areia, pedrisco, seixo rolado e brita. O agregado graúdo seria aquele retido na
peneira nº10 (# 2mm), devendo ser constituídos de fragmentos duráveis, estando
livres de torrões de argila e de quaisquer substâncias nocivas, além de enquadrar-se
nas especificações DNER-ES 313/97 e DNER-ME 035/94. Como exemplo são
citados a pedra, seixo rolado e escória.
23

O agregado miúdo é o passante na peneira nº10 (# 2mm) e retido na peneira


200 (# 75µm), como pó-de-pedra, areia, a mistura de ambos, devendo as partículas
destes apresentarem, individualmente, resistência e angulosidade (saliência
pontiagudas ou irregulares) moderada, estando livres de torrões de argila e de
quaisquer substâncias que venham comprometer o desempenho da mistura
conforme especificado na norma DNER–ER 313/97, além de apresentar equivalente
de areia igual ou superior a 55%, conforme especificação DNER–ME 054/94.
Ainda dentro da mesma classificação, temos o filer, também conhecido como
material de enchimento. Amaral (2000) nos mostra que, segundo DNER–EM 367-97,
é o material mineral inerte em relação aos demais componentes da mistura, não
plástico, do qual passam pelo menos, 65% na peneira de 0,075mm de abertura de
malha, devendo ser homogêneo, seco e livre de grumos provenientes de
agregações de partículas finas. O material de enchimento pode ser cimento
Portland, pó calcário ou cal hidratada, desde que estejam de acordo com as
condições estabelecidas pelas normas DNER–EM 367/97, DNER–EM 036/95 e NBR
6473/96 da ABNT.

2.3.3. Classificação quanto ao peso unitário

Bauer (1985) nos diz que a classificação segundo o peso unitário se divide
em: agregados leves, àqueles que apresentem 1,0t/m³; normais, os que tiverem de
1,0 a 2,0 T/m³; e pesados, os que se apresentarem acima de 2,0t/m³.

2.3.4. Caracterização dos agregados

A seguir encontram se alguns ensaios de caracterização do agregado


necessários para a dosagem do concreto asfáltico.

2.3.4.1. GRANULOMETRIA (DNER – ME 083/98)

O ensaio de granulometria determina a distribuição percentual dos diferentes


tamanhos dos grãos do agregado. É representada pela curva de distribuição
granulométrica (porcentagem de material passando na peneira em questão × log do
diâmetro da abertura da peneira).
24

A granulometria afeta quase todas as propriedades importantes de uma


mistura asfáltica, dentre elas: rigidez, estabilidade, durabilidade, permeabilidade,
trabalhabilidade, resistência à fadiga, resistência à fricção e resistência a danos por
umidade. A seqüência de peneiras usualmente utilizadas neste ensaio está listada
na Tabela 1:
Tabela 2 - Graduação de peneiras usualmente utilizadas.
Número ¾” ½” 3/8” n°4 n°10 n°40 n°80 n°200
Abertura(mm) 19,1 12,7 9,5 4,8 2,0 0,42 0,18 0,075
Fonte: Produção dos autores.

Para a realização deste ensaio, a amostra é seca em estufa, e posteriormente


pesada e passada em uma série de peneiras padronizadas. Os agregados podem
ser peneirados manualmente ou com a utilização de um peneirador mecânico. A
distribuição dos diferentes tamanhos dos grãos é calculada através da comparação
entre o material retido em cada peneira e o total da amostra ensaiada.
Teoricamente, pareceria razoável que a melhor graduação para os agregados
nas misturas asfálticas fosse aquela que fornecesse a graduação mais densa. A
graduação com maior densidade acarreta numa superior estabilidade através de um
maior contato entre as partículas e reduzidos vazios no agregado mineral. Porém, é
necessária a existência de um espaço de vazios tais que permita um volume
suficiente de ligante ser incorporado. Isto garante durabilidade e ainda permite
algum volume de vazios na mistura para evitar exsudação.

2.3.4.1. ADESIVIDADE (DNER-ME 078 e DNER-ME 079)

É a qualidade que o agregado possui, em “deixar-se” recobrir por uma


película betuminosa, a qual deve resistir à ação da água, sem se romper. Em geral
os agregados básicos (calcários, basalto, etc.) apresentam maior adesividade que
os agregados ácidos (grenitos, gnaisse etc.). Quanto à adesividade os materiais são
classificados em: Hidrofílicos são materiais de má adesividade; Hidrofóbicos são
materiais de boa adesividade. Determina-se a relação de perda de resistência
havida pela ação da água. Não havendo boa adesividade entre o ligante asfáltico e
os agregados graúdos ou miúdos (DNER-ME 078 e DNER-ME 079), pode ser
empregado melhorador de adesividade na quantidade fixada no projeto.
25

A DNER – ME 078/94 descreve o ensaio de adesividade, o qual consiste em


aquecer a amostra de agregado e o ligante betuminoso, CAP, a 100 °C e 120 °C
respectivamente, sobre o agregado adiciona-se 17,5 g de Cimento Asfático com a
ajuda da espátula então se mistura até a amostra ficar completamente coberta, em
seguida é sobreposta sobre uma superfície lisa, Figura 5.a, até que o ligante esfrie
para à seguir levá-lo a um copo de vidro (ou copo de Becker), Figura 5,b, recoberto
com água destilada onde será levado a estufa com temperatura a 40 °C repousando
por 72 horas, Figura 5.c, onde depois é retirado e avaliado como satisfatório ou
insatisfatório.

