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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

(PEQ-UFS)

ANNE KARINE DE SOUZA NASCIMENTO SOARES

AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE DO PETRÓLEO NO MEIO POROSO

UTILIZANDO BIOSSURFACTANTES

São Cristovão (SE)

(2013)
ii

ANNE KARINE DE SOUZA NASCIMENTO SOARES

AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE DO PETRÓLEO NO MEIO POROSO

UTILIZANDO BIOSSURFACTANTES

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Química, como parte dos requisitos exigidos para

a obtenção do título de Mestre em Engenharia

Química.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Rodrigues Souza

São Cristovão (SE)

(Fevereiro - 2013)
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Soares, Anne Karine de Souza Nascimento


S676a Avaliação da mobilidade do petróleo no meio poroso utilizando
biossurfactantes / Anne Karine de Souza Nascimento Soares ; orientador
Roberto Rodrigues Souza. – São Cristóvão, 2013.
100 f. : il.

Dissertação (mestrado em Engenharia Química) – Universidade


Federal de Sergipe, 2013.

1. Engenharia química. 2. Processos químicos. 3. Petróleo –


Prospecção. 4. Compostos orgânicos. 5. Biossurfactantes. I. Souza,
Roberto Rodrigues de, orient. II. Título.

CDU 665.6:604.2:661.185
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iv
v
vi

Dedico esta conquista

ao meu esposo Sylvio

e minha filhinha

Bianca.
vii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo que tenho, tudo que sou e tudo que vier a ser.

Agradeço a meus pais, pela paciência, carinho e palavras de coragem.

A meu esposo Sylvio Soares e a minha filha Bianca, vocês são presente de Deus para

minha vida.

A minha irmã Sheila, essa conquista também é sua.

Aos meus irmãos Charles e Ana que mesmo distante torceram por mim.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Roberto Rodrigues, pelos ensinamentos e incentivo à

pesquisa.

E a todos os meus amigos, que estiveram comigo nesse período de luta e conquista.

Enfim, agradeço a muitos outros, aos quais, juntamente com esses, eu serei eternamente

grata.
viii

E ainda que eu tivesse o dom de profecia, e

conhecesse todos os mistérios e toda a

ciência, e ainda que tivesse toda fé, de

maneira tal que transportasse os montes, e

não tivesse amor, nada seria.


ix

RESUMO

Os biossurfactantes são compostos orgânicos que podem ser utilizados como redutores das

altas tensões interfaciais entre o óleo e a água contidos em rochas reservatório, e com isso

aumentar os índices de recuperação de óleo. Com objetivo de avaliar a mobilidade do

petróleo em meio poroso, foram analisadas as características do meio e dos fluidos,

simulando as condições reais de pressão e temperatura na produção de óleo em um poço,

seguindo a metodologia apresentada por Silva (2011) para produção de biossurfactante e

Curbelo (2006) para análise da recuperação do óleo. Como resultado das análises propostas

para o biossurfactante em estudo, foi determinada a concentração micelar crítica (CMC),

com valor de 50mg/L, apresentando estabilidade frente a elevadas temperaturas e altas

concentrações salinas. O meio poroso estudado apresentou uma porosidade em torno de

40% e uma permeabilidade de 27,69 mD. Na análise de recuperação de petróleo os

resultados foram satisfatórios, apresentando um fator de recuperação parcial de 19,36% e o

fator de recuperação total de 49,62 com a injeção de biossurfactante. Conclui-se, portanto,

que o Bacillus subtilis possui um grande potencial para utilização em processo MEOR.

Palavras chaves: Biossurfactante, petróleo, MEOR, rocha reservatório


x

ABSTRACT

The biosurfactants are organic compounds which can be used as reducing the high

interfacial tension between the oil and the water contained in reservoir rocks, and thereby

increasing the rate of oil recovery. In order to evaluate the mobility of oil in porous media,

we analyzed the characteristics of the medium and fluid, simulating the actual conditions

of pressure and temperature in the production of oil in a well, following the methodology

described by Silva (2011) for production of biosurfactant and Curbelo (2006) for analysis

of oil recovery. As a result of analysis proposed for biosurfactant study, the critical micelle

concentration (CMC) was determined with a value of 50mg / L, showing stability against

high temperature and high salt concentrations. The porous media studied showed a

porosity of around 40% and a permeability of 27.69 mD. In the analysis of oil recovery

results were satisfactory, showing a partial recovery factor of 19.36% and total factor

retrieval 49.62 with the injection of biosurfactant. Therefore, it is concluded that Bacillus

subtilis has a great potential for use in MEOR process.

Key word: Biosurfactant, oil, MEOR, reservoir rock.


xi

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... xiv

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ xv

1 – INTRODUÇÃO ………………………………………………………….... 01

2 - REVISÃO DA LITERATURA …………………………………………… 05

2.1 - EXTRAÇÃO DO PETRÓLEO E TÉCNICAS EMPREGADAS .......... 06

2.2 - PROPRIEDADES DA ROCHA E DOS FLUIDOS ............................... 10

2.2.1 – Porosidade ...................................................................................... 11

2.2.2 – Saturação ........................................................................................ 13

2.2.3 - Permeabilidade absoluta .................................................................. 16

2.2.4 - Permeabilidade efetiva .................................................................... 19

2.2.5 – Mobilidade ...................................................................................... 22

2.2.6 - Fator de resistência e fator de resistência residual .......................... 22

2.3 - BIOSSURFACTANTES E APLICAÇÃO NO ESCOAMENTO DE

PETRÓLEO .................................................................................................... 23

2.3.1 - Propriedades dos Biossurfactantes .................................................. 23

2.3.2 - Classificação dos Biossurfactantes .................................................. 24

2.3.3 - Surfactina produzidos por Bacillus subtilis ..................................... 27

2.3.4 - Mecanismos de ação dos biossurfactantes ...................................... 30

2.3.5 - Concentração Micelar Critica – CMC ............................................. 30


xii

3 – METODOLOGIA ………………………………………………………… 33

3.1 – PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE BIOSSURFACTANTE ........... 34

3.1.1 – Microrganismos .............................................................................. 34

3.1.2 – Inóculo ............................................................................................ 34

3.1.3 – Fermentação .................................................................................... 35

3.1.4 – Recuperação do biossurfactante ..................................................... 35

3.2 – AVALIAÇÃO DO BIOSSURFACTANTE ........................................... 36

3.2.1 – Determinação da CMC ................................................................... 36

3.2.2 – Efeito da salinidade ........................................................................ 36

3.2.3 – Efeito da temperatura ...................................................................... 36

3.3 – RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO ....................................................... 37

3.3.1 – Petróleo ........................................................................................... 37

3.3.2 – Meio poroso .................................................................................... 37

3.3.3 – Fluidos da rocha-reservatório ......................................................... 37

3.3.4 – Porosidade ...................................................................................... 38

3.3.5 – Etapas de injeção dos fluidos .......................................................... 40

3.3.6 – Determinação da quantidade de óleo recuperado ........................... 41

3.3.7 – Fator de recuperação parcial e total ................................................ 42

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ………………………………………… 44

4.1 – DETERMINAÇÃO DA CMC ............................................................... 45

4.2 – PROPRIEDADES FISICAS DOS FLUIDOS ....................................... 46

4.2.1 – Efeito da salinidade ........................................................................ 48

4.2.2 – Efeito da Temperatura .................................................................... 49


xiii

4.3 - RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO ....................................................... 51

4.3.1 – Porosidade ...................................................................................... 51

4.3.2 - Saturação da salmoura ..................................................................... 53

4.3.3 - Permeabilidade absoluta .................................................................. 54

4.3.4 - Permeabilidade Efetiva ao óleo ....................................................... 55

4.3.5 - Fator de Recuperação Parcial e Total .............................................. 56

5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES ………………………………………… 59

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………………….. 62


xiv

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 2.1 – Classificação da rocha em função da sua porosidade ....................... 12

Tabela 2.2 – Classificação do grau de permeabilidade da rocha ......................... 18

Tabela 2.3 – Classificação de biossurfactantes e microorganismos envolvidos .. 26

Tabela 3.1 - Dimensões dos cilindros utilizados no sistema para determinação

da porosidade ....................................................................................................... 39

Tabela 4.1 - Propriedades dos fluidos .................................................................. 47

Tabela 4.2 - Resultado da determinação do volume poroso ................................ 52

Tabela 4.3 - Resultado da determinação da saturação da salmoura ..................... 53


xv

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 2.1 – Diagrama dos métodos de recuperação de óleo (SEN, 2008) ......... 07

Figura 2.2 - Representação esquemática do espaço poroso preenchido por água,

gás e óleo (GUSTAVO, 2007) ............................................................................. 14

Figura 2.3 - Curva de permeabilidade efetiva versus saturação da água

(THOMAS, 2004) ................................................................................................ 19

Figura 2.4 -Estruturas de Surfactina (Adaptado COLLA, 2003) ......................... 27

Figura 2.5 -Determinação da CMC utilizando algumas propriedades físicas

(Adaptada MULLIGAN, 2001) ........................................................................... 31

Figura 3.1 - Esquema do porosímetro .................................................................. 38

Figura 4.1 - Curva para determinação da CMC ................................................... 46

Figura 4.2- Tensão superficial em função da concentração salina ...................... 48

Figura 4.3 - Tensão superficial em função da temperatura .................................. 50

Figura 4.4 - Determinação da porosidade ............................................................ 51

Figura 4.5 - Permeabilidade absoluta ................................................................... 54

Figura 4.6 - Permeabilidade absoluta ................................................................... 55

Figura 4.7 - Comparação nos métodos de recuperação do Petróleo .................... 57


CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
Capítulo 1 - Introdução 2

1 – INTRODUÇÃO

O petróleo é constituido basicamente por uma mistura de hidrocarbonetos que pode

ser encontrada nos estados líquidos e gasosos, a depender do tamanho das suas moléculas e

condições de pressão e temperatura.

