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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
LABORATÓRIO DE QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS
FLORIANÓPOLIS – SC
2008
DÉBORA GRANEMANN E SILVA
A orientadora profª. Drª. Inês M. Costa Brighente pela oportunidade, incentivo, dedicação e auxílio
em todas as etapas deste trabalho. Pela confiança e liberdade concedida na escolha do tema deste
trabalho;
Ao profº Dr. Moacir Geraldo Pizzolati pelas valiosas discussões, sugestões e participação nas
determinações estruturais;
A mãe da professora Inês, pela disponibilização da espécie estudada, a qual foi coletada da sua
residência em Santo Amaro da Imperatriz (SC);
A todos aqueles que direta ou indiretamente cooperaram para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 17
3-1. Objetivos Gerais ............................................................................................................ 17
3-2. Objetivos Específicos .................................................................................................... 17
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 36
APÊNDICE ................................................................................................................................. 40
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Esquema simplificado da principal rota de biossíntese de metabólitos secundários e
suas interações com o metabolismo primário ............................................................ 4
Figura 2. Exemplos de monoterpenos ....................................................................................... 6
Figura 3. Exemplos de sesquiterpenos....................................................................................... 8
Figura 4. Esboço da biossíntese de terpenos. A unidade básica C5 dos terpenos é sintetizada
por duas rotas diferentes. Os intermediários fosforilados, IPP e DMAPP, se
combinam para formar C10, C15 e outros terpenos maiores........................................ 9
Figura 5. Foto de uma glândula capilar de uma folha jovem de girassol (Balsamorhiza
sagittata)..................................................................................................................... 10
Figura 6. Aparelho de Clevenger: (A)manta aquecedora, (B)Balão de 1 L, (C)Vidraria de
Clevenger, (D)Condensador, (E)Erlenmayer e (F)Suporte universal......................... 12
Figura 7. Espécie vegetal Lippia alba (Mill.) N. E. Brown ...................................................... 15
Figura 8. Folhas de Lippia alba recém colhidas......................................................................... 18
Figura 9. Destilação por arraste a vapor com aparelho de Clevenger........................................ 18
Figura 10. Óleo essencial em vidro âmbar................................................................................... 18
Figura 11. Cromatograma do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brwon ...................... 24
Figura 12. Espectros de massas do β-mirceno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 25
Figura 13. Proposta para a fragmentação do β-mirceno quando analisado em CG-EM.............. 25
Figura 14. Espectros de massas do β-citral. Superior: Espectro de massas obtido da amostra.
Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST)................. 26
Figura 15. Proposta para a fragmentação do β-citral quando analisado em CG-EM................... 26
Figura 16. Espectros de massas do α-citral. Superior: Espectro de massas obtido da amostra.
Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST) ................ 27
Figura 17. Espectros de massas do germacreno B. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 28
Figura 18. Cromatograma do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brwon ...................... 29
Figura 19. Cromatograma da série homóloga de alcanos alifáticos (C10-C30)............................. 29
Figura 20. Estruturas propostas para os componentes detectados no óleo essencial extraído da
Lippia alba (Mill.) N. E. Brwon ................................................................................ 32
Figura 21. Gráfico da LD50 do óleo essencial de L. alba na investigação de toxicidade usando
larvas de A. Salina....................................................................................................... 33
Figura 22. Gráfico da LD50 do controle positivo das larvas de A. Salina.................................... 33
Figura 23. Cromóforo DPPH........................................................................................................ 35
Figura 24. Gráfico para determinação de IC50 do óleo essencial da L. alba na investigação da
atividade antioxidante utilizando o radical livre DPPH.............................................. 35
Figura 25. Espectros de massas do Sabineno. Superior: Espectro de massas obtido da amostra.
Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST)................. 40
Figura 26. Espectros de massas do p-Cimeno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 40
Figura 27. Espectros de massas do β-Ocimeno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 41
Figura 28. Espectros de massas do γ-Terpineno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 41
Figura 29. Espectros de massas do Linalol. Superior: Espectro de massas obtido da amostra.
Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST)................. 42
Figura 30. Espectros de massas do trans-Verbenol. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 42
Figura 31. Espectro de massas do cis-Crisantenol obtido da amostra. Espectro de massas
proveniente de biblioteca eletrônica indisponível para consulta (NIST).................... 43
Figura 32. Espectros de massas do Geranil acetato. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 43
Figura 33. Espectros de massas do β-Elemeno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 44
Figura 34. Espectros de massas do β-Cariofileno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 44
Figura 35. Espectro de massas do γ-Elemeno obtido da amostra. Espectro de massas
proveniente de biblioteca eletrônica indisponível para consulta (NIST).................... 45
Figura 36. Espectros de massas do α-Humuleno. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 45
Figura 37. Espectros de massas do Germacreno-D. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 46
Figura 38. Espectros de massas do Germacreno-A. Superior: Espectro de massas obtido da
amostra. Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).. 46
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Componentes do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, tempo de
retenção, índice de retenção de Kovats e percentagem em área ................................ 31
Tabela 2. Atividade antimicrobiana do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brown,
frente aos microrganismos Eschrichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas
aeruginosa .................................................................................................................. 34
Os óleos essenciais são produtos voláteis de origem vegetal obtidos por processo físico de diversas
partes das plantas como folhas, flores e frutos. Ocorrem em diversos gêneros de plantas superiores e
inferiores e constituem uma mistura complexa de substâncias, apresentando estruturas químicas
heterogêneas. As técnicas mais usuais para sua obtenção são: prensagem ou expressão, extração
com solventes orgânicos ou com gorduras, com fluído supercrítico, destilação por arraste de vapor
ou, ainda, headspace (microdestilação em fase sólida).
Quimicamente, os óleos essenciais são compostos com baixo peso molecular, constituindo misturas
bastantes variáveis de fenilpropanóides e terpenóides, especificamente monoterpenos (C10) e
sesquiterpenos (C15), embora diterpenos (C20) também possam estar presentes, além de uma
variedade de hidrocarbonetos alifáticos (lineares, ramificados, saturados ou insaturados), ácidos,
álcoois, aldeídos, ésteres acíclicos ou lactonas.
Devido a sua freqüente presença nos vegetais e variedade de composição química, os óleos
essenciais constituem objeto de extensivos estudos visando identificar atividades biológicas e os
resultados apontam um potencial terapêutico importante. Porém, devido à complexidade química,
torna-se difícil relacionar a atividade com as substâncias presentes (Tepe et al., 2005). Porém, em
alguns casos, o óleo de uma planta pode apresentar um constituinte majoritário, como o de canela,
que contém mais de 85% de cinamaldeído (Dominguez, 1973; Duke, 1985), tornando mais evidente
a correlação entre a química e a atividade. Entretanto, substâncias presentes em menores
quantidades podem contribuir pelo menos em parte para a ação possivelmente por sinergismo entre
os componentes. Também a variação da constituição associada à existência de diferentes
quimiotipos das espécies (ocasionados por fatores genéticos e influência do meio ambiente sobre o
metabolismo dos terpenóides) entre outros, são fatores que dificultam a determinação inequívoca da
atividade. Assim, inúmeras investigações são realizadas com componentes isolados.
Este trabalho visa a extração do óleo essencial da espécie vegetal Lippia alba (Mill.) N. E. Brown,
assim como análise deste óleo através de cromatografia gasosa acoplada à espectroscopia de massas
com posterior avaliação de toxicidade frente a larvas de Artemia Salina, atividade antimicrobiana e
antioxidante.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Diferentemente dos metabólitos primários, tais como clorofila, amino ácidos, nucleotídios,
carboidratos simples e membranas lipídicas, os metabólitos secundários entre, eles os óleos
essenciais, geralmente não tem papel reconhecido nos processos de fotossíntese, respiração,
transporte, assimilação de nutrientes e diferenciação. Metabólitos secundários também se
diferenciam dos metabólitos primários por terem uma distribuição restrita no reino vegetal. Isto é,
metabólitos secundários específicos são encontrados em apenas uma espécie de planta ou um grupo
de espécies taxonomicamente relacionadas, ao passo que os metabólitos primários básicos são
encontrados por todo o reino vegetal (Taiz & Zeiger, 2002).
Metabólitos secundários de plantas podem ser divididos em três grupos quimicamente distintos:
terpenos, compostos fenólicos e compostos contendo nitrogênio. Terpenos, os quais são os
principais constituintes dos óleos essenciais, são sintetizados a partir da rota do ácido mevalônico
ou de intermediários básicos da glicólise (Rota MEP), conforme esquematizado na figura 1.
Compostos fenólicos são substâncias com caráter aromático formadas através do ácido chiquímico
ou do ácido malônico. Os produtos secundários contendo nitrogênio, tais quais alcalóides, são
biossintetizados primariamente de amino ácidos (Taiz & Zeiger, 2002).
Os óleos essenciais das plantas foram considerados por muito tempo como “desperdício fisiológico”
(Knobloch et al., 1986), ou mesmo produtos de desintoxicação, como eram vistos os produtos do
metabolismo secundário (Mothes, 1980). Atualmente, é atribuída aos óleos essenciais a existência
de funções ecológicas assim como fisiológicas, tais como inibir o crescimento de plantas
competitivas (alelopatia), proteger as plantas para que não sejam comidas por herbívoros, proteger a
planta contra a perda de água e controle da temperatura. Os óleos essenciais também têm se
mostrado eficientes na atração de insetos polinizadores (Craveiro & Machado, 1986; Harborne,
1993).