Figura 5.a –Amostra coberta com CAP Figura 5.b –Amostra no copo de becker

Figura 5.c - Métodos utilizados durante o Ensaio de Adesividade

2.3.4.2. ABSORÇÃO E DENSIDADE


Para o ensaio descrito na norma DNER – ME 195/97, encontra-se os valores
para absorção, densidade real e aparente, necessários para a dosagem do concreto
asfáltico.
26

 Absorção
A absorção é a relação entre a massa de água absorvida pelo agregado
graúdo após 24 horas de imersão (DNER-ME 081/98) à temperatura ambiente e a
massa inicial de material seco, sendo determinada para permitir o cálculo das
massas específicas, real e aparente, do agregado.
Agregados naturais ou britados com elevada porosidade normalmente não
devem ser utilizados em misturas asfálticas, pois além de consumirem maior
quantidade de ligante asfáltico, podem apresentar porosidade variável conforme a
amostragem, o que dificulta o estabelecimento do teor de ligante, podendo resultar
em excesso ou falta do mesmo. Porém, nem sempre há outro agregado disponível,
sendo então necessários alguns cuidados na dosagem.

 Densidade Específica e Aparente.


No estudo de agregados, são definidas em designações de densidade
específica real e aparente:

a) Densidade específica.
A massa específica real, em g/cm3, é determinada através da relação entre a
massa seca e o volume real. O volume real é constituído do volume dos sólidos,
desconsiderando o volume de quaisquer poros na superfície.

b) Densidade Aparente.
A massa específica aparente (Gsb), em g/cm3, é determinada quando se
considera o material como um todo (forma aparente), sem descontar os vazios. É
determinada dividindo- se a massa seca pelo volume aparente do agregado, que
inclui o volume de agregado sólido mais o volume dos poros superficiais contendo
água. É medida quando o agregado está na condição superfície saturada seca
(SSS). Esta condição em laboratório é obtida por remoção cuidadosa manual da
água da superfície dos agregados com o uso de um tecido absorvente.

2.3.4.3. ABRASÃO “LOS ANGELES” (DNER-ME 035-98).

Agregados localizados próximos ou na superfície do pavimento devem


apresentar resistência à abrasão maior do que os localizados nas camadas
27

inferiores. A tenacidade e resistência abrasiva são tratadas por algumas normas


brasileiras, mesmo que indiretamente, através das metodologias citadas a seguir.
Nesses ensaios, os agregados são submetidos a algum tipo de degradação
mecânica e medida a alteração provocada, principalmente na granulometria original,
ao final da degradação. Dessa forma as características de tenacidade, resistência
abrasiva e até mesmo de dureza dos agregados são presumidamente avaliadas
(Marques, 2001).
O ensaio comumente utilizado para medir a resistência à abrasão é o ensaio
de abrasão Los Angeles. Nesse ensaio uma amostra de agregado de cerca de
5.000g é submetida a 500 ou 1.000 revoluções no interior do cilindro de um
equipamento padronizado Figura 6. Um número variado de esferas de aço,
conforme a granulometria da amostra, é adicionado no cilindro, induzindo impactos
nas partículas durante as suas revoluções. O resultado é avaliado pela redução de
massa dos agregados retidos na peneira de n° 12 (1,68mm) em relação à massa
inicial da amostra especificada.

Figura 6 - Aparelho abrasão "Los Angeles"


Fonte: Produção dos autores

2.4. MISTURAS ASFÁLTICAS

Segundo a DNER 313/97 o concreto betuminoso ou asfáltico é uma mistura


produzida a quente, em usina apropriada, constituído de agregado mineral
graduado, filer e ligante betuminoso (CAP). Para uso em pavimentação as misturas
asfálticas devem apresentar as seguintes características: durabilidade,
28

impermeabilidade, resistência, estabilidade, flexibilidade, rigidez, trabalhabilidade,


resistência à derrapagem e à fadiga.

2.4.1. Propriedades Mecânicas

 A durabilidade é a capacidade da mistura asfáltica de resistir à ação do


tráfego ou intemperismo, evita se isso com um teor ótimo de ligante, bom
envolvimento das partículas granulares do ligante e uma boa compactação evitando
desta forma o alto volume de vazios.
 Em contra partida encontra-se a impermeabilidade, fator importante a
durabilidade da mistura, pois, é a propriedade a qual impedi a penetração de ar e/ou
água, comprometendo desta forma sua durabilidade, assim quanto ao
envelhecimento por oxidação e quanto ao fenômeno conhecido como Stripping 
deslocamento do agregado no asfalto na superfície pelo excesso de umidade.
 A resistência é a propriedade a qual visa suportar esforços internos
e/ou externos (Tensões e Cargas de Tráfego, respectivamente) evitando
posteriormente o surgimento de fissuras ou trincas, colocando desta forma em risco
a estrutura do pavimento.
 A estabilidade é a propriedade da mistura em resistir ao surgimento de
deformações, quando estas submetidas as ações de cargas estáticas ou repetidas,
resistências essas compostas por: resistência coesiva do cimento asfáltico, outra
referente a resistência viscosa do CAP e por último resistência do atrito entre os
grãos de agregados.
 A flexibilidade, como o próprio nome já diz, é a propriedade da mistura
capaz de resistir à flexão sob a ação de repetidas cargas, não havendo a formação
de fissuras e deformações na camada da base, denominada de “acomodabilidade”.
Muito importante acrescentar a influência da quantidade, características e
temperatura do ligante interferem na flexibilidade da mistura.
 Temperaturas baixas podem tornar a mistura quebradiça afetando sua
flexibilidade, no entanto, a baixa temperatura favorece a rigidez resistindo ao
carregamento do tráfego não apresentando deslocamentos excessivos que possam
comprometer a funcionalidade do pavimento.
29