Na natureza, quando encontrado, está presente nos poros das rochas, chamadas de

rochas reservatório, cuja extração consiste num dos principais desafios da indústria

petrolífera, uma vez que apenas uma pequena fração consegue ser retirada por elevação

natural, permanecendo a maior parte no interior da jazida.

A extração do petróleo existente nos reservatórios ocorre por diferentes métodos de

recuperação:

1) Método primário, onde o poço tem pressão suficiente para elevar o óleo contido

na rocha.

2) Método secundário, onde é necessário a injeção de outro fluido, como por

exemplo água, fazendo com que a pressão no reservatório aumente e o óleo seja

recuperado.

3) Método terciário, onde estão inclusos o metódo de recuperação avançada de

petróleo (Enhanced Oil Recovery - EOR) e o método de recuperação avançada de petróleo

melhorada por microorganismos (Microbially Enhanced Oil Recovery - MEOR).

Tendo em vista as novas descobertas de reservas de petróleo e a grande demanda

desta matéria prima em escala mundial, torna-se necessário a melhoria dos métódos de
Capítulo 1 - Introdução 3

recuperação existentes e/ou a criação de novos métodos com o objetivo de aumentar a

capacidade produtiva de cada poço.

Dentre as principais alternativas utilizadas na recuperação do petróleo, o uso de

biossurfactante aponta como uma das técnicas mais promissoras, pois trata-se de uma

tecnolgia de baixo impacto ambiental devido a sua biodegradabilidade e menor custo

quando comparado com as técnicas convencionais.

Com a aplicação do biosurfactante, espera-se que a tensão interfacial seja reduzida

de tal forma que gere um aumento na mobilidade do petróleo no meio poroso, fazendo com

que a recuperação do mesmo seja melhorada.

De acordo com a literatura, esse fator de recuperação produzido pela ação dos

biossurfactantes está em torno de 25%, apesar das condições extremas de temperatura, pH

e salinidade que são caracteristicas inerentes aos poços produtores, fato apresentado por

Barros et.al (2007a), que analisou as propriedades emulsificantes e estabilidade do

biossurfactante produzido por Bacillus subtilis, em manipueira.

O presente trabalho visa à avaliação da mobilidade do óleo num meio poroso,

através da utilização do método de recuperação terciário MEOR, utilizando–se o

biosurfactante do tipo surfactina, tendo como matéria prima a manipueira. Assim, o

objetivo principal foi avaliar a eficiência do biossurfactante, tipo surfactina, na recuperação

do óleo em meio poroso. Assim, visando alcançar a meta deste trabalho foram traçados os

seguintes objetivos específicos:

- Avaliar as caracteristicas fisico-químicas dos fluidos envolvidos (óleo e

biossurfactante);

- Avaliar a estabilidade do biossurfactante;


Capítulo 1 - Introdução 4

- Caracterizar o meio poroso utilizado; e,

- Calcular os fatores de recuperação, total e parcial, com isso comparar a eficiência

do método utilizado com o método convencional.

Este trabalho está constituido da revisão da literatura (próximo capítulo) que

destacará a extração do petróleo e as técnicas empregas, descrevendo as vantagens no uso

do bissurfactante sobre os surfactantes sintéticos e relacionando suas características,

aplicações industriais e ambientais. Apresentam-se também aspectos relacionados as

propriedades da rocha e dos fluidos no reservatório.

No capítulo 3 apresenta-se a metodologia de estudo desde a produção do

biossurfactante à sua utilização na recuperação do Petróleo. Já no capitulo 4 são

relacionados os resultados obtidos, como a determinação da concentração micelar crítica

(CMC), a porosidade, saturação da salmoura, a peremabilidade absoluta e efetita e por fim

o fator de recuperação parcial e total do oleo no meio poroso.

O fechamento deste material dá com a apresentação da conclusão e das referências

bibliográficas utilizadas neste estudo. Ressaltamos que este trabalho inseri-se na lacuna da

aplicação de bioprodutos na recuperação de petróleo em contraponto ao uso dos produtos

químicos.
CAPÍTULO 2

REVISÃO DA LITERATURA
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 6

2 – REVISÃO DA LITERATURA

2.1 - EXTRAÇÃO DO PETRÓLEO E TÉCNICAS EMPREGADAS

O petróleo constitui-se numa combinação complexa de hidrocarbonetos, composta

na sua maioria de hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo conter

também quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons

metálicos, principalmente de níquel e vanádio.

Esta categoria inclui petróleos leves, médios e pesados, assim como os óleos

extraídos de areias impregnadas de alcatrão. Materiais hidrocarbonatados que requerem

grandes alterações químicas para a sua recuperação ou conversão em matérias-primas para

a refinação do petróleo, tais como óleos de xisto crus, óleos de xisto enriquecidos e

combustíveis líquidos de hulha, não se incluem nesta definição.

O petróleo é um recurso natural abundante, porém sua pesquisa envolve elevados

custos e complexidade de estudos. É atualmente a principal fonte de energia, servindo

também como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais destacam-

se benzinas, óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo

medicamentos.

Diversas são as etapas necessárias à produção do petróleo, dentre elas destaca-se

principalmente a etapa de extração, representando um grande desafio para a indústria

petrólifera, tendo em vista a forma na qual este óleo se encontra na Natureza, ou seja,

principalmente nas bacias sedimentares (onde se encontram meios mais porosos -

reservatórios), mas também em rochas do embasamento cristalino.


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 7

Os hidrocarbonetos, portanto, ocupam espaços porosos nas rochas, sejam eles entre

grãos ou fraturas, o que torna a sua extração um processo bastante complexo e que na

maioria das vezes requer técnicas específicas para obtenção da máxima capacidade

produtiva de um determinado campo petrolífero. Desta forma, novos estudos relacionados

às técnicas de extração tem sido realizado atualmente, com o intuito de aumentar a

eficiência de recuperação do petróleo.

Para a extração do petróleo de uma rocha reservatório, são necessários a aplicação

dos métodos de recuperação, que sequencialmente são: Recuperação primária,

Recuperação secundária e, por fim, os métodos de Recuperação Terciária. A recuperação

terciária é aplicada quando os métodos primários e secundários não apresentam mais

eficiência na recuperação. Neste método o petróleo é produzido de forma asssitida por

outras fontes de energia e/ou efeitos físicos, químicos e biológicos, é considerado um

método de recuperação especial.

Os métodos especiais de recuperação podem ser distribuidos em categorias:

métodos químicos, térmicos, miscíveis e outros, conforme apresentado na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Diagrama dos métodos de recuperação de óleo (SEN, 2008)


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 8

GODEC et al. (2011), avaliaram o uso de CO2 na Recuperação Avançada de

Petróleo (CO2-EOR), com o objetivo de compreender melhor o potencial e as limitações

oferecidas pelo sistema CO2-EOR, uma das técnicas avançadas utilizadas na recuperação

do petróleo. O estudo realizado abordou três questões principais:

(1) O potencial mundial de recursos de petróleo e a capacidade de armazenamento

de CO2 associado, oferecido por CO2-EOR, hoje e no futuro?

(2) Que fatores têm facilitado ou dificultado a implantação em larga escala de CO2-

EOR? e,

(3) O conjunto de ações que pode aumentar significativamente o potencial de

armazenamento da aplicação integrada de CO2-EOR e armazenamento de CO2?

O estudo concluiu que o CO2-EOR não é um fenômeno novo, e que em escala

comercial, CO2-EOR está em andamento há mais de 30 anos em campos de petróleo

geologicamente favoráveis, com CO2 acessível. A experiência CO2-EOR nos EUA e

noutros locais mostra que o CO2-EOR é bem sucedida em campos de petróleo, que:

(1) satisfazem os critérios técnicos para alcançar miscibilidade (principalmente

profundidade e composição de óleo);

(2) tem petróleo não recuperado pelo método primário e secundário;

(3) tem acesso a fontes confiáveis de CO2 a custos acessíveis;

(4) estão sendo desenvolvidas em locais cujos operadores possuem conhecimento

técnico e em locais que possuem interesse comercial na busca de CO2-EOR; e,


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 9

(5) podem beneficiar de incentivos governamentais que promovem projetos CO2-

EOR.

Por outro lado, o uso do método de recuperação avançada de petróleo melhorada

por microorganismos (Microbially Enhanced Oil Recovery - MEOR), tem avançado

bastante nos últimos anos, principalmente por apresentar baixo custo, devido ao menor

consumo de energia quando comparado com EOR e baixo impacto ambiental.

GUDIÑA et al. (2012), isolaram e estudaram microorganismos presentes em

amostras de óleo bruto para a aplicação na MEOR. Neste trabalho, o isolamento e

identificação de microrganismos capazes de produzir biossurfactantes e promover a

degradação de cadeia longa n-alcanos em condições existentes em reservatórios de

petróleo foram abordados.