Químicos do final do século dezenove se interessaram no estudo dos óleos essenciais por causa de
seu potencial medicinal e industrial (Taiz & Zeiger, 2002). Comercialmente, estes óleos são
importantes devido à utilização crescente nas indústrias farmacêutica, de alimentos, e de cosméticos
(Simões, 2007; Taiz & Zeiger, 2002).
Todos os terpenos são derivados do agrupamento de unidades com cinco carbonos que apresentam a
forma estrutural do isopentano (1). Assim, terpenos são definidos como um grupo único de produtos
naturais baseados em hidrocarbonetos, possuindo uma estrutura que hipoteticamente poderia ser
derivada do isopreno (2), fornecendo a base para estruturas que poderiam ser divididas em unidades
de isopentano (Cseke et al., 2006):
Os terpenos são classificados de acordo com o número de unidades de C5 que eles contém. Embora
devido às extensivas modificações metabólicas às vezes é difícil encontrar os resíduos originais de
C5. Assim, terpenos com cinco carbonos (C5) são chamados hemiterpenos, terpenos com dez
carbonos (duas unidades C5) são chamados monoterpenos, terpenos com 15 carbonos (três
unidades C5) são chamados sesquiterpenos e terpenos com 20 carbonos (quatro unidades C5) são
diterpenos. Terpenos maiores incluem triterpenos (30 carbonos), tetraterpenos (quarenta
carbonos), e politerpenóides ([C5]n onde n>10) (Taiz & Zeiger, 2002).
Como todos os produtos naturais, dentro desta classificação simplista se encontra uma enorme
diversidade estrutural que resulta numa grande variedade de compostos semelhantes aos terpenos
(terpenóides). Algo como 30.000 terpenóides já foram identificados (Sacchetini & Poulter, 1997).
Mono e sesquiterpenos são as principais substâncias que compõem as misturas chamadas de óleos
essenciais (Simões, 2007).
Monoterpenos: C10
Existe na natureza uma interessante variedade de arranjos para decanos baseados na estrutura do
isopreno. Os monoterpenóides são os principais componentes de muitos óleos essenciais e, tal qual,
têm importância econômica como aromatizantes e perfumes. Exemplos acíclicos comuns
incluemgeraniol (3), lavandulol (4), mirceno (5), perileno (6) e linalol (7). Estruturas cíclicas
incluem muitos compostos bem conhecidos como carvona (8), 3-careno (9), α-pineno (10), mentol
(11), cânfora (12), safranol (13), eucaliptol (14) e β-tujona (15). As estruturas destes compostos
monoterpênicos são mostradas na figura 2 (Cseke et al., 2006).
Muitos dos monoterpenos ilustrados na figura 2 vêm de fontes das quais a maioria de nós somos
familiares. Mirceno (5) é encontrado no óleo essencial das folhas de louro (Laurus nobilis) assim
como de lúpulo (Humulus lupulus). Ele é usado como um intermediário na fabricação de perfumes
(Opdyke, 1987). Geraniol (3), o qual é isômero do linalol (7), constitui a maior parte do óleo do
gerânio (Pelargonium graveolens) e também é encontrado no óleo essencial da citronela
(Cymbopogon nardus) (Temple et al., 1991), capim limão (Cymbopogon citratus ou C. flexuosus), e
outros. Lavandulol (4) é um dos principais ingredientes do óleo da lavanda (Lavandula
augustifolia), geralmente usada em perfumes masculinos (Shellie et al., 2002). Perileno (6) pode ser
encontrado na hortelã-púrpura (Perilla frutescens), nativa do sul e do oriente da Ásia (Yuba et al.,
1995). Mentol (11) é um monoterpeno bastante conhecido que é encontrado no óleo essencial da
hortelã pimenta (Mentha piperita) e outros membros da família (Lamiaceae). Carvona (8) é um
monoterpeno comum, um dos principais componentes olfatórios do cominho (Carum carvi) e
apresenta atividade fungicida (McGeady et al., 2002). O 3-careno (9) é um monoterpeno que possue
o anel ciclopropano, derivados dele têm demonstrado atividade anestésica (Librowski et al., 2004).
O principal ingrediente do óleo de terebentina, α-Pineno (10), provavelmente têm um papel
significativo na atividade de bactérias degradadoras de hidrocarbonetos na natureza (Trudgill,
1994). Linalol (7) é um dos principais constituintes do coentro (Coriandrum sativum) (Gil et al.,
2002). Ele é também um dos compostos com essência floral mais comum encontrado nas plantas
em floração, e é um composto aromatizante em vários chás (Dudareva et al., 1996). Safranol (13) é
o maior responsável pelo característico odor do açafrão (Crocus sativus) (Kanakis et al., 2004).