 A trabalhabilidade é a propriedade responsável pela preparação,


lançamento e compactação da mistura, devido ao fato da trabalhabilidade não ser
encontrada por meio de nenhum ensaio especifico em laboratório, é um problema
durante a execução do pavimento. A trabalhabilidade é avaliada durante o processo
de execução do pavimento.
O teor de vazios da mistura deve estar em uma faixa de 3 a 5%, sendo 4% o
melhor valor inicial para um projeto que equilibre essas propriedades. Por meio do
teor de vazios especificado chega-se ao teor ótimo de ligante, que proporcionará
uma mistura final de melhor qualidade e conseqüentemente um revestimento
asfáltico de melhor desempenho.

2.4.2. Considerações sobre a dosagem

Em geral as misturas asfálticas são dosadas, pelo método Marshall descrito


na norma DNER-ME 043/95, apresentando como principais parâmetros a
estabilidade, fluência e volume de vazios. Segundo Bertollo (2002) o método foi
concebido na década de 30, por Bruce Marshall, engenheiro do Departamento do
Estado do Mississipi, o qual consiste na determinação da quantidade ótima de
ligante a ser utilizado numa mistura betuminosa. O principal cuidado é quanto à
temperatura de mistura dos materiais, que tende a ser mais alta. Na dosagem das
misturas asfálticas, o método Marshall considera os seguintes parâmetros:
 granulometria: busca a densidade máxima possível para garantir a
máxima estabilidade;
 densidade aparente da mistura: pode ser calculada com os corpos-de-
prova do ensaio de dosagem;
 densidade máxima teórica da mistura: densidade da mistura suposta
sem vazios;
 percentual de vazios da mistura (Vv): volume total de pequenas bolsas
de ar existentes entre as partículas de agregados recobertos por cimento
asfáltico em uma mistura compactada em relação ao volume total da mistura;
 percentual de vazios do agregado mineral (VAM): percentual do volume
e espaço intergranular de uma mistura asfaltica compactada que inclui o
volume de ar e de asfalto, em relação ao volume total da mistura;
30

 relação betume vazios (RBV): percentual do volume de VAM que é


preenchido com cimento asfáltico;
 estabilidade: carga, em kgf, sob a qual o corpo-de-prova rompe quando
submetido à compressão radial;
 fluência: deformação total, em décimos de milímetros ou centésimos de
polegadas, que o corpo-de-prova sofre ao romper.

Em resumo, a metodologia Marshall consiste em moldar uma série de corpos-


de-prova com diferentes teores de ligante asfáltico e fazer sua compactação a
quente, no interior dos moldes cilíndricos, que depois de extraídos dos moldes
metálicos, são guardados ao ar livre por 24 horas e em seguida, são imersos na
água a 60 graus. Após esta etapa, é aplicada a compressão diametral, pela prensa,
através de um molde de compressão cilíndrico, idealizado por Marshall. A carga
máxima suportada pelo corpo-de-prova é denominada estabilidade Marshall, e a
deformação causada pela ruptura, de fluência. Além destes valores, são calculadas
também a densidade, volume de vazios e a relação entre vazios dos agregados
preenchidos de betume.
31

CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. INTRODUÇÃO
Para este capítulo, abordam-se os materiais escolhidos para a realização
deste trabalho, encontrados no Estado do Pará, com a pretensão de encontrarmos
resultados mais verídicos possíveis a nossa região, além da utilização de todos os
equipamentos necessários para a dosagem das misturas pelo método Marshall
como descreve a norma DNER-ME 043/95.

3.2. NATUREZA E PROCEDÊNCIA.

3.2.1. Cimento Asfáltico De Petróleo (CAP)

O Cimento Asfálico de Petróleo usado em ensaio foi o CAP 50-70, cedidos


pela instituição Universidade da Amazônia – UNAMA, fornecidos pela usina da
empresa CONSTRUFOX Ltda., localizada em Marabá distante 485 Km da cidade de
Belém.

Abaixo seguem algumas características do Cimento Asfáltico de Petróleo


utilizado. Na Figura 6, observa se as temperaturas de misturação e compactação do
ligante, encontrados apartir dos tempos (em segundos) em relação a temperaturas
(em °C) pré-estabelecidas em norma, para 4 pontos, conforme mostra a Figura 7, e
melhor visualisado seus valores na Tabela 2.
32

Figura 7 – Gráfico Representativo do Ensaio Saybolt - furol.


Fonte: Produção dos autores

Tabela 3 – Ensaio de Viscosidade Saybolt – Furol.