Entre os microorganismos isolados, cinco cepas de Bacillus foram capazes de

produzir biosurfactantes extracelulares a 40 °C sob condições anaeróbicas em meio

suplementado com hidrocarbonetos. Três cepas isoladas foram selecionadas como maiores

produtoras de biossurfactantes. Os biossurfactantes obtidos reduziram a tensão superficial

da água 72-30 mN/m, exibiram atividade emulsionante e não foram afetados por exposição

a temperaturas elevadas (121 °C).

Essas características os tornam bons candidatos para uso em condições

normalmente existentes em reservatórios de petróleo. Além disso, o estudo demonstrou

pela primeira vez que as cepas de Bacillus são capazes de degradar as grandes cadeias de

alquil e de reduzir a viscosidade de misturas de hidrocarbonetos em condições anaeróbias.

Os resultados obtidos mostram que os microorganismos isolados são candidatos

promissores para o desenvolvimento de processos de recuperação melhorada de petróleo.


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 10

2.2 - PROPRIEDADES DA ROCHA E DOS FLUIDOS

Denomina-se de reservatório a rocha com porosidade e permeabilidade adequadas à

acumulação de petróleo, quando enquadradas por rochas impermeáveis, que impedem a

migração, designadas por rochas de cobertura. Este conjunto reservatório-cobertura é

designado por armadilha e é, geralmente, ocupado pelos aquíferos no seio dos quais se

encontram o petróleo e o gás. No caso dos hidrocarbonetos serem compostos por gás e

petróleo, o gás, menos denso, encontra-se por cima do petróleo, mais denso.

Os reservatórios são constituídos por rochas que apresentam vazios, poros e

fissuras interligados e onde podem circular os hidrocarbonetos e a água. As suas

características petrofísicas são o resultado de toda a história geológica daqueles sedimentos

e em particular das condições de sedimentação e dos fenômenos de diagênese. Se as

camadas sedimentares que cobrem a rocha reservatório não forem impermeáveis, os

hidrocarbonetos ascendem à superfície da crosta terrestre, oxidam-se e dispersam-se.

Porém, este caso é pouco frequente. O mais frequente é existirem, no subsolo, uma

sobreposição de camadas porosas e permeáveis e de camadas impermeáveis.

A maior parte das reservas conhecidas encontra-se em arenitos e rochas

carbonáticas, embora acumulações de petróleo também ocorram em folhelhos,

conglomerados ou mesmo em rochas ígneas e metamórficas. As rochas reservatório

dividem-se em duas grandes famílias, os reservatórios detríticos, na sua grande maioria

siliciosos (areias e grés), e os reservatórios carbonatados, calcários e dolomitas. Uma

rocha-reservatório, de maneira geral, é composta por grãos ligados uns aos outros por um

material, que recebe o nome de cimento. Também existe entre os grãos outro material
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 11

muito fino chamado matriz. Normalmente existe comunicação entre os poros de uma

rocha. Porém, devido à cimentação, alguns poros podem ficar totalmente isolados.

As propriedades da rocha e dos fluidos são importantes, pois elas determinam as

quantidades dos fluidos existentes no meio poroso, a sua distribuição, a capacidade desses

fluidos se moverem e, mais importante de todas, a quantidade de fluidos que pode ser

extraída.

2.2.1 - Porosidade

A porosidade nada mais é do que a relação entre o volume de vazios e o volume

total de uma rocha. O valor da porosidade pode ser expressa em porcentagem.

A porosidade é uma propriedade importante, pois ela mede a capacidade que a

rocha tem em armazenar os fluidos, seja esses espaços ocupados por gás ou líquido.

Segundo Thomas (2004), a porosidade de uma rocha é definido por:

, (2.1)

e o volume total da rocha é dado pela soma

(2.2)
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 12

Onde: é a porosidade; é o volume total da rocha; é o volume poroso

(volume de espaços vazios); é o volume de sólidos.

A porosidade absoluta corresponde a relação entre o volume de todos os poros,

interconectados ou não, e o volume total da rocha. Enquanto que a porosidade efetiva

exprime a relação entre o volume dos poros interconectados e o volume total da rocha, que

é parâmetro mais importante para engenharia de reservatórios, pois representa o máximo

de fluidos que pode ser extraído da rocha (THOMAS, 2004).

Na Tabela 2.1, Gustavo (2007) apresenta algumas classificações da rocha em

função da sua porosidade.

Tabela 2.1 – Classificação da rocha em função da sua porosidade

Porosidade %

5-10 Muito baixa

10-15 Baixa

15-20 Média

20-25 Boa

25-30 Muito boa

Fonte: Gustavo, 2007


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 13

Ainda segundo Gustavo (2007), a porosidade em uma rocha reservatório pode ser

classificada como:

• intergranular - poros se originam do afastamento natural entre os grãos no período

da deposição (comum em arenitos);

• intragranular de dissolução - os poros que se originaram da abertura de espaços

por dissolução química (comum aos carbonatos);

• intercristalina – geradas pelas modificações mineralógicas (comum aos

dolomitos); e,

• de fratura - dos fraturamentos de qualquer tipo.

2.2.2 - Saturação

A saturação é percentual do volume poroso ocupado por cada fluido, seja ele, gás,

água ou óleo. É de grande importância econômica o conhecimento desta propriedade.

(NAVEIRA, 2007)

Thomas (2004) expressa essas relações através das equações apresentadas abaixo:

Saturação de Óleo: (2.3)

Saturação de Gás: (2.4)


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 14

Saturação de água: (2.5)

(2.6)

A saturação do petróleo é igual ao volume de petróleo por unidade de volume

poroso ( ) (expressa em porcentagem) e nunca será de 100%, dada a presença de água no

volume poroso (BATISTA, 2008).

A Figura 2.2 apresenta uma representação esquemática de uma meio poroso

saturado com água, óleo e gás.

Figura 2.2 - Representação esquemática do espaço poroso preenchido por água, gás e óleo

(Gustavo, 2007)
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 15

A distribuição dos fluidos na rocha vai depender da afinidade dos fluidos com a

rocha reservatório, e quanto maior a saturação mais fácil será o escoamento.

BOLIN e YOUGI (2011) desenvolveram um estudo sobre as características de um

reservatório de baixa saturação de óleo, onde os resultados demonstraram que as

características de filtração dos reservatórios de baixa saturação de petróleo são,

obviamente, diferentes dos reservatórios convencionais.

A performance do desenvolvimento e os fatores de influência para reservatórios de

baixa saturação de petróleo foram estudadas, utilizando um modelo físico de um grande

laboratório de modelagem e simulação numérica, afim de combinar e estabelecer a fórmula

empírica de variação da água produzida. No processo de simulação numérica, o efeito do

limite da pressão sobre a filtração em relação aos reservatórios de baixa permeabilidade foi

considerado, o que tornou os resultados mais realistas.

De acordo com os resultados não houve nenhum período de recuperação de

petróleo sem água para reservatórios de baixa saturação de petróleo. A água produzida

aumentou rapidamente no início e caiu um pouco antes do período de produção de

petróleo, onde a água produzida estabilizou-se. Os resultados mostraram que, quanto maior

a saturação inicial de água, mais curto é o tempo de produção com água produzida estável.

A recuperação mudou muito com o gradiente de pressão de injeção/produção

quando este foi próximo do limite do pseudo gradiente de pressão. A recuperação mudou

pouco e até mesmo ocorreu sem alteração, com o gradiente de injecção/produção, quando

este era muito maior do que o pseudo gradiente da pressão limiar. Houve uma correlação

positiva entre o grau de recuperação e a taxa de injeção de água quando o gradiente de

pressão de injeção / produção foi menos do que o gradiente de pressão pseudo limiar.
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 16

2.2.3 - Permeabilidade absoluta

Para que em uma rocha, os hidrocarbonetos contidos dentro dos poros sejam

extraídos, devem existir condições para que esses fluidos possam se movimentar através

dos poros e chegar aos poços por meio dos quais poderão alcançar a superfície.

Os fluidos percorrem o que se poderia chamar de “canais porosos”. Quanto mais

cheios de estrangulamentos, mais estreitos e mais tortuosos forem esses canais porosos,

maior será o grau de dificuldade para os fluidos se moverem no seu interior. Por outro

lado, poros maiores e mais conectados oferecem menor resistência ao fluxo de fluidos

(THOMAS, 2004).

A permeabilidade mede a capacidade de uma rocha permitir o fluxo de fluidos.

Quando existe apenas um único fluido saturando a rocha, esta propriedade recebe o nome

de “permeabilidade absoluta” (k). Já na permeabiliade efetiva (kefetiva), esta avaliação é

feita na presença de mais de um fluido. A unidade de medida que representa a

permeabilidade é o D (Darcy), com isso, é possível estimar vazões de produção em várias

épocas da vida do reservatório, o comportamento das pressões, além de outras

caracteríticas (THOMAS, 2004; CURBELO, 2006).

Diversos estudos em rochas reservatórios de baixa permeabilidade têm sido

desenvolvidos. GHOJAVAND et al. (2011), estudaram a recuperação avançada de petróleo

a partir de núcleos de baixa permeabilidade dolomítica, utilizando biossurfactante

produzida por um Bacillus mojavensis (PTCC 1696). Uma cepa de Bacillus mojavensis

(PTCC 1696), que foi isolada a partir de um campo de petróleo iraniano foi utilizado para

produzir um biossurfactante lipopeptídico.


