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VI CITS – Congresso de Inovação Tecnologia e Sustentabilidade

“Indústria 4.0 – Desafios e Oportunidades para o Maranhão”


7 a 9 de novembro de 2018
São Luis –MA

Viabilidade do uso do “Saco de Cimento” como fibra de concreto

Abner Pereira de Sousa¹; Leonardo Yuri Duarte¹; Lourdes Theresa Gomes Ferreira¹; Marylin Fonseca
Leal de Farias¹
1
Universidade Ceuma, São Luís, Maranhão, abnerp1998@gmail.com, yuribduarte@gmail.com,
l1998tg@hotmail.com

Resumo

A indústria da construção civil ainda que favoreça de forma satisfatória para o desenvolvimento
social e econômico do Brasil, é o setor que mais demanda dos recursos naturais e
consequentemente o maior gerador de resíduos sólidos. O material a ser analisado é o saco de
cimento, feito com um papel de alta resistência, o Kraft. Embora sua característica de resistência
ele é um resíduo com alto teor de poluição. Refere-se a uma revisão bibliográfica objetivando a
compreensão da necessidade da reciclagem dos resíduos oriundos da construção civil visando a
minimização dos impactos ambientais e a redução de custos de produção.

Palavras-Chaves: Resíduo sólido. Papel Kraft. Concreto. Reciclagem.

1 Introdução

A construção civil é considerada um dos setores que mais contribuem para a economia no
país e essa característica vem sendo favorecida atualmente devido as amplas oportunidades de
financiamento imobiliário. No entanto, sabe-se também que em paralelo a esse crescimento de
demanda habitacional, alavanca-se a quantidade de novas obras e consequentemente a geração de
resíduos da construção e demolição (RCD) que quando manuseados e dispostos de forma
inadequada podem ameaçar o equilíbrio ambiental.
Isso faz com que se pense em alternativas para a reutilização ou reciclagem de forma a
colocar esses resíduos novamente no ciclo da construção. Assim, o estudo visa a reciclagem dos
sacos de cimento produzidos com papéis Kraft, uma vez pertencendo à "Classe C", segundo a
classificação CONAMA Nº 307/02, esse resíduo está entre aqueles nos quais ainda não foram
desenvolvidas tecnologias ou aplicações que permitam sua reciclagem, embora possua
propriedades de alta resistência.
De acordo com Walachinski (2012, p. 2)

Nos dias atuais vem sendo utilizadas fibras industriais na produção de concreto
com o intuito de aumentar a resistência a flexão e diminuir a probabilidade de
patologias por retração. Em termo de desempenho dos concretos reforçados com
fibras está na eficiência do material como ponte de passagem de tensão entre as
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superfícies nas fissuras.

A reciclagem do saco de cimento trará benefícios ao meio ambiente e ao canteiro de obras,


pois haverá uma destinação para este resíduo e também trará melhorias nas condições técnicas do
concreto, porque eliminará patologias causadas por fissuras e onde faz-se necessário a utilização
de fibras.
Com o intuito de minimizar os resíduos lançados no meio ambiente, em especial o saco de
cimento, o estudo terá como finalidade dar síntese a um concreto com material reciclável, visando
alcançar a resistência média à compressão e, por conseguinte diminuindo custos em relação as
fibras industriais.

2 Metodologia

2.1 Material e métodos


O artigo desenvolvido seguiu por meio de uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil
(2008, p.50), “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos
científicos”. O tema foi delimitado, então realizou-se a busca por artigos que pudessem elucidar
e auxiliar sobre o tema proposto, fornecendo credibilidade e embasamento.
Artigos científicos sobre a temática foram acessados através do google. Para a seleção das
fontes, foram consideradas como critério de inclusão as bibliografias que abordassem a utilização
da embalagem de cimento na construção civil e também no concreto para melhoria de e
consequentemente a temática, e foram excluídas aquelas que não atenderam a temática.