Viscosidade
Temperatura
Ligante Saybolt-Furol
(ºC)
(seg)
121,0 269 COMPACTAÇÃO 141 °C a 149 °C
135,0 238 MISTURAÇÃO 158°C a 164 °C
CAP 50/70 155,0 66
177,0 33
Fonte: Produção dos autores

Desta forma a temperatura de misturação está na faixa entre 158 °C e 164 °C


e a temperatura de compactação varia entre 141 °C e 149 °C, dados estes
necessários para execução da dosagem Marshall e para o canteiro de obra (usina)
onde as temperaturas devem ser respeitadas.
Seguindo ainda a demonstração das caracteristicas do asfalto utilizado em
estudo (CAP 50/70), a Tabela 3, a seguir mostra os resultados aquiridos dos
ensaios, especificados em normas. Como pode se observar o ligante se enquadra
em todos os valores indicados pela norma respectivamente, logo podendo ser
utilizado para dosagem Marshall.
33

Tabela 3 – Caracteristicas obtida dos ensaios de caracterização do CAP.

VALORES RESULTADOS
ENSAIOS MÉTODOS
INDICADOS OBTIDOS
DNER ME -
Densidade - 1,06
193/96
DNER 148/94
Ponto de Fulgor (°C) (ABNT MB- 235 (mín) 311 °C
11341)
Ponto de Amolecimento ABNT NBR
46 (mín) 48 °C
(°C) 6500/00
Penetração (25°C, 100g, 5 DNER ME -
50 - 70 60
seg) (0,1mm) 003/99
121 °C - 269 °C
Viscosidade 135 °C DNER 004/94 141 °C 238 °C
Saybolt - Furol (ABNT MB-
(sSF) 150 °C 517/71) 50 °C 66 °C
175 °C 30 - 150 °C 33 °C
Fonte: Produção dos autores

3.2.2. Agregados

Foram usados como agregados graúdos, o seixo rolado de origem quartzosa,


provenientes da região de Ourém, fornecidas pela loja de materias, localizada na
Avenida João Paulo II, Belém do Pará, e onde observa-se a granulometria do seixo
rolado da região, na Tabela 4, assim como sua curva granulometrica, na Figura 8.

Tabela 4 - Granulometria do Seixo Rolado.


Seixo Rolado
PENEIRAS
PESO % PASS
3/4" 19,1 0 100,00
1/2" 12,7 524,2 89,69
3/8" 9,5 527,8 79,31
N° 4 4,8 856 62,48
N° 10 2 1560,2 31,79
N° 40 0,42 1145,5 9,26
N° 80 0,18 257,6 4,20
N°200 0,074 116,8 1,90
FUNDO 96,7 0,00
TOTAL 5084,80
34

Figura 8 – Gráfico da Granulometria do Seixo Rolado.

O seixo rolado britado utilizou-se o mesmo seixo, porém para brita-lo fez-se o
uso do abrasão “Los Angeles” para deformá-lo, com o uso de 11 das esferas e
rotação de 500 (quinhentas) revoluções com a intenção de que o seixo, antes,
somente rolado ficasse com características de um seixo rolado britado e com isso
adquiriu uma nova granulometria (Tabela 5) e nova curva granulometrica (Figura 9).

Tabela 5 - Granulometria do Seixo Rolado Britado


Seixo Rolado Britado
PENEIRAS
PESO % PASS
3/4" 19,1 0,00 100,000
1/2" 12,7 586,50 88,400
3/8" 9,5 905,00 70,500
N° 4 4,8 1413,66 42,540
N° 10 2 1159,35 19,610
N° 40 0,42 328,12 13,120
N° 80 0,18 377,72 5,650
N°200 0,074 222,94 1,240
Fundo 62,71 0,000
TOTAL 5056,00
35

Figura 9 – Gráfico da Granulometria do Seixo rolado britado

A areia utilizada foi fornecida pela própria instituição, Universidade da


Amazônia de origem desconhecida, sua granulometria e curva granulométrica
seguem abaixo nas Tabela 6 e Figura 10, respectivamente.

Tabela 6 – Granulometria da areia.

Areia
PENEIRAS
PESO % PASS
3/4" 19,1 0,00 100,000
1/2" 12,7 0,00 100,000
3/8" 9,5 0,00 100,000
N° 4 4,8 0,00 100,000
N° 10 2 0,00 100,000
N° 40 0,42 917,87 38,600
N° 80 0,18 230,95 23,151
N°200 0,074 204,95 9,441
Fundo 141,13 0,000
TOTAL 1494,90
36

Figura 10 - Curva Granulometrica da Areia.

Para o filer foi utilizado a Cal, de marca SUPERCAL produzida pela indústria
CAL E TINTAS SANTA HELENA, localizada na Rodovia CE 021, Km 59 – Ceará.
Suas granulometrias assim como a curva granulometrica vemos a seguir na Tabela
7 e Figura 11, respectivamente.

Tabela 7 - Granulometria do Cal (filer).


Cal
PENEIRAS
PESO % PASS
3/4" 19,1 0,00 100,00
1/2" 12,7 0,00 100,00
3/8" 9,5 0,00 100,00
N° 4 4,8 0,00 100,00
N° 10 2 0,00 100,00
N° 40 0,42 0,00 100,00
N° 80 0,18 0,10 99,98
N°200 0,074 2,30 99,52
Fundo 497,60 0
37

Figura 11 - Curva granulometrica do CAl (filer)