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 17

A medição da atividade de superfície com método de desprendimento do anel De

Nouy mostrou que este biotensioativo é capaz de reduzir a tensão superficial dos meios de

comunicação e a tensão interfacial entre fase aquosa e n-hexadecano para 26,7 e 0,1 mN /

m, respectivamente. Os testes de inundação do núcleo foram realizados para avaliar a

recuperação de petróleo de reservatórios carbonáticos por este biossurfactante

lipopeptídico.

Estes testes foram realizados em condições de reservatório utilizando núcleos de

baixa permeabilidade dolomítica, onde ocorre a formação de petróleo bruto e de

reservatório de salmoura. As experiências mostraram que o biotensioativo estudadoo pode

ser considerado como uma técnica de recuperação de petróleo das formações de carbonato.

Os resultados obtidos no presente estudo mostraram que o potencial do biossurfactante

produzido por Bacillus para recuperação avançada de petróleo pode ser usado até mesmo

em reservatórios de baixa permeabilidade.

Por definição, um Darcy é a permeabilidade de uma rocha na qual um gradiente de

pressão de 1 atm/cm promove a vazão de 1 cm³/s de um fluido de viscosidade 1 centipoise

através de 1 cm² de área aberta ao fluxo (THOMAS, 2004).

Em 1856, Darcy realizou uma experiência, que chegou a seguinte equação:

(2.7)

Onde “μ” representa a viscosidade do fluido, “L” o comprimento do meio poroso e

a seção reta (área aberta ao fluxo) é representada por “A”. Segundo a equação, a vazão “q”
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 18

através do meio poroso é diretamente proporcional à área aberta ao fluxo, ao diferencial de

pressão (P1 – P2) e inversamente proporcional ao comprimento e à viscosidade. A

permeabilidade é uma constante de proporcionalidade característica do meio poroso.

Segundo Gustavo (2007), os valores de permeabilidade são classificados pelos

seguintes intervalos (Tabela 2.2):

Tabela 2.2 – Classificação do grau de permeabilidade da rocha

Permeabilidade (md)

1 Baixíssima

1-10 Baixa

10-100 Regular

100-1000 Boa

1000 ou mais Ótima

Fonte: Gustavo, 2007

A compactação e a cimentação são exemplos de fenômenos geológicos que podem

afetar a porosidade e a permeabilidade das rochas. Em contrapartida, existem outros

fenômenos que podem aumentá-las, como, por exemplo: o fraturamento, a dissolução e

recristalização.
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 19

2.2.4 - Permeabilidade efetiva

A permeabilidade efetiva é a facilidade com que cada fluido existente no meio

poroso se move (NAVEIRA, 2007). Por exemplo, se em um meio poroso estão fluindo

água e óleo, tem-se permeabilidade efetiva à água e permeabilidade efetiva ao óleo. Assim,

as permeabilidades efetivas ao óleo, ao gás e à água têm por símbolos , e ,

respectivamente (CURBELO, 2006).

As permeabilidades efetivas aos fluidos dependem das saturações de cada um dos

fluidos no meio poroso. A cada valor de saturação de um fluido corresponde um valor de

permeabilidade efetiva àquele fluido. A Figura 2.3 apresenta curvas de permeabilidade

efetiva ao óleo e à água em função da saturação de água.

Figura 2.3 - Curva de permeabilidade efetiva versus saturação da água (THOMAS, 2004)
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 20

Considerando um experimento no qual se injeta óleo continuamente em uma das

bases de um meio poroso cilíndrico, inicialmente 100% saturado de água, a injeção se

processa de tal forma que os fluidos produzidos (óleo e água) são coletados na face oposta.

Enquanto o volume de óleo injetado é suficientemente pequeno, o óleo não forma uma fase

contínua e não consegue fluir (sua permeabilidade efetiva é nula). Nesta fase, apenas a

água é produzida.

Apesar de imóvel, a presença do óleo, mesmo em quantidades pequenas, reduz o

espaço para a água se deslocar, fazendo com que sua permeabilidade efetiva seja inferior à

permeabilidade absoluta do meio poroso. A partir de uma certa saturação de óleo

denominada de “crítica”, o óleo começa a fluir, iniciando um fluxo bifásico água – óleo. À

medida que a injeção de óleo continua e a sua saturação aumenta, cresce, enquanto

decresce. O experimento termina quando a saturação de água atinge um valor tal que ela

pára de fluir, chamada de saturação irredutível (correspondente à igual a zero). A partir

deste ponto haverá apenas fluxo de óleo.

Considerando agora o processo inverso, ou seja, o meio poroso inicialmente 100%

saturado com óleo no qual injeta-se continuamente água. A água começa a fluir somente

quando a sua saturação irredutível for atingida. Quanto ao óleo, a saturação vai

decrescendo até atingir a chamada “saturação de óleo residual” ( ), quando então pára de

fluir.(THOMAS, 2004)

BURGISSER, Alain (2012) desenvolveu um método semi-empírico para calcular a

permeabilidade de um material piroclástico homogeneamente fluidizado. Petrologicamente

os piroclastos são fragmentos de rocha ígnea, solidificados em algum momento da erupção,

ou mais frequentemente durante o seu percurso aéreo, ou arrancados no estado sólido por

abrasão do material geológico existente ao longo das condutas eruptivas. Este trabalho
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 21

postula que materiais altamente polidispersos têm uma distribuição de tamanho efetivo que

controla a permeabilidade.

Os resultados obtidos demonstram que a existência de tal distribuição eficaz

efetiva, implica que nem todos os clastos participam da rede permeável, resistindo ao

escoamento de gás e que os clastos menores do que a dimensão mínima eficaz passaram

por um elutriador. O estudo mostra que, quando este conceito é acoplado a uma equação

generalizada de Blake-Kozeny, a resultante é uma lei semi-empírica que relaciona a

permeabilidade às propriedades do material (fração de leito vazio, tamanho dos clastos e

densidades).

Após o ajuste da constante experimental, a permeabilidade mensurada tanto em

leitos levemente compactados quanto em leitos expandidos feitos de depósitos de materiais

piroclásticos altamente polidispersados (a partir de 1 um a 4 mm) foi reamostrada a fim de

assegurar a fluidização homogênea. A presença de uma constante experimentalmente

ajustada e a ausência de segregação durante a fluidização limita a extrapolação da lei

proposta, diretamente apliacada a qualquer leito piroclástico.

Um ajuste satisfatório dos valores experimentais, no entanto, confirma que a

permeabilidade de leitos fluidizados homogeneamente é controlada por um equilíbrio entre

a deposição e elutriação, este equilíbrio sugere uma ligação de primeira ordem entre a

expansão do leito e a permeabilidade, o que tem implicações na cinética fluxos

piroclásticos densos.
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 22

2.2.5 - Mobilidade

A mobilidade de um fluido é definida como a relação entre a sua permeabilidade

efetiva e a sua viscosidade. Por exemplo, a mobilidade do óleo (fluido deslocado) é dada

por e a da água (fluido injetado) por . Assim como as

permeabilidades efetivas, as mobilidades também dependem das saturações.

A razão de mobilidades é definida pela razão . Observa-se que quanto maior

for a razão de mobilidade menor será a eficiência de deslocamento de óleo, uma vez que,

devido à sua maior mobilidade, o fluido injetado tenderá a “furar” o banco de óleo, criando

caminhos preferenciais entre os poços injetores e os produtores.

2.2.6 - Fator de resistência e fator de resistência residual

Segundo Curbelo (2006), o efeito da redução da mobilidade por meio do aumento

da viscosidade da água ( ) e da diminuição da permeabilidade da água ( ) e a

mobilidade da solução injetada ( ) é descrita pelo fator de resistência dado pela Equação

2.8 e a redução da permeabilidade é descrita pelo fator de resistência residual que é

definido como a relação entre a mobilidade da água antes e depois da injeção da solução

utilizada, conforme Equação 2.9.

(2.8)
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 23

(2.9)

Onde: é a permeabilidade da água antes da injeção e depois da injeção;

é a permeabilidade da solução injetada e é a viscosidade da solução injetada.

2.3 - BIOSSURFACTANTES E APLICAÇÃO NO ESCOAMENTO DE PETRÓLEO

Existem duas classes principais para os surfactantes: surfactantes sintéticos e

biossurfactantes. Os surfactantes sintéticos são produzidos através de reações químicas

orgânicas, enquanto que o os biossurfactantes são produzidos por processos biológicos

separados extracelularmente por microorganismos, tais como bactérias, fungos e leveduras

(PORNSUNTHORNTAWEE at all., 2008).

2.3.1 - Propriedades dos Biossurfactantes

Segundo Kosaric (2001) as vantagens dos biossurfactantes quando comparados aos

surfactantes sintéticos são diversas, dentre elas podemos citar:

 Biodegradabilidade;

 Geralmente baixa toxicidade;

 Biocompatibilidade e biodigestibilidade - que permitem suas aplicações em

cosméticos, produtos farmacêuticos e como aditivos em alimentos;


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 24

 Disponibilidade de matéria-prima – Biossurfactantes podem ser produzidos

por matéria-prima de baixo custo que são disponíveis em grandes quantidade. O

carbono pode vir dos hidrocarbonetos, carboidratos e/ou lipídios, que pode ser

usado separadamente ou em combinação entre eles;

 Especificidade – Biossurfactantes são moléculas orgânicas complexas, com

grupos funcionais específicos, são frequentemente usados nessas ações –

desemulsificação de emulsões industriais, cosméticos específicos, farmacêutico e

aplicações em alimentos;

 Uso em biorremediação de locais impactados por óleo e biodegradação e

detoxificação de efluentes industriais; e,

 Eficácia - em condições extremas de temperatura, PH e salinidade.