Eucaliptol (1,8-cineol) (14) é o principal componente do óleo essencial das folhas de eucalipto
(Eucalyptus globulus). Eucaliptol assim como cânfora, formam os principais constituintes do óleo
de alecrim (Rosmarinus officinalis Linn.) (Kovar et al., 1987). Pesquisas recentes mostraram que
eucaliptol é eficiente na redução de inflamações e dores assim como promove a morte de células
leucêmicas (Moteki et al., 2002)
Sesquiterpenos: C15
Compostos por três unidades de isopreno, os sesquiterpenos C15 existem em agrupamentos acíclicos
e cíclicos. Um membro importante desta série é o farnesol difosfato, um intermediário chave na
biossíntese de terpenóides. Farnesol têm demonstrado atividade preventiva ao câncer (Crowell &
Gould, 2004). Alguns exemplos dos sesquiterpenos mais comuns são mostrados na figura 3 como:
x-bisaboleno (16), lanceol (17), perezona (18), humuleno (19), alfa-cadideno (20), guaiol (21),
cedrol (22), cariofileno (23), santonina (24), helenalina (25), acorone (26) e ácido abscísico (27).
Na bem estudada rota do ácido mevalônico (AMV) três moléculas de acetil CoA se combinam para
formar o ácido mevalônico. Esse intermediário chave de seis carbonos é então pirofosforilado,
descarboxilado e desidratado para formar o isopentenil difosfato (IPP) que eventualmente se
converte em seu isômero dimetilalil difosfato (DMAPP) (Dewick, 1997).
Na segunda rota biossintética, denominada rota do metileritritol fosfato (MEP), uma molécula de
gliceraldeído-3-fosfato e dois átomos de carbonos derivados do piruvato aparentemente se
combinam para formar um intermediário, dimetilalil difosfato (DMAPP), que eventualmente se
converte em seu isômero isopentenil difosfato (IPP) (Dewick, 1997). Isopentenil difosfato (IPP) e
seu isômero dimetilalil difosfato (DMAPP) são as unidades básicas ativadas de C5 na biossíntese de
terpenos que se juntam para formar moléculas maiores. Primeiramente, IPP e DMAPP reagem para
gerar geranil difosfato (GPP), o C10 precursor de quase todos os monoterpenos. GPP pode então se
unir à outra molécula de IPP para formar o composto C 15 farnesil difosfato (FPP), o precursor de
quase todos os sesquiterpenos (Dewick, 1997).
Figura 4. Esboço da biossíntese de terpenos. A unidade básica C5 dos terpenos é sintetizada por duas rotas diferentes. Os
intermediários fosforilados, IPP e DMAPP, se combinam para formar C10, C15 e outros terpenos maiores.
Foi demonstrado por Croteau & Winters (1982) na Universidade do Estado de Washington que as
folhas podem sintetizar uma variedade de monoterpenos à partir de geranil pirofostato (GPP). A
figura 5 mostra uma foto, obtida com um microscópio eletrônico, da glândula capilar de uma folha
jovem de um girassol (Balsamorhiza sagittata). Supõe-se que os terpenos sejam sintetizados nas
células capilares e armazenados na parte arredondada do topo. Esta “parte arredondada” é um
espaço extracelular que se forma quando a cutícula e uma porção da parede celular se projetam para
fora do restante da célula.
Monoterpenos, assim como, alguns sesquiterpenos, em geral, servem como agentes repelentes que
tem significante toxicidade contra insetos mas toxicidade negligenciável para mamíferos. Misturas
destes compostos voláteis de baixo peso molecular, denominados óleos essenciais, são os
compostos que fornecem às plantas, como hortelã pimenta (Mentha piperita), limão (Citrus limon),
basílico (Ocimum basilicum), e sálvia (Salvia officinalis), seus característicos odores, e são
comercialmente importantes na aromatização de alimentos e na produção de perfumes (Cseke et al.,
2006).
A destilação por arraste a vapor é uma destilação de misturas imiscíveis de compostos orgânicos e
água (vapor). Misturas imiscíveis não se comportam como soluções. Os componentes de uma
mistura imiscível “fervem” a temperaturas menores do que os pontos de ebulição dos compostos
individuais. Assim, uma mistura de compostos de alto ponto de ebulição e água pode ser destilada à
temperatura menor do que 100 °C, que é o ponto de ebulição da água. O princípio da destilação por
arraste a vapor baseia-se no fato de que a pressão total de vapor de uma mistura de líquidos
imiscíveis é igual a soma da pressão de vapor dos componentes puros individuais. A pressão total de
vapor da mistura torna-se igual a pressão atmosférica, e a mistura ferve numa temperatura menor
que o ponto de ebulição de qualquer um dos componentes (Godefroot et al., 1981).
Armazenamento é uma questão importante no que se refere à óleos essenciais. Eles devem ser
guardados em frascos marrons ou de cores escuras, protegidos da luz, calor, e umidade. O frasco
deve ser mantido bem fechado quando o óleo não estiver sendo utilizado (Dodt, 1996).
Para ter mais segurança na identificação dos picos individuais e controlar a pureza de um pico
cromatográfico, a combinação de cromatografia gasosa (CG) e espectrometria de massa (EM) para
a detecção e identificação dos componentes de óleos essenciais têm se tornado uma ferramenta
poderosa em análises fitoquímicas. A cromatografia gasosa separa os componentes de uma mistura
num intervalo de tempo, e a espectrometria de massa fornece um espectro de massas para cada pico.
O espectro de massas geralmente indica a massa molecular e o padrão de fragmentação. A massa
molecular já informa sobre a classe de substância (p.ex. m/z 136 monoterpenóides com C10H16). O
padrão de fragmentação pode ser comparado com aqueles constantes da biblioteca de espectros de
massas, que normalmente é instalada no computador. Ainda assim, é comum que sobrem alguns
picos que não podem ser identificados. A amostra a ser analisada é injetada dentro da CG, onde é
varrida através da coluna capilar por uma corrente de gás inerte. Os componentes da amostra são
separados baseados em suas diferentes interações adsortivas com a fase estacionária (apolar) da
coluna cromatográfica. Os compostos separados, então, passam individualmente através do
espectrômetro de massas, onde ionização, fragmentação e detecção de massas ocorrem. A
combinação CG-EM permite a separação dos componentes dos óleos essenciais e a aquisição do
espectro de massas dos componentes separados. Utilização dos dados de retenção da CG juntamente
com a fragmentação EM e comparação com bibliotecas espectrais permite a identificação de
compostos (Kitson et al., 1996).
De acordo com Joly (1993) esta espécie vegetal foi classificada como:
Reino: Plantae
Ordem: Lamiales
Família: Verbenaceae
Gênero: Lippia
Espécie: Lippia alba (Mill.) N. E. Brown
O gênero Lippia reúne cerca de 200 espécies (Lippia alba (Mill.) N.E. Br., Lippia chamissonis D.
Dietr., Lippia florida Cham., Lippia herbacea Mart., Lippia nodiflora var. Nodiflora, Lippia
substrigosa Turcz., entre outras) com distribuição pantropical. O maior número de espécies se
encontra no Brasil, cerca de 150, com ocorrência especialmente nos campos rupestres e cerrados
(Joly, 1993).
A espécie Lippia alba (Mill.) N. E. Brown é um subarbusto de morfologia variável, alcançando até
um metro e meio da altura, raramente dois metros, nativa de quase todo o território brasileiro. Seus
ramos são finos, esbranquiçados, arqueados, longos e quebradiços. As folhas são inteiras, opostas,
de bordos serreados e ápice agudo, de 3-6 cm de comprimento. Flores azul-arroxeadas, reunidas em
inflorescências axilares capituliformes de eixo curto e tamanho variável. Os frutos são drupas
globosas de cor róseo-arroxeada (Figura 7) (McHoy & Westland, 1994; Vieira & Albuquerque,
1998).
Alguns resultados apontaram atividade de proteção contra infecções proporcionada pelo óleo
essencial da Lippia alba (Hennebelle et al., 2008). A atividade antioxidante utilizando o radical livre
DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) e a inibição in vitro da peroxidação lipídica na espécie Lippia
alba demonstrou IC50 < 30 μg/mL na redução do radical DPPH e IC50 < 32 μg/mL na inibição in
vitro da peroxidação lipídica (Ramos et al., 2003). Testes com ratos demonstraram que citral,
limoneno e mirceno, constituintes do óleo essencial de diferentes quimiotipos da Lippia alba,
apresentam efeitos sedativos e de indução ao aumento no tempo de sono, sendo que o efeito mais
intenso foi atribuído ao citral (Gurgel do Vale et al., 2002). O óleo essencial da Lippia alba
apresentou atividade contra Candida albicans em estudo feito com um grupo de plantas medicinais
brasileiras. Análises químicas do óleo essencial destas plantas mostraram a presença de compostos
com conhecida atividade antimicrobiana, incluindo 1,8-cineole, geranial, germacreno-D, limoneno,
linalool e mentol (Duarte et al., 2005). A extração do óleo essencial da Lippia alba, de origem
colombiana, através da destilação por arraste à vapor do tipo Clevenger demonstrou a presença de
carvona (40-57%) como o componente mais abundante, seguido por limoneno (24-37%),
biciclosesquihellandreno (5-22%), piperitenona (1-2%), piperitona (ca. 1%), e β-bourboneno
(0,6-1,5%) (Stashenko, 2004).