Como observa se as granulometrias dos seixos rolado e rolado britado são


parecidas se dá ao fato de que os seixos levados ao abrasão “Los Angeles” se
tratavam de pedras retidas nas peneiras 25,4 mm quando britadas acabaram por
ficar a granulometria quase que idênticas ao do seixo rolado, após o desgaste do
abrasão.
A seguir encontram-se as composições de agregado seguindo a faixa “C” do
DNIT ES 031/06, com o auxilio do software EXCEL (Microsoft Office 2007),
programa aplicativo criador de planilhas. Para a composição do seixo britado como
dito antes, o seixo rolado foi levado à abrasão “Los Angeles” onde foi britado, para
isso separou-se 30 kg de material retido na peneira 25,4 mm para britar. Podemos
ainda observar abaixo na Tabela 8 e Tabela 9, as composições do seixo rolado
britado e seixo rolado, respectivamente, a qual ambos os seixos foi idêntica, assim
como suas curvas de composição granulometricas (Figura 12 e Figura 13), ambas
dentro da faixa limite inferior e superior da faixa “C” da norma DNIT ES 031/06.
38

Tabela 8 - Composição dos Agregados da Mistura Betuminosa, para Seixo Rolado Britado.
AGREGADOS FAIXA ESPECIFICADA

PENEIRAS AREIA MÉDIA SEIXO LAVADO CAL (FILLER) MISTURA MÉDIA


"C" DNER ES 031/2006
%PASS 10,0% %PASS 88,0% %PASS 2,00% 100
1" 100,00 10,00 100,00 88,00 100,00 2,00 100,00 100 100 100
3/4" 100,00 10,00 100,00 88,00 100,00 2,00 100,00 100 100 100
1/2" 100,00 10,00 88,40 77,79 100,00 2,00 89,79 80 100 90
3/8" 100,00 10,00 70,50 62,04 100,00 2,00 74,04 70 90 80
N° 4 100,00 10,00 42,54 37,44 100,00 2,00 49,44 44 72 58
N° 10 100,00 10,00 19,61 17,26 100,00 2,00 29,26 22 50 36
N° 40 38,60 3,86 13,12 11,55 100,00 2,00 17,41 8 26 17
N° 80 23,15 2,32 5,65 4,97 99,98 2,00 9,29 4 16 10,0
N° 200 9,44 0,94 1,24 1,09 99,54 1,99 4,03 2 10 6

Figura 12 - Gráfico de composição granulometrica com seixo rolado britado.

Tabela 9 - Composição dos Agregados da Mistura Betuminosa, para Seixo Rolado .


AGREGADOS FAIXA ESPECIFICADA
PENEIRAS AREIA SEIXO LAVADO CAL (FILLER) MISTURA
"C" DNER ES 031/2006
% PASS. 10,0% % PASS. 88,00% % PASS. 2,00% 100
1" 100,00 10,00 100,00 88,00 100,00 2,00 100,00 100 100
3/4" 100,00 10,00 100,00 88,00 100,00 2,00 100,00 100 100
1/2" 100,00 10,00 89,69 78,93 100,00 2,00 90,93 80 100
3/8" 100,00 10,00 79,31 69,79 100,00 2,00 81,79 70 90
N° 4 100,00 10,00 62,48 54,98 100,00 2,00 66,98 44 72
N° 10 100,00 10,00 31,79 27,98 100,00 2,00 39,98 22 50
N° 40 38,60 3,86 9,26 8,15 100,00 2,00 14,01 8 26
N° 80 23,15 2,32 4,20 3,69 99,98 2,00 8,01 4 16
N° 200 9,44 0,94 1,90 1,67 99,54 1,99 4,61 2 10
39

Figura 13 – Gráfico de composição granulometrica com seixo rolado

3.3. DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

3.3.1. Moldagem dos Corpos de Prova por Dosagem Marshall

Para a moldagem dos corpos de prova foram utilizados os laboratórios da


Universidade da Amazônia (UNAMA) e da Secretaria de Transportes do Estado do
Pará, este localizado na Avenida Almirante Barroso, n° 3639 – Souza. Na
preparação do corpo de prova para o ensaio de dosagem Marshall foi fracionado
antecipadamente a quantidade de material utilizada para cada teor de betume
armazenado em sacos plásticos, com resistência de 1 Kg cada saco, logo em
seguida, são aquecidos também separadamente o CAP com a temperatura de
misturação, já estabelecida de 162 °C, pelo ensaio de Viscosidade Saybolt – furol, e
o agregado a temperatura de 15 °C a mais que em relação ao CAP.
A mistura é colocada no molde aquecido e compactada com 75 golpes em
cada face do corpo-de-prova, com um soquete de 4,540 kg, caindo a uma altura de
45,72cm. Sobre a mistura é colocado um papel filtro em ambas as faces antes da
compactação, para evitar o contato do soquete com o material, ensaio este realizado
no compactador Marshall (Figura 14). Foram confeccionados 3 corpos-de-prova para
cada teor de ligante adotado pré definidos pela superficie específica do agregado,
para estabelecer o teor ótimo, totalizando 15 corpos-de-prova.
40

Figura 14 – Compactador Marshall.


Fonte: Produção dos autores.
41

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo são abordadas considerações sobre os resultados obtidos da


adesividade, densidades e preparação e realização dos ensaios, bem como
possíveis conclusões sobre o programa experimental realizado.

4.2. ADESIVIDADE

 Adesividade (seixo rolado)

No ensaio de adesividade foram feitas duas amostras como forma de melhor


resultado e desta forma obter uma média entre ambas, mesmo sabendo que para
ensaios de adesividade seus resultados não são em valores numéricos mais sim
resultado de uma avaliação visual. O laboratorista, Mauricio de Souza, em conjunto
com o grupo de, constatou como resultado insatisfatório a adesividade para amostra
1 (Figura 15.a), enquanto para amostra 2 (Figura 15.b) o resultado foi pouco
satisfatório, no ensaio relativo a amostra de seixo rolado logo haverá a necessidade
de um melhorador de adesividade, como observa-se na foto abaixo:
42

(a) (b)
Figura 15 - Amostras do Ensaio de Adesividade de Seixo Rolado.