2.3.2 - Classificação dos Biossurfactantes

A classificação dos biossurfactantes é baseada na sua composição química e sua

origem microbiana, diferentemente dos surfactantes químicos, que são classificados

conforme a natureza do seu grupamento polar (DESAI & BANAT, 1997).

De uma maneira geral, eles podem ser divididos em dois grandes grupos:

biossurfactantes de alta massa molar e biossurfactantes de baixa massa molar. Os

biossurfactantes de alta massa molar incluem um grande número de compostos poliméricos

extracelulares constituídos de polissacarídeos, proteínas, lipopolissacarídeos, lipoproteínas

ou misturas complexas desses biopolímeros (RON & ROSENBERG, 2002).


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 25

Os mais bem estudados representantes dessa classe são Biodispersan, Emulsan e

Liposan® (Primex, Islândia) sendo todos complexos de polissacarídeos com proteínas. O

segundo grupo inclui, além dos ácidos graxos, fosfolipídeos e lipídeos neutros, os

lipopeptídeos e os glicolipídeos. Os lipopeptídeos mais pesquisados incluem a surfactina,

estreptofactina e polimixinas, enquanto que os glicolipídeos mais estudados são os

trealolipídeos, soforolipídeos e os ramnolipídeos (RON & ROSENBERG, 2002; DESAI &

BANAT, 1997).

A Tabela 2.3 apresenta uma classificação dos biossurfactantes de acordo com o tipo

e relaciona o microorganismo envolvido na produção do mesmo.

Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos utilizando diferentes tipos de

biossurfactantes na recuperação do óleo residual. Wen-Jie Xia ET AL (2011) realizaram

estudo comparativo de biossurfactantes produzido por pseudomanas aeruginosa, Bacillus

subtilis e Rhdococcus erythropolis isolados de um reservatórios de petróleo chinês, com

objetivo de avalaiar a redução da tensão superficial e consequentemente a eficiência da

recuperação do óleo. Os resultados mostraram que a máxima concentração de

biossurfactantes foi alcançada pelo pseudomanas aeruginosa.

Segundo Yan P at AL (2012), o biosurfactante Pseudomonas aeruginosa F-2 tem

potencial para aplicações industriais e pode ser usado na recuperação de óleo a partir de

borras oleosa, apresentando um desempenho satisfatório.

Batista (2006) realizou estudo de extratos de biossurfactantes (EB) produzidos em

anaerobiose por subtilis LBBMA 155 e BacilIus subtilis spizizenii LBBMA 258 pode

observar que eles são efetivos na mobilização de óleo pesado em núcleos porosos de areia

e com potencial de utilização na recuperação avançada melhorada por microrganismos.


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 26

Tabela 2.3 – Classificação de biossurfactantes e microorganismos envolvidos.

MICROORGANISMO
TIPO DE BIOSSURFACTANTE
ENVOLVIDOS
Glicolipídeos
Rhamnolipídeos Pseudômonas aeruginosa
Soforolipídeos Torulopsis bombicola, T. apícola
Trehalolipídeos Rhodococcus erythropolis,
Mycobacterium sp
Lipopeptídeos e lipoproteínas
Peptídeo-lipídeo Bacillus licheniformis
Viscosina Pseudomonas fluorescens
Serrawetina Serratia marcescens
Surfactna Bacillus subtilis
Subtilisina Bacillus subtilis
Gramicidina Bacillus brevis
Polimixina Bacillus polymyxa
Ácidos graxos, lipídeos neutros e fosfolipídeos
Ácidos graxos Corynebacterium lepus
Lipídeos neutros Nocardia erythropolis
Fosfolipídeos Thiobacillus thiooxidans
Surfactantes poliméricos
Emulsan Acinetobacter calcoaceticus
Biodispersan Acinetobacter calcoaceticus
Liposan Candida lipolytica
carboidrato-lipideo-proteína Pseudômonas fluorescens
Mana-lipídeo-proteína Candida tropicalis
Surfactantes particulados
Vesículas Acinetobacter calcoaceticus
Células Varias bactérias
Fonte: DESAI & BANAT, 1997 apud Nitschke, 2004.
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 27

O comportamento do biossurfactante Surfactina produzida pelo bacillus subtilis no

método de recuperação de petróleo, é objetivo do presente trabalho.

2.3.3 - Surfactina produzidos por Bacillus subtilis

Bacillus subtilis produz um biossurfactante lipopeptídico conhecido como

surfactina, capaz de reduzir a tensão superficial da água de 72,3 para 27 mN/m e a tensão

interfacial óleo-água de injeção para valores abaixo de 0,01 mN/m, com CMC variando

entre 25 e 180 mg L-1 (COOPER,1981; LIN et al., 1994; MORIKAWA et al., 2000;

BARROS et al., 2007a; LIMA, 2008).

Os biossurfactantes produzidos por Bacillus subtilis possuem estrutura química

similar, porém há evidências de diferenças quanto aos seus aminoácidos e ácidos graxos

(MCINERNEY et al., 2005). Pequenas variações na estrutura química afetam a atividade

desses compostos (MORIKAWA et al., 2000). Na Figura 2.4 está representada a estrutura

da surfactina.

Figura 2.4 -Estruturas de Surfactina (Fonte: Adaptado Colla, 2003)


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 28

Vários estudos destacam a ação da surfactina, em razão do seu potencial em reduzir

a tensão superficial e interfacial (COOPER et al., 1981; LIN 1996; SEN et al.,1997). Sua

molécula é composta de um heptapeptídeo cíclico ligado a uma molécula de ácido graxo β-

hidróxi, sendo que esta pode variar de 13-15 átomos de carbono (SULLIVAN, 1998;

BARROS et al., 2007a). O principal ácido graxo conjugado é o ácido 3 hidroxi-13-metil-

tetradecanóico ligado por ligação lactona, tal como os demais (BARROS et al., 2007a.).

Segundo Sullivan (1998), os genes que regulam a produção de surfactina são

regulados por dois sistemas de quorum sensing, sendo que um deles possui habilidade para

monitorar a densidade celular. Assim, a produção de surfactina é diretamente proporcional

à densidade celular, sendo a produção ótima alcançada após a fase log.

Em outros estudos, Sepahy (2005) observou que Bacillus spp., isolados de amostra

de petróleo e água de injeção, não variaram a taxa de crescimento até 50 ºC, mas acima

dessa temperatura a taxa de crescimento influenciada negativamente. Ohno (1995) também

relatou o decréscimo da densidade celular de Bacillus subtilis com o aumento da

temperatura - em experimentos de fermentação em estado sólido - e que a concentração de

surfactina foi proporcional ao número final de células viáveis. O autor descreve ainda a

influência da temperatura na produção de surfactina – com faixa ótima entre 35 ºC a 45 ºC

– e no tamanho da cadeia de ácidos graxos da molécula de Iturina, fato também reportado

por Kaneda (1991) para linhagens de Bacillus subtilis.

Makkar & Cameotra (1998) observaram que linhagens de Bacillus subtilis

produtoras de biossurfactante foram capazes de crescer em altas concentrações de NaCl

(4%) e ampla faixa de pH (4,5-10,5), e que os biossurfactantes produzidos nessas

condições propiciaram a recuperação de 56 % a 62% do óleo (> 31 ºAPI) contido em


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 29

núcleos porosos de areia. A pesquisa demonstrou que Bacillus subtilis é, em princípio, uma

espécie apta à utilização em MEOR.

Morais (2012) através de estudos para obtenção de biossurfactantes a partir de

substratos de baixo custo verificou que o processo fermentativo com óleo residual de

fritura e manipueira como substratos apresentaram maiores índices de reduções na tensão

superfacial da água e percentual de biorremediação de petróleo em areia de praia

contaminada em cerca de 81%, quando comparados com outras fontes de carbono como a

vinhaça e a glicose.

McInerney et al. (2005) avaliaram diferentes combinações de biossurfactantes, com

o objetivo de reduzir a tensão interfacial óleo–fase aquosa e visando a uma possível

aplicação na MEOR. Os resultados mostraram que 14 das 23 combinações foram capazes

de reduzir a tensão interfacial (TIF) óleo-solução aquosa de biossurfactante, provavelmente

em razão da formação de uma estrutura micelar mais efetiva na mobilização do óleo do

que a estrutura observada para o biossurfactante isolado, fato já amplamente demonstrado

para surfactantes sintéticos (AKBAS et al., 2000; SABATINI et al., 2000).

Os biosurfactantes possuem potencial para aplicações em recuperação avançado do

petróleo e podem ser utilizados como bons substitutos dos agentes surfactantes sintéticos,

no futuro (GHOJAVAND, et al 2012)

Nos estudos realizados por Amani at al (2010) utilizando também Bacillus subtilis

conseguiram aumentar a quantidade de recuperação em 25%. Dastgheib at al. (2008)

também apresentaram em seus estudos uma remoção em torno de 22% para parafina

líquida utilizando B. licheniformis ACO1.


