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FURG

Dissertação de Mestrado

CARACTERIZAÇÃO DE DIFERENTES BAUXITAS


E SUAS ESCÓRIAS DO PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE SULFATO DE ALUMÍNIO

João Carlos Vaz de Vaz

PPGQTA

Rio Grande, RS - Brasil

2019
ii

CARACTERIZAÇÃO DE DIFERENTES BAUXITAS E


SUAS ESCÓRIAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
DE SULFATO DE ALUMÍNIO

por

JOÃO CARLOS VAZ DE VAZ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Química Tecnológica e Ambiental da Universidade Federal do
Rio Grande (RS), como requisito parcial para obtenção do
título de MESTRE EM QUÍMICA.

PPGQTA

Rio Grande, RS - Brasil

2019
iii

Universidade Federal do Rio Grande


Escola de Química e Alimentos
Programa de Pós-Graduação em Química
Tecnológica e Ambiental

A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova a Dissertação de Mestrado

CARACTERIZAÇÃO DE DIFERENTES BAUXITAS E


SUAS ESCÓRIAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
DE SULFATO DE ALUMÍNIO

Elaborada por
JOÃO CARLOS VAZ DE VAZ

Como requisito parcial para a defesa do título de


Mestre em Química

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Luiz Antonio de Almeida Pinto (FURG – RIO GRANDE DO SUL)

Dr. Nauro da Silveira Jr. (FURG – RIO GRANDE DO SUL)

Prof. Dr. Tito Roberto Sant`Anna Cadaval Junior (FURG – RIO GRANDE DO SUL)

Rio Grande, 16 de julho de 2019.


iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço:

Ao meu orientador Prof. Tito pela motivação e otimismo nos momentos em que
os desafios inerentes ao trabalho tomavam caminhos mais difíceis;

A equipe do LTI, que por sua presteza e trabalho em conjunto demostraram o


valor que tem e pode existir no auxílio uns aos outros, na boa convivência;

Aos colegas de trabalho e amigos Jorge e Lutiane no auxílio dos conselhos, no


compartilhar de experiências, nos estudos em conjunto;

Ao Prof. Juliano pela disposição ao me orientar nas análises de DRX;

Ao Centro Integrado de Análises – CEME-SUL-FURG;

Ao Centro de microscopia eletrônica – CIA.


v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................vii

LISTA DE TABELAS...................................................................................................ix

RESUMO......................................................................................................................x

ABSTRACT..................................................................................................................xi

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2. OBJETIVO ........................................................................................................... 2

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 2

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 2

3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 4

3.1 Bauxita ............................................................................................................... 4

3.1.1 Classificação da Bauxita ............................................................................. 5

3.1.2 Bauxita: panorama global ............................................................................ 6

3.1.3 Bauxita no Brasil ......................................................................................... 7

3.2 Caracterização da bauxita ................................................................................. 9

3.3 Reação da bauxita: conversão em sulfato de alumínio ................................... 10

4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 12

4.1 Reação da bauxita – produção de sulfato de alumínio .................................... 12

4.2 Análises de caracterização .............................................................................. 14

4.2.1 Metodologia utilizada na caracterização da bauxita .................................. 15

4.2.2 Massa específica....................................................................................... 15

4.2.3 Distribuição granulométrica ....................................................................... 16

4.2.4 Morfologia dos grãos e Determinação semi quantitativa de elementos .... 18

4.2.6 Análise Textural (BET) .............................................................................. 19

4.2.7 Difratometria de raios-X (DRX) ................................................................. 20

4.2.8 Análise térmica por calorimetria exploratória diferencial (DSC) ................ 21


vi

4.2.9 Análise térmica termogravimétrica (TGA) ................................................. 22

4.2.10 Análise Estatistica ................................................................................... 23

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 24

5.1 Massa específica ............................................................................................. 24

5.2 Distribuição granulométrica ............................................................................. 25

5.3 Morfologia dos grãos (MEV) ............................................................................ 30

5.4 Determinação semi-quantitativa de elementos – (EDS) .................................. 32

5.5 Análise textural (BET) ...................................................................................... 37

5.6 Difratometria de raios-X (DRX) ........................................................................ 44

APÊNDICE A ............................................................................................................ 60

A1. Difratogramas completos das amostras de bauxita e de escória .................... 60

A2. Células unitárias cristalográficas e suas correspondentes unidades


assimétricas ........................................................................................................... 63
vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Produtores mundiais de bauxita em milhões de toneladas............................. 7


Figura 2. Principais regiões de bauxita no Brasil............................................................... 8
Figura 3. Fluxograma do processo de produção de sulfato de alumínio ..................... 13
Figura 4. Amostras analisadas. .......................................................................................... 14
Figura 5. Fluxograma das caracterizações da bauxita e da escória. ........................... 15
Figura 6.Picnômetro para determinação de massa específica ..................................... 16
Figura 7. Equipamento para determinação de granulometria ....................................... 17
Figura 8. Microscópio eletrônico de varredura com EDS acoplado. ............................ 19
Figura 9. Equipamento para análise de textura ............................................................... 20
Figura 10. Difratômetro de raios-X para amostras policristalinas ................................. 21
Figura 11. Equipamento para análise de calorimetria exploratória diferencial ........... 22
Figura 12. Equipamento para análise térmica termogravimétrica ................................ 23
Figura 13. Granulometria bauxita B1. ................................................................................ 25
Figura 14. Granulometria bauxita B2 ................................................................................. 26
Figura 15. Modelo de distribuição RRB para amostra B1 .............................................. 27
Figura 16. Modelo de distribuição RRB para amostra B2 .............................................. 27
Figura 17. Valores residuais versus preditos para modelo RRB em B1 ...................... 28
Figura 18. Valores residuais versus preditos para modelo RRB em B2 ...................... 29
Figura 19. MEV das amostras. Magnificação de 100 x. ................................................. 30
Figura 20. MEV das amostras. Magnificação de 10.000 x. ........................................... 31
Figura 21. Espectro de EDS e imagem de MEV para as amostras de bauxita. ......... 32
Figura 22. Mapeamento dos elementos da bauxita B1 .................................................. 34
Figura 23. Mapeamento dos elementos da bauxita B2 .................................................. 35
Figura 24. Espectro de EDS e imagem de MEV para as amostras de escória. ......... 36
Figura 25. Isoterma de BET da amostra B1 ..................................................................... 37
Figura 26. Isoterma de BET da amostra B2 ..................................................................... 38
Figura 27. Distribuição de tamanho de poros da bauxita B1 ......................................... 39
Figura 28. Distribuição de tamanho de poros da bauxita B2 ......................................... 39
Figura 29. Isoterma de BET da amostra E1 ..................................................................... 40
Figura 30. Isoterma de BET da amostra E2 ..................................................................... 41
Figura 31. Distribuição de tamanho de poros da escória E1 ......................................... 42
Figura 32. Distribuição de tamanho de poros da escória E2 ......................................... 42
viii

Figura 33. Difratograma da bauxita B1 na região de 20 a 90º ...................................... 44


Figura 34. Difratograma da bauxita B2 na região de 20 a 90º ...................................... 45
Figura 35. Difratograma da escória E1 na região de 10 a 90º ...................................... 46
Figura 36. Difratograma da escória E2 na região de 10 a 90º ...................................... 46
Figura 37. Termograma TGA para bauxita B1 ................................................................. 47
Figura 38. Termograma TGA para bauxita B2 ................................................................. 48
Figura 39. Termograma DSC para bauxita B1................................................................. 49
Figura 40. Termograma DSC para bauxita B2................................................................. 49
Figura 41. Termograma TGA para escória E1 ................................................................. 51
Figura 42. Termograma TGA para escória E2 ................................................................. 51
Figura 43.Termograma DSC para Escória E1 ................................................................. 52
Figura 44. Termograma DSC para Escória E2 ................................................................ 52
Figura 45. Difratograma da bauxita B1 ............................................................................. 60
Figura 46. Difratograma da bauxita B2 ............................................................................. 61
Figura 47. Difratograma da escória E1 ............................................................................. 61
Figura 48. Difratograma da escória E2 ............................................................................. 62
Figura 49. Célula unitária cristalográfica da Gibbsita – Al(OH)3 ................................... 63
Figura 50. Célula unitária cristalográfica da alumina - Al2O3 ......................................... 64
Figura 51. Célula unitária cristalográfica da hematita Fe2O3 ....................................... 655
Figura 52. Célula unitária cristalográfica da magnetita Fe3O4..................................... 666
Figura 53. Célula unitária cristalográfica - OTi ............................................................... 677
Figura 54. Célula unitária cristalográfica do quartzo - SiO2 ......................................... 688
Figura 55. Célula unitária cristalográfica da anatase - TiO2 ........................................ 699
ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição dos principais minerais de alumínio presentes na bauxita .......... 5


Tabela 2. Composições químicas: bauxita não metalúrgica e bauxita metalúrgica ..... 6
Tabela 3. Especificações da Bauxita ................................................................................... 8
Tabela 4. Massas específicas das bauxitas ..................................................................... 24
Tabela 5. Massas específicas das escórias ..................................................................... 24
Tabela 7. Composição percentual elementar mássica da bauxita B1 .......................... 33
Tabela 8. Composição percentual elementar mássica da bauxita B2 .......................... 33
Tabela 9. Composição percentual elementar mássica da escória E1 e E2 ................ 36
Tabela 10. Características texturais das amostras .......................................................... 43
Tabela 11. Características de cristalinidade das bauxitas ............................................. 47
Tabela 12. Parâmetros cristalográficos da Gibbsita – Al(OH)3 ...................................... 63
Tabela 13. Parâmetros cristalográficos da Alumina – Al2O3 .......................................... 64
Tabela 14. Parâmetros cristalográficos da Hematita – Fe2O3 ...................................... 65
Tabela 15. Parâmetros cristalográficos da Magnetita – Fe3O4 ...................................... 66
Tabela 16. Parâmetros cristalográficos – OTi .................................................................. 67
Tabela 17. Parâmetros cristalográficos do Quartzo – SiO2 ............................................ 68
Tabela 18. Parâmetros cristalográficos da Anatase – TiO2............................................ 69
x

RESUMO

Título: CARACTERIZAÇÃO DE DIFERENTES BAUXITAS E SUAS ESCÓRIAS DO


PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SULFATO DE ALUMÍNIO

Autor: João Carlos Vaz de Vaz


Orientador: Prof. Dr. Tito Roberto Sant’Anna Cadaval Junior

O minério de bauxita é comumente aplicado na fabricação de alumínio metálico,


mas há também um grupo de aplicações para a bauxita não metalúrgica a qual se
inclui a produção de produtos químicos como o sulfato de alumínio, que tem como
maior aplicação o tratamento de água, onde atua como agente floculante.
Praticamente todo sulfato de alumínio produzido hoje no Brasil dá-se a partir de
minério de alumínio (bauxita) em reação com ácido sulfúrico. As características do
minério podem alterar sua resposta em diferentes etapas do processo de produção
de sulfato de alumínio. Este trabalho objetiva a caracterização físico, química e
mineralógica do minério de bauxita de dois extratos rochosos de regiões distintas do
Brasil (B1 e B2) e suas respectivas escórias (E1 e E2), obtidas ao final da reação,
para auxiliar na compreensão dos fatores que possam vir a contribuir na otimização
do processo. As técnicas utilizadas na caracterização do material foram: picnometria,
distribuição granulométrica, microscopia eletrônica de varredura, determinação semi-
quantitativa de elementos, análise textural, difratometria de raios-x e análise térmica
diferencial e termogravimétrica. Estas técnicas demostraram que as amostras de
bauxita utilizadas na produção de sulfato de alumínio apresentam massa específica
na faixa de 2,47 a 2,51 g/cm³ com diâmetro médio em torno de 0,14 mm para ambas
as amostras. Também foi possível notar uma maior rugosidade na amostra de bauxita
B2 e diferença considerável na composição de ferro, que ficou entre 32 e 48% em
massa enquanto que em B1 esses percentuais foram bem baixos. Ambos os materiais
revelaram ser sólidos mesoporosos com área superficial 24% menor em B2. Além
disso através de análise difratometria de raios – X foi possível concluir que as
amostras eram compostas basicamente pelo mineral gibbsita, apresentando B2 uma
maior cristalinidade. Nas análises térmicas, as amostras de bauxita evidenciaram
valores maiores de perda de massa da ordem de 29,5% para B1 e 24% para B2,
quando comparadas com suas respectivas escórias e valores de variação de entalpia
similares de 793,35 J/g para a amostra B1 e de 830,13 J/g para a amostra B2 nos
picos de maior significância.

Palavras chave: bauxita, caracterização, sulfato de alumínio


xi

ABSTRACT

Title: CHARACTERIZATION OF DIFFERENT BAUXITES AND THEIR SLAG IN


THE PROCESS OF PRODUCTION OF ALUMINUM SULPHATE
Author: João Carlos Vaz de Vaz
Advisor: Prof. Dr. Tito Roberto Sant’Anna Cadaval Junior

Bauxite ore is commonly applied in the manufacture of metallic aluminum, but there is
also a batch of applications for nonmetallurgical bauxite, which includes the production
of chemicals such as aluminum sulfate. Its main application is in water treatment,
where it acts as a flocculating agent. Virtually all aluminum sulphate produced today in
Brazil comes from aluminum ore (bauxite) in reaction with sulfuric acid. The bauxite
composition determines the ore characteristics and, consequently, its conversion
response to aluminum sulfate, which in turn will imply a greater or lesser sedimentation
time in the settling tanks during its production process. This work aims at the physical,
chemical and mineralogical characterizations of bauxite ore from two rocky extracts
from distinct regions of the Brazil (B1 and B2), with their respective slag obtained at
the end of the reaction with each type of bauxite (E1 and E2) to help in understanding
the factors that may contribute to sedimentation process optimization. The techniques
used in the material characterization were: pycnometer, particle sizes distribution,
scanning electron microscopy, semi-quantitative determination of elements, textural
analysis, x-ray diffraction and differential thermal and thermogravimetric analysis.
These techniques demonstrated that bauxite samples used in the production of
aluminum sulfate have a specific mass in the range of 2.47 to 2.51 g / cm³ with a mean
diameter about 0.14 mm for both samples. It was also possible to notice a higher
roughness in the sample of bauxite B2 and, a considerable difference in iron
composition that was between 32 and 48% in mass, whereas in B1 these percentages
were very low. Both materials proved to be mesoporous solids with a 24% lower
surface area in B2. In addition, X - ray diffraction analysis allowed us to conclude that
the samples were composed basically of the mineral gibbsite, with B2 being more
crystalline. In the thermal analyzes, the bauxite samples showed higher mass loss
values of 29.5% for B1 and 24% for B2 when compared to their respective slag and
similar enthalpy change values of 793.35 J / g for sample B1 and 830.13 J / g for
sample B2 at the most significant peaks.
Keywords: bauxite, characterization, aluminum sulfate
1

1. INTRODUÇÃO
A bauxita foi descoberta em 1821 por Berthier, na localidade de Les Baux, no
sul da França. Trata-se de uma rocha de coloração avermelhada, rica em alumínio,
com mais de 40% de alumina (Al2O3). A proporção dos óxidos de ferro determina a
coloração da rocha, assim, a bauxita branca contém de 2 a 4% de óxidos de ferro, ao
passo que na bauxita vermelha essa proporção atinge 25% (DA LUZ, 2005).
A bauxita é comumente aplicada na fabricação de alumínio metálico, mas há
também um grupo de aplicações para a bauxita não metalúrgica, no qual se incluem:
refratários (31%), abrasivos (24%), produtos químicos (16%), cimentos de alta
alumina (18%) e fabricação do aço (11%) (PASCOAL, 2000). A composição da bauxita
in natura determinará as características do minério. Estas características definirão em
qual grupo dos citados anteriormente será empregado o material (QUARESMA, 2009).
Praticamente todo sulfato de alumínio produzido hoje no Brasil dá-se a partir
de minério de alumínio (bauxita) em reação com ácido sulfúrico (IQC, 2005).
O sulfato de alumínio hidratado, Al2(SO4)3·xH2O, é o segundo composto de
alumínio de maior importância industrial, depois do óxido. Sua maior aplicação é no
tratamento de água, onde atua como agente floculante (HELMBOLDT, 2012).
A bauxita extraída para utilização em processos químicos no Brasil (bauxita
não metalúrgica) é fornecida a partir de diferentes mineradoras. Dependendo de sua
origem e, consequente, composição pode se ter alterações no processo de produção
de sulfato de alumínio. Alterações estas que podem implicar em dificuldades durante
o processamento deste material desde a moagem, na conversão da reação e na
separação da escória do meio reacional durante a sedimentação e a filtração. Sendo
assim, um estudo utilizando rochas de diferentes extratos rochosos faz-se necessário
para que seja possível prever seu comportamento correlacionado com suas
características físicas, químicas e mineralógicas afim de prever possíveis alterações
necessárias no processo, para que a produção possa ocorrer independentemente das
características da rocha.

No presente trabalho é proposta a caracterização do minério de bauxita


através de análises de massa específica, distribuição granulométrica, morfologia de
grãos, composição elementar, textura, cristalinidade e estabilidade térmica de dois
extratos rochosos de regiões distintas do Brasil. Bauxita B1 da região sudeste e
bauxita B2 da região sul objetivando auxiliar na compreensão dos fatores que possam
vir a contribuir na otimização do processo de obtenção de sulfato de alumínio.
2

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Caracterização do minério de bauxita extraído a partir de dois extratos rochosos de


diferentes regiões do Brasil e das escórias remanescentes, após a reação de
produção de sulfato de alumínio.

2.2 Objetivos Específicos

1 - Determinação da massa especifica, por picnometria, para as bauxitas extraídas


das Regiões Sudeste (Bauxita 1-B1) e Região Sul (Bauxita 2 – B2) e para as escórias
das bauxitas da Região Sudeste (Escória 1-E1) e da Região Sul (Escória 2-E2);

2 - Determinação da distribuição granulométrica, pelos métodos de diâmetro de


Sauter e modelos de ajuste RRB e GGS, para as bauxitas extraídas das Regiões
Sudeste (Bauxita 1-B1) e Região Sul (Bauxita 2 – B2);

3 - Determinação da morfologia de grão por microscopia eletrônica de varredura


para as bauxitas extraídas das Regiões Sudeste (Bauxita 1-B1) e Região Sul (Bauxita
2 – B2) e para as escórias das bauxitas da Região Sudeste (Escória 1-E1) e da Região
Sul (Escória 2-E2);

4 - Determinação da composição elementar através de determinação semi –


quantitativa de elementos para as bauxitas extraídas das Regiões Sudeste (Bauxita
1-B1) e Região Sul (Bauxita 2 – B2) e para as escórias das bauxitas da Região
Sudeste (Escória 1-E1) e da Região Sul (Escória 2-E2);

5 - Determinação da textura através da área superficial, volume de poros e


diâmetro de poros para as bauxitas extraídas das Regiões Sudeste (Bauxita 1-B1) e
Região Sul (Bauxita 2 – B2) e para as escórias das bauxitas da Região Sudeste
(Escória 1-E1) e da Região Sul (Escória 2-E2);
3

6 - Determinação da cristalinidade através de difratometria de raios-X para as


bauxitas extraídas das Regiões Sudeste (Bauxita 1-B1) e Região Sul (Bauxita 2 – B2)
e para as escórias das bauxitas da Região Sudeste (Escória 1-E1) e da Região Sul
(Escória 2-E2);

7 - Análise térmica através de calorimetria exploratória diferencial para as bauxitas


extraídas das Regiões Sudeste (Bauxita 1-B1) e Região Sul (Bauxita 2 – B2) e para
as escórias das bauxitas da Região Sudeste (Escória 1-E1) e da Região Sul (Escória
2-E2);

8 - Análise térmica através de termogravimetria para as bauxitas extraídas das


Regiões Sudeste (Bauxita 1-B1) e Região Sul (Bauxita 2 – B2) e para as escórias das
bauxitas da Região Sudeste (Escória 1-E1) e da Região Sul (Escória 2-E2);
4

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 BAUXITA
A bauxita é a fonte natural do alumínio, sendo este o terceiro elemento em
abundância na crosta terrestre, depois do oxigênio e do silício (ANJOS; SILVA, 1983).
Atribui-se o descobrimento da bauxita ao mineralogista e geólogo Pierre
Berthier que, em 1821, encontrou sedimentos ricos em alumínio nas proximidades de
“Les Beaux de Provence” (Bouches du Rhône) na França, denominando-os “alumina
hidratada de Beaux”. Em 1847, Armand Dufrénoy denomina o minério como
“Beauxite”. O minério foi renomeado por Henri Sainte-Claire Deville em 1861, que o
designou como “Bauxite”, e, assim surgia a denominação: “bauxita” (PALOMINO,
2017).
De acordo com Valeton (1972), o termo bauxita é usado para produtos do
intemperismo ricos em alumina, porém pobres em álcalis, alcalinos terrosos e sílica.
De acordo com Klein e Hurlbut Jr. (2003), a bauxita é uma rocha de cor avermelhada,
apresentado uma mistura de óxidos de alumínio hidratados de composição não
definida. Para Bardossy e Aleva (1990) e Parekh e Goldberger (1976), a bauxita é um
tipo de rocha que consiste na combinação de um ou mais minerais de hidróxido de
alumínio, sendo estes, principalmente:

 A gibbsita (Al(OH)3), também chamada de hidrargilita, que é uma forma tri-


hidratada de alumina (Al2O3.3H2O);
 A boemita (γ-AlO(OH)) e diásporo (α-AlO(OH)); que são duas formas de
alumina mono-hidratada (Al2O3.H2O).

Como observado, a composição química geral do diásporo é a mesma que a


da boemita, porém o diásporo é mais duro e denso. A bauxita geralmente também
possui na sua composição:

 Minerais de ferro como: Goethita (FeO(OH)) e hematita (Fe2O3);


 Minerais de sílicato de alumínio hidratado como os argilominerais: Caulinita
(Al2Si2O5(OH)4) e a haloisita;
 O titânio também está presente com pequenas quantidades de anatásio (TiO 2)
ou rutilo;
5

 A sílica presente também, na forma de quartzo;

Na Tabela 1 constam os três principais minerais de bauxita e suas características.

Tabela 1. Descrição dos principais minerais de alumínio presentes na bauxita

Mineral Gibbisita Boehmita Diásporo


Formula química Al(OH)3 -γ AlOOH -γ AlOOH -α
Al2O3:H2O 1:3 1:1 1:1
Sistema Cristalino Monoclinico Ortorrômbico Ortorrômbico
Dureza Mohs 2,5 – 3,5 3,5 – 4,0 6,5 – 7,0
Densidade 2,42 3,01 3,44
Índice de refração 1,568 1,649 1,702
Temp. de desidratação (⁰C) 150 350 450
Produto de desidratação Al2O3 - χ Al2O3 - γ Al2O3 - α
Solubilidade (g Al2O3 / L) (*) 128 54 Insolúvel
Al2O3 (%) 65,4 85,0 85,0
(*) Em solução de Na2O a 100 g/L, a 125⁰C.
Fonte: Habashi, 1993

Algumas bauxitas têm composição que se aproximam à da gibbsita, todavia, em


sua maioria formam uma mistura contendo componentes como: sílica, óxido de ferro,
titânio e outros elementos. Como resultado, a bauxita não é considerada uma espécie
mineral e, numa classificação rígida, o nome bauxita deve ser usado em alusão à
rocha (bauxita) (SAMPAIO et al., 2001).

3.1.1 Classificação da Bauxita

Segundo publicação de Paz (2016), a bauxita pode ser classificada quanto à


sua composição química e mineralógica e também quanto à finalidade tecnológica, a
qual pode ser metalúrgica e não metalúrgica. A Tabela 2 apresenta as composições
químicas da bauxita não metalúrgica e da bauxita metalúrgica. Observa-se que a
diferença mais relevante entre esses dois tipos de bauxita é o teor de Fe2O3 (DA LUZ,
2005).
6

Tabela 2. Composições químicas: bauxita não metalúrgica e bauxita metalúrgica

Bauxita Não Metalúrgica Bauxita Metalúrgica


Constituintes (%) Constituintes (%)
Fe2O3 2,5 (máx.) Fe2O3 11 - 12
SiO2 5–7 SiO2 < 4,0
Al2O3 50 Al2O3 > 48
Fonte: Habashi, 1993

3.1.2 Bauxita: panorama global

A maior parte das reservas de bauxita no mundo encontram-se localizadas em


regiões tropicais e subtropicais. De acordo com informações do International
Aluminium Institute (IAI), a bauxita ocorre em três principais tipos de climas: Tropical
(57%), o Mediterrâneo (33%) e o Subtropical (10%) (QUARESMA, 2009).
Especialistas avaliam que as reservas mundiais conhecidas de bauxita agregam em
torno de 70 bilhões de toneladas. Com base nas atuais taxas de consumo e níveis de
aproveitamento, a estimativa é que a reserva seja suficiente para atender à demanda
dos mercados globais pelos próximos 250 a 300 anos (ABAL, 2017)

A Austrália, o Brasil, a China e a Índia são os maiores produtores mundiais de


bauxita. A Guiné e a Jamaica, apesar de possuírem significativas reservas, não têm
grande volume de produção. A Alcoa e a Rio Tinto Alcan são as principais produtoras
de bauxita do mercado mundial (BNDES, 2015).

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS – United States


Geological Survey), na publicação do sumário mineral para a Bauxita e Alumina de
2017, ano base 2016 (USGS, 2017), a quantificação das reservas de bauxita em
porcentagem se distribuem da seguinte forma: 32% na África (Guine), 23% Oceania
(Austrália) 21% América do Sul e Caribe (Brasil e Jamaica), 18% na Ásia (Vietnam,
Índia, China, etc.) e 6% no restante do mundo. A Figura 1 apresenta um mapa mundial
destacando os países que detém as maiores reservas de bauxita e os maiores
produtores mundiais. Estas quantidades foram levantadas pela USGS para o ano
7

2016, sendo que o Brasil ocupa a terceira posição como produtor e como terceira
maior reserva mundial.

Figura 1. Produtores mundiais de bauxita em milhões de toneladas

Fonte: USGS – United States Geological Survey, (2017)

3.1.3 Bauxita no Brasil


As reservas cubadas no Brasil apresentam características químicas que se
enquadram nos padrões exigidos pelo mercado mundial, tanto para grau metalúrgico
como para refratário, o que significa dizer que são excelentes reservas para o padrão
internacional (MARTIRES, 2008).
As reservas de bauxita no Brasil estão localizadas em diversos municípios
distribuídos por todo o país, conforme o Anuário Mineral Brasileiro (ANM) do
departamento nacional de produção mineral (DNPM).
Segundo este, as reservas de bauxita estão distribuídas por 5 (cinco)
principais Estados, com um total de 3,6 bilhões de toneladas onde 3,3 bilhões são do
tipo metalúrgico, ou mais de 90% das reservas totais (medida, indicada e inferida). Em
termos de percentual de alumina disponível (Al2O3) tem-se as reservas da região
sudeste (São Paulo) e sul (Santa Catarina), com valores de 40,18% e 45%,
respectivamente (DNPM, 2018).
A Figura 2 mostra a localização das principais regiões de bauxita do Brasil.
8

Figura 2. Principais regiões de bauxita no Brasil

Fonte: Palomino ( 2017)

No Brasil, para as principais utilizações, as especificações da bauxita podem


ser caracterizadas como na Tabela 3.

Tabela 3. Especificações da Bauxita

Composição Metalúrgica Refratário Química


Al2O3 (%) 45 – 55 Min. 85 40 – 60
SiO2 (%) 0 – 15 Máx. 11 5 – 18
Fe2O3 (%) 5 – 30 Máx. 22,5 Máx. 4
TiO2 (%) 0–6 Máx. 3,5 0-6
Fonte: Sampaio et al. (2001)
9

3.2 Caracterização da bauxita

Segundo Oréfice et al. (2006), é crescente o interesse pela área de análise


e caracterização de materiais devido à necessidade de seleção adequada do material
baseado no desempenho do sistema em estudo. Dependendo das solicitações a que
este material ou sistema será submetido, a caracterização poderá abranger a
avaliação de propriedades mecânicas, elétricas, bioatividade, eletrônicas,
magnéticas, ópticas, químicas, térmicas e até mesmo a combinação de duas ou mais
destas propriedades.
Para conhecer um material é fundamental que seja realizada sua
caracterização baseada em um estudo de todas as características relevantes para
compreender sua natureza química, mineralógica e física (QUARESMA, 2009).
Neste contexto, devem ser realizadas análises que possibilitem a
determinação da massa específica, distribuição granulométrica, morfologia de grão,
composição elementar, textura, cristalinidade e estabilidade térmica a fim de obterem-
se parâmetros que auxiliem no estudo cinético da conversão do minério de bauxita
em sulfato de alumínio.
A seguir são listados alguns trabalhos nos quais foram estudados processos
que envolvem o minério de bauxita como matéria prima e seu subproduto de reação
através de caracterização das mesmas.

1- Aquino et al. (2006): estudou a caracterização físico-química e


mineralógica da bauxita de Santa Catarina para a produção de refratários,
obtendo em seus resultados de que a bauxita era composta basicamente
pelo mineral gibbsita seguido de boehmita e semicristalitos de goethita
com um teor de alumínio disponível superior a 50%.

2- Silva et al. (2010): realizou um estudo do tratamento do minério de bauxita


do estado do Pará. Com base nas relações estequiométricas da
decomposição dos componentes da bauxita e a perda de massa
observada na análise térmica, confirmou as fases de gibbsita, goethita e
caolinita presentes na amostra e 47,5% de aluminio disponível na amostra
10

3- Rivas Mercury et al. (2010): estudou o comportamento térmico e


propriedades físico-mecânicas da lama vermelha (resíduo de bauxita do
processo Bayer), procedente da indústria de alumínio do estado do
Maranhão. No estudo realizado foram obtidos valores para área superfícial
especifica de 12,96 m²/g e perda de massa de 12,78% em análise
termogravimétrica.

4- Prado et al. (2012): realizou o estudo da ativação ácida e do tratamento


térmico de bauxita extraída de jazidas em Minas Gerais. Os resultados
demonstraram que a bauxita in natura é composta basicamente pelo
mineral gibbsita, seguido de semicristalitos de goethita e óxido de silício,
apresentando características de sólido com ausência de mesoporosidade
com baixos valores de área superficial total (10,24 m²/g), diâmetro (0,03
nm) e volume de poros (0,06 cm³/g). Foi mostrado que as bauxitas ativadas
em meio ácido mostraram que as transformações sofridas no sólido estão
diretamente relacionadas com a concentração da solução ácida utilizada
e resultam em aumento da área superficial total, diâmetro e volume de
poros.

5- Louzada, Bigansolli, Lima-Kühn. (2017): utilizou a técnica de difração de


raios x para realizar a caracterização microestrutural da bauxita extraída
da região de Lavrinhas/SP, utilizada na fabricação do coagulante de
sulfato de alumínio. Os difratogramas experimentais das amostram de
bauxita foram sobrepostos ao padrão simulado de gibbsita e seus
polimorfos diásporo e boehmita bem como a fases constituídas por óxidos
de ferro e aluminosilicatos, demonstrando que a mesma é composta
majoritariamente por gibbsita.

3.3 Reação da bauxita: conversão em sulfato de alumínio

Os produtos mais importantes obtidos com base na bauxita grau químico são:
sulfatos, cloretos e fluoretos de alumínio, aluminato de sódio e acetato de alumínio.
Primeiramente, a seleção da bauxita para a produção direta do sulfato de alumínio
11

depende da solubilidade relativa em solução sulfúrica das fases presentes. Entre os


três minerais de alumínio da bauxita: a gibbsita é o mais solúvel, a boehmita tem
solubilidade média e o diásporo é o menos solúvel. Em segundo lugar, a razão
alumina/ferro deve ser considerada, todavia, para a bauxita grau químico exige-se
uma relação de 100/1. Entretanto, a especificação normal exige uma relação de 23/1.
Esta relação proporciona uma solução amarela pálida, preferida por muitos
consumidores. Tais exigências baseiam-se em preferências históricas e não em
considerações científicas. O sulfato de alumínio é a fonte do íon Al3+, que atua como
agente coagulante no tratamento de água (DA LUZ, 2005).

Na dissolução do minério de bauxita com ácido sulfúrico as possíveis reações


que ocorrem seguem equacionadas:

Al2O3(s) +3H2SO4(aq)Al2(SO4)3(aq) + 3H2O(l) (1)

Fe2O3(s) + 3H2SO4(aq) Fe2(SO4)3(aq) + 3H2O(l) (2)

TiO2(s) + H2SO4(aq) TiOSO4(aq) + H2O(l) (3)

A taxa de dissolução do minério de bauxita na reação (1) vai depender do tipo


e natureza da bauxita bem como dos parâmetros de condição da reação, tais como
relação dos reagentes, temperatura da reação, granulometria da rocha e agitação do
sistema (ZAFAR, 2008).

Após a reação ocorrer o produto pode ser deslocado para áreas de tancagem
onde, nos tanques de decantação, ocorre a sedimentação para a separação dos
insolúveis.

A sedimentação é um dos processos de separação sólido-líquido baseada na


diferença entre as massas especificas dos constituintes de uma suspensão; a
remoção das partículas sólidas presentes em uma corrente líquida se dá pela ação do
campo gravitacional, o que oferece ao processo as características de baixo custo e
grande simplicidade operacional. (FRANÇA; MASSARANI, 2004).

Os sedimentadores são equipamentos projetados para promover a separação


das fases sólida e fluída em suspensões cujo interesse comercial varia desde a
purificação ou clarificação de uma corrente líquida ao processo de concentração de
materiais particulados (AROUCA, 2007).
12

Na literatura, costuma-se classificar os sedimentadores em dois tipos: os


espessadores e os clarificadores. O primeiro tem como produto de interesse o sólido
e são caracterizados pela produção de espessados com alta concentração de sólidos,
e o segundo o líquido e se caracterizam pela produção de espessados com baixas
concentrações de sólidos (FRANÇA; MASSARANI, 2004).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Reação da bauxita – produção de sulfato de alumínio

A reação de produção de sulfato de alumínio a partir do minério de bauxita foi


realizada em uma indústria de produção de coagulantes da região sul do estado em
um processo de duas bateladas. A primeira utilizando a bauxita B1 e após a segunda
utilizando a bauxita B2, oriundas de diferentes extratos rochosos e,
consequentemente com composições diferentes. O processo de produção dá-se
inicialmente por abastecimento de água no reator pelos tanques de lavagem de sílica
ou do lago artificial, seguido da adição de bauxita sob agitação para formar uma
suspensão da mesma. Após é adicionado lentamente ácido sulfúrico para dar início à
reação. Nesta etapa é fechada a exaustão natural do reator (dumper da chaminé) e
acionado o lavador de gases para captar os gases ácidos oriundos da reação. Ao
término da adição de ácido, o reator permanece com agitação durante um período de
tempo onde é adicionado antiespumante à reação, para controle da mesma, uma vez
que devido a heterogeneidade do minério de bauxita a reação pode ser rápida ou lenta
devido a variação na quantidade de insolúveis. Ao final da reação é feita a diluição
com água, oriunda dos tanques de lavagem de sílica ou do tanque de água de
lavagem ou do lago artificial, de acordo com concentração do produto. Nesta etapa
são coletadas amostras para análise do produto da reação, de forma que a quantidade
de água adicionada na diluição garanta uma concentração de sulfato de alumínio em
torno de 48-50%. A reação da bauxita com o ácido sulfúrico bem como a diluição do
ácido sulfúrico são processos exotérmicos que podem elevar a temperatura de reação
13

em até 130 ⁰C. Portanto, ao término da reação, o produto fica em repouso por um
período de tempo de forma a reduzir o aquecimento gerado pela reação. Após
suficiente resfriamento o produto pode ser então deslocado para a área de tancagem,
onde nos tanques de decantação ocorre a separação dos insolúveis. Terminado o
período de decantação, o produto final é deslocado por bombeamento para tanques
de expedição e o subproduto da reação (suspensão dos insolúveis) para um filtro
prensa onde o material (torta de filtração) é colocado para secar à temperatura
ambiente. Este material, a escória da reação, também é objeto de estudo do presente
trabalho, e segundo sua origem, com base na bauxita utilizada, foi classificado como
escória E1 e escória E2. A Figura 3 ilustra o fluxograma do processo.

Figura 3. Fluxograma do processo de produção de sulfato de alumínio

.Legenda: (1)bauxita; (2) ácido sulfúrico; (3) água tratada; (4) polieletrólito; (5) Diluição do sulfato de
alumínio; (6) gases oriundos da adição de ácido á reação; (7) vapores/resfriamento da reação; (8)
produto da reação; (9) sulfato de alumínio; (10) insolúveis; (11) escória em suspensão ácida; (12) água
acidificada; (13) água do lavador de gás; (14) escória; (15) consumidor final.

Fonte: autor
14

4.2 Análises de caracterização

Os equipamentos necessários para realização do procedimento experimental


deste trabalho de pesquisa foram disponibilizados pela Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), através do Laboratório de Tecnologia Industrial (LTI) da Escola de
Química e Alimentos, do Centro Integrado de Análises (CIA) e do Centro de
Microscopia Eletrônica do sul (CEME-SUL). Na análise dos minérios de bauxita
quanto nas suas escórias, foram realizadas caracterizações através dos seguintes
métodos: determinação da massa específica por picnometria e distribuição
granulométrica por peneiramento no LTI; morfologia dos grãos por microscopia
eletrônica de varredura (MEV), determinação semi-quantitativa usando
espectroscopia de energia dispersiva (EDS) e cristalinidade por difração de raios X
(DRX) no CEME-SUL; textura (BET), estabilidade térmica (DSC e TGA) no CIA.
As amostras de bauxita (B1 e B2) e suas respectivas escórias (E1 e E2)
utilizadas nas análises acima descritas são ilustradas abaixo na figura 4.

Figura 4. Amostras analisadas.

Legenda: (B1) bauxita da região 1; (B2) bauxita da região 2; (E1) escória da bauxita da região 1; (E2)
escória da bauxita da região 2.
Fonte: autor
15

4.2.1 Metodologia utilizada na caracterização da bauxita


O fluxograma da Figura 5 apresenta de forma resumida as técnicas
empregadas na caracterização da bauxita e sua escória.

Figura 5. Fluxograma das caracterizações da bauxita e da escória.

Fonte: autor

4.2.2 Massa específica

A massa específica das rochas foi determinada por picnometria no Laboratório


de tecnologia Industrial da Escola de Química e Alimentos da Universidade Federal
do Rio Grande (LTI – EQA - FURG). Primeiramente foi calibrado o picnômetro para
determinação de seu volume. Posteriormente, foi colocada uma massa conhecida de
rocha. Após, o picnômetro foi preenchido com água até sua totalidade e a massa final
foi anotada. A variação de massa ocorrida pela adição do fluído foi anotada e com
base na massa específica do fluído pode-se determinar o volume de fluído colocado.
O volume ocupado pelas partículas foi determinado pela subtração do volume do
picnômetro menos o volume de água adicionado. A Figura 6 ilustra o picnômetro
utilizado na determinação de massa específica.
16

Figura 6.Picnômetro para determinação de massa específica

Fonte: autor

A massa específica das partículas foi determinada pela divisão da massa das
partículas pelo volume ocupado pelas mesmas de acordo com a equação 4.
𝑚
𝜌= (4)
𝑉

4.2.3 Distribuição granulométrica

A análise granulométrica foi realizada no Laboratório de tecnologia Industrial


da Escola de Química e Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande (LTI – EQA
- FURG) passando-se o material através de uma série de peneiras com malhas
progressivamente menores com aberturas padronizadas. A Figura 7 ilustra o
equipamento utilizado.
17

Figura 7. Equipamento para determinação de granulometria

Fonte: autor

Na análise granulométrica foram utilizadas as peneiras da série Tyler (35; 48;


65; 100; 150; 200; 270; 325 e 400). O diâmetro de Sauter foi calculado de acordo com
a Equação 5.

1
̅𝑠𝑎𝑢𝑡𝑒𝑟 =
𝐷 ∆𝑋𝑝 (5)
∑𝑛
1𝐷𝑚

onde ∆Xp representa a média das frações retida e passante e Dm representa a média
das aberturas das peneiras.

Para representar a distribuição granulométrica do sólido em estudo através de


modelos matemáticos de distribuição, que procuram se ajustar aos dados de
diâmetros de partícula e fração de passantes, foi realizada uma regressão não linear
utilizando o Software Statistica 7.0 onde foram estimados o diâmetro médio para dois
18

modelos de distribuição: o de RRB e GGS, utilizando-se o método interativo Quase-


Newton para a estimativa dos parâmetros.

O modelo de distribuição de Rosin-Rammler-Bennet (RRB) é representado


pelas equações 6 e 7:

D n
XP 1 e D' , n0 (6)

onde Xp representa a fração passante e D o diâmetro da partícula. Os parâmetros D’


e n são obtidos pelo ajuste dos dados através de regressão não linear.

Após obtenção dos parâmetros do modelo pode-se calcular o diâmetro médio


das partículas pela seguinte Equação 7:

D'
D , n 1 (7)
 1
1  
 n

onde  é a função gama e D o diâmetro médio.

Já o modelo de distribuição de Gates-Gaudin-Schumann (GGS) é expresso


pelas equações 8 e 9:

m
D 
XP   P  , DK (8)
 K 

onde Xp representa a fração passante e DP o diâmetro da partícula. Os parâmetros


K e m são obtidos pelo ajuste dos dados através de regressão linear.

Após obtenção dos parâmetros do modelo pode-se calcular o diâmetro médio


das partículas pela seguinte equação 8:

D 
m  1K , m 1 (9)
m

4.2.4 Morfologia dos grãos e Determinação semi quantitativa de elementos

A morfologia superficial dos grãos das rochas e a determinação semi quantitativa de


elementos foram avaliadas no Centro de Microscopia Eletrônica da Zona Sul da
Universidade Federal do Rio Grande (CEME - SUL - FURG). As amostras foram
19

recobertas a vácuo, utilizando carbono, e colocadas em um microscópio eletrônico de


varredura (MEV JEOL, JSM-6060, Japão) acoplado ao equipamento de EDX. (JEOL,
JSM 5800, Japão). Foram utilizadas acelerações de voltagem de 5 e 10 kV, e a faixa
de magnificação foi de 100 a 10000 x. A Figura 8 ilustra o equipamento de MEV/EDS
utilizado nas análises.

Figura 8.Microscópio eletrônico de varredura com EDS acoplado.

Fonte: autor

4.2.6 Análise Textural (BET)


As análises de textura para determinações de volume total de poros, diâmetro
médio dos poros e área superficial específica das microestruturas foram determinados
por análise de BET no Centro Integrado de Análises da Universidade Federal do Rio
Grande (CIA - FURG). A Figura 9 ilustra o equipamento utilizado na análise textural.
20

Figura 9. Equipamento para análise de textura

Fonte: autor

Na análise textural os dados foram obtidos por isotermas de N2 a 196 °C


(Micromeritcs, ASAP 2020, EUA). As amostras foram pré tratadas a 200 °C por 24 h
sob atmosfera de nitrogênio, a fim de eliminar a umidade adsorvida na superfície do
sólido. Posteriormente, as amostras foram submetidas a um vácuo com pressão
residual de 10−4 Pa a 25 °C.

4.2.7 Difratometria de raios-X (DRX)

As composições mineralógicas foram obtidas no Centro de Microscopia


Eletrônica da Zona Sul da Universidade Federal do Rio Grande (CEME - SUL - FURG)
por difração de raios X das amostras de bauxita, utilizando-se um difratômetro de raios
X (Bruker D-8, Alemanha), com radiação cobre Kα (λ = 1,5418 Å), tensão de 40 kV e
40mA. A identificação foi realizada de 10 ° a 90 ° para 2θ, empregando um incremento
de 0,02 ° com 500 ms por passo (geometria de Bragg-Brentano, com condições de
tubo de raios X de 40 kV / 40 mA). O software DiffracPlus EVA foi usado para executar
a análise através de rotina de busca com correspondência em banco de dados
cristalográficos.
21

Figura 10. Difratômetro de raios-X para amostras policristalinas.

Fonte: autor

Para a determinação da cristalinidade das rochas foram utilizadas as Equações


10 e 11:

Área global−área reduzida


% amorfo = 100 (10)
Área global

% cristalinidade = 100 − % amorfo (11)

4.2.8 Análise térmica por calorimetria exploratória diferencial (DSC)

As características térmicas da bauxita foi determinada no Centro Integrado de


Análises da Universidade Federal do Rio Grande (CIA - FURG) por análises térmicas
de DSC utilizando um calorímetro (Shimadzu, DSC–60, Japão). A Figura 11 ilustra o
equipamento utilizado na análise de calorimetria exploratória diferencial.
22

Figura 11. Equipamento para análise de calorimetria exploratória diferencial

Fonte: autor

Para a realização da análise de calorimetria exploratória diferencial as amostras


foram alocadas em recipientes tipo panelas de alumínio hermeticamente fechadas, e
como referência foi utilizado um recipiente vazio. As amostras foram analisadas em
atmosfera de N2 com vazão de gás de 50 ml min-1, em intervalo de temperatura de
25 °C a 600 °C, a uma taxa de aquecimento de 10 °C min-1.

4.2.9 Análise térmica termogravimétrica (TGA)

A característica de degradação térmica da bauxita foi determinada no Centro


Integrado de Análises da Universidade Federal do Rio Grande (CIA - FURG) mediante
a análise térmica de TGA utilizando um calorímetro (Shimadzu, TGA–60, Japão). A
Figura 12 ilustra o equipamento utilizado na análise térmica termogravimétrica.
23

Figura 12. Equipamento para análise térmica termogravimétrica

Fonte: autor

Para realizar a análise térmica termogravimétrica foram utilizadas amostras


com massa de 3,0 a 5,0 mg, colocadas em recipientes do tipo panela de alumínio, e
como referência foi utilizado um recipiente vazio. As amostras foram analisadas em
atmosfera de N2 com vazão de gás de 50 mL min-1, em intervalo de temperatura de
25 °C a 600 °C, a uma taxa de aquecimento de 10 °C min-1.

4.2.10 Análise Estatistica

Os experimentos foram realizados em duplicata, e os resultados foram


analisados estatisticamente pelo teste de Tukey utilizando um intervalo de confiança
de 95% (p<0,05%) para comparação entre as médias (BOX; HUNTER; HUNTER,
2005).
24

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Massa específica

As Tabelas 4 e 5 apresentam os valores de massa específica para as rochas


de minério de bauxita B1 e B2 e Escória E1 e E2 respectivamente.

Tabela 4. Massas específicas das bauxitas

Bauxita – B1
Ensaios ρ (g/cm³) Média (g/cm³)
1 2,47 ± 0,01 ª
2,47
2 2,47 ± 0,01 ª
Bauxita – B2
Ensaios ρ (g/cm³) Média (g/cm³)
1 2,51 ± 0,01 b
2,51
2 2,52 ± 0,01 b
Valor médio ± desvio padrão (n=2). Letras iguais na mesma coluna são iguais estatisticamente e
letras diferentes diferem estatisticamente (p>0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 5. Massas específicas das escórias

Escória – E1
Ensaios ρ (g/cm³) Média (g/cm³)
1 2,15 ±0,01 ª
2,15
2 2,16 ±0,02 ª
Escória – E2
Ensaios ρ (g/cm³) Média (g/cm³)
1 2,37 ± 0,02 b
2,36
2 2,36 ± 0,01 b
Valor médio ± desvio padrão (n=2). Letras iguais na mesma coluna são iguais estatisticamente e letras
diferentes diferem estatisticamente (p>0,05) pelo teste de Tukey.

Pode ser observado nas tabelas 4 e 5 que a bauxita B1 tem valor inferior de
massa específica quando comparada com a B2, sendo que esta relação de diminuição
se mantém nas escórias sendo a amostra E1 inferior a E2.

Segundo REDDY et al, (2015), valores de massa especifica obtidos para


bauxitas na região de Andra Padrexe na Índia são similares aos obtidos neste trabalho
ficando em torno de 2,35 g/cm³. Já para AQUINO et al. (2011) na análise de massa
especifica de bauxitas para fins refratários na região de Lages-SC os valores obtidos
25

são da ordem de 2,46 g/cm³. PILUSKI, (2018) obteve o valor de 2,60 g/cm³ para
bauxita ativada onde afirma que a massa específica das bauxitas podem variar de 1,2
g/cm3, para bauxitas porosas e pobres em sílica, até 3,5 g/cm3 em bauxitas densas
e ricas em ferro.

Com bases nestes valores pode ser observado que os obtidos no presente
trabalho são próximos e coerentes com os citados na literatura. As variações
presentes devem-se ao fato de que, dependendo do extrato rochoso do qual a bauxita
é oriunda, tem-se minerais diferentes em maior ou menor quantidade a compor a
rocha. Minerais estes com massas molares que podem ser, como no caso da hematita
praticamente o dobro em relação a gibbsita, e que farão consequentemente com que
os resultados das massas especificas não sejam iguais, porém similares.

5.2 Distribuição granulométrica

A partir dos dados de distribuição granulométrica foram plotados os gráficos de


granulometria para as amostras de bauxita B1 e B2. As Figuras 13 e 14 apresentam
os gráficos das distribuições granulométricas e suas frações passante e retido. Pode-
se observar que as intersecções das curvas para as bauxitas B1 e B2 mostram a
media de diâmetro em torno de 0,18 mm para ambas.

Figura 13. Granulometria bauxita B1.


26

Figura 14. Granulometria bauxita B2

Com os dados de fração passante (Xp) e diâmetro (D) obtidos no peneiramento


foi realizado o cálculo do diâmetro médio de Sauter cujo valor médio foi de 0,174 mm
para B1 e de 0,185 mm para B2. Com base nestes mesmos dados também foram
realizados os ajustes aos modelos de distribuição GGS e RRB. As figuras 15 e 16
mostram o ajuste obtido para o modelo de distribuição RRB para as amostras B1 e
B2, respectivamente.
27

Figura 15. Modelo de distribuição RRB para amostra B1

Figura 16. Modelo de distribuição RRB para amostra B2

Estes ajustes apresentaram, para o modelo de distribuição GGS, correlações


de 0,87392 e 0,93477 para as amostras B1 e B2 respectivamente. Já para o modelo
de distribuição RRB os valores de correlação obtidos são de 0,99953 para a amostra
B1 e de 0,99659 para a amostra B2. A Tabela 6 apresenta os valores estimados para
o ajuste de função dos modelos GGS e RRB bem como os seus parâmetros de
qualidade obtidos na regressão para as amostras B1 e B2.
28

Tabela 6. Valores estimados para ajuste de função dos modelos GGS e RRB

GGS – B1 GGS – B2 RRB – B1 RRB – B2

K m K M D’ n D’ n
Parâmetro 0,431 0,958 0,456 1,025 0,189 3,159 0,226 2,299
Erro 0,048 0,188 0,033 0,141 0,002 0,094 0,006 0,143
t 8,879 5,092 13,871 7,273 119,109 33,729 40,639 16,126
P-level 0,431 0,958 0,456 1,025 0,189 3,159 0,226 2,299
EMR% 10,396 11,510 1,614 3,139
R² 0,8739 0,9668 0,9998 0,9983

As figuras 17 e 18 ilustram os gráficos de valores residuais versus valores


preditos obtidos para as amostras B1 e B2, respectivamente para o modelo de
distribuição RRB.

Figura 17. Valores residuais versus preditos para modelo RRB em B1


29

Figura 18. Valores residuais versus preditos para modelo RRB em B2

Os valores obtidos para diâmetro médio através do modelo RRB, que mostrou
melhor ajuste que o GGS, apresentando maior correlação e melhor distribuição de
dados não tendenciosos foi de 0,144 mm para a amostra B1 e de 0,169 mm para a
amostra B2.

A análise de distribuição granulométrica não foi efetivada para as amostras de


escória E1 e E2 uma vez que após reação o material forma um agregado.

As análises de distribuição granulométrica bem como os ajustes de modelos de


distribuição realizados no presente trabalho objetivaram obter dados sobre o tamanho
da partícula de bauxita utilizada para o processo de produção de sulfato de alumínio
no intuito de observar a possibilidade de interferência do tamanho de grão das
bauxitas de diferentes extratos rochosos na reação. Dessa forma, não foram
encontrados dados na literatura para comparação, uma vez que as bauxitas
analisadas nos mais diversos trabalhos pesquisados objetivavam, através da
distribuição granulométrica, a descrição dos elementos presentes em bauxitas in
natura segundo as diversas frações obtidas no peneiramento e não a análise de um
rocha previamente processada para fins químicos como a do presente trabalho.
30

5.3 Morfologia dos grãos (MEV)

As Figuras 19 e 20 apresentam as imagens de microscopia eletrônica de


varredura (MEV) da superfície das bauxitas. A Figura 19 apresenta as imagens com
100 x de magnificação e mostram os grãos das rochas. É possível observar que os
grãos apresentam morfologia e esfericidades similares entre si. A Figura 20 mostra as
imagens com magnificação de 10000 x, onde é possível observar as superfícies dos
grãos para as 4 amostras. É possível notar que o grão da rocha B2 apresenta
superfície mais rugosa e com ranhuras mais profundas que a B1, a qual apresenta
uma superfície mais plana e menos rugosa.

Figura 19. MEV das amostras. Magnificação de 100 x.

Legenda: (a) B1; (b) B2, (c) E1; (d)E2.

Na Figura 19 acima exposta percebe-se que as partículas estão com tamanho


médio de 100μm, valor este que corrobora com o resultado do diâmetro médio
31

encontrado pelo modelo RRB da distribuição granulométrica. Além disso nas figuras
19- (c) e 19- (d) (referente as escórias) é possível notar grãos menores que diminuíram
em função do consumo do alumínio durante a reação bem como grãos maiores que
representam o material agregado. Nas Figuras 20- (c) e 20- (d) fica claro a lixiviação
do alumínio através do aumento da rugosidade nas amostras de Escórias onde estas
demonstram-se com formato mais pontiagudo.

Figura 20. MEV das amostras. Magnificação de 10.000 x.

Legenda: (a) B1; (b) B2, (c) E1; (d)E2

Em pesquisas de MEV, na análise de morfologia, segundo RIVAS MERCURY,


(2010) as imagens porosas das partículas maiores são devido a presença de hematita
e quartzo não reagido enquanto que as menores e mais porosas que formam
aglomerados são provavelmente alumino silicatos conhecidos como produtos de
dessilicação.

Com relação aos diâmetros médios observados, SINGH & SRIVASTAVA,


(2018) nas análises de MEV para bauxita de região de bacia do Kachchh na Índia
32

observa a gibbsita e a goethita como elementos majoritários e com diâmetros de


partícula de 50 a 200 μm. Valores este dentro da faixa observada no presente estudo.

5.4 Determinação semi-quantitativa de elementos – (EDS)

A análise de EDS identificou os elementos presentes na amostra apresentando


uma aproximação semi-quantitativa. A Figura 21 – (a) apresenta o espectro de EDS e
a imagem de MEV da bauxita B1 onde pode ser observado presença de oxigênio (O),
alumínio (Al) e ferro (Fe). A Figura 21 – (b) apresenta o resultado do EDS e a imagem
de MEV para a bauxita B2 onde podemos observar a presença dos elementos
oxigênio (O), alumínio (Al), ferro (Fe), silício (Si), enxofre (S), titânio (Ti) e cromo (Cr).
Nas imagens de MEV (Figura 21) de ambas as amostras são marcados 6 pontos e
nesses pontos foram determinadas as quantidades relativas dos elementos presentes.
Os valores percentuais em massa são apresentados nas Tabela 7 e 8 para as rochas
B1 e B2, respectivamente. Além disso, foi realizado um mapeamento de toda a
imagem referente aos elementos avaliados.

Figura 21. Espectro de EDS e imagem de MEV para as amostras de bauxita.

Legenda: (a) B1; (b) B2.


33

Tabela 6. Composição percentual elementar mássica da bauxita B1

Al Si Fe
P1 31,47±0,34 - -
P2 32,01±0,32 - -
P3 32,45±0,35 0,77±0,14 -
P4 29,52±0,31 0,95±0,09 0,67±0,22
P5 31,12±0,34 1,04±0,08 1,32±0,25
P6 32,40±0,34 - 0,50±0,24
Mapa 30,06±0,30 0,55±0,08 0,63±0,22
Legenda: Al = alumínio; Si = sílica e Fe = ferro.

Tabela 7. Composição percentual elementar mássica da bauxita B2

Al Si P S Ti Cr Fe
P1 13,66±0,30 1,90±0,11 - 0,36±0,09 0,61±0,15 0,84±0,20 42,82±1,52
P2 16,68±0,30 0,83±0,09 0,26±0,07 - 0,82±0,17 0,48±0,23 38,45±1,49
P3 13,05±0,28 0,82±0,10 0,25±0,08 0,32±0,08 0,83±0,16 0,75±0,22 45,31±1,51
P4 11,76±0,24 1,44±0,16 0,23±0,06 - 0,31±0,13 - 32,62±1,13
P5 12,33±0,26 0,75±0,09 - 0,48±0,13 0,68±0,16 0,83±021 48,84±1,62
P6 14,62±0,30 0,87±0,10 - 0,27±0,12 0,81±0,17 - 44,52±1,54
Mapa 13,99±0,,25 1,31±0,12 0,24±0,06 - 0,74±0,14 0,52±018 40,05±1,36
Legenda: Al = alumínio; Si = sílica; P = fósforo; Ti = titânio; Cr = cromo e Fe = ferro

Através da análise de EDS pode-se perceber uma diferença na composição


das duas amostras, a B2 possui um teor de ferro entre 32 e 48% em massa, enquanto
que na amostra B1 esses percentuais são muito baixos e em alguns pontos são nulos.
Segundo SANTOS et al, (2013) quando o teor de ferro se apresenta baixo, como no
caso da bauxita B1, é que possivelmente a hematita (Fe2O3) se encontra associada a
outros minerais como a gibbsita e a caulinita.

A bauxita B1 apresentou em sua composição um menor número de


componentes minoritários, sendo composta principalmente por alumínio, ferro e sílica.
O oxigênio está presente em grande quantidade em ambas as amostras devido a
presença de óxidos de alumínio, ferro e sílica, entretanto o mesmo foi removido das
análises. Além disso cumpre ressaltar que o percentual significativo de ferro presente
na amostra B2 colabora com o resultado obtido para o ensaio de massa específica da
mesma, cujo resultado é maior que o da amostra B1. SRIVASTAVA, (2018) nas
34

análises de EDS para bauxita de região de bacia do Kachchh na Índia observa a


presença de ferro com teores percentuais de 4.83 a 39.62%, de silica de 3.63 a
19.38% e titânio de 1.07 a 6.47%.

As Figuras 22 e 23 apresentam o mapeamento dos elementos presentes nas


amostras. A Figura 22 traz a distribuição dos elementos que compõem a amostra B1.
Observa-se que todos os elementos presentes estão homogeneamente
distribuídos na região analisada. No mapeamento da bauxita B1, além dos elementos
identificados pelo EDS nota-se a presença de titânio em pequena quantidade.

Figura 22. Mapeamento dos elementos da bauxita B1


35

Figura 23. Mapeamento dos elementos da bauxita B2

A Figura 24 – (a) apresenta o espectro de EDS e a imagem de MEV da escória


E1 onde podemos observar a presença dos elementos oxigênio (O), alumínio (Al),
ferro (Fe), titânio (Ti), magnésio (Mg) e enxofre (S). A Figura 24 – (b) apresenta o
resultado do EDS e a imagem de MEV para a escória E2 onde pode ser observada a
presença de oxigênio (O), alumínio (Al), ferro (Fe), silício (Si), titânio (Ti) e potássio
(K).

Os valores percentuais em massa das amostras de escória são apresentados


na Tabela 9.
36

Figura 24. Espectro de EDS e imagem de MEV para as amostras de escória.

Legenda: (a) E1; (b) E2

Tabela 8. Composição percentual elementar mássica da escória E1 e E2

Al Si K Ti Fe S Mg
E1 13,12±0,21 18,79±0,26 1,76±0,16 3,15±0,14 2,11±0,54 3,11±0,15 0,13±0,08

E2 9,17±0,18 12,80±0,24 0,25±0,08 1,43±0,12 6,70±0,64 - -


Legenda: Al = alumínio; Si = sílica; K = potássio; Ti = titânio; Fe = ferro; S = enxofre e Mg =
magnésio

Da Tabela 9 pode se observar que mantem-se as relações de maior percentual


de alumínio da amostra B1 e maior percentual de ferro da amostra B2 nas escórias
E1 e E2 respectivamente. Além disso, devido a remoção do alumínio (após reação)
as proporções dos elementos não se mantêm e consequentemente aparece de forma
mais clara a heterogeneidade da amostra B1 em E1 a qual não possuía tantos
elementos quanto a B2. Nas escórias não foram realizadas contagens pontuais mas
sim por área, e consequentemente não foram obtidas imagens de mapeamento dos
37

elementos, uma vez que as amostras de escória são formadas por um agregado dos
insolúveis da reação da bauxita.

5.5 Análise textural (BET)

As isotermas de adsorção-dessorção de N2 das bauxitas B1 e B2 são


apresentadas nas Figuras 25 e 26 respectivamente. Ambos os materiais apresentam
o mesmo perfil isotérmico, caracterizando uma isoterma do tipo IV com um loop de
histerese característico (tipo H3). Segundo Prado (2012) esse tipo de isoterma é típico
de materiais mesoporosos, onde o formato de loop de histerese está associado a
condensação e evaporação capilar do gás nos poros. Ainda segundo o mesmo autor,
a forma de histerese do tipo H3 corresponde a materiais que apresentam poros com
formatos de cunha, cones ou placas paralelas.

Figura 25. Isoterma de BET da amostra B1

28
26
Quantidade adsorvida ((cm³ g-1 STP)

24
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
P/P0
38

Figura 26. Isoterma de BET da amostra B2

18

16
Quantidade adsorvida (cm³ g STP)

14
-1

12

10

0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
P/P0

A distribuição de tamanho de poros das rochas é apresentada nas Figuras 27


(amostra B1) e 28 (amostra B2). Com base nestas figuras é possível confirmar que
ambas as rochas são materiais mesoporosos (diâmetro de poros entre 2 e 50 nm).
Além disso, é possível verificar que as rochas apresentam a maior distribuição de
diâmetro de poros centralizados na região de 4 nm. Esta concentração em valores
mais baixos próximos do limite inferior de mesoporosidade (e alguns na região de
microporos) faz com que o líquido condensado retido na adsorção dentro dos
mesoporos demore mais para sair durante a dessorção, o que pode ser percebido
pela larga faixa de variação de pressão no processo de histerese, podendo este fato
ser indicativo da presença do fenômeno de cavitação induzida. Observa-se também
que os diâmetros dos poros variam, na região de maior concentração, de 2 a 80 nm
na bauxita B1 e de 2 a 60 nm em B2.
39

Figura 27. Distribuição de tamanho de poros da bauxita B1

Figura 28. Distribuição de tamanho de poros da bauxita B2

0,0020

0,0018
dV/dD Volume de poro (cm³ g nm )
-1

0,0016
-1

0,0014

0,0012

0,0010

0,0008

0,0006

0,0004

0,0002

0,0000
0 20 40 60 80 100 120 140
Diâmetro de poro (nm)
40

As isotermas de adsorção-dessorção de N2 das Escórias E1 e E2 são


apresentadas nas Figuras 29 e 30 respectivamente. Ambos os materiais apresentam
o mesmo perfil isotérmico característico de uma isoterma do tipo V com loop de
histerese do tipo H1.

Figura 29. Isoterma de BET da amostra E1


41

Figura 30. Isoterma de BET da amostra E2

A distribuição de tamanho de poros das escórias são apresentadas nas Figuras


31 (amostra E1) e 32 (amostra E2). Da amostra E1 percebe-se que a curva apresenta
uma distribuição mais homogênea e próxima da curva de Gauss (quando comprada
com as curvas das bauxitas) com diâmetro médio em torno de 20 nm. Já na amostra
E2 o gráfico ressalta a marcante heterogeneidade de tamanho de poros da amostra.
Porém, ambas as amostras de escoria, E1 e E2, tem diâmetro médio de poros maior
que as bauxitas B1 e B2. Como consequência, o líquido condensado retido na
adsorção dentro dos mesoporos sai mais fácil durante a dessorção, o que pode ser
percebido pela curta faixa de variação de pressão no processo de histerese das
isotermas das escorias.
42

Figura 31. Distribuição de tamanho de poros da escória E1

0,0030
dV/dD Volume de poro (cm³ g nm )
-1

0,0025
-1

0,0020

0,0015

0,0010

0,0005

0,0000
0 20 40 60 80 100
Diametro de Poro (nm)

Figura 32. Distribuição de tamanho de poros da escória E2

0,0030

0,0025
dV/dD Volume de poro (cm³ g nm )
-1
-1

0,0020

0,0015

0,0010

0,0005

0,0000
0 20 40 60 80 100 120
Diâmetro de Poro (nm)
43

As características das rochas B1 e B2 e escórias E1 e E2 determinadas pelas


análises de BET e BJH estão apresentadas na Tabela 10. É possível observar que a
área superficial da bauxita B2 é 24% menor que a amostra B1. De acordo com Prado
(2012), estes valores para as amostras B1 e B2 são consistentes e estão de acordo
com os encontrados nas bauxitas do Brasil cuja média e 16,55 m2/g. Segundo Mercury
(2010) os valores obtidos para as escorias também são condizentes com os obtidos
em amostras oriundas de extratos rochosos nacionais cujos valores relativamente
baixos (quando comparados a outras jazidas internacionais) indicam a presença de
hematita bem cristalina na amostra original. Afirmação esta que pode ser comprovada
através da comparação entre o menor valor obtido para a área superficial (B2 –
8,45m2/g) e sua correspondente analise de EDS. Ainda segundo o mesmo autor, o
aumento de área superficial das amostras de bauxita para as de escorias
possivelmente ocorre em função da desorganização da estrutura do elementos
presentes, pois segundo este, em processos onde a bauxita é submetida a ativação
acida ocorre a substituição dos ions interlamelares por ions H3O+, provável dissolução
de impurezas e quebra de ligações químicas.

O volume de poros total da rocha B2 foi aproximadamente metade do volume


total de poros da bauxita B1. Já com relação ao diâmetro médio de poros as duas
rochas apresentaram valores similares. Para as amostras de escória percebe-se que
essa relação mantém-se mas em menor proporção uma vez que a área superficial da
escória E2 é aproximadamente 10% menor que a da escória E1. Já o volume de poros
da escória E2 é 30% menor que a amostra E1. Com relação ao diâmetro de poros
ambas também não diferem de forma significativa, porém neste caso E2 é que
apresenta-se 12,5% menor que E1.

Tabela 9. Características texturais das amostras

B1 B2 E1 E2
Área Superficial por BET (m² g–1) 11,12 8,47 25,3 23,0

Volume de poros total (cm³ g–1) 0,043 0,021 0,130 0,090

Diâmetro médio de poros (nm) 14,42 15,15 22,1 19,50


44

5.6 Difratometria de raios-X (DRX)


\

Os difratogramas das amostras de bauxita B1 e B2 (Figuras 33 e 34) são


apresentados a seguir. A análise mineralógica por difração de raios X das amostras
revelam que estas rochas são bem cristalizadas e constituídas essencialmente pela
fase cristalina de gibbsita (γ-Al(OH)3, COD 1011081) seguida de outras duas
minoritárias de Hematita (α-Fe2O3, COD 9015964) e óxido de silício (SiO2, COD
9012600). PILUSKI, (2018) pela análise mineralógica por difratometria de raios-X
identificou as fases gibsita, boemita e hematita.

Percebe-se que ambas as amostras, apesar de oriundas de diferentes extratos


rochosos correspondem a bauxitas do tipo Gibbsitica a qual é comum de ser
observada em regiões de clima tropical como o Brasil.

Figura 33. Difratograma da bauxita B1 na região de 20 a 90º


45

Figura 34. Difratograma da bauxita B2 na região de 20 a 90º

Os difratogramas das amostras de Escória E1 e E2 estão ilustrados nas Figuras


35 e 36. Pode ser observado da análise mineralógica por difração de raios X das
amostras que as escórias são relativamente menos cristalizadas que as bauxitas e
constituídas essencialmente pela fase cristalina de Hematita (α-Fe2O3, COD 9015964)
na escória E1 e de óxido de silício (SiO2, COD 9012600) na escória E2. Percebe-se
que ambas as amostras demostram o consumo efetivo de alumínio através da gibbsita
restando apenas traços de alumínio disponível nas formas de diásporo (AlOOH, COD
9005766 ) na escória E1 e Caulinita (Si2Al2O5(OH)4,COD 9009230) na escória E2.
Diferentemente de outros trabalhos onde os difratogramas são analisados em toda a
sua amplitude e por comparação através de sobreposição de picos por comparação
de minérios previamente conhecidos, no presente trabalho optou-se por descreve-los
com identificação de 10 a 90º de forma a possibilitar que os elementos presentes nas
amostras tanto de bauxita quanto de escorias possam ser melhor identificados. Fator
este que pode ser observado no detalhamento dos difratogramas onde pelo menos 5
compostos são identificados.
46

Figura 35. Difratograma da escória E1 na região de 10 a 90º

Figura 36. Difratograma da escória E2 na região de 10 a 90º

As estimativas de cristalinidade das duas rochas estão apresentadas na tabela 11,


onde é possível notar que a amostra de bauxita B2 apresenta uma cristalinidade maior
que a B1, em torno de 7% maior. Essa relação se mantém para as escórias porém em
um percentual mais significativo de aproximadamente 23% a mais em E2. Como na
reação o alumínio é consumido, tem-se essencialmente na amostra de escória
silicatos, que são de caráter amorfo. Consequentemente o percentual da fase amorfa
aumenta nas escórias.
47

Tabela 10. Características de cristalinidade das bauxitas

B1 B2 E1 E2
Fase Cristalina (%) 78,32 85,4 35,4 58,6

Fase Amorfo (%) 21,72 15,3 64,3 41,1

5.7 Análises térmicas (DSC E TGA)

Os termogramas das análises térmicas por termogravimetria das amostras das


bauxitas B1 e B2 podem ser observadas nas Figuras 37 e 38 respectivamente.

Figura 37. Termograma TGA para bauxita B1


48

Figura 38. Termograma TGA para bauxita B2

Como as amostras estavam secas, as mesmas apresentaram pouca perda de


massa por evaporação de água. Na curva de TGA os materiais quando submetidos a
aumento de temperatura de até 600ºC apresentaram uma perda de massa de 29,5%
para a amostra B1 e de 24% para a amostra B2.

Os termogramas das análises térmicas por calorimetria exploratória diferencial -


DSC das amostras das bauxitas B1 e B2 podem ser observadas nas Figuras 39 e 40
respectivamente.
49

Figura 39. Termograma DSC para bauxita B1

Figura 40. Termograma DSC para bauxita B2


50

Nestas é possível observar a presença de picos distintos. Na amostra B1 observa-


se a presença de 3 picos onde segundo SILVA, (2010) podem estar relacionados os
possíveis eventos:

- entre 229 e 248ºC a provável presença de impurezas eutéticas ou fases


metaestáveis podem produzir um pico adicional relativamente pequeno.

- entre 289 e 333ºC a decomposição da gibbsita (Al(OH)3) em boehmita (AlO(OH))


(etapa de desidroxilação da gibbsita), ΔH = 793,35J/g.

- entre 462 e 544ºC a decomposição da boehmita formada no evento 2 e a possível


desidroxilação da caulinita (Al4(Si4O10)(OH)8 para formar a alumina (Al2O3).

Na amostra B2 praticamente os mesmos eventos se repetem e se observa na curva


de DSC a presença de 2 picos significativos em:

- 282 a 334 ºC decomposição da gibbsita em boehmita, ΔH = 830,13J/g

- 465 a 533 ºC desidroxilação da boemita e da caulinita.

Ainda para a amostra B2 pode ser observado que o pico endotérmico principal
apresenta um formato bem definido e simétrico. Segundo MOREIRA, (2010) este tipo
de formato é característico de transição de fusão a temperatura constante.

Os termogramas das análises térmicas por termogravimetria das amostras das


escórias E1 e E2 podem ser observadas nas Figuras 41 e 42 respectivamente.
51

Figura 41. Termograma TGA para escória E1

Figura 42. Termograma TGA para escória E2


52

As análises térmicas termograviméricas das amostras das escórias E1 e E2


apresentaram uma perda de massa de 15,5% para a amostra E1 e de 9,5% para a
amostra E2 ambas submetidas até 600 ºC.

Os termogramas das análises térmicas por calorimetria exploratória diferencial -


DSC das amostras das escórias E1 e E2 podem ser observadas nas Figuras 43 e 44
respectivamente.

Figura 43.Termograma DSC para Escória E1

Figura 44. Termograma DSC para Escória E2


53

Assim como nas amostras de bauxita alguns picos podem ser observados nas
curvas de DSC da escórias E1 e E2. Em E1 tem-se dois picos que estão relacionados
aos possíveis eventos:

- entre 37 e 110ºC a perda de água adsorvida as partículas

- entre 466 e 520ºC a decomposição da goethita (FeOOH) para formar hematita


(Fe2O3)

Na amostra E2, possivelmente mais seca, não houve perda de água mas também se
observa na curva de DSC a presença de 2 picos em:

- 270 a 301 ºC possível resíduo de gibbsita não reagida que sofre decomposição
em boehmita.

- 466 a 506 ºC decomposição da goethita.


54

6. CONCLUSÕES

No presente trabalho foram realizadas caracterizações em duas amostras de


bauxitas B1 e B2 e em suas respectivas escórias E1 e E2 de acordo com a massa
específica utilizando picnometria, distribuição granulométrica por peneiramento,
morfologia dos grãos por MEV, determinação semi quantitativa de elementos que
compõe a rocha por EDS, cristalinidade e composição mineralógica utilizando XRD,
textura através de análise de isoterma de BET e estabilidade térmica por TGA e DSC.

1 - A análise de massa específica apresentou valor um médio de 2,49 g/cm³ para


as amostras de bauxita e de 2,24 g/cm³ nas escórias de forma que a diminuição do
valor de massa específica nas amostras de escórias deve-se possivelmente ao fato
de o alumínio ter sido consumido após a reação.

2 - A granulometria pelo diâmetro de Sauter mostrou um valor similar de 0,187 mm


para a amostra B2 e 0,177 mm para a amostra B1. O modelo RRB apresentou melhor
ajuste que o GGS.

3 - As análises de MEV mostraram que os grãos apresentaram morfologia e


esfericidades similares entre si. Já para as escórias E1 e E2 é possível notar grãos
menores que diminuíram em função do consumo do alumínio percebendo-se a
lixiviação deste através do aumento da rugosidade nas amostras de escórias onde
estas demonstram-se com formato mais pontiagudo.

4 - Através da análise de EDS verificou-se uma diferença na composição das duas


bauxitas. A amostra B2 possui um teor de ferro entre 32 e 48% em massa, enquanto
que na bauxita B1 esses percentuais foram muito baixos e em alguns pontos não
existiram.

5 - As isotermas de adsorção-dessorção de N2 das bauxitas B1 e B2 mostraram


as amostras apresentam o mesmo perfil isotérmico característico de sólidos
mesoporosos e para as amostras E1 e E2 ambos os materiais apresentaram o perfil
isotérmico característico de uma isoterma do tipo V. Na amostra E1 a curva
apresentou uma distribuição de poros mais homogênea.

6 - A análise mineralógica por difração de raios X das amostras revelaram que


estas rochas são bem cristalizadas e constituídas essencialmente pela fase cristalina
55

de gibbsita. Já as amostras de escórias mostraram-se relativamente menos


cristalizadas que as bauxitas devido ao consumo de alumínio sendo constituídas
essencialmente pela fase cristalina de hematita na escória E1 e de óxido de silício em
E2.

7 – As análises de TGA das amostras B1 e B2 apresentaram uma perda de massa


de 29,5% para a amostra B1 e de 24% para a amostra B2. Para as análises térmicas
das amostras das escórias E1 e E2 os materiais apresentaram uma perda de massa
de 15,5% para a amostra E1 e de 9,5% para a amostra E2

8- Nas análises de DSC, picos distintos, e significativos foram obtidos nas


amostras de B1 e B2. Já nas curvas de DSC para as escórias foram observados picos
relativamente pequenos referentes a pequenas quantidades de alumínio ainda
presentes na amostra e outros elementos não tão significativos.
56

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABAL, Associação Brasileira do Alumínio, Bauxita no Brasil - Mineração responsável


e competitividade 2017 Disponível em: http://www.abal.org.br/downloads/ABAL
Relatorio_Bauxita_2017_1.pdf>. Acessado em 14 junho 2019.
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Brasil – processo Bayer para produção de alumina e os processos eletrolíticos
para a produção de alumínio. In: As usinas brasileiras de metalurgia extrativa
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de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Universidade
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60

APÊNDICE A

A1. Difratogramas completos das amostras de bauxita e de escória

Figura 45. Difratograma da bauxita B1


61

Figura 46. Difratograma da bauxita B2

Figura 47. Difratograma da escória E1


62

Figura 48. Difratograma da escória E2


63

A2. Células unitárias cristalográficas e suas correspondentes unidades


assimétricas

Figura 49. Célula unitária cristalográfica da Gibbsita – Al(OH)3

Tabela 12. Parâmetros cristalográficos da Gibbsita – Al(OH)3

Parâmetros Al(OH)3
Sistema Cristalino Monoclínico
Grupo Espacial P 1 21/n 1
A 8.641 ± 0.001 Å
B 5.07 ± 0.001 Å
C 9.72 ± 0.004 Å
Α 90°
Β 85.43 ± 0.08°
γ 90°
Volume Celula
Unitária 424.5 Å3
64

Figura 50. Célula unitária cristalográfica da alumina - Al2O3

Tabela 13. Parâmetros cristalográficos da Alumina – Al2O3

Parâmetros Al2O3
Sistema Cristalino Octaédrica
Grupo Espacial R -3 c :H
A 4.754 ± 0.0005 Å
B 4.754 ± 0.0005 Å
C 12.982 ± 0.0006 Å
Α 90°
Β 90°
γ 120°
Volume Célula
Unitária 254.09 ± 0.06 Å3
65

Figura 51. Célula unitária cristalográfica da hematita Fe2O3

Tabela 14. Parâmetros cristalográficos da Hematita – Fe2O3

Parâmetros Fe2O3
Sistema Cristalino Trigonal
Grupo Espacial R -3 c :H
A 5.0346 Å
B 5.0346 Å
C 13.7473 Å
Α 90°
Β 90°
γ 120°
Volume Celula
Unitária 301.771 Å3
66

Figura 52. Célula unitária cristalográfica da magnetita Fe3O4

Tabela 15. Parâmetros cristalográficos da magnetita – Fe3O4

Parâmetros Fe3O4
Sistema Cristalino Octaédrica
Grupo Espacial F d -3 m :1
a 8.4 Å
b 8.4 Å
c 8.4 Å
α 90°
β 90°
γ 90°
Volume Celula
Unitária 592.7 Å3
67

Figura 53. Célula unitária cristalográfica - OTi

Tabela 16. Parâmetros cristalográficos – OTi

Parâmetros OTi
Sistema Cristalino Tetragonal
Grupo Espacial P -6 m 2
A 3.031 ± 0.0006 Å
B 3.031 ± 0.0006 Å
C 3.2377 ± 0.0009 Å
Α 90°
Β 90°
γ 120°
Volume Celula
Unitária 25.8 Å3
68

Figura 54. Célula unitária cristalográfica do quartzo - SiO2

Tabela 17. Parâmetros cristalográficos do Quartzo – SiO2

Parâmetros SiO2
Sistema Cristalino Trigonal
Grupo Espacial P 31 2 1
a 4.914 Å
b 4.914 Å
C 5.406 Å
α 90°
β 90°
γ 120°
Volume Celula
Unitária 113.052 Å3
69

Figura 55. Célula unitária cristalográfica da anatase - TiO2

Tabela 18. Parâmetros cristalográficos da Anatase – TiO2

Parâmetros TiO2
Sistema Cristalino Tetragonal
Grupo Espacial I 41/a m d :1
a 3.785 Å
b 3.785 Å
c 9.5196 Å
α 90°
β 90°
γ 90°
Volume Celula
Unitária 136.38 Å3

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