 Adesividade (seixo rolado britado)

Para o ensaio de adesividade em seixo rolado britado constatou-se que o


resultado encontrado foi insatisfatório para duas amostras (Figura 16.a e Figura
16.b),logo também, o melhorador de adesividade deverá fazer parte integrante do
traço da mistura, assim como, do seixo rolado.

(a) (b)
Figura 16 - Amostras do Ensaio de Adesividade de Seixo Rolado Britado.

4.3. DETERMINAÇÃO DA ABSORÇÃO, DENSIDADE DOS AGREGADOS (DNER-


ME 081/98 E DNER-ME 084/95)

Para determinação da densidade do agregado graúdo e fino obedeceu as


normas DNER-ME 081/98 E DNER-ME 084/95, respectivamente, onde as amostras
ficaram de molho por 24 horas e em seguida secas superficialmente com a ajuda de
43

um pano absorvente. Após realizou-se a pesagem hidrostática do material anotando


valores necessários para achar se a densidade (Tabela 10, Tabela 11).

Tabela 10 - Densidade Real do Seixo Rolado.


DENSIDADE REAL DO AGREGADO GRAÚDO - DNER - ME 081/98
ENSAIOS 1 2 Média
Peso da Cesta Vazia ao Ar (g) A 226,70 226,70 226,70
Peso da Cesta + Amostra Seca ao Ar (g) B 1227,10 1228,30 1227,70
Peso da Amostra Seca ao Ar (g) C 1000,40 1001,60 1001,00
Peso da Cesta Vazia Imersa (g) D 196,20 196,20 196,20
Peso da Cesta + Amostra Imersos (g) E 794,60 796,80 795,70
Peso da Cesta + Amostra Úmida ao Ar (g) F 1258,60 1249,20 1253,90
DENSIDADE REAL
G 2,489 2,498 2,493
(D) = C / (C - (E - D))

Tabela 11 - Densidade Real do Seixo Rolado Britado.


DENSIDADE REAL DO AGREGADO GRAÚDO - DNER - ME 081/98
ENSAIOS 1 2 MÉDIA
Peso da Cesta Vazia ao Ar (g) A 226,70 226,70 226,70
Peso da Cesta + Amostra Seca ao Ar (g) B 1179,50 1181,50 1180,50
Peso da Amostra Seca ao Ar (g) C 952,70 954,80 953,75
Peso da Cesta Vazia Imersa (g) D 196,20 196,20 196,20
Peso da Cesta + Amostra Imersos (g) E 788,50 790,50 789,50
Peso da Cesta + Amostra Úmida ao Ar (g) F 1238,10 1237,60 1237,85
DENSIDADE REAL
G 2,643 2,649 2,646
(D) = C / (C - (E - D))

Com base dos resultados da densidade também calcula se a densidade


aparente e as porcetagens de vazios internos e absorção do agregados, onde
segundo consta na Tabela 12, observa-se a porcetagem de vazios internos e de
absorção maiores para o seixo rolado britado.

Tabela 12 - Comparativo de densidades do agregado graúdo.


AGREGADOS
PARÂMETROS
Seixo Rolado Britado Seixo Rolado
DENSIDADE APARENTE
2,283 2,340
(d) = (B - A) / ((F - A) - (E - D))
PORCETAGEM DE VAZIOS INTERNOS = (D - d) x 100/ D 17,325 6,126
PORCETAGEM DE ABSORÇÃO
6,013 2,617
(S) = (F - B)*100/C

Para a densidade da areia separou-se uma amostra de 1 kg passado na


peneira 4,8 mm e retidos na peneira 0,075 mm retirou-se 500 g. Realizou se a
pesagem do Picnômetro seco e também com amostra dentro, fez-se adição de água
destilada e novamente voltou a pesar, então aqueceu se o Picnômetro por 15
44

minutos para a expulsão do ar no interior do frasco, após o seu resfriamento


adicionou se água até a marca delimitada antes do aquecimento. Depois foi
retirado todo o material do Picnômetro para nova pesagem, ver na Tabela. 13.

Tabela 13 - Densidade da areia


AGREGADO MIÚDO - DENSIDADE REAL DNER-ME084-95
MASSA ESPECIFICA REAL - MÉTODO DO PICNÔMETRO n° de ensaios
MÉDIA
AMOSTRA 1 2
Picnômetro seco. (A) 171,8 141,5
Picnômetro mais solo. (B) 371,8 341,5
Picnômetro mais solo mais agua. (C) 810,2 780,8
Picnômetro mais agua. (D) 684,8 655
DENSIDADE REAL TOTAL D=(B-A)/((D-A)-(C-B)) 2,681 2,695
DENSIDADE REAL MEDIA 2,688

4.4. MÉTODO DA SUPERFÍCIE ESPECÍFICA

Depois de fixada a granulometria da mistura, foi calculado o teor provável de


asfalto por meio do método da superfície específica, Expressão 01:

Si = (0,14 x a + 0,20 x b + 0,32 x c + 2,30 x d +12 x e + 135 x f) (01)


100

Onde:

Si = superfície específica do agregado, em m2/kg;


a = % passada na # 19,1 mm retida na # 12,7 mm;
b = % passada na # 12,7 mm e retida na # 9,5 mm;
c = % passada na # 9,5 mm e retida na # 4,8 mm;
d = % passada na # 4,8 mm e retida na # 0,297 mm;
e = % passada na # 0,297 mm e retida na #0,075 mm;
f = % passada na # 0, 075 mm.