2.2 Processamento e análise de dados

Nesta Etapa foi realizada uma leitura analítica com a finalidade de ordenar e sumariar as
informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitassem a obtenção de respostas ao
problema da pesquisa.
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3 Resultados e Discussão

Nas construções realizadas no maranhão é perceptível a grande geração de resíduos pelo


setor da construção civil. Nota-se que muitos destes resíduos são descartados incorretamente,
sem serem segregados e selecionados conforme sua classe. Portanto houve a preocupação
quanto a um destes resíduos que é disposto de forma inadequada e pode ameaçar o equilíbrio
ambiental: O saco de cimento feito com papel Karft.

Assim, perante a situação citada anteriormente, Nagalli (2014) afirma que, "O
gerenciamento dos resíduos da construção civil tem por intuito assegurar a correta gestão dos
resíduos durante as atividades cotidianas de execução das obras e dos serviços de engenharia.
Desta forma, este fundamenta-se essencialmente nas estratégias de não geração, minimização,
reutilização, reciclagem e descarte adequado dos resíduos, primando pelas estratégias de
redução da geração de resíduos na fonte” (Apud ALVES,2016, p.22).

De acordo com a Res.CONAMANº307/02

Resíduos da construção civil: “São os provenientes de construções, reformas,


reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos, Tais como: tijolos, blocos cerâmicos,
concreto em geral, solos, metais, resinas, colas, tintas, madeira se
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.”

Os resíduos sólidos da construção civil são classificados em:

CLASSE A: São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: De


construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura,
inclusive solos provenientes de terraplanagem; componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas,
placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de
peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de
obras;

CLASSE B: São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso;

Classe C: São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou


aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; (redação
dada pela Resolução n° 431/2011). Deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas; e

Classe D: São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como

tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde


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oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e


outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros
produtos nocivos à saúde. (Redação dada pela Resolução n°348/2004). Deverão ser
armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
(Nova redação dada pela Resolução 448/2012).

O saco de cimento se enquadra na “classe c” onde encontram-se os resíduos para os


quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que
permitam a sua reciclagem/recuperação. A preocupação de enquadrar estas embalagens em
alguma categoria é objetivada pela meta de colocá-la novamente na cadeia produtiva do canteiro
de obras minimizando assim os impactos ambientais provocados por este material, além de ser
uma alternativa que possa vir a substituir as fibras convencionais e, por conseguinte reduzir os
custos.

4 Conclusão

Através da metodologia utilizada, observou-se que o reuso do saco de cimento (papel


Kraft) como fibra na composição do concreto, garantiria propriedades parecidas com as fibras
industrializadas, como na eliminação de patologias causadas por fissuras. Além de minimizar o
lançamento desse material em local inadequado o que gera impacto ambiental, como pelo fato de
que o saco de cimento é descartado com quantidade de cimento ainda presente, e o mesmo demora
milhões de anos para se decompor, podendo contaminar as águas subterrâneas e o solo.
De acordo com (ALVES, 2016, p.45)

Para aproximadamente 50Kg de papel reciclado, poupa-se o corte de uma


árvore. Os papéis mais recomendados para reciclagem são aqueles que
apresentam resistência ao rasgo, desta forma o papel kraft é ideal para a
reciclagem, até mesmo por este não passar por processo de branqueamento.
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Referências
ALVES, L. S. (2016). Influência da adição de fibras de celulose (papel kraft) nas características dos blocos
de concreto não estrutural. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil, Publicação E.DM-
03A/16, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 129 p.

ALVES, L. S. (2016). Influência da adição de fibras de celulose (papel kraft) nas características dos blocos
de concreto não estrutural. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil, Publicação E.DM-
03A/16, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 129p.

BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE –


CONAMA. Resolução nº 07, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº
136, 17 de julho de 2002. Seção 1, p. 95-96.

DUTRA, M.L.; KOCHEM, K.; POSSAN, E. Aproveitamento de resíduos de papel Kraft e gesso na
produção de argamassas. 8° fórum internacional de resíduos sólidos. Jun. 2017.

GOMES, L.; SILVA, E.; SILVA, R.; Resíduos da construção civil: reaproveitamento do Kraft e utilização
do marketing verde. VII congresso norte nordeste de pesquisa e inovação. Out. 2012.

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