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 30

2.3.4 - Mecanismos de ação dos biossurfactantes

Os biossurfactantes apresentam moléculas com porções hidrofóbicas e hidrofílicas

que tendem a se distribuir nas interfaces entre fases fluídas com diferentes graus de

polaridade (óleo/água e água/óleo). Estas propriedades promovem a redução da tensão

superficial e interfacial, conferindo a capacidade de detergência, emulsificação,

lubrificação, solubilização e dispersão de fases (NITSCHKE, M. & PASTORE, G. M,

2002).

2.3.5 - Concentração Micelar Critica - CMC

A CMC é definida como sendo a solubilidade de um surfactante dentro da fase

aquosa ou a concentração mínima requerida para atingir mais baixa tensão superficial ou

interfacial (GOUVEIA, E. R . at al, 2003) onde, a partir dessa concentração, inicia-se a

formação de micelas, que conferirá as propriedades de detergência e solubilização de

compostos hidrofóbicos (Figura 2.5).

Em concentrações acima da CMC, o tensoativo aumenta a solubilidade de

compostos orgânicos com baixa solubilidade em água, sendo o composto incorporado no

interior da micela; contudo, as tensões superficial e interfacial da solução permanecem

quase constantes. Quanto menor é o valor de CMC, maior a eficiência do biossurfactante

(MULLIGAN, 2005; CHRISTOFI & IVSHINA, 2002). Sendo assim, pode-se dizer que a

CMC é uma importante característica dos surfactantes no que diz respeito à avaliação de

sua eficiência. Os biossurfactantes possuem menor CMC (0,001 – 2 g/L) em comparação

aos surfactantes sintéticos.


Capítulo 2 – Revisão da Literatura 31

Figura 2.5 -Determinação da CMC utilizando algumas propriedades físicas

Fonte: Adaptada (MULLIGAN, 2001).

Nos estudos realizados por Vaz at al (2012) para avaliar a perfomace do

biossurfactante produzido por bacillus subtilis isolado de Petróleo em comparação aos

surfactantes químicos comerciais, foi encontrada uma CMC de 40mg/l que reduziu a

tensão superficial da água para um valor de 29.0 ± 0.2 mN/m.

De acordo com os estudos apresentados por Gudina at. al. (2012) uma das cepas de

Bacillus, a #309 foi a que apresentou a menor CMC com valor correspondente a 0,02g/L,

reduzindo a tensão superficial a 30 mN/m. Já Zheng at.al (2012) realizaram o estudo da

otimização do biosurfactante e encontraram o valor de 40 mg/L para surfactina, a qual

conseguiu reduzir a tensão superficial da água de 72,5mN/m para 26,33.

Diante do exposto na literatura observamos que os estudos são voltados para a

melhoria dos métodos de recuperação utilizando surfactantes, ou seja, substâncias obtidas

por rotas químicas, entretanto, este trabalho inseri-se na lacuna dos estudos sobre a
Capítulo 2 – Revisão da Literatura 32

utilização de biossurfactantes, que são produtos obtidos por rota biológica que tem grande

aceitabilidade por serem biodegradáveis e apresentarem menor impacto ambiental.


CAPÍTULO 3

METODOLOGIA
Capítulo 3 – Metodologia 34

3 – METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Ambiental (LABAM)

do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Sergipe e os

experimentos foram realizados em duas etapas: primeiro a produção do biossurfactante e

segundo a utilização deste na recuperação de petróleo.

3.1 – PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE BIOSSURFACTANTE

3.1.1 – Microrganismos

O microorganismo utilizado foi a cepa Bacillus subtilis denominada ICF-PC

previamente isolada de borra de petróleo e selecionada como produtora de surfactina em

meio contendo a manipueira, esta cepa integra a coleção de culturas do Laboratório de

Biotecnologia Ambiental (LABAM) do Departamento de Engenharia Química da

Universidade Federal de Sergipe.

3.1.2 – Inóculo

Para preparação do inóculo foi seguida a metodologia apresentada por Silva (2011)

onde, uma alçada da cultura foi inoculada em 20 mL de meio estéril de peptona a 2%

contido em erlenmeyer de 50 mL, o qual foi incubado a 30ºC, 120 rpm durante 24 h. Esta

etapa visa a ativação e renovação das células microbianas e foi denominada de pré-inóculo.

Em um erlenmeyer de 250 mL contendo 100 mL de manipueira previamente esterilizado


Capítulo 3 – Metodologia 35

em autoclave a 121ºC e 1 atm por 20 minutos, foi adicionado 10 mL do pré-inóculo. Para

atingir o inóculo, a mistura foi incubada nas mesmas condições do pré-inóculo 12h.

Após o período de incubação, a mistura foi centrifugada a 3500 vezes g durante 30

minutos e o sobrenadante livre de células foi submetido às análises de tensão superficial

(TS), no Tensiometro SIGMA modelo KSV 700.

3.1.3 – Fermentação

Para preparação do caldo fermentativo, a manipueira foi diluída a 70% e o pH

ajustado para 6,0 com NaOH à 2%, posteriormente foi adicionado 7% do inoculo e a

mistura foi incubada nas condições de 128 rpm, 35º C por 48h (SILVA, 2011).

3.1.4 – Recuperação do biossurfactante

O sobrenadante livre de células contendo o biossurfactante extracelular foi

acidificado até pH 2,0 com H2SO4 concentrado e deixado por 12 horas a 4ºC para

precipitação do bioproduto. Após, o precipitado formado foi centrifugado a 3400 xg a

temperatura ambiente e o biossurfactante bruto foi seco em estufa a 40°C até atingir peso

constante (24 a 48 h) (SILVA, 20011).


Capítulo 3 – Metodologia 36

3.2 – AVALIAÇÃO DO BIOSSURFACTANTE

3.2.1 – Determinação da CMC

A CMC do biossurfactante foi determinada utilizando o equipamento Tensiômetro

SIGMA modelo KSV 700. Para a realização dos ensaios foi utilizada 30 mL da solução de

biossurfactante para cada análise (26ºC). As concentrações das soluções variaram de 200

mg/L até concentrações com valores de tensão superficial próximos aos da água (γH2O =

71,892 mN/m), 1 mg/L (WEN-JIE XIA at.al., 2011).

3.2.2 – Efeito da salinidade

Para avaliação do comportamento do biossurfante foi a metodologia de Xia at AL.

Onde a concentração do bissurfactante utilizado foi 65 mg/L e ao meio foram adicionado o

Nacl, de forma que as concentrações do meio salino variaram de 5 a 50 g/L. e a e tensão

superficial foi medida no Tensiômetro SIGMA modelo KSV 700.

3.2.3 – Efeito da temperatura

O biossurfactante foi submetido a variadas temperatura entre 4 a 100°C durante

duas horas e a tensão superficial foi medida no Tensiômetro SIGMA modelo KSV 700.
Capítulo 3 – Metodologia 37

3.3 – RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO

3.3.1 – Petróleo

O Petróleo utilizado como base desse estudo foi coletado do campo de Carmopolis,

Sergipe, Brasil e foi gentilmente cedido pela PETROBRAS. Essa amostra é de um óleo

leve.

3.3.2 – Meio poroso

Para os ensaios foi utilizado um vaso de aço carbono com 7,0 cm de diâmetro

interno e 16,0 cm de comprimento recheado de areia, simulando um testemunho de arenito.

3.3.3 – Fluidos da rocha-reservatório

A fase aquosa (salmoura) utilizada para saturação do meio poroso foi uma solução

a 2% em peso de NaCl.

Esta solução foi utilizada para simular a salmoura do reservatório, uma vez que esta

apresenta alguns sais em sua composição e, também, para evitar a obstrução dos poros e,

consequentemente, o bloqueio do fluxo dos fluidos pelo inchamento da areia.

A fase oleosa utilizada foi uma solução de petróleo e querosene na razão de 2:3 em

volume, respectivamente. A mistura foi feita de forma a diminuir a viscosidade, pois o óleo

é altamente viscoso e com isso seu escoamento no sistema seria mais difícil (CURBELO,

2006).
Capítulo 3 – Metodologia 38

3.3.4 – Porosidade

O sistema para determinação da porosidade, foi baseado no sistema apresentado por

Curbelo (2006) e Albuquerque at al (2007) . Esse porosímetro é um sistema a ar que toma

como base a lei de Boyle, conforme mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1 - Esquema do porosímetro


Capítulo 3 – Metodologia 39

O sistema funciona da seguinte maneira: Iniciamente o cilindro 1 foi cheio de N2

através da abertura da válvula 1 e mantendo a válvula 2 fechada, após atingir a pressão

desejada (3,5 kgf/cm²) indicada no manômetro 1, a válvula 1 é então fechada, esta pressão

é equivalente ao volume total de ar que está distribuído pela cilindro 1 com volume

conhecido.

O sistema inicial foi montando com 2 cilindros de volumes conhecidos, onde foram

obtidas a relação de pressão e volume. Após a abertura da válvula 2 e 3 a pressão diminuiu

e o monômetro 1 indicou uma pressão final (P2) menor que (P1), neste caso o volume

engloba todo o sistema (cilindro 1 e o cilindro 2 ou cilindro 1 e cilindro dois contendo o

meio poroso).

Para determinação da porosidade foram utilizados 3 cilindros com as dimensões

apresentadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Dimensões dos cilindros utilizados no sistema para determinação da

porosidade

Comprimento Diâmetro Area Volume


(cm) (cm) (cm²) (cm³)

Cilindro 1 16 7 38,465 615,44

Cilindro 2 16 7 38,465 615,44

Cilindro 3 60 5 19,625 1177,5


Capítulo 3 – Metodologia 40

Após a determinação dos volumes equivalentes a cada pressão, foi determinada a

porosidade do meio poroso estudado pelo porosímetro de acordo com a equação 3.1:

(3.1)

Onde: VP é o volume de poros e VR é o volume do meio poroso (cm3).