Com base nos resultados obtidos para cada composição, estima se o teor de
asfalto Tca, por meio da Expressão 02:

Tca = m x Si1/5 (02)


45

Onde:
m = módulo de riqueza (que varia entre 3,75 a 4,00)
TCA= teor de betume em relação à massa de agregado.

Em seguida o teor de asfalto devido à densidade do agregado mineral é


corrigido, utilizando-se a Expressão 03:

T’ca = 2,65 x Tca (03)


dam
Onde:
T’ca = teor de asfalto corrigido;
dam = densidade real média ponderada dos agregados.

Com o teor de asfalto corrigido, será calculada a porcentagem de asfalto em


relação à mistura.

Pca = 100 x T’ca (04)


100 + T’ca
Onde:

Pca = porcentagem de asfalto em relação à mistura.

O valor do Pca encontrado foi de 6,0 %, considerando Pca ± 0,5% e Pca ±


1,0% têm se 5,0%, 5,5%, 6,0%, 6,5% e 7,0%. Para ambos os seixos o Pca foi o
mesmo embora o seixo rolado britado apresente uma percentagem de vazios
internos e absorção maiores que o do seixo rolado, há de se considerar que a
granulometria da superfície específica tanto do seixo rolado como do seixo rolado
britado são parecidas implicando no resultado encontrado.
No entanto, foram confeccionados corpos-de-prova para os teores de 5,5%,
6,0%, 6,5%, 7,0%, por se acreditar que estes valores seriam os mais adequados
para moldagem, portanto todos os gráficos relativos aos parâmetros Marshall, estão
relacionados com esses teores de asfalto.
46

4.5. ABRASÃO “LOS ANGELES”

Durante o peneiramento da amostra verificou-se que a peneira com maior


retenção de material foi a de abertura entre 9,5 mm e 4,8mm, logo tendo sua
graduação como “C”, foi separado uma quantidade em torno de 2.500,00 g (gramas)
de material passante na peneira 9,5 mm e retido na 6,35 mm e outros 2.500,00 g
(gramas) passantes na peneira 6,35 mm e retido na 4,8 mm. Lavou se e secou a
amostra obtendo desta forma uma amostra de 5.000,00 g (gramas), livres de poeira
fora adicionado à Abrasão “Los Angeles”. O equipamento operou sob especificações
da norma DNER-ME 035/98, como a rotação entre 30 e 33 r.p.m. durante 500
rotações com 8 esferas em seu interior, em seguida, o material foi retirado e
peneirado em peneira de 1,68 mm, descartou se a fração passante e a retida foi
lavada depois seca em estufa e pesado para o cálculo da abrasão.

Tabela 14 - Resultado de Desgaste a Abrasão "Los Angeles".


NUMERO DE
500 APÓS ENSAIO
ROTAÇÕES
DURAÇÃO DO MATERIAL RETIDO NA PENEIRA Nº 12
16 2240,40 g
ENSAIO:(Min.) (1,68 mm)
NUMERO DE MATERIAL PASS. NA PENEIRA Nº 12
8 2759,60 g
ESFERAS (1,68 mm)
GRADUAÇÃO: C % DE DESGASTE 55,19

4.6. MÉTODO DE DOSAGEM MARSHALL

Para a determinação do teor ótimo de asfalto fez-se uso da Metodologia


Marshall onde pode-se verificar a importância do controle de temperatura em todas
as etapas da moldagem, tanto para as misturas modificadas como para as misturas
padrão.
Com o auxílio do aplicativo EXCEL (Microsoft® Office 2007) estes resultados
geraram os gráficos para a determinação do teor ótimo de ligante. A norma DNIT
ME-031/2006 admite o mínimo de três valores para a determinação da média.
Para a determinação dos parâmetros serão necessários traçar os gráficos
referentes ao ensaio Marshall, densidade teórica máxima (Dt), volume de vazios
(Vv), densidade real média do agregado mineral (Drm), vazios do agregado mineral
(VAM), teor de vazios preenchidos por cimento asfáltico (Vb) e relação
47

betume/vazios (RBV), utilizaram-se as expressões preconizadas pela NBR


12891/93, estas inseridas no aplicativo EXCEL Fig.17.a e 17.b.

Figura 17.a - Aplicativo EXCEL, com formulações da norma NBR 12891/93.

Figura 17.b - Gráficos gerados pelo Aplicativo EXCEL, para Fluência, % Rbv, Estabilidade (kgf),
% Vv e % VAM.
48

As especificações do DNIT para o teor ótimo de asfalto para a camada de


rolamento estão na Tabela 15.