Estes resultados motivaram o estudo do tema proposto neste trabalho, análise química dos
componentes do óleo essencial da Lippia alba seguida da investigação de atividades biológicas.
3. OBJETIVOS
3-1. Objetivos Gerais
Contribuindo para a consolidação da linha de pesquisa em produtos de origem vegetal, este trabalho
de conclusão de curso visa o estudo da composição química do óleo essencial da espécie Lippia
alba (Mill.) N. E. Brown com posterior aplicação deste óleo em testes biológicos.
O estudo do comportamento do óleo essencial da Lippia alba em relação à luz plano polarizada foi
realizado no aparelho Polartronic E, do fabricante Schmidt Haensch e contribuiu para a avaliação
das propriedades físico-químicas. Uma amostra do óleo essencial foi dissolvida em etanol para a
determinação da atividade óptica. Uma medida com o solvente puro foi realizada previamente para
que não houvesse influência do etanol nos resultados obtidos.
Estas análises e varreduras foram realizadas com a ajuda do aluno de doutorado Jacques P. Priebe
no Laboratório de Catálise e Fenômenos Interfaciais da Universidade Federal de Santa Catarina, sob
coordenação do profº Drº Faruk J. N. Aguilera.
A análise por CG-EM permitiu identificar que o óleo essencial da Lippia alba é composto em sua
grande maioria por terpenos, dos quais 55,6% são monoterpenos, 38,9% são sesquiterpenos e
apenas 5,6% destes são terpenos oxigenados. Embora o número de compostos seja alto, quatro
compostos majoritários foram identificados: α-citral (43,1%), β-citral (25,1%), β-mirceno (5,8%) e
germacreno-B (4,9%), que somados representam uma área total de 78,9%. Com base nesta
composição ficou constatando que se trata de uma espécie com o quimiotipo citral – mirceno.
Figura 11. Cromatograma do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brwon.
Os espectros de massas dos quatro compostos majoritários são apresentados nas figuras de 12 a 17.
Os espectros de massas dos demais compostos estão no apêndice. Para todos os compostos
identificados na amostra de óleo essencial da Lippia alba, foi feito uma comparação entre os
espectros de massas obtidos da amostra (posicionados na parte superior das figuras) com os
respectivos espectros de massas obtidos com padrões autênticos (posicionados na parte inferior das
figuras) cujos dados estão publicados na literatura (Adams, 1999) e também disponíveis na
biblioteca eletrônica NIST.
Na figura 14, pode-se observar os espectros de massas do β-citral, um terpenóide classificado como
monoterpeno. O pico do íon molecular pode ser observado em m/z 152. O pico em m/z 137 foi
produzido pela perda de um radical metila (Figura 15). Na maioria das vezes é observado em
aldeídos alifáticos a α-clivagem do grupo carbonil resultando no fragmento M-29, observado no
pico m/z 123. A interpretação do fragmento m/z 109 (M-43) não é tão óbvia, mas poderia ser
relativa a perda de um grupo isopropil. O pico em m/z 69 é formado devido a clivagem da ligação
na posição alílica. O pico base aparece em m/z 41.
Na figura 16, pode-se observar os espectros de massas do α-citral, um terpenóide classificado como
monoterpeno. O α-citral é um isômero do β-citral visto anteriormente, possuindo portanto o mesmo
padrão de fragmentação.
A seqüência de eluição dos dois isômeros foi deduzida com base no tempo de retenção, levando em
consideração a estereoquímica dos dois compostos e suas respectivas interações com a coluna
cromatográfica usada na análise. O α-citral apresenta uma estereoquímica mais favorável às
interações com a fase estacionária da coluna. O β-citral, por ter a estrutura menos aberta, tem menos
facilidade para tais interações e fica portanto menos tempo retido na coluna, sendo o primeiro a
eluir. Para ser mais independente das variações do tempo de retenção foi realizada também
comparação dos índices de Kovats (IK) teóricos com os calculados. Para o β-citral, IKteórico = 1240,
enquanto que para o α-citral o IKteórico = 1270, ou seja, teoricamente o primeiro isômero a eluir é o β-
citral. Os índices de Kovats calculados demonstraram a mesma tendência e os valores ficaram
bastante próximo dos teóricos. Estes cálculos estão detalhados na seqüência e os resultados são
demonstrados na tabela 1.
Figura 17. Espectros de massas do germacreno B. Superior: Espectro de massas obtido da amostra.
Inferior: Espectro de massas proveniente de biblioteca eletrônica (NIST).
I = 100z + 100[(log t'rx – log t'rz) / (log t'r(z+1) – log t'rz) Onde:
I = índice de retenção de Kovats
z = nº de carbonos do alcano
anterior ao composto x
Composto x sendo o composto No. 9
tM = tempo morto = 1,075
I = 100(12) + 100[(log 19,615 – log 16,590) / (log 21,823 – log 16,590) t'rx = tempo de retenção do composto
I = 1200 + 100[0,073 / 0,119] x menos o tempo morto
I = 1261 t'rz = tempo de retenção do alcano
anterior ao composto x menos o
tempo morto
Composto x sendo o composto No. 10 t'r(z+1) = tempo de retenção do alcano
I = 100(12) + 100[(log 21,308 – log 16,590) / (log 21,823 – log 16,590) que aparece após o composto x
menos o tempo morto
I = 1200 + 100(0,109 / 0,119)
I = 1292
A comparação dos valores calculados com os tabelados, mostra que os índices de retenção de
Kovats calculados ficam bastante próximo dos teóricos. Vale ressaltar que as relações IKcalculado x
IKteórico levam em consideração as análises preliminares referente a ordem de eluição dos compostos
e os respectivos espectros de massas. Assim, o composto No. 9 que obteve IKcalculado = 1261, foi
associado ao valor tabelado de IKteórico = 1240 que corresponde ao isômero β-citral. Enquanto que o
composto No. 10 que obteve IKcalculado = 1292, foi associado ao valor tabelado de IKteórico = 1270 que
corresponde ao isômero α-citral.
Os mesmos estudos foram realizados para os demais compostos presentes na amostra, porém não
estão demonstrados. Para os compostos 1, 2, 15-18, não foi possível calcular o IK devido a falta de
alguma informação necessária para a correta aplicação da fórmula. Nos compostos 1 e 2 (sabineno e
β-mirceno) o tempo de retenção do menor alcano da série C 10-C30 foi maior do que o deste
composto. Nos compostos 15-18 o tempo usado na programação da análise de CG foi menor do que
o necessário para que estes compostos pudessem eluir da coluna de forma que fossem detectados.
A porcentagem de cada componente foi determinada relacionando a intensidade de cada pico com a
intensidade total apresentada pelo cromatograma do óleo essencial (Figura 11). Os compostos
identificados, cada qual com seu respectivo tempo de retenção, índice de retenção de Kovats
(teórico e calculado) e área relativa estão listados na tabela 1.
Tabela 1. Componentes do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, tempo de retenção, índice de
retenção de Kovats e percentagem em área.
No. Componente tR (min) IK(teórico) IK(calculado) Área (%)
1 Sabineno 12,69 976 * 0,5
2 β-Mirceno 13,40 991 * 5,8
3 p-Cimeno 14,54 1026 1028 0,9
4 β-Ocimeno (trans-ocimeno) 15,44 1050 1051 2,3
5 γ-Terpineno 15,83 1062 1063 2,7
6 Linalool 17,45 1098 1106 1,0
7 trans-Verbenol 20,27 1144 1168 0,6
8 cis-Crisantenol 21,15 1162 1186 1,0
9 β-Citral (neral, cis-citral) 24,03 1240 1261 25,1
10 α-Citral (geranial, trans-citral) 25,60 1270 1292 43,1
11 Geranil acetato 31,98 1383 1395 2,0
12 β-Elemeno 32,50 1391 1422 2,4
13 trans-Cariofileno (β-cariofileno) 34,11 1418 1441 2,8
14 γ-Elemeno 34,95 1433 1455 0,8
15 α-Humuleno (α-cariofileno) 36,07 1454 * 1,0
16 Germacreno-D 37,66 1480 * 1,8
17 Germacreno-A 39,06 1503 * 1,3
18 Germacreno-B 42,00 1556 * 4,9
TOTAL 100,0
*Índice de retenção de Kovats não calculado devido a falta de alguma informação necessária
para a correta aplicação da fórmula.
A investigação de toxicidade usando larvas de A. Salina, demonstrou que o óleo essencial da Lippia
alba apresenta capacidade de exercer ação tóxica. A dose letal para matar 50 % das larvas (DL50) foi
de 499,6 μg/mL (Figura 21). O controle positivo (Kr2Cr2O7 nas concentrações de 10, 20, 40 e 50 μg/
mL), apresentou DL50 de 25,76 μg/mL, garantindo a qualidade das larvas de A. Salina (Figura 22).
Figura 21. Gráfico da LD50 do óleo essencial de L. alba Figura 22. Gráfico da LD50 do controle
na investigação de toxicidade usando larvas de A. Salina positivo das larvas de A. Salina
5-4. Investigação da Atividade Antimicrobiana
As bactérias escolhidas para realizar estes bioensaios foram Eschrichia coli, Staphylococcus aureus
e Pseudomonas aeruginosa pertencentes a três grupos microbiológicos diferentes. Assim, a
Eschrichia coli é um bacilo gram negativo não esporulado, o Staphylococcus aureus é uma bactéria
(cocus) gram positiva e a Pseudomonas aeruginosa é um bacilo piociânico gram negativo, não
esporulado e bastante aeróbio. Os resultados são apresentados na tabela 2, obtidos dos bioensaios
realizados para determinação da atividade biológica do óleo essencial da Lippia alba.
Tabela 2. Atividade antimicrobiana do óleo essencial da Lippia alba (Mill.) N. E. Brown, frente aos microrganismos
Eschrichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.
Microrganismos
Amostra E. coli S. aureus P. aeruginosa
CIM CIM CIM
Óleo essencial L. alba 2,26 mg/mL 0,56 mg/mL 4,53 mg/mL
Gentamicina 0,39 µg/mL 0,21 µg/mL 0,39 µg/mL
Com base nestes bioensaios, observa-se que o óleo essencial da amostra apresenta capacidade de
exercer ação antibacteriana moderada a fraca frente aos microrganismos testados. Os resultados
apresentados mostram atividade antibacteriana moderada frente a bactéria S. aureus (CIM 0,56 mg/
mL), e atividade antibacteriana fraca frente as bactérias P. aeruginosa (CIM 4,53 mg/mL) e E.coli
(CIM 2,26 mg/mL). Torna-se difícil atribuir a atividade antimicrobiana à algum constituinte
específico do óleo essencial desta espécie, para tal seria necessário isolar cada componente. No
entanto, estão presentes na amostra, compostos com ação bactericida já descrita na literatura, como
por exemplo os álcoois linalol (6), trans-verbenol (7) e cis-crisantenol (8) (Pelczar et al., 1988) e
compostos com ação bacteriostática, também descrita na literatura, como o β-mirceno (2), p-cimeno
(3), β-ocimeno (4), β-cariofileno (13) e α-Humuleno (15) (Dorman & Deans, 2000; Magiats et al.,
2002; Oumzil et al., 2002; Burt, 2004; Valero & Frances, 2006). Além desses exemplos, Kurita et al
(1981), descreve que alguns aldeídos, entre eles o β-citral (9) e o α-citral (10) apresentam
significativa atividade antimicrobiana especialmente por terem uma ligação dupla conjugada com a
carbonila, resultando em espécie com alta densidade eletrônica, o que explicaria sua ação;
compostos desse tipo podem interferir no processo biológico envolvendo transferência de elétrons,
além de interagir com o nitrogênio presente em proteínas e ácidos nucleicos, inibindo desta forma, o
crescimento de microrganismos.
5-5. Investigação da Atividade Antioxidante Utilizando o Radical Livre DPPH (2,2-Difenil-
picril-hidrazil)
A investigação da atividade antioxidante utilizando o radical livre DPPH (Figura 23) é um método
que determina a capacidade seqüestraste de radicais livres de uma amostra, envolvendo a medida
espectrofotométrica do cromóforo 2,2-Difenil-picril-hidrazil (DPPH).
Este método é muito usado para medir a capacidade antioxidante em um tempo relativamente curto
comparado com outras técnicas. Baseia-se na inibição do acúmulo de produtos oxidados, tão logo
sejam formados. O efeito da ação antioxidante do radical DPPH é devido a sua habilidade de captar
hidrogênio. Extratos vegetais e óleos essenciais apresentam atividade antioxidante significativa
quando IC50 é menor do que 200 ppm.
A investigação da atividade antioxidante utilizando o radical livre DPPH, demonstrou que o óleo
essencial da Lippia alba não apresenta capacidade de exercer ação antioxidante nas concentrações
testadas, porém foi feito uma projeção da reta de decréscimo da absorbância de DPPH para estimar
o valor de IC50. Os resultados são apresentados na figura 24.
i. Foi extraído 1% do óleo essencial da Lippia alba através da técnica de destilação por arraste
a vapor;
ii. O índice de refração medido para o óleo essencial desta espécie foi de 1,473 e a rotação
óptica medida foi de -0,12°;
iii. Os estudos permitiram identificar que o óleo essencial da Lippia alba é composto em sua
grande maioria por terpenos, dos quais 55,6% são monoterpenos, 38,9% são sesquiterpenos
e apenas 5,6% são terpenos oxigenados. Destacam-se como principais constituintes: α-citral
(43,1%), β-citral (25,1%), β-mirceno (5,8%) e germacreno-B (4,9%), que somados
representam uma área total de 78,9%. Com base nesta composição ficou constatando que se
trata de uma espécie com o quimiotipo citral – mirceno;
iv. O óleo essencial apresentou atividade tóxica frente a Artemia Salina e atividade
antimicrobiana frente aos três microrganismos testados (Escherichia coli, Staphylococcus
aureus e Pseudomonas aeruginosa). Porém, este óleo essencial não apresentou atividade
antioxidante em relação ao radical livre DPPH.
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APÊNDICE