3.3.5 – Etapas de injeção dos fluidos

Essa etapa tem por objetivo injetar os fluidos (salmoura, óleo) de forma a saturar e

avaliar a recuperação do óleo no meio poroso, com isso determinar a permeabilidade.

Todas as etapas deste procedimento seguirão a metodologia aplicada por Albuquerque at al

(2007).

1ª Etapa: Injeção da salmoura até a completa saturação do meio poroso, a 3,5

kgf/cm². Nesta etapa a permeabilidade absoluta da rocha (K) foi determinada. A

quantidade de salmoura que ficou no meio poroso foi determinada por balanço de

massa.

2ª Etapa: Com o meio poroso totalmente saturado com salmoura, observado pela

vazão constante e uniforme no meio poroso, foi injetado óleo na mesma pressão,

até a saturação irredutível de água. As permeabilidades determinadas foram efetivas

ao óleo (Ko) e à água (Kw) e o volume de óleo que ficou no meio poroso é
Capítulo 3 – Metodologia 41

chamado óleo original “in place” (OOIP) também determinado por balanço de

massa;

3ª Etapa: Com o meio poroso completamente saturado com os dois fluidos

(salmoura e óleo), iniciou-se a recuperação pelo método convencional, onde foi

injetada salmoura pela 2ª vez. Nesta etapa uma pequena quantidade de óleo é

recuperada, ficando grandes quantidades retidas nos poros da rocha devido às altas

tensões interfaciais, e este óleo retido é chamado de óleo residual (OR);

4ª Etapa: Esta etapa corresponde à recuperação de petróleo pelo método especial,

onde foram injetadas soluções de biossurfactantes em concentrações acima da

CMC, com o objetivo de recuperar o óleo remanescente na rocha-reservatório pela

diminuição das tensões interfaciais.

3.3.6 – Determinação da quantidade de óleo recuperado

Durante a injeção de biossurfactante, amostras foram coletadas em intervalos

regulares de tempo e a massa de óleo presente na fase aquosa foi determinada através do

teor de óleos e graxas medida no equipamento Horiba oil content Analyzer, Tomando por

base o princípio do enunciada pelo Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater (1992).

Uma vez realizada a extração do óleo na amostra, o teor de óleos e graxas (TOG)

presentes na amostra foi calculado, utilizando o valor indicado no equipamento HORIBA.


Capítulo 3 – Metodologia 42

3.3.7 – Fator de recuperação parcial e total

O fator de recuperação total de petróleo foi verificado em função da recuperação

obtida pela salmoura (método convencional - MC) e da recuperação obtida pelo

biossurfactante (método especial - ME). Essa metodologia foi empregada por Albuquerque

at al (2007) e Curbelo (2006).

No MC, a salmoura deslocou o óleo presente no meio poroso, a quantidade de óleo

que ficou no meio poroso foi determinada pelo balanço.

(3.2)

No ME, as soluções de biossurfactantes foram injetadas no meio poroso, em ordem

crescente de concentração de forma a averiguar a quantidade de óleo recuperado em cada

concentração. A concentração inicial do bissurfactante foi acima da concentração micelar

crítica (CMC). A concentração de 80 mg/l foi injetada com o objetivo de se obter uma

maior recuperação. Os experimentos prosseguirão até uma determinada concentração onde

não foi mais possível recuperar petróleo.

O fator de recuperação total foi determinado utilizando a equação a seguir:

(3.3)
Capítulo 3 – Metodologia 43

Onde:

- Fator de recuperação total;

- Fator de recuperação parcial obtido pelo método convencional (%);

- Fator de recuperação parcial obtido pelo método especial (%);

- Volume de óleo recuperado pelo método convencional (ml);

- Volume de óleo recuperado pelo método especial (ml); e,

– Volume total de óleo injetado no meio poroso (ml).


CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 45

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo estão apresentados os resultados obtidos e as suas discussões, de

acordo com metodologia apresentada. Inicialmente foi realizado o estudo da C.M.C do

biossurfactante, e a partir daí, foram feitos os estudos de recuperação pelos métodos

convencional e método especial. Foram feitos também, as análises do efeito salinidade e

temperatura e a determinação das propriedades físico-químicas dos fluidos.

4.1 – DETERMINAÇÃO DA CMC

Inicialmente foi determinada a CMC do bissurfactante, e a partir daí, foram

realizados os estudos de recuperação do petróleo. Essa propriedade é importante, pois

acima dela o biossurfactante encontra-se na fase de formação de micelas, conferindo a

propriedade de redução da tensão interfacial.

A Figura 4.1 apresenta a curva da concentração do biossurfactante em função

tensão superficial onde, com o ponto da curvatura determinou-se a CMC.

Com base na Figura 4.1, podemos observar a CMC encontrada foi de 50mg/L sem

a presença de meio salino. Este valor corresponde aos valores encontrados na literatura,

que segundo Mulligan (2001), os biossurfactantes possuem CMC entre 0,001 – 2 g/L e Xia

at all (2011) encontrou o mesmo valor para bacillus subtilis no estudo comparativo para

produção de biossurfactante produzido por microorganismos isolados de reservatório de

petróleo.
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 46

Figura 4.1 - Curva para determinação da CMC

Para realização dos experimentos a concentração do biossurfactante foi considerada

30% acima da CMC encontrada, de forma a garantir que o biossurfactante encontra-se na

fase de formação de micelas, logo, o valor da concentração utilizado nos experimentos foi

de 65 mg/L de biossurfactante.

4.2 – PROPRIEDADES FISICAS DOS FLUIDOS

Na presente seção, são apresentados os resultados obtidos para as propriedades

físicas dos fluidos. De posse desses resultados foi possível determinar as propriedade do

meio poroso como, permeabilidade e fator de resistência. A Tabela 4.1 mostra os valores

encontrados para as propriedades analisadas.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 47

Tabela 4.1 - Propriedades dos fluidos

Óleo + querosene Biossurfactante Água

Viscosidade (cP) 6,95 1,9 1,0

Grau API 34,9 - -

Massa específica (g/ml) 0,8503 1,0 1,0

Pelos dados apresentados na Tabela 4.1 podemos observar que o petróleo em

estudo é considerado um óleo leve, pois o Grau API encontra-se acima de 30, segundo a

classificação da Agencia Nacional de Petróleo (ANP), óleos com grau API maior que 31

pertencem a classe dos óleos leves; entre 22 e 30 Grau API são médios e Grau API abaixo

de 21 são pesados. O que demonstra que o fluido analisado possui uma facilidade no

escoamento.

Al-Bahry et.al. encontram valores da viscosidade em torno de 1,2 cP para Bacillus

subtilis B20, em seu estudo sobre a produção de Bacillus subtilis B20 usando diferentes

meios analisou também a sua aplicação em recuperação de petróleo, comprovou que a

viscosidade do biossurfactante não variou significativamente após 48 horas de incubação.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 48

4.2.1 – Efeito da salinidade

Os experimentos para analisar o efeito da salinidade foram feitos com objetivo de

se verificar o comportamento do biossurfactante em meio salino, devido à presença de sais

em poços de Petróleo. A Figura 4.2 apresenta tensão superficial em função da

concentração salina.

Figura 4.2 - Tensão superficial em função da concentração salina

De acordo com os dados apresentados na Figura 4.2 podemos observar que o

biossurfactante apresentou-se estável até uma concentração salina em torno de 40g/L a

temperatura ambiente, o que comprova a sua eficiência em reduzir a tensão superficial da

água, mesmo em um meio com uma concentração salina considerável. Para o sistema de
Capítulo 4 – Resultados e Discussões 49

recuperação de petróleo pelo método MEOR utilizando Biossurfactante é bastante

relevante devido à alta concentração de sal apresentada pela água produzida.

Para o estudo do efeito da salinidade Al-Bahry et.al (2012) observaram que o

biotensoativo, mesmo em condições elevadas de sal, pode reduzir a tensão superficial em

60%.

Nos estudos realizados por Amani et al. (2010) adicionaram várias quantidades de

NaCl ao biossurfactantes na concentração da CMC e misturou completamente e, em

seguida, a tensão superfícial foi medida. Os resultados mostraram que os biossurfactantes

produzidos por Bacilus subtilis, Pseudômonas aeruginosa e Bacilus cereus conseguiram

resistir bem à concentração de sal até 25 g / L. No entanto, a amostra de B. cereus foi mais

estável do que os outros no intervalo de concentração de sal de até 50 g / l.

Ghojavand et. al. em seu estudo sobre a recuperação de petróleo utilizando

biossurfactante produzido por um Bacillus mojavensis (PTCC 1696) pode concluir que o

PTCC 1696 foi capaz de reduzir a tensão superficial para 26,7 mN/m em baixa

concentrações, e o fator importante para este estudo é que esse biossurfactante pode ser

empregado em reservatórios, mesmo na presença de alta salinidade (240 g/l).

4.2.2 – Efeito da Temperatura

Para verificar a estabilidade do biossurfactante frente às variações de temperatura, a

solução foi submetida a diferentes condições. Foi observado uma estabilidade na faixa de

temperaturas entre 4 e 100°C, mostrando que a tensão superficial não variou muito (Figura

4.3). A concentração da solução estudada foi 65mg/L, 30% acima da CMC.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 50

Figura 4.3 - Tensão superficial em função da temperatura

Esse resultado satisfatório, considerando-se que a temperatura média dos poços está

em torno de 70°C. Vários estudos confirmam a estabilidade do biossurfactantes sob

condições extremas de temperatura. Joshi et al. (2008a, b) relataram que biossurfactante

produzida por quatro bacilos diferentes, mantêm-se estáveis durante nove dias a 80 º C.

Desai e Banat (1997) observaram que o tratamento térmico em alguns biossurfactantes não

causou nenhuma alteração apreciável em suas propriedades mesmo após a autoclavagem a

120 º C durante 15 min.

Resultados parecidos foram apresentados por Vaz et. al. (2012), onde foram

comparados o biossurfactante produzido por Bacillo Subtilis extraídos de amostra de óleo

bruto com surfactantes químicos comerciais (Findet®1214N/23, Glucopone®215 e

Glucopone®650). O biossurfactante foi expostos a diferentes temperaturas ( 20 , 37 e 46 ◦


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 51

C) durante duas semanas e verificou-se ser tão estável como os surfactantes químicos

comerciais Glucopone ® 215 , Glucopone ® 650 , Findet ® 1214N/23 e lineares sulfonatos

de alquilbenzeno (LAS) . Além disso, o biotensioativo submetido a 121 C durante 20

minutos não exibiram uma perda significativa de atividade de redução superficial.

4.3 - RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO

4.3.1 - Porosidade

O estudo da porosidade foi realizado com intuito de verificar qual a quantidade de

fluido que o meio poderia conter. Com os dados dos volumes dos cilindros apresentados na

Tabela 3.1 e os valores de pressão observados no sistema do porosímetro, foi possível

traçar o gráfico representado pela Figura 4.4.

Figura 4.4 - Determinação da porosidade


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 52

A partir da equação da curva representada pela Figura 4.4, foi possível determinar o

volume de poros, os resultados estão apresentados na Tabela 4.2.

A partir do volume poroso e do volume do cilindro encontramos a porosidade

equivalente a 36,86%, o que, seguindo a classificação de Gustavo (2007) o meio em estudo

tem uma capacidade muito boa em armazenar o fluido seja ele, líquido ou gás.

Tabela 4.2 - Resultado da determinação do volume poroso

Pressão Volume (ml)

Cilindro 1 3,5 615,44

Cilindro 1 e 2 1,8 1230,88

Cilindro 1, 2 e 3 1 2408,38

Cilindro 1 e Material poroso 2,6 842,30

Volume de poros - 226,86


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 53

4.3.2 - Saturação da salmoura

Na saturação da salmoura foi colocado no primeiro cilindro um volume de 600 ml e

injetado 507,74 ml, e foram coletada 10 amostras onde foi observada vazão constantes, e o

volume da salmoura foi determinado pela diferença do que foi injetado e do que saiu,

conforme apresentado na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 - Resultado da determinação da saturação da salmoura

Volume coletado Vazão


Amostra ∆P
(ml) (ml/s)

1 30 1,6 1,67

2 30 1,1 5,66

3 30 0,8 5,13

4 38 0,4 2,96

5 32 0,3 2,4

6 30 0,3 2,75

7 30 0,5 5,5

8 29 0,3 3,5

9 29 0,25 3,5

10 3 0,2 3,55

Salmoura retido no meio poroso 226,73 -


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 54

Com esses dados foi possível determinar qual o percentual do volume poroso

ocupado pela água. Como o volume poroso foi igual a 226,86, e o colume retido no meio

poroso foi também igual a 226,73, temos um meio saturado 100% com salmoura. Do ponto

de vista da capacidade de escoamento quanto maior for a saturação mais fácil será o

escoamento.

4.3.3 - Permeabilidade absoluta

A permeabilidade absoluta foi determinada na etapa de saturação da água, onde

existia apenas a água no meio poroso. A Figura 4.5 representa a permeabilidade da água

versus a saturação da mesma.

Figura 4.5 - Permeabilidade absoluta


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 55

O valor encontrado para permeabilidade foi de 27,69 mD, o que segundo a

classificação apresentada por Gustavo (2007), esse valor representa uma permeabilidade

regular, ou seja, o meio poroso estudado no sistema consegue permitir o fluxo de fluido

com facilidade.

4.3.4 - Permeabilidade Efetiva ao óleo

A permeabilidade é uma propriedade importante, pois, ela determina a capacidade

em que cada fluido existente na rocha consegue se mover. A Figura 4.6 apresenta a

permeabilidade efetiva ao óleo em função da saturação da água.

Figura 4.6 - Permeabilidade absoluta


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 56

Na Figura 4.6 observamos que com aumento da permeabilidade do óleo ocorre a

diminuição da saturação da água, inicialmente a permeabilidade do óleo é pequena, e

portanto, apenas a água é produzida, a medida em que a injeção de óleo continua, sua

saturação e permeabilidade aumentam, fazendo com que a permeabilidade da água

diminua.

4.3.5 - Fator de Recuperação Parcial e Total

Para as analises do fator de recuperação parcial e total, as concentrações de

biossurfactantes utilizadas foram 65mg/l e 80mg/l. sendo que primeiro foi injetada a de 65

mg/l e depois a de 80 mg/l com objetivo de se obter uma maior recuperação. Os

experimentos prosseguiram até uma determinada concentração onde não foi mais possível

recuperar ou que sua recuperação fosse muito baixa.

Na primeira etapa, o meio poroso ficou saturado com 226 ml de água; Com a

passagem do óleo, na 2ª etapa, 209,99 ml de óleo ficou retido mais 16,01 ml de água

(total= 226 ml). Na 3ª etapa, com a passagem da salmoura foi retirado 78,29 ml de óleo,

portanto ficaram 131,7 ml de óleo, denominado de óleo residual, para ser recuperado pela

injeção de biossurfactante.

Considerando o método especial, observa-se que dos 131,7 ml restantes no meio

poroso, 25,5 ml foram recuperados, portanto o fator de recuperação parcial (FRP) referente

somente a injeção do biossurfactante foi de:


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 57

Somando todas as etapas (MC e ME), tem-se um fator de recuperação total (FRT)

de :

Na Figura 4.7, mostramos uma comparação entre a recuperação do óleo utilizando

como meio para remoção a água e o biossurfactante, nesta verificamos que o

biossurfactante tem uma melhor recuperação, mostrando o seu potencial para ser utilizado

como um substituto aos surfactantes químicos, contribuindo para a minimização de

impactos ambientais e custos operacionais.

Figura 4.7 - Comparação nos métodos de recuperação do Petróleo


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 58

Podemos observar na Figura 4.7 que a ação do biossurfactante sobre a recuperação

do óleo no meio poroso proporciona uma recuperação que não seria alcançada pela água,

isto devido a seu potencial detergente, ou seja, o potencial de ligar-se a gorduras

(substância polar) e ao mesmo tempo com substâncias apolar como a água, fazendo com

que seja, diminuída as tensões entre a água e o petróleo e consequentemente aumentando a

eficiência de recuperação.
CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Capítulo 5 – Conclusões e Sugestões 60

5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Com base nos resultados apresentados, podemos concluir que na etapa de produção

do biossurfactante permaneceu estável frente à variação de temperatura e as altas

concentrações salinas. Com relação a CMC foi encontrado um valor de 50 mg/L que foi

possível reduzir a tensão superficial da água para 27 mN/m.

Na etapa de recuperação do óleo, o meio poroso apresentou uma capacidade de

armazenar os fluidos satisfatória, além de apresentar facilidade de permitir o fluxo de

fluido.

Os resultados apresentados demonstram uma considerável recuperação utilizando o

biossurfactante, especialmente para o óleo residual, quando comparado com a água sem a

presença do biossurfactante. Logo, o aumento na eficiência de recuperação nos garante um

bom fator econômico, visto que a recuperação de óleos residuais em poços são de alto

custo.

Conclui-se assim que em larga escala o biossurfactante recuperariam muito mais

óleo residual que a água sem a presença deste, contribuindo para o aumento na eficiência

de recuperação e minimização de perdas de óleo no poço de petróleo, além de reduzir os

impactos ambientais causados pelos surfactantes sintéticos.

Entretanto, como o presente trabalho entra na seara do escoamento de petróleo

utilizando biossurfactante, o qual muitas vezes têm diversos fatores ainda sem um

conhecimento aprofundado, logo, não foi no intuito de se obter um trabalho que se

encerrasse em se mesmo, muito pelo contrário, optou-se por abrir/ampliar o caminho para

esta linha de pesquisa.


Capítulo 5 – Conclusões e Sugestões 61

Neste sentido, apresentam-se algumas sugestões a seguir:

- utilizar outros microorganismos e/ou substratos para a obtenção do

biossurfactantes e posterior aplicação no escoamento do óleo.

- realizar experimentos em novas condições operacionais, ampliando a faixa de

operação e contribuindo para uma melhor análise da viabilidade técnica e

econômica do uso deste processo.

- utilizar outros meios porosos, como por exemplo o próprio testemunho, para se ter

dados em condições mais próximas das reais condições do meio onde se encontra o

petróleo.

- obter resultados através das simulações para a recuperação utilizando outros

bioprodutos e comparar com os dados da literatura.


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