Tabela 15 - Especificações das misturas asfálticas para a camada de rolamento, norma DNIT-
ES 031/06.
Discriminação Camada de Rolamento
Porcentagem de vazios 3a5
Relação Betume/Vazios (%) 75 a 82
Estabilidade, mínima (kgf) 500 (75 golpes)
Fluência (mm) 2 a 4,5

Tabela 16.a - Resultados dos ensaios aos parâmetros Marshall para Seixa Rolado.
RESULTADO DOS PARÂMETROS MARSHALL
TEOR DE BET. ESTABIL. % DE Vv. %DE R.B.V. DENS. AP. FLUEN. VAM %
5,50 680 4,87 71,3 2,333 2,69 17,41
6,00 951 3,78 77,8 2,343 2,60 17,47
6,50 1089 2,92 83,1 2,348 2,08 17,75
7,00 1014 2,37 86,8 2,345 2,12 18,28

Tabela 16.b - Resultados dos ensaios ao parâmetros Marshall para Seixo Rolado Britado.
RESULTADO DOS PARÂMETROS MARSHALL
TEOR DE BET. ESTABIL. % DE Vv. %DE R.B.V. DENS. AP. FLUEN. VAM %
5,50 1187 5,41 69,8 2,413 2,27 17,86
6,00 992 5,41 71,5 2,395 2,70 18,9
6,50 951 5,02 74,5 2,388 3,47 19,59
7,00 1086 5,01 75,8 2,371 2,60 20,59

Como pode se observa nas Tabela 16.a e Tabela 16.b, o volume de vazios
para o seixo rolado britado foi superior ao do seixo rolado inclusive ficando fora das
especificações da norma ES-031/06 do DNIT, a grande porcetagem de vazios e
absorção que este apresenta foi determinante para o ocorrido.
Nos gráficos das Figuras 18.a e 18.b, pode-se observar, respectivamente, o
comportamento dos parâmetros Marshall tradicionais para o seixo rolado e o seixo
rolado britado.
49

Figura 18.a - Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas considerando os
quatro valores médios, para seixo rolado.
50

Figura 18.b - Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas considerando os quatro
valores médios, para seixo rolado britado.
51

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As conclusões e sugestões apresentadas aqui são fundamentadas nos


pesquisa com trabalhos anteriores. Lembrando que a escolha do seixo rolado e
seixo rolado britado, como agregado alternativo, se faz necessário aceitável na
dosagens realizadas. Os interesses neste trabalho estão limitados a ensaios
específicos a pavimentação.

5.1. DOSAGEM MARSHALL

Na dosagem Marshall as misturas de ambos os seixos o teor ótimo de asfalto


foi realizado para um Vv (volume de vazios) igual a 5,0 %, portanto sendo aceitável
pela norma DNIT-ES 031/06, tão logo foi inviável a comparação entre os seixos
estudados com um volume de vazios igual a 4,0 %, pelo fato que o seixo rolado
britado, como mostra o gráfico referente ao Vv% (Figura 18.b), apresenta um Vv%
superior ao valor de 4%. Logo conclui-se que as misturas onde houve utilização do
seixo rolado britado exigiram maior consumo de ligante asfáltico na mistura (7,0%) e
as misturas com seixo rolado (com 5,62 %) saiu-se melhor em todos os parâmetros
Marshall.
Resumindo, conclui-se que as misturas asfálticas com seixo rolado
apresentam propriedades apropriadas para camada de rolamento no que diz
52

respeito aos paramêtros da dosagem Marshall. Além de que elevado teor de asfalto
encontrado no seixo rolado britado, acabaria por encarecer a pavimentação, tendo
em vista que se trata do material mais nobre do pavimento.

Tabela 17 - Parâmetros Marshall para as amostras com seixo rolado e seixo rolado britado.
PARÂMETROS
SEIXO ROLADO
MARSHALL SEIXO ROLADO
BRITADO
TRADICIONAIS
TEOR ÓTIMO DE
5,62 7,0
ASFALTO (%)
DEN. APARENTE (g/cm³) 2,33 2,371
ESTABILIDADE (Kgf) 750 1086
FLUÊNCIA (mm) 2,72 2,60
VOLUME DE VAZIOS (%) 5,0 5,0
RBV (%) 71,0 75,8
VAM (%) 17,4 20, 59
Fonte - Produção dos autores.
53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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betuminosos – determinação do ponto de amolecimento. Rio de Janeiro, 2000.

COUTINHO NETO, Benedito - Avaliação do reaproveitamento de areia de fundição


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(SP) – dez. 2004.

DNER – DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM (1994).


Método de Ensaio DNER-ME 004/94, Materiais betuminosos – determinação da
viscosidade “Saybolt-Furol” a alta temperatura (ABNT-MB 517), 2p.

DNER – DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM (1997).


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Método de ensaio DNER-079/94, Agregados – adesividade a ligante asfáltico. Rio de


Janeiro, 1994. 12p.

Método de ensaio DNER-043/95, Misturas betuminosas a quente – ensaio Marshall.


Rio de Janeiro, 1995. 11p.

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Angeles”. Rio de Janeiro, 1998. 6p.
54

Método de ensaio DNER-148/94, Material betuminoso – determinação dos ponto de


fulgor e de combustão. Rio de Janeiro, 1994. 2p.

Método de ensaio DNER-081/98, Agregados – determinação da absorção e da


densidade de agregado graúdo . Rio de Janeiro, 1998. 6p.

Método de ensaio DNER-083/98, Agregados – análise granulométrica. Rio de


Janeiro, 1998. 5p.

Método de ensaio DNER-003/99, Material betuminoso – determinação da pentração.


Rio de Janeiro, 1999. 7p

SANTANA, Prof. Humberto – Manual de Pré-misturados a Frio – Instituto Brasileiro


do Petróleo – Agosto, 1993.

SENÇO, Wlastemir de. Manual de Técnicas de pavimentação. São Paulo: PINI,


1997. VOL. 